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CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 1 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM DIREITO AMBIENTAL Prof. Aloisio Neto Apostila 2016 Prof.: Aloisio Neto aloisio@aloisioneto.adv.br 1. DIREITO AMBIENTAL 1.1. Conceito Direito Ambiental é um ramo autônomo de direito público que disciplina, ordena e tutela as questões e os problemas dos seres humanos com o meio ambiente (natural e artificial). Há inúmeras definições de Direito Ambiental, contudo você não pode esquecer que: - trata-se de um ramo autônomo porque possuí princípios próprios (que serão estudados mais adiante e são muito cobrados em provas); - é ramo do direito público porque sempre há a participação do Estado nas questões ambientais. Contudo, há autores que defendem ser um ramo do Direito acima dessa divisão entre Público e Privado, pois a característica metaindividual supera essa discussão. - nunca pense que quando tratamos de Direito Ambiental estamos protegendo somente fauna e flora, pois há ainda o meio ambiente cultural e o artificial, inclusive com farta legislação acerca desses assuntos. Assim, Direito Ambiental trata também das lides que envolvem patrimônio cultural, espécies de construções, licenças edilícias, etc. Segundo Miguel Reale o conceito de Direito envolve três aspectos: interação entre norma, fato e valor. Aspectos que coadunados ao Direito Ambiental seriam os seguintes: a) Sobre o fato: Vida humana; Utilização dos recursos naturais; Agravamento da poluição de origem industrial, etc. b) Sobre a norma: Constituição Federal; Lei da Política Nacional do Meio Ambiente; Código de Águas, Código de Pesca; etc. c) Sobre o valor: preocupação com as necessidades humanas; manutenção da qualidade da salubridade do meio ambiente; conservação das espécies; proteção das águas, do solo, das florestas, do ar; etc. Conceito legal – Meio Ambiente Art. 3º, I da Lei 6.938/91 - É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem química, física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Conforme Celso Fiorillo, o bem ambiental é, portanto, um bem que tem como característica constitucional mais relevante ser ESSENCIAL À SADIA QUALIDADE DE VIDA, sendo ontologicamente de uso comum do povo, podendo ser desfrutado por toda e qualquer pessoa dentro dos limites constitucionais. 1.2. Características Direito Ambiental é um ramo dos Direitos DIFUSOS, ou seja, com as seguintes características: - Difuso = Definido no § único, I, do Art. 81 da Lei nº. 8.078/90, ou seja, “interesses ou direitos difusos assim entendidos para efeitos desse Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.” - Transindividuais = são aqueles que transcendem o indivíduo e, conforme Celso Fiorillo1, “ultrapassam o limite da esfera de direitos e obrigações de cunho individual” - De natureza indivisível = seu objeto pertence a todos, ao mesmo tempo em que não há um titular definido. Não há, por exemplo, como dividir a boa qualidade do ar, defender um meio ambiente parcialmente limpo, etc. - Titulado por pessoas indeterminadas, ligadas por circunstâncias de fato = os indivíduos tutelados e afetados não podem ser divididos em classes, por exemplo. A proteção do meio ambiente é para todos, indistintamente. Supera a ideia de coletividade e individualidade. - Não pressupõe uma relação jurídica base = não há qualquer relação jurídica, como, por exemplo, um contrato, mas somente circunstâncias de fato que geram essa proteção. 1 Celso Antônio Pacheco Fiorillo, Curso de Direito Ambiental Brasileiro, Saraiva, 2007, p. 6 CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 2 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 1.3. Classificação Direito Ambiental é direito de 3ª geração ou dimensão. Pode se chamar dessas duas maneiras. Apesar de parecer simples, essa característica é cobrada em diversos concursos. Portanto, lembre-se: Os direitos de 1ª geração são relacionados ao campo da propriedade privada, com abstenção do Estado. São os direitos de proteção às liberdades públicas. Sendo exemplos: o direito à liberdade, à propriedade, ao voto, à vida, à livre manifestação, etc. Os direitos de 2ª geração são chamados direitos sociais, culturais e econômicos. O Estado deixa de ser um simples espectador e passa a intervir para melhorar as condições do ser humano. Afinal essa é sua principal razão de ser. São eles: o direito ao trabalho, à educação, à greve, à saúde, etc. Os direitos de 3ª geração são conhecidos como direitos da solidariedade ou fraternidade, sempre voltados à proteção da coletividade. Juntamente com o Direito Ambiental, temos o direito à comunicação, ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável. 1.4. Espécies de Meio Ambiente Conforme definido pela legislação brasileira, especificamente na Lei nº. 6.938/81, Lei da Política Nacional de Meio Ambiente, Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Lei nº. 6.938/81: Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Contudo, não podemos pensar que somente existe fauna e flora a serem tratados pelo Direito Ambiental, senão vejamos: Meio Ambiente Natural: é formado pelas águas, solo, subsolo, fauna e flora. Há proteção dessa espécie de meio ambiente em diversas leis brasileiras, resoluções do CONAMA e na própria Constituição Federal, em seu Art. 225, especialmente. Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Repito: muitas vezes, alunos, servidores públicos, agentes políticos e pessoas da sociedade em geral pensam que Direito Ambiental ou do Meio Ambiente somente discute fauna e flora. Esse pensamento está totalmente equivocado! Meio Ambiente Cultural: sua definição está prevista no Art. 216 da Carta Magna. Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 3 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM Para Flávio Ahmed2 “o patrimônio corresponde ao acervo de valores que não se relacionam propriamente com monumentos, mas que servem de expressão de sua grandiloquência coletiva e singular, o que transborda também em consolidações setorizadas que traduzem expressões universais da cultura através de modos regionais.” Meio Ambiente Artificial: é o espaço urbano formado pelas construções, ou seja, é o espaço natural que foi alterado pelo homem, objetivando melhorar suas condições de vida nesse planeta. Está muito relacionado à ideia das cidades e urbanização. Tratado na graduação mais especificamente na disciplina de Direito Urbanístico como um viés de Direito Administrativo. Meio Ambiente do Trabalho: considerando que o local de trabalho é o espaço onde as pessoas mais passam seu tempo durante o dia, o Direito não poderia deixar de tutelá-lo. É o local onde as pessoas exercem suas atividades profissionais, independentemente de serem remuneradas ou não. A principal preocupação do Estado relaciona-se à salubridade do local e à tentativa de se evitar acidentes e doenças consequentes do exercício laboral. Existem autores que defendem que essa espécie de meio ambiente deve ser tutelada nas normas de Direito do Trabalho e não Direito Ambiental. Para Samir Murad3 “o meio ambiente do trabalho saudável e com qualidade de vida é direito de todo trabalhador, portanto tem forte característica de direito transindividual ao mesmo tempo que trata de um interesse difuso.” DICAS: 1. Se a questão for objetiva, marque o item que afirma ser o Direito Ambiental um ramo do Direito Público. 2. Se a questão contemplar essa discussão (de superar a divisão entre público e privado) ou for subjetiva atente e comente essa característica do Direito Ambiental (ser metaindividual) que será tratada mais adiante. Na verdade essa discussão tem importância acadêmica. 3. Já existem autores que tratam de direitos de 4ª e 5ª gerações. Assim, se a questão for subjetiva não deixe de comentar isso. 4. No caso de uma questão subjetiva é bem melhor você usar a expressão “dimensão” do que “geração” porque a primeira dá uma ideia de que os direitos anteriores foram incorporados pelos atuais de forma a atender o desenvolvimento da sociedade, enquanto que a segunda expressão (geração) leva à ideia de que um direito superou 2 Flávio Ahmed, Cidades Sustentáveis no Brasil e sua Tutela Jurídica, Lúmen Júris, 2009, p. 16. 3 Samir Jorge Murad, Cidades Sustentáveis no Brasil e sua Tutela Jurídica, Lúmen Júris, 2009, p. 142. outro e ainda ficou em seu lugar. Portanto, use a expressão dimensão! 5. A grande maioria das questões de concursos relaciona-se ao meio ambiente natural, mas você não pode esquecer as outras espécies. 1.5. Objeto do Direito Ambiental Objeto jurídico. O objeto do Direito Ambiental é a harmonização da natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas e da sadia qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver plenamente. Restaurar, conservar e preservar são metas a serem alcançadas através deste ramo do Direito, com a participação popular. O objetivo da proteção do presente tipo penal é o de reprimir os atentados contra os animais. O ser humano deve respeitar os demais seres da natura e evitar-lhes o sofrimento desnecessário. A crueldade avilta o homem e faz sofrer, desnecessariamente o animal. O objetivo da norma é buscar que tais fatos não se tornem rotineiros e tacitamente admitidos pela sociedade. Objeto Material. Entendido como a coisa sobre que recai a conduta do sujeito ativo; é a noção jurídica de meio ambiente prevista no art. 3º, inciso I, da Lei n.º 6.938/81. 2. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL Antes de iniciarmos esse item devemos observar que esse assunto é extremamente cobrado em provas de todos os concursos. Portanto, atenção! Esses princípios estão dispostos na Constituição Federal Brasileira, bem como em Tratados Internacionais. Como o Direito Ambiental é uma disciplina relativamente nova e sua cobrança em concursos é mais recente ainda, esses princípios são muito cobrados. Vale ressaltar que eles (os princípios) é que dão autonomia a essa disciplina. Também se deve observar que há um tratamento diferenciado dos doutrinadores em relação aos princípios. Alguns autores elencam um número maior, outros nem tanto. Há autores que mudam os nomes de princípios, contudo a definição para alcançar seus objetivos você pode ter agora: 2.1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável ou Desenvolvimento Sustentado É o mais cobrado nas provas porque é intrinsecamente ligado ao Direito Ambiental. Desde 1972, em Estocolmo, na Conferência Mundial de Meio Ambiente, CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 4 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM foi utilizada essa nomenclatura. Você verá como existem questões que cobram essa matéria, bem como há farta jurisprudência sobre esse assunto específico. Esse princípio está previsto no caput do Art. 225 da Constituição Federal, veja: Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Provavelmente, todas as vezes que existir essa expressão: ”presentes e futuras gerações” o enunciado estará relacionando-se a este princípio. O Princípio do Desenvolvimento Sustentável afirma que o desenvolvimento da sociedade, no que se refere ao crescimento econômico, populacional, entre outros, deve permitir que as gerações vindouras (nossos filhos e netos) também possam ter acesso aos recursos naturais que são imprescindíveis a este crescimento. Expressando-se de forma mais simples, por esse princípio a humanidade, através de seus representantes, deve crescer e desenvolver-se de modo que as gerações futuras também possam ter atendidas suas necessidades vitais básicas e possam, também, crescer e desenvolver-se. Observe que esse princípio é muitas vezes utilizado pelo Poder Judiciário para embargar obras ou atividades, mas ele de nenhuma maneira tem por objetivo estagnar o desenvolvimento ou o crescimento social. 2.2. O Poluidor Pagador e o Usuário Pagador O Princípio do Poluidor Pagador é um dos mais importantes e polêmicos da seara ambiental, especialmente porque está relacionado diretamente com questões financeiras, sempre elevando os gastos de investimentos ou custos da produção de um empreendedor. Em tempos de crise econômica, como os atuais, suas tratativas sempre são delicadas. Tratando desse tema, o Procurador do estado de Pernambuco, Antônio Figueredo Guerra Beltrão, defende: Pode-se afirmar que toda poluição gera um custo ambiental para a sociedade. O princípio do poluidor-pagador consiste no dever dopoluidor de pagar por este custo ambiental, seja de forma preventiva, por meio de investimentos em tecnologia e de outros mecanismos, seja por meio de medidas reparadoras, quando o dano ambiental já ocorreu. (BELTRÃO, 2009) Através desse entendimento, as pessoas, seja física ou jurídica, que causem alguma espécie de poluição, independentemente de serem de direito público ou privado, devem pagar os custos das medidas que sejam necessárias para eliminar a contaminação causada por elas ou o necessário para reduzi-la ao limite fixado pelos padrões ou medidas equivalentes que assegurem a qualidade de vida, especialmente os fixados pelo Poder Público competente. O § 3º do Art. 225 da Constituição Federal Brasileira também prevê esse princípio: § 3º As condutas consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoa físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Para Aloisio Pereira Neto, “quem polui tem que arcar com todas as despesas de prevenção da poluição ou gastos com diminuição da poluição causada por suas atividades. Esse princípio não legitima a poluição a qualquer preço.” Vale ressaltar que, no Brasil, a Lei Nº. 6.938, de 31.8.1981, nomeada como Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 4º, VII, dispõe que essa política, ou seja, a de tutela do meio ambiente, visará à imposição, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos, bem como à imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados. Muitas vezes esse princípio foi interpretado de forma equivocada, traduzindo uma possível permissão para se poder poluir. Sobre esse assunto, especificamente, Celso Fiorillo assim afirma: Não traz como indicativo “pagar para poder poluir“, “poluir mediante pagamento” ou “pagar para evitar a contaminação”. Não se podem buscar através dele formas de contornar a reparação do dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato poluidor, como se alguém pudesse afirmar: “poluo, mas pago”. O seu conteúdo é bastante distinto. Podemos identificar no princípio do poluidor- pagador duas órbitas de alcance: a) busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido dano, visa sua reparação (caráter repressivo). (FIORILLO, 2009b) Sobre o Princípio do Usuário Pagador o mesmo autor afirma que esse princípio guarda mais um conteúdo voltado para a educação ambiental do que propriamente para os critérios organizadores da responsabilização por danos causados ao meio ambiente. (FIORILLO, 2009c) CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 5 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM Já o Princípio do Usuário Pagador, conforme Antônio Beltrão é: Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Diferentemente do princípio do poluidor-pagador, que tem uma natureza reparatória e punitiva, o princípio do usuário-pagador possui uma natureza meramente remuneratória pela outorga do direito de uso de um recurso natural. Não há ilicitude, infração. (BELTRÃO, 2009b) Na mesma linha de entendimento segue Édis Milaré quando afirma em sua obra que: O princípio não objetiva, por certo, tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita apenas a compensar os danos causados, mas sim, precisamente, evitar o dano ao ambiente. Trata-se do princípio poluidor-pagador (poluiu paga os danos), e não pagador-poluidor (pagou então pode poluir). (MILARÉ, 2009b) Em relação à incidência do princípio, Maria Luiza Machado Granziera afirma que: O princípio poluidor pagador, então, incide em duas órbitas: (1) no conjunto de ações voltadas à prevenção do dano, a cargo do empreendedor, e (2) na sua responsabilidade administrativa, penal e civil pela eventual ocorrência de dano, conforme determina o § 3º do art. 225 da Constituição Federal e legislação infraconstitucional. (GRANZIERA,2009) A mesma autora, diferenciando os dois princípios, continua afirmando que “o do Usuário Pagador refere-se ao uso autorizado de um recurso ambiental, observadas as normas vigentes, inclusive os padrões legalmente fixados. A título de exemplo, a cobrança pelo uso de recursos hídricos, prevista no art.19 da Lei n º 9.433/97.” (GRANZIERA, 2009b) 2.3. Princípios da Prevenção e Precaução São, juntamente com os dois princípios anteriores, uns dos quatro mais importantes para essa matéria em nível de concursos. Na verdade podem ser divididos, apesar da maioria dos doutrinadores utilizarem como se fosse somente um princípio. A Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente dispõe em seu Princípio 15: “Para proteger o meio ambiente medidas de prevenção devem ser largamente aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a prevenir a degradação do meio ambiente.” Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Apesar de serem sinônimos na língua portuguesa, prevenção e precaução foram tratados distintamente pelo Direito Ambiental. Pelo Princípio da Prevenção, ocorrendo uma análise prévia dos impactos que uma atividade ou empreendimento possam causar aos bens ambientais, é possível modificar o projeto, concretizar sua realização, não causando danos ao meio ambiente. Já o Princípio da Precaução visa dar proteção ao meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Por este Princípio não se deve licenciar uma atividade toda vez que não se tenha certeza de que ela não vai causar danos irreversíveis ao ambiente. 2.4. Princípio da Participação Por esse princípio temos que TODOS devem agir em prol do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Quando o Art. 225 da Constituição Federal dispõe que se impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender o meio ambiente nossa Lei Maior afirma que todos devem agir, obrigatoriamente e em conjunto, em prol da tutela dos bens ambientais. 2.5. Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal O Estado deve participar de todo o processo de licenciamento ambiental, intervindo em todas as fases do processo. Seja na atuação preventiva ou repressiva, o Poder Público obrigatoriamente deve agir para prevenir danos e punir quem degrada o meio ambiente. 2.6. Princípio da Informação e da Notificação Por esse princípio todos têm o direito a serem informados acerca de seus processos e procedimentos que tramitam relacionados ao meio ambiente. A Política Nacional de Meio Ambiente dispõe: Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 6 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. Art. 10 - A construção, instalação, ampliaçãoe funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. § 1º - Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação. Para Antônio Beltrão4 “para que a oportunidade para participação pública seja efetiva, faz-se fundamental que a administração pública assegure previamente ao público em geral o direito de acesso a todas as informações, dados e estudos existentes relativos ao tema em análise”. Ressalta-se que o Art. 220 da Constituição Federal preserva a liberdade de informar e o direito de ser informado. 2.7. Princípio da Educação Ambiental A educação ambiental ainda é a grande esperança por uma mudança de atitude. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Ainda existe a Lei nº. 9.795/99 que é a Política Nacional de Educação Ambiental. 4 Antônio Figueredo Guerra Beltrão, Curso de Direito Ambiental, Ed. Método, 2009, p. 40. Deve-se ter em mente que não se estuda meio ambiente dissociado de outras disciplinas, pelo contrário. Ao estudar outras matérias, o aluno deve ser estimulado a discutir e tratar a temática ambiental dentro de sua vida diária. DICAS: 1. São enormes as chances de surgirem questões que tratam desses princípios, seja qual for o concurso. 2. Os quatro primeiros princípios (Desenvolvimento Sustentável, Poluidor Pagador, Prevenção e Precaução) são os mais cobrados e relacionados à temática ambiental atual. 3. Quando se falar em gerações atuais e futuras provavelmente está sendo discutido o Princípio do Desenvolvimento Sustentável. 4. O Princípio do Poluidor Pagador não dá direito a ninguém, nem mesmo a nação mais rica do planeta a poluir sem qualquer controle. 5. No nível das questões de concursos analisadas, O Princípio da Prevenção ou Precaução é tratado como se fosse a mesma coisa, contudo se você for aprofundar seus estudos nessa matéria verá que há diferenças entre esses termos. 6. Esses princípios do Direito Ambiental são muito utilizados nos julgamentos dos tribunais, especialmente dos superiores. 3. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL A Constituição Federal brasileira de 1988 é um marco na defesa dos direitos e interesses ambientais ao dispor em diferentes títulos e capítulos sobre a necessidade de preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Além disso, é a primeira vez em que a expressão “meio ambiente” aparece em uma Constituição brasileira. Em capítulo específico, o de número “VI”, diversos são os conceitos e princípios inovadores trazidos pela Carta Magna que norteiam o direito ambiental brasileiro. O texto constitucional inova também quando divide a responsabilidade pela defesa do meio ambiente entre o Poder Público e à coletividade, ampliando sobremaneira a importância da sociedade civil organizada e, portanto, também reforçando o seu título de “constituição cidadã”. A seguir serão expostos alguns dos principais temas relacionados ao meio ambiente trazidos pela Constituição Federal de 1988. CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 7 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM Segundo o art. 225, caput, da CF/88: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O artigo supracitado atribui a todos, indefinidamente, ou seja, qualquer cidadão residente no país, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Cria, portanto, um direito individualizado no sentido de que pertence a cada indivíduo, um verdadeiro direito subjetivo. Tal direito é ao mesmo tempo indivisível, significando que a satisfação do direito para uma pessoa, beneficia a coletividade. Logo, as implicações jurídicas deste direito de natureza tão especial acabam refletindo em outras áreas clássicas, como o direito da propriedade, civil, administrativo, processual, dentre outras. Limitações na utilização da propriedade como, por exemplo, áreas de preservação permanente e reserva legal, são reflexos da consagração deste direito ao meio ambiente como indivisível e ao mesmo tempo de todos, legitimando cidadãos a proporem ações populares que visem anular ato lesivo ao meio ambiente. AÇÃO POPULAR E AÇÃO CIVIL PÚBLICA Tendo em vista as peculiaridades do direito ambiental, a própria Constituição consagra os mecanismos de defesa do bem ambiental. Assim, dispôs o art. 5º, inc. LXXIII, da CF/88: Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Em relação à Ação Civil Pública, a CF/88 em seu art. 129, inc. III, atribui como função institucional do Ministério Público “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.” Acontece, porém, que conforme relatado em tópico anterior, o art. 225, caput, da CF/88 impôs à coletividade o dever de preservação e defesa do meio ambiente. Não apareceu no texto constitucional, contudo, instrumento jurídico específico que legitimasse a sociedade civil organizada como instrumento auxiliar do dever imposto pela própria Constituição, estando prevista apenas na Lei 7.347/85 (da Ação Civil Pública) a legitimação das associações civis para a propositura da ação civil pública. O texto constitucional apenas reitera a importância da participação da sociedade, pela utilização do termo “coletividade”, no dever de defesa e preservação do meio ambiente. NOÇÕES DE PATRIMÔNIO NACIONAL O art. 225, § 4º, da CF/88 optou por diferenciar alguns biomas conferindo-lhes especial importância e definindo-os como sendo patrimônio nacional: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Esta designação não implicou na desapropriação das propriedades privadas e a consequente incorporação das áreas como sendo integrantes do patrimônio público. A especial proteção constitucional destas áreas se deve apenas aos seus atributos e funções ecológicas que justificam algo semelhante à noção do princípio de direitointernacional ambiental denominado common concern of humankind. Em outras palavras, diante das características de determinados biomas, ainda que admita-se a propriedade privada, o seu usufruto deve levar em conta as funções e relevância ambiental para toda coletividade inclusive, o próprio proprietário. Também não significou que outras áreas, ainda que não mencionadas pela Constituição, não mereçam as medidas de defesa e proteção do meio ambiente. Antunes explora o tema: De fato, a Constituição não determinou uma desapropriação dos bens mencionados no §4º, porém, reconheceu que as relações de Direito Privado, de propriedade e, mesmo de Direito Público, existentes sobre tais bens devem ser exercidas com cautelas especiais. Estas cautelas especiais justificam-se e fundamentam-se, na medida em que os bens ambientais estão submetidos a um regime jurídico especial, pois a fruição dos seus benefícios genericamente considerados (que é de toda a coletividade) não pode ser limitada pelos detentores de um dos diversos direitos que sobre eles incidem. Não é, contudo, apenas neste particular que se manifesta o contorno do direito de propriedade. Uma de suas principais características, certamente, é a obrigatoriedade da manutenção e preservação da função ecológica. Tem-se, portanto, que o direito de propriedade privada sobre os bens ambientais, não se exerce apenas no benefício do seu titular, mas em benefício da coletividade. CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 8 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 4. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA AMBIENTAL A Constituição Federal de 1988 cria uma federação com três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Dentro deste modelo, aparentemente descentralizador, a Carta Magna estabelece um complexo sistema de repartição de competências legislativas e executivas. É justamente neste particular que reside uma das questões mais conflitantes do direito ambiental: a divisão de competências entre os diferentes entes da federação em matéria de legislação e execução de políticas ambientais. Preceitos de competência privativa, concorrente e suplementar ao mesmo tempo em que são elucidados pelo texto constitucional, se sobrepõem e geram incertezas práticas, constituindo-se muitas vezes em obstáculos de difícil transposição no campo processual. Infelizmente, a consequência nefasta de um sistema de competências confuso pode acarretar em irreparável dano ao meio ambiente. O assunto de competência legislativa e material das normas ambientais é, também, um dos mais cobrados em concursos. Vamos tentar facilitar e objetivar esse entendimento. 4.1. Competência Legislativa A competência para criar leis ambientais, no Brasil, é concorrente. Essa “concorrência” não significa uma situação análoga à disputa comercial a qual estamos acostumados a presenciar, mas significa complementariedade. À União caberá criar as normas de interesse geral e aos Estados e ao Distrito Federal suplementar (complementar) essas normas. A Constituição Federal assim dispõe: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; Portanto, resta claro que existem normas Federais, Estaduais e até Municipais de tutela do Meio Ambiente, como iremos ver adiante, pois: Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 4.2. Competência Material A competência para a defesa administrativa do meio ambiente é, por sua vez, comum. Assim, todos os entes podem e devem exercer a fiscalização das atividades e obras que podem causar danos ao meio ambiente. Inclusive um ente poderá utilizar normas legais de outro para efetivar essa fiscalização e, consequentemente, aplicar uma possível punição. Nossa Carta Magna dispõe: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Por conta de essas competências serem definidas dessa forma na Constituição Federal, é que temos caso de atividades serem licenciadas por órgãos estaduais e serem embargadas pelo órgão federal ou, ainda, atividades serem licenciadas pelos municípios e o órgão estadual vir e impedir seu funcionamento, por exemplo. No caso de dois autos, prevalecerá o do órgão competente para licenciar a atividade. O contrário também pode acontecer, ou seja, nada impede de um órgão municipal embargar uma atividade licenciada pelo órgão federal, desde que os interesses locais do município estejam sendo desrespeitados em matéria ambiental. Resumindo: Objetivo Espécie Fundamento Constitucional Competência para Legislar sobre Meio Ambiente Concorrente Artigos 24, I, VI e 30 , I e II Competência para Proteger o Meio Ambiente Comum a todos os Entes Artigo 23, VI e VII CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 9 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM DICAS: 1. As normas adotadas pela União devem ser complementadas pelos Estados, o Distrito Federal e pelos Municípios, se for o caso. 2. Os Municípios podem e devem legislar plenamente em caso de omissão de lei federal ou estadual e quando houver “interesse local”. 3. Havendo normas federais ou estaduais sobre o mesmo assunto, a legislação municipal deve ser aplicada somente se for mais protecionista em favor do meio ambiente e estritamente em interesse local do município e dentro de seus limites territoriais. 4. Esse “interesse local” deve ser analisado concretamente caso a caso. 5. Para ser aplicada a lei municipal quando houver outras normas, aquela deve ser mais restritiva em favor da proteção ambiental. 6. Geralmente, se o concurso é federal, há uma chance maior de se defenderem a competência federal. 7. No caso da norma municipal contrariar outra federal ou estadual aquela torna-se ilegal. 4.3. Artigo 225 – Caput - O Capítulo do Meio Ambiente na Constituição Federal Nosso capítulo do Meio Ambiente na Constituição Federal dispõe: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade e dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A expressão “todos tem direito” relaciona-se ao caráter difuso do Direito Ambiental, ou seja, os destinatários dessas normas são todas as pessoas, não somente uma coletividade, uma parcela da população ou um indivíduo. “Meio Ambiente” refere-se a todas as formas já tratadas, ou seja, Meio Ambiente Natural, Artificial, Cultural e do Trabalho. O termo “Ecologicamente Equilibrado” nos remete ao Princípio do Desenvolvimento Sustentável, que é a busca de todos que desejam ter uma qualidade de vida, sempre lembrando as futuras gerações a fim de que estas também tenham acesso aos bem ambientais. Lembre-se que os bens ambientais são de uso comum do povo e não da União ou do Poder Público comomuitas vezes somos levados a crer. Pelo Princípio da Participação, impõe-se ao Poder Público e à coletividade o dever de preservar esses bens. 4.3.1. Comentários acerca dos incisos I ao VII do § 1º do Art. 225 da CF. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; Preservar e restaurar são processos diferentes. O primeiro relaciona-se a um agir antecipado, precaver-se a fim de evitar algum dano. O segundo significa restabelecer ao estado anterior algo que foi degradado. Significa recuperar aquilo que foi atingido, degradado. II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; A Lei que trata dessa matéria é de nº. 11.105/05. Apesar a ação proposta no Supremo Tribunal Federal contra essa Lei, a Corte Maior de nosso país julgou pela sua validade e a mesma está em vigor. III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Cuidado com este inciso, pois o mesmo é tratado em diversas questões de concursos. Esse texto refere-se às Unidades de Conservação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – Lei nº. 9.985/00, que trataremos mais adiante. O que se deve observar atentamente é que a criação das Unidades de Conservação pode ser feita por Lei, Decreto, Medidas Provisórias (apesar de ser um absurdo jurídico) ou qualquer outra norma legal. Inclusive pode partir do proprietário do imóvel, como no caso da Reservas Particulares. Contudo, depois de criada, uma unidade de conservação somente pode ser ALTERADA ou SUPRIMIDA mediante lei. Assim: Unidade de Conservação Meio de concretização do ato Criação Por qualquer instrumento legal Alteração Somente através de Lei Supressão Somente através de Lei CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 10 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; A exigência do Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seus respectivos relatórios (EIA/RIMA) dependem de Lei. Interessante observar que esses estudos são públicos, ou seja, qualquer pessoa pode ter acesso aos mesmos, independentemente de uma justificação prévia. Outra observação: não devemos esquecer é que o EIA não faz parte do processo de Licenciamento Ambiental. Na verdade, ele é prévio à expedição da licença. V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Cabe ao Poder Público exercer essa fiscalização e a sociedade apóia-lo nesse mister. VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; A educação ambiental é a maior esperança para a solução dessa problemática que o Planeta Terra sofre. Portanto, questões relacionadas a esses conceitos e a essa temática podem ser cobradas em concursos de qualquer área em nosso país. Importante lembrar que a educação ambiental deve ser promovida em TODOS os níveis de ensino e não somente para as crianças. Há estudiosos que defendem a ideia de ensinar educação ambiental não como uma disciplina única nas grades curriculares, mas que essa disciplina deve ser introduzida em todas as outras. Por exemplo, ao ministrar uma aula de matemática ou física o professor pode utilizar bens ambientais para ilustrar suas fórmulas. Talvez a aula se torne até mais interessante do que as ministradas nos moldes normais. VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Inciso destinado ao meio ambiente natural e disciplinado pela Lei de Crimes Ambientais nº. 9.605/98. O que temos a comentar é que a Lei tutela qualquer espécie de animal e não somente as espécies que estão ameaçadas de extinção. Tanto os animais silvestres como os domesticados são protegidos de maus tratos por nossas leis. 4.3.2. Comentários sobre os Parágrafos do Artigo 225 § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Este parágrafo relaciona-se ao Princípio do Poluidor Pagador já analisado. Importante observar que, muitas vezes, os gestores públicos que lidam com a matéria ambiental somente realizam os termos de ajustamento de conduta com os empreendedores (o conhecido TAC) quando os poluidores ou supostos degradadores, previamente, recuperam o bem ambiental. Inclusive, a transação penal nos crimes ambientais, quando esta pode ser feita nos moldes de Lei dos Juizados Especiais, somente pode ser feita pelo Ministério Público quando o bem degradado for prévia e devidamente recuperado. A única exceção de se realizar uma transação penal sem essa recuperação prévia é quando a recuperação é impossível de ser feita. Assim dispõe o Art. 27 da Lei nº 9.605/98: Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Esse é um dos assuntos mais cobrados em concursos. Trata-se da responsabilidade objetiva em matéria ambiental. A obrigação de indenizar INDEPENDE DE CULPA, ou seja, há a responsabilidade objetiva e a aplicação da Teoria do Risco Integral. Esse assunto será tratado mais adiante, mas já podemos adiantar e alertar que essa espécie de responsabilidade (objetiva) somente existe na esfera cível, mas nunca na penal. Além disso, nunca esqueça que todos os outros critérios de análise da responsabilidade como autoria, nexo de causalidade e dano efetivo continuam presentes. 4.3.3. O Patrimônio Nacional § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato- Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Esse parágrafo é taxativo e “decorativo”, por isso é muito cobrado nas questões objetivas dos concursos. CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 11 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM Contudo, devemos observar, basicamente, o seguinte: a Caatinga (característica da região Nordeste do Brasil) pode ser um ecossistema mais facilmente cobrado em questões de provas dessa região do país; o Pampa (havendo o mesmo raciocínio para a Região Sul de nosso país) e o Cerrado NÃO FAZEM PARTE do roldos patrimônios nacionais. Há um projeto de Emenda Constitucional para incluir esses dois ecossistemas no rol daqueles que fazem parte do patrimônio nacional, porém, até a presente data, a mesma não foi votada e o § 4º continua com o texto acima transcrito. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. As terras devolutas são impossíveis de serem usucapidas, e podem ser tratadas nas questões de Direito Constitucional, Administrativo ou Civil (Direitos Reais) Não confunda terras devolutas com áreas de preservação permanentes (tratadas no Código Florestal) ou com as unidades de conservação (tratadas na Lei do SNUC) 4.3.4. A Peculiaridade das Usinas Nucleares no Brasil § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Sempre que a questão tratar de matéria nuclear ou radioativa relacione esse empreendimento à tutela da UNIÃO. Seja no aspecto do licenciamento ambiental, na análise dos Estudos de Impacto Ambiental ou na definição de sua localização, essa matéria é de competência da União. Esse parágrafo relaciona-se com o disposto no Art. 21 da Carta Magna, inciso XXIII, letra “a” que dispõe: Art. 21. Compete à União: XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional. DICAS: 1. O Art. 225 da CF é considerado o capítulo do meio ambiente, então esse texto é muito cobrado nas provas de concursos de todas as carreiras, bem como no Exame de Ordem. 2. Conforme explicado detalhadamente, saiba relacionar cada parte do caput do Art. 225 da CF com os Princípios do Direito Ambiental. 3. No §2º não se esqueça de relacioná-lo ao Princípio do Poluidor Pagador e lembre-se que, mesmo pagando, não há o direito de ninguém poluir deliberadamente e sem limites. 4. O § 3º trata da famosa responsabilidade objetiva por danos ambientais, sendo essa espécie de responsabilidade somente na esfera cível, nunca na penal! Relaciona-se, também, à Teoria do Risco Integral. 5. O § 4º é totalmente “decorativo” e temos diversos exemplos de questões que querem “pegar” o candidato levando-o a erro, pois incluem patrimônios ambientais ou ecossistemas famosos mas que não fazem parte desse rol taxativo do § 4º do Art. 225. Somente são patrimônio nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. 6. Já o § 5º trata das terras devolutas deixando impossíveis de serem usucapidas, independente do tempo de posse. A Carta Magna Brasileira dispõe em seu Art. 20, I que as terras devolutas são bens da União, desde que sejam indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, devidamente definidas em lei. 7. O que devemos observar em relação ao último parágrafo é que em assunto de atividade nuclear (localização de usinas, licenciamento ou responsabilidade por danos dessa atividade) sempre deve ser relacionado com a União e não com os Estados, DF, ou municípios, devido à imposição constitucional. Atividade Nuclear ↔ União Federal 5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 5.1. Conceito Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual a administração pública, por intermédio do órgão ambiental competente, analisa a proposta apresentada para o empreendimento e o legitima, considerando as disposições legais e regulamentares aplicáveis e sua interdependência com o meio ambiente, emitindo a respectiva LICENÇA. A Lei Complementar n° 140/11 define, em seu art. 2°, I, licenciamento ambiental como “procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.” O Licenciamento Ambiental visa a obtenção da licença ambiental, definida pela Resolução CONAMA n° 237/97, Art. 1°, II, como: “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 12 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.” 5.2. Natureza Jurídica Existe divergência doutrinária quanto à natureza jurídica do documento a ser expedido pelo órgão Público por ocasião do procedimento de licenciamento ambiental. Uns entendem ser uma autorização, contudo a maioria da doutrina defende que se trata de uma licença com características de autorização, devido a complexidade que possui a matéria ambiental. Vejamos a diferenciação: Licença Autorização - Vinculada e definitiva, não há que se falar em conveniência e oportunidade. - Envolve “direito”. - É ato declaratório de direito preexistente - Discricionária, precária, critérios de conveniência e oportunidade, - Envolve “interesse” - É ato constitutivo 5.3. Espécies de Licenças - desdobramento - Licença Prévia é concedida pelo órgão na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; - Licença de Instalação é concedida pelo órgão competente para a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes; - Licença de Operação, concedida pelo órgão para a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do cumprimento das exigências constantes das licenças anteriores e estabelecimento das medidas de controle ambiental e condicionantes a serem observadas para essa operação. 5.4. Prazos das Licenças O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento. O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. O da validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos. O prazo de validade da Licença de Operação (LO), por sua vez, deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. Resumindo: Licença Prazo Máximo Prévia 5 anos Instalação 6 anos Operação de 4 à 10 anos 5.5. Competência para Outorga A questão de se saber qual o órgão ou ente competente para realizar e analisar o processo administrativo de licenciamento ambiental é, em nosso modo de ver, o maior problemaque enfrentamos na advocacia ambiental. Talvez, por isso, esse assunto seja tão cobrado em provas e exames de ordem. A Constituição prevê no art.225 que a defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado incube ao Poder Público, indistintamente. E no art.23, ao definir a competência comum dos entes federados, dentre as quais a proteção e preservação do meio ambiente estão destacadas, dispõe que lei complementar deverá fixar as normas de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A Lei Complementar Nº 140/11, assim determina: Art. 7º São ações administrativas da União: - IBAMA I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente; II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e internacional; IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 13 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio Ambiente; VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII - promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras; VIII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima); IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União; XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento; XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União; XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre- explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ; XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas; XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; XIX - controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados; XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas; XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI; XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional; XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais; XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos. Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 14 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento. Art. 8º São ações administrativas dos Estados: I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental; II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente; IV - promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente; VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Sistema Estadual de Informações sobre Meio Ambiente; VIII - prestar informacoes à União para a formação e atualização do Sinima; IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substânciasque comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados; XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7o; e c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado; XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico- científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ; XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o; XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; XX - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual; e XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7o. Art. 9º São ações administrativas dos Municípios: I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente; II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; III - formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente; IV - promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental; V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente; CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 15 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII - organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente; VIII - prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização dos Sistemas Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente; IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município; XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar: a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município. Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8º e 9º. DICAS: 1. Claro que não podemos dar 100% de certeza, mas as chances de se cobrarem uma questão completa ou pelo menos um item numa questão envolvendo o assunto de competência ambiental em qualquer tipo de concurso em nosso país é extremamente alta. Portanto, estude esse assunto! 2. Apesar da Lei Complementar Nº 140/11 parecer clara em seu texto, na prática existem inúmeras controvérsias em todos os Estados da Federação, pois, às vezes, há conflito de competência para licenciar. Esse conflito tanto é positivo quanto negativo. Sujeitando-se, muitas vezes, aos interesses políticos no caso concreto, infelizmente. 4. Quando a questão suscitar algo sobre Usinas Nucleares a competência, nesse caso, será sempre da União, pois isso está determinado pelo Art. 225 § 6º da CF. 5. A jurisprudência dos tribunais superiores não associa à competência do ente à titularidade do bem tutelado. Por exemplo: mesmo que uma atividade cause um impacto numa unidade de conservação federal, não significa, obrigatória e necessariamente, que a competência para licenciar essa atividade seja do IBAMA. 6. Já verificamos na análise de algumas provas que, dependendo de qual o órgão seja o responsável pela contratação do servidor as chances de se pedirem competência daquele ente aumentam. Vamos explicar e exemplificar! Quando há um certame para se contratar um servidor público federal, por exemplo, para a Procuradoria da República, geralmente se exige que ele saiba qual a competência do órgão federal para expedir a licença ambiental e, consequentemente, exercer a fiscalização e autuação da atividade. No caso de concurso de nível estadual se priorizam questões que tratam da competência dos Estados Federados de nosso país. Quando o concurso é municipal, geralmente se exigem noções sobre competência para se licenciar atividades de interesse local, como empreendimentos que causam poluição visual ou sonora. Vejam as questões adiante! Observamos que isso são orientações para o caso de você ter alguma dúvida sobre o item a marcar na sua resposta de gabarito, mas, nem de longe, afirmamos que uma prova para servidor público federal somente possa cobrar acerca de competências do IBAMA e assim sucessivamente com os outros entes. Na verdade, depois de analisarmos mais de uma centena de questões e provas, estamos dando dicas para CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 16 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM você aumentar suas chances de sucesso nas questões que envolvem Direito Ambiental. Contudo, não podemos “adivinhar” exatamente o que conteúdo da prova, logicamente. 7. Se o município não tiver órgão ambiental a competência será transferida ao Estado da Federação. 8. O ente/órgão que licencia é aquele que vai ser responsável pela renovação da licença, fiscalização do empreendedor e suaautuação, se for o caso. Para exercerem essas funções, esses órgãos precisam, obrigatoriamente, fazerem parte do SISNAMA e terem Conselho de Meio Ambiente. 9. O município ou Estado poderá criar uma secretaria, autarquia ou fundação para exercer essa atividade, (a nomenclatura não interfere em sua competência) dependendo de uma escolha político- administrativa de cada governante. 5.6. ESTUDO PRÉVIO E O RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL O estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto ambiental (RIMA), não são a mesma coisa como muitos pensam e estão previstos no artigo 225, § 1º, IV da Constituição Federal, bem como na Resolução 237 do CONAMA. O EIA é uma avaliação preliminar, indispensável para a realização de qualquer obra ou o exercício de quaisquer atividades que possam causar degradação ao meio ambiente, e que tem por fim diagnosticar a viabilidade de sua realização, objetivando evitar danos ambientais ou, pelo menos, mitigar e compensar os problemas ambientais que possam decorrer da obra ou atividade. Ele é obrigatoriamente realizado por uma equipe multidisciplinar e é composto por estudos técnicos, científicos, sociais, econômicos e outros que possam avaliar o impacto ambiental. Trata-se de um documento estritamente técnico e que a composição dessa equipe pode variar dependendo do tipo de empreendimento e, especialmente, do impacto da atividade. É um instrumento preventivo de proteção. Como já explicado, a competência para exigir o Estudo é da autoridade administrativa responsável pelo licenciamento ambiental. Quando a administração pública for omissa e não exigir o EIA, (quando for necessário, logicamente), o Ministério Público ou qualquer outro co- legitimado pode ajuizar ação civil pública. Não há necessidade de autorização prévia do Poder Legislativo, pois é ato vinculado à atividade do Poder Executivo. O RIMA é confeccionado depois do EIA. O objetivo do RIMA é detalhar e completar o EIA, que será apresentado ao órgão responsável pelo licenciamento. É o instrumento de comunicação do EIA à administração pública e ao cidadão, por esse motivo, deve ter uma linguagem mais acessível, atendendo ao Princípio da Publicidade dos atos administrativos. Observe que esses estudos deverão ser custeados pelo empreendedor, geralmente são caros e não há prazo para ser elaborado. A não realização do EIA/RIMA, quando for necessário, pode acarretar a responsabilidade, do empreendedor ou do órgão licenciador, por eventuais danos ao meio ambiente. Responsabilidade por omissão! O órgão competente para a expedição da licença ambiental, com base no EIA/RIMA pode solicitar audiência pública, de ofício ou a requerimento de entidade civil, do Ministério Público ou de 50 ou mais cidadãos. Se houver necessidade de haver essa audiência e a mesma não for instalada, pode ocasionar a invalidade da licença ambiental. O EIA/RIMA, é anterior ao processo de licenciamento ambiental e sujeita-se a três formas de controle: a) controle da sociedade; b) controle administrativo; c) controle judicial. O licenciamento ambiental é exigido em qualquer obra, já o EIA/RIMA só é exigível para aquelas obras ou empreendimento de maior nocividade ao meio ambiente. 5.7. Hipóteses de Revogação das Licenças O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando houver violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença e, ainda, quando ocorrer superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 6. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SNUC - LEI Nº. 9.985/00 6.1. Conceito do SNUC A Constituição Federal dispõe: “incumbe ao Poder Público... definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e supressão permitidas somente através de leis, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justificam sua proteção.” CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 17 OS: 0148/9/16-Gil OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC - Lei nº. 9.985 de 2000 Definição de Unidade de Conservação “Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.” 6.2. Objetivos do SNUC - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos; - proteger as espécies ameaçadas de extinção; - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo desenvolvimento; - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; - proteger e recuperar os recursos hídricos; - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. 6.3. Categorias das Unidades de Conservação 6.3.1. Unidades de Proteção Integral (*serão desapropriadas) UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL – Somente pode haver o uso indireto de seus bens. - estação ecológica: * Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional. - reserva biológica *: Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais. É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional. - parque nacional *: Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade. As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. - monumento natural: Pode ser de particulares com eventual desapropriação. Tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade. - refúgio de vida silvestre: Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
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