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ATIVIDADE ESTRUTURADA CIVIL VI -SUCESSÃO E UNIÃO ESTÁVEL

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TÍTULO: SUCESSÃO E UNIÃO ESTÁVEL (AULA 6) Guilherme, 40 anos e Lorena, 35 anos,
vivem em união estável desde outubro de 2000. Da união nasceram dois filhos Gustavo, 8 anos e
Luciana, 6 anos. A união não foi constituída por meio de escritura pública e, tão pouco, escrito
particular. Antes do estabelecimento da convivência Lorena possuía uma casa na Cidade de
Florianópolis, imóvel que vendeu em 2005 e com o produto da venda adquiriu casa em Curitiba, na
qual residia com a família. Guilherme, após o estabelecimento da convivência, em dezembro de
2001, adquiriu um carro com economias que vez decorrentes de salários recebidos durante aquele
ano. Em janeiro de 2011,Lorena falece em virtude de grave acidente. Guilherme lhe procura para
que providencie a partilha dos bens da companheira, mas lhe faz uma série de perguntas. Elabore
um parecer explicativo a Guilherme, respondendo às suas perguntas:
1- O que é união estável e qual sua diferença com o casamento?
R: Segundo a doutrina de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho
apresentam elementos caracterizadores essenciais e elementos caracterizadores acidentais para a
união estável. Entre os primeiros estão a publicidade, a continuidade, a estabilidade e o objetivo de
constituição de família. Como elementos acidentais, destacam o tempo, a prole e a coabitação.
 Pode-se conceituar ainda a união estável podendo ser é entendida como a união
entre duas pessoas, por livre vontade de ambas as partes, de caráter notório e estável, pretendendo
constituir uma família, tendo, por consequência, natureza jurídica de célula formadora de entidade
familiar.
Partindo para o conceito de união estável, repetindo o art. 1º, da Lei 9.278/1996,
enuncia o art. 1.723, caput, do CC/02, que é reconhecida como entidade familiar a união estável
entre o homem e a mulher, configurada na conviniência pública ( no sentido de notória), contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família (animus familiae) Repise-se que
o conceito foi construído a partir da doutrina de Álvaro Villaça Azevedo.
A diferença da união estável com o instituto do casamento, é que eles não são iguais, pois serem
categorias iguais não podem ser convertidas em uma na outra, a segunda é que não há hierarquia
entre casamento e união estável. Sendo apenas entidades familiares diferentes, que contam com
proteção constitucional. 
Sua diferença com o casamento se dava principalmente ( antes do julgamento do
Pleno do STF, que julgou pela inconstitucionalidade do art. 1790 do CC/02) no que tange a questão
da partilha da herança. No casamento pelo regime da comunhão parcial, os bens adquiridos
onerosamente durante o casamento são considerados bens comuns, dando ao sobrevivente o direito
a meação desses bens. Quantos aos bens particulares, por ser o cônjuge herdeiro necessário,
concorre com os filhos do falecido.
Já na união estável, por sua vez, não existia os mesmos direitos sucessórios. O
companheiro atingia somente os bens que foram adquiridos onerosamente na vigência da união
estável, o que não incluia os bens exclusivos, não sendo, assim, considerado como herdeiro
necessário, segundo preceituava o art. 1790 do CC/02. (Tendo sido julgado pelo STF, pela
inconstitucionalidade pelo tratamento desigual entre os dois institutos, sendo agoara dado o
mesmo tratamento do casamento a união estável.)
2- Uma vez que a união nunca foi constituída em documento público ou particular, pode-se
afirmar que há regime de bens aplicável ao casal? Explique sua resposta e aponte seus efeitos.
R: Há regime de bens aplicável ao casal, qual seja o da comunhão parcial de bens ou regime legal,
pois segundo o art. 1.725 do CC/02, aplicar-se-á `as relações patrimoniais, no que couber, o regime
da comunhão parcial de bens quando as partes não tiverem convencionado diferente por
instrumento público ou particular.
Como efeitos, temos que todos os bens adquiridos de forma onerosa após a data da união são
comuns ao casal, devendo haver partilha igualitária dos mesmos com o fim efetivo da relação, seja
por separação ou por morte de uma das partes.
Tratando-se especificamente de bens adquiridos de forma onerosa, estão excluídos desse rol, por
óbvio, os bens adquiridos (por somente uma das partes) por doação ou herança.
Também há o direito a alimentos após a separação, segundo regra do art. 1.694 do CC/02Por último,
quando aos direitos sucessórios, o companheiro sobrevivente terá, o mesmo direito que a do
instituto do casamento, pelo principio da isonomia,com fulcro no art. 226,§3º da CF/88,devendo-se
aplicar ainda o art 1826 do CC/02 conforme entendimento pacífico do STF.
3- Com a morte de Lorena, Guilherme terá algum direito sucessório sobre os bens por ela
deixados?Explique sua resposta.
R: Como no caso concreto cita a data do ano de 2011 , sendo assim, antes do reconhecimento de
Repercução Geral que estabelece isonomia no tratamento de partilha votado pelo STF, ainda não
tinha sido votado pela inconstitucionaldade do art. 1790 do CC/02, Guilherme não teria direito
sucessório sobre os bens deixados por Lorena, pois o único bem que a falecida possuía era um
imóvel adquirido antes da constância da união estável. Contudo, por trata-se de imóvel destinado a
residência da família, Guilherme terá direito de moradia no imóvel deixado por Lorena.
4- O sistema de sucessão estabelecido pelo Código Civil de 2002 para a união estável é
adequado? Explique sua resposta apontando vantagens e desvantagens.
R: O sistema de sucessões estabelecido pelo CC/02 para a união estável não é o mais
adequado.Isso porque traz ao companheiro direitos diferentes ao do cônjuge, ou seja, estabelece
diferenças entre a união estável e o casamento. A CRFB/1998, em seu art. 226, parágrafo 3º,
protege a união estável e lhe reconhece como entidade familiar, ou seja, equipara-a ao casamento. 
Diante dessa realidade, o Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) no mês de maio do ano de
2017, ao receber dois Recursos Extraordinários, que versavam sobre os direitos sucessórios,
decidiram pela inconstitucionalidade do art. 1790 do CC/02, devendo-se aplicar o art. 1826 da
referida norma supracitada. O que acabou pelo reconhecimento da Repercução Geral, ou seja, não
haveria mais tratamento desigual no quesito de fins sucessórios antes do estabelecimento da união
estável.

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