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Responsabilidade Civil

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RESPONSABILIDADE CIVIL – 2017.1
PROF.: ERVIDIO DE SOUZA COELHO JUNIOR
ALUNA: ISABELLE NOÉ LIMA DAMASCENO MARINS
AULA 01 - A RESPONSABILIDADE CIVIL E SEUS ELEMENTOS
Conceito de responsabilidade
A palavra responsabilidade é de origem latina e proveniente da raiz do verbo: respondere = responder. Etimologicamente, significa: indicar alguém como garantidor de alguma coisa.
Na visão de Maria Helena Diniz, a responsabilidade civil, nos dias atuais, tem dupla função: 1. Servir como sanção civil, de natureza compensatória e, 2. garantir o direito do lesado à segurança.
Dever Jurídico originário e sucessivo
Para atingir o objetivo de uma conduta social reta, proba, o direito estabelece regras que podem ser positivas (dar e fazer) e negativas (não fazer), consubstanciando-se, assim, em um dever jurídico.
Sendo assim, dever jurídico é uma conduta externa de uma pessoa imposta pelo direito positivo (lei) por exigência da convivência social. Divide-se o dever jurídico em:
Originário: o de não lesar ninguém.
Sucessivo: caso haja a lesão cria-se a partir deste a obrigação de repará-lo.
Previsões normativas
Temos, in casu, as seguintes previsões normativas pertinentes à responsabilidade civil:
Constituição Federal de 1988 – art. 5, V e X e outros;
Lei 10.406 de 2002 – artigos 927 ao 954 e outros.
Elementos da responsabilidade civil
Considerando o estudado, iremos pormenorizar os elementos da responsabilidade civil:
Ato ilícito
É a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade.
Sua expressa previsão está nos artigos 186 e 187 da Lei 10.406 de 2002:
Título III - Dos Atos Ilícitos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Nexo Causal
Temos no nexo causal um dos pontos mais importantes da responsabilidade civil. Pois é justamente o ponto que irá convergir o ato ilícito e o dano. Sem os quais inexistirá a responsabilidade civil.
Sua previsão legal é o da Lei 13.105 de 2015, principalmente, mas não exclusivamente em seus artigos 319, 320 e 373:
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Dano
É a consequência do ato ilícito.
Configurado deforma típica dano pode ser, por exemplo moral material, imagem etc. Ou de forma atípica, dano pela perda de uma chance, dano reflexo etc.
Sua principal fundamentação é o art. 944 da Lei 10.406 de 2002:
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Questão 1
Devido à indicação de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parou seu veículo pouco antes da faixa de pedestres. Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando razoável distância entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo. Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta.
Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causados deve ser repartida entre todos os envolvidos.
Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de Sandro, e este deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Ricardo.
Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e Ricardo.
Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida de sua culpa.
Não há responsabilidade civil por parte de Tatiana.
Questão 2
João dirigia seu veículo respeitando todas as normas de trânsito, com velocidade inferior à permitida para o local, quando um bêbado atravessou a rua, sem observar as condições de tráfego. João não teve condições de frear o veículo ou desviar‐se dele, atingindo‐o e causando‐lhe graves ferimentos. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
Houve responsabilidade civil, devendo João ser considerado culpado por sua conduta.
Faltou um dos elementos da responsabilidade civil, qual seja, a conduta humana, não ficando configurada a responsabilidade civil.
Houve rompimento do nexo de causalidade, em razão da conduta da vítima, não restando configurada a responsabilidade civil.
Inexistiu um dos requisitos essenciais para caracterizar a responsabilidade civil: o dano indenizável e, por isso, não deve ser responsabilizado.
Não há responsabilidade civil.
Questão 3
São pressupostos necessários para aplicação do princípio geral de direito que impõe, a quem causa dano a outrem, o dever de o reparar:
Ação ou omissão do agente; relação obrigatoriamente contratual e relação de causalidade.
Dano experimentado pela vítima; culpa do agente; relação de causalidade e ação ou omissão do agente.
Dano experimentado pela vítima; dolo do agente causador; inexistência de vínculo contratual.
Concorrência de culpas, existência de nexo de causalidade; dano da vítima.
Nexo de causalidade e ato ilícito.
AULA 02 - O ATO ILÍCITO
Conceito de ato ilícito
Ato ilícito é a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade.
Previsões normativas
Considerando o tema, temos nos artigos 186, 187 e 188 da Lei 10.406 de 2002, a previsão legal pertinente ao tema.
TÍTULO III - DOS ATOS ILÍCITOS
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Tipos de atos ilícitos
Diante da ideia que está presente nos termos do art. 927 da mesma lei, verbis:
Título IX - Da Responsabilidade Civil
Capítulo I - Da Obrigação de Indenizar
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Para o tema, necessitamos da conjugação de tais fundamentações para termos, ainda que de forma estrita, um sentido mais ajustado do ato ilícito.
Primeiro, como alguém indenizará outrem através da responsabilidade pelo fato do ato ser considerado como ilícito? Segundo, qual o conceito do ato ilícito?
Tais questões serão resolvidas com o entendimento do Título III da Lei 10.406 de 2002 (Código Civil). Pois a responsabilidade civil depende, entre outros (nexo causal e dano), saber justamente o que vem a ser o ato ilícito e seus desdobramentos.
Ato ilícito gênero (ou puro)
Prevê o art. 186 da Lei 10.406 de 2002:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, aindaque exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comitiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou dano à outrem.
Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa jurídica). Ocorre que a pessoa jurídica é uma ficção que resulta da volição humana.
De fato, a situação concreta de reparação civil, tem como ponto comum o cenário criado com o preenchimento de sua tipificação.
Vamos fazer uma digressão nesta importante fundamentação:
Ato ilícito espécie (ou equiparado)
Diferentemente do ato ilícito gênero (ou puro), em que a conduta por si é qualificada como ilícita, no ato ilícito espécie (ou equiparado) o agente que causa o dano é parte legítima para o exercício do direito. Que poderia ser exercido sem nenhum tipo de impedimento. Entretanto, ao exercê-lo, ultrapassa os limites tácitos impostos pela lei, no que tange ao seu exercício.
Vamos à leitura de sua fundamentação o art. 187 da Lei 10.406 de 2002:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Um exemplo simples, e capaz de ilustrar a situação narrada, é o caso do desrespeito ao direito de vizinhança.
O sujeito que está ouvindo músicas em sua residência não comete nenhuma ilicitude, aliás, está ele legitimado à exercer tal ato, posto que não há qualquer previsão legal que o impeça de realizar esta atividade.
Temos portanto, um ato plenamente lícito.
Porém, se este mesmo sujeito pretenda ouvir suas músicas em volume exageradamente alto, em horário impróprio, ele deixou de exercer um ato lícito, pois o modo o qual está executando o ato o torna inadequado.
Assim, a situação mencionada não se amolda como um ato ilícito puro, preconizado no artigo 186, CC, mas sim no ato ilícito equiparado, pois, o agente, praticou seu direito de maneira manifestamente abusiva, capaz de ser considerada intolerável à vizinhança no que se diz respeito à boa-fé, à moralidade, à harmonia nas relações humanas, etc.
Tal qual como no ato ilícito gênero, passemos a sua análise:
	
	Também comete ato ilícito (...):
	
	
	
	É equiparado ao ato ilícito do art. 186.
	
	(...) o titular de um direito (...):
	
	
	
	Legitimidade ativa para o pleno exercício de algo que lhe seja garantido pelo direito.
	
	(...) que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social (...):
	
	
	
	Ultrapassa os limites da razoabilidade econômica (cobrança vexatória) ou social (uso desmesurado do conhecimento técnico sobre algo).
	
	(...) pela boa-fé (...):
	
	
	
	Confiança na realização contratual Ausência de desconfiança na relação extracontratual
	
	(...) pelos bons costumes (...):
	
	
	
	Aquilo que a sociedade entende como moralmente correto. Aplicável ao tempo, lugar e pessoa.
	
Atividade
1) Em relação ao abuso do direito é correto afirmar:
Só se configura nos casos em que os direitos são exercidos com a intenção de prejudicar.
Será abusivo o exercício do direito que exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
O Código Civil não consagrou, nem mesmo indiretamente, a teoria do abuso de direito.
A culpa e o dolo integram necessariamente a noção de ato abusivo.
O titular de um direito pode exigi-lo de forma ilimitada.
A imperícia no cenário do ato ilícito
Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da expressão imperícia como tipificador do ato ilícito no art. 186 da Lei 10.406.
A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito?
Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do Direito não pode criar texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não significa que a imperícia não gere responsabilidade civil.
A imperícia no cenário do ato ilícito
Tanto que no art. 951 da Lei 10.406 de 2002 temos:
Lei 10.406 de 2002:
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado.
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado.
Excludentes de ilicitude
A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa suprimir a tipificação do primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma justificativa que permite, justamente, a sua exclusão.
Neste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil, atentemos ao caput do art. 188, verbis:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se pretende enquadrar a responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes apontadas em seus incisos, vamos apresentá-las:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Após a sua apresentação, vamos estudá-las de forma pormenorizada.
Estado de necessidade
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui o sacrifício de um bem jurídico protegido, visando salvar de perigo atual e inevitável direito próprio do agente ou de terceiro - desde que no momento da ação não seja exigido do agente uma conduta menos lesiva.
A conduta deve ser proporcional ao evento, de maneira que não se ultrapasse um limite considerado razoável. O bem tutelado que é deteriorado, destruído ou removido deve ser inferior em relação ao que é salvo.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Estrito cumprimento do dever legal
O agente que tem o dever proveniente da lei como obrigação de agir, não responderá pelos atos praticados, ainda que constituam um ilícito. Pois o estrito cumprimento de dever legal constitui outra espécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante.
Para tal tipificação é necessário que o agente atue dentro da sua esfera de atribuição. E que também não atue de forma abusiva. Pois a incompetência judicial e a abusividade do dever de agir não gerarão tal excludente.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
Legítima defesa
O conceito de legítima defesa está baseado no fato de que os agentes que têm o dever legal de atuar não podem estar presentes em todos os lugares protegendo os direitos dos indivíduos.
Nesse tipo, o agente pode, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro. Nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação.
Logo, tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que está em perigo se utiliza de todos os meios necessáriopara salvaguardá-lo.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
VOCÊ SABIA?
A legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico (no caso acima, a vida), a pessoa faz algo que, em outras circunstâncias, seria considerado um delito. Por exemplo, a legítima defesa ocorre quando alguém, para se proteger, atira no criminoso que o ameaçava com uma arma. Se você atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), mas se você atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não há o crime, pois você estava protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava no mesmo (ou maior) nível do que o bem jurídico ofendido (a vida do outro).
Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você não pode alegar legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio durante um furto. Neste caso, o bem jurídico protegido (seu patrimônio) é menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do criminoso). Neste exemplo, se o bandido nao colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa pois há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a vida de alguém) e o que você pretende proteger (seu patrimônio).
Atividade
2) O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que não acarretam no dever de indenizar. São elas:
Legítima defesa, erro substancial e estado de necessidade.
Legítima defesa, estado de necessidade e dolo bilateral.
Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e dolo bilateral.
Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e erro substancial.
Legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de necessidade.
3) Assinale alternativa correta de acordo com o Código Civil Brasileiro.
O ato ilícito é por natureza doloso.
O dano moral puro é considerado ato ilícito.
Apenas a legítima defesa é considerada causa excludente da prática do ato ilícito.
Todo ato lesivo que violar direito e causar dano a outrem é considerado ato ilícito.
O exercício de um direito com excesso manifesto aos limites impostos pela boa-fé não caracteriza o ato ilícito.
Agora, de acordo com os conhecimentos adquiridos na aula, responda, leia o caso a seguir e responda:
Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e muito escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, responda sobre a opção que apresenta a situação jurídica de Carlos.
GABARITO: Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro. Perfeita situação de exclusão da ilicitude do crime por força do estado de necessidade.
AULA 03 - O NEXO CAUSAL
Conceito de nexo causal
O nexo causal é, também, nominado de nexo de causalidade, nexo etiológico ou relação de causalidade das leis naturais.
Devemos raciocinar que o nexo causal é o liame que une a conduta do agente ao dano.
É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano. Trata-se de um elemento indispensável.
Destacamos que a responsabilidade dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal.
Se a vítima do dano não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há com ser indenizada.
Sendo assim, para que ocorra obrigação de indenizar, é preciso que se demonstre a relação entre a ação (ou omissão) do agente e o dano.
Sem que se estabeleça esse vínculo de causa e efeito, o Estado Juiz não pode julgar um pedido procedente em sede de uma ação de responsabilidade civil.
Para tanto, ainda que inexista de maneira típica, em sede de responsabilidade civil, uma expressa previsão legal, vemos nos termos do art. 13 do CP uma fundamentação por analogia, como se lê:Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – CP:
TÍTULO II - Do Crime
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
O art. 403 do CC, na seara civil, capitulada não em sede de responsabilidade civil, mas em sede de perdas e danos (Capítulo III), temos a tipificação para o estabelecimento do nexo causal, in verbis: Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Ainda que não reflita diretamente como fundamentação, temos no art. 373 do CPC a lógica necessária ao seu entendimento, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Podemos concluir que a prova é o centro que une o fato ao dano. Caso não ocorra a sua demonstração, inexiste relação de causalidade e, por consequência, obrigação de indenizar. Como consequência, em havendo o estabelecimento do nexo causal, passamos a observar a extensão do dano.
Teorias
A seguir, apresentaremos duas teorias que justificam o estabelecimento do nexo causal. A maioria doutrinária entende como principal a chamada “teoria da causa adequada”. Mas não podemos deixar de apresentar a teoria da equivalência da causa. Minimamente para estabelecer um entendimento, como se lê.
Teoria da equivalência da causa - conditio sine qua non - Direito Penal
Como o próprio nome diz, essa teoria não faz distinção entre: causa – aquilo de que uma coisa depende quanto à existência – e; condição – o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos.
Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo valor, a mesma relevância, todas se equivalem.
VOCÊ SABIA? Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa condição, por meio de um processo hipotético. Se o resultado desaparecer, a condição é causa, mas se persistir, não o será. Destarte, condição é todo antecedente que não pode ser eliminado mentalmente sem que venha ausentar-se o efeito.
Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a um exagero da causalidade e a uma regressão infinita do nexo causal. Por ela, teria que se indenizar a vítima de atropelamento, não apenas quem dirigia o veículo, mas, também, a concessionária que vendeu o bem, a montadora que produziu o mesmo e, assim, sucessivamente.
Por esta teoria equivalem-se as causas, estabelecendo que todas as circunstâncias que concorreram para o dano se equivalem das causas que efetivamente produziram efeitos capazes de gerar o evento. Pouco importando se há uma condição preexistente, concomitante ou superveniente.
Teoria da causalidade adequada - Direito Civil
	Por esta teoria, a causa é não apenas o antecedente necessário à causação do evento, mas, também, adequado à produção do resultado. Nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for a mais apropriada a produzir o evento. Aquela que colaborou de forma preponderante e mais apropriada para o evento.
	
	A situação tem como revés em saber, exatamente, quem, entre as várias condições ser a mais adequada. Tem-se por praxe considerar, como já descrito, aquela que, de acordo com a experiência comum, for a mais idônea para gerar o evento. Não se limita que a causa seja condição preponderante para o prejuízo, é preciso, ainda que o fato constitua,no caso concreto, uma causa adequada e eficiente para a causação do dano.
	
	Assim, por exemplo, se um agente de viagens retém, de forma desnecessária e ilícita, um passageiro, impedindo-o de embarcar em um determinado navio e, por consequência, embarca-o em um segundo, que vem a afundar, esta retenção, por mais que seja ilícita, não é a causa para o desastre. Por mais que o primeiro barco tenha chegado incólume ao seu destino (diferente do segundo).
	
	
	
	
	
Causalidade na omissão
A relevância do instituto encontra sua justificativa, conforme Cavalieri Filho (fl. 63) que: “...embora a omissão não dê causa a nenhum resultado, não desencadeie qualquer nexo causal, pode ser causa para não impedir o resultado.”
A omissão não gera o dano propriamente dito. Mas, é relevante se considerarmos a conduta do agente causador no que tange o seu comportamento. Pois, a omissão somente será relevante quando o agente tiver o dever legal de agir e assim mesmo não o fizer. Fora isso, se não há o já citado dever legal não haverá implicância no nexo de causalidade.
Concausas
É uma outra causa que, aliando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia nem interrompe o processo causal, apenas o reforça.
Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento danoso, que é a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no veículo de um terceiro. Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a responsabilidade deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a causou.
Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a responsabilidade deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a causou.
Causa preexistente
É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento danoso.
É própria do evento, sendo pura consequência da inobservância de um dever de cuidar de seu agente. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, causa simultânea, e uma concorrência causal.
Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo de uma arma de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a legítima causa do evento morte da vítima.
Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou e desencadeou o evento e, por consequência, o dano.
Causa superveniente
É semelhante à preexistente. Ocorre após o seu desencadeamento, e apesar de concorrer para o agravamento do dano, em nada favorece o seu causador, muito menos o desfecho do evento.
Exemplo: a demora no atendimento de uma vítima de atropelamento que teve como causa a hemorragia oriunda deste mesmo evento. 
A sua relevância só fará diferencial se por si só for capaz de mudar o nexo causal existente, sendo, por consequência o efetivo causador do evento, desse modo, um novo nexo de causalidade. 
Causa concomitante
Esta concausa por si só é capaz de acarretar o resultado, como por exemplo: em um parto, a mãe vem a sofrer um aneurisma cerebral que em nada tem com o evento parto. 
Ajuizada, a ação competente foi reformada por não ter nexo de causalidade com o evento parto, não obstante ter sido concomitante com o mesmo.
Causas de exclusão de nexo de causalidade são as impossibilidades supervenientes do cumprimento da obrigação que não pode ser imputável ao devedor ou ao agente. 
Sendo assim, alguém não pode responder por um resultado a que não tenha dado causa. Logo, ausente como causa de exclusão da causalidade não há que se falar em responsabilidade.
Fato exclusivo da vítima
Para a isenção de responsabilidade do pretenso autor, basta que a vítima tenha colaborado de forma decisiva para o evento danoso. Logo, o comportamento da vítima é que determina a exclusão da responsabilidade.
Exemplo
Uma pessoa que atravessa uma avenida pela pista, ao invés de utilizar a passagem de pedestres (passarela).
Nesse exemplo, pode-se observar que fica eliminado a causalidade em relação ao terceiro interveniente no evento (aquele a quem se imputaria responsabilidade).
Fato de terceiro
O terceiro é, segundo definição de Aguiar Dias, qualquer pessoa além da vítima e do responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o lesado. Pois, não raro acontece que o ato de terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando qualquer relação de causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima. É o endereçamento errado da ação. A atribuição no polo passivo de forma errônea.
Caso fortuito e força maior
Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua diferença. Entretanto, o ponto central é que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa. Fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador.
Caso fortuito e força maior
Tradicionalmente causo fortuito são cláusulas de exoneração devidas a atos humanos (revolução, guerras, greve). Enquanto a força maior decorreria de fatos da natureza (inundação, tufão, temporal).
Para uma melhor definição, explicitaremos o caso fortuito e a força maior.
O CC/2002, como se vê no parágrafo único do art. 393, praticamente os considera sinônimos, na medida em que se caracteriza o caso fortuito ou a força maior como sendo o fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
Entendemos, todavia, que há uma diferença, é a seguinte:
Força maior
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza: as tempestades, enchentes etc.
Os ingleses o denominam de act of god. A inevitabilidade, por sua vez, deve ser considerada dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como inevitável em função do que seria razoável exigir-se.
Caso fortuito
Evento imprevisível. Entende-se a imprevisibilidade específica, relativa a um fato concreto, e não a genérica ou abstrata de que poderão ocorrer assaltos, acidentes, atropelamentos etc., porque se assim não for tudo passará a ser previsível. O caso fortuito se subdivide em fortuito interno e externo.
Fortuito interno e fortuito externo
Fortuito interno
O fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. 
Exemplo: o estouro de um pneu de um ônibus, incêndio de um veículo e outros
Fortuito externo
É, também fato imprevisível e inevitável. Todavia, em nada tem correlação com a atividade da empresa.
Exemplo: roubo a carro forte, em que se procura tomar todas as precauções possíveis.
O que realmente interessa é que ambos excluem o nexo causal por constituírem, também, causa estranha à conduta do aparente agente, ensejadora direta do evento. Eis a razão pela qual a jurisprudência tem entendido que o defeito mecânico em veículo, salvo caso excepcional de total imprevisibilidade, não caracteriza o caso fortuito, por ser possível evitá-lo através de periódica e adequada manutenção.
No contrato de transporte, v.g., a obrigação principal do transportador, emergente de contrato, é levar o passageiro incólume ao seu destino. Se, no curso da viagem, ocorre um acidente e o passageiro sofre algum dano, fica caracterizado o inadimplemento, o ilícito contratual, em razão do qual terá o transportador que indenizar.
A lição de Aguiar Dias a este respeito é irreprochável :
“Se o contrato é uma fonte de obrigações, a sua inexecução também o é. Quando ocorre a inexecução, não é a obrigação contratual que movimenta o mundo da responsabilidade. O que se estabelece é uma obrigação nova, que se substitui à obrigação preexistente no todo ou em parte: a obrigação de reparar o prejuízo consequente à inexecução da obrigação assumida.
Essa verdade se afirmará com mais vigor se observamos que primeira obrigação (contratual) tem origem na vontade comum das partes, ao passo que a obrigação que a substitui por efeito da inexecução, isto é, a obrigação de reparar o prejuízo, advém, muito ao contrário,contra a vontade do devedor: este não quis a obrigação nova, estabelecida com a inexecução da obrigação que contratualmente consentira. Em suma: a obrigação nascida do contrato é diferente da que nasce de sua inexecução”.
Estudo de caso
Maria se submeteu à operação plástica para embelezamento. Cirurgia que serviria para a retirada de sinal que deu origem a uma cicatriz maior do que o do próprio sinal. Laudo pericial atesta que o tempo de repouso determinado pelo médico, bem como a prescrição de medicamento eram insuficientes para a adequada recuperação da paciente. Considerando provados os fatos descritos, como advogado (a) de Maria responda quais seriam seus argumentos em ação de responsabilidade civil, especialmente no tocante ao nexo de causalidade.
GABARITO
A conduta de Maria foi capaz de causar o “auto-dano”. Pois ao não acatar a prescrição médica contribuiu, ainda que culposamente, pela ocorrência do próprio dano. Ademais, tal conduta foi demonstrada através de prova pericial. Fato este que tipificou a excludente de responsabilidade culpa exclusiva da vítima. Nos termos o art. 945 da Lei 10.406 de 2002, verbis: Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Atividades
Assinale a afirmativa que não é excludente do nexo causal.
A culpa exclusiva da vítima
A menoridade do autor do dano
A culpa de terceiro
Por caso fortuito
Por força maior
Raul, dirigindo em alta velocidade, abalroou o veículo de Daniel, que ajuizou ação de indenização. A responsabilização de Raul se dará mediante comprovação de:
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade subjetiva.
Dano e nexo de causalidade, na modalidade objetiva.
Dano e nexo de causalidade, na modalidade subjetiva.
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade objetiva.
Dano apenas, na modalidade objetiva.
“A imputação de responsabilidade civil, portanto, supõe a presença de dois elementos de fato, que são a conduta do agente e o resultado danoso; e de um elemento lógico- normativo, o nexo causal”. Ministro Carlos Fernando Mathias
Considerando o contexto acima, o caráter lógico-normativo do nexo causal se vincula:
Ao elo referencial que conecta conduta e dano.
Aos efeitos indiretos relacionados à conduta danosa.
Ao grau de culpa do agente do dano.
À reprovabilidade da conduta danosa.
A qualquer condição com potencial para produzir o dano.
AULA 04 - O DANO
Conceito de dano
O dano é a consequência da falta ao dever jurídico originário de não causar lesão ao patrimônio material e/ou imaterial do lesado.
Temos sua principal fundamentação no CC, art. 944:
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Mas, não basta o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito e o dano com fins de configuração da responsabilidade civil. O dano deve causar uma lesão ao patrimônio material ou imaterial da pessoa. Como se lê no art. 186 da Lei 10.406 de 2002:
Título III - Dos atos ilícitos
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Danos em espécies
Vamos, agora, estudar os danos. Optamos por particioná-los em dois grandes grupos. O dano típico, que está expressamente positivado em institutos normativos. E o dano atípico, como consequência das demais fontes do Direito. Especialmente a doutrina e a jurisprudência.
Danos típicos
Como já dito, estão previstos em lei. São eles:
Do dano material ou patrimonial (dano emergente, lucro cessante)
É a lesão ao patrimônio material da pessoa. Facilmente configurável através do dano à “coisa”. Modifica a qualidade e a realidade e, por consectário, a valoração do patrimônio material e extramaterial da pessoa.
O “bem”, segundo a Lei 10.406 de 2002, pode ser apresentado da seguinte forma, adotando a tipificação à partir do artigo 79 e seguintes, verbis: 
Livro II - Dos bens
Título Único - Das Diferentes Classes de Bens
Seção I - Dos Bens Imóveis – arts. 79 a 81
Seção II - Dos Bens Móveis – arts. 82 ao 84
Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis – arts. 85 ao 86
Seção IV - Dos Bens Divisíveis - arts. 87 ao 88
Seção V - Dos Bens Singulares e Coletivos – arts. 89 ao 91
No que que diz respeito diretamente ao nosso tema, suas previsões legais estão na Lei 10.406/2002- Art. 402 e 403, a seguir apresentados.
Dano emergente (ou dano eventual)
Perda e/ou lucro daquilo que deixou de receber. Gerando uma despatrimonialização. Seja pela perda do ativo, seja pelo aumento do passivo.
Incluirá, também, tudo aquilo que a vítima despendeu com vistas a evitar a lesão ou o seu agravamento, bem como outras eventuais despesas relacionadas ao dano sofrido.
Temos no art. 402 do CC sua positivação:
Capítulo III - Das Perdas e DanosArt. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Estamos em um campo que não comporta flexibilização na valoração do patrimônio ofendido, pois o patrimônio é mensurável. Existe certeza absoluta. Facilmente avaliável considerando as características do caso concreto.
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado . Houve uma diminuição direta em seu patrimônio
Lucro Cessante
Perda do lucro daquilo que sabia que receberia, que era esperável.
Temos no art. 403 do CC sua positivação:
Capítulo III - Das Perdas e Danos
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
De forma diversa do dano emergente, temos que avaliar o bem com fins de atingirmos a valoração na totalidade do patrimônio lesionado. 
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado. Por conta dos dias em que ficará inativo para o exercício de sua atividade profissional, deverá ser indenizado. Contabilizável adotando o critério de, por exemplo, diária ou contrato com empresa etc.
Do dano moral (ou imaterial ou extrapatrimonial)
Consiste na lesão ao bem jurídico da pessoa em detrimento (por singela amostragem), em detrimento da liberdade, honra, família, profissão, sociedade, tristeza, abalo psicológico etc.
Segundo Maria Helena Diniz:
“c.3.1 Definição:
O dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica (CC, art. 52; Súmula 227 do STJ), provocada pelo fato lesivo”.
Apresentamos algumas previsões legais:CRFB/88 - Art. 5, V e X;
Lei 8.078/1990 – Art. 6, VI e VII;
Lei 10.406/2002- Art. 12 ao 21, 52, 186;
Exemplo: Inserção indevida de pessoa jurídica em cadastros de restrição de crédito.
Dano Moral a Pessoa Jurídica
A pessoa jurídica é uma criação de ordem legal, não tem capacidade de sentir emoção e dor. Entretanto, ao sofrer uma perturbação de sua imagem perante a sociedade, é legítima sua pretensão em buscar a compensação por danos morais. Especialmente o seu bom nome.
Embora despida de certos direitos que são próprios da personalidade humana – integralidade física, psíquica e da saúde, esta é titular de alguns direitos especiais da personalidade – v.g. o bom nome, a imagem, a reputação, sigilo de correspondência.
Honra Objetiva
Externa ao sujeito. É a visão que a sociedade faz da pessoa que sofreu o dano.
Honra Subjetiva
Inerente à pessoa natural. É a ofensa ao psiquismo que atinja a sua dignidade, respeito próprio, autoestima etc. É a visão interna que o ser humano faz de sí próprio. Temos nas seguintes previsões legais as fundamentações que justificam o dano moral à pessoa jurídica:CRFB/1988:X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagemdas pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Lei 10.406 de 2002 (CC):
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Convergindo no entendimento súmula do STJ materializado da seguinte forma:
Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Legitimação para pleitear o dano moral
Em detrimento da sua enorme carga de subjetividade, temos na legitimação de seu pleito algo que ultrapassa a pessoalidade. Possibilitando, também, a terceiros que não seja o próprio sofredor do dano, a legitimidade ativa para a sua propositura.
Podemos indagar:
A quem é devida tal compensação? 
Quem pode pleiteá-la, além da própria vítima? 
Dizem as seguintes previsões legais inscritas na Lei 10.406 de 2002:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (homicídio).
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Arbitramento da verba indenizatória
Desde a sua existência legal, os magistrados de todo o país somam, dividem e multiplicam para chegar a um padrão no arbitramento das indenizações. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem a palavra final para esses casos e, ainda que não haja uniformidade entre os órgãos julgadores, está em busca de parâmetros para readequar as indenizações.
O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ sob a ótica de atender uma dupla função: “reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor para que não reincida.”
Como é vedado ao Tribunal reapreciar fatos e provas e interpretar cláusulas contratuais, o STJ apenas altera os valores de indenizações fixados nas instâncias locais quando se trata de quantia irrisória ou exagerada. 
A dificuldade em estabelecer com exatidão a equivalência entre o dano e o ressarcimento se reflete na quantidade de processos que chegam ao STJ para debater o tema.
Com relação à subjetividade, o juiz tem liberdade para apreciar, valorar e arbitrar a indenização dentro dos parâmetros pretendidos pelas partes. 
De acordo com o ministro Salomão, não há um critério legal, objetivo e tarifado para a fixação do dano moral. 
“Depende muito do caso concreto e da sensibilidade do julgador”, explica. 
“A indenização não pode ser ínfima, de modo a servir de humilhação a vítima, nem exorbitante, para não representar enriquecimento sem causa”, completa. 
Tantos fatores para análise resultam em disparidades entre os tribunais na fixação do dano moral. É o que se chama de “jurisprudência lotérica”. 
 O ministro Salomão explica: para um mesmo fato que afeta inúmeras vítimas, uma Câmara do Tribunal fixa um determinado valor de indenização e outra Turma julgadora arbitra, em situação envolvendo partes com situações bem assemelhadas, valor diferente. 
“Esse é um fator muito ruim para a credibilidade da Justiça, conspirando para a insegurança jurídica”.
“A indenização não representa um bilhete premiado”
Dano a Imagem
A imagem é o conjunto de traços e caracteres de uma pessoa que a individualiza no meio social – logomarca, rosto, olhos, cabelos, perfil etc. É um bem personalíssimo, emanação de uma pessoa, através da qual projeta-se, identifica-se e individualiza-se no meio social.
Facilmente confundível com o dano estético ou morfológico, mas são completamente diversos. Neste dano, as consequências são amputações, marcas, cicatrizes ou correlacionados. No dano à imagem, a pessoa é constrangida pelo ato ilícito da exposição danosa de cunho vexatório. 
Exemplo: Uso de imagem de pessoa natural em programa populista sem autorização e de forma vexatória.
Danos Atípicos
1. Dano pela perda de uma chance
Neste passo, a doutrina francesa que, costumeiramente vem sendo aplicada em nossos Tribunais (perte d’une chance), se dá nos casos em que o ato ilícito praticado pelo agente retira do lesado a real possibilidade do mesmo de obter uma situação futura melhor, isto é, uma possibilidade, uma chance de obter alguma vantagem ou ainda a chance de evitar algum prejuízo.
Exemplo: Pessoa natural em questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela televisão. Há uma questão sem viabilidade de resposta lógica. Isto impõe o dever de ressarcir o participante pela perda da oportunidade.
2. Dano estético (ou morfológico)
Construção jurisprudencial. Decorre de restrições nas relações sociais. São as deformidades que provocam repulsa de ordem externa (perante a sociedade) e interna (perante a sí). Podendo acarretar redução em sua capacidade laborativa (amputações e restrições).
As lesões perpetradas à vítima em função do ato ilícito evidenciam inquestionáveis dores e sofrimentos que afetam sua esfera jurídica interna, caracterizando-se como causa dos danos morais. 
Por outro lado, o que sofre paraplegia perpetrada ao corpo físico da vítima implica a dependência permanente de pessoas, para atender as suas necessidades básicas, limitando sobremaneira sua vida de relação e o gozo dos prazeres da vida. 
Essa situação caracteriza o dano estético, na medida em que proporciona reflexos negativos evidentes na sua relação social, passível de arbitramento em separado, como assinala a norma do art. 949 da Lei 10.406 de 2002:
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Atenção! Súmula 387 do STJ - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
Súmula 96 do TJRJ - “As verbas relativas às indenizações por dano moral e dano estético são acumuláveis”.
Exemplo: Amputação equivocada de membro inferior (lado direito), por consequência de diabetes. Enquanto que a perna correta seria a esquerda.
Dano reflexo ou em ricochete
Criação doutrinária. Surge com o dano imposto à pessoa do lesado direto de tamanha gravidade que reflete nas pessoas de seu íntimo convívio sócio familiar/relacional.
Exemplo: Ofensa dirigida a um morto, que apesar de não ser ofendido em sua personalidade, pois os direitos da personalidade surgem com a concepção e se extinguem com a morte, portanto, não são transmitidos aos herdeiros, que só poderão entrar com açãode indenização em razão de sofrerem o dano reflexo da ofensa.
Dano existencial
Criação doutrinária. Lesão à impossibilidade de viver o vínculo afetivo com a existência de pessoa natural. Acidente provocado que gera a morte de filhos. Causando aos seus familiares a impossibilidade de viver a sua existência.
Exemplo: Diante da morte de filho, seus pais perderam eventos existenciais normais para a sua realidade sócio normal, como aniversários, crescimento, formatura, casamento, netos etc
Atividade proposta - Leia o texto e responda:
Cuida-se de ação de indenização proposta por ANA LÚCIA SERBETO DE FREITAS MATOS, perante a 1ª Vara Especializada de Defesa do Consumidor de Salvador - Bahia - contra BF UTILIDADES DOMÉSTICAS LTDA, empresa do grupo econômico "Sílvio Santos", pleiteando o ressarcimento por danos materiais e morais, em decorrência de incidente havido quando de sua participação no programa "Show do Milhão", consistente em concurso de perguntas e respostas, cujo prêmio máximo de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais) em barras de ouro, é oferecido àquele participante que responder corretamente a uma série de questões versando conhecimentos gerais. Destacando que a pergunta tem quatro alternativas de respostas. A autora participou de edição daquele programa, na data de 15 de junho de 2000, logrando êxito nas respostas às questões formuladas, salvo quanto à última indagação, conhecida como "pergunta do milhão", não respondida por preferir salvaguardar a premiação já acumulada de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), posto que, caso apontado item diverso daquele reputado como correto, perderia o valor em referência. No entanto, pondera haver a empresa BF Utilidades Domésticas Ltda, em procedimento de má-fé, elaborado pergunta deliberadamente sem resposta, razão do pleito de pagamento, por danos materiais, do quantitativo equivalente ao valor correspondente ao prêmio máximo, não recebido, e danos morais pela frustração de sonho acalentado por longo tempo. O pedido foi acolhido quanto ao dano material, sob o fundamento de que a pergunta nos termos em que formulada não tem resposta. Foi, então, condenada a empresa ré ao pagamento do valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) com acréscimo de juros legais, contados do ato lesivo e verba de patrocínio de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. Acórdão que reforma a decisão Colegiada reduzido o valor da indenização para R$ 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais). Indaga-se, qual seria o dano apresentado ao tema. Disserte sobre o mesmo e justifique a diminuição da condenação de R$ 500.000,00 para R$ 125.000,00.
GABARITO : Recurso Especial nº 788.459 - BA (2005/0172410-9)
Questão 1
Nos termos do Código Civil, no que tange à responsabilidade civil, a indenização mede-se segundo a:
Natureza do dano.
Extensão do dano.
Nocividade do dano.
Agressão injustificada.
Intensidade do dolo ou culpa.
Questão 2
No que se refere ao dano moral, assinale a opção correta.
O inadimplemento contratual está fora do âmbito da indenização por danos morais.
A gravidade do dano deve ser medida por padrão objetivo e em função da tutela do direito.
De acordo com o STJ, o dano estético insere-se na categoria de dano moral e não é passível de indenização em separado.
A capacidade econômica da vítima não pode ser utilizada como parâmetro para arbitramento do dano moral.
De acordo com o STJ, a absolvição criminal por insuficiência de prova enseja indenização por danos morais.
Questão 3
Segundo a legislação civil vigente:
A proteção dos direitos da personalidade é de aplicação irrestrita para as pessoas jurídicas.
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Apenas quanto à utilização do nome é que se aplica às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade.
Para caracterização de dano moral à pessoa jurídica é imprescindível que também ocorra dano patrimonial.
Às pessoas jurídicas não se concede indenização por dano moral.
AULA 05 - A RESPONSABILIDADE CIVIL E SUAS RAMIFICAÇÕES
Responsabilidades Penal e Civil
De início há um divisor de águas entre a responsabilidade civil e a penal. A ilicitude pode ser civil ou penal.
Responsabilidade Penal
A responsabilidade será penal quando as normas jurídicas protetivas dos interesses sociais objetivarem o resguardo da integridade de bens de valores elevados e indisponíveis, entre os quais, os direitos da personalidade do homem: a vida, a liberdade, a honra, a saúde física e mental.
A sanção à violação das regras de conduta de não lesar a integridade física e a propriedade de outrem são “pesadas”, justamente por serem infrações consideradas pela sociedade como de maior potencial ofensivo, como, por exemplo, no crime de homicídio do art. 121 do CP – Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Como a descrição da conduta penal é sempre uma tipificação restrita, em princípio, a responsabilidade penal ocasiona o dever de indenizar.
Por esta razão, a sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível quanto ao dever de indenizar o dano decorrente da conduta criminal, na forma dos artigos: 91, I do Código Penal; 63 do CPP e 515, VI do NCPC.
Sendo assim, as jurisdições penal e civil em nosso país são independentes, mas há reflexos no juízo cível, não só sob o mencionado aspecto da sentença penal condenatória como também porque não podemos discutir no cível a existência do fato e da autoria do ato ilícito, se essas questões foram decididas no juízo criminal e encontrarem-se sob o manto da coisa julgada, art. 64 do CPP e 935 do CC.
Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil é uma conduta ilícita de repercussão menos gravosa. Sendo certo que nem toda conduta gera um ilícito civil é punível, descrita pela lei penal, já a recíproca é verdadeira, embora em ambas haja a responsabilidade. A responsabilidade civil é assim considerada de menor gravidade e o interesse de reparação é privado, embora com interesse social, não afetando, a princípio, a segurança pública.
Para o ilícito civil, embora se possam equacionar modalidades de reparação em espécie, o denominador comum será sempre, ao final, a reparação em dinheiro como o lenitivo mais aproximado que existe no Direito para reparar ou minorar um mal causado, seja ele de índole patrimonial ou exclusivamente moral, como atualmente permite expressamente a Constituição.
A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o dano, o prejuízo, o desequilíbrio patrimonial, embora em sede de dano exclusivamente moral, o que se tem em mira é a dor psíquica ou o desconforto comportamental da vítima. No entanto, é básico que, se não houver dano ou prejuízo a ser ressarcido, não temos por que falar em responsabilidade civil: simplesmente não há por que responder.
Responsabilidades Contratual e Extracontratual
Existe uma distinção tradicional entre a responsabilidade contratual, que decorre do inadimplemento de obrigação assumida no contrato, e a responsabilidade extracontratual (delitual ou aquiliana) que deflui da violação de obrigação emanada da lei.
Na realidade, os fundamentos são os mesmos em ambas as hipóteses, como abaixo veremos.
Responsabilidade Contratual
Esta responsabilidade tem desempenhado importante papel para facilitar a prova da culpa do inadimplente.
Entende a doutrina e a jurisprudência que, no caso da obrigação de resultado, assumida por uma das partes, o simples fato de ter ocorrido o inadimplemento importa em presunção de culpa, cabendo ao devedor que não cumpriu a sua obrigação fazer a prova da ocorrência de força maior, caso fortuito, culpa do outro contratante ou outro fato que possa excluir a responsabilidade.
Para tanto, vejamos o arts. 389 e 390 da Lei 10.406 de 2002:
Título IV - Do Inadimplemento das Obrigações
Capítulo I - Disposições Gerais
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art.390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Responsabilidade Extracontratual
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery identificam as seguintes cláusulas gerais na responsabilidade extracontratual:
“Pode-se dizer que há algumas cláusulas gerais extraídas do sistema jurídico civil para a responsabilidade extracontratual”.
	Há o direito de o prejudicado ser indenizado e o dever de o ofensor indenizar quando:
	a) a ofensa se der a qualquer direito (patrimonial, material ou imaterial- como o moral, à imagem, da personalidade etc); b) a ofensa ocorrer em desrespeito a norma de ordem pública imperativa (v.g. abuso de direito – CC, 187); direito protegido por norma imperativa constitucional (penal, administrativa etc); c) o dano causado for apenas moral; d) por expressa especificação legal, ou quando a atividade normalmente desenvolvidas pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva – CC, 927 parágrafo único); e) a ofensa se der por desatendimento não especificados da boa-fé e dos bons costumes”.
Responsabilidades Subjetiva e Objetiva
Examinando-se a atuação do causador do dano, a responsabilidade pode ser subjetiva ou objetiva.
Abordaremos os pormenores dessas classificações abaixo!
Responsabilidade Subjetiva
Baseada na culpa em sentido lato, culpa ou dolo.
É a análise integral do art. 186 da Lei 10.406 de 2002 que define o ato ilícito:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Destacamos que, nesta modalidade, temos a explícita utilização, para fins da apuração da responsabilidade, do art. 373 do NCPC, vejamos:
Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
A análise deve ser sob a ótica de que o ônus da prova incumbe em que polo da ação se encontra. Há o dever, sempre, de provar (estabelecendo o nexo de causalidade).
Logo, por fim, na responsabilidade subjetiva o ônus da prova é, para a constituição do direito da parte Autora.
Responsabilidade Objetiva
Independe de qualquer falha humana (culpa) ou desejo de causar dano (dolo) e decorre de uma simples relação de causalidade (nexo causal).
Tal modalidade desnecessita da prova efetiva para a constituição dos direitos do autor. Flexibilizando assim o descrito no artigo 373 do NCPC acima descrito.
• Entretanto, tal modalidade de apuração não desonera de forma absoluta o dever do autor de constituir a prova, minimamente, do alegado. Conforme o art. 319, VI do NCPC:
Lei 13.105 de 2015 – NCPC. Art. 319. A petição inicial indicará: (...)
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
(...) Observação: Provas – Indicação, relevância, qualificação, eventual produção.
Exemplo: pericia
• Sedimenta o tema, por amostragem, o seguinte enunciado de súmula do TJRJ:
Enunciado nº. 330 - "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em juízo, notadamente o da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor do ônus de fazer, a seu encargo, prova mínima do fato constitutivo do alegado direito:
No tocante à responsabilidade civil objetiva no CC, temos como principal expoente o art. 927, parágrafo único do CC. Pois tal dispositivo é uma cláusula geral, ou seja, a responsabilidade civil será objetiva por determinação legal ou quando a atividade normalmente desenvolvida implicar em risco. Desta resultando as demais previsões legais.
Art. 927: Aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
• Agora vamos ler o parágrafo único do artigo 927 CC:
Art. 927 Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa, nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar por sua natureza risco para os direitos de outrem.
Então, há casos em que a responsabilidade civil será objetiva porque a natureza da atividade envolve risco. A lei não diz que a responsabilidade civil é objetiva, mas ela permite que o juiz, examinando o caso concreto, conclua que determinada natureza da atividade é de risco e passe a responsabilidade civil a ser objetiva.
Sendo assim, há responsabilidade civil objetiva quando a lei disser e quando, no caso concreto, você concluir que a natureza da atividade desenvolvida envolve risco. Como, por exemplo, quando quem causa o dano o exerce em atividade profissional.
Atividades
1. Suprime-se o seguinte elemento, em casos de responsabilidade civil objetiva:
Ação ou omissão voluntária
Nexo de causalidade
Dano
Culpa
Ato ilícito
2. São elementos essenciais para configuração da responsabilidade civil subjetiva, apenas:
O ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade.
O fato jurídico, a culpa, o dano e o nexo de causalidade.
O abuso de direito, a culpa e o dano.
O ato ilícito, a culpa, o dano e o nexo de causalidade.
A ação humana e o dano.
3. André, motorista profissional, colidiu seu veículo com o de Isaac, que o acionou judicialmente. A responsabilidade de André é:
Subjetiva, dependendo da comprovação de culpa, além de nexo de causalidade e dano.
Subjetiva, dependendo apenas da comprovação de nexo de causalidade e dano.
Objetiva, dependendo da comprovação de culpa, além de nexo de causalidade e dano.
Objetiva, dependendo apenas da comprovação de nexo de causalidade e dano.
Objetiva, dependendo apenas da comprovação do dano.
AULA 06 - A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM E PELO FATO DA COISA
Responsabilidade civil pelo fato de outrem
Como regra atribuível da responsabilidade civil temos a forma direta. Nesta, a própria pessoa que causou um ato ilícito, responde pelo mesmo.
Entretanto, na responsabilidade civil pelo fato de outrem alguém, que não o causador direto do dano, irá responder pelo ato ilícito. Essa responsabilidade decorre de uma relação existente entre o causador e o responsabilizável por força de lei.
Tudo perfeitamente previsto nos termos art. 932 c/c 933, ambos do CC e outras previsões a serem estudadas.
São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato de outrem:
Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade;
Responsabilidade dos tutores e curadores;
Responsabilidade do incapaz;
Responsabilidade do empregador ou comitente ;
Vamos analisá-los individualmente.
Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade
Temos seu início com a leitura do art. 932 caput e seu inciso I, verbis:
Lei 10.406 de 2002:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade  e em sua companhia ;
É uma questão do exercício do poder de família, os pais (assim considerados de sexos diferentes ou não ou, ainda sob união estável ou similar, biológicos ou não) responderão objetivamente pelos danos causados pelos filhos menores de idade. Isso porque aos pais incumbe o dever de direcionar a conduta dos seus filhos menores de idade e, consequentemente, responder por seus atos.
Para tanto, temos a seguinte base legal, verbis:
CRFB/88 - Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
Lei 10.406 de 2002: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: (...) IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
Enunciados da Jornada de Direito Civil do STJ: Enunciado CJF nº 450 - Art. 932, I: Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvadoo direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores.
Enunciado CJF nº 451 – Arts. 932 e 933: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
Enunciado CJF nº 590 – A responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos menores, prevista no art. 932, inc. I, do Código Civil, não obstante objetiva, pressupõe a demonstração de que a conduta imputada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria hábil para a sua responsabilização.
Responsabilidade dos tutores e curadores
Essa responsabilidade decorre por determinação legal que legitima tais institutos e sua base legal é a seguinte:
Lei 10.406 de 2002:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...) II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
TUTELA
CURATELA
A alteração do regime de responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores foi uma das inovações do Código Civil de 2002, passando-se da culpa presumida para a imputação objetiva. Por isso, ao lado de outras situações relacionadas à responsabilidade por ato de terceiro, seu fundamento não mais reside na inobservância de um dever de vigilância, mas na necessidade “de se garantir ressarcimento à vítima”.
Responsabilidade do incapaz
O incapaz (os incisos I e II do art. 932) poderá responder subsidiariamente com o patrimônio próprio, caso aquele que deveria ter o dever de fazê-lo não o puder, desde que não comprometa sua vida socioeconômica normal.
Lei 10.406 de 2002: Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Enunciados CJF :
Enunciado CJF nº 39 – Art. 928: A impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana. Como consequência, também os pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessário à manutenção de sua dignidade.
Enunciado CJF nº 40 – Art. 928: O incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas socioeducativas ali previstas.
Enunciado CJF nº 41 – Art. 928: A única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil.
Responsabilidade do empregador ou comitente
Essa responsabilidade decorre da força de relação jurídica trabalhista, em que o empregador responde, objetivamente, pela conduta do seu empregado, desde que o ato ilícito cometido seja no pleno exercício de atividade do trabalho. Sua previsão legal é a seguinte:
Lei 10.406 de 2002:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;	O art. 34 da lei 8.078 de 1990 prevê instituto análogo, senão vejamos:
Lei 8.078 de 1990:
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Tema que é interpretado com a responsabilidade civil dos médicos, quando integrantes de corpo clínico.
Enunciados CJF: Enunciado CJF nº 191 Art. 932: A instituição hospitalar privada responde, na forma do art. 932, III, do Código Civil, pelos atos culposos praticados por médicos integrantes de seu corpo clínico.
Responsabilidade civil por hospedagem
Há responsabilidade pela hospedagem, interpretada aqui de forma genérica. Pois a segurança de suas instalações a este compete. Mesmo que de forma transitória (hotéis e correlacionados) ou com fins educacionais (colégios, escolas, creches).
Tudo de acordo com o art. 932, IV do CC:
Lei 10.406 de 2002: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
Responsabilidade objetiva
Convém atentar que as modalidades de reponsabilidade descritas têm a sua apuração na modalidade objetiva. Logo, elas são julgadas sem a necessidade de comprovação de culpa. Tudo por força do art. 933 do CC, in verbis:
Lei 10.406 de 2002: Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Ratificamos esta previsão positivada através do entendimento do seguinte enunciado:
Enunciados CJF: Enunciado CJF nº 451 Arts. 932 e 933: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
Fato da coisa
Teoria da guarda:
Ao tema adota-se a teoria da guarda intelectual, ou seja, "guarda é aquele que tem a direção intelectual da coisa, que se define como poder de dar ordens, poder de comando, esteja ou não em contato material com ela" - Caio Mário da Silva Pereira.
São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato da coisa:
Responsabilidade civil por fato de animais;
Responsabilidade civil por ruína de edifício;
Responsabilidade civil por coisas lançadas ou caídas de prédio;
Responsabilidade civil pelo contrato de depósito – estacionamentos.
Vamos analisá-los individualmente.
Responsabilidade civil por fato de animais
Lei 10.406 de 2002:
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Pela redação do art. 936, existe responsabilidade pelo animal, independentemente de ser proprietário, dono ou detentor. Existindo correlação entre a conduta do animal e o dano, haverá responsabilidade objetiva. Sendo elidida, apenas no caso fortuito ou de força maior. Incluem-se o profissional que deveria cuidar do animal (lojas especializadas, passeador de cães etc).
Enunciados CJF: Enunciado CJF nº 452 Art. 936: A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admitindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.
Responsabilidade civil por ruína de edifício
Lei 10.406 de 2002:
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
A responsabilidade pela guarda e consequente manutenção precária é do proprietário/dono da edificação, pois do seu comportamento ilícito o evento dano ocorreu. Como a responsabilidade é objetiva, basta apresentar o liame existente entre esses pressupostos (ato ilícito e dano) através do nexo de causalidade.
Sendo tal responsabilidade apurada na forma objetiva:
Enunciados CJF: Enunciado CJF nº 556 - Art. 937: A responsabilidade civil do dono do prédio ou construção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva. Artigo: 937 do Código Civil.
Responsabilidade civil por coisas lançadas ou caídas de prédio 
Lei 10.406 de 2002: Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Haverá responsabilidade pelas coisas caídas ou lançadas em lugar indevido, que cause dano. Diverso do tema anterior, o habitante (por exemplo, locador) responderá por este ilícito. Caso em que a legitimidade passiva nãonecessariamente é do proprietário, por não ser o habitante. Como nos demais temas a responsabilidade é objetiva.
Conforme o enunciado a seguir: Enunciados CJF: Enunciado CJF nº 557 – Art. 938: Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso. Artigo: 938 do Código Civil.
Responsabilidade civil pelo contrato de depósito – estacionamentos
A guarda de veículo em estacionamento envolve a tipicidade do contrato de depósito. Pelo qual tem o dever de guardar e restituí-la nas mesmas condições da entrega.
Lei 10.406 de 2002: Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame.
Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante.
O STJ pacificou o tema, desde 04/04/1995 quando da publicação da súmula 130: Enunciados CJF: Enunciado de súmula do STJ nº 130 - A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veiculo ocorridos em seu estacionamento.
Destacamos a exposição de motivos que levou este Tribunal a este entendimento: 
"A empresa que permite aos seus empregados utilizarem-se do seu parqueamento, aparentemente seguro e dotado de vigilância, assume dever de guarda, tornando-se civilmente responsável por furtos de veículos a eles pertencentes ali ocorridos".
"Conclusão que se impõe diante da evidência de que a empresa, ao assim proceder, aufere, como contrapartida ao comodismo e segurança proporcionados, maior e melhor produtividade dos funcionários, notadamente por lhes retirar, na hora do trabalho, qualquer preocupação quanto à incolumidade de seus veículos"
Logo, remunerado ou não, haverá responsabilidade por tais danos. Subentendendo que a “gratuidade” nada mais é do que um facilitador, um chamariz, um atrativo para uma visita às instalações daquele que disponibiliza tal serviço.
Atividades
O menor Jandrey (17 anos) vivia com o seu pai Adilson Alécio Pilger, estando sob sua companhia autoridade. O menor saiu com o veículo Monza S/L, aparentemente sem autorização do pai, que não estava em casa. Em um determinado ponto da rua em que trafegava, colocou o carro em ponto morto, o que levou ao desligamento do motor e, com isso, a perda de controle do veículo, o que resultou no atropelamento de duas menores, sendo uma delas Juliana, que veio a falecer em decorrência do acidente. A mãe de Jandrey estava separada do pai do menor e residia em outra cidade desde muito antes do evento. Considerando os fatos como verdadeiros, aborde o tema sob a ótica da responsabilidade civil.
GABARITO: O pai é o responsável, pois se enquadra perfeitamente nos termos do art. 932, I e outros. Já a mãe não é responsável pelo filho para os fins do inciso I do art. 932 do Código Civil, que exige a efetiva autoridade sobre o filho, o que ela não tinha. No mais, foi apurado que o menor foi o responsável único pelo acidente, já que dirigiu o carro sem autorização do pai. Na condução do veículo, ao descer a rua em que ocorreu o acidente, colocou o carro em “ponto morto”, fato que levou ao desligamento do motor e travamento da direção, daí não ter conseguido desviar-se das meninas. Ademais, apurou-se que elas andavam bem próximas à lateral da rua, que não tinha calçamento, ou seja, estavam no limite da rua com a vegetação paralela, de forma que não concorreram com culpa para o acidente. Vide Recurso especial nº 1.232.011 - SC (2011/0008175-0)
Questão 1
Daniel, morador do Condomínio Raio de Luz, após consultar a convenção do condomínio e constatar a permissão de animais de estimação, realizou um sonho antigo e adquiriu um cachorro da raça Beagle. Ocorre que o animal, muito travesso, precisou dos serviços de um adestrador, pois estava destruindo móveis e sapatos do dono. Assim, Daniel contratou Cleber, adestrador renomado, para um pacote de seis meses de sessões. Findo o período do treinamento, Daniel, satisfeito com o resultado, resolveu levar o cachorro para se exercitar na área de lazer do condomínio e, encontrando–a vazia, soltou a coleira e a guia para que o Beagle pudesse correr livremente. Minutos depois, a moradora Diana, com 80 (oitenta) anos de idade, chegou à área de lazer com seu neto Theo. Ao perceber a presença da octogenária, o cachorro pulou em suas pernas, Diana perdeu o equilíbrio, caiu e fraturou o fêmur. Diana pretende ser indenizada pelos danos materiais e compensada pelos danos estéticos.
Com base no caso narrado, assinale a opção correta.
Há responsabilidade civil valorada pelo critério subjetivo e solidária de Daniel e Cleber, aquele por culpa na vigilância do animal e este por imperícia no adestramento do Beagle pelo fato de não evitarem que o cachorro avançasse em terceiros.
Há responsabilidade civil valorada pelo critério objetivo e extracontratual de Daniel, havendo obrigação de indenizar e compensar os danos causados, haja vista a ausência de prova de alguma das causas legais excludentes do nexo causal, quais sejam, força maior ou culpa exclusiva da vítima.
Não há responsabilidade civil de Daniel valorada pelo critério subjetivo, em razão da ocorrência de força maior, isto é, da chegada inesperada da moradora Diana, caracterizando a inevitabilidade do ocorrido, com rompimento do nexo de causalidade.
Há responsabilidade valorada pelo critério subjetivo e contratual apenas de Daniel em relação aos danos sofridos por Diana; subjetiva, em razão da evidente culpa na custódia do animal; e contratual, por serem ambos moradores do Condomínio Raio de Luz.
Não há responsabilidade voltada pelo critério objetivo, em que apenas Daniel, em relação aos danos sofridos por Diana; objetiva, em detrimento da suposta culpa na propriedade do animal; e extracontratual, por serem ambos moradores do Condomínio Raio de Luz.
Questão 2
Acerca da responsabilidade por fato de outrem, assinale a opção correta.
De acordo com o STJ, se ocorrer dano pessoal por mal serviço prestado pelo hotel contratado para a hospedagem de cliente que tenha adquirido pacote turístico, a agência de viagens comercializadora do pacote não poderá ser responsabilizada.
Locadora de veículos tem responsabilidade subsidiária pelos danos causados a terceiro pelo locatário no decorrer da utilização do carro locado.
Se, ao conduzir veículo de propriedade dos pais, o filho menor, culposamente, causar dano a terceiro, a vítima, para obter reparação civil, terá de demonstrar que o dano foi causado pelo menor, por culpa in vigilando dos pais.
Estará afastada a responsabilidade dos pais pela reparação de danos a terceiro causados por filho menor emancipado por outorga, dada a perda do poder de direção dos atos do filho.
Em regra, o patrão é responsável pela reparação de dano decorrente de ato praticado por seu preposto, ainda que com desvio de suas atribuições.
Questão 3
No caso de responsabilidade pelo fato da coisa, o responsável será:
Seu coproprietário;
Seu usuário;
Seu dono;
Seu locatário;
Seu locador.
AULA 07 - CONTRATOS DE PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS
Lei 9.656/98 – definições legais
A lei 9.656 de 1998 dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, que é a consequência do mandamus autorizativo constitucional dos artigos 196, 197 e 199, verbis:
Constituição Federal
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física

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