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Medidas de Associação Epidemiologia – Prof. Evelise Moraes Berlezi Os principais tipos de medidas de associação são: Relativas ou Absolutas • Medidas Relativas utilizam uma razão e estimam quantas vezes uma medida é maior (ou menor) nos grupos que estão sendo comparados. Exemplos: Risco Relativo, Razão de Chances (OR), Razão de Prevalências • Medidas Absolutas utilizam uma subtração e exprimem em uma escala absoluta a diferença de frequência dos desfechos entre os grupos que estão sendo comparados. • Exemplos: risco atribuível, redução absoluta do risco estudos epidemiológicos procuram avaliar o impacto de uma determinada exposição na população- medidas de Risco Populacional. Exemplos: Risco atribuível na População, Fração Atribuível na População • Objetivo central da pesquisa epidemiológica identificação de relações causais entre exposições (fatores de risco ou proteção) e desfechos (doenças ou medidas clínicas) Efeito versus Associação: • efeitoidéia de causa • associação ideia de concomitância Teoricamente não seria possível observar diretamente o efeito de uma exposição porque o mesmo indivíduo não pode, simultaneamente, ser exposto e não exposto • Medidas da associação entre exposição e desfecho são utilizadas para expressar quantitativamente estas possíveis relações causais • Tabelas de contingência (2 x 2) - nas situações mais simples onde os eventos são expressos como categorias dicotômicas (exposto/não-exposto e doente/não-doente) As linhas representam categorias de exposição e as colunas as categorias da doença. Colunas DOENÇA Linha EXPOSIÇÂO Representação Risco relativo • O Risco Relativo expressa a seguinte pergunta: quantas vezes maior é o risco das pessoas expostas quando comparado ao risco das pessoas não expostas? • Exemplo: • O risco de câncer de pulmão em fumantes é 40 vezes maior do que em não fumantes (Risco Relativo = 40). • O Risco de Infarto do Miocárdio em fumantes é 3 vezes maior do que em não fumantes (Risco Relativo = 3). Risco relativo é uma comparação de riscos em dois grupos: • o grupo de pessoas expostas a um determinado fator comparado a • o grupo de pessoas não expostas. (Lembre que risco = incidência = número de desfechos sobre um total de indivíduos) Medidas de associação em estudos de coorte • Coorte: a condição de exposição dos indivíduos é conhecida no início do período de observação e após o seu término, calcula-se a incidência (risco, ou taxa) da doença. • RISCO RELATIVO - proporção de incidência ou incidência acumulada Relação entre a incidência nos expostos e a incidência nos não expostos. Incidência nos expostos RISCO RELATIVO = ----------------------------------------------- Incidência nos não expostos Calculo do Risco relativo (RR): 1- risco das pessoas expostas a um determinado fator: Número de eventos Total de pessoas expostas a um fator de risco Calculo do Risco relativo (RR): 1- risco das pessoas não expostas a um determinado fator: Número de eventos Total de pessoas NÃO expostas a um fator de risco Risco relativo Pessoas expostas Pessoas não expostas 5 3 13 13 Risco relativo • As pessoas expostas têm 1,7 vezes mais risco de adoecer (apresentar o desfecho) do que as pessoas não expostas. Exemplo: as professoras têm 3 vezes mais risco de apresentar disfonia do que as bibliotecárias. 5/13= 0,38 3/13=0,23 0,38/0,23 = 1,65 Cálculo do Risco relativo Tabela de Contingência EXPOSIÇÂO DOENÇA Sim Não População Sim a b a + b Não c d c + d TOTAL a + c b + d n Incidência nos expostos (IE) = a/a+b Incidência nos não expostos (INE) = c/c+d RISCO RELATIVO = IE/INE Risco relativo • O RR expressa a força da associação entre exposição e doença, mas... • O RR não informa nada sobre o risco absoluto de uma doença (incidência). RR= 1 Se dois conjuntos (grupos) têm o mesmo número de unidades, a razão entre eles será igual a 1. Indica que a taxa de incidência da doença nos grupos de expostos e não expostos são idênticas indicando que não há associação observada entre exposição e doença. RR> 1 Se o conjunto do numerador (expostos) tem mais unidades que o denominador (não expostos) o valor da razão será > 1. Indica associação positiva ou risco aumentado entre os Expostos ao fator estudado em relação aos não expostos. RR< 1 Se o conjunto do denominador (não expostos) tem mais unidades que o numerador (expostos) o valor da razão será < 1. Indica que há uma associação inversa ou um risco diminuído entre os expostos ao fator estudado é o chamado fator de proteção. Numa coorte de mulheres deseja-se saber se usar anticoncepcional oral (exposição) está associado com o risco de ter Infarto Agudo do Miocárdio em um período de 10 anos. IE =23 / 327 INE = 133 / 2949 RR = (23/327) / (133/2949) = 1,6 Interpretação: o risco de ter IAM entre mulheres que usam anticoncepcional oral é 1,6 vezes maior do que entre as mulheres que não usam. Usar anticoncepcional está associado a um risco 60% maior de ter IAM. Incidência nos expostos (IE) = a/a+b Incidência nos não expostos (INE) = c/c+d Medidas de associação em estudos de caso controle RAZÃO DE CHANCES OU ODDS RATIO • Estudos do tipo casos e controles, utilizam-se estimadores do risco relativo ou odds ratio. • Razão de Chances ou Odds Ratio: indica se a chance de desenvolver uma doença no grupo de expostos é maior/menor do que entre os não expostos. • NÃO se refere à risco mas à chance (odds) • Caso controle não estima nem incidência nem prevalência Só mostra se há associação entre exposição e doença • Nos estudos de caso-controle não há como calcular o Risco Relativo. Não há como saber a incidência dos eventos no total da população pois os grupos foram montados pelo pesquisador de uma forma “artificial”. RAZÃO DE CHANCES calcula a chance de uma pessoa doente ter sido exposta ao fator, quando comparada à chance de uma pessoa não doente RAZÃO DE CHANCES OU ODDS RATIO • A chance de adoecer é uma medida tipo razão, onde o numerador (probabilidade de adoecer) não está contido no denominador . • Risco é uma medida de frequência tipo proporção onde o numerador está contido no denominador. • EXEMPLO - Estudo caso-controle onde foram selecionados 117 casos e 871 controles e buscou-se informação sobre a frequência de exposição. A estimativa do OR foi de 1,76 - nos indivíduos expostos a chance de desenvolver a doença é aproximadamente 1,8 vezes maior do que naqueles que não foram expostos. RAZÃO DE PREVALÊNCIA Mostra quantas vezes mais os expostos estão doentes, quando comparado aos não expostos Não mede riscos Medidas de associação em estudos transversais Risco Atribuível Informa qual o efeito da exposição no excesso de risco de adoecer no grupo de expostos em relação ao grupo de não expostos. • O RA é a diferença entre a proporção de incidência do grupo de expostos em relação ao grupo não exposto. • A proporção de incidência no grupo de não expostos estaria representando o risco de adoecer por outras causas que não a exposição em questão. ATRIBUÍVEL expressa a idéia de que, se a exposição fosse eliminada, o risco observado nesta população seria aquele que observamos nos não-expostos. o excesso de risco é dito atribuível à exposição RISCO ATRIBUÍVEL OU DIFERENÇA DE RISCOS (RA) • o RA informa o efeito da exposição no excesso de risco da doença no grupo de expostos em relação aos não expostos. RA = ie – ine risco atribuível proporcional é o RA expresso em percentual em relação à incidência nos expostos. ie - ine rap =----------------- x100 ie Diferença de riscos - incidência expostos - incidêncianão expostos Qual é o risco adicional de uma doença que pode ser atribuído a uma exposição (risco além daquele apresentado por pessoas não expostas)? Qual é a incidência de doença atribuível à exposição além da incidência basal? • Por exemplo: Risco dos fumantes apresentarem distúrbios respiratórios: 30% Risco das pessoas que não fumam: 5% (dados fictícios) Então RA= 30% - 5%= 25% Ou seja, os fumantes tem 25% de risco A MAIS. Outra forma de dizer isto é: O risco atribuível ao cigarro é de 25% O Risco Atribuível é uma diferença de riscos Medidas de efeito e associação Tipo de estudo Medida de associação Estudo de coorte Risco relativo Estudo de caso controle Razão de chances (odds ratio) Estudo transversal Razão de prevalências Vamos ver mais aplicação das medidas de associaçao em estudos epidemiológicos a partir de exemplos 1. Estudo Transversal – Reijneveld realizou um estudo transversal sobre o fumo materno como fator de risco para cólica em lactentes. Resultados parciais são apresentados abaixo: Variável preditora Variável desfecho Com cólica Sem cólica Total Mãe fuma mais de 15 cigarros/dia 15 (a) 167 (b) 182 (a+b) Mãe não fuma 111(c) 2477 (d) 2588 (c+d) Total 126 (a+c) 2644 (b+d) 2770 (a+b+c+d) Tabela de contingência ou tabela 2X2 Qual a prevalência de cólica quando as mães fumam ? Qual a prevalência de cólica quando as mães não fumam ? Qual a prevalência geral de cólica? PERGUNTA –SE . . . Variável preditora Variável desfecho Com cólica Sem cólica Total Mãe fuma mais de 15 cigarros/dia 15 (a) 167 (b) 182 (a+b) Mãe não fuma 111(c) 2477 (d) 2588 (c+d) Total 126 (a+c) 2644 (b+d) 2770 (a+b+c+d) Qual a prevalência de cólica quando as fumam ? = a/(a + b) = 15/182 = 8,2% Qual a prevalência de cólica quando as mães não fumam ? = c/(c + d) = 111/2588 = 4,3% Qual a prevalência geral de cólica? = (a + c)/(a + b + c + d) = 126/2770 = 4,5% Razão de prevalência = 8,2%/4,3% = 1,9 Excesso de prevalência = 8,2% - 4,3% = 3,9% *** Razão de prevalência e o excesso de prevalência são análogos transversais do risco relativo e do excesso de risco (risco verdadeiro tirando os casos) 2. Estudo de caso-controle – exemplo abaixo. Na pesquisa apresentada no exemplo a pergunta a ser respondida é: “há associação entre vitamina K intramuscular e o risco de leucemia infantil?” O estudo mostrou que 69/107 casos e 63/107 controles haviam recebido vitamina K intramuscular. Abaixo tabela de contingência apresentado os dados. Variável preditora (História de medicação) Variável de desfecho Leucemia infantil controle Vit. K IM 69 (a) 63 (b) Sem vit. K IM 38 (c) 44 (d) Total 107 107 Risco relativo ≈ razão de chance = ad/bc = (69 x 44) / (63 x 38) = 1,27 A razão de chances ou razão de possibilidades (em inglês: odds ratio; abreviatura O.R.) é definida como a razão entre a chance de um evento ocorrer em um grupo e a chance de ocorrer em outro grupo. Chance ou possibilidade é a probabilidade de ocorrência deste evento dividida pela probabilidade da não ocorrência do mesmo evento. Esses grupos podem ser, por exemplo, amostras de pessoas com ou sem uma doença, no qual se quer medir a chance dessa pessoa ter sido exposta a um determinado agente ambiental; ou grupos/amostras para análise estatística, como homens e mulheres, tratados e não tratados, etc. Uma razão de chances de 1 indica que a condição ou evento sob estudo é igualmente provável de ocorrer nos dois grupos. Uma razão de chances maior do que 1 indica que a condição ou evento tem maior probabilidade de ocorrer no primeiro grupo. Finalmente, uma razão de chances menor do que 1 indica que a probabilidade é menor no primeiro grupo do que no segundo. Definição • O Risco relativo se baseia na observação de que nem todos têm a mesma probabilidade (risco) de padecer um dano, mas que para alguns este risco (probabilidade) é maior do que para outros. INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO/ TESTE DE HIPÓTESES I - Conceito de Risco É a probabilidade que tem um indivíduo ou grupo de indivíduos de apresentar no futuro um dano em sua saúde. Risco é probabilístico e não determinista. Exemplo: RN com peso entre 500 -1500g tem maior probabilidade de morrer (na UTINeo do HRAS: 19,58- ano 2000), mas muito deles não morrem. Risco é uma medida que reflete a probabilidade de que ocorra um dano a saúde. INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO/ TESTE DE HIPÓTESES II - Grau de Risco Mede a probabilidade de que o dano ocorra no futuro. Refere-se a um resultado não desejando. Não deve ser confundido com o risco !!! O dano em um RN seria a sua morte no período neonatal ou sequelas neurológicas consecutivas à asfixia, o risco é a probabilidade de que o dano venha ocorrer neste RN, medindo-o como um gradiente que vai de risco alto a baixo risco de morte neonatal ou de sequelas neurológicas, neste exemplo. 0 1 Baixo Risco Alto Risco INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO/ TESTE DE HIPÓTESES Graduar o risco É IMPORTANTE para programar atenção segundo o enfoque de risco, priorizando o grupo, dentro da população de maior necessidade. Exemplo: Dano: Baixo Peso Fatores de Risco: • Pobreza • Analfabetismo da mãe • Doença Intercorrentes • Desnutrição INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO/ TESTE DE HIPÓTESES III - Risco Relativo/Qui-quadrado • Risco Relativo (RR): Mede o excesso de risco para um dado dano nos indivíduos expostos ao fator de risco, comparado com os que não estão expostos. Fator Patologia Sim Não Total Sim A B A+B Não C D C+D Total A+C B+D n. = (a+b+c+d) RR = a/a+b c/c+d RR = Incidência do Risco nos que tem fator p1 = a/a+b RR= Incidência do Risco nos que não tem fator .p2 = c/c+d III – Tecnica da Prova de Hípótese: RR = a/a+b c/c+d RR = Incidência do Risco nos que tem fator p1 = a/a+b RR= Incidência do Risco nos que não tem fator .p2 = c/c+d Uma vez feito o cálculo de RR, torna-se necessário demonstrar: • Não há erros de registro, cálculo ou transcrição RR é prático e estatisticamente significativo • Um RR menor que 1,5 geralmente não é de valor prático • (a x d – b x c) ½ )2 • (a+b) x (d+c) x (b+d) x (a+c) • Qui-quadrado mede a probabilidade de as diferenças encontradas em dois grupos de uma amostra serem devidas ao acaso, partindo do pressuposto que, na verdade, não há diferenças entre os dois grupos na população donde provêm. Se a probabilidade for alta poderemos concluir que não há diferenças estatisticamente significativas. • Se a probabilidade for baixa (particularmente menor que 5%) poderemos concluir que um grupo (A ) é diferente do grupo B quanto ao fator estudado. Teste do X 2 (qui- quadrado) TESTE DE HIPÓTESES Associação • Um dos objetivos mais comuns em pesquisas com dados categorizados é verificar se duas ou mais variáveis apresentam-se associadas. • A associação entre duas ou mais variáveis implica que o conhecimento de uma altera a probabilidade de algum resultado da outra. Evelise Moraes Berlezi Teste Qui-quadrado Hipóteses v Ho: Personalidade e calvície são variáveis independentes na população em estudo. H1: Existe associação entre as variáveis personalidade e calvície, na população em estudo. Teste Qui-quadrado Estatística do Teste: O - valores observados. E - valores esperados sob a hi- pótese de independência entre as variáveis. Eij = (total da linha i) (total da coluna j) (total geral) 2 = (Oij - Eij ) 2 Eij i j Observações - Teste válido se os valores esperadosdas caselas forem grandes (todos acima de 10). Teste qui-quadrado de Pearson: amostra maior que 25 e no máximo 20% dos valores esperados nas categorias podem ser inferiores a 5. Teste Exato de Fisher: quando algum valor esperado é menor do que 5 ou se o número total de indivíduos é menor que 25. Independência ou Dependentes Teste Qui-quadrado verifica se as variáveis são: PRESSUPOSTO TEÓRICO: não faz sentido tentar calcular a média de uma variável categórica porque os valores numéricos que anexamos para categorias diferentes são arbitrários e a média daqueles valores numéricos deoenderá de quantos membros cada categoria tem. Portanto, quando medimos somente variáveis categóricas, analisamos frequências. LOGO o... A estatística do teste é: E EO 22 )( O = freqüência observada em cada categoria E = freqüência esperada em cada categoria Teste Qui-quadrado P(A ∩ B) = P(A) x P(B) VAMOS ENTENDER O TESTE! Exemplo: um pesquisador estava interessado se animais poderiam ser treinados para dançar em linha. Ele pegou 200 gatos e tentou treiná-los como recompensa para o comportamento desejado. No final da semana ele contou quantos podiam dançar e quantos não. Quantas variáveis categóricas temos? Quais são? Elas forma que tipo de tabela? Evelise Moraes Berlezi Equação do qui-quadrado Por se tratar de dados categóricos não podemos calcular média, neste caso precisamos estabelecer “valores esperados” . Uma maneira de estimar estes valores seria dividir 200 por 4=50. Isto seria correto se tivéssemos o mesmo número de gatos que receberiam afeição e comida, mas isto não ocorreu por isso precisamos calcular os valores esperados Com a obtenção o valor do modelo precisamos pegar cada valor em cada célula dos dados da nossa tabela, subtrair dele o valor correspondente do modelo, elevar o resultado ao quadrado e, então, dividir pelo valor correspondente do modelo. Depois some os resultados. Isto é uma contagem Evelise Moraes Berlezi EXEMPLO A PARTIR DE UM ARTIGO CIENTÍFICO Análise Estatística Variáveis Frequências absoluta e relativa Teste de associação Qui- quadrado
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