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Material-EAD Estudo Sócio Antropológico.

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U3
EDU
Objetivo do estudo
Através do estudo deste módulo esperamos que você seja 
capaz de compreender que o desenvolvimento da sociedade 
capitalista trouxe várias consequências para a vida coletiva.
A questão
social
INTRODUÇÃO:
As mudanças ocorridas nos meios de produção alteraram 
a organização de trabalho gerando desemprego e exigindo 
dos trabalhadores constante atualização para acompanhar o 
mercado de trabalho.
Além disso, essas mudanças também levaram, ao surgimento 
de uma cultura de massa na organização social, cujos efeitos 
repercute diretamente na nossa vida.
Estes serão os temas abordados nesta unidade.
Podemos começar?
por Rogério Terra de Oliveira
A divisão social 
do trabalho
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM 
2
3.1. Trabalho e Organizações
Podemos dizer que o trabalho é um dos temas mais importantes da atualidade, porque 
dependemos dele para produzir dinheiro e sem dinheiro não podemos viver satisfatoriamente 
numa sociedade capitalista. Entretanto, compreender o mercado de trabalho, entender como 
ele evolui e como podemos nos posicionar nele não é tão simples. Para isso, precisamos 
estudar seu conceito, sua trajetória e a forma como ele se inseriu no nosso cotidiano.
O trabalho faz parte da nossa vida ativa; é através dele que modifi camos e agregamos valor 
ao meio natural no qual vivemos. Mais do que isso, trabalhar é algo que completa a nossa 
condição humana, na medida em que nos realizamos com o trabalho feito e o resultado atingido. 
Em outras palavras: quando encontramos uma laranja na árvore, ela está na sua condição 
natural. Se a colhemos e comemos, estamos consumindo; 
mas se colhemos e entregamos a outra pessoa em 
troca de algo, estamos realizando um tipo de trabalho. 
Finalmente, se a recompensa por esse trabalho for 
satisfatória, nós nos sentimos realizados ou reconhecidos 
pelo trabalho produzido.
Contudo, nossa realidade atual é um pouco diferente 
do exemplo descrito. Temos difi culdade de conseguir 
um emprego, e quando trabalhamos não nos sentimos 
realizados. Então é importante compreender como a 
transformação no mundo do trabalho tem afetado a nossa 
vida e a vida das empresas.
Divisão social do trabalho
Desde o inicio da experiência humana o trabalho tem sido importante para suprir as 
necessidades materiais da vida coletiva. Precisamos produzir os recursos necessários para 
a sobrevivência do grupo, e isso começa com a divisão de tarefas. Os sociólogos chamam 
este processo de divisão natural de trabalho, que, entretanto, não difere signifi cativamente 
do trabalho realizado por outros seres vivos que vivem coletivamente.
A divisão social do trabalho surge quando repartimos as tarefas dentro do grupo a partir de 
critérios estabelecidos pela própria sociedade de forma consciente. Um dos primeiros critérios 
socialmente estabelecidos foi o sexual. Desse modo, ao atribuir uma atividade a um individuo 
em função do seu gênero se estruturou a divisão sexual do trabalho. Preste atenção: nesse 
caso, o sexo não se refere a uma condição natural, pois existem sociedades indígenas onde 
a agricultura é realizada por mulheres, enquanto em outras é realizada pelos homens. Nesse 
tipo de divisão é a sociedade que estabelece qual sexo deve realizar determinada tarefa.
Mais recentemente, utilizamos a expressão divisão técnica do trabalho para nos referir à 
distribuição de tarefas dentro de um mesmo processo produtivo, como o fabril. Entretanto, 
como abordaremos mais adiante, a industrialização forçou a divisão do trabalho dentro da 
fábrica em inúmeras etapas de acordo com a especialidade ou técnica empregada. Portanto, 
quando falamos na divisão de tarefas dentro de um segmento como a saúde, estamos 
nos referindo aos vários especialistas que ali atuam. Enfi m, seja em função do sexo ou da 
qualifi cação técnica, estamos falando numa divisão determinada pela própria sociedade.
O trabalho faz parte da 
nossa vida ativa; é através 
dele que modificamos e 
agregamos valor ao meio 
natural no qual vivemos
T1
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM
3
Essas várias classifi cações a respeito da divisão do trabalho chamam a atenção para conceitos 
amplamente empregados quando falamos de trabalho. Mesmo que de forma rápida, elas 
dão conta das diferentes formas de compreendermos a organização do trabalho dentro de 
uma sociedade. Além disso, ouvimos falar em trabalho de homem, trabalho de mulher, em 
divisão natural, porém temos que entender que essas expressões de uso no nosso dia a 
dia possuem outro signifi cado dentro do mundo científi co e profi ssional. Todo trabalho é 
organizado socialmente a partir de um critério, e nos utilizamos dele para expressar com 
exatidão como as atividades são distribuídas.
A centralidade do trabalho
Numa breve retrospectiva, gostaria de chamar sua 
atenção para a mudança do lugar que o trabalho ocupa na 
sociedade ao longo do tempo e como ele está associado 
a um valor social e histórico em cada período. 
Apesar de necessário, na maior parte da nossa historia 
o trabalho esteve associado a um valor negativo. Na Bíblia, Adão é condenado a trabalhar 
para prover sua própria subsistência em razão do pecado original. Na Antiguidade, no 
Egito e na Grécia o trabalho era atribuído às classes sociais mais baixas. A própria palavra 
trabalho vem do latim tripalium, que na Roma antiga signifi cava um tipo de objeto utilizado 
em presos e escravos.
Alguns autores dão conta de que, no período feudal, através do próprio cristianismo começa 
a haver a revalorização do trabalho. Afi nal, o pai histórico de Jesus Cristo foi um marceneiro 
e as passagens bíblicas indicam que riqueza em si não é condição de salvação da alma 
humana. Contudo, o trabalho terá seu reconhecimento defi nitivo com o protestantismo.
Max Weber será um dos principais teóricos que irão associar a ética protestante, da 
dedicação ao trabalho, à sociedade capitalista emergente. A sociedade voltada para o 
trabalho é uma consequência da produção industrial e da sociedade capitalista. Na época 
vitoriana, da Inglaterra do século XIX, difundiram-se os valores do trabalho, da disciplina e 
da responsabilidade em oposição ao consumo de bebidas, jogatinas e de vidas promiscuas. 
Isso porque as fábricas precisavam ter seus trabalhadores bem dispostos e saudáveis para 
o trabalho.
O trabalho se tornou algo tão importante que acabou justifi cando a vida da maioria das 
pessoas, como se fosse uma religião civil. Por isso, ouvimos frequentemente perguntas como: 
o que vai ser quando crescer? O que você faz? Em que trabalhava antes de se aposentar? 
As questões que ocorrem no mundo do trabalho ocupam o nosso cotidiano, naquilo que traz 
certeza, segurança, tranquilidade – ou dúvida, medo e estresse. 
Atualmente a certeza sobre a centralidade do trabalho é questionada. Ou, pelo menos, é vista 
sob outro enfoque. Consideramos o lazer tão importante quanto o trabalho. Ou trabalhamos, 
sim, mas para ter lazer. O trabalho em si deixou de ser um valor em si mesmo e passou a 
ser meio para atingir um fi m: o lazer. Mais do que isso, trabalho e lazer se confundem, 
porque as pessoas procuram trabalhar naquilo que gostam. Mesmo assim, nem todos 
possuem trabalho ou trabalham no que gostam ou como gostariam. 
Atualmente a certeza sobre a centralidade do trabalho é questionada. Ou, pelo menos, é vista Atualmente a certeza sobre a centralidade do trabalho é questionada. Ou, pelo menos, é vista 
sob outro enfoque. Consideramos o lazer tão importante quanto o trabalho. Ou trabalhamos, sob outro enfoque. Consideramos o lazer tão importante quanto o trabalho. Ou trabalhamos, 
sim, mas para ter lazer. O trabalho em si deixou de ser um valor em si mesmo e passou a sim, mas para ter lazer. O trabalho em si deixou de ser um valor em si mesmo e passou a 
A divisão social do trabalhosurge quando repartimos as 
tarefas dentro do grupo
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM 
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Esse novo cenário fez com que alguns autores defendessem o surgimento de uma 
sociedade pós-trabalho ou sociedade do lazer. O fato de grande parte da economia atual 
girar em setores pouco tradicionais, como o de entretenimento, nas áreas de cultura, 
esporte, música e cinema, entre outros, reforçou esse tipo de análise. Mesmo dentro dos 
setores produtivos, o objetivo é agregar o maior valor possível com a menor quantidade 
de trabalho. Entretanto, o trabalhador comum – e até o mais qualificado – ainda não se 
beneficiou dessas possibilidades.
Trabalho e sistemas econômicos
Somente podemos compreender a dinâmica do mundo do trabalho se o relacionarmos ao sistema 
econômico no qual ele está inserido. A forma como a economia está organizada, o grau de 
desenvolvimento tecnológico e o tipo de sociedade são elementos que interferem no processo 
produtivo e na atividade do trabalho.
Nas sociedades pré-modernas predominavam os sistemas de produção agrícola e o 
artesanal. Nessas sociedades o trabalhador era responsável pelo ciclo completo da produção. 
Participava desde a preparação da matéria-prima até o acabamento do produto fi nal. Essa 
situação permitia ao trabalhador ter a consciência do valor do seu trabalho, porque ele sabia 
quanto trabalho realizou e quanto ele representava, em termos de sobrevivência, para si e 
sua família durante aquele período.
O trabalhador artesanal precisava ter habilidade e um tipo de conhecimento específico 
para o desempenho de suas funções. Por isso, a atividade laboral realizava-se com 
certa autonomia e liberdade, uma vez que o trabalhador tinha domínio sobre o processo 
produtivo e os meios de produção. O trabalho era enriquecido pela criatividade e a 
capacidade do trabalhador que o desenvolvia da maneira que julgasse melhor, de acordo 
com seus recursos e necessidades.
A Revolução Industrial mudou o processo produtivo. As inovações científi cas e tecnológicas 
do século XVIII permitiram um crescimento enorme da produção em curto espaço de tempo, 
contribuindo para a mudança do cenário social da Europa na época. O processo de urbanização 
que vinha acontecendo em função do crescimento do comércio 
e com o surgimento do capitalismo encontrou na produção 
industrial um novo vetor de transformação social.
A substituição progressiva do trabalho humano por máquinas foi 
uma primeira consequência do conjunto dessas transformações. 
utilizamos a expressão 
divisão técnica do trabalho 
para nos referir à 
distribuição de tarefas 
dentro de um mesmo 
processo produtivo
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM
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A partir desse momento, não era mais preciso ter muita habilidade para participar do processo 
produtivo, pois a máquina simplificava o trabalho. A máquina aumentava a produção sem 
requerer muita mão de obra. Com um número reduzido de funcionários, era possível aumentar 
a produtividade utilizando os recursos tecnológicos disponíveis. A simplificação do trabalho 
possibilitava que um número maior de candidatos disputasse emprego, formando o que Marx 
chamava de exército de reserva.
A segunda mudança é decorrente da divisão técnica 
do trabalho dentro do processo produtivo na fábrica. A 
especialização de tarefas decorrente da divisão das etapas 
fez com que o trabalhador perdesse a consciência do valor 
do seu trabalho. O exemplo clássico foi fornecido por Adam 
Smith no livro A Riqueza das Nações; ali ele descreve que 
um operário sozinho produzia no máximo 20 unidades 
de alfinetes por dia. Porém, a divisão do processo em 
18 etapas, pela produção coletiva e fabril, era capaz de 
produzir 48.000 unidades por dia. A produção repetida e continuada de parte do processo 
dificulta a percepção de quanto efetivamente foi produzido e qual a importância do trabalho 
realizado no conjunto. 
Uma terceira característica é o assalariamento que remunera o trabalho pelo tempo e não 
pela produção. Isso porque grande parte da produtividade é decorrente do capital investido 
no maquinário, e não decorrente da habilidade ou da capacidade do trabalhador. Remunerado 
pelo período, mais uma vez ele se encontra alienado sobre o valor do seu trabalho.
Em conjunto, essas mudanças subordinaram o trabalhador ao capital. A partir de então, 
toda autonomia, criatividade e liberdade que havia no mundo do trabalho foi substituída 
por um controle e disciplina rígidos. Isso representou uma mudança cultural no cotidiano 
do trabalhador, que somente se submeteu a essa situação em função da necessidade do 
emprego e da impossibilidade de competir com o trabalho industrial.
O desenvolvimento capitalista e o trabalho
O final do século XIX assistiu ao surgimento das grandes corporações. Essa foi a etapa do 
capitalismo monopolista, em razão das empresas que passavam a atuar em nível mundial 
e a dominar os mercados. Nesse período surgiram grandes empresas, como a General 
Electric, a Ford, a Standard Oil Company; enfim, um período de grande expansão do 
capitalismo, promovido por empresas que atingiram economias de escalas significativas. 
O taylorismo difundiu a administração cientifica do trabalho, que impactou profundamente 
o modelo de organização da produção no período. Sua proposta era melhorar a eficiência 
industrial independente da condição humana do trabalhador. Para isso, Taylor estudava e 
monitorava a forma de realização do trabalho. Algumas passagens são mais elucidativas de 
seu pensamento:
“Eu peço trabalhadores e vocês me mandam seres humanos”. Essa afirmação de Taylor 
demonstrou algumas das suas convicções que ecoam até os nossos dias. Ele defendia que 
a vida profissional fosse separada da vida pessoal, e esta não deveria interferir na primeira. 
Sua maior preocupação era usar o trabalhador da forma mais produtiva possível.
O trabalhador era visto como uma máquina, mais um elemento no processo produtivo. As 
rotinas de trabalho deveriam ser rígidas, repetitivas e calculadas para aumentar a produção 
e torná-la mais eficiente. Tempos Modernos, o clássico filme de Charles Chaplin, mostrou 
claramente como o trabalhador se confundia com a máquina e como as práticas industriais 
mecanizaram o trabalho. Num determinado momento, Chaplin pensa na namorada e todo o 
trabalho fica comprometido.
assalariamento que 
remunera o trabalho pelo 
tempo e não pela produção
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM 
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Por fim, Taylor baseava-se na separação entre o pensamento e a ação. Os níveis de 
gerência eram os responsáveis pela reflexão; o trabalhador, pela execução. Desse modo, o 
automatismo e o mecanicismo do processo produtivo se completam.
O fordismo consolidou e intensificou esse modelo produtivo. Sua primeira contribuição foi 
a linha de montagem, que interligava e otimizava as etapas de produção; nela, atraso em 
uma das fases implicava atraso de todas as demais. Segundo, ele percebeu a ligação entre 
produção e consumo em larga escala. Ou seja, além de produzir era necessário estimular e 
facilitar o consumo, o que dinamizava o ciclo econômico.
Fabricar mais e vender mais exigem um ritmo de trabalho intenso e exaustivo. As taxas de 
turn over (abandono de emprego) nas empresas de Ford atingiam a taxa de 100% ao ano. 
Os críticos desse modelo sustentavam que ele gerava um sistema de baixa confiança que 
se caracterizava no controle e na disciplina do trabalho. O resultado é a baixa autoestima, 
a insatisfação e o desânimo. 
Para compensar esse desgaste, Ford aumentou os salários e acreditava que isso era 
suficiente para satisfazer o trabalhador. O trabalhador mais bem remunerado podia começar 
a usufruir uma serie de benefícios a que jamais teve acesso ao longo da história. Primeiro, ter 
condições de consumir, financiados, os próprios carros que produzia, mastambém ascender 
socialmente. Apesar desses aspectos negativos do fordismo, ele foi essencial para a formação 
da sociedade de consumo e a melhoria na condição econômica do trabalhador no século XX.
Nas ultimas décadas desse século, novos modelos de gestão no trabalho procuraram criar 
sistemas de alta confiança que pudessem superar o modelo fordista. Modelos nos quais os 
trabalhadores pudessem participar do processo decisório fazendo sugestões. Sistemas em 
que o trabalhador recuperasse parte da autonomia e criatividade no processo produtivo. O 
desenvolvimento tecnológico vem exigindo cada vez mais qualificação e inteligência, o que 
valoriza e enriquece o trabalho e o trabalhador.
3.2 A flexibilidade e o pós-fordismo
Pós-fordismo foi uma expressão utilizada por Michael Piore e Charles Sabel em The Second 
Industrial Divide para definir uma nova etapa do sistema de produção capitalista que marca 
desde o final do século XX até hoje. 
Alguns autores confundem o pós-fordismo com 
flexibilidade, palavra que predomina numa 
realidade dinâmica e altamente competitiva. As 
empresas devem ser cada vez mais eficientes e 
flexíveis, tanto na produção quando nos produtos 
ofertados para o consumo.
A produção flexível necessita de arquiteturas 
industriais capazes de se reestruturar para atender 
as diferentes especificidades dos mercados. 
O consumidor, cada vez mais exigente, requer 
produtos cada vez mais personalizados e novas 
tecnologias são disponibilizadas para atingir essa 
finalidade. De outro lado, a procura constante 
por redução de custos requer das corporações 
empresariais atitudes mais agressivas, que 
podem implicar redução de salários, de pessoal 
ou mesmo mudança das bases de produção para 
locais onde a tributação ou a política cambial 
sejam mais favoráveis aos negócios.
fo
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A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM
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Portanto, o modelo rígido da linha de montagem fordista começou a ser substituído por um 
processo produtivo descentralizado, em que a logística de um mundo globalizado pode agrupar 
insumos (peças) de diversas partes do mundo para otimizar a produção. Equipes de trabalho 
altamente qualifi cadas podem realizar múltiplas tarefas, reunindo e separando etapas de 
trabalho para assumir novos desafi os. Essa fl exibilidade econômica torna o cenário do capital 
e do trabalho mais desafi ador, porque o cenário de estabilidade e domínio de mercado deixou 
de existir. Em outras palavras: empresas com grande penetração de mercado (como a Varig) 
ou tradicionais (como a Mesbla ou a própria Varig) vão à falência quando não conseguem 
movimentar suas pesadas estruturas em mercados competitivos.
Alguns teóricos analisam com descrédito essas terminologias que utilizam prefi xos, como pós-
fordismo e pós-modernos, entre outros. Como regra geral, argumenta-se que presenciamos a 
reinvenção e a reforma de antigos modelos. No entanto, imaginar a etapa do desenvolvimento 
capitalista atual como um volta ao passado com um rótulo novo oferece pouco recurso analítico 
para compreender a complexidade do capitalismo fl exível do mundo contemporâneo.
A emergência da sociedade de serviço e da economia do conhecimento
Novamente estamos presenciando novas mudanças no mundo do trabalho. A ideia de 
uma sociedade pós-industrial, pós-fordista é controversa, mas 
as mudanças são acompanhadas do crescimento do setor de 
serviços e de tecnologia. Existe um debate considerável em torno 
dos motivos que as produziram e de como devemos interpretá-
las, mas e não é possível esgotar o assunto neste texto. 
No ano de 2007, foi anunciado que o homem mais rico do mundo 
era Carlos Slim, dono do grupo Claro no Brasil e de varias 
empresas no setor de telecomunicações. O segundo mais rico 
era Bill Gates, da empresa Microsoft, do setor de informática. São 
alguns exemplos de como a economia se deslocou do setor industrial para o setor de serviços. 
Esse deslocamento pode ser percebido também no mundo do trabalho como um todo. Em 
1900, mais de 75% da população empregada trabalhava em atividades manuais de produção 
(entenda-se: setores agrícolas e industriais) e apenas um pequeno percentual desempenhava 
atividades de “colarinho branco”. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, “a 
participação do setor de serviços no emprego mundial passou de 34,4%, em 1995, para 
39% ano passado, próximo dos 40% do setor agrícola. O setor industrial representa 21% 
do emprego mundial, sem alteração”1. Na economia norte-americana, o setor de serviços 
ocupa 75% da mão de obra empregada (Sachs, 2005, p. 44).
Na sociedade de serviços, a base que sustenta a inovação e o crescimento econômico são as 
ideias, informações e as várias formas de conhecimento. Segundo Giddens, “uma economia do 
conhecimento é aquela em que grande parte da mão de obra não está envolvida na produção 
ou na distribuição físicas dos bens materiais, mas no planejamento, no desenvolvimento, na 
tecnologia, no marketing, na venda e na manutenção desses bens” (2005, p. 308).
Adicionemos a esse cenário um mundo globalizado e uma economia altamente competitiva. É 
nesse contexto que capital e trabalho têm de mobilizar todos os seus recursos para se adaptar 
e sobreviver. Interagir nessa realidade complexa requer mais qualifi cação, mais fl exibilidade, 
mais competências, além de comportamento empreendedor e disposto a enfrentar desafi os. 
Com certeza a era de segurança e continuidade experimentada pelas gerações anteriores 
não existe mais.
1 Ver http://www.oitbrasil.org.br/news/clipping/ler_clipping.php?id=1613 consultado em 17 de 
julho de 2007.
serviços e de tecnologia. Existe um debate considerável em torno serviços e de tecnologia. Existe um debate considerável em torno 
dos motivos que as produziram e de como devemos interpretá-dos motivos que as produziram e de como devemos interpretá-
las, mas e não é possível esgotar o assunto neste texto. las, mas e não é possível esgotar o assunto neste texto. 
No ano de 2007, foi anunciado que o homem mais rico do mundo No ano de 2007, foi anunciado que o homem mais rico do mundo 
era Carlos Slim, dono do grupo Claro no Brasil e de varias era Carlos Slim, dono do grupo Claro no Brasil e de varias 
empresas no setor de telecomunicações. O segundo mais rico empresas no setor de telecomunicações. O segundo mais rico 
era Bill Gates, da empresa Microsoft, do setor de informática. São era Bill Gates, da empresa Microsoft, do setor de informática. São 
Toyotismo e a fl exibilidade
http://www.youtube.com/watch?v=ahnyE93Oy
l8&feature=related
Saiba mAIS
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM 
8
De
se
m
pr
eg
o
Empregabilidade e a qualificação do trabalhador 
Emprego é diferente de trabalho. Os analistas costumam dizer que trabalho não falta, mas 
emprego está difícil. Ou seja, ter um emprego formal, com expediente e garantias trabalhistas, 
está se tornando cada vez mais difícil. Em contrapartida, existe cada vez mais trabalho a ser 
feito e precisa-se de trabalhadores qualificados para realizá-los. Portanto, quanto maior for nossa 
capacidade produtiva, maior a possibilidade de estarmos empregados; vejamos então algumas 
qualidades necessárias para aumentar a empregabilidade no mundo de hoje.
Produção flexível – a necessidade de adaptação às variações do mercado exige uma produção 
flexível ou especialização flexível. A ideia é que “pequenas equipes compostas por empregados 
altamente profissionalizados utilizam técnicas de produção inovadoras e novas formas de 
tecnologia para produzir quantidades menores de mercadorias que sejam mais individualizadas 
do que aquelas produzidas em massa” (Giddens, 2005, p. 314). Nesse processo, as rotinas de 
trabalho são reinventadas e o trabalhador precisa ser capaz de responder no grau de detalhamento 
necessário e com o dinamismo exigido.
 
Podemosrelacionar essa expressão também à exigência do mercado de termos cada vez 
mais especialistas que, no entanto, tenham capacidade de flexibilizar suas competências. O 
chamado generalista ou o especialista por si só não são suficientes. São necessários profissionais 
altamente capacitados para realizar tarefas especificas e, ao mesmo tempo, com formação 
ampla o suficiente para se adaptar e suprir as demandas da empresa ou mudanças que vierem 
a ocorrer no processo produtivo.
Produção em grupo – associados ou não com automação estão o trabalho em conjunto e a 
capacidade de reorganização do trabalho. A proposta é fazer com que os grupos de trabalho 
possam colaborar no processo produtivo, agregando valor e interagindo positivamente com o 
objetivo da empresa. As equipes devem ser capazes de mudar e de se responsabilizar pelo 
controle da produção.
 
Trabalho em equipe - esse tipo de proposição permite que se rompa com o chavão “isso não é 
minha responsabilidade”, muito frequente nos modelos burocráticos e tayloristas. A ideia é que 
os membros de uma equipe não precisem ocupar cargos fixos e todos devem ser aptos a realizar 
todas as operações necessárias do setor.
Habilidades múltiplas – decorrentes das etapas anteriores, implicam a capacidade do trabalhador 
de assimilar competências novas. O domínio de várias competências permite que o trabalhador 
tenha a flexibilidade necessária para desenvolver 
múltiplas tarefas dentro do grupo e auxiliá-lo a 
enfrentar os desafios da produção.
 
Treinamento no emprego – a velocidade da inovação 
e a renovação de conhecimento e tecnologias 
exigem aperfeiçoamento constante do profissional. A 
capacidade de aprendizado e a disponibilidade para o 
aprendizado são cruciais. Somente pela reciclagem e 
o estudo é possível atualizar competências e garantir a 
manutenção do emprego. Nesse sentido, a educação 
formal é importante, mas a atitude em relação à 
educação e a capacidade de lidar com um conjunto 
maior de informações são muito mais importantes. 
Desemprego tecnológico e os desafios do mundo 
do trabalho
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM
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No inicio da industrialização, Marx foi o teórico que proferiu as criticas mais severas à 
exploração capitalista. Atualmente, a vida do trabalhador apresenta uma contradição: ele 
tanto tem acesso a benefícios nunca antes disponíveis à sua classe social, como bens de 
consumo – como eletrodomésticos e carro –, quanto suporta uma 
realidade no mercado de trabalho extremamente sacrifi cante.
Devemos relembrar que vivemos em uma sociedade capitalista e que 
estar fora do mercado de trabalho nos coloca em uma situação de 
marginalidade em relação à própria sociedade. Estar fora do mercado 
é estar suspenso de um cotidiano que inova em técnicas e tecnologias 
de produção, que distancia dos profi ssionais da área. Essa condição 
vai afastando o desempregado da possibilidade de reagir a esse 
processo de exclusão do mercado. Essa é uma das consequências 
do desemprego tecnológico.
Desemprego tecnológico refere-se ao processo de modernização que introduz, no processo 
produtivo, novas tecnologias que vão gerar desemprego. Ou seja, a adoção gradativa de novas 
tecnologias de automação vai eliminando postos de trabalhos mais mecânicos e simples. 
Em contrapartida, cria postos de trabalho que exigem maior qualifi cação e, portanto, maiores 
salários. Contudo, se uma inovação tecnológica elimina, por exemplo, 20 funcionários de 
estacionamento com a implantação de catracas eletrônicas, será necessário contratar três 
ou quatro técnicos capazes de consertar e manter esses equipamentos em funcionamento. 
Se o antigo bilheteiro não tem capacidade ou recursos para mudar sua atividade, a tendência 
é ele vir a ser demitido em função da tecnologia. A capacidade de reciclagem ou até de 
preparação para uma mudança de área é necessária para que o profi ssional não fi que em 
uma situação difícil. 
E então, tudo entendido até aqui?
Se houver dúvidas, acesse a sala do tutor através do ambiente do aluno e converse com o 
orientador acadêmico.
Referências bibliográfi cas
ARENDT, Hannah. A condição humana. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 2003.
CATTANI, Antonio David (Org.) Dicionário critico sobre trabalho e tecnologia. Petrópolis: 
Vozes; Porto Alegre: UFRGS, 2002.
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Pearson & Prentice Hall, 2005.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SACHS, Jeffrey. O fi m da pobreza: como acabar com a miséria nos próximos 20 anos. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2005.
3.3 Cultura de massa e consumo
Por Adriana Bilate2
Continuando o estudo, podemos dizer que a tendência ao aperfeiçoamento do acervo 
de descobertas anteriores da história humana, diante de uma produção tecnológica sem 
precedentes, tão rica e tumultuada (computadores, fax, laser, satélites, robôs, fi bras óticas, 
novos remédios, máquinas interativas), juntamente com a consolidação da difusão dos meios 
2 Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) pela UFRJ.
Devemos relembrar que vivemos em uma sociedade capitalista e que Devemos relembrar que vivemos em uma sociedade capitalista e que 
estar fora do mercado de trabalho nos coloca em uma situação de estar fora do mercado de trabalho nos coloca em uma situação de 
marginalidade em relação à própria sociedade. Estar fora do mercado marginalidade em relação à própria sociedade. Estar fora do mercado 
é estar suspenso de um cotidiano que inova em técnicas e tecnologias é estar suspenso de um cotidiano que inova em técnicas e tecnologias 
de produção, que distancia dos profi ssionais da área. Essa condição de produção, que distancia dos profi ssionais da área. Essa condição 
vai afastando o desempregado da possibilidade de reagir a esse vai afastando o desempregado da possibilidade de reagir a esse 
processo de exclusão do mercado. Essa é uma das consequências processo de exclusão do mercado. Essa é uma das consequências 
do desemprego tecnológico.do desemprego tecnológico.
Hidrogênio
http://www.youtube.com/watch?v=sHNTfbhtKrM
Capitalismo Monopolista 
http://geografalando.blogspot.com.br/2012/06/
o-capitalismo-fi nanceiro-ou-monopolista.html
Saiba mAIS
T3
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de comunicação de massa e da informação em geral, caracterizam a sociedade atual.
Todas essas novidades de um mundo – por que não? – “digital” trazem algum entusiasmo, 
mas exigem especial atenção. Afi nal, o início do século é da 
aceleração tecnológica e científi ca. Afi nal, o início do século é 
da comunicação instantânea. Mas informações simultâneas em 
excesso, provenientes de todos os pontos do globo, produzem o 
hábito da celebração do efêmero, do passageiro. A comunicação 
transformou a informação em espetáculo. Arriscamo-nos a 
confundir a todo instante a atualidade e o divertimento.
Novas tecnologias de automação, informação e comunicação 
parecem modificar de modo impactante o ambiente familiar 
moderno até então conhecido e o ambiente escolar. A comunicação 
de massa usa e é amplamente utilizada por grandes religiões 
institucionalizadas, assim como pelos políticos em campanha.
Defi nitivamente, a nova cultura é herdeira da TV e fi lha do audiovisual com a informática, em que 
a palavra-chave é agilidade, numa realidade cada vez mais intercomunicante. Essa realidade 
parece demonstrar a muitos que estamos diante de uma democratização da informação e 
comunicação pessoal, principalmente através do texto, nas várias redes de computadores, 
que se interligam por meio de modems e do endereço eletrônico 
de seus assinantes.
A mídia eletrônica, com sua proliferação e sua presença 
contínua, aniquila o espaço e o tempo. Indo ao nosso encontro 
continuamente, a mídia moderna não tem de ser procurada. Do 
mesmo modo, o ato de ler ouconsumir diversas mídias não é 
mais confi nado em períodos específi cos do dia. Informações de 
vários lugares de um mesmo período na história são sobrepostas 
num único jornal ou no programa da tarde da televisão. 
Mas nem sempre foi assim. Os meios de comunicação de massa 
foram se aperfeiçoando à medida que as sociedades tornaram-
se mais complexas. 
Um grande avanço foi o surgimento da escrita, na Mesopotâmia, por volta de 4000 a. C. A 
invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV, foi outro 
passo importante; os primeiros produtos impressos foram 
trabalhos literários e religiosos, ao lado de textos médicos 
e legais. Nos séculos XVI e XVII, os periódicos e os jornais 
começaram a aparecer regularmente. Nos séculos XIX e XX 
surgiam novas formas de comunicação, como o telégrafo, telefone 
e telex; as mais inovadoras eram aquelas desenvolvidas a partir 
de meios que propagam mensagens a um grupo anônimo, 
excesso, provenientes de todos os pontos do globo, produzem o excesso, provenientes de todos os pontos do globo, produzem o 
hábito da celebração do efêmero, do passageiro. A comunicação hábito da celebração do efêmero, do passageiro. A comunicação 
transformou a informação em espetáculo. Arriscamo-nos a transformou a informação em espetáculo. Arriscamo-nos a 
confundir a todo instante a atualidade e o divertimento.confundir a todo instante a atualidade e o divertimento.
Novas tecnologias de automação, informação e comunicação Novas tecnologias de automação, informação e comunicação 
parecem modificar de modo impactante o ambiente familiar parecem modificar de modo impactante o ambiente familiar 
moderno até então conhecido e o ambiente escolar. A comunicação moderno até então conhecido e o ambiente escolar. A comunicação 
de massa usa e é amplamente utilizada por grandes religiões de massa usa e é amplamente utilizada por grandes religiões 
institucionalizadas, assim como pelos políticos em campanha.institucionalizadas, assim como pelos políticos em campanha.
http://www.quintalvirtual.blog.br/?p=2084A 
Sociedade Atual: O mundo conectado pelos 
meios de Comunicação em Massa
A mídia eletrônica, com sua proliferação e sua presença A mídia eletrônica, com sua proliferação e sua presença 
contínua, aniquila o espaço e o tempo. Indo ao nosso encontro contínua, aniquila o espaço e o tempo. Indo ao nosso encontro 
continuamente, a mídia moderna não tem de ser procurada. Do continuamente, a mídia moderna não tem de ser procurada. Do 
mesmo modo, o ato de ler ou consumir diversas mídias não é mesmo modo, o ato de ler ou consumir diversas mídias não é 
mais confi nado em períodos específi cos do dia. Informações de mais confi nado em períodos específi cos do dia. Informações de 
vários lugares de um mesmo período na história são sobrepostas vários lugares de um mesmo período na história são sobrepostas 
num único jornal ou no programa da tarde da televisão. num único jornal ou no programa da tarde da televisão. 
Mas nem sempre foi assim. Os meios de comunicação de massa Mas nem sempre foi assim. Os meios de comunicação de massa 
http://poesiasurbanasetrovas.blogspot.com.
br/2012/09/microcronicas.html
Impacto das tecnologias no ambiente 
familiar
e legais. Nos séculos XVI e XVII, os periódicos e os jornais e legais. Nos séculos XVI e XVII, os periódicos e os jornais 
começaram a aparecer regularmente. Nos séculos XIX e XX começaram a aparecer regularmente. Nos séculos XIX e XX 
surgiam novas formas de comunicação, como o telégrafo, telefone surgiam novas formas de comunicação, como o telégrafo, telefone 
e telex; as mais inovadoras eram aquelas desenvolvidas a partir e telex; as mais inovadoras eram aquelas desenvolvidas a partir 
de meios que propagam mensagens a um grupo anônimo, de meios que propagam mensagens a um grupo anônimo, 
http://www.cartapotiguar.com.br/2013/09/25/o-
byod-e-a-nova-forma-de-educar/
Impacto das tecnologias na educação
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disperso, heterogêneo, sem unidade coletiva – a massa3. Assistimos à invenção do rádio, 
do cinema, da televisão, da comunicação por satélite, da Internet etc.
Por esses meios de comunicação4, os fatos, as ideias, os 
sentimentos, as atitudes, as opiniões são compartilhados por 
um conjunto enorme de indivíduos e atingem grande número 
de países. 
Mas, na medida em que a mídia está cada vez mais presente 
na vida de milhões e milhões de pessoas, ela tem seu papel na 
sociedade investigado, sendo recorrentemente alvo de crítica 
social, política e moral.
O povo brasileiro é um voraz consumidor de produtos televisivos; 
a televisão é a forma dominante de entretenimento popular, 
adaptada para o consumo doméstico, com a maior parte de seus 
programas voltada para fruição em períodos de relaxamento, 
provocando efeito superfi cial e efêmero. A mídia, pela natureza 
emotiva de seu conteúdo, inibe respostas racionais às mensagens apresentadas. A mídia 
parece apelar para as características mais elementares do gosto popular (reduzindo todo o 
conteúdo a um denominador comum mais baixo) na busca por grandes audiências.
Isso ocorre porque, organizados como negócios – por isso, em busca de lucros – e 
caracterizados por um incessante desenvolvimento da tecnologia, os meios de comunicação 
de massa incluíram os elementos da cultura erudita e popular para serem transmitidos e 
vendidos como produtos a um grande número de pessoas de diferentes camadas 
sociais. Por isso, aquilo que é transmitido de maneira industrializada para um 
público generalizado pelos meios de comunicação de massa é denominado 
cultura de massa. 
O que é divulgado é o que pode ser vendido. O sucesso ou insucesso de 
“produtos” culturais passou a depender de modo mais decisivo da atitude 
favorável ou desfavorável do público – medida pelos índices de compra e 
venda de tais produtos –, o que, por sua vez, infl uía mais diretamente nas 
escolhas e orientações adotadas no âmbito da produção. Por isso, é cabível 
afi rmar que existe uma indústria cultural5 em operação, como é analisado por 
Villas Bôas:
Quando a indústria invade o mundo da cultura e suas técnicas de reprodução em 
série levam ao mercado objetos padronizados, modifi cam-se sensivelmente as relações 
entre cultura e público. Qualquer que seja, portanto, a qualidade de um bem cultural, sirva 
ele para divertir ou distinguir uma posição social, a lógica inerente à indústria faz com que 
3 massa Como afi rma Ferreira (2001), o conceito de massa revela a recepção de impressões e 
opiniões já formadas, antes construídas e depois veiculadas pelos meios de comunicação de massa – 
sendo estes “monopólio comercial de poucos e fonte inesgotável de exercício de poder sobre muitos”, 
o que é sempre preciso sinalizar (p. 181).
4 comunicação Vale ressaltar que os meios de comunicação de massa são veículos, sistemas 
de comunicação num único sentido (mesmo que disponham de vários feedbacks, como índices de 
consumo ou de audiência, cartas dos leitores), o que leva alguns teóricos da mídia a afi rmar que aquilo 
que obtemos mediante os meios de comunicação de massa não é comunicação, pois esta é uma via 
de dois sentidos; portanto, tais meios deveriam ser denominados veículos de massa.
5 indústria cultural O termo indústria cultural foi cunhado pelos teóricos da Escola de Frankfurt, 
Horkheimer e Adorno, em A dialética do esclarecimento, para se referir à produção de cultura de massa.
sentimentos, as atitudes, as opiniões são compartilhados por sentimentos, as atitudes, as opiniões são compartilhados por 
um conjunto enorme de indivíduos e atingem grande número um conjunto enorme de indivíduos e atingem grande número 
de países. de países. 
Mas, na medida em que a mídia está cada vez mais presente Mas, na medida em que a mídia está cada vez mais presente 
na vida de milhões e milhõesde pessoas, ela tem seu papel na na vida de milhões e milhões de pessoas, ela tem seu papel na 
sociedade investigado, sendo recorrentemente alvo de crítica sociedade investigado, sendo recorrentemente alvo de crítica 
social, política e moral.social, política e moral.
O povo brasileiro é um voraz consumidor de produtos televisivos; O povo brasileiro é um voraz consumidor de produtos televisivos; 
a televisão é a forma dominante de entretenimento popular, a televisão é a forma dominante de entretenimento popular, 
adaptada para o consumo doméstico, com a maior parte de seus adaptada para o consumo doméstico, com a maior parte de seus 
programas voltada para fruição em períodos de relaxamento, programas voltada para fruição em períodos de relaxamento, 
provocando efeito superfi cial e efêmero. A mídia, pela natureza provocando efeito superfi cial e efêmero. A mídia, pela natureza 
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Um grande avanço foi o surgimento da escrita, 
na Mesopotâmia, por volta de 4000 a. C.
http://sociedaddebibliofi loschilenos.blogspot.
com.br/2012/05/los-tipos-moviles-existieron-
600-anos.html
A invenção da imprensa por Gutenberg, no 
século XV, foi outro passo importante.
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se torne, antes de mais nada, um objeto de consumo. Deste ponto de vista, o público se 
torna necessariamente um consumidor da cultura (1995, p. 228).
O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores em potencial, 
atraídos pelos inúmeros produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui, 
na verdade, a chamada sociedade de consumo. Primeiramente, a indústria cultural lança o 
produto em grande escala; em seguida, induz as pessoas, através da propaganda, a consumir 
esse produto, apelando para outras razões além de seu valor artístico.
 
Isso porque os meios de comunicação de massa não podem existir fora do jogo das leis do 
mercado capitalista; sendo assim, só podem produzir e transmitir o que é sancionado pelos 
controladores desses mercados, subjugados que estão por uma economia baseada no 
consumo. Os meios de comunicação de massa são, na verdade, 
os porta-vozes da sociedade de consumo.
 
Mas, de qualquer forma, a mídia possibilita o conhecimento de 
variados produtos culturais, de diferentes origens, por muitíssimas 
pessoas. Mas cabe a nós questionar se o acúmulo de informação 
que uma população pode receber pelos meios de comunicação 
de massa acaba se transformando em algo intelectualmente 
produtivo. Para isso, precisamos avaliar os conteúdos das 
mensagens transmitidas, a fi m de saber se quantidade pode 
resultar em salto de qualidade em termos de conhecimento. 
Sem considerar que, em nome dessa “democratização” da 
informação, a mídia acaba apelando para as médias de gosto, 
uma vez que seu objetivo é atingir a maior audiência – o maior 
número de espectadores, leitores, ouvintes. Com vistas à ampla 
divulgação, acaba provocando uma tradução muito simplifi cadora 
dos conteúdos veiculados.
 
Positivamente, as técnicas de produção modernas podem 
tornar amplamente disponíveis materiais complexos, críticos e 
culturalmente exigentes. Na prática, o consumo cultural tornou-
se crescentemente privatizado, rompido com a esfera pública e 
dominado por material de baixa qualidade, planejado para ter 
apelo de massa. Na política, isso leva à degradação do debate e da formação política, num 
cenário político cada vez mais manipulado (Edgar e Sedgwick, 2003, p. 180).
Ou seja: seu objetivo principal é a arregimentação de públicos em função do mercado, 
precisando para isso reduzir o discurso a um denominador comum, quase sempre muito baixo.
Assim sendo, também devemos refl etir se formas menores de entretenimento e lazer são 
responsabilidade da mídia ou de nós mesmos6, uma vez que quem a defende argumenta 
que os meios de comunicação de massa apenas reproduzem todo um conjunto de práticas 
sociais culturalmente estabelecidas. 
Cabe lembrar, como afi rma Muniz Sodré – o teórico brasileiro mais representativo da área 
de Comunicação Social na atualidade –, que o público não é vítima e sim, cúmplice.
Eu lhe dou um programa parecido com as expectativas culturais que você tem e você 
6 entretenimento e lazer são responsabilidade da mídia Os indivíduos esperam ver suas 
necessidades atendidas ao ver ou ouvir o programa da mídia. Essas necessidades podem ser variadas, 
no entanto incluem o escapismo, a companhia ou um meio de construir e entender a própria identidade 
(através do reconhecimento ou comparação de valores pessoais com aqueles representados na mídia). 
Mas, de qualquer forma, a mídia possibilita o conhecimento de Mas, de qualquer forma, a mídia possibilita o conhecimento de 
variados produtos culturais, de diferentes origens, por muitíssimas variados produtos culturais, de diferentes origens, por muitíssimas 
pessoas. Mas cabe a nós questionar se o acúmulo de informação pessoas. Mas cabe a nós questionar se o acúmulo de informação 
que uma população pode receber pelos meios de comunicação que uma população pode receber pelos meios de comunicação 
de massa acaba se transformando em algo intelectualmente de massa acaba se transformando em algo intelectualmente 
produtivo. Para isso, precisamos avaliar os conteúdos das produtivo. Para isso, precisamos avaliar os conteúdos das 
mensagens transmitidas, a fi m de saber se quantidade pode mensagens transmitidas, a fi m de saber se quantidade pode 
resultar em salto de qualidade em termos de conhecimento. resultar em salto de qualidade em termos de conhecimento. 
Sem considerar que, em nome dessa “democratização” da Sem considerar que, em nome dessa “democratização” da 
informação, a mídia acaba apelando para as médias de gosto, informação, a mídia acaba apelando para as médias de gosto, 
uma vez que seu objetivo é atingir a maior audiência – o maior uma vez que seu objetivo é atingir a maior audiência – o maior 
número de espectadores, leitores, ouvintes. Com vistas à ampla número de espectadores, leitores, ouvintes. Com vistas à ampla 
divulgação, acaba provocando uma tradução muito simplifi cadora divulgação, acaba provocando uma tradução muito simplifi cadora 
dos conteúdos veiculados.dos conteúdos veiculados.
Positivamente, as técnicas de produção modernas podem Positivamente, as técnicas de produção modernas podem 
tornar amplamente disponíveis materiais complexos, críticos e tornar amplamente disponíveis materiais complexos, críticos e 
culturalmente exigentes. Na prática, o consumo cultural tornou-culturalmente exigentes. Na prática, o consumo cultural tornou-
se crescentemente privatizado, rompido com a esfera pública e se crescentemente privatizado, rompido com a esfera pública e 
dominado por material de baixa qualidade, planejado para ter dominado por material de baixa qualidade, planejado para ter 
http://fi lhosdehiran.blogspot.com.br/2012/12/
autores-da-biblia.html
http://comunicacao100porcento.blogspot.com.
br/2012/10/jornalismo-impresso-fi o-pavio.html
Os primeiros produtos impressos foram 
trabalhos literários e religiosos, ao lado de 
textos médicos e legais.
http:/ /www.alvinhopatr iota.com.br/tag/
imprensa/
Nos séculos XVI e XVII, os periódicos e os 
jornais começaram a aparecer regularmente.
http://www.culturamix.com/cultura/tudo-sobre-
o-telegrafo 
http://arrecifeshostel.com.br/?p=1559
Nos séculos XIX e XX surgiam novas formas 
de comunicação, como o telégrafo, telefone 
e telex.
Saiba mAIS
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fi ca ligado em mim. Não vou dar nada acima do seu horizonte cultural possível. À medida 
que vou recebendo programas que posso entender sem esforço, que me divirtam, vou me 
tornando cúmplice de tudo aquilo que a televisão me dá. Não é 
que a televisão me imponha. Vou aceitandoe cada vez mais sou 
parte e não vítima. Afi nal, sou eu quem liga ou desliga a televisão 
(“Golpe baixo”, Isto É, 10/04/2002).
Além disso, o imediatismo da cobertura da mídia inibe a 
possibilidade de refl exão crítica. Sem exigir da massa esse 
pensamento e essa atitude, a mídia facilmente a satisfaz 
porque nada lhe pede.
 
Ainda, segundo Edgar e Sedgwick,
 As funções centrais exercidas pela mídia incluem o escapismo (a ponto de o consumo da mídia 
permitir uma legítima válvula de escape das pressões da vida normal), o estabelecimento de 
relações pessoais (incluindo o uso dos programas da mídia como foco de discussão e outras 
interações sociais) e a formação da identidade pessoal (em que os valores expressados nos 
programas parecem reforçar os próprios valores) (2003, p. 210).
Como se vê, esta vertiginosa expansão da mídia e de seu poder propagou de início a tese 
de que ela teria domínio total sobre o cidadão e o consumidor.
Entretanto, é importante lembrar que nenhum indivíduo é uma tabula rasa em que se grava 
qualquer tipo de mensagem, porque possui convicções – principalmente de ordem moral ou 
religiosa – que direcionarão sua recepção da mensagem e seu entendimento do conteúdo 
transmitido. A mensagem será codifi cada no contexto de um conjunto de preconcepções 
culturais e conhecimentos tomados como certos pelo indivíduo. O público interpretará e se 
apropriará dos conteúdos para uso próprio e os compreenderá dentro de sua experiência 
de ambiente e de vida7.
 Mas a posse de alguns atributos pelo infl uenciador afeta a probabilidade que este tem de 
persuadir o infl uenciado, de acordo com o que é apontado por Boudon e Bourricaud em uma 
análise sobre as condições essenciais para o exercício da infl uência.
O infl uenciador deve estar informado – ou passar como tal. Em segundo 
lugar, o infl uenciador deve ser visto pelo infl uenciado como respeitador 
dos limites que se lhe impõem: para consolidar sua infl uência, o médico 
deve ser visto como dedicado a seus doentes. Muitas vezes, uma 
terceira condição torna mais precisa essa segunda: o infl uenciador 
não deve ser visto como um enganador (2001, p. 295).
Ou seja, o infl uenciador deve ser (ou parecer ser) informado e competente e que quer o bem 
daquele de quem procura modifi car as previsões e preferências.
 
Como estas são características associadas à maior parte dos meios de comunicação de massa 
no Brasil, aos quais usualmente creditamos o papel de principais fontes de informação legítima 
e verdadeira, e como passarmos muito tempo de nossos dias em contato com esses meios, 
quase como se fossem nossas principais companhias na vida privada, é de se entender que 
eles exerçam infl uência na sociedade.
7 experiência Percebe-se que existe uma discussão sobre as atitudes e comportamento do 
público como se este pudesse ser “moldado”, ora pela capacidade inventiva e pedagógica dos criadores 
da cultura e daqueles que a preservam, ora pelas artimanhas da publicidade e da técnica da indústria e 
do mercado cultural.
parte e não vítima. Afi nal, sou eu quem liga ou desliga a televisão parte e não vítima. Afi nal, sou eu quem liga ou desliga a televisão 
(“Golpe baixo”, Isto É, 10/04/2002).(“Golpe baixo”, Isto É, 10/04/2002).
Além disso, o imediatismo da cobertura da mídia inibe a Além disso, o imediatismo da cobertura da mídia inibe a 
possibilidade de refl exão crítica. Sem exigir da massa esse possibilidade de refl exão crítica. Sem exigir da massa esse 
pensamento e essa atitude, a mídia facilmente a satisfaz pensamento e essa atitude, a mídia facilmente a satisfaz 
porque nada lhe pede.porque nada lhe pede.
Vídeo: Meios de manipulação em massa
h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=4cDBOqFMxio
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Infl uência é levar “discretamente” o infl uenciado a ver as coisas com os mesmos olhos que o 
infl uenciador. Portanto, pode-se considerar a infl uência uma forma muito específi ca de poder 
cujo recurso principal é a persuasão.
Persuadir é também uma das características da propaganda. A propaganda é a tentativa de 
controlar ou mudar as atitudes e o comportamento de um 
grupo por intermédio da manipulação da comunicação (seja 
no fornecimento de informação ou no uso da imagem), a 
partir de uma seleção e apresentação emotiva dos fatos. 
O poder da propaganda advém de sua capacidade de 
transformar o valor de uso (a utilidade que os consumidores 
extraem de uma mercadoria) em valor simbólico.
O consumo, antes da Revolução Industrial, era uma 
atividade principalmente associada ao atendimento das 
necessidades básicas do ser humano; estimulado pela 
propaganda e publicidade, porém, passa a ter cada vez 
mais uma conotação simbólica.
 
Isso significa dizer que as peças publicitárias não se 
limitam em discorrer sobre a utilidade ou funcionalidade de um determinado produto, porque 
o principal é afetar a consciência do cliente com a ideia de que há no produto algo além de 
seu mero valor de uso, algo imaginário, da ordem da realização do desejo, associando a 
ele, através de uma série de recursos audiovisuais, os padrões estabelecidos culturalmente 
e valorizados na sociedade.
 
Criar e personifi car coisas e objetos que coincidam com esses 
atributos, conferindo-lhes identidade e valor a partir do senso e do 
lugar comum pautados no individualismo e no personalismo, eis a 
sedução e o convencimento levados ao extremo radicalista pela 
antiga e humana arte de vender e comprar, agora vestida com a capa 
da contemporaneidade neoliberal e carregada do fetiche da coisa 
por ela mesma, do objeto que se impõe a um indivíduo coisifi cado 
(Ferreira, 2001, p. 190).
A consideração do consumo diz muito sobre como os seres 
humanos encontram oportunidades para a autoexpressão; afi nal, 
consumir sempre signifi cou incorporar ao nosso corpo ou à nossa 
vida cotidiana, objetos e serviços que vêm de fora de nós e que 
servem como elementos de distinção e identifi cação sociais. 
3.4 Os padrões de consumo
Padrões de consumo servem para construir estilos de vida 
distintos e expressar status, num jogo de conformidade 
(quando a escolha do estilo de vida representa a infl uência 
da propaganda e de outras mídias de massa sobre a vida 
cotidiana) e descontentamento (quando representa uma escolha 
genuinamente livre e criativa).
consumir sempre signifi cou incorporar ao nosso corpo ou à nossa consumir sempre signifi cou incorporar ao nosso corpo ou à nossa 
vida cotidiana, objetos e serviços que vêm de fora de nós e que vida cotidiana, objetos e serviços que vêm de fora de nós e que 
servem como elementos de distinção e identifi cação sociais. servem como elementos de distinção e identifi cação sociais. 
3.4 Os padrões de consumo3.4 Os padrões de consumo
Padrões de consumo servem para construir estilos de vida Padrões de consumo servem para construir estilos de vida 
distintos e expressar status, num jogo de conformidade distintos e expressar status, num jogo de conformidade 
(quando a escolha do estilo de vida representa a infl uência (quando a escolha do estilo de vida representa a infl uência 
da propaganda e de outras mídias de massa sobre a vida da propaganda e de outras mídias de massa sobre a vida 
cotidiana) e descontentamento (quando representa uma escolha cotidiana) e descontentamento (quando representa uma escolha 
genuinamente livre e criativa).genuinamente livre e criativa).
Vídeos
Comercial Mitsubishi Polvo: https://www.
youtube.com/watch?v=NRJSXnOLLRE
Campanha Mitsubishi Lancer: https://www.
youtube.com/watch?v=mofRAf9LYRI
Comercial O Boticário: https://www.youtube.
com/watch?v=yweA7Bwc0fM
Victoria’s Secret: https://www.youtube.com/
watch?v=orXmAN4EhBw
Saiba mAIS
o principal é afetar a 
consciência do cliente com 
a ideia de que há no produto 
algo além de seu mero valorde uso, algo imaginário, da 
ordem da realização do 
desejo, associando a ele
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A questão é que, com a produção em massa, o aumento da oferta e da acessibilidade desses 
objetos e o desenvolvimento tecnológico que se viu ao longo do século XX, ocorre um consumo 
cada vez maior de objetos por um número cada vez maior de pessoas, o que foi aos poucos 
configurando o que se chama de sociedade de consumo.
Mas esse sistema produtivo – por meio de estímulos da propaganda que levam às pessoas 
a comprar em excesso e exagero e pela criação permanente de novas necessidades a partir 
da invenção sem fim de novos bens – favorece o consumo compulsivo. 
A vida, na sociedade de consumo, parece ser marcada pela compulsão incessante por se ter 
mais e mais, ao mesmo tempo que se está constantemente insatisfeito com o que se tem. 
Conforme Ferreira sinaliza:
Promovidos de cidadãos a consumidores (...), os indivíduos estão sós, 
tornaram-se ilhas cercadas de coisas e objetos por todos os lados, 
ou ilhas sem mar em volta quando estão na condição de não poder 
consumir (2001, p. 187).
Sem contar que o consumo que se procura estimular é sempre privado. Na sociedade de 
consumo, o indivíduo é concebido como um agente livre no mercado para a realização 
livre de suas vontades, levando a uma supervalorização das escolhas individuais. O que 
principalmente é considerado no indivíduo é sua habilidade em usar sua racionalidade, de 
acordo com suas disposições e desejos.
Nessa realidade, portanto, em que a prioridade é dada 
à autossatisfação, vincula-se o ato individual da compra 
à gratificação pessoal. Por isso, é correto afirmar que o 
individualismo é um valor da sociedade atual, uma vez 
que se refere ao primado absoluto do indivíduo sobre 
a sociedade, em que seu interesse pessoal e o apego 
por suas coisas particulares e ao bem individual devem 
prevalecer sobre o zelo e o bem social. Isso leva ao 
reconhecimento do ser humano como dono de si, à 
valorização da iniciativa privada e à busca por lucro como 
representativos do sucesso pessoal. 
Como observa Ferreira, numa abordagem sobre a relação 
entre o individualismo, a concorrência e a competição entre 
pessoas (assim como entre instituições) como valores que modelam e orientam nossas ações,
o individualismo leva ao descompromisso ou ao compromisso meramente mercadológico com 
as causas e as necessidades públicas e coletivas; a competição, por sua vez, leva todos à 
condição de adversários potenciais ou declarados, em uma espécie de luta darwinista por 
privilégios a serem ávida e devidamente consumidos; e a concorrência passa a ser vista com 
naturalidade, prova real de uma luta feroz entre mercadorias que disputam a condição de 
mais aptas a serem consumidas pelo mercado (2001, p. 187).
Mas, embora privado, o consumo é acessível apenas a quem pode, possível a quem acumule 
excedente em dinheiro que possa ser convertido em mercadoria.
 
A questão é que diferentes possibilidades de acesso ao consumo evidenciam não só as 
desigualdades existentes entre maiorias e minorias como as reforçam, na medida que a 
capacidade de consumo de cada pessoa passa a exprimir e representar a natureza real das 
diferenças sociais na sociedade capitalista. 
A vida, na sociedade de 
consumo, parece ser 
marcada pela compulsão 
incessante por se ter mais 
e mais, ao mesmo tempo que 
se está constantemente 
insatisfeito com o que se tem.
A questão social Estudos Socio-Antropológicos | UNISUAM 
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Zygmunt Bauman (2010), em seu livro Capitalismo Parasitário, comenta que a introdução dos 
cartões de crédito foi um sinal do que viria a seguir. Foram lançados “ no mercado” cerca de 
30 anos atrás , com o slogan exaustivo e extremamente sedutor de “ não adie a realização 
de seu desejo”. Você deseja alguma coisa, mas não ganha o suficiente para adquiri-la? 
Nos velhos tempos, felizmente passados e esquecidos, era preciso adiar a satisfação ( e 
esse adiamento, segundo um dos pais da sociologia moderna Max Weber, foi o princípio 
que tornou possível o advento do capitalismo moderno): apertar o cinto, privar-se de certas 
alegrias, gastar com prudencia e frugalidade, colocar dinheiro economizado na caderneta 
de poupança e ter esperança, com cuidado e paciência, de conseguir juntar o suficiente 
para transformar os sonhos em realidade. Graças a Deus, isso já acabou! Com um cartão 
de crédito, é possível inverter a ordem dos fatores: desfrute agora e pague depois! .(pag 12)
A saber a cultura de hoje é feita de ofertas, não de normas. Como observou Pierre Bourdieu, 
a cultura vive de sedução, não de regulamentação; de relações públicas, não de controle 
policial; da criação de novas necessidades, desejos, exigências, não de coerção. Esta nossa 
sociedade é uma sociedade de consumidores. E, como o resto do mundo visto e vivido pelos 
consumidores, a cultura também se transforma num armazém de produtos destinados ao 
consumo, cada qual concorrendo com os outros para conquistar a atenção inconstante e 
errante dos potenciais consumidores, na esperança de atraí-la por pouco mais de um breve 
segundo (pag 33)
 
A atual fase de transformação progressiva da ideia de “cultura”, desde sua forma original, de 
inspiração iluminista, até sua reencarnação líquido-moderna, é estimulada e administrada 
pelas mesmas forças que promovem a emancipação dos mercados em relação aos vínculos 
remanescentes de natureza não econômicas: os vínculos sociais, políticos, éticos etc (pag35)
Em sociedades capitalistas, individualistas, competitivas, abertas à mobilidade social, que 
giram em torno do dinheiro e da ostentação de classe e onde as pessoas são identificadas e 
valorizadas pelos bens materiais que possuem, as desigualdades se tornam evidentes pelo 
consumo. O consumismo se traduz no imaginário da posse, do poder e da riqueza.
Entretanto, além disso, é importante ressaltar que o consumismo (este querer mais e sempre 
querer algo novo), num planeta com recursos naturais finitos, limitados, não-renováveis, nos 
coloca diante de uma dinâmica desastrosa para a humanidade.
O problema que se coloca à nossa frente, em caráter emergencial, é que, com o barateamento 
de muitos produtos, com a substituição programada deles em curto espaço de tempo e com 
essa compulsão generalizada em comprar, chega a níveis críticos o desperdício de matéria-
prima e energia, ocorrendo a poluição em demasia do planeta. 
Por isso, é necessário discutir a questão do consumo consciente com a relevância que 
merece. Reaproveitamento de produtos, reciclagem, reflexão sobre a necessidade de adquirir 
mais um objeto são atitudes responsáveis que competem à esfera individual. Claro que em 
conexão com mudanças – nesse mesmo sentido de preservação do meio ambiente – que 
também devem permear as políticas públicas.
A proposta do consumo “verde”, consciente, é uma proposta de engajamento cidadão e, o 
que é muito importante, rompe com a concepção individualista subjacente à lógica tradicional 
do consumo, porque estimula a corresponsabilidade dos indivíduos comuns diante de um 
problema que não é meu nem seu, nem só do governo; é de todos. Sem dúvida, enquanto 
os valores da sociedade não se modificarem, trata-se de um desafio – mas do qual muito 
rapidamente ninguém poderá fugir.
 
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Conclusão
Como visto as mudanças ocorridas nos processos de produção ocasionaram mudanças 
drásticas no emprego, muitas vezes levando o trabalhador a um processo alienado de 
repetição de movimentos.
A principal mudança nos processos de produção em relação ao trabalho foi o fracionamento 
das funções, de tal forma que os funcionários de baixo escalão 
não detinham o conhecimento de todo o processo de produção, 
conhecendo-o apenas parcialmente, de tal forma que as fábricasconseguiam manter segredos sobre seus produtos.
Este fracionamento exigiu do trabalhador constante qualifi cação 
para que pudesse alcançar melhores patamares dentro da 
empresa e também gerou muito desemprego especialmente 
daqueles que não tinham qualifi cação.
A industrialização possibilitou o aumento do volume de produção e então tornou-se necessário 
a criação de mecanismos midiáticos para aumentar as vendas e diminuir os estoques 
das fábricas. Assim surgiu a sociedade do consumo que, infl uenciada pela mídia, sente 
necessidade constante de comprar novos produtos e nunca está satisfeita com o que tem.
Os grandes empresários, visando apenas o lucro, infl uenciam as mídias, por meio de 
programas de nível médio, que não permitem o desenvolvimento crítico dos cidadãos e 
incutem em suas mentes a necessidade de adquirir mais bens.
Mas a mais grave consequência da produção e consumo acelerado é o esgotamento dos recursos 
naturais e a geração de lixo. É necessária uma conscientização de toda a sociedade para que 
juntos possamos mudar este cenário antes que as fontes naturais de recursos se esgotem.
Vamos começar a fazer a nossa parte hoje?
Referências bibliográficas
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mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2003.
FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à sociedade da informação. São Paulo: 
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OLIVEIRA, Pérsio. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2002.
PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania. São Paulo: Cortez, 2005.
VILLAS BÔAS, Gláucia. Recepção, cultura e público. In: O Brasil na virada do século – o debate 
dos cientistas sociais. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995.
VILLAS BÔAS, Gláucia. Recepção, cultura e público. In: O Brasil na virada do século – o debate 
dos cientistas sociais. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995.
conseguiam manter segredos sobre seus produtos.conseguiam manter segredos sobre seus produtos.
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para que pudesse alcançar melhores patamares dentro da para que pudesse alcançar melhores patamares dentro da 
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Vídeo: A história das coisas
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