Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Civil – Direito das Coisas Professor: Thiago Augusto Bittar Unidade III - Da Propriedade Aula 10: Aquisição da propriedade (continuação). 1. Aquisição da propriedade imóvel: 1.2. Aquisição originária da propriedade imóvel 1.2.1. Acessão. 1.2.1. Aquisição originária da propriedade imóvel por acessão Encerrado o estudo dos modos derivados de aquisição da propriedade imóvel, passemos ao enfrentamento dos modos originários de aquisição da propriedade, a começar pela acessão. Nos termos do art. 1.248 do Código Civil, existe a possibilidade de que a propriedade imóvel seja adquirida pelo instituto jurídico da acessão. A acessão, segundo lição de Clóvis Beviláqua 1 “é o modo originário de adquirir, em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu bem” Requisitos: a doutrina costuma dizer que a acessão exige dois requisitos: a) a conjugação das coisas, até então separadas; b) o caráter acessório de uma dessas coisas em confronto com a outra; Ora, se uma coisa é somada à outra, significa que o proprietário da coisa principal (acedida) é beneficiado pela aglutinação de outra coisa acessória (acedente), enquanto que o proprietário desta é prejudicado pela porção perdida. Assim, o Código Civil, fundamentado no princípio que veda o enriquecimento sem causa estabeleceu regras de indenização em favor do proprietário desfalcado, pois seria bastante difícil constituir-se um condomínio entre o proprietário de um bem principal de valor elevado e o proprietário do bem acessório acedente, de valor significativamente inferior. A acessão se divide em duas espécies: a) acessão natural, em que o aumento do objeto se dá por ação da natureza; e, b) acessão industrial ou artificial, quando resultante de ação humana. 1 Apud DINIZ, Maria Helena. Curso de direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 30ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2015. fl. 160. O art. 1.248 estabelece quatro espécies de acessões naturais (formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo) e uma espécie de acessão industrial ou artificial, a saber, plantação ou construções. Veja-se o artigo: Art. 1.248. A acessão pode dar-se: I - por formação de ilhas; II - por aluvião; III - por avulsão; IV - por abandono de álveo; V - por plantações ou construções. – Acessões industriais ou artificiais 1.2.1. Formação de ilhas: Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. As ilhas são porções de terra cercadas de água por todos os lados. Nas palavras de Maria Helena Diniz 2 “constitui acessão natural a formação de ilhas em correntes comuns ou particulares, em razão de movimentos sísmicos (...).” Ainda no escólio de Maria Helena Diniz, a formação de ilhas a que se refere o Código Civil diz respeito àquelas decorrentes de depósito paulatino de areia, cascalho ou fragmentos de terra por força da correnteza em rios particulares, aumentando a propriedade dos ribeirinhos. Ilhas fluviais (formadas em rios navegáveis), oceânicas ou costeiras são pertencentes à União, aos Municípios ou aos Estados Federados (arts. 20, inc. IV, e 26, incs. II e III da Constituição Federal). Se não for possível apontar-se segundo os costumes locais se o rio é ou não navegável, o Código das Águas, em seu artigo 2º, §2º, estabelece que tal constatação seja feita por laudo pericial. Na hipótese de as ilhas se formarem no meio do rio (art. 1.249, I), a propriedade será delimitada levando-se em consideração sua testada, a até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais. 2 DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. 16ª Ed. Editora Saraiva. Pág. 904. Acessões naturais O álveo é a porção de terra naturalmente coberto pela água do rio, ou seja, trata-se do leito do rio. Portanto, o álveo é divido por uma linha imaginária que o corta ao meio (chamado meridiano), estremando as duas margens. Para esclarecer a questão, Flávio Tartuce 3 em seu manual colaciona a seguinte representação gráfica: Álveo do rio dividido ao meio “meridiano” Prosseguindo, na hipótese do artigo 1.249, II, se a ilha formar-se entre a o meridiano e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado. Veja-se o seguinte desenho (novamente extraído da obra de Flávio Tartuce 4 ). 3 TARTUCE, Flávio. Direito civil, v. 4 : Direito das coisas 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Pg 132. 4 Idem. 133. Sendo assim, a ilha formada do lado esquerdo do meridiano imaginário é 100% do proprietário X, enquanto que e a ilha formada ao lado direito é integralmente acrescia ao proprietário Y. Se a ilha decorrer do desdobramento de um novo braço do rio continua a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram (1.249, III, CC). Novamente há o socorro de ilustração da obra de Flávio Tartuce 5 : Note-se que o novo “braço” surgiu às custas de porção de terra do proprietário Y, razão porque é justo que a ilha formada (cuja terra já lhe pertencia) continue sendo sua. 1.2.2. Aluvião: Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. Aluvião é a espécie de acessão natural imperceptível, que promove um paulatino, constante e lento acúmulo de sedimentos clásticos (areia, cascalho, terra e/ou lama) às margens de um rio, por obra do curso natural das águas. Esse acréscimo de terra pertencerá aos donos dos terrenos marginais, sem que para isso precisem pagar qualquer indenização (CC, art. 1.250). Se o terreno aluvial 5 Idem. pág. 133. se formar em terras de diferentes proprietários, ele será dividido na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem (art. 1.250, parágrafo único). Não há indenização em favor do proprietário desfalcado, em razão de não ser possível mensurar quantitativamente o valor da indenização a que faz jus, final não há meio pelo qual se possa necessariamente dizer que porção acrescida ao terreno representa a mesma porção do terreno desfalcado, pois os sedimentos podem vir de qualquer lugar. Veja-se a ilustração 6 : Ex.1: art. 1.250, caput Ex.2: Art. 1.250, parágrafo único. 1.2.3. Avulsão: Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiroou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. Cristiano Chaves Farias e Nelson Rosenvald 7 explicam que a avulsão caracteriza-se pelo “desprendimento, por força natural, violenta e abruta, de uma porção considerável e reconhecível de um prédio, que se vai juntar ao terreno de outro prédio, ocorrendo a consolidação de duas coisas em uma”. Veja-se, portanto, que o Código Civil refere-se à força natural, de maneira que poderá decorrer tanto da força da água que, com violência destaca porção de terra 6 Novamente extraída da obra de Flávio Tartuce, à fl. 135. 7 Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Curso de Direito civil: Direitos Reais – 12ª Ed. rev. ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodvm. 2016. pag. 474. anexando a outra propriedade, como também outras manifestações naturais, como terremotos, desmoronamentos etc. A propriedade somente se consolidará em favor do imóvel principal quando houver o pagamento da indenização ao proprietário prejudicado ou, caso não haja pagamento, ao final do prazo decadencial de um ano (contado do fenômeno natural), na hipótese de o proprietário prejudicado não exercer a pretensão indenizatória. Note-se que em favor do proprietário dono do imóvel principal há uma opção legalmente definida: a) indenizar o proprietário prejudicado pela avulsão; b) concordar com a remoção da parte acrescida. Por fim, importa lembrar que a porção de terra destacada de um lado e acrescida a outro deve ser considerável e passível de mensuração, porquanto substanciam critérios para a própria estipulação do quantum indenizatório. Com as vênias pela repetição, nova ilustração colhida da obra de Flávio Tartuce 8 : 1.2.4. Álveo abandonado: Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. 8 Idem. pág. 136. Nos termos do art. 9º do Código das Águas (Decreto, álveo é 24.643/34), álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto. Em palavras mais compreensíveis, o álveo é a superfície do rio ordinariamente coberta pelas águas (leito do rio). Portanto, se o rio secar ou, por decorrência de fenômeno natural alterar seu curso de águas, o antigo leito do rio (álveo) passa a pertencer aos proprietários ribeirinhos das duas margens do antigo leito, havendo para a determinação das novas propriedades, a delimitação do já conhecido meridiano imaginário. Veja-se a figura ilustrativa apanhada da obra de Flávio Tartuce 9 : Naturalmente, no caso de o leito do rio tomar novo rumo naturalmente, os proprietários atingidos pelas águas não terão direito de indenização pela porção de terra submergida pelo novo curso, porquanto decorrente de fenômeno natural. Por fim, o Código de Águas estabelece que a regra em estudo vale também para os rios navegáveis (bens públicos), isto é, secando o rio ou alterado seu curso por fenômeno natural, as novas porções de terra passam a pertencer aos ribeirinhos (art. 26). 1.2.5 Acessão artificial (ou industrial) – Construções e Plantações Todas as formas de acessão estudadas nas linhas acima dizem respeito à aquisição da propriedade imóvel por decorrência de um fenômeno natural. A acessão artificial ou industrial, ao seu turno, liga-se a um comportamento humano, consistente na edificação de uma construção ou plantação. 9 Idem. pág. 137. Nesse capítulo, foi inserida uma regra geral no Código Civil segundo a qual toda construção ou plantação feita num terreno presume (iuris tantum) obra do proprietário, feita à sua custa. Confira-se: Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. A presunção legal (e relativa) acima referia é quebrada nos casos estabelecidos pelos artigos 1.254 a 1.259, que estabelecem três situações, a saber: a) Art. 1.254 – Hipótese do proprietário que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios; b) Art. 1.255. Hipótese de quem semeia, planta ou edifica em terreno alheio; c) Art. 1.256. Hipótese em que ambas as partes estão de má-fé; e, art. 1.257. Hipótese de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. a) 1ª Hipótese – Proprietário que planta, semeia ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios: Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. Caso o proprietário de boa-fé semeie ou empregue em seu terreno sementes ou materiais que não lhe pertencem, deverá indenizar o dono destes pelo seu valor de mercado (custo). Todavia, se estiver de má-fé, além da indenização pelo custo das sementes ou materiais, deverá arcar com perdas e danos, porquanto foram causadas intencionalmente, isto é, sabendo ser o material de domínio alheio. b) 2ª Hipótese – Aquele que emprega sementes ou materiais em terreno alheio. Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Aqui o semeador ou construtor é dono da semente/material, entretanto semeia ou edifica em terreno alheio. Se procedeu de boa-fé (ex.: demarcação das propriedades equivocada), a despeito de perder a plantação ou edificação, contudo, terá direito à indenização pelo valor de mercado (custo). Todavia, nos termos do parágrafo único, se a plantação ou edificação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que plantou ou edificou adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento de indenização fixada pelo juiz, caso não haja entre as partes acordo. Maria Helena Diniz traz um interessante exemplo 10 em seu manual sobre essa hipótese do art. 1.255, parágrafo único, senão confira-se: P. ex., se alguém de boa-fé edificar, em terreno alheio de pequena área, um edifício com dez andares, fez um alto investimento, cujo valor é bem maior do que o do terreno que não lhe pertence. Por isso, mais justo será que passe a ser o proprietário do solo, mediante pagamento e um quantum indenizatório. Evita-se, portanto, que haja um enriquecimento sem causa do proprietário, porquanto, não há como olvidar-se que o semeador ou construtor estava de boa-fé. A regra trazida pelo parágrafo único contempla a hipótese da doutrinariamente chamada acessão invertida ou desapropriação no interesse privado, pois parte-se do pressuposto de que a edificação ou plantação é economicamente mais relevante do que o terreno em que foram edificados. Assim, não é o proprietário do terreno que adquire a propriedade da edificação ou plantação, mas o inverso,ou seja, o proprietário das sementes e materiais empregados no terreno adquire-lhe a propriedade, por uma razão puramente socioeconômica, vale dizer, há aqui a edificação ou plantação em terreno anteriormente inaproveitado, valorizado diante da acessão artificial promovida por terceiro de boa-fé, sendo, portanto, justo, social e economicamente, que ele adquira a propriedade do terreno, mediante justa indenização, consensual ou judicialmente fixada. Obs.: Carlos Roberto Gonçalves 11 adverte que a regra da acessão ora estudada “aplica-se às construções e plantações, que são acessões industriais, e não às benfeitorias, que são coisas novas, mas apenas acréscimo ou melhoramentos em obras, já feitas”. c) 3ª Hipótese – Ambas as partes estão de má-fé ou se não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. 10 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 30ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2015. fl. 170. 11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado, v.2 – 4ª Ed.- São Paulo: Saraiva, 2016. pag. 576. Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. E, Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. Como se pode observar, o código estabeleceu a mesma solução para duas situações distintas. Portanto, à luz do art. 1.256, se o proprietário do terreno e o proprietário das sementes e materiais estiverem, ambos, de má-fé, a solução trazida pelo Código Civil é a da indenização pelas acessões em favor do semeador ou construtor, adquirindo o proprietário do terreno a acessão nele feita. Nessa hipótese de má-fé de ambos, pouco importa se o valor da acessão supera o valor do terreno, como visto na hipótese anterior, isto é, em todos os casos o proprietário do terreno somente adquirirá as sementes, plantas e construções se arcar com o preço delas. Presume-se de má-fé o proprietário quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua (art. 1.256, parágrafo único). O art. 1.257 anuncia a situação em que terceiro de boa-fé planta ou constrói utilizando sementes ou materiais de outrem, em terreno também alheio. Neste caso, o dono dos materiais ou sementes poderá pleitear indenização em face ao construtor ou plantador, respondendo subsidiariamente o proprietário do solo, que tomará propriedade das acessões (1.257, parágrafo único). 1.2.6. Acessão por construção e desapropriação no interesse privado: Construção e imóvel lindeiro: Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. O Código Civil dispõe, ademais, de acessões artificiais que invadam, em parte, terrenos alheios. É bastante comum que o proprietário, ao erigir sobre seu bem próprio uma construção, acabe por invadir parte do terreno alheio, estando de boa ou má-fé. O art. 1.258 estabelece que se “a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente”. Se a construção for erigida de má-fé, a regra é que a coisa seja demolida. Se não for possível a demolição, o construtor de má-fé poderá adquirir a propriedade do terreno parcialmente invadido caso concorde em pagar, em décuplo, as perdas e danos referidos acima, em favor do proprietário cujo terreno foi parcialmente invadido. Pagando esse preço, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se o valor da construção exceder consideravelmente o da parte invadida (1/20). Requisitos: Regras – Construtor de Boa-fé Regras – Construtor de má-fé 1. Estar o construtor de Boa-fé 1. Estar o construtor de má-fé 2. Construção invade até 1/20 de área alheia; 2. Construção invade até 1/20 de área alheia; 3. Valor da construção excede o valor da área invadida (5%); 3. Valor da construção excede o valor da área invadida (5%); 4. Pagar o valor da área invadida bem como indenizar pela desvalorização da área como um todo 4. Pagar do décuplo (10x) das perdas e danos referidos no quadro à esquerda: 5. Se não indenizar, deverá demolir a construção na parte invasora. 5. A indenização acima ocorre somente se não for possível demolir a coisa sem grave prejuízo à construção. Invasão de solo alheio superior à sua vigésima parte: Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro. À luz do art. 1.259, estando o construtor de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste (5%), adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente. Se o construtor estiver de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu e mesmo havendo a restauração do status quo, será obrigado a indenizar o porprietário prejudicado pelas perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
Compartilhar