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Perspectiva Constitucional do Direito Privado (em especial direito civil).• Nessa visão, há o reconhecimento de que o Direito Privado deve servir de instrumento para a realização e conciliação dos direitos fundamentais. Sendo assim, é por meio das consolidações comuns e legislação infraconstitucional (por ex o Código Civil de 2002) que se atingirá a garantia ao cumprimento dos Direitos Fundamentais. Toda Interpretação do Direito Privado deve ser realizada à luz dos Direitos Fundamentais. Em caráter de exceção, os Direitos Fundamentais poderão ser invocados diretamente pelos particulares nas relações privadas, quando houver falha ou omissão do legislador infraconstitucional. Consiste, basicamente, no afastamento de normas infraconstitucionais específicas para que deem lugar à aplicação dos direitos fundamentais, em casos específicos. A aplicação da Perspectiva Constitucional do direito civil só poderá ser feita quando a aplicação da norma infraconstitucional gere um desequilíbrio ou desproporção na garantia dos direitos fundamentais, evitando restrições de direitos fundamentais. Teoria Geral dos Contratos quinta-feira, 4 de agosto de 2011 09:48 Página 1 de Civil III A função social dos contratos gera 2 efeitos: Efeitos Obrigacionais Externos• São efeitos sentidos pelas pessoas externas dos contratos, pessoas diferentes dos contratantes. É a obrigação dos terceiros de respeitarem o contrato alheio. Efeitos Obrigacionais Internos• Os efeitos são sentidos pelas partes contratuais e a contratação não poderá violar desproporcionalmente direitos fundamentais das partes ou de terceiros. A função social dos contratos também servirão de fundamento pra institutos contratuais: A função social dos contratos trabalha sobre o princípio de que: "Na medida do possível, os contratos deverão ser mantidos." Instituto da confirmação ou ratificação (Art. 172)- Os contratos anuláveis poderão ser ratificados desde que respeitados direitos de terceiros. (exemplo do relativamente incapaz que celebra contrato, que poderá ser confirmado pelo representante) Instituto da conversão (Art. 170)- Os negócios jurídicos nulos não são passíveis de confirmação, por isso deverá ser realizado novo contrato. Se o contrato nulo não atingir os requisitos legais formais daquele contrato, mas se contiver os requisitos de outro contrato poderá ser feita a conversão para outro tipo de contrato, válido formalmente. Ex: Contrato de compra e venda celebrado por instrumento particular (nulo por vício de forma) que será convertido em contrato de promessa de compra e venda (válido), respeitando-se a vontade das partes original do primeiro contrato. Instituto da redução (Art. 184)- Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. Basicamente, o instituto da redução estabelece que se houver cláusulas ou partes nulas em um contrato essencialmente válido, estas deverão ser retiradas sem prejuízo do disposto válido do contrato. Ex: cláusula de fiança nula não anulará o contrato de locação. Função Social dos Contratos quinta-feira, 11 de agosto de 2011 09:48 Página 2 de Civil III Teoria Contratual Clássica Foco na manifestação de vontade.• (Vícios no consentimento) Abordagem Estática • (contrato interpretado como um ato) Apenas importa o que foi acordado no documento. Atomismo• (contrato é de interesse apenas das partes.) Teoria Contratual Contemporânea Foco no conteúdo do contrato (+ vícios do consentimento)• Preocupação com o equilíbrio contratual Abordagem Dinâmica (contrato interpretado com processo)• Importância da circunstância contratual, mesmo o que ocorra anteriormente ou posteriormente ao contrato. Coletivismo• (contrato cria situação jurídica de interesse da coletividade.) Características do Direito Contratual Clássico e Contemporâneo quinta-feira, 11 de agosto de 2011 10:17 Página 3 de Civil III Não existe hierarquia entre princípios. Os princípios não são revogáveis, apesar de poderem entrar em desuso por incompatibilidade com a estrutura constitucional, nem sempre estão escritos em texto legal. (ex: obrigatoriedade contratual) Princípios Clássicos Princípio da Autonomia da Vontade (autonomia privada)1- Os particulares têm liberdade para contratar quando quiserem, como quiserem, com quem quiserem e da forma que quiserem. A autonomia privada é o direito de tutela de seus próprios direitos pelo particular. Liberdade de contratar - liberdade de escolha entre contratar ou não e quanto à pessoa.- Liberdade contratual - liberdade de escolha do que será contratado. (possibilidade de negociação das cláusulas contratuais) - Princípio da Obrigatoriedade dos contratos ("pacta sunt servanda") 2- As partes não são obrigadas a contratar, porém o que já foi contratado deverá ser cumprido. Ganha relevo maior nas relações empresariais, já que o direito empresarial está atrelado à previsibilidade. Diferentemente das relações pessoais e civis, já que nestas deve-se adotar uma maior proteção ao equilíbrio contratual. A ideia de o contrato como lei entre as partes está atrelada à previsibilidade . Na teoria clássica, bastava apenas a inexistência de vícios de vontade para a validade do contrato, porém a teoria contemporânea requer ainda que o contrato seja justo e equilibrado. Princípio da intangibilidade contratual3- O contrato é intangível no sentido de ser imodificável, só podendo ser alterados por vontade das partes. Como regra geral, os contratos não podem ser modificados unilateralmente. O princípio da intangibilidade contratual se aplica a contratos bilaterais e unilaterais, não sendo aplicados a contratos plurilaterais (como de sociedades). A revisão contratual pela via judicial é exceção ao princípio, já que o judiciário se encarregará de rever o contrato a vias de equilibrá-lo. Princípio do Consensualismo4- Para haver um contrato, basta haver consenso. (note que isso não significa que os contratos requerem o consenso) Este princípio quer significar a liberdade formal dos contratos. Se as partes consentirem, o contrato é válido de qualquer forma. O contrato verbal tem, portanto, a mesma validade do contrato escrito. Princípio da relatividade ("res inter alios acta")5- Principiologia Contratual quinta-feira, 11 de agosto de 2011 10:38 Página 4 de Civil III O contrato gera efeitos entre os contratantes (exigibilidade de cumprimento). O contrato, em relação aos não contratantes, é coisa alheia, estranha. Há uma flexibilização deste princípio com a aplicação do Art. 18, já que estabelece que quem contribuiu para a existência do produto ou serviço responderá solidariamente pelos vícios deste. Em resumo, se o problema ocorrido for causado por essencialmente 1 parte, aplica-se o princípio da relatividade, onde o contrato só é exigível da parte causadora do problema. Princípios Contemporâneos Princípio da Dignidade da Pessoa Humana1- O contrato não pode atentar desproporcionalmente contra a dignidade dos contratantes ou de terceiros. Princípio da Boa Fé Objetiva2- Princípio que impõe aos contratantes, durante todas as fases da relação contratual, os deveres de lealdade, probidade e diligência. Assunto tratado também em:Regras gerais do pagamento Função Integrativa (Art. 422)• Deveres anexos e que não estão expressamente previstos contratualmente. Fase pré contratual- Informação - dever de informar (intensidade variável caso a caso) e dever de se informar (postura ativa de diligência) Fase contratual- Cooperação - na fase de cumprimento do contrato as partes deverão se enxergarcomo parceiros. Fase pós contratual- Assistência - os contratantes não podem deixar um ao outro abandonados à própria sorte. Função Interpretativa (Art. 187)• A boa-fé deve servir de parâmetro de interpretação dos negócios jurídicos. O juiz, ao interpretar um contrato, deverá não se limitar ao texto contratual, mas dar observância aos fatos e ao cumprimento dos deveres da função integrativa da boa-fé objetiva, bem como a função delimitativa. Função Delimitativa (Art. 113)• Quem excede os limites impostos pela boa-fé, pratica ato ilícito. (abuso de direito) Exemplo: a exposição ao ridículo do devedor em mora é ilícito, pois é abuso do direito de cobrança, devendo o agente indenizar a vítima do abuso. Subprincípios da regra de boa-fé Página 5 de Civil III "Venire contra factum proprium"a) Impõe a proibição do comportamento contraditório; O comportamento das partes poderá vinculá-las se gerar legítima expectativa na outra parte. Os contratos podem ter seu sentido alterado se o comportamento das partes demonstrar a vontade diversa da prescrita no contrato. O comportamento reiterado de uma parte vincula uma expectativa e pode atribuir inclusive um direito a outra parte. É importante notar que nem sempre o subprincípio prevalecerá sobre outro argumentos. O contrato poderá conter uma cláusula que exige que as alterações sejam feitas por escrito e que os atos de tolerância não gerarão ou atribuirão novos direitos. Tu Quoqueb) Impõe a proibição da utilização de dois pesos e duas medidas. As partes em posições de equivalência podem ter suas condutas vinculadas. Quando uma parte, em posição de devedor, pede a flexibilização do contrato em algum ponto, deverá ter a consciência de que em situação equivalente a outra parte poderá exigir a flexibilização semelhante. Princípio do equilíbrio econômico dos contratos3- Este princípio estabelece que as prestações contratuais devem ser economicamente proporcionais. O princípio não deseja atingir um contrato com prestações equivalentes, idênticas; busca apenas não permitir excessos ou abusos, gerando um desequilíbrio excessivo. Muitas vezes, o equilíbrio virá na forma da adequação da prestação ao padrão de mercado. O instituto da lesão (Art. 157) é norteado por esse princípio, porém por ser norma é de mais restritiva aplicação, exigindo o cumprimento de requisitos para sua verificação. Para provar que um contrato é lesivo, além do desequilíbrio econômico, é necessário provar que a contratação se deu em estado de necessidade ou inexperiência. Princípio da Função Social dos Contratos4- Efeitos obrigacionais externos - A situação jurídica criada pelo contrato deverá ser respeitada por terceiros. Efeitos obrigacionais Internos - Os contratos não podem violar desproporcionalmente os direitos fundamentais de titularidade das partes ou de terceiros (inclusive coletiva). Princípio da preservação dos contratos5- Este princípio estabelece que na medida do possível os contratos deverão ser preservados. Se existe irregularidade no contrato que pode ser sanada, é melhor fazê-lo do que extinguir o contrato. Página 6 de Civil III É uma teoria que reúne fundamentos para a revisão ou extinção de contratos que tenham se tornado excessivamente onerosos a uma das partes em virtude de acontecimentos extraordinários. (alheios à vontade das partes) Norteia a interpretação dos Artigos: Art. 6º, inciso V - Código de Defesa do Consumidor Arts. 317 e 478 - Código Civil de 2002. "Pacta sunt servanda" + "rebus sic stantibus" = Os contratos devem ser cumpridos desde que as circunstâncias em que foram celebrados permaneçam inalteradas. (Só se aplica a contratos de execução futura; duradouros) A teoria da imprevisão é a sistematização da aplicação da cláusula "rebus sic stantibus". Ela adequa a incidência do princípio da obrigatoriedade dos contratos aos princípios que asseguram o equilíbrio contratual. Pressupostos de Aplicação da Teoria da Imprevisão O contrato deve ser de execução futura. (não se aplicará a contratos de execução imediata, como compra e venda à vista, etc) • Contrato de execução continuada - São os contratos cujo cumprimento se inicia com a celebração e se prolonga no tempo (locação por exemplo) - Contrato de execução diferida - São os contratos cuja execução ocorre em momento posterior ao de sua celebração. (exemplo: compra e venda a prazo) - O contrato deve ter sido afetado pela ocorrência de evento extraordinário (imprevisível, alheio à vontade das partes e com efeitos que atinjam a coletividade, extrapolando o curso normal dos acontecimentos.) • Excessiva onerosidade superveniente para uma das partes (relação direta de causa e efeito com a ocorrência do evento extraordinário) • Há correntes de doutrinadores que avaliam a possibilidade de a onerosidade para uma das partes seja atrelada a uma extrema vantagem para outra, mas não existe unanimidade nesse pensamento. - Contratos Comutativos• São aqueles em que as prestações das partes são certas no momento da conclusão (celebração) do contrato Esta teoria, portanto, não se aplica a contratos aleatórios, onde pelo menos uma das prestações é incerta. Um exemplo de contrato aleatório é o contrato de seguro, onde uma das partes assume uma prestação como risco, atrelado à incidência de um fato determinado. Código Civil de 2002 vs Código de Defesa do Consumidor CDC - ordem pública e interesse social. Há a possibilidade de aplicação "ex oficio" das normas sem a provocação da parte. Código Civil de 2002 - Parte deverá provocar o judiciário para revisão do contrato. Presentes os requisitos e a solicitação da parte o juiz deverá rever o contrato. Ex: Art. 317 (fundamentado pela teoria da imprevisão) Revisão e extinção do contrato: Teoria da Imprevisão sexta-feira, 19 de agosto de 2011 08:00 Página 7 de Civil III O Art. 317 trata dos requisitos para revisão do contrato e estabelece que o juiz deverá, se provocado e cumpridos os requisitos legais, rever o contrato oneroso. O Art. 478 estabelece os requisitos para a extinção (resolução - volta ao estado quoante 'status quo' ) do contrato, sendo basicamente a extrema vantagem da outra parte e a Execução Futura do contrato (que é implícito no 317), além dos outros requisitos do Art. 317. O Art. 478 só pode ser aplicado por iniciativa da parte interessada. E a decisão retroagirá à data da citação (ação ajuizada para extinção contratual). O devedor deverá ajuizar ação de resolução e pedir liminarmente a suspensão de exigibilidade das parcelas vincendas, para evitar a cobrança durante o decurso do processo. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. O 479 trata da conversão da ação de resolução em ação de revisão a pedido do réu. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. O Art. 480 prevê a revisão de contratos unilaterais, onde apenas uma parte possui obrigações (não há contraprestação) Página 8 de Civil III O contrato de adesão não é modalidade contratual (como compra e venda, locação). Consiste em uma técnica contratual que pode ser utilizada para várias modalidades contratuais. A natureza jurídica do contrato estabelecido entre as partes não é alterada se for utilizada a técnica de "contrato de adesão". Nota-se também que a forma dos contratos, mesmo que de adesão, continuam a ser livres. Existem contratos de adesão realizados por forma não escrita (Ex: contratos de utilização de transporte público via verbal). O surgimento dos contratos de adesão se dá, principalmente, como consequência da massificação das relações contratuais.Com esse grande volume de contratos estabelecidos em curtos espaços de tempo, é necessário uma maior celeridade para que sejam realizados. Por meio dessa técnica, se democratizaram vários bens de consumo, como a telefonia. É errado afirmar que todo contrato de adesão é injusto e não cumpre função social pois não existe negociação, já que mesmo contratos que não são de adesão podem não ter negociação. Todos os contratos de adesão contam com as seguintes características: Predisposição das cláusulas contratuais por uma das partes que se encontra em posição econômica que lhe permita impor as condições do contrato. (seja essa posição decorrente de poderio econômico ou exclusividade de serviços.) - Não há liberdade contratual. (não há negociação da matéria do contrato)- Uniformidade das cláusulas contratuais. (forma padrão dos contratos destinada a número indeterminado de pessoas.) - Celeridade (velocidade na contratação)- Abstração das cláusulas contratuais (cláusulas redigidas de forma abstrata para qualquer pessoa que deseje aderir, feitas sem observância ao perfil do comprador em especial) - A possibilidade de alteração substancial do conteúdo do contrato descaracterizará o contrato de adesão no caso concreto (pode existir por exemplo a negociação de preço ou taxas em um contrato de adesão, mas apenas a alteração substancial de cláusulas pode descaracterizar o contrato de adesão. Da Interpretação de um Contrato de Adesão• (Art. 423 e 424) Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Ex: compra de uma empresa com restrição à produção de determinado produto (via contrato de adesão) Predisponente = aquele que estabelece as cláusulas. Aderente = aquele que adere ao contrato. Contratos de Adesão quinta-feira, 25 de agosto de 2011 09:50 Página 9 de Civil III Contrato de consumo é aquele que tem, em um dos polos, uma pessoa que se insere no conceito de fornecedor e em outro polo o contratante que se insere no conceito de consumidor. Art. 3º CDC - Do Fornecedor Fornecedor é toda aquela pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Art. 2º CDC - Do Consumidor Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Teoria Maximalista• Destinação final fática (empresa que compra algodão para tecelagem é consumidora do algodão) Teoria Finalista• (A teoria finalista deixa de proteger as micro e pequenas empresas quando contratam com empresas de poderio econômico extremamente superior) Destinação final econômica. Deve-se avaliar se o bem é de consumo ou de produção. Se o produto ou serviço adquirido foi adquirido para propiciar a atividade econômica, inexiste a relação de consumo. Teoria Finalista Ponderada• É preciso avaliar, além da destinação final econômica, se existe entre as partes uma relação de nítida vulnerabilidade para que seja considerada a relação de consumo. Se qualquer uma das análises identificar a relação de consumo, aplicar-se-á o Código de Defesa do Consumidor. Requisitos de Validade dos Contratos Requisitos de Validade (explicação em Direito Civil II) Art. 104 e 166 do Código Civil de 2002. Subjetivos (vícios podem gerar nulidade ou anulabilidade)• Capacidade - Capacidade civil necessária ao negócio jurídico.- Legitimação - Posição de uma pessoa em relação a determinados bens jurídicos. (ex: venda a descendentes)- Consentimento - Manifestações que se insiram na categoria contrato. (não necessariamente vontade)- Objetivos• Objetos Lícitos, possíveis e determináveis.- Objeto imediato = ação a que se comprometem as partes. Objeto mediato = bem jurídico sobre o qual recaem as ações. Contratos de Consumo sexta-feira, 26 de agosto de 2011 08:44 Página 10 de Civil III Licitude - não haver proibição à prática do negócio jurídico com aquele objeto. Possibilidade - possibilidade de realização material do objeto, no plano físico. Determinabilidade - Não é necessário o objeto ser determinado, mas ao menos determinável Formais (vícios geram nulidade)• A forma do contrato é aquela prescrita ou não defesa em lei. (lei pode determinar se o contrato deverá ser escrito, solene ou mesmo não estabelecer nem proibir forma.) Negócios envolvendo imóveis cujo valor é maior que 30 salários mínimos deverão ser pela forma escrita, mas a regra geral é de que a forma é livre. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Página 11 de Civil III Os contratos negociais (principalmente no meio empresarial) possuem fases bem definidas, porém que não são obrigatórias. É necessário notar que existem contratos onde essas fases não são bem definidas Negociações Preliminares1- Consiste na fase de formação dos contratos em que existem sondagens e troca de informações que tenham por objeto a celebração do negócio jurídico. É a fase onde se buscam entender o objeto do contrato, a negociação em si e a viabilidade do contrato. Não vincula as partes à celebração do contrato, mas poderá gerar a responsabilidade civil e dever de indenização. Não há vínculo contratual, mas há vínculos jurídicos como a responsabilidade civil.- Regra geral: Ambas as partes podem, injustificadamente e a qualquer tempo, abandonar as tratativas, salvo se o comportamento de uma delas gerar a legítima expectativa de que o contrato será celebrado. - Nesse caso, o ato ilícito (quebra da legítima expectativa gerada) vinculará o dever do infrator de indenizar os prejuízos eventualmente causados. Exigência intensa do dever de informação. (Dever de informar e se informar, além das hipóteses onde exige-se o dever de sigilo sobre o teor da negociação.) - Nessa fase, a importância da documentação do dever de informação e de vinculação ou não contratual, através da técnica da pontuação, se mostra extremamente importante. Técnica da Pontuação• Consiste em documentar toda a forma de informações e comunicações realizadas pelas partes. (o nome dos documentos é irrelevante, o que importa é o seu teor) Carta de intenções - Documento que expõe a vontade da parte de iniciar uma negociação e que deve conter a cláusula de que o documento não é vinculante quanto à obrigação de contratar. (apesar de vincular as partes juridicamente quanto a deveres instrumentais.) - Acordo de confidencialidade - Estabelece obrigação de não revelar a terceiros a existência e teor da negociação. (pode estabelecer inclusive penalidades ao descumprimento) - Memorando de entendimentos - Quando a negociação já é avançada mas que ainda não atribui a segurança devida para a celebração do contrato, geralmente as partes assinam um memorando de entendimentos, que tem por objetivo registrar o que jáfoi negociado pelas partes e fixar as premissas para a continuação das negociações. Serve para dar um maior direcionamento às negociações. - Proposta2- A proposta é uma declaração unilateral de vontade que contempla os elementos essenciais de um contrato. Proponente / Polissitante - é aquele que faz a proposta e direciona ao Oblato (destinatário da Formação dos contratos sexta-feira, 2 de setembro de 2011 08:12 Página 12 de Civil III Proponente / Polissitante - é aquele que faz a proposta e direciona ao Oblato (destinatário da proposta) Vincula o proponente e integra o contrato, salvo disposição em contrário. Portanto, a proposta deve conter todos os elementos de um contrato de forma precisa, faltando apenas a adesão. Se a proposta contiver disposição contrária à obrigatoriedade do proponente de contratar, ela será na verdade um convite à iniciação das negociações preliminares. A proposta pode ser feita entre presentes ou entre ausentes (que se diferenciam pela possibilidade de comunicação e interação ampla e em tempo real, sendo a distância irrelevante) Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. I - A proposta entre presentes, sem prazo, deverá ser imediatamente aceita. Do contrário, deixa de obrigar o proponente. (A interpretação da imediação deverá ser de "o mesmo momento da proposta e seus esclarecimentos.") II - A proposta entre ausentes, sem prazo, terá de ser respondida em prazo hábil. (que deverá ser obtido pela comparação a um padrão, que poderá ser o mercado ou negociações anteriores). III - A proposta entre ausentes deverá ter sua resposta expedida antes do decurso do prazo de vigência da proposta, ou se a proposta prescrever que o prazo inclui o prazo de recebimento. IV - A proposta errada vincula o proponente se gerar legítima expectativa no Oblato. Por isso a lei estabelece a possibilidade de retratação antes ou simultaneamente, obviamente interpretado de forma razoável. Proposta x Oferta Art. 429 Código Civil de 2002 e Art. 30 e seguintes do CDC. A proposta é direcionada a pessoa determinada e a oferta é direcionada ao público. Aceitação3- A aceitação é identificada pela doutrina como uma declaração unilateral de vontade de adesão incondicional à proposta contratual. Não precisa ser, necessariamente, manifestada por um ato, pode existir aceitação tácita, inclusive presumida por comportamentos. A aceitação é o último requisito para a conclusão do contrato. Se o Oblato aceitar a proposta, o contrato estará celebrado. Porém, se esta for aceita fora do prazo ou com modificações, implicará em nova proposta. Dessa vez, invertem-se os polos da negociação e transforma-se o Oblato em proponente, e o proponente inicial se coloca em papel de Oblato para aceitação da proposta modificada. Dessa vez, ele (o proponente inicial) deverá aceitar a proposta. Página 13 de Civil III proposta modificada. Dessa vez, ele (o proponente inicial) deverá aceitar a proposta. O Momento da Celebração dos Contratos entre Ausentes.- É importante saber o momento da celebração do contrato, em especial entre ausentes, para averiguar se, no momento da celebração, as partes tinham capacidade civil plena e/ou legitimidade para contratar. Também é importante saber se as regras vigentes no momento de sua celebração autorizam a conclusão do contrato. Teoria da Declaração propriamente dita.• O contrato entre ausentes considera-se celebrado no efetivo momento da manifestação de vontade do Oblato. (Ex: no momento da elaboração do e-mail de aceitação) Teoria da Expedição* - Teoria adotada pelo Direito Brasileiro como regra geral.• O contrato é considerado celebrado no momento em que a resposta é expedida pelo Oblato. Teoria da Recepção* - Adotada por correntes para garantir o direito de retratação do Oblato. (Exceção) • O contrato é considerado celebrado no momento do recebimento da resposta pelo Proponente Teoria da Cognição• O contrato é considerado celebrado no momento em que o proponente toma conhecimento dos termos da resposta. Do Contrato Preliminar- O contrato preliminar consiste no contrato que tem por objeto a celebração do principal, definitivo. Sendo, assim, o contrato preliminar é aquele em que o objeto imediato é o contrato principal. Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. • Para que o contrato seja considerado preliminar é preciso que ele contenha os elementos essenciais do contrato a ser celebrado, exceto a forma. Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. • Salvo estipulação em contrário, os contratos são irrevogáveis e irretratáveis. Se o contrato não contiver vícios de forma e nem cláusulas de arrependimento, as partes poderão exigir a celebração do definitivo, porém em geral as obrigações civis com termo definido já constituem o devedor em mora a partir do vencimento. Mas há a possibilidade de aplicação de novo prazo para a celebração do definitivo. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. • Página 14 de Civil III registro competente. A Obrigatoriedade do Registro é requisito de eficácia perante terceiros (Erga omnis). O registro de um contrato preliminar de compra e venda, por exemplo, no cartório de registro de imóveis competente dá publicidade ao ato e evita a dupla venda. O contrato preliminar que não é registrado não é oponível a terceiros, não perdendo a validade, porém a eficácia em casos de problemas com a celebração. Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. • Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. • O descumprimento do contrato preliminar se dá pela não celebração do contrato definitivo. Por isso, é importantíssimo que o contrato preliminar contenha o prazo para a celebração do principal. Sem essa cláusula, o contrato perde eficácia no sentido de poder ser adiado em sua celebração. Com o descumprimento do contrato preliminar no prazo estabelecido, surge ao credor duas opções: extinção do contrato (Art. 465) e a exigência judicial da celebração do definitivo (Art. 464), somadas de perdas e danos. Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. • É a chamada opção de compra ou opção de venda, onde uma das partes adquire o direito de comprar ou vender, oposta ao dever de venda ou compra pela outra parte. Página 15 de Civil III A regra básica do Código Civil é de que o contrato será considerado celebrado no local de sua proposição e não no momento de sua celebração propriamente dita. Tem eficácia principalmente na celebraçãode contratos entre ausentes, pois independe do meio de comunicação. É importante decidir onde o contrato foi celebrado para decidir qual a legislação aplicável ao negócio jurídico, tendo pouca importância nas negociações legais e maior relevância nas contratações internacionais. Existe divergência entre o caráter da norma. Existem correntes que entendem essa norma como imperativa, não podendo o contrato dispor em contrário, enquanto outras correntes a regra é puramente dispositiva e aceita contratação em contrário. O foro do contrato é diferente do lugar de contratação, pois consiste na comarca competente para julgar e resolver os eventuais problemas decorrentes da contratação. Como regra geral (exceção dos contratos de consumo) existe a possibilidade de negociação do foro do contrato, possibilitando a adequação das prestações aos interesses das partes. É importante a negociação pois o litígio em outra comarca pode custar muito e gerar uma insegurança maior à decisão. Lugar de Celebração dos Contratos (Art. 435) quinta-feira, 22 de setembro de 2011 09:49 Página 16 de Civil III Quando da interpretação dos contratos, se busca extrair da contratação entre as partes seu real e efetivo sentido. São utilizadas, possivelmente, as mesmas técnicas e métodos de interpretação das leis, com as devidas adaptações, à interpretação dos contratos. Em geral, é mais fácil interpretar uma norma contratual pois se conhece o criador e destinatários da norma, além da situação em que foi celebrado o contrato. Deve-se interpretar o contrato como uma situação de normas jurídicas entre as partes, que têm força normativa como as leis. (O contrato é lei entre as partes) Existem duas teorias para interpretação dos contratos: Teoria da declaração• Deve prevalecer, em caso de dúvida, o elemento externo da declaração de vontade. (o que importa é o que as partes externalizaram, seja por escrito ou por comportamento) Tem primazia na garantia da segurança jurídica. Teoria da Vontade• Deve prevalecer, em caso de dúvida, a real intenção das partes. O Art. 112 do Código Civil de 2002 dá a entender de que no sistema jurídico brasileiro é adotada a teoria da vontade. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Porém, o mais razoável deve ser um sistema misto onde ponderar-se-á a declaração feita entre as partes, inclusive o comportamento, mas avaliando também a real vontade das partes. Busca uma maior justiça contratual. Elementos de interpretação dos contratos• Gramatical- Elemento só faz sentido quando tratamos de contratos escritos. As regras da gramática podem auxiliar a interpretação dos contratos, funcionando em conjunto com os outros elementos para chegar à melhor interpretação no caso. Pessoal- Refere-se às características pessoais dos contratantes, o que pode ser decisivo e determinante para uma interpretação adequada. Mostra-se útil para verificar nível de experiência, cultura, conhecimento e etc. Obviamente, é diferente uma relação jurídica entre empresários e entre pessoas simples, podendo inclusive este eliminar a aplicação do elemento gramatical (caso de analfabetos funcionais, etc). Espacial- Interpretação dos Contratos quinta-feira, 22 de setembro de 2011 10:26 Página 17 de Civil III O lugar de celebração do contrato poderá auxiliar na interpretação de suas cláusulas. (os costumes do local onde foi celebrado o contrato determinam diversas premissas contratuais, sendo diferente um contrato realizado em São Paulo de um no Amazonas.) Temporal- O momento de celebração do contrato poderá auxiliar na interpretação das cláusulas. A época e as circunstâncias temporais da data da celebração do contrato. Regras De interpretação dos contratos:• Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Os atos de liberalidade são considerados negócios jurídicos benéficos e, como a renúncia, não podem sofrer interpretação extensiva. Critérios doutrinários de interpretação dos contratos:• O comportamento das partes deverá auxiliar o intérprete na exegese contratual. (expressa a real vontade das partes e por isso demonstra a real interpretação que as partes dão ao contrato) 1- O contrato deve ser interpretado como um sistema. (Não se pode interpretar cláusulas de forma isolada) 2- Se uma cláusula for suscetível de mais de uma interpretação, deve se adotar a interpretação que confira efeitos ao contrato. (evita que cláusulas ambíguas venham retirar do contrato seus efeitos) 3- Na dúvida, deve-se interpretar o contrato em desfavor de quem o redigiu. (evita a utilização da má-fé, impondo ao redator o ônus de diligência na redação de um contrato livre de ambiguidades.) 4- Na dúvida, pró Liberdade. (na dúvida, as partes ainda não estão vinculadas)5- Interpretação Integrativa• Tem por objetivo suprir as lacunas do contrato, como se as partes tivessem previsto a lacuna. No caso de uma lacuna, o intérprete deverá restaurar a vontade das partes. Página 18 de Civil III Classificar um contrato é importante para determinar os momentos para utilização de determinadas técnicas e institutos procedimentais no decorrer de um processo. Quanto à Tipicidade• É importante para saber a legislação à qual o contrato se regerá. Contratos típicos em geral são tratados em legislação específica, que prevalecerão sobre as normas gerais, que continuam válidas, porém inaplicáveis em alguns pontos. Já os atípicos serão regulados pelas disposições normativas gerais. Típicos1- São aqueles que têm previsão expressa em lei (norma jurídica válida). Atípicos2- São aqueles não previstos expressamente em lei (norma jurídica válida). O Art. 425 juntamente com o princípio da não proibição do não previsto é importante para a interpretação. Quanto à vinculação a outros contratos• Puros1- É o contrato que possui independência e autonomia jurídica e funcional, desvinculado de outros contratos. Para a execução desse contrato, não é necessário o cumprimento de outro contrato, é independente. Em geral são contratos típicos. Mistos2- É o contrato fruto da combinação de dois ou mais contratos interligados funcionalmente. São por exemplo os contratos de leasing, onde as regras gerais dos contratos serão aplicadas por se tratar de contratos que são um misto entre duas espécies de obrigações. Em geral são atípicos. A teoria dos contratos conexos estabelece que a interpretação dos contratos ligados funcionalmente deve ser realizada como se o contrato fosse de um só negócio. (como os contratos intermediados por administradoras de cartão de crédito) Quanto à forma• Consensuais1- Mediante simples consenso. (regra geral forma livre) Formais2- São aqueles que se aperfeiçoam validamente desde que respeitada a forma prescrita em lei. (não basta o consenso, este deve ser manifestado na forma prevista em lei.) Reais3- São os contratos que só se aperfeiçoam com a entrega efetiva da coisa. (Ex: contrato de depósito ou mútuo) Classificação dos Contratos quinta-feira, 29 de setembro de 2011 09:51 Página 19 de Civil III Quanto às obrigações das partes• Mesmo em um contrato unilateral, trata-se de um negócio jurídico bilateral, ao menos, podendo existir mais de 1 pessoa na mesma parte. A parte não significa o contratante, mas sim o polo contratual,que pode ser mais de uma pessoa. Bilaterais1- São os contratos em que existem obrigações para ambas as partes. (Ex: compra e venda) "Exceptio non adimpleti contratus" (Exceção do contrato não cumprido) Art. 476- Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes poderá exigir cumprimento de obrigação alheia, sem antes ter cumprido a sua. (deve-se observar, para a aplicação, o momento de exigibilidade da obrigação.) "Solve et Repete" - Preceitua que um dos contratantes deve, primeiro, solver sua obrigação para, eventualmente e se for o caso, pedir de volta o que pagou indevidamente. É uma renúncia à "exceptio". - Unilaterais2- São aqueles em que existem obrigações apenas para uma das duas partes. (Doação pura, comodato) Plurilaterais3- São os contratos que comportam mais de duas partes e cujos interesses destas convergem para um fim comum. São os contratos em que duas ou mais partes se comprometem somam esforços para o desenvolvimento de um determinado objetivo, seja uma atividade econômica (caso das sociedades) ou não. Se diferenciam dos bilaterais pois os interesses não são beneficiar os contratantes e sim o exercício de determinada atividade. Não se aplicam, aos plurilaterais, a regra do Exceptio non adimpleti contratus. Quanto à onerosidade• Onerosos1- São os contratos onde existe reciprocidade nas obrigações, existem prestações e contraprestações recíprocas. As obrigações não são correspondentes. Gratuitos2- Não há reciprocidade das obrigações nos contratos gratuitos e uma das partes pratica um ato de liberalidade. Se existir contraprestação, (bilateral e excepcional à regra geral) esta não será em favor da outra parte. Quanto à comutatividade• Comutativos (pré-estimados)1- As obrigações das partes são certas e definidas no momento do contrato. Aleatórios2- Pelo menos uma das obrigações objeto do contrato é incerta. É o chamado contrato de risco. Nota-se que a aleatoriedade do contrato logicamente exige que o risco seja contemplado com uma contraprestação mais vantajosa do que se este fosse comutativo. Uma das partes Contrato de Risco Integral (Art. 458) É o contrato onde as partes assumem o risco de que nada do que foi contratado possa vir a existir. Página 20 de Civil III É o contrato onde as partes assumem o risco de que nada do que foi contratado possa vir a existir. É o risco total. As partes abrem mão de sua segurança em favor de um risco maior, que poderá gerar maiores vantagens ou mesmo desvantagens. Contrato de Risco Parcial (Art. 459) É o contrato onde assume-se o risco de o que foi contratado venha a existir em menor quantidade do que a esperada. A diferença entre o risco parcial e o integral é de que o risco a ser assumido não será total, as partes podem delimitar até que nível o risco influenciará no contrato. O contrato de risco parcial permite uma segurança mínima às partes sem excluir o risco, mas um equilíbrio entre risco x segurança. Contrato de coisa exposta a risco (Art. 460) É o contrato onde assume-se o risco que recai sobre a coisa, seja ele jurídico, financeiro ou natural. Nessa figura, a coisa já existe porém está sujeita a riscos. Um exemplo disso são contratos de compra e venda de imóveis abandonados, sujeitos a riscos jurídicos e naturais (invasões, por exemplo). O preço, obviamente, vai sofrer diminuições em função do risco a que a coisa se submete. Se o fato ao qual a coisa se submete em forma de risco já for conhecido pela parte dona da coisa, será pressuposto o dolo de lesão, já que não existe mais risco e sim um fato. Quanto à negociabilidade• Contrato de Adesão1- São aqueles em que as cláusulas são pré dispostas por uma das partes. (interpretados pelas regras especiais dos Arts. 423 e 424 Código Civil de 2002 ) Contratos Negociáveis2- São os contratos em que as partes se encontram em posição de, em conjunto, negociarem e construírem o conteúdo contratual. Não se caracteriza pela efetiva negociação das cláusulas pelas partes e sim pela possibilidade de isto ocorrer pela posição em que as partes se encontram. Quanto à independência jurídica• Principais1- São os contratos que possuem independência jurídica. Acessórios2- São aqueles cuja validade e existência está subordinada à validade e existência de um outro contrato. O acessório segue o principal. (Ex: contrato de locação com acessório de fiança) Os contratantes podem estabelecer a contaminação do contrato principal se o acessório se extinguir. Quanto à pessoalidade• As obrigações é que são classificadas quanto à pessoalidade, já que elas é que poderão ser transferidas.• Impessoais1- É o contrato em que as características pessoais dos contratantes têm relevância reduzida. (quem detém créditos pode, em regra, transferir o direito) As obrigações impessoais são transferíveis. Personalíssimos (Intuitus Personae)2- Página 21 de Civil III Personalíssimos (Intuitus Personae)2- As características pessoais dos contratantes, nesse tipo de contrato, têm importância e essencialidade para a contratação. As obrigações personalíssimas são intransferíveis, devem ser cumpridas por quem as assumiu. (Ex a regra geral das obrigações de fazer) Quanto à abrangência coletiva• Individuais1- São os contratos que só obrigam as partes que diretamente participam da relação contratual. Só vinculam quem dele efetivamente participa, independente do número de contratantes. Coletivos2- São os contratos que geram efeitos perante pessoas vinculadas às entidades contratantes. (Ex: convenção coletiva e acordo coletivo, onde o que for contratado pelo sindicato gerará efeitos a todos os vinculados a este). Página 22 de Civil III Arts. 408 a 416 do Código Civil de 2002 A cláusula penal é uma espécie de sanção, prevista no contrato, para os casos de descumprimento ou mora. Não existe cláusula penal implícita, para que estas possam ser aplicadas, as partes deverão ter pactuado expressamente sua aplicação. É uma obrigação acessória ao contrato, já que não existe a sanção sem que haja o descumprimento das obrigações principais do contrato. Cláusula penal compensatória• É a cláusula que é prevista para os casos de descumprimento da obrigação principal. Poderá ser cobrada como alternativa ao cumprimento da obrigação. O inadimplente da obrigação principal poderá se ver exigido que cumpra a cláusula penal compensatória ou a obrigação em espécie. A prerrogativa de escolha entre o cumprimento da cláusula penal ou da obrigação em espécie é do credor, ou seja: Pode o credor exigir o cumprimento da obrigação em espécie judicialmente, inclusive com o pedido de Astreintes (multas diárias) Cláusula penal moratória• É a cláusula prevista para os casos de mora. Será somada ao cumprimento da obrigação em espécie. O credor pode exigir o cumprimento da obrigação e a cláusula penal moratória. Descumprimento x Mora Para diferenciar descumprimento de mora deverá ser feito averiguando se o cumprimento da obrigação com atraso satisfará os objetivos contratuais. Se o cumprimento posterior satisfizer os objetivos dos contratantes, pode existir Mora, do contrário, o atraso será o próprio descumprimento. Funções da Cláusula Penal• Indenizatória = A cláusula penal prefixará os valores a serem pagos em caso de descumprimento ou mora. 1- A indenização posterior é de mais difícil exigibilidade pois há de se provar o dano, culpa da outra parte e nexo de causalidade. Já a cláusula penal é a segurança do credor em ter direito a receber ao menos a cláusula penal indenizatória, mesmo que não se consiga provar o efetivo dano. Intimidatória = A cláusula penal serve de incentivo para que as partes cumpram o que foi convencionado. 2- Punitiva = A cláusula penal tem por objetivo punir o devedor faltoso.3- Limite da Cláusula Penal• Cláusula Penal sexta-feira,7 de outubro de 2011 08:02 Página 23 de Civil III No direito Brasileiro, o valor da cláusula penal não poderá ultrapassar o valor da própria obrigação. A cláusula penal moratória de contratos de outorga de crédito (regido pelo CDC) ou de atraso no pagamento de condomínios terá limite de 2%, porém existe a hipótese de redução. O julgador deverá reduzir o valor da cláusula penal quando: Casos de descumprimento parcial da obrigação.- Casos de manifesta desproporcionalidade da cláusula penal. (excesso)- Possibilidade de receber além do previsto na cláusula penal:• O cumprimento da cláusula penal independe da comprovação de prejuízo, sendo assim, basta comprovar-se a mora ou descumprimento, e só é lícito ao credor exigir indenização suplementar se assim for expressamente convencionado. (Essa possibilidade permite a indenização suplementar de forma a reparar o real prejuízo integralmente.) A cláusula penal limita minimamente o valor recebido a título de indenização, mas se houver previsão expressa de indenização suplementar, o prejuízo integral será "completado" pela indenização suplementar. Nas obrigações indivisíveis, o devedor faltoso responderá pela totalidade da cláusula penal enquanto que os demais devedores (que cumpriram suas obrigações) responderão proporcionalmente por sua quota parte. Terão os outros devedores direito de regresso contra o faltoso. Ex: Casos de venda de imóvel que pertence a mais de um dono. Página 24 de Civil III Arts 417 - 420. As Arras são um início de pagamento ou cumprimento das obrigações (é conhecido em nosso cotidiano como sinal), que só podem ser prestadas em dinheiro ou em bens móveis. As arras deverão representar o início de pagamento, portanto uma entrada de 80% da totalidade da obrigação não pode ser considerada como arras, já que esta deverá ser pequena frente ao todo. (são consideradas jurisprudencialmente arras de, em média, 10, 15%). Nada impede que as partes denominem como sinal um pagamento de grande parcela do contrato, porém nãos será juridicamente considerado como arras, não servindo tal como as garantias dadas por lei às Arras. O regime jurídico das arras só se aplica quando elas forem efetivamente prestadas. (a entrega efetiva do sinal) Por esse motivo, diz-se das Arras que tenham natureza de obrigação Real. Em contratos com direito a arrependimento, não é possível a indenização suplementar ao valor das arras. (Art. 420) Funções das Arras• Função confirmatória1- O sinal tem por objetivo de confirmar a intenção das partes em cumprir o contrato (o contrato já é confirmado pelo consenso). Função indenizatória2- Em caso de descumprimento do contrato, aplica-se a regra: Se quem descumprir o contrato for quem entregou as arras, quem as recebeu poderá retê-las e considerar desfeito o contrato, servindo as arras como mínimo de indenização. Se quem descumprir o contrato for quem recebeu as arras, compete-lhe devolvê-las em dobro, servindo as arras como mínimo de indenização. Função assecuratória3- A função assecuratória é exercida pelas arras quando estas são prestadas em bens de natureza distinta da obrigação contratada, com o objetivo de garantir a conclusão do contrato. É a utilização de bens de diferente natureza dos objetos do contrato como garantia do cumprimento das Arras, como por exemplo um carro, mas que será substituído pelo valor em dinheiro correspondente. Instituto do Sinal (Arras) quinta-feira, 27 de outubro de 2011 09:48 Página 25 de Civil III Vícios Redibitórios• É um instituto de garantia que se relaciona com a hipótese de existirem vícios ocultos não constatados no momento da celebração do contrato. Para que seja aplicada a regra dos vícios redibitórios é necessário cumprir alguns requisitos. (Os vícios do produto são uma garantia legal mais eficaz que os vícios redibitórios que apenas se aplica a contratações de consumo - Art. 18 CDC - e por isso não é comum a aplicação dos vícios redibitórios em relações de consumo.) É a possibilidade de desfazimento do negócio jurídico ou abatimento do preço pela descoberta de vícios ocultos da coisa, através da "Ação Redibitória" e "Ação Estimatória (Quanti Minoris)", respectivamente. (Ações Edilícias) Se aplicam independentemente de o alienante ter conhecimento do vício (Não depende da culpa do alienante). Caso o alienante tenha conhecimento do vício e não o informe, responderá pela garantia legal e pelas perdas e danos. Prazo: (Art. 445) Decadencial de 30 dias para bens móveis e 1 ano para bens imóveis, contados da data da entrega efetiva da coisa. (será reduzido pela metade se o adquirente já estivesse na posse efetiva da coisa no momento da contratação, onde o prazo ainda se inicia na data da celebração do contrato). §1º - Esse prazo pode ser prorrogado por mais 180dias ou por 1 ano a partir da ciência do vício pelo adquirente, desde que este, por sua natureza, não possa ser constatado no prazo do caput. (Ou seja: se tem 180 dias para descobrir o vício e mais 30 dias para exercício do direito.) Requisitos de Aplicação da Teoria dos Vícios Redibitórios Contrato comutativo que formalize a transferência de uma coisa.• Exclui os contratos aleatórios. (o contrato deverá ter prestações certas) Note que a transferência pode se referir à transferência da propriedade ou da posse, podendo esse instituto ser aplicado a contratos de locação, por exemplo. Em uma interpretação literal, por a lei estabelecer que se aplica essa regra apenas à coisas, seria inadmitida a aplicação da teoria dos vícios redibitórios a bens imateriais, como softwares, porém, esse pensamento não acompanha a evolução tecnológica, sendo superado doutrinariamente hoje em dia. Constatação de um vício oculto• Para definir quais vícios são ocultos, existem duas vertentes de pensamento: Teoria do homem médio - Um homem médio com conhecimentos básicos sobre o assunto poderia detectar o vício? Se a resposta for negativa, o vício é oculto. a) Descer ao caso concreto - A partir das características da pessoa que reclama os vícios redibitórios, é possível saber do conhecimento dos vícios. (Ex: Vender um carro para um mecânico) b) Vício Grave• É todo aquele vício que diminui o valor da coisa ou impossibilita ou prejudica sua utilização para os fins a que se Garantias Legais sexta-feira, 28 de outubro de 2011 08:04 Página 26 de Civil III É todo aquele vício que diminui o valor da coisa ou impossibilita ou prejudica sua utilização para os fins a que se destina. Vício deve existir no momento de entrega da coisa• Vícios que advenham posteriormente não se aplicam a essa garantia legal. Renúncia à garantia legal: É possível a renúncia desse direito, porém para que isso se faça é necessário que haja uma contraprestação financeira que justifique a sua renúncia. (Ex: compra de veículos "No estado em que se Encontra" em leilões) Página 27 de Civil III A garantia contratual será complementar à garantia legal, iniciando-se o prazo da garantia legal apenas após o prazo da garantia contratual. Porém, uma vez constatado o vício, o adquirente deverá denunciá-lo em até 30 dias. É possível a renúncia das garantias legais, pois se trata de direito patrimonial disponível, porém não se pode presumir a renúncia, que deve ser livre dos vícios do consentimento. Vícios do produto• CDC - Art. 18 "Os fornecedores de produto de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios do produto que prejudiquem sua utilização ou lhe diminuam o valor..." Estabelece que o consumidor poderá procurar a realização de seus direitos contra a montadora, fabricante, vendedora, distribuidora e todos os fornecedores que tenham relação direta com o vício do produto. De informação- (Ex: embalagem diz ter 1kg e tem 900g) De qualidade-De quantidade- (Ex: embalagem diz ter 20 cápsulas e só tem 19) Constatado o problema, o consumidor deverá reclamar para sanar o vício no prazo legal (que varia de acordo com a natureza do bem) e o fornecedor teria prazo de 30 dias para sanar o vício, prazo que pode contratualmente ser reduzido para 7 ou majorado para até 180 dias. (existe a discussão sobre a possibilidade de majoração do prazo em contratos de adesão, onde deve, no mínimo, ser destacado no contrato.) Soluções aos Vícios do Produto São opções do consumidor, que estão, em tese, condicionadas à reclamação no prazo legal para oportunizar ao fornecedor sanar o vício. Rescisão do contrato- Abatimento do Preço- Substituição do Produto- Pode-se fazer uso imediato dessas alternativas quando for vício grave ou se tratar de produto essencial. Essencial = Produto essencial à subsistência do comprador ou com utilização para finalidade essencial. Prazo para exercício do Direito Bens não duráveis = 30 dias- Garantias Contratuais sexta-feira, 28 de outubro de 2011 09:12 Página 28 de Civil III Bens não duráveis = 30 dias- Bens duráveis = 90 dias- *Prazo decadencial contado da entrega se o vício for aparente ou de fácil constatação. Se o vício for oculto, o prazo se conta a partir da constatação dele. (Apesar do prazo ser decadencial, pode ser obstado [interrupção] pela reclamação formulada ou pela instauração de inquérito civil -PROCON -) Evicção• Arts. 447 a 457 Código Civil de 2002. É a possibilidade da perda de um direito por causa de decisão judicial reconhecedora de outro direito. É uma garantia legal que se aplica ainda que quem transferiu o direito não tenha conhecimento dos vícios do direito. Garante a idoneidade de direito transferido em virtude de contrato oneroso. Ao contrário dos vícios redibitórios, onde a garantia incide sobre o objeto, na Evicção essa garantia incide sobre o direito e cabe a quem o transfere garantir que esse é um "bom direito" Evicto (Adquirente) = Quem perde o direito em função do reconhecimento do direito do Evictor. - Para o Evicto exercer os direitos decorrentes da evicção, ele fará a notificação do alienante conforme as leis do processo civil. (denunciação da lide) Evictor = é a pessoa cujo direito prevalece sobre o Evicto. O legítimo titular do direito.- Alienante = é quem transferiu o direito para o Evicto.- O Alienante é quem responde perante o Evicto, mesmo sem culpa ou dolo, tendo o dever de ressarcir o Evicto pelas perdas que teve em virtude da Evicção. A situação de Evicção nem sempre se dá em virtude de um golpe ou ato ilícito. Muitas vezes é comum (principalmente em demandas de fronteira) o Alienante desconhecer o vício (terra menor do que a cerca delimita) e vende de boa-fé. Nessa hipótese o Alienante responderá pelos danos causados ao Evicto (Adquirente). Existe a possibilidade de Renúncia ao direito de regresso no caso de evicção, que só é lícita quando o adquirente teve oportunidade de avaliar o risco. Quanto o Evicto recebe, no caso de Evicção?• O objetivo do ressarcimento é a sua recomposição patrimonial no momento da evicção. (quanto é necessário para substituição do direito por um similar?) Por exemplo: "Se a compra de uma fazenda por 1 milhão e que hoje vale 5 milhões, quando ocorre a evicção, deverá receber os 5 milhões, que restituirão o patrimônio do Evicto" Evicção Parcial• Considerável- Quando a perda causada pela Evicção Parcial é determinante para prejudicar a utilização do direito. (Ex: perda de 1% de um terreno, mas que possuía a sede da fazenda, o açude e a entrada) Página 29 de Civil III (Ex: perda de 1% de um terreno, mas que possuía a sede da fazenda, o açude e a entrada) Ou (escolha do evicto) Rescisão + Perdas e Danosa) Abatimento do Preço + Perdas e danosb) Não Considerável- (Ex: toca fita alvo de evicção após a compra de um veículo) Abatimento do preçoa) Curiosidades:• No caso de evicção de bem alienado por hasta pública, a figura do alienante não é bem presente, por isso, tanto o credor quanto o devedor (que são beneficiados pelo pagamento) podem ser acionados à reparação. A renúncia ao direito da evicção só pode se dar quando o adquirente saiba do risco a que a coisa se submete e o assume. (Art. 448 e 449) O contrato ainda poderá contemplar reforço e diminuição à evicção. O Art. 450 estabelece os direitos de indenizações e custas além do valor pago, no silêncio do contrato. Seu § único orienta a fixação do preço da coisa evicta. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Página 30 de Civil III Não são contratos ou tipos contratuais, são técnicas contratuais. Contrato com pessoa a declarar (Arts. 467 a 471 do Código Civil de 2002) Terceiro é todo aquele que não é originariamente parte do contrato. O contrato com pessoa a declarar é aquele em que uma das partes se reserva ao direito de indicar ou nomear um terceiro que assumirá todas as obrigações e direitos decorrentes do contrato. Uma das partes tem o direito de transferir sua posição jurídica para terceiro, sem autorização prévia da outra parte. (pode-se restringir as pessoas a quem pode-se ceder o direito, porém não pode depender de anuência da outra parte, pois já foi concedida na instituição da técnica. Prazo da nomeação do terceiro = Salvo estipulação em contrário, a notificação sobre a nomeação do terceiro deverá ocorrer no prazo de 5 dias, contados a partir da celebração do contrato. (por isso é necessário ter o cuidado de estabelecer um prazo maior para a nomeação e aceitação do terceiro) A nomeação (e sua subsequente aceitação), tem efeitos ex tunc, retroagindo à data da celebração do contrato. (o terceiro nomeado assumirá todos os direitos e obrigações como se ele mesmo tivesse celebrado o contrato) Para que seja eficaz em seus efeitos ao contrato, a nomeação deve ter: Aceitação (do contrário o contrato segue com as partes originárias) Capacidade do terceiro (se incapaz o terceiro, o contrato gerará efeitos apenas entre as partes originárias) Terceiro insolvente no momento da nomeação e contratante desconhecia o fato (quando o nomeado não tem condições financeiras de cumprir as obrigações do contrato) Aceitação nos mesmos termos da contratação (se o contrato foi por escrito, a aceitação não pode ser 'de boca', mas é preciso interpretar sob a ótica de ' quem pode mais pode menos '. Estipulação em favor de Terceiro (Arts. 436 a 438 do Código Civil de 2002) Aqui existe a previsão de que o conteúdo contratual será revertido em favorde um Terceiro. O estipulante indicará um beneficiário que receberá as prestações do Promitente. (um exemplo é o seguro de vida, em que o estipulante contrata para que o beneficiário seja sua mulher, onde o promitente é a seguradora). O contrato é irrevogável, mas a estipulação pode ser revogável e alterável até o momento de transferência do direito para a esfera jurídica do beneficiário, salvo estipulação em contrário. (se o cumprimento do contrato pelo promitente já foi realizado, não pode-se alterar o beneficiário) A revogação ou alteração do beneficiário poderá ocorrer por ato de disposição de última vontade. O Estipulante pode exigir o cumprimento das obrigações do promitente a qualquer tempo, porém o beneficiário só após a transferência do direito para sua esfera jurídica (Ex: seguro de vida o beneficiário só pode exigir o cumprimento pelo promitente se o estipulante tiver cumprido suas obrigações, ou se este as cumpra). Promessa de Fato de Terceiro (Arts. 439 e 440) A promessa de fato de terceiro se faz presente quando o objeto do contrato consiste em fato a ser prestado por um terceiro. É uma promessa de resultado, onde o promitente conta com fato de terceiro para cumprir sua obrigação, e Institutos Contratuais Relacionados a Terceiros sexta-feira, 11 de novembro de 2011 08:00 Página 31 de Civil III terceiro. É uma promessa de resultado, onde o promitente conta com fato de terceiro para cumprir sua obrigação, e mesmo que tente cumprir e não consiga, responderá. (Ex: contrato entre instituição e promoter, que promete trazer determinado artista para show. Se o artista não comparece, o promoter é responsável). O promitente não pode agir em nome do terceiro, não cabendo a figura do mandatário (procurador) nesse caso. Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Quando o terceiro assume a obrigação diretamente perante o contratante, o promitente se exime de responsabilidade, salvo estipulação em contrário. Quando o ato a ser praticado por terceiro for a anuência do cônjuge (chamada de outorga uxória) do promitente e pelo regime de casamento o patrimônio do casal puder ser atingido, não haverá responsabilização do promitente. Página 32 de Civil III Causas simultâneas de extinção dos contratos- (são as causas de extinção do contrato simultâneas à sua celebração, como as nulidades e anulabilidades) Causas supervenientes de extinção dos contratos- Tempo (prazo)1- Os contratos são por tempo determinado ou indeterminado, sendo indeterminados quando: Contrato de prestações sucessivas omisso quanto à duração.a) Contrato de tempo determinado que continua sendo cumprido após o decurso do prazo.b) Contrato que se diz por tempo indeterminado.c) Nos contratos por tempo indeterminado qualquer das partes pode romper com o vínculo contratual independentemente de motivo, respeitado razoável prazo de antecedência quando não previsto em lei especial. (basta a manifestação da vontade) Adimplemento (cumprimento)2- Os contratos são extintos naturalmente pelo seu cumprimento. Os contratos de obrigações sucessivas não se extinguem pelo adimplemento. Existem hipóteses, como os vícios redibitórios e evicção, onde mesmo após o adimplemento as partes continuam responsáveis pela integralidade da coisa ou direito. Inadimplemento3- Cláusula resolutória (resolutiva) = Pode ser tácita ou expressa e determina a extinção pelo descumprimento. Substancial Performance (cumprimento substancial) em Direito Civil II (Regras Gerais do Pagamento). Tácita = depende de interpelação judicial. (que mesmo sem instaurar lide, notifica através de Oficial de Justiça a outra parte da extinção do contrato pelo inadimplemento) a) A não observância à formalidade da interpelação pode gerar a nulidade do ato, não gerando o efeito liberatório pretendido pelo credor. Expressa = decorre de vontade das partes, operando de pleno direito.b) Apesar de ser expressa, a comunicação do descumprimento da obrigação é indispensável, pois o dever de comunicação decorre do princípio da boa-fé objetiva. Rescisão = consiste na extinção do contrato em virtude do inadimplemento culposo. Resolução = consiste na extinção do contrato por fato superveniente à sua celebração (termo genérico). Extinção dos Contratos quinta-feira, 17 de novembro de 2011 10:10 Página 33 de Civil III Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Vontade O contrato pode ser extinto se por vontade das partes, mesmo que não tenha decorrido prazo, nem tenha ocorrido adimplemento ou inadimplemento. O contrato extinto pela vontade é realizado através da Resilição. Vontade bilateral / plurilateral- Os contratos celebrados por tempo determinado só podem ser extintos pela anuência de todas as partes. É o famoso Distrato. O Distrato é um contrato que toma por objeto a extinção de outro contrato já realizado e deverá ser realizado da mesma forma do contrato principal (com a premissa de quem pode mais pode menos.) Do Distrato Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Vontade unilateral- Os contratos celebrados por tempo indeterminado podem ser extintos pela vontade de apenas um dos contratantes. A resilição por vontade unilateral é conhecida nas formas: Denúncia, que é conhecida no mercado imobiliário principalmente (as chamadas denúncias vazias e denúncias cheias, caracterizadas pela presença ou não de motivação para a extinção) Renúncia e Revogação, que é comum nas contratações de mandato, onde o mandatário ou mandante pode renunciar ao mandato a qualquer tempo. Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. O Art. 473 §único trata da Tutela Específica, que consiste o direito de permanecer contratado, destituindo a possível revogabilidade do contrato. *Insolvência presumida Não é espécie de extinção do contrato, apenas de suspensão de exigibilidade de prestações. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. O Art. 477 dá o direito do credor de suspender o cumprimento de suas obrigações em virtude de a outra parte demonstrar-se possivelmente insolvente e incapaz de cumprir com suas obrigações, tendo o devedor que provar sua capacidade de cumprir o contrato para que esse retorne. Página 34 de Civil III É a responsabilidade civil que decorre da violação de norma jurídica presente no Contrato. Violação de Norma Jurídica + Dano -> Dever de indenizar. Todo ato que viole uma norma jurídica e gere dano gerará responsabilidade civil, desde que se prove a Culpa e o nexo de causalidade (Conduta x Dano). Ainda sim, existe a Teoria da Responsabilidade objetiva, onde nãoé necessária a comprovação da culpa, apenas do dano e nexo de causalidade. A regra geral no sistema brasileiro é que a responsabilidade seja subjetiva, mas o Estado e todo aquele que pratique atividade que coloque em risco direitos de outrem ou prometem resultado respondem objetivamente pelos danos que causar. Elementos: Descumprimento culposo de obrigação prevista no contrato. (regra geral, podendo ser objetiva) a) Dano (exceto nas cláusulas penais)b) Nexo de Causalidade (conduta que viola contrato x dano)c) Contrato válidod) Responsabilidade civil Extra contratual (Aquiliana) É a responsabilidade civil que decorre da violação de norma jurídica genérica que não presente no contrato. Responsabilidade Civil Contratual sexta-feira, 18 de novembro de 2011 08:44 Página 35 de Civil III Em regra, a cessão é obrigatória por se tratar de um contrato com pessoa a declarar, porém a lei estabelece prazo de 5 dias para a nomeação do terceiro (Art. 468 Código Civil de 2002), quando o contrato não estabelecer em contrário quanto ao prazo. Se o contrato em questão tiver estabelecido prazo superior a 35 dias (prazo em que efetivamente ocorreu a nomeação no caso concreto), josé é obrigado a transferir as quotas para quem joão estabelecer, a depender apenas da aceitação do terceiro indicado nos mesmos termos do contrato principal, além da capacidade do terceiro no momento da aceitação e sua solvência. O contrato de pessoa a declarar estabelece, em sua essência, o direito de uma parte de nomear terceiro SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DA OUTRA PARTE. Neste caso, portanto, (assumindo que o contrato não estabelece contrariedade à lei) José não será obrigado a ceder, por ser a nomeação inválida por decurso de prazo. No caso concreto foi celebrado contrato de compra e venda (pré-contrato) cujo objeto é a celebração do contrato principal (escritura de transferência de propriedade). É um contrato que essencialmente vincula as partes ao cumprimento de suas obrigações que promovam o cumprimento do principal. O arquivamento do contrato de compra e venda, nas formas da lei, dá ao contrato publicidade necessária para que gere efeitos erga omnes, o que nesse caso implicou no descumprimento do princípio da boa-fé objetiva (principalmente dever de informação) pelas duas partes do contrato entre Tiago e Marcus. A medida mais adequada a ser tomada por Daniel é a instauração de um procedimento pedindo que surja a figura da Evicção, declarando-o como verdadeiro titular do direito, sem prejuízo do direito a ressarcimento de Tiago por Marcus Vinícius. Sendo o direito de Daniel reconhecido, ele torna-se Evictor e Tiago o Evicto, que tem o direito de indenização contra o Alienante. Note que, para exercer o direito, o Evictor deverá promover a notificação do alienante conforme as leis do processo civil, notificação esta que é chamada de Denunciação da Lide. Trabalho. quinta-feira, 24 de novembro de 2011 09:45 Página 36 de Civil III
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