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2017 - 05 - 25 Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil: artigo por artigo - Edição 2016 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL PARTE ESPECIAL. LIVRO II. DO PROCESSO DE EXECUÇÃO TÍTULO I. DA EXECUÇÃO EM GERAL CAPÍTULO II. DAS PARTES Capítulo II DAS PARTES Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo. § 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. § 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado. * Correspondência legislativa: arts. 566, I, II, 567, I, II, III do CPC/73. Outras ref. normativas: V. arts. 75, VI, 109, § 1.º, 177, 328, 485, IX, 687 a 692, 784 e 857, NCPC; arts. 287 a 289, 346 a 351, 831 e 834, CC. Sumário: 1. Legitimidade ativa na execução. 2. Legitimidade ativa primária. 3. Legitimidade primária e legitimidade derivada ou superveniente. 4. Legitimidade ordinária e extraordinária. 5. Sucessão independentemente do consentimento do executado. 1. Legitimidade ativa na execução. O mandamento encontrado no art. 778 trata da legitimidade ativa para execução. Pode-se dizer que, como regra, no processo de execução é o próprio título executivo que determina a legitimidade ativa e passiva. 2. Legitimidade ativa primária. O caput traz a regra da legitimidade ativa primária: o credor, assim definido no título. O NCPC traz uma redação diferente referindo-se à lei: “o credor a quem a lei confere título executivo”. Em verdade, a lei tarifa as hipóteses de título executivo e nele (no título) é que se designa a figura do credor. 3. Legitimidade primária e legitimidade derivada ou superveniente. O § 1.º, por sua vez, traz hipóteses de legitimação primária e também de legitimação derivada ou superveniente. Além do credor que figure como tal no título executivo, a lei ainda confere ao Ministério Público legitimidade ativa primária (inc. I). É o que se vê quando o Ministério Público é autor da demanda (v.g., ação civil pública, ação de improbidade administrativa). 3.1 Ao lado da legitimação primária, há hipóteses em que fatos supervenientes à criação do crédito conferem legitimidade ativa ao exequente. Trata-se de uma legitimidade ativa derivada ou superveniente. É o caso dos incs. II, III e IV. 3.2 O inc. II autoriza o espólio, os herdeiros e os sucessores do autor da herança a executarem a obrigação do título, desde que tal obrigação lhes for transmitida. 3.3 O inc. III, outrossim, prevê a legitimidade superveniente do cessionário. A cessão, nessa hipótese, é decorrente de ato inter vivos , pois a transferência causa mortis da obrigação foi contemplada no inc. II. 3.4 O inc. IV confere legitimidade ao sub-rogado, tanto o legal (CC, art. 346) quanto o convencional (CC, art. 347). É a hipótese daquele que paga a dívida e, em consequência, assume os direitos do credor. 4. Legitimidade ordinária e extraordinária. É importante registrar que as hipóteses tarifadas no caput e nos incs. I e II são tidas como legitimidade ativa ordinária, ao passo que aquelas referidas nos incs. III e IV, identificam-se como hipóteses de legitimidade ativa extraordinárias . Isso se dá porque se reconhece a legitimação ativa ordinária quando há coincidência, no plano processual, entre as figuras do credor e do exequente. Quando, ao revés, o exequente não for o credor, diz-se legitimidade extraordinária . 5. Sucessão independentemente do consentimento do executado. O § 2.º traz regra, na esteira de decisões do STJ,6 no sentido de que a sucessão na execução, decorrente da legitimidade derivada ou superveniente, independe de consentimento do executado. 7 Art. 779. A execução pode ser promovida contra: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI - o responsável tributário, assim definido em lei. * Correspondência legislativa: art. 568, I, II, III, IV, V do CPC/73. Outras ref. normativas: V. arts. 109, § 1.º, 789 e 794, NCPC; arts. 121, parágrafo único, e 128 a 138, CTN. Sumário: 1. Legitimidade passiva na execução. Regra: devedor no título executivo. 2. Espólio, herdeiros ou sucessores do devedor. 3. Cessão da dívida. 4. Fiador constante do título executivo. 5. Responsável, titular do bem vinculado por garantia real, ao pagamento do débito. 6. Responsável tributário. 1. Legitimidade passiva na execução. Regra: devedor no título executivo. O presente dispositivo dispõe sobre a legitimidade passiva na execução. O inc. I traz a hipótese mais comum, qual seja, o sujeito passivo na execução é o devedor reconhecido como tal no título executivo. É o típico caso de legitimidade passiva, ordinária e primária. O executado é o devedor da obrigação no plano material e figura no título como tal desde a sua constituição. 1.1 Tal como ocorre na legitimação ativa, pode ocorrer a legitimidade superveniente também no polo passivo. Para tanto, exige-se que após a criação do título ocorra fatos supervenientes que confiram ao executado, legitimidade passiva. 2. Espólio, herdeiros ou sucessores do devedor. O inc. II tarifa uma hipótese de legitimidade passiva ordinária superveniente. Sobrevindo morte depois da formação do título e antes do ajuizamento da execução, deverá ser proposta a demanda executiva contra o espólio ou os herdeiros, até a partilha. Depois da partilha, necessariamente a demanda será dirigida aos herdeiros e sucessores. 3. Cessão da dívida. O inc. III traz a hipótese de cessão da dívida por ato inter vivos. Aquele que assumiu a obrigação com o consentimento do credor (condição para eficácia da cessão), é legitimado passivo para a execução. 4. Fiador constante do título executivo. O inc. IV reconhece a legitimidade extraordinária do fiador constante em título extrajudicial. A redação é mais ampla que aquela constante do CPC/73 que se referia tão somente ao fiador judicial, que é aquele que presta garantia, nos autos do processo, em favor de uma das partes ou algum interveniente, obrigando-se pelo pagamento da obrigação caso haja inadimplemento pelo devedor principal. O NCPC ampliou a possibilidade, reconhecendo legitimidade passiva de outros fiadores (convencionais, legais ou judiciais) desde que reconhecido como tal no título executivo. 5. Responsável, titular do bem vinculado por garantia real, ao pagamento do débito. O inc. V traz uma novidade: reconhece a legitimidade passiva do “responsável, titular do bem vinculado por garantia real, ao pagamento do débito”. 5.1 Nesse contexto, merece registro a diferenciação entre dívida e responsabilidade (Schuld e Haftung, no direito alemão). Com efeito, dívida é noção do direito material, decorrente do vínculo jurídico entre dois sujeitos (credor e devedor); a responsabilidade, no sentido de vinculação do patrimônio à execução, é conceito de direito processual, que independe da existência de dívida. Como se vê, a hipótese trazida pelo inc.V, reconhece a legitimidade passiva do responsável, titular do bem que serviu de garantia real à execução.8 6. Responsável tributário. Por fim, o inc. VI identifica como legitimado passivo para a execução o responsável tributário, isto é, quem, posto não figure como contribuinte, é tido como responsável nos termos da lei (CTN, arts. 128 e ss.). Há disposição idêntica na lei de execução fiscal (Lei 6.830/80), no seu art. 4.º, V, que também prevê a legitimidade passiva do responsável tributário. Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. * Correspondência legislativa: art. 573 do CPC/73. Outras ref. normativas: V. art. 327, NCPC; Súmula 27, STJ. Sumário: 1. Cumulação de execuções. 2. Requisitos para cumulação. 1. Cumulação de execuções. A presente norma prevê a possibilidade de cumulação de execuções. Assim, pode o exequente instruir o processo de execução contra o devedor, com pluralidade de títulos executivos, desde que relativos a dívidas diversas. Por outro lado, como adverte Fabiano Carvalho, com base na jurisprudência do STJ, não é possível a execução de uma mesma dívida com base em títulos diversos, v.g., um contrato com assinatura de duas testemunhas e © desta edição [2016] uma Nota Promissória.9 2. Requisitos para cumulação. Para viabilizar a cumulação, exige o dispositivo legal os seguintes requisitos: (i) identidade de partes; (ii) competência do mesmo juízo; (iii) identidade procedimental. 2.1 A cumulação de demandas é medida de economia processual, objetivando a prática concentrada de atos executivos. A propósito do tema vale a menção da Súmula 27 do STJ: “Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio.” 2.2 Os requisitos são justificáveis, porquanto há necessidade de que as execuções cumuladas sejam voltadas contra o mesmo devedor e os atos executivos sejam idênticos, de forma a possibilitar que o processo atinja o propósito de economia e celeridade pretendidos pela cumulação. Dessa forma, não faz sentido a cumulação de uma execução de obrigação de fazer com uma de pagar, dada a disparidade de atos executivos previstos para uma e outra. FOOTNOTESFOOTNOTES 6. STJ, REsp 1.091.443/SP, Corte Especial, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 02.05.2012, DJe 29.05.2012). 7. Sobre a legitimidade ativa na execução, consulte-se: Araken de Assis. Manual da execução. cit. p. 467 a 474, e Cândido Rangel Dinamarco. Execução civil. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, n. 280 e ss, p. 440 e ss. 8. Sobre a distinção entre dívida e responsabilidade, cf., Rogerio Licastro Torres de Mello. Responsabilidade executiva secundária – a execução em face do sócio, do cônjuge do fiador e afins. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 71 e ss. No mesmo sentido: Rui Stoco. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência, tomo I. 9. ed. São Paulo: Ed. RT, 2013, n. 1.04, p. 159, e Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Novo curso de direito civil, volume 3: responsabilidade civil. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, n. 2, p. 2. 9. Breves Comentários, op. cit., p. 1788.
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