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Direito Ambiental OAB

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CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 1 
 
OS: 0148/9/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
DIREITO AMBIENTAL 
Prof. Aloisio Neto 
Apostila 2016 
 
 
 
Prof.: Aloisio Neto 
aloisio@aloisioneto.adv.br 
 
1. DIREITO AMBIENTAL 
1.1. Conceito 
Direito Ambiental é um ramo autônomo de direito 
público que disciplina, ordena e tutela as questões e os 
problemas dos seres humanos com o meio ambiente 
(natural e artificial). 
Há inúmeras definições de Direito Ambiental, 
contudo você não pode esquecer que: 
- trata-se de um ramo autônomo porque possuí 
princípios próprios (que serão estudados mais 
adiante e são muito cobrados em provas); 
- é ramo do direito público porque sempre há a 
participação do Estado nas questões ambientais. 
Contudo, há autores que defendem ser um ramo 
do Direito acima dessa divisão entre Público e 
Privado, pois a característica metaindividual 
supera essa discussão. 
- nunca pense que quando tratamos de Direito 
Ambiental estamos protegendo somente fauna e 
flora, pois há ainda o meio ambiente cultural e o 
artificial, inclusive com farta legislação acerca 
desses assuntos. Assim, Direito Ambiental trata 
também das lides que envolvem patrimônio 
cultural, espécies de construções, licenças 
edilícias, etc. 
Segundo Miguel Reale o conceito de Direito envolve 
três aspectos: interação entre norma, fato e valor. Aspectos 
que coadunados ao Direito Ambiental seriam os seguintes: 
a) Sobre o fato: Vida humana; Utilização dos recursos 
naturais; Agravamento da poluição de origem 
industrial, etc. 
b) Sobre a norma: Constituição Federal; Lei da 
Política Nacional do Meio Ambiente; Código de 
Águas, Código de Pesca; etc. 
c) Sobre o valor: preocupação com as necessidades 
humanas; manutenção da qualidade da 
salubridade do meio ambiente; conservação das 
espécies; proteção das águas, do solo, das 
florestas, do ar; etc. 
Conceito legal – Meio Ambiente 
Art. 3º, I da Lei 6.938/91 - É o conjunto de condições, 
leis, influências e interações de ordem química, física e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas 
as suas formas. 
 
Conforme Celso Fiorillo, o bem ambiental é, 
portanto, um bem que tem como característica 
constitucional mais relevante ser ESSENCIAL À SADIA 
QUALIDADE DE VIDA, sendo ontologicamente de uso 
comum do povo, podendo ser desfrutado por toda e 
qualquer pessoa dentro dos limites constitucionais. 
 
1.2. Características 
Direito Ambiental é um ramo dos Direitos DIFUSOS, 
ou seja, com as seguintes características: 
- Difuso = Definido no § único, I, do Art. 81 da Lei nº. 
8.078/90, ou seja, “interesses ou direitos difusos 
assim entendidos para efeitos desse Código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que 
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas 
por circunstâncias de fato.” 
- Transindividuais = são aqueles que transcendem o 
indivíduo e, conforme Celso Fiorillo1, 
“ultrapassam o limite da esfera de direitos e 
obrigações de cunho individual” 
- De natureza indivisível = seu objeto pertence a 
todos, ao mesmo tempo em que não há um 
titular definido. Não há, por exemplo, como 
dividir a boa qualidade do ar, defender um meio 
ambiente parcialmente limpo, etc. 
- Titulado por pessoas indeterminadas, ligadas por 
circunstâncias de fato = os indivíduos tutelados e 
afetados não podem ser divididos em classes, por 
exemplo. A proteção do meio ambiente é para 
todos, indistintamente. Supera a ideia de 
coletividade e individualidade. 
- Não pressupõe uma relação jurídica base = não há 
qualquer relação jurídica, como, por exemplo, um 
contrato, mas somente circunstâncias de fato 
que geram essa proteção. 
 
1 Celso Antônio Pacheco Fiorillo, Curso de Direito 
Ambiental Brasileiro, Saraiva, 2007, p. 6 
 
 
 
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OS: 0148/9/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
 
1.3. Classificação 
Direito Ambiental é direito de 3ª geração ou 
dimensão. Pode se chamar dessas duas maneiras. 
Apesar de parecer simples, essa característica é 
cobrada em diversos concursos. Portanto, lembre-se: 
Os direitos de 1ª geração são relacionados ao campo 
da propriedade privada, com abstenção do Estado. São os 
direitos de proteção às liberdades públicas. Sendo 
exemplos: o direito à liberdade, à propriedade, ao voto, à 
vida, à livre manifestação, etc. 
Os direitos de 2ª geração são chamados direitos 
sociais, culturais e econômicos. O Estado deixa de ser um 
simples espectador e passa a intervir para melhorar as 
condições do ser humano. Afinal essa é sua principal razão 
de ser. São eles: o direito ao trabalho, à educação, à greve, 
à saúde, etc. 
Os direitos de 3ª geração são conhecidos como 
direitos da solidariedade ou fraternidade, sempre voltados 
à proteção da coletividade. Juntamente com o Direito 
Ambiental, temos o direito à comunicação, ao crescimento 
econômico e ao desenvolvimento sustentável. 
 
1.4. Espécies de Meio Ambiente 
Conforme definido pela legislação brasileira, 
especificamente na Lei nº. 6.938/81, Lei da Política Nacional 
de Meio Ambiente, Meio Ambiente é o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas. 
Lei nº. 6.938/81: 
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, 
entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas; 
Contudo, não podemos pensar que somente existe 
fauna e flora a serem tratados pelo Direito Ambiental, 
senão vejamos: 
Meio Ambiente Natural: é formado pelas águas, 
solo, subsolo, fauna e flora. Há proteção dessa espécie de 
meio ambiente em diversas leis brasileiras, resoluções do 
CONAMA e na própria Constituição Federal, em seu Art. 
225, especialmente. 
Constituição Federal - Art. 225. Todos têm 
direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse 
direito, incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos 
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies 
e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do 
patrimônio genético do País e fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, 
espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na 
forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua 
função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais 
fica obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com solução técnica exigida 
pelo órgão público competente, na forma da lei. 
Repito: muitas vezes, alunos, servidores públicos, 
agentes políticos e pessoas da sociedade em geral pensam 
que Direito Ambiental ou do Meio Ambiente somente 
discute fauna e flora. Esse pensamento está totalmente 
equivocado! 
Meio Ambiente Cultural: sua definição está prevista 
no Art. 216 da Carta Magna. 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural 
brasileiro os bens de natureza material e imaterial,tomados individualmente ou em conjunto, 
portadores de referência à identidade, à ação, à 
memória dos diferentes grupos formadores da 
sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e 
tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações 
e demais espaços destinados às manifestações 
artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor 
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico. 
 
 
 
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Para Flávio Ahmed2 “o patrimônio corresponde ao 
acervo de valores que não se relacionam propriamente com 
monumentos, mas que servem de expressão de sua 
grandiloquência coletiva e singular, o que transborda 
também em consolidações setorizadas que traduzem 
expressões universais da cultura através de modos 
regionais.” 
Meio Ambiente Artificial: é o espaço urbano 
formado pelas construções, ou seja, é o espaço natural que 
foi alterado pelo homem, objetivando melhorar suas 
condições de vida nesse planeta. Está muito relacionado à 
ideia das cidades e urbanização. Tratado na graduação mais 
especificamente na disciplina de Direito Urbanístico como 
um viés de Direito Administrativo. 
Meio Ambiente do Trabalho: considerando que o 
local de trabalho é o espaço onde as pessoas mais passam 
seu tempo durante o dia, o Direito não poderia deixar de 
tutelá-lo. É o local onde as pessoas exercem suas atividades 
profissionais, independentemente de serem remuneradas 
ou não. A principal preocupação do Estado relaciona-se à 
salubridade do local e à tentativa de se evitar acidentes e 
doenças consequentes do exercício laboral. Existem autores 
que defendem que essa espécie de meio ambiente deve ser 
tutelada nas normas de Direito do Trabalho e não Direito 
Ambiental. 
Para Samir Murad3 “o meio ambiente do trabalho 
saudável e com qualidade de vida é direito de todo 
trabalhador, portanto tem forte característica de direito 
transindividual ao mesmo tempo que trata de um interesse 
difuso.” 
DICAS: 
1. Se a questão for objetiva, marque o item que 
afirma ser o Direito Ambiental um ramo do Direito Público. 
2. Se a questão contemplar essa discussão (de 
superar a divisão entre público e privado) ou for subjetiva 
atente e comente essa característica do Direito Ambiental 
(ser metaindividual) que será tratada mais adiante. Na 
verdade essa discussão tem importância acadêmica. 
3. Já existem autores que tratam de direitos de 4ª e 
5ª gerações. Assim, se a questão for subjetiva não deixe de 
comentar isso. 
4. No caso de uma questão subjetiva é bem melhor 
você usar a expressão “dimensão” do que “geração” porque 
a primeira dá uma ideia de que os direitos anteriores foram 
incorporados pelos atuais de forma a atender o 
desenvolvimento da sociedade, enquanto que a segunda 
expressão (geração) leva à ideia de que um direito superou 
 
2 Flávio Ahmed, Cidades Sustentáveis no Brasil e sua Tutela 
Jurídica, Lúmen Júris, 2009, p. 16. 
3 Samir Jorge Murad, Cidades Sustentáveis no Brasil e sua 
Tutela Jurídica, Lúmen Júris, 2009, p. 142. 
outro e ainda ficou em seu lugar. Portanto, use a expressão 
dimensão! 
5. A grande maioria das questões de concursos 
relaciona-se ao meio ambiente natural, mas você não pode 
esquecer as outras espécies. 
 
1.5. Objeto do Direito Ambiental 
Objeto jurídico. 
O objeto do Direito Ambiental é a harmonização da 
natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas e da 
sadia qualidade de vida para que o homem possa se 
desenvolver plenamente. Restaurar, conservar e preservar 
são metas a serem alcançadas através deste ramo do 
Direito, com a participação popular. 
O objetivo da proteção do presente tipo penal é o de 
reprimir os atentados contra os animais. O ser humano 
deve respeitar os demais seres da natura e evitar-lhes o 
sofrimento desnecessário. A crueldade avilta o homem e faz 
sofrer, desnecessariamente o animal. O objetivo da norma é 
buscar que tais fatos não se tornem rotineiros e 
tacitamente admitidos pela sociedade. 
 
Objeto Material. 
Entendido como a coisa sobre que recai a conduta 
do sujeito ativo; é a noção jurídica de meio ambiente 
prevista no art. 3º, inciso I, da Lei n.º 6.938/81. 
 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 
Antes de iniciarmos esse item devemos observar que 
esse assunto é extremamente cobrado em provas de todos 
os concursos. Portanto, atenção! 
Esses princípios estão dispostos na Constituição 
Federal Brasileira, bem como em Tratados Internacionais. 
Como o Direito Ambiental é uma disciplina relativamente 
nova e sua cobrança em concursos é mais recente ainda, 
esses princípios são muito cobrados. Vale ressaltar que eles 
(os princípios) é que dão autonomia a essa disciplina. 
Também se deve observar que há um tratamento 
diferenciado dos doutrinadores em relação aos princípios. 
Alguns autores elencam um número maior, outros nem 
tanto. Há autores que mudam os nomes de princípios, 
contudo a definição para alcançar seus objetivos você pode 
ter agora: 
 
2.1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável ou 
Desenvolvimento Sustentado 
É o mais cobrado nas provas porque é 
intrinsecamente ligado ao Direito Ambiental. Desde 1972, 
em Estocolmo, na Conferência Mundial de Meio Ambiente, 
 
 
 
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foi utilizada essa nomenclatura. Você verá como existem 
questões que cobram essa matéria, bem como há farta 
jurisprudência sobre esse assunto específico. 
Esse princípio está previsto no caput do Art. 225 da 
Constituição Federal, veja: 
Constituição Federal - Art. 225. Todos têm 
direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
Provavelmente, todas as vezes que existir essa 
expressão: ”presentes e futuras gerações” o enunciado 
estará relacionando-se a este princípio. 
O Princípio do Desenvolvimento Sustentável afirma 
que o desenvolvimento da sociedade, no que se refere ao 
crescimento econômico, populacional, entre outros, deve 
permitir que as gerações vindouras (nossos filhos e netos) 
também possam ter acesso aos recursos naturais que são 
imprescindíveis a este crescimento. 
Expressando-se de forma mais simples, por esse 
princípio a humanidade, através de seus representantes, 
deve crescer e desenvolver-se de modo que as gerações 
futuras também possam ter atendidas suas necessidades 
vitais básicas e possam, também, crescer e desenvolver-se. 
Observe que esse princípio é muitas vezes utilizado 
pelo Poder Judiciário para embargar obras ou atividades, 
mas ele de nenhuma maneira tem por objetivo estagnar o 
desenvolvimento ou o crescimento social. 
 
2.2. O Poluidor Pagador e o Usuário Pagador 
O Princípio do Poluidor Pagador é um dos mais 
importantes e polêmicos da seara ambiental, especialmente 
porque está relacionado diretamente com questões 
financeiras, sempre elevando os gastos de investimentos ou 
custos da produção de um empreendedor. Em tempos de 
crise econômica, como os atuais, suas tratativas sempre são 
delicadas. 
Tratando desse tema, o Procurador do estado de 
Pernambuco, Antônio Figueredo Guerra Beltrão, defende: 
Pode-se afirmar que toda poluição gera um custo 
ambiental para a sociedade. O princípio do 
poluidor-pagador consiste no dever dopoluidor de 
pagar por este custo ambiental, seja de forma 
preventiva, por meio de investimentos em 
tecnologia e de outros mecanismos, seja por meio 
de medidas reparadoras, quando o dano ambiental 
já ocorreu. (BELTRÃO, 2009) 
 
Através desse entendimento, as pessoas, seja física 
ou jurídica, que causem alguma espécie de poluição, 
independentemente de serem de direito público ou 
privado, devem pagar os custos das medidas que sejam 
necessárias para eliminar a contaminação causada por elas 
ou o necessário para reduzi-la ao limite fixado pelos 
padrões ou medidas equivalentes que assegurem a 
qualidade de vida, especialmente os fixados pelo Poder 
Público competente. 
O § 3º do Art. 225 da Constituição Federal Brasileira 
também prevê esse princípio: 
§ 3º As condutas consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão aos infratores, pessoa físicas 
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
 
Para Aloisio Pereira Neto, “quem polui tem que arcar 
com todas as despesas de prevenção da poluição ou gastos 
com diminuição da poluição causada por suas atividades. 
Esse princípio não legitima a poluição a qualquer preço.” 
Vale ressaltar que, no Brasil, a Lei Nº. 6.938, de 
31.8.1981, nomeada como Política Nacional do Meio 
Ambiente, em seu artigo 4º, VII, dispõe que essa política, ou 
seja, a de tutela do meio ambiente, visará à imposição, ao 
usuário, da contribuição pela utilização de recursos 
ambientais com fins econômicos, bem como à imposição ao 
poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou 
indenizar os danos causados. 
Muitas vezes esse princípio foi interpretado de 
forma equivocada, traduzindo uma possível permissão para 
se poder poluir. Sobre esse assunto, especificamente, Celso 
Fiorillo assim afirma: 
Não traz como indicativo “pagar para poder 
poluir“, “poluir mediante pagamento” ou “pagar 
para evitar a contaminação”. Não se podem buscar 
através dele formas de contornar a reparação do 
dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato 
poluidor, como se alguém pudesse afirmar: “poluo, 
mas pago”. O seu conteúdo é bastante distinto. 
Podemos identificar no princípio do poluidor-
pagador duas órbitas de alcance: a) busca evitar a 
ocorrência de danos ambientais (caráter 
preventivo); e b) ocorrido dano, visa sua reparação 
(caráter repressivo). (FIORILLO, 2009b) 
 
Sobre o Princípio do Usuário Pagador o mesmo autor 
afirma que esse princípio guarda mais um conteúdo voltado 
para a educação ambiental do que propriamente para os 
critérios organizadores da responsabilização por danos 
causados ao meio ambiente. (FIORILLO, 2009c) 
 
 
 
 
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Já o Princípio do Usuário Pagador, conforme Antônio 
Beltrão é: 
Consiste na cobrança de um valor econômico pela 
utilização de um bem ambiental. Diferentemente 
do princípio do poluidor-pagador, que tem uma 
natureza reparatória e punitiva, o princípio do 
usuário-pagador possui uma natureza meramente 
remuneratória pela outorga do direito de uso de 
um recurso natural. Não há ilicitude, infração. 
(BELTRÃO, 2009b) 
 
Na mesma linha de entendimento segue Édis Milaré 
quando afirma em sua obra que: 
O princípio não objetiva, por certo, tolerar a 
poluição mediante um preço, nem se limita apenas 
a compensar os danos causados, mas sim, 
precisamente, evitar o dano ao ambiente. Trata-se 
do princípio poluidor-pagador (poluiu paga os 
danos), e não pagador-poluidor (pagou então pode 
poluir). (MILARÉ, 2009b) 
 
Em relação à incidência do princípio, Maria Luiza 
Machado Granziera afirma que: 
O princípio poluidor pagador, então, incide em 
duas órbitas: (1) no conjunto de ações voltadas à 
prevenção do dano, a cargo do empreendedor, e 
(2) na sua responsabilidade administrativa, penal e 
civil pela eventual ocorrência de dano, conforme 
determina o § 3º do art. 225 da Constituição 
Federal e legislação infraconstitucional. 
(GRANZIERA,2009) 
 
A mesma autora, diferenciando os dois princípios, 
continua afirmando que “o do Usuário Pagador refere-se ao 
uso autorizado de um recurso ambiental, observadas as 
normas vigentes, inclusive os padrões legalmente fixados. A 
título de exemplo, a cobrança pelo uso de recursos hídricos, 
prevista no art.19 da Lei n º 9.433/97.” (GRANZIERA, 2009b) 
2.3. Princípios da Prevenção e Precaução 
São, juntamente com os dois princípios anteriores, 
uns dos quatro mais importantes para essa matéria em 
nível de concursos. Na verdade podem ser divididos, apesar 
da maioria dos doutrinadores utilizarem como se fosse 
somente um princípio. 
A Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio 
Ambiente dispõe em seu Princípio 15: 
“Para proteger o meio ambiente medidas de 
prevenção devem ser largamente aplicadas pelos 
Estados segundo suas capacidades. Em caso de 
risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência 
de certeza científica absoluta não deve servir de 
pretexto para procrastinar a adoção de medidas 
efetivas visando a prevenir a degradação do meio 
ambiente.” 
Constituição Federal - Art. 225. Todos têm 
direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
Apesar de serem sinônimos na língua portuguesa, 
prevenção e precaução foram tratados distintamente pelo 
Direito Ambiental. 
Pelo Princípio da Prevenção, ocorrendo uma análise 
prévia dos impactos que uma atividade ou 
empreendimento possam causar aos bens ambientais, é 
possível modificar o projeto, concretizar sua realização, não 
causando danos ao meio ambiente. 
Já o Princípio da Precaução visa dar proteção ao 
meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Por 
este Princípio não se deve licenciar uma atividade toda vez 
que não se tenha certeza de que ela não vai causar danos 
irreversíveis ao ambiente. 
 
2.4. Princípio da Participação 
Por esse princípio temos que TODOS devem agir em 
prol do meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
Quando o Art. 225 da Constituição Federal dispõe 
que se impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defender o meio ambiente nossa Lei Maior afirma que 
todos devem agir, obrigatoriamente e em conjunto, em prol 
da tutela dos bens ambientais. 
 
2.5. Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal 
O Estado deve participar de todo o processo de 
licenciamento ambiental, intervindo em todas as fases do 
processo. Seja na atuação preventiva ou repressiva, o Poder 
Público obrigatoriamente deve agir para prevenir danos e 
punir quem degrada o meio ambiente. 
 
2.6. Princípio da Informação e da Notificação 
Por esse princípio todos têm o direito a serem 
informados acerca de seus processos e procedimentos que 
tramitam relacionados ao meio ambiente. 
A Política Nacional de Meio Ambiente dispõe: 
Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, bem como as fundações instituídas 
pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e 
melhoria da qualidade ambiental, constituirão o 
 
 
 
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Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, 
assim estruturado: 
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e 
locais mencionados neste artigo deverão fornecer 
os resultados das análises efetuadas e sua 
fundamentação, quando solicitados por pessoa 
legitimamente interessada. 
 Art. 10 - A construção, instalação, ampliaçãoe 
funcionamento de estabelecimentos e atividades 
utilizadoras de recursos ambientais, considerados 
efetiva e potencialmente poluidores, bem como os 
capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, dependerão de prévio 
licenciamento de órgão estadual competente, 
integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente 
- SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, 
em caráter supletivo, sem prejuízo de outras 
licenças exigíveis. 
§ 1º - Os pedidos de licenciamento, sua 
renovação e a respectiva concessão serão 
publicados no jornal oficial do Estado, bem como 
em um periódico regional ou local de grande 
circulação. 
Para Antônio Beltrão4 “para que a oportunidade para 
participação pública seja efetiva, faz-se fundamental que a 
administração pública assegure previamente ao público em 
geral o direito de acesso a todas as informações, dados e 
estudos existentes relativos ao tema em análise”. 
Ressalta-se que o Art. 220 da Constituição Federal 
preserva a liberdade de informar e o direito de ser 
informado. 
 
2.7. Princípio da Educação Ambiental 
A educação ambiental ainda é a grande esperança 
por uma mudança de atitude. 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse 
direito, incumbe ao Poder Público: 
VI - promover a educação ambiental em todos 
os níveis de ensino e a conscientização pública para 
a preservação do meio ambiente. 
 
Ainda existe a Lei nº. 9.795/99 que é a Política 
Nacional de Educação Ambiental. 
 
4 Antônio Figueredo Guerra Beltrão, Curso de Direito 
Ambiental, Ed. Método, 2009, p. 40. 
Deve-se ter em mente que não se estuda meio 
ambiente dissociado de outras disciplinas, pelo contrário. 
Ao estudar outras matérias, o aluno deve ser estimulado a 
discutir e tratar a temática ambiental dentro de sua vida 
diária. 
DICAS: 
1. São enormes as chances de surgirem questões que 
tratam desses princípios, seja qual for o concurso. 
2. Os quatro primeiros princípios (Desenvolvimento 
Sustentável, Poluidor Pagador, Prevenção e Precaução) são 
os mais cobrados e relacionados à temática ambiental 
atual. 
3. Quando se falar em gerações atuais e futuras 
provavelmente está sendo discutido o Princípio do 
Desenvolvimento Sustentável. 
4. O Princípio do Poluidor Pagador não dá direito a 
ninguém, nem mesmo a nação mais rica do planeta a poluir 
sem qualquer controle. 
5. No nível das questões de concursos analisadas, O 
Princípio da Prevenção ou Precaução é tratado como se 
fosse a mesma coisa, contudo se você for aprofundar seus 
estudos nessa matéria verá que há diferenças entre esses 
termos. 
6. Esses princípios do Direito Ambiental são muito 
utilizados nos julgamentos dos tribunais, especialmente dos 
superiores. 
 
3. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL E A COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL 
A Constituição Federal brasileira de 1988 é um 
marco na defesa dos direitos e interesses ambientais ao 
dispor em diferentes títulos e capítulos sobre a necessidade 
de preservação do meio ambiente para as presentes e 
futuras gerações. Além disso, é a primeira vez em que a 
expressão “meio ambiente” aparece em uma Constituição 
brasileira. 
Em capítulo específico, o de número “VI”, diversos 
são os conceitos e princípios inovadores trazidos pela Carta 
Magna que norteiam o direito ambiental brasileiro. O texto 
constitucional inova também quando divide a 
responsabilidade pela defesa do meio ambiente entre o 
Poder Público e à coletividade, ampliando sobremaneira a 
importância da sociedade civil organizada e, portanto, 
também reforçando o seu título de “constituição cidadã”. 
A seguir serão expostos alguns dos principais temas 
relacionados ao meio ambiente trazidos pela Constituição 
Federal de 1988. 
 
 
 
 
 
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Segundo o art. 225, caput, da CF/88: 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para 
as presentes e futuras gerações. 
 
O artigo supracitado atribui a todos, 
indefinidamente, ou seja, qualquer cidadão residente no 
país, o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. Cria, portanto, um direito individualizado no 
sentido de que pertence a cada indivíduo, um verdadeiro 
direito subjetivo. Tal direito é ao mesmo tempo indivisível, 
significando que a satisfação do direito para uma pessoa, 
beneficia a coletividade. Logo, as implicações jurídicas deste 
direito de natureza tão especial acabam refletindo em 
outras áreas clássicas, como o direito da propriedade, civil, 
administrativo, processual, dentre outras. Limitações na 
utilização da propriedade como, por exemplo, áreas de 
preservação permanente e reserva legal, são reflexos da 
consagração deste direito ao meio ambiente como 
indivisível e ao mesmo tempo de todos, legitimando 
cidadãos a proporem ações populares que visem anular ato 
lesivo ao meio ambiente. 
 
AÇÃO POPULAR E AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Tendo em vista as peculiaridades do direito 
ambiental, a própria Constituição consagra os mecanismos 
de defesa do bem ambiental. Assim, dispôs o art. 5º, inc. 
LXXIII, da CF/88: 
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação 
popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus 
da sucumbência. 
Em relação à Ação Civil Pública, a CF/88 em seu art. 
129, inc. III, atribui como função institucional do Ministério 
Público “promover o inquérito civil e a ação civil pública, 
para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.” 
Acontece, porém, que conforme relatado em tópico 
anterior, o art. 225, caput, da CF/88 impôs à coletividade o 
dever de preservação e defesa do meio ambiente. Não 
apareceu no texto constitucional, contudo, instrumento 
jurídico específico que legitimasse a sociedade civil 
organizada como instrumento auxiliar do dever imposto 
pela própria Constituição, estando prevista apenas na Lei 
7.347/85 (da Ação Civil Pública) a legitimação das 
associações civis para a propositura da ação civil pública. O 
texto constitucional apenas reitera a importância da 
participação da sociedade, pela utilização do termo 
“coletividade”, no dever de defesa e preservação do meio 
ambiente. 
 
NOÇÕES DE PATRIMÔNIO NACIONAL 
O art. 225, § 4º, da CF/88 optou por diferenciar 
alguns biomas conferindo-lhes especial importância e 
definindo-os como sendo patrimônio nacional: 
A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, 
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a 
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos 
naturais. 
 
Esta designação não implicou na desapropriação das 
propriedades privadas e a consequente incorporação das 
áreas como sendo integrantes do patrimônio público. A 
especial proteção constitucional destas áreas se deve 
apenas aos seus atributos e funções ecológicas que 
justificam algo semelhante à noção do princípio de direitointernacional ambiental denominado common concern of 
humankind. Em outras palavras, diante das características 
de determinados biomas, ainda que admita-se a 
propriedade privada, o seu usufruto deve levar em conta as 
funções e relevância ambiental para toda coletividade 
inclusive, o próprio proprietário. Também não significou 
que outras áreas, ainda que não mencionadas pela 
Constituição, não mereçam as medidas de defesa e 
proteção do meio ambiente. Antunes explora o tema: 
De fato, a Constituição não determinou uma 
desapropriação dos bens mencionados no §4º, porém, 
reconheceu que as relações de Direito Privado, de 
propriedade e, mesmo de Direito Público, existentes 
sobre tais bens devem ser exercidas com cautelas 
especiais. Estas cautelas especiais justificam-se e 
fundamentam-se, na medida em que os bens 
ambientais estão submetidos a um regime jurídico 
especial, pois a fruição dos seus benefícios 
genericamente considerados (que é de toda a 
coletividade) não pode ser limitada pelos detentores de 
um dos diversos direitos que sobre eles incidem. Não é, 
contudo, apenas neste particular que se manifesta o 
contorno do direito de propriedade. Uma de suas 
principais características, certamente, é a 
obrigatoriedade da manutenção e preservação da 
função ecológica. Tem-se, portanto, que o direito de 
propriedade privada sobre os bens ambientais, não se 
exerce apenas no benefício do seu titular, mas em 
benefício da coletividade. 
 
 
 
 
 
 
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4. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA 
AMBIENTAL 
A Constituição Federal de 1988 cria uma federação 
com três níveis de governo: federal, estadual e municipal. 
Dentro deste modelo, aparentemente descentralizador, a 
Carta Magna estabelece um complexo sistema de 
repartição de competências legislativas e executivas. É 
justamente neste particular que reside uma das questões 
mais conflitantes do direito ambiental: a divisão de 
competências entre os diferentes entes da federação em 
matéria de legislação e execução de políticas ambientais. 
Preceitos de competência privativa, concorrente e 
suplementar ao mesmo tempo em que são elucidados pelo 
texto constitucional, se sobrepõem e geram incertezas 
práticas, constituindo-se muitas vezes em obstáculos de 
difícil transposição no campo processual. Infelizmente, a 
consequência nefasta de um sistema de competências 
confuso pode acarretar em irreparável dano ao meio 
ambiente. 
O assunto de competência legislativa e material das 
normas ambientais é, também, um dos mais cobrados em 
concursos. Vamos tentar facilitar e objetivar esse 
entendimento. 
 
4.1. Competência Legislativa 
A competência para criar leis ambientais, no Brasil, é 
concorrente. 
Essa “concorrência” não significa uma situação 
análoga à disputa comercial a qual estamos acostumados a 
presenciar, mas significa complementariedade. À União 
caberá criar as normas de interesse geral e aos Estados e ao 
Distrito Federal suplementar (complementar) essas normas. 
A Constituição Federal assim dispõe: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao 
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação 
da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, 
proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, 
artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio 
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
 
Portanto, resta claro que existem normas Federais, 
Estaduais e até Municipais de tutela do Meio Ambiente, 
como iremos ver adiante, pois: 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no 
que couber; 
 
4.2. Competência Material 
A competência para a defesa administrativa do meio 
ambiente é, por sua vez, comum. 
Assim, todos os entes podem e devem exercer a 
fiscalização das atividades e obras que podem causar danos 
ao meio ambiente. Inclusive um ente poderá utilizar normas 
legais de outro para efetivar essa fiscalização e, 
consequentemente, aplicar uma possível punição. 
Nossa Carta Magna dispõe: 
Art. 23. É competência comum da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
VI - proteger o meio ambiente e combater a 
poluição em qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
 
Por conta de essas competências serem definidas 
dessa forma na Constituição Federal, é que temos caso de 
atividades serem licenciadas por órgãos estaduais e serem 
embargadas pelo órgão federal ou, ainda, atividades serem 
licenciadas pelos municípios e o órgão estadual vir e 
impedir seu funcionamento, por exemplo. No caso de dois 
autos, prevalecerá o do órgão competente para licenciar a 
atividade. 
O contrário também pode acontecer, ou seja, nada 
impede de um órgão municipal embargar uma atividade 
licenciada pelo órgão federal, desde que os interesses locais 
do município estejam sendo desrespeitados em matéria 
ambiental. 
 
Resumindo: 
Objetivo Espécie Fundamento 
Constitucional 
Competência 
para Legislar 
sobre Meio 
Ambiente 
 
Concorrente 
 
Artigos 24, I, VI 
e 30 , I e II 
Competência 
para Proteger o 
Meio Ambiente 
Comum a 
todos os 
Entes 
Artigo 23, VI e 
VII 
 
 
 
 
 
 
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DICAS: 
1. As normas adotadas pela União devem ser 
complementadas pelos Estados, o Distrito Federal e pelos 
Municípios, se for o caso. 
2. Os Municípios podem e devem legislar plenamente 
em caso de omissão de lei federal ou estadual e quando 
houver “interesse local”. 
3. Havendo normas federais ou estaduais sobre o 
mesmo assunto, a legislação municipal deve ser aplicada 
somente se for mais protecionista em favor do meio 
ambiente e estritamente em interesse local do município e 
dentro de seus limites territoriais. 
4. Esse “interesse local” deve ser analisado 
concretamente caso a caso. 
5. Para ser aplicada a lei municipal quando houver 
outras normas, aquela deve ser mais restritiva em favor da 
proteção ambiental. 
6. Geralmente, se o concurso é federal, há uma 
chance maior de se defenderem a competência federal. 
7. No caso da norma municipal contrariar outra 
federal ou estadual aquela torna-se ilegal. 
 
4.3. Artigo 225 – Caput - O Capítulo do Meio Ambiente na 
Constituição Federal 
Nosso capítulo do Meio Ambiente na Constituição 
Federal dispõe: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade e 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações. 
 
A expressão “todos tem direito” relaciona-se ao 
caráter difuso do Direito Ambiental, ou seja, os 
destinatários dessas normas são todas as pessoas, não 
somente uma coletividade, uma parcela da população ou 
um indivíduo. 
 “Meio Ambiente” refere-se a todas as formas já 
tratadas, ou seja, Meio Ambiente Natural, Artificial, Cultural 
e do Trabalho. 
O termo “Ecologicamente Equilibrado” nos remete 
ao Princípio do Desenvolvimento Sustentável, que é a busca 
de todos que desejam ter uma qualidade de vida, sempre 
lembrando as futuras gerações a fim de que estas também 
tenham acesso aos bem ambientais. 
Lembre-se que os bens ambientais são de uso 
comum do povo e não da União ou do Poder Público comomuitas vezes somos levados a crer. 
 
Pelo Princípio da Participação, impõe-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de preservar esses bens. 
 
4.3.1. Comentários acerca dos incisos I ao VII do § 1º do 
Art. 225 da CF. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, 
incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos 
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies 
e ecossistemas; 
Preservar e restaurar são processos diferentes. O 
primeiro relaciona-se a um agir antecipado, precaver-se a 
fim de evitar algum dano. O segundo significa restabelecer 
ao estado anterior algo que foi degradado. Significa 
recuperar aquilo que foi atingido, degradado. 
II - preservar a diversidade e a integridade do 
patrimônio genético do País e fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
A Lei que trata dessa matéria é de nº. 11.105/05. 
Apesar a ação proposta no Supremo Tribunal Federal contra 
essa Lei, a Corte Maior de nosso país julgou pela sua 
validade e a mesma está em vigor. 
III - definir, em todas as unidades da Federação, 
espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
Cuidado com este inciso, pois o mesmo é tratado em 
diversas questões de concursos. Esse texto refere-se às 
Unidades de Conservação do Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação – SNUC – Lei nº. 9.985/00, que trataremos 
mais adiante. 
O que se deve observar atentamente é que a criação 
das Unidades de Conservação pode ser feita por Lei, 
Decreto, Medidas Provisórias (apesar de ser um absurdo 
jurídico) ou qualquer outra norma legal. Inclusive pode 
partir do proprietário do imóvel, como no caso da Reservas 
Particulares. Contudo, depois de criada, uma unidade de 
conservação somente pode ser ALTERADA ou SUPRIMIDA 
mediante lei. 
Assim: 
Unidade de Conservação Meio de concretização do ato 
Criação Por qualquer instrumento legal 
Alteração Somente através de Lei 
Supressão Somente através de Lei 
 
 
 
 
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IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra 
ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
A exigência do Estudo Prévio de Impacto Ambiental e 
seus respectivos relatórios (EIA/RIMA) dependem de Lei. 
Interessante observar que esses estudos são públicos, ou 
seja, qualquer pessoa pode ter acesso aos mesmos, 
independentemente de uma justificação prévia. 
Outra observação: não devemos esquecer é que o 
EIA não faz parte do processo de Licenciamento Ambiental. 
Na verdade, ele é prévio à expedição da licença. 
V - controlar a produção, a comercialização e o 
emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e 
o meio ambiente; 
Cabe ao Poder Público exercer essa fiscalização e a 
sociedade apóia-lo nesse mister. 
VI - promover a educação ambiental em todos os 
níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente; 
A educação ambiental é a maior esperança para a 
solução dessa problemática que o Planeta Terra sofre. 
Portanto, questões relacionadas a esses conceitos e a essa 
temática podem ser cobradas em concursos de qualquer 
área em nosso país. Importante lembrar que a educação 
ambiental deve ser promovida em TODOS os níveis de 
ensino e não somente para as crianças. 
Há estudiosos que defendem a ideia de ensinar 
educação ambiental não como uma disciplina única nas 
grades curriculares, mas que essa disciplina deve ser 
introduzida em todas as outras. Por exemplo, ao ministrar 
uma aula de matemática ou física o professor pode utilizar 
bens ambientais para ilustrar suas fórmulas. Talvez a aula se 
torne até mais interessante do que as ministradas nos 
moldes normais. 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma 
da lei, as práticas que coloquem em risco sua 
função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade. 
Inciso destinado ao meio ambiente natural e disciplinado 
pela Lei de Crimes Ambientais nº. 9.605/98. O que temos a 
comentar é que a Lei tutela qualquer espécie de animal e 
não somente as espécies que estão ameaçadas de extinção. 
Tanto os animais silvestres como os domesticados são 
protegidos de maus tratos por nossas leis. 
 
4.3.2. Comentários sobre os Parágrafos do Artigo 225 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica 
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, 
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão 
público competente, na forma da lei. 
Este parágrafo relaciona-se ao Princípio do Poluidor 
Pagador já analisado. 
Importante observar que, muitas vezes, os gestores 
públicos que lidam com a matéria ambiental somente 
realizam os termos de ajustamento de conduta com os 
empreendedores (o conhecido TAC) quando os poluidores 
ou supostos degradadores, previamente, recuperam o bem 
ambiental. 
Inclusive, a transação penal nos crimes ambientais, 
quando esta pode ser feita nos moldes de Lei dos Juizados 
Especiais, somente pode ser feita pelo Ministério Público 
quando o bem degradado for prévia e devidamente 
recuperado. A única exceção de se realizar uma transação 
penal sem essa recuperação prévia é quando a recuperação 
é impossível de ser feita. 
Assim dispõe o Art. 27 da Lei nº 9.605/98: 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor 
potencial ofensivo, a proposta de aplicação 
imediata de pena restritiva de direitos ou multa, 
prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de 
setembro de 1995, somente poderá ser formulada 
desde que tenha havido a prévia composição do 
dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma 
lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação 
de reparar os danos causados. 
 
Esse é um dos assuntos mais cobrados em 
concursos. Trata-se da responsabilidade objetiva em 
matéria ambiental. 
A obrigação de indenizar INDEPENDE DE CULPA, ou 
seja, há a responsabilidade objetiva e a aplicação da Teoria 
do Risco Integral. Esse assunto será tratado mais adiante, 
mas já podemos adiantar e alertar que essa espécie de 
responsabilidade (objetiva) somente existe na esfera cível, 
mas nunca na penal. Além disso, nunca esqueça que todos 
os outros critérios de análise da responsabilidade como 
autoria, nexo de causalidade e dano efetivo continuam 
presentes. 
 
4.3.3. O Patrimônio Nacional 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata 
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio 
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, 
dentro de condições que assegurem a preservação 
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos 
recursos naturais. 
Esse parágrafo é taxativo e “decorativo”, por isso é 
muito cobrado nas questões objetivas dos concursos. 
 
 
 
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Contudo, devemos observar, basicamente, o 
seguinte: a Caatinga (característica da região Nordeste do 
Brasil) pode ser um ecossistema mais facilmente cobrado 
em questões de provas dessa região do país; o Pampa 
(havendo o mesmo raciocínio para a Região Sul de nosso 
país) e o Cerrado NÃO FAZEM PARTE do roldos 
patrimônios nacionais. Há um projeto de Emenda 
Constitucional para incluir esses dois ecossistemas no rol 
daqueles que fazem parte do patrimônio nacional, porém, 
até a presente data, a mesma não foi votada e o § 4º 
continua com o texto acima transcrito. 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou 
arrecadadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
As terras devolutas são impossíveis de serem 
usucapidas, e podem ser tratadas nas questões de Direito 
Constitucional, Administrativo ou Civil (Direitos Reais) Não 
confunda terras devolutas com áreas de preservação 
permanentes (tratadas no Código Florestal) ou com as 
unidades de conservação (tratadas na Lei do SNUC) 
 
4.3.4. A Peculiaridade das Usinas Nucleares no Brasil 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear 
deverão ter sua localização definida em lei federal, 
sem o que não poderão ser instaladas. 
Sempre que a questão tratar de matéria nuclear ou 
radioativa relacione esse empreendimento à tutela da 
UNIÃO. Seja no aspecto do licenciamento ambiental, na 
análise dos Estudos de Impacto Ambiental ou na definição 
de sua localização, essa matéria é de competência da União. 
Esse parágrafo relaciona-se com o disposto no Art. 
21 da Carta Magna, inciso XXIII, letra “a” que dispõe: 
Art. 21. Compete à União: 
XXIII - explorar os serviços e instalações 
nucleares de qualquer natureza e exercer 
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o 
enriquecimento e reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios nucleares 
e seus derivados, atendidos os seguintes princípios 
e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional 
somente será admitida para fins pacíficos e 
mediante aprovação do Congresso Nacional. 
DICAS: 
1. O Art. 225 da CF é considerado o capítulo do meio 
ambiente, então esse texto é muito cobrado nas provas de 
concursos de todas as carreiras, bem como no Exame de 
Ordem. 
2. Conforme explicado detalhadamente, saiba 
relacionar cada parte do caput do Art. 225 da CF com os 
Princípios do Direito Ambiental. 
3. No §2º não se esqueça de relacioná-lo ao Princípio 
do Poluidor Pagador e lembre-se que, mesmo pagando, não 
há o direito de ninguém poluir deliberadamente e sem 
limites. 
4. O § 3º trata da famosa responsabilidade objetiva 
por danos ambientais, sendo essa espécie de 
responsabilidade somente na esfera cível, nunca na penal! 
Relaciona-se, também, à Teoria do Risco Integral. 
5. O § 4º é totalmente “decorativo” e temos diversos 
exemplos de questões que querem “pegar” o candidato 
levando-o a erro, pois incluem patrimônios ambientais ou 
ecossistemas famosos mas que não fazem parte desse rol 
taxativo do § 4º do Art. 225. Somente são patrimônio 
nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, 
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona 
Costeira. 
6. Já o § 5º trata das terras devolutas deixando 
impossíveis de serem usucapidas, independente do tempo 
de posse. A Carta Magna Brasileira dispõe em seu Art. 20, I 
que as terras devolutas são bens da União, desde que sejam 
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à 
preservação ambiental, devidamente definidas em lei. 
7. O que devemos observar em relação ao último 
parágrafo é que em assunto de atividade nuclear 
(localização de usinas, licenciamento ou responsabilidade 
por danos dessa atividade) sempre deve ser relacionado 
com a União e não com os Estados, DF, ou municípios, 
devido à imposição constitucional. 
Atividade Nuclear ↔ União Federal 
 
5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
5.1. Conceito 
Licenciamento Ambiental é o procedimento 
administrativo pelo qual a administração pública, por 
intermédio do órgão ambiental competente, analisa a 
proposta apresentada para o empreendimento e o legitima, 
considerando as disposições legais e regulamentares 
aplicáveis e sua interdependência com o meio ambiente, 
emitindo a respectiva LICENÇA. 
A Lei Complementar n° 140/11 define, em seu art. 
2°, I, licenciamento ambiental como “procedimento 
administrativo destinado a licenciar atividades ou 
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, 
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob 
qualquer forma, de causar degradação ambiental.” 
O Licenciamento Ambiental visa a obtenção da 
licença ambiental, definida pela Resolução CONAMA n° 
237/97, Art. 1°, II, como: 
“ato administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente, estabelece as condições, restrições e 
 
 
 
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medidas de controle ambiental que deverão ser 
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou 
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar 
empreendimentos ou atividades utilizadoras dos 
recursos ambientais consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob 
qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental.” 
 
5.2. Natureza Jurídica 
Existe divergência doutrinária quanto à natureza 
jurídica do documento a ser expedido pelo órgão Público 
por ocasião do procedimento de licenciamento ambiental. 
Uns entendem ser uma autorização, contudo a maioria da 
doutrina defende que se trata de uma licença com 
características de autorização, devido a complexidade que 
possui a matéria ambiental. 
Vejamos a diferenciação: 
Licença Autorização 
- Vinculada e definitiva, não 
há que se falar em conveniência 
e oportunidade. 
- Envolve “direito”. 
- É ato declaratório de direito 
preexistente 
- Discricionária, 
precária, critérios de 
conveniência e 
oportunidade, 
- Envolve “interesse” 
- É ato constitutivo 
 
5.3. Espécies de Licenças - desdobramento 
- Licença Prévia é concedida pelo órgão na fase 
preliminar do planejamento do empreendimento ou 
atividade, aprovando sua localização e concepção, 
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os 
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas 
próximas fases de sua implementação; 
- Licença de Instalação é concedida pelo órgão 
competente para a instalação do empreendimento ou 
atividade de acordo com as especificações constantes dos 
planos, programas e projetos aprovados, incluindo as 
medidas de controle ambiental e demais condicionantes; 
- Licença de Operação, concedida pelo órgão para a 
operação da atividade ou empreendimento, após a 
verificação do cumprimento das exigências constantes das 
licenças anteriores e estabelecimento das medidas de 
controle ambiental e condicionantes a serem observadas 
para essa operação. 
 
5.4. Prazos das Licenças 
O órgão ambiental competente estabelecerá os 
prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os 
no respectivo documento. 
O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá 
ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de 
elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao 
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 
5 (cinco) anos. 
O da validade da Licença de Instalação (LI) deverá 
ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de 
instalação do empreendimento ou atividade, não podendo 
ser superior a 6 (seis) anos. 
O prazo de validade da Licença de Operação (LO), 
por sua vez, deverá considerar os planos de controle 
ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no 
máximo, 10 (dez) anos. 
 
Resumindo: 
Licença Prazo Máximo 
Prévia 5 anos 
Instalação 6 anos 
Operação de 4 à 10 anos 
 
5.5. Competência para Outorga 
A questão de se saber qual o órgão ou ente 
competente para realizar e analisar o processo 
administrativo de licenciamento ambiental é, em nosso 
modo de ver, o maior problemaque enfrentamos na 
advocacia ambiental. Talvez, por isso, esse assunto seja tão 
cobrado em provas e exames de ordem. 
A Constituição prevê no art.225 que a defesa do 
meio ambiente ecologicamente equilibrado incube ao 
Poder Público, indistintamente. E no art.23, ao definir a 
competência comum dos entes federados, dentre as quais a 
proteção e preservação do meio ambiente estão 
destacadas, dispõe que lei complementar deverá fixar as 
normas de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios. 
A Lei Complementar Nº 140/11, assim determina: 
Art. 7º São ações administrativas da União: - IBAMA 
I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito 
nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente; 
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no 
âmbito de suas atribuições; 
III - promover ações relacionadas à Política Nacional 
do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e 
internacional; 
IV - promover a integração de programas e ações de 
órgãos e entidades da administração pública da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, relacionados à proteção e à gestão 
ambiental; 
 
 
 
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OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
V - articular a cooperação técnica, científica e 
financeira, em apoio à Política Nacional do Meio 
Ambiente; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e 
pesquisas direcionados à proteção e à gestão 
ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
VII - promover a articulação da Política Nacional do 
Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos, 
Desenvolvimento Regional, Ordenamento 
Territorial e outras; 
VIII - organizar e manter, com a colaboração dos 
órgãos e entidades da administração pública dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o 
Sistema Nacional de Informação sobre Meio 
Ambiente (Sinima); 
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito 
nacional e regional; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes a 
serem especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em 
todos os níveis de ensino e a conscientização 
pública para a proteção do meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o 
emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida 
e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e 
empreendimentos cuja atribuição para licenciar 
ou autorizar, ambientalmente, for cometida à 
União; 
XIV - promover o licenciamento ambiental de 
empreendimentos e atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente 
no Brasil e em país limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar 
territorial, na plataforma continental ou na 
zona econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras 
indígenas; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de 
conservação instituídas pela União, exceto 
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou 
mais Estados; 
f) de caráter militar, excetuando-se do 
licenciamento ambiental, nos termos de ato 
do Poder Executivo, aqueles previstos no 
preparo e emprego das Forças Armadas, 
conforme disposto na Lei Complementar no 
97, de 9 de junho de 1999; 
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, 
beneficiar, transportar, armazenar e dispor 
material radioativo, em qualquer estágio, 
ou que utilizem energia nuclear em 
qualquer de suas formas e aplicações, 
mediante parecer da Comissão Nacional de 
Energia Nuclear (Cnen); ou 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato 
do Poder Executivo, a partir de proposição 
da Comissão Tripartite Nacional, 
assegurada a participação de um membro 
do Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(Conama), e considerados os critérios de 
porte, potencial poluidor e natureza da 
atividade ou empreendimento; 
XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, 
de florestas e formações sucessoras em: 
a) florestas públicas federais, terras devolutas 
federais ou unidades de conservação 
instituídas pela União, exceto em APAs; e 
b) atividades ou empreendimentos licenciados 
ou autorizados, ambientalmente, pela 
União; 
XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da 
flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre-
explotadas no território nacional, mediante 
laudos e estudos técnico-científicos, fomentando 
as atividades que conservem essas espécies in 
situ; 
XVII - controlar a introdução no País de espécies 
exóticas potencialmente invasoras que possam 
ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies 
nativas; 
XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie 
exótica da fauna e da flora em ecossistemas 
naturais frágeis ou protegidos; 
XIX - controlar a exportação de componentes da 
biodiversidade brasileira na forma de espécimes 
silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, 
partes ou produtos deles derivados; 
XX - controlar a apanha de espécimes da fauna 
silvestre, ovos e larvas; 
XXI - proteger a fauna migratória e as espécies 
inseridas na relação prevista no inciso XVI; 
XXII - exercer o controle ambiental da pesca em 
âmbito nacional ou regional; 
XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao 
conhecimento tradicional associado, respeitadas 
as atribuições setoriais; 
XXIV - exercer o controle ambiental sobre o 
transporte marítimo de produtos perigosos; e 
XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte 
interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos 
perigosos. 
Parágrafo único. O licenciamento dos 
empreendimentos cuja localização compreenda 
concomitantemente áreas das faixas terrestre e 
marítima da zona costeira será de atribuição da 
União exclusivamente nos casos previstos em 
 
 
 
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tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a 
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, 
assegurada a participação de um membro do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e 
considerados os critérios de porte, potencial poluidor 
e natureza da atividade ou empreendimento. 
 
Art. 8º São ações administrativas dos Estados: 
I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a 
Política Nacional do Meio Ambiente e demais 
políticas nacionais relacionadas à proteção 
ambiental; 
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no 
âmbito de suas atribuições; 
III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito 
estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente; 
IV - promover, no âmbito estadual, a integração de 
programas e ações de órgãos e entidades da 
administração pública da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, 
relacionados à proteção e à gestão ambiental; 
V - articular a cooperação técnica, científica e 
financeira, em apoio às Políticas Nacional e 
Estadual de Meio Ambiente; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e 
pesquisas direcionados à proteção e à gestão 
ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
VII - organizar e manter, com a colaboração dos 
órgãos municipais competentes, o Sistema 
Estadual de Informações sobre Meio Ambiente; 
VIII - prestar informacoes à União para a formação 
e atualização do Sinima; 
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito 
estadual, em conformidade com os 
zoneamentos de âmbito nacional e regional; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes 
a serem especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em 
todos os níveis de ensino e a conscientização 
pública para a proteção do meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o 
emprego de técnicas, métodos e substânciasque comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e 
empreendimentos cuja atribuição para 
licenciar ou autorizar, ambientalmente, for 
cometida aos Estados; 
XIV - promover o licenciamento ambiental de 
atividades ou empreendimentos utilizadores de 
recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob 
qualquer forma, de causar degradação 
ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 
9o; 
XV - promover o licenciamento ambiental de 
atividades ou empreendimentos localizados ou 
desenvolvidos em unidades de conservação 
instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (APAs); 
XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, 
de florestas e formações sucessoras em: 
a) florestas públicas estaduais ou unidades de 
conservação do Estado, exceto em Áreas 
de Proteção Ambiental (APAs); 
b) imóveis rurais, observadas as atribuições 
previstas no inciso XV do art. 7o; e 
c) atividades ou empreendimentos licenciados 
ou autorizados, ambientalmente, pelo 
Estado; 
XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da 
flora ameaçadas de extinção no respectivo 
território, mediante laudos e estudos técnico-
científicos, fomentando as atividades que 
conservem essas espécies in situ; 
XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna 
silvestre, ovos e larvas destinadas à 
implantação de criadouros e à pesquisa 
científica, ressalvado o disposto no inciso XX do 
art. 7o; 
XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da 
fauna silvestre; 
XX - exercer o controle ambiental da pesca em 
âmbito estadual; e 
XXI - exercer o controle ambiental do transporte 
fluvial e terrestre de produtos perigosos, 
ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7o. 
 
Art. 9º São ações administrativas dos Municípios: 
I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, 
as Políticas Nacional e Estadual de Meio 
Ambiente e demais políticas nacionais e 
estaduais relacionadas à proteção do meio 
ambiente; 
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no 
âmbito de suas atribuições; 
III - formular, executar e fazer cumprir a Política 
Municipal de Meio Ambiente; 
IV - promover, no Município, a integração de 
programas e ações de órgãos e entidades da 
administração pública federal, estadual e 
municipal, relacionados à proteção e à gestão 
ambiental; 
V - articular a cooperação técnica, científica e 
financeira, em apoio às Políticas Nacional, 
Estadual e Municipal de Meio Ambiente; 
 
 
 
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OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e 
pesquisas direcionados à proteção e à gestão 
ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
VII - organizar e manter o Sistema Municipal de 
Informações sobre Meio Ambiente; 
VIII - prestar informações aos Estados e à União 
para a formação e atualização dos Sistemas 
Estadual e Nacional de Informações sobre Meio 
Ambiente; 
IX - elaborar o Plano Diretor, observando os 
zoneamentos ambientais; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes 
a serem especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em 
todos os níveis de ensino e a conscientização 
pública para a proteção do meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o 
emprego de técnicas, métodos e substâncias 
que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e 
empreendimentos cuja atribuição para 
licenciar ou autorizar, ambientalmente, for 
cometida ao Município; 
XIV - observadas as atribuições dos demais entes 
federativos previstas nesta Lei Complementar, 
promover o licenciamento ambiental das 
atividades ou empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto 
ambiental de âmbito local, conforme 
tipologia definida pelos respectivos 
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, 
considerados os critérios de porte, 
potencial poluidor e natureza da atividade; 
ou 
b) localizados em unidades de conservação 
instituídas pelo Município, exceto em Áreas 
de Proteção Ambiental (APAs); 
XV - observadas as atribuições dos demais entes 
federativos previstas nesta Lei Complementar, 
aprovar: 
a) a supressão e o manejo de vegetação, de 
florestas e formações sucessoras em 
florestas públicas municipais e unidades de 
conservação instituídas pelo Município, 
exceto em Áreas de Proteção Ambiental 
(APAs); e 
b) a supressão e o manejo de vegetação, de 
florestas e formações sucessoras em 
empreendimentos licenciados ou 
autorizados, ambientalmente, pelo 
Município. 
Art. 10. São ações administrativas do Distrito 
Federal as previstas nos arts. 8º e 9º. 
DICAS: 
1. Claro que não podemos dar 100% de certeza, mas 
as chances de se cobrarem uma questão completa ou pelo 
menos um item numa questão envolvendo o assunto de 
competência ambiental em qualquer tipo de concurso em 
nosso país é extremamente alta. Portanto, estude esse 
assunto! 
2. Apesar da Lei Complementar Nº 140/11 parecer 
clara em seu texto, na prática existem inúmeras 
controvérsias em todos os Estados da Federação, pois, às 
vezes, há conflito de competência para licenciar. Esse 
conflito tanto é positivo quanto negativo. Sujeitando-se, 
muitas vezes, aos interesses políticos no caso concreto, 
infelizmente. 
4. Quando a questão suscitar algo sobre Usinas 
Nucleares a competência, nesse caso, será sempre da União, 
pois isso está determinado pelo Art. 225 § 6º da CF. 
5. A jurisprudência dos tribunais superiores não 
associa à competência do ente à titularidade do bem 
tutelado. Por exemplo: mesmo que uma atividade cause um 
impacto numa unidade de conservação federal, não 
significa, obrigatória e necessariamente, que a competência 
para licenciar essa atividade seja do IBAMA. 
6. Já verificamos na análise de algumas provas que, 
dependendo de qual o órgão seja o responsável pela 
contratação do servidor as chances de se pedirem 
competência daquele ente aumentam. 
Vamos explicar e exemplificar! 
Quando há um certame para se contratar um 
servidor público federal, por exemplo, para a Procuradoria 
da República, geralmente se exige que ele saiba qual a 
competência do órgão federal para expedir a licença 
ambiental e, consequentemente, exercer a fiscalização e 
autuação da atividade. 
No caso de concurso de nível estadual se priorizam 
questões que tratam da competência dos Estados 
Federados de nosso país. 
Quando o concurso é municipal, geralmente se 
exigem noções sobre competência para se licenciar 
atividades de interesse local, como empreendimentos que 
causam poluição visual ou sonora. 
Vejam as questões adiante! 
Observamos que isso são orientações para o caso de 
você ter alguma dúvida sobre o item a marcar na sua 
resposta de gabarito, mas, nem de longe, afirmamos que 
uma prova para servidor público federal somente possa 
cobrar acerca de competências do IBAMA e assim 
sucessivamente com os outros entes. 
Na verdade, depois de analisarmos mais de uma 
centena de questões e provas, estamos dando dicas para 
 
 
 
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você aumentar suas chances de sucesso nas questões que 
envolvem Direito Ambiental. Contudo, não podemos 
“adivinhar” exatamente o que conteúdo da prova, 
logicamente. 
7. Se o município não tiver órgão ambiental a 
competência será transferida ao Estado da Federação. 
8. O ente/órgão que licencia é aquele que vai ser 
responsável pela renovação da licença, fiscalização do 
empreendedor e suaautuação, se for o caso. Para 
exercerem essas funções, esses órgãos precisam, 
obrigatoriamente, fazerem parte do SISNAMA e terem 
Conselho de Meio Ambiente. 
9. O município ou Estado poderá criar uma 
secretaria, autarquia ou fundação para exercer essa 
atividade, (a nomenclatura não interfere em sua 
competência) dependendo de uma escolha político-
administrativa de cada governante. 
 
5.6. ESTUDO PRÉVIO E O RELATÓRIO DE IMPACTO 
AMBIENTAL 
O estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e o 
relatório de impacto ambiental (RIMA), não são a mesma 
coisa como muitos pensam e estão previstos no artigo 225, 
§ 1º, IV da Constituição Federal, bem como na Resolução 
237 do CONAMA. 
O EIA é uma avaliação preliminar, indispensável para 
a realização de qualquer obra ou o exercício de quaisquer 
atividades que possam causar degradação ao meio 
ambiente, e que tem por fim diagnosticar a viabilidade de 
sua realização, objetivando evitar danos ambientais ou, 
pelo menos, mitigar e compensar os problemas ambientais 
que possam decorrer da obra ou atividade. 
Ele é obrigatoriamente realizado por uma equipe 
multidisciplinar e é composto por estudos técnicos, 
científicos, sociais, econômicos e outros que possam avaliar 
o impacto ambiental. Trata-se de um documento 
estritamente técnico e que a composição dessa equipe 
pode variar dependendo do tipo de empreendimento e, 
especialmente, do impacto da atividade. É um instrumento 
preventivo de proteção. 
Como já explicado, a competência para exigir o 
Estudo é da autoridade administrativa responsável pelo 
licenciamento ambiental. Quando a administração pública 
for omissa e não exigir o EIA, (quando for necessário, 
logicamente), o Ministério Público ou qualquer outro co-
legitimado pode ajuizar ação civil pública. Não há 
necessidade de autorização prévia do Poder Legislativo, 
pois é ato vinculado à atividade do Poder Executivo. 
O RIMA é confeccionado depois do EIA. O objetivo 
do RIMA é detalhar e completar o EIA, que será 
apresentado ao órgão responsável pelo licenciamento. É o 
instrumento de comunicação do EIA à administração 
pública e ao cidadão, por esse motivo, deve ter uma 
linguagem mais acessível, atendendo ao Princípio da 
Publicidade dos atos administrativos. Observe que esses 
estudos deverão ser custeados pelo empreendedor, 
geralmente são caros e não há prazo para ser elaborado. 
A não realização do EIA/RIMA, quando for 
necessário, pode acarretar a responsabilidade, do 
empreendedor ou do órgão licenciador, por eventuais 
danos ao meio ambiente. Responsabilidade por omissão! 
O órgão competente para a expedição da licença 
ambiental, com base no EIA/RIMA pode solicitar audiência 
pública, de ofício ou a requerimento de entidade civil, do 
Ministério Público ou de 50 ou mais cidadãos. Se houver 
necessidade de haver essa audiência e a mesma não for 
instalada, pode ocasionar a invalidade da licença ambiental. 
O EIA/RIMA, é anterior ao processo de licenciamento 
ambiental e sujeita-se a três formas de controle: 
a) controle da sociedade; 
b) controle administrativo; 
c) controle judicial. 
O licenciamento ambiental é exigido em qualquer 
obra, já o EIA/RIMA só é exigível para aquelas obras ou 
empreendimento de maior nocividade ao meio ambiente. 
 
5.7. Hipóteses de Revogação das Licenças 
O órgão ambiental competente, mediante decisão 
motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas 
de controle e adequação, suspender ou cancelar uma 
licença expedida, quando houver violação ou inadequação 
de quaisquer condicionantes ou normas legais; omissão ou 
falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram 
a expedição da licença e, ainda, quando ocorrer 
superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 
 
6. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - 
SNUC - LEI Nº. 9.985/00 
6.1. Conceito do SNUC 
A Constituição Federal dispõe: 
“incumbe ao Poder Público... definir, em todas as 
unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo 
a alteração e supressão permitidas somente através de 
leis, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justificam sua proteção.” 
 
 
 
 
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OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC 
 - Lei nº. 9.985 de 2000 
Definição de Unidade de Conservação 
“Espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características 
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder 
Público com objetivos de conservação e limites definidos, 
sob regime especial de administração ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção.” 
 
6.2. Objetivos do SNUC 
- contribuir para a manutenção da diversidade 
biológica e dos recursos genéticos; 
- proteger as espécies ameaçadas de extinção; 
- contribuir para a preservação e a restauração da 
diversidade de ecossistemas naturais; 
- promover o desenvolvimento sustentável a partir 
dos recursos naturais; 
- promover a utilização dos princípios e práticas de 
conservação da natureza no processo desenvolvimento; 
- proteger paisagens naturais e pouco alteradas de 
notável beleza cênica; 
- proteger as características relevantes de natureza 
geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, 
paleontológica e cultural; 
- proteger e recuperar os recursos hídricos; 
- recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; 
- proporcionar meios e incentivos para atividades de 
pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; 
- valorizar econômica e socialmente a diversidade 
biológica; 
- favorecer condições e promover a educação e 
interpretação ambiental, a recreação em contato com a 
natureza e o turismo ecológico; 
- proteger os recursos naturais necessários à 
subsistência de populações tradicionais, respeitando e 
valorizando seu conhecimento e sua cultura e 
promovendo-as social e economicamente. 
 
6.3. Categorias das Unidades de Conservação 
6.3.1. Unidades de Proteção Integral 
(*serão desapropriadas) 
UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL – Somente pode 
haver o uso indireto de seus bens. 
- estação ecológica: * Tem como objetivo a 
preservação da natureza e a realização de pesquisas 
científicas. É proibida a visitação pública, exceto quando 
com objetivo educacional. 
- reserva biológica *: Tem como objetivo a preservação 
integral da biota e demais atributos naturais existentes em 
seus limites, sem interferência humana direta ou 
modificações ambientais. É proibida a visitação pública, 
exceto aquela com objetivo educacional. 
- parque nacional *: Tem como objetivo básico a 
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância 
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de 
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de 
educação e interpretação ambiental, de recreação em 
contato com a natureza e de turismo ecológico. A visitação 
pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no 
Plano de Manejo da unidade. As unidades dessa categoria, 
quando criadas pelo Estado ou Município, serão 
denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque 
Natural Municipal. 
- monumento natural: Pode ser de particulares com 
eventual desapropriação. Tem como objetivo básico 
preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande 
beleza cênica. A visitação pública está sujeita às condições e 
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade. 
- refúgio de vida silvestre: Tem como objetivo proteger 
ambientes naturais onde se asseguram condições para a 
existência ou reprodução de espécies ou comunidades da 
flora local e da fauna residente ou migratória.

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