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RESUMO CORPORIEDADE E MOTRICIDADE HUMANA

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CORPORIEDADE E MOTRICIDADE HUMANA
O pensamento do corpo na Grécia Antiga: Os primeiros pensadores da Era Antiga não tinham a preocupação ou não colocavam em questão a dicotomia entre corpo e alma. Para exemplificar como o corpo não era visto de uma maneira segregada da mente (alma), em Ilíada, de Homero, e Antígona, de Sófocles, ocorrem dois episódios de morte, nos quais fica claro que o corpo na sociedade grega tinha muita importância, pois era necessário enterrá-lo para que a alma pudesse se separar desse ser humano, que perdera a vida, para juntar-se ao reino das sombras.
Alma: conjunto de diversas faculdades das mais simples a mais complexas.
Faculdade sensitiva: função e sentir dor e prazer.
Platão: Dois mundos: Inteligível: realidade ideal, captada pelo intelecto (alma), onde as coisas são perfeitas, sem erros e imortal.
 Sensível: imperfeito, corruptível, uma realidade sensível captada pelos sentidos, uma cópia do mundo inteligível.
Tipos de almas segundo Platão: Alma superior: ligada a racionalidade, responsável pelos pensamentos, localizada na cabeça. Alma inferior: ligada aos desejos, responsáveis pela luxúria e bens matérias, localizada abaixo do abdômen. Alma irascível: ligada a emoções e paixões, localizada no peito do indivíduo.
Tipos de caráter e temperamento das almas: Alma Concupiscível: inferior, toma decisões com base em desejos/ Alma irascível: a alma onde o ser humano toma decisões com base nas emoções/Alma racional: Alma superior decisões com base na racionalidade e na razão
Para as pessoas com caráter concupiscível, eram destinados os trabalhos como artesão, aos indivíduos com caráter irascível, a função de guerreiros e guardiões da cidade, e por último, os cargos de filósofos, magistrados e governantes das cidades, às pessoas com predominância de caráter racional.
Aristóteles # de Platão: Alma é a vida do corpo, sendo um complemento do outro, o corpo era uma extensão, uma realidade física limitada por uma superfície, portanto, corpo e alma são dois aspectos distintos, porém, inseparáveis de uma mesma realidade. Era inconcebível e sem sentido, para Aristóteles, uma visão dualista de separação entre corpo e alma, pois só é possível as ações das faculdades anímicas com uma relação entre corpo e alma.
Faculdades anímicas: movimentos que tonam a vida dinâmica, nutrição, reprodução, sensação, imaginação.
A preocupação desse filósofo com o corpo fica clara quando Aristóteles recomenda às mulheres que, durante a gravidez, não fiquem ociosas, se alimentem bem, exercitem o corpo e mantenham o equilíbrio espiritual para um bom desenvolvimento de suas crianças
No período do século V ao século XV, houve uma descorporalização, e uma evolução da racionalização. Como a maioria as ações dos homens estavam ligadas em atividades corporais, o corpo era instrumento de trabalho. O corpo tinha características para ações humanas como noções de tempo (as estações do ano que vão determinar quando plantar e colher) e sistemas de CASTAS (individuo nascia “dentro ou fora dos muros”)
CASTAS: Classificação das pessoas em grupos com base em condições socioeconômicas comuns
A descorporalização se dá também por questões religiosas. Pois a igreja tinha grande influência social, econômica e política na época.
SANTO AGOSTINHO conceitos de encontro a Platão: aplicando o dualismo entre bem e mal, graça e pecado, corpo e matéria, luz e trevas, Deus e homem, Agostinho tinha ideia pessimista em relação ao corpo pois as sensações que ele produzia e as criações terrenas, eram atraentes, porém sem valor. O corpo era cárcere da alma que por sua vez era pura e perfeita do pecado e da morte.
RENASCIMENTO: Período da história marcado por transformações em muitas áreas da vida humana como: cultura, sociedade, economia, politica, religião. Transição do feudalismo para o capitalismo.
RENE DESCARTES: O corpo era formado por duas substancias, um material (ou coisa externa) e a outra pensante, na qual confere ao corpo e à alma uma independência, apesar da alma estar inserida no corpo, o pensamento (alma) e a extensão (corpo) não estão ligados.
MÉTODO DE RENE DESCARTES para a construção do saber: Evidência (Não aceitar uma verdade cuja evidência não se conheça) Análise (dividir as possibilidades em quantas partes forem possíveis) Síntese: conduzir os pensamentos por ordem, em etapas, do simples para o composto/ Exaustivo (fazer enumerações completas e revisões, para não se omitir nada.
MÉTODO: Instrumento que ajuda a controlar os passos dados ao deduzir algo conhecido ou desconhecido.
MODELO MECANICISTA: O corpo e movido, porém não por si, mas pela alma, trazendo a ideia de corpo máquina.
FILOSOFIA CARTESIANA: MENTE (Consciência pura, pensamento, vontade, não biológica, compreessão, julgamento) CORPO (Sensações, movimentos, emoções e paixões, biológico, áreas confusas entre mente e corpo / emoções e percepções)
Além da racionalidade, a crescente ideia do capitalismo mudou como o corpo é visto e encarado, pois ele perde a ideia de proibição que era proposta pela Igreja, na Idade Média.
Houve também o surgimento de uma nova visão do corpo como um objeto cientifico.
FRIEDRICH NIETZSCHE # de Descartes e de Platão: O corpo interage com o ambiente, a sociedade em que está inserido. Só seria possível conhecer a alma conhecendo o corpo. Para ele a alma não se sobrepõe ao corpo, pois o corpo vivo interage interna e externamente por meio dos sentidos e sensações.
KARL MARX semelhante a Nietzsche de corpo interagir com o meio: O trabalho era a ideia chave para entender como a corporeidade se expressava, o corpo era utilizado para construir e alterar a natureza para seu próprio uso. Porém, com a concepção capitalista – produção em massa e linhas de produção –, o processo de criação e produção por esse corpo foi alienado, sendo somente um mero reprodutor de movimentos produtivos, tratando o trabalhador como uma mercadoria.
Pensadores, como Nietzsche e Marx, mudam a forma de ver o homem e, principalmente, como o corpo é observado, pois no pensamento dualístico e cartesiano o corpo sempre é oprimido, ou pela alma, ou pela razão.
Merleau Ponty # de Descartes e de Platão/ pensador contemporâneo: o corpo é o elo entre o indivíduo e a história. Apresenta uma visão diferente ao encarar que a percepção é diferente de sensação. Ponty exclui a ideia cartesiana da separação (de Descartes), ao eliminar os pensamentos do empirismo e do racionalismo. Para ele o corpo é tratado como um campo criador de sentidos, porque a percepção não é uma representação da mente, mas sim, um acontecimento da corporeidade. O corpo tem uma intencionalidade refletida pelo movimento, sendo assim possível perceber o mundo, os objetos e os outros corpos, permitindo o sonhar, imaginar, desejar pensar etc. Esse comportamento é conhecido como exercício da corporeidade dando a noção de liberdade, que é a interação entre o interior e o exterior do indivíduo.
Pensamento empírico (Empirismo): Toma o mundo com a realidade em si, sem reflexão. Baseado na experiência e na observação.
Pensamento Racional (Racionalismo): é quando você deixa de agir por emoções e começa a agir racionalmente. Relativo a razão.
MICHEL FOUCAULT pensador contemporâneo: Trata o corpo como uma esfera política, alvo de relações de poder na sociedade moderna, utilizado desde a Idade Média, por intermédio de castigos corporais e torturas, até a Idade Moderna e a Pós-Moderna (contemporânea), tendo um corpo treinado, submisso e dócil, passível de controle e manipulação. Para ele o corpo sofre os efeitos do poder, e os principais procedimentos de como o poder é manifestado sobre o corpo são a Disciplina e a Regulamentação. Esse poder interfere materialmente na realidade mais concreta do sujeito- o corpo, seu corpo social, adentrando em sua vida cotidiana, e está em todas esferas sócias não apenas no poder político governamental.
Dentre as práticas disciplinadoras: podem-se ilustrar e enumerar a imposição de gestos,atividades, usos, repartições espaciais, cálculo de tempo e os sistemas disciplinadores – prisões, hospitais e escolas –, que são formas pelas quais o poder se constitui sobre o corpo na Idade Contemporânea.
CONCEITOS DE SUJEITO PARA FOCAULT: O SUJEITO PRODUTIVO/ O SUJEITO QUE SE CONSTITUI AO LONGO DA VIDA POR QUESTÕES INTERNAS OU EXTERNAS/ A FORMA PELA QUAL O SER HUMANO TORNA SE SUJEITO.
Segundo Foucault, a origem da disciplina se configura por meio de três formas de adestramento do corpo: a vigilância hierárquica, as sanções normalizadoras e o exame.
Vigilância hierárquica: Um sistema de controle sobre o corpo, que integra uma rede de controle vertical (hierarquia), utilizando-se de meio de observação e conferindo o efeito de fiscalização de produção, principalmente em sistemas produtivos, tendo como objetivo o lucro (por exemplo, as fábricas)
Sanção normalizadora: Um sistema duplo de recompensa e punição, com o objetivo de corrigir e minimizar os desvios do sujeito na sociedade onde vive, tendo como premissa a micro penalidade, com base em tempo e comportamento, fundamentando-se em leis, programas e regulamentos.
Exame: Relacionado com as duas técnicas anteriores (vigilância e sanção) cujas relações de poder constroem o saber e constituem o sujeito de relações de poder e saber.
O corpo até hoje não alcançou uma libertação, pois sempre esteve preso a esquemas que o controlassem, desde um corpo manchado, que continha uma alma purificada, até um corpo sujeito de poder, que perpassa pela docilidade proposta por Foucault. Hoje o corpo esportivizado pode ser a última forma de uma imagem corporal – belo e forte –, pela qual se pode ter a ideia de mente sã em corpo são, criando os padrões de beleza atuais. 
MOTRICIDADE: A motricidade humana é um fenômeno com extrema complexidade, pois ela não nasce pronta, não tem uma ordem cronológica, nem estágio que acontece, pois é influenciada pelo meio social, dependendo de uma interação. Apesar de se observar o ser humano como uma única expressão, esse ser unitário apresenta múltiplas dimensões que vão influenciar a sua motricidade; decorrente disso, a construção pode ser feita de uma infinidade de possibilidades. A motricidade é a corporeidade representada pela intencionalidade
A MOTRICIDADE HUMANA NA EDUCAÇÃO FÍSICA: O corpo em movimento sempre foi e será um dos encantos para a Educação Física, independentemente de que área ou esfera esse movimento seja executado: um jogo recreativo, um ambiente escolar, uma dança ou no contexto de esporte de alto rendimento.
TOJAL: Tem como base a obra do filosofo português Manuel Sergio: na qual a motricidade emerge com um sinal da corporeidade de quem está no mundo para alguma coisa ou um objetivo. Com esse pensamento, o movimento está relacionado ao entendimento de uma compreensão e interação com o mundo e do mundo com o corpo/sujeito em respeito à complexidade do ser humano. Assim, a motricidade revela a intencionalidade operante do homem de se movimentar com sentido e conteúdo, relacionado à existência do ser humano, que tem como objetivo sempre se superar, e não apenas uma mera reprodução de movimentos preestabelecidos.
MOREIRA; NÓBREGA: A Educação Física não pode observar o corpo somente como uma estrutura composta por músculos, esqueleto e articulações, que compõem o sistema locomotor, ou seja, não deve se preocupar somente com o movimento produzido, mas também com o sujeito, o ser humano que produz o movimento. A motricidade representa um significado para o próprio corpo, pois apresenta um sentido, refletindo e manifestando a intenção do próprio corpo, aumentando o entendimento da percepção, que é a ligação entre o corpo e o mundo.
O homem tem suas primeiras experiências de exploração do mundo pelo movimento – motricidade –, constituindo um processo de humanização, pois a aprendizagem de cada indivíduo ocorre em sua relação com o meio social.
A CORPORIEDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE: Existe uma tendência a uma visão dualista do homem na Educação Física, principalmente pelas pesquisas realizadas, cuja procura estava relacionada a constatações de corpos medidos, comparados, desmembrados em variáveis e tipologias.
GONÇALVES: A Educação Física está relacionada à corporeidade e ao movimento do ser humano, ou seja, na intencionalidade do homem de um ser corpóreo e motriz, tendo como abrangências as diversas formas de atividades físicas, por exemplo, as ginásticas em geral, os jogos e as manifestações rítmicas, que incluem diversos tipos de danças, e os esportes em geral. O corpo-máquina ou corpo-objeto é conhecido e trabalhado em seus mínimos detalhes e “mecanismos”, manipulando suas partes, ajustando, moldando e ditando seu funcionamento. Por isso está relacionado à Educação Física com uma abordagem mais biológica, pertinente à manutenção da saúde corporal, à conquista de aptidão física, que está envolvida com o desenvolvimento de capacidades físicas, habilidades motoras e desempenho esportivo.
MOREIRA; SIMÕES: A Educação Física tem de tratar o conceito de corpo-objeto para o corpo-sujeito, aquele que apresenta uma intencionalidade, o que irá caracterizar a corporeidade, como apresentado na ideia de Merleau-Ponty. Descartes relaciona o corpo-máquina a um relógio, que realiza um trabalho mecânico sem reflexão nem intencionalidade, o qual, caso apresente qualquer defeito, pode ser consertado, ou suas peças, substituídas, e voltar a funcionar corretamente. Essa visão de corpo-objeto pode ser encontrada em conceitos estéticos das sociedades modernas, em que se tem um padrão a ser seguido na questão corporal segundo um modelo preestabelecido, por exemplo: se estão faltando seios, implanta-se organismos não pertencentes ao corpo; falta volume nas nádegas, também se implanta, tratando o corpo como um objeto passível de manipulação em busca de uma beleza padronizada. Correr em volta da quadra, realizar movimentos preestabelecidos de alongamento sem saber o motivo e quais as funções desse movimento em processo repetitivo, em alguns casos até a exaustão, e, quando não se consegue obter os resultados esperados, apela-se para o uso de anabolizantes com o intuito de passar o limite imposto pelo corpo.
JOÃO; BRITO: Diferentes discussões envolvem a corporeidade, em diversas perspectivas teóricas que têm o objetivo de restabelecer a relação entre o corpo e a mente, ou seja, a corporeidade se apresenta como uma proposta de superar a visão mecanicista ou a dicotomia fragmentadora de uma unidade do ser humano. Dessa forma, o movimento passa a ser o reflexo ou a intencionalidade de um corpo com dimensões indissociáveis na constituição do sujeito.
MORAIS: A ideia de um corpo-mercadoria, um corpo que pode ser comprado, modificado e trocado de acordo com ondas de modismos da cultura social vigente, relacionada com o capitalismo de consumo exagerado e desenfreado, podem ser observados em diversas ações de marketing para padrões e expressões corporais da “atualidade” que têm resultado econômico extremamente vantajoso para quem controla as tendências vendendo ideias distorcidas.
Até o início do século XX, a mulher tinha o corpo com mais concentração de gordura nos quadris, nas coxas, no abdômen e nos seios, pois na Era Pré-Industrial, em razão dos períodos de escassez de alimento, presumia-se que essas mulheres tivessem uma força de trabalho maior. No decorrer do século XX, principalmente após 1960, o padrão vem se alterando: busca-se um corpo magro com forma definida, adotada como um padrão de beleza e boa aceitação pela sociedade, que passa a constituir um corpo-objeto de consumo, levado em consideração um mercado crescente
Tal busca pelo padrão de corpo ditado pela sociedade pode acarretar alguns problemas, como uma visão deturpada da imagem corporal, que é uma figura do próprio corpo, construída na mente, em relação ao tamanho, à imagem e às formas, haja vista que essa formação inclui processos que podem ser influenciados por fatores como crenças e valores inseridos pela cultura.
CONCEITO DE AUTOIMAGEM OU IMAGEM CORPORAL:Perceptivo: relacionado a forma precisa da aparência física (tamanho e peso corporal) / Subjetivo: relacionada a satisfação da aparência (preocupação; ansiedade) / Comportamental: relacionada a situações de fuga do indivíduo (por ter momentos de desconforto com o corpo)
Buscando essa afirmação pela sociedade, acaba-se gerando uma insatisfação com o próprio corpo, “frequentemente associada a uma discrepância da percepção e do desejo relativo a um tamanho e uma forma corporal”
RIBEIRO; VEIGA: Com essa percepção deturpada da autoimagem, podem ocorrer os transtornos de conduta alimentares, como a anorexia nervosa e a bulimia, que têm as mulheres como principal vítima, acarretando problemas clínicos de comprometimento da saúde, levando ao afastamento de atividades profissionais e, em casos extremos, à morte.
ANOREXIA: Transtorno alimentar onde estão relacionados à realização de dietas determinadas e secretas, à insatisfação após perda de peso, às metas de peso mais baixas após atingir o peso inicial desejado, ao excesso de exercício e, nas mulheres, à interrupção da menstruação.
BULIMIA: Está ligada ao consumo elevado de uma grande quantidade de alimento em um curto período de tempo e à eliminação desse alimento ingerido, principalmente, por indução do vômito, dietas rigorosas ou jejum, exercícios de altíssima intensidade ou laxantes e diuréticos. As pessoas com bulimia geralmente não estão acima do peso, porém têm uma preocupação com a boa forma e a sua manutenção.
DISFORMIA MUSCULAR: é um tipo de transtorno de imagem corporal em que o indivíduo tem a percepção de que é fraco e pequeno em relação à quantidade ou ao tamanho de sua massa muscular, mas na verdade apresenta uma musculatura desenvolvida em níveis acima da média populacional.
VIGOREXIA: A partir da disformia muscular, é apresentada a vigorexia em que os indivíduos demonstram uma preocupação anormal com a massa muscular, que pode levar ao excesso de atividades de força (musculação), práticas de dietas hiperproteicas (quantidades elevadas de proteínas), hiperglicídicas (quantidade elevada de carboidratos), hipolipídicas (pouca quantidade de lipídios e gorduras), uso de suplementos proteicos e, em casos extremos, consumo de esteroides anabolizantes. Pessoas com vigorexia não fazem atividades com características aeróbias, pois acreditam que esse tipo de atividade acarrete perda de massa muscular, além de evitar a exposição de seus corpos, por sentirem vergonha.
PRINCIPAIS SINAIS DE PESSOAS COM VIGOREXIA: • Preocupação frequente de que seu corpo não seja magro e musculoso. • Perda de oportunidades sociais, especialmente por estar na academia. •. Gastar muito dinheiro em alimentos especiais ou suplementos dietéticos para aumentar a musculatura. •. Evitar a exposição do corpo, principalmente em situação em que possam vê-lo, como piscina, praia e vestiários. •. Realizar atividades físicas em situações de restrição médica e/ou de lesão. •. Ingerir drogas, como anabolizantes.
Corporeidade é um conceito aberto, que requer compromisso com a existência. Conceber, perceber, viver e conhecer o corpo na Educação Física, individual e coletivamente, tendo como regra de qualificação do gênero humano.
O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FISICA E A CORPORIEDADE: Deve formular uma concepção diferenciada em relação ao corpo humano; não ter a ideia de uma máquina perfeita ou a ser melhorada nas questões de rendimento, mas, sim, em uma corporeidade viva, existencial, racional e sensível. O profissional de Educação Física deve ser capaz de compreender o homem em sua totalidade e produzir uma intervenção condizendo com essa realidade de um novo homem. Buscar um corpo possível em uma prática de atividade e exercícios físicos sistematizados, deixando de lado a ideia de um corpo ideal ou perfeito, abandonando o modismo que acontece nas diversas áreas da Educação Física. Precisa buscar a inclusão de diversos tipos de corpos nos exercícios físicos, e não somente aqueles que apresentam um “potencial” para atingir a perfeição estética e performática. O profissional não pode desprezar as experiências do sujeito e o sistema social ou a cultura em que está inserido, por isso sempre deve procurar contribuir para o desenvolvimento desse corpo real ou existencial que, ao se movimentar, busca a constante superação. O profissional de Educação Física deve compreender o trabalho com o ser humano, que está em constante modificação e adaptação em virtude da sua interação com o meio. Dessa forma, o entendimento da corporeidade e da motricidade dará suporte para que ele saiba lidar com as características internas e do meio.
O corpo é uma unidade integrada e complexa, com sentidos, razões e diversas experiências com o mundo, no qual mantém uma relação de dependência e individualidade. Não é uma junção de diversas partes ou diversos órgãos com funções distintas, como uma máquina, nem um ser de causa e efeito que recebe um estímulo e tem uma resposta condizente sem qualquer tipo de reflexão ou pensamento
QUALIDADE DE VIDA: Indica o nível das condições básicas e suplementares do ser humano. Estas condições envolvem desde o bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, os relacionamentos sociais, como família e amigos, e também a saúde, a educação outros parâmetros que afetem a vida humana.
A qualidade de vida exprime características pertencentes à corporeidade e à motricidade humana. Logo, a qualidade de vida e a corporeidade estão estreitamente ligadas, pois são as formas, as condições e as possibilidades do ser humano de se relacionar com o meio em que está inserido.
QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE: Qualidade de vida é um pressuposto totalmente humano e está relacionado ao grau de satisfação que é encontrado nos contextos da vida familiar, social, amorosa, a própria estética e o ambiente em que se está inserido. Portanto, revela a capacidade dos indivíduos de refletir uma síntese da cultura dos diversos elementos que a sociedade determina como padrão de conforto e bem-estar. O termo qualidade de vida é utilizado em duas vertentes de pensamento: NA LÍNGUAGEM COTIDIANA: representando a população de uma forma geral, jornalistas, políticos, profissionais de diversas áreas e gestores de políticas públicas/ EM PESQUISAS CIENTIFICAS: em diferentes áreas de conhecimento, como Economia, Sociologia, Educação, Medicina e demais áreas da saúde.
WHOQOL group: Grupo de estudos da Organização Mundial da Saúde. Sobre qualidade de vida define-a como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Inclui, ainda, seis domínios principais, quais sejam: saúde física, estado psicológico, níveis de dependência, relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual.
MARTIN E STOCKLER: percebem que a noção de qualidade de vida pode ser mensurada pela distância entre as expectativas individuais e a realidade vivida, ou seja, quanto menor for essa distância, melhor será a qualidade de vida. Para eles, remete a um plano individual, não ao coletivo, determinado por três referenciais: • Histórico: ligado ao tempo de desenvolvimento econômico, social e tecnológico. Porém os parâmetros de qualidade de vida mudam conforme as diferentes sociedades e também em uma mesma sociedade, em tempos históricos distintos. • Cultural: refere-se aos valores e às necessidades dos povos ou sociedades, revelando seus costumes e suas tradições. • Classes sociais: o padrão de qualidade de vida se relaciona ao bem-estar das camadas superiores e à ascensão de classes inferiores para superiores.
Além dessa percepção individual de qualidade de vida, esse conceito intrínseco em cada indivíduo sofre influências de propagandas da mídia, alimentos e campanhas políticas, assim, se cria a ideia de que elevar a qualidade esteja ligado exclusivamente a esforços do sujeito
ELEMENTOS OBJETIVOS PARA A QUALIDADE DE VIDA: fatores como alimentação, moradia, acesso à saúde, emprego, ou seja, necessidades que garantema sobrevivência do indivíduo na sociedade. Daí são traçados índices de referência sobre características sociais e econômicas da população, e, a partir desses índices, são criadas políticas e ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população.
ELEMENTOS SUBJETIVOS PARA QUALIDADE DE VIDA: Também se consideram aspectos concretos –, possui variáveis históricas, sociais, culturais e de interpretação individual sobre as condições de bens materiais e de serviços do indivíduo.
Um exemplo de como os aspectos objetivos e subjetivos podem ser observados é no sistema de bem-estar da Escandinávia, com base em três verbos básicos à vida humana: ter, amar e ser.
A PERCEPÇÃO OBJETIVA DA QUALIDADE DE VIDA: A esfera de percepção objetiva da qualidade de vida está relacionada à garantia e à satisfação em ter acesso a elementos essenciais, à necessidade e à sobrevivência do ser humano, como: água potável, alimentos, trabalho digno, lazer e saúde. Percepção objetiva incluem-se três características: • aquisição de bens materiais; • avanços educacionais; • condições de saúde
A PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA VISTA SOMENTE POR CRITERIOS OBJETIVOS: Muitas vezes, é utilizada como propaganda política, dando uma visão generalista e homogênea de uma realidade que ainda apresenta muita desigualdade e é extremamente heterogênea, principalmente no Brasil. Com isso, os dados que compõem essa percepção acabam englobando diferentes sujeitos em um mesmo contexto. Mas essa análise objetiva é importante para determinar uma melhor intervenção em áreas que necessitam de um melhor desenvolvimento, como saúde e ações sociais, direcionando uma melhoria para um determinado grupo.
A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DA QUALIDADE DE VIDA: Trabalha com as ações individuais diante da vida do próprio sujeito, como a expectativa de seus próprios níveis de qualidade de vida, pelo estilo de vida do sujeito, caracterizado pelos hábitos aprendidos e adotados durante a vida, que tem relação com a realidade social, ambiental e familiar. Essa percepção subjetiva, como a felicidade, a satisfação, o estado de espirito, entre outras, de uma forma geral, vai criar a perspectiva de como os sujeitos avaliam suas vidas, ou seja, as pessoas experimentam suas vidas positivamente. Assim, a esfera subjetiva está muitas vezes atrelada à felicidade. A felicidade está ligada a questões externas, não como algo subjetivo, mas como uma qualidade desejada.
Só é possível falar da qualidade de vida e compreendê-la tendo como ponto inicial a percepção individual do sujeito sobre a sua própria vida.
Logo a percepção do indivíduo está inserida nas características sociais que estão dentro de um contexto cultural.
A RELAÇÃO ENTRE AS ESFERAS DE PERCEPÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA: Não podem ser mensurados de maneira separada, uma vez que se complementam formando o conhecimento da qualidade de vida. Porém se faz necessário saber quais as diferenças entre essas duas esferas de percepção, pois a divisão se apresenta de maneira muito sútil. A questão é que a qualidade de vida lida com inúmeros fatores que afetam a vida do sujeito e estão relacionados entre si. 
Como as estruturas ou as classes sociais apresentam diferentes padrões de forma de consumo e materiais, é possível determinar que nem todos têm as mesmas oportunidades de escolhas, dependendo de uma série de situações para se ter a chance de ações na vida que estão atreladas a características socioeconômicas, de subsistência, saneamento, dentre outras.
Na sociedade contemporânea, a escolha de um estilo de vida saudável é um fator determinante para as situações de saúde e de vida do indivíduo, porém, muitas vezes, essa escolha não é possível em razão de problemas nas condições socioeconômicas. Alguns fatores, como nutrição adequada, horas de descanso, acesso ao sistema de saúde e práticas de atividades físicas, não são possíveis ou acessíveis a todas as pessoas em decorrência das condições de vida, que não possibilitam tais ações
QUALIDADE DE VIDA E A POLITICA DO ESTADO: O Estado assume, a ideia mínima de responsabilidade, em que somente ele tem de ofertar as condições ou a melhoria em determinados setores de serviços para a população, como saúde, transporte e educação, beneficiando a qualidade de vida, porém essas ações têm de possibilitar aos indivíduos adquirir e incorporar estilos de vida mais saudáveis. Ter uma boa perspectiva de qualidade de vida dependerá de quais possibilidades o sujeito tem de satisfazer as suas necessidades fundamentais, e isso está relacionado com a capacidade de realização do indivíduo, que depende das oportunidades reais para que as ações ocorram como um ato social.
A percepção da qualidade de vida – boa ou ruim – vai depender da compreensão que o sujeito tem em relação ao ambiente em que está inserido, junto às ações que realiza para a manutenção de suas necessidades e expectativas.
INSTRUMENTO PARA MEDIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: A Qualidade de vida abrange muitos fatores – de percepção objetiva e subjetiva –, e a sua medição, muitas vezes, não contempla a realidade, principalmente a de cada indivíduo. A qualidade de vida é apresentada como um conceito de difícil compreensão e tem diversas delimitações que possibilitam a total e completa medição em qualquer tipo de trabalho.
Podem ser classificadas de acordo com quatro abordagens: • Econômica: tem como principal elemento os indicadores sociais, como renda, transporte, acesso aos serviços públicos, entre outros. •. Biomédica: está relacionada às condições de se oferecer melhoria na vida dos enfermos, principalmente em relação à saúde e aos níveis de funcionamento social. •. Psicológica: busca indicadores que tratam das reações subjetivas do indivíduo, com suas experiências sobre qualidade de vida, sendo avaliado por sua própria vida, felicidade e satisfação. • Geral: uma abordagem multidimensional que apresenta uma organização mais complexa e dinâmica dos componentes. Valores, inteligência e interesses pessoais são fatores que devem ser considerados.
Parâmetros para a qualidade de vida: Os parâmetros mais complexos estão relacionados às ideias de ser, pertencer e transformar. O SER se relaciona com as habilidades individuais, a inteligência, os valores e as experiências de vida. PERTENCER se associa às ligações interpessoais, às escolhas, além da participação em grupos e da inclusão em programas sociais TRANSFORMAR trata das práticas, como trabalho, programas educacionais e oportunidades de desenvolvimento das habilidades em estudos formais e informais.
IDH (INDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO): Um instrumento muito utilizado como percepção objetiva, Ele tem o propósito de apresentar uma perspectiva sobre o desenvolvimento humano, porém não compreende todas as vertentes pertencentes à complexidade do desenvolvimento do ser humano, principalmente a percepção subjetiva do indivíduo.
IDH é FORMADO POR TRES PILARES: Saúde: Uma vida longa e saudável- medida pela expectativa de vida/ Educação: Acesso ao conhecimento- medida pela média de educação dos adultos pela média de anos estudados durante a vida, expectativa de anos de escolaridade da criança/ Renda: Padrão de vida: avaliado pela renda nacional bruta per capita.
A classificação para determinar se um local tem um alto ou baixo desenvolvimento humano varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento humano.
IMPORTANTE: Nem todos os instrumentos podem medir as esferas objetivas e subjetivas.
OS INSTRUMENTOS WHOQOL-100 E WHOQOL-bref: Um instrumento de qualidade de vida composto por 100 itens, divididos em 6 domínios e 24 facetas. 
A ideia de utilizar uma diversidade cultural na construção desse instrumento mundial é, a partir dessas realidades diferentes, tentar ao máximo reduzir as interferências culturais, principalmente as pertencentes à perspectiva subjetiva dos sujeitos, diferentemente de um instrumento formado em uma única realidade, como os Estados Unidos.
ESCALA TIPO LIKERT: A escala tipo Likert é medida de 5 a 7 pontos, com intervalos iguais entre eles, como objetivo de avaliar o grau de concordância ou discordância das afirmações. É muito utilizada em inventários de atitudes. Que varia em INTENSIDADE (nada; muito pouco; mais ou menos; bastante; extremamente), FREQUÊNCIA (nunca; raramente; às vezes; repetidamente; sempre) e AVALIAÇÃO (muito ruim; ruim; nem ruim, nem bom; bom; muito bom e muito insatisfeito; insatisfeito nem satisfeito, nem satisfeito; satisfeito; muito satisfeito). 
O instrumento WHOQOL-100 pode ser aplicado em diversas situações e realidades, com prática clínica, aprimoramento da relação médico-paciente, avaliação e comparação de respostas em diferentes tratamentos médicos e também como parâmetros para avaliação de serviços e políticas públicas.
Pelo fato de esse instrumento apresentar 100 questões, ter a característica de ser longo e sua aplicação exigir um tempo maior por parte do entrevistado e do entrevistador – perante essa realidade e a necessidade de um questionário mais conciso –, o grupo de Qualidade de Vida da OMS desenvolveu uma versão abreviada do WHOQOL-100, criando o WHOQOL-bref
O instrumento WHOQOL-bref é composto por 26 questões, sendo 2 com aspectos gerais e 24 representando as 24 facetas do instrumento original. O instrumento abreviado é composto por 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente
Tanto o IDH como os WHOQOL-100 e WHOQOL-bref têm suas metodologias e validades comprovadas, permitindo comparações entre os estudos, porém ambos apresentam limitações, uma vez que cada um pretende avaliar uma esfera e especificações de uma sociedade e do indivíduo em cada contexto.
QUALIDADE DE VIDA E CORPOREIDADE: Quando refletimos sobre a construção da corporeidade na sociedade ocidental, temos a separação ou a dicotomia corpo e mente, passando pelo cartesianismo até chegar ao conhecimento mais aprofundado de Foucault e Merleau-Ponty, que considera a corporeidade como a dinâmica de uma um indivíduo em um mundo, interagindo e modificando-o por intermédio e aprendizado do corpo integral. Já a ideia de qualidade de vida também tem um caráter abrangente, que pode ser abordado por diversas áreas de estudo e conhecimento; todavia, para se obter um entendimento da qualidade de vida de uma maneira integral, não se pode ter uma compreensão apenas a partir de dados estatísticos, que acabam apresentando uma realidade reducionista de uma população ou sociedade heterogênea, como os índices produzidos pelo IDH. É interessante observar que a corporeidade e a qualidade de vida aludem ao indivíduo para que ele seja um ser de transformação, por meio do corpo, da realidade e da cultura em que está inserido, e não apenas um mero reprodutor de uma cultura, de um poder ou de paradigmas sociais. Em face disso, a qualidade de vida é um processo que deve ser incorporado pelo sujeito, por meio da corporeidade que tenta entender o ser humano em seu sentido mais amplo, relacionado com a sua história e sua cultura. Contudo, para que isso ocorra, não é possível reduzir o ser humano a uma única esfera de compreensão de maneira objetiva.
Não se pode subestimar qualquer esfera de vida do indivíduo, e isso inclui sua qualidade de vida.
Na sociedade atual, os valores da pós-modernidade e a noção da qualidade de vida estão relacionados ao consumo de bens, ou melhor, ao consumo estético e material, por exemplo, e isso acaba afastando o sentido de que a qualidade de vida e a corporeidade estão intimamente ligadas, pois sem essa relação o processo para o desenvolvimento de ambas perde o sentido dos conjuntos e das marcas culturais que compõem o sujeito e a sociedade em que se relaciona. Diante disso, a qualidade de vida está ligada com a corporeidade – o corpo vivo, o corpo vivido –, pois uma pessoa só irá compreender e identificar a sua qualidade de vida sabendo como é a corporeidade.
A corporeidade junto à incorporação de uma qualidade de vida significante promove uma transcendência, que exigirá um processo de entendimento e aprendizado significativo da cultura, pois com isso se constrói a história, e a partir disso se perpetua a cultura, que auxilia na construção do corpo.
Para que se tenha uma corporeidade plena e isso se reflita na qualidade de vida e vice-versa, é necessário inserir uma ética com o intuito de transformar a intencionalidade em ações de cidadania para uma sociedade democrática, com diversidades de interesses e ideias. Assim, faz-se necessário conviver com diferentes espécies no próprio mundo em que o ser humano habita, dando uma proteção ao meio ambiente.
RELAÇÃO DOS ELEMENTOS DE INTERAÇÃO: A fim de se compreender o ser humano, é preciso ter a consciência da complexidade da interação dos elementos, que são inseparáveis e interferentes entre si: INDIVIDUO, SOCIEDADE E ESPECIE.
Porém, nas últimas décadas, vem ocorrendo uma redução de corpos ativos, principalmente para a realização de tarefas cotidianas, aumentado as patologias ligadas ao sedentarismo
A prática de um exercício físico é um fator importante para a prevenção e o tratamento de doenças, bem como para a garantia de melhorias nos estados físicos e emocionais do indivíduo. Perante isso, a atividade física pode ser caracterizada como um instrumento em que o indivíduo pode modificar e adaptar seu corpo para, assim, alcançar melhoria em seu estado de saúde.
EDUCAÇÃO FISICA E A QUALIDADE DE VIDA: uma relação bem estreita, independentemente do conceito adotado e do instrumento de medição, a área de saúde e as práticas corporais, como atividade física e esporte, sempre estarão relacionadas.
ÁREA DE SAÚDE: remete às práticas da medicina, todavia a abrangência dessa área é bem ampla e se conecta a aspectos físicos, emocionais e de relacionamento sempre ligados ao bem-estar.
Alguns fatores influenciam a percepção de qualidade de vida de um indivíduo, como a educação, o mercado, diversas possibilidades de consumo, mas o componente que mais compreende a qualidade de vida na sociedade contemporânea ou se relaciona com ela é a saúde.
Tanto a saúde quanto a doença de uma pessoa não podem ser relacionadas somente a um único aspecto, pois se configuram por uma relação contínua, a qual dependerá de ações individuais do ambiente e das políticas públicas
NO AMBIENTE: a qualidade de vida está ligada aos aspectos socioeconômicos da população, os quais determinarão as condições de vida dos indivíduos que as detêm e estão relacionados com as condições de saúde, que podem ser mensuradas em instrumentos e indicadores de percepção objetiva, A mensuração desse aspecto determinará as possibilidades de acesso aos bens e serviços relacionados à saúde que são disponibilizados à população.
PREVENÇÃO DE SAUDE: prevenção em saúde está ligada ao encorajamento da associação direta e predominante da relação entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde.
PROMOÇÃO DE SAUDE: foi apresentada uma responsabilidade múltipla – e tem a união de interesses com foco na promoção da saúde do Estado por meio de políticas públicas, da sociedade cível, dos indivíduos, do sistema de saúde e da parceria entre os setores.
Os hábitos saudáveis dos indivíduos e os estilos de vida, que compreendem principalmente a esfera de percepção subjetiva de cuidados à saúde, interferem nas atitudes cotidianas. Percebe-se que os hábitos que interferem no cotidiano englobam ações, como alimentação, relacionamentos interpessoais e prática de atividade física. Em face disso, é inegável que a incorporação de hábitos saudáveis advém do comprometimento do indivíduo com uma rotina apropriada, desde que as suas condições de vida favoreçam essas escolhas
A atividade física, assim com a saúde, apresenta um composto de variáveis e opções existentes, e cada uma dessas opções apresenta uma influência no bem-estar do indivíduo, para continuidade ou manutenção da saúde, porém é preciso ter as primícias de que a prática dessa atividade está de acordo com as características e as expectativas do indivíduo, assim como o local e as metodologias empregadas nela.
Preferências das atividades física: Na década de 1970, tinha-seuma preferência pelas atividades da ginástica aeróbica, já nos anos 1980, a atividade predominante era o treinamento de força, principalmente pelo aumento no número de fabricantes de máquinas e equipamentos para academia. Na década de 1990, a Educação Física no Brasil se tornava uma profissão regulamentada, dando um maior investimento em qualificação, credibilidade e profissionalismo, o movimento fitness conseguia angariar e sensibilizar a sociedade a respeito do combate ao sedentarismo, principalmente por ações veiculadas pelas mídias, com discursos motivacionais, redundantes, mas sem embasamento científico.
Atualmente, em oposição ao estilo fitness, que ainda tem grande influência, foi desenvolvida a abordagem de wellness, que tem como conceito o bem-estar. Assim, passa a ter mais valor os ideais de como o indivíduo se sente ao fazer uma atividade. A ioga, o tai chi chuan e o pilates, por exemplo, ganharam muitos adeptos
Mesmo apresentando alto índice de sedentarismo, as camadas com um poder econômico maior nem sempre vão adotar um estilo de vida mais saudável, com uma prática sistematizada de atividade física. Um dos motivos para o aumento do sedentarismo pode estar ligado às facilidades de acesso aos bens tecnológicos – em algumas percepções, com aumento da qualidade de vida, tornando-a mais ágil e dinâmica –, porém substituindo a atividade motora humana pela atividade de máquinas
A aptidão física também é uma variável referente à prática de atividade física que pode aperfeiçoar a performance, contribuindo para um melhor desempenho das atividades diárias ou esportivas, além de auxiliar na prevenção de doenças e maior disposição no dia a dia
A partir das aptidões físicas que os indivíduos possuem, pode-se identificar que a atividade é diferenciada, tendo um sentido de acordo com a prática, o significado e a motivação. É possível enumerar duas categorias que influenciam a aptidão do indivíduo para essas práticas: • Atividade física incorporada ao estilo de vida: prática que não tem o objetivo de alcançar os limites físicos do organismo, focando o antissedentarismo, o prazer pela prática e a socialização. As atividades podem ou não ser sistematizadas, porém não excluem a sensação de cansaço e esforço. • Atividade física ligada ao treinamento e à melhoria de performance atlética: busca o rendimento atlético máximo para uma excelente performance. Sempre acontece de uma forma sistematizada, com variáveis de controle de objetivo. Engloba as situações de treinamento esportivo e estético, apresentando variáveis de controle de treinamento
É possível verificar uma gama muito grande e uma heterogeneidade de sua prática, porém ambas ainda tentam trabalhar o bem-estar dos indivíduos, independentemente do objetivo de prática. Pelo fato de haver esse panorama, a escolha de uma atividade física que não esteja adequada às características do indivíduo pode gerar um esforço além do ideal e produzir efeitos negativos para o praticante, como as lesões.
Para relacionar a atividade física com a saúde, devem-se considerar os seguintes aspectos: • características do sujeito; • aptidão física; • sentido da prática; • objetivo da prática.
O profissional que trabalha com a atividade física, ou seja, o profissional de Educação Física, motiva as práticas e os hábitos saudáveis, mas é preciso ter a consciência de considerar as características de vida do sujeito e o seu corpo. Caso isso ocorra, ele proporcionará uma prática adequada à realidade do indivíduo, garantindo-lhe acesso a bens materiais que promoverão uma melhoria na qualidade de vida.
O profissional também tem de ser crítico quanto às exposições que a mídia proporciona a respeito de práticas saudáveis, pois ela semeia uma possibilidade quase infinita de práticas, com objetivos aparentemente corretos e saudáveis, porém sem considerar as características complexas que compõem a relação entre atividade física, qualidade de vida e saúde.
A prática regular da atividade física, quando realizada de uma forma que respeite as características do indivíduo e seus aspectos culturais, traz benefícios para os diversos sistemas que integram o organismo, além de ser importante para o tratamento de algumas patologias.
No tocante ao sistema respiratório, a asma é uma das patologias mais comuns na infância, diminuindo a capacidade de realizar exercícios, em que o próprio exercício pode desencadear o processo asmático, principalmente se ocorrerem atividades de alta intensidade que necessitem de um alto consumo de oxigênio. Atividade de intensidade moderada e prática regular de atividade física aeróbia reduzem a sensação de dispneia (falta de ar) e aumentam a tolerância ao esforço físico, melhorando a qualidade de vida
Na atividade aeróbia, o oxigênio está presente na produção de energia, tendo uma duração mais longa e uma intensidade de baixa a moderada.
O sistema ósseo é responsável pela sustentação e proteção do corpo, e a todo instante sofre um processo de remodelamento em razão da atividade das células ósseas. A prática de atividade física por crianças, adolescentes e jovens aumenta a densidade óssea, tornando-os mais resistentes a traumas. Com o envelhecimento, principalmente nas mulheres e após a menopausa, ocorre um desequilíbrio entre a produção e a absorção de massa óssea, aumentando a possibilidade de surgimento da osteoporose, no entanto a atividade física desenvolvida de modo regular faz que os ossos continuem fortes, minimizando os riscos de doenças. Já no sistema cardiovascular, a hipertensão arterial é tida como uma das principais patologias. Essa doença é uma condição na qual a pressão do sangue no interior dos vasos sanguíneos se encontra mais elevada do que os padrões indicados para os indivíduos de acordo com sua idade e seu tamanho, exigindo um maior trabalho por parte do coração, principalmente para bombear sangue para todo o corpo, desenvolvendo outras patologias, como infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico. A atividade física vem sendo usada como tratamento para a hipertensão arterial, pois durante o exercício se tem uma necessidade maior de nutrientes e oxigênio para os músculos, ocorrendo um fluxo sanguíneo mais intenso, o que acaba removendo produtos que podem ser tóxicos à estrutura muscular, como o lactato. Com a adesão a uma prática regular e constante, aumenta-se a capacidade de contração dos vasos sanguíneos, diminuindo a pressão arterial.
LACTATO: É o sal derivado do ácido lático.
DIABETES: patologia associada ao sistema endócrino, está relacionada ao aumento de glicose no sangue em decorrência da diminuição na produção de insulina ou por dificuldade na ação desse hormônio.
INSULINA: produzida pelo pâncreas, é responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue), ao promover a entrada de glicose nas células.
Os riscos da diabetes são variados, como hipertensão arterial, doenças coronarianas, retinopatia e distúrbios renais, que podem levar à falência renal crônica. O exercício físico é eficiente no controle da diabetes, ajudando a controlar a concentração de glicose no sangue, pois o exercício físico, por meio da contração muscular, aumenta a utilização dessa glicose, levando, assim, à necessidade de a insulina ser utilizada para facilitar a entrada de glicose nas células musculares.
ESPORTE E QUALIDADE DE VIDA: O esporte, uma das atividades dentre as disponíveis que têm muita influência na qualidade de vida do indivíduo e até de sociedades inteiras, pode favorecer mudanças no modo e nas condições dos sujeitos (de uma forma profissional ou não).
O esporte tem função para a vida do homem em sociedade, ao transmitir valores, diversas formas de sociabilização, educação e saúde, além de ser expressão de uma arte, entretanto também é um palco para a banalização e a violência social.
O esporte também sofre uma imensa influência mercadológica e da mídia, consequentemente acaba sofrendo um processo de discriminação por parte dos profissionais que trabalham com atividade física e qualidade de vida, ou seja, o esporteapresenta muitas facetas que possibilitam um acréscimo de valores que buscam incorporar uma melhor qualidade de vida.
Por meio da cultura de uma sociedade, o esporte acaba por incorporar as diversas facetas desses costumes e, em decorrência disso, torna-se um agente produtor de cultura para essa sociedade. Por conseguinte, a qualidade de vida promove a possibilidade de obtenção de bens culturais e a integração de hábitos saudáveis.
A quantidade de participantes de diversos esportes, principalmente durante o século XX, aumentou por causa do número crescente de modalidades, uma vez que o esporte era visto apenas na perspectiva do rendimento esportivo. Com essa nova abordagem do esporte, foi possível proporcionar um acesso mais democrático e separado da visão de rendimento ou de atleta profissional, passando a ter uma denominação social com o enfoque do desenvolvimento humano.
AS MANIFESTAÇÕES DO ESPORTE SÃO: • Esporte educacional: praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer. •. Esporte participação: caracterizado pela prática voluntária, compreendendo as modalidades desportivas com finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente. •. Esporte rendimento: praticado segundo regras nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados, integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. •. Esporte formação: caracterizado pelo fomento e pela conquista inicial dos conhecimentos esportivos, que garantirão a competência técnica esportiva, com o objetivo do aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática dos esportes em competição, recreação e alto rendimento.
DOPING: é o uso de recursos anabólicos para se obter um desempenho maior do que se conseguiria por meio de treinamento, além de ser resultado de um conjunto de princípios e valores que exige melhor desempenho no alto rendimento. A busca de uma constante superação de recordes e marcas, em associação com as premiações, gera uma atmosfera favorável para tal prática. Esse tipo de situação não se restringe somente ao alto rendimento; muitos indivíduos não atletas buscam os recursos ergogênicos para fins de superação estética e autossatisfação.
ERGOGÊNICOS: Substância ou artificio que aumenta a capacidade para o trabalho corporal e mental.
Mesmo com um treinamento específico e atenções de grandes grupos interdisciplinares para potencializar o desempenho do atleta e tentar alcançar os melhores resultados, a ocorrência de lesões e o uso de substâncias ilegais se fazem presentes no esporte de alto rendimento.
Pelo fato de o esporte proporcionar um relacionamento interpessoal, acaba por ocorrer uma transmissão não apenas de valores entre os sujeitos, que são pertencentes a sua formação humana, mas também dos valores que a prática e o ambiente trazem. Por esses motivos, é necessário ter uma educação para a prática esportiva. A uma primeira instância, uma educação com esporte é voltada para o ensino de aspecto tático, gestual e controle emocional para uma competição, e, em um segundo momento, para aspectos mais conceituais, como valores a respeito da competição, da cooperação e da vinculação do alto rendimento com a exposição midiática.
Além dessas questões elencadas anteriormente, o desenvolvimento dos sistemas fisiológicos, na busca ou na manutenção da saúde pela prática do esporte, tem de ser reiterado. Assim, a busca ou a manutenção da saúde só será possível caso o esporte seja praticado – considerando a forma como é realizado –, adequando-se às características do indivíduo, como as condições de vida, a idade e o condicionamento físico. Questões como saúde, relacionamentos pessoais positivos e o respeito ao adversário (fair play), são uma tendência de valores trabalhados no esporte, principalmente no século XXI, mesmo sofrendo ainda uma forte influência da espetacularização do esporte, que leva às pessoas a aderir a uma prática de esportes por causa de valores mercadológicos e consumo de produtos ligados ao fenômeno, porém a prática tem de atender às carências, às possibilidades, às limitações e aos objetivos dos indivíduos que se submetem a essa prática
O esporte não está relacionado apenas ao rendimento esportivo, ao se atingir metas e recordes mundiais, mas também às modalidades esportivas utilizadas como uma possiblidade de movimentos diversos, com a intencionalidade e a relação entre as potencialidades dos corpos dos seres humanos, gerando uma interação social, e isso faz parte do processo de desenvolvimento da cidadania.

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