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04/04/2013 1 TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS Profª. Msc. Danielle VitorinoMoraes • A administração de sangue ou seus derivados pode salvar a vida de um paciente em estado crítico. • Uma transfusão eficaz e segura requer um conhecimento preciso: ▫ da condição a ser tratada, ▫ das necessidades transfusionais específicas, ▫ dos prejuízos e benefícios decorrentes desta terapia. • Hemorragias severas x Choque hipovolêmico • Nos primeiros estágios da hemorragia, ocorre contração esplênica. • Movimentos dos líquidos teciduais. • Transfusão com sangue total. • Separação do sangue: ▫ Evita riscos de sobrecarga. ▫ Evita de reações transfusionais. ▫ Reduz o número de doadores. Fatores, antes de optar pela execução de uma transfusão sanguínea. • Grau de anemia. • Resposta da medula óssea. • Condições físicas gerais do animal. • Sangue adequado, principalmente para felinos. • Equipamentos adequados para a colheita e administração do sangue. • Limitações financeiras. 04/04/2013 2 GRUPOS SANGÜÍNEOS E REAÇÕES CRUZADAS • Os tipos sangüíneos são marcas genéticas encontradas na superfície dos eritrócitos. • Glicolipídeos e glicoproteínas da superfície da membrana das hemácias. • Oito grupos sanguíneos foram identificados no cão, DEA (Dog erytrocyte antigen). • A freqüência dos grupos sangüíneos nos felinos apresenta uma pequena variação de acordo com a raça. Uma vez que os anticorpos naturais podem existir na maioria dos felinos, é aconselhável o teste de reação cruzada antes de todas as transfusões sangüíneas nesta espécie. • Nos grandes animais, principalmente nos bovinos e eqüinos, tem pouco valor na orientação de uma transfusão sanguínea, devido ao seu grande polimorfismo 04/04/2013 3 Reações cruzadas • Reação cruzada maior: ▫ Soro do receptor e as hemácias do doador. • Reação cruzada menor: ▫ Soro do doador e as hemácias do receptor. Princípios básicos na seleção de um doador de sangue • Animal adulto jovem, sadio e sorologicamente negativos às principais doenças infecciosas (virais, bacterianas e parasitárias); • Evitar transfundir sangue de bovino J positivo, ovinos R positivo e eqüino A, C e Q positivos, com o objetivo de evitar choques ou destruição prematura dos eritrócitos pela presença de isoanticorpos naturais; • Usar um doador aleatoriamente para a primeira transfusão; • Usar como doadores parentes do receptor como a mãe, filha, irmão para uma maior; • Evitar uma segunda transfusão com o sangue do mesmo doador; • Jamais transfundir uma fêmea gestante; • Nunca transfundir uma fêmea com o sangue de um macho que por ventura possa ser cruzada futuramente (eqüinos); • Nunca remover mais que 20 a 25% do volume de sangue do doador. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE DOADORES • O doador de sangue canino: ▫ magro ▫ idade entre 2 a 5 anos ▫ peso superior a 25 kg ▫ boas condições de saúde ▫ devidamente imunizado contra as principais doenças ▫ hematócrito superior a 40% ▫ teor de hemoglobina ≥ a 13 g/dL ▫ sorologicamente negativos para Brucella sp, Ehrlichia sp, Babesia sp, Hemobartonella canis, Trypanasoma cruzi ▫ estar livres de carrapatos e pulgas ▫ não ter recebido transfusões prévias, ou ter passado por gestação. 04/04/2013 4 • O doador felino deve ser: ▫ Adulto ▫ pesar em torno de 5 kg ▫ possuir hematócrito ≥ a 35% e hemoglobina ≥ a 11 g/dL ▫ sorologicamente negativo para: � Toxoplasma gondii � Haemobartonella felis � Vírus da peritonite felina � Leucemia felina (FeVL) � Panleucopenia felina (PLFe) COLHEITA E ESTOCAGEM DE SANGUE • O sangue para transfusão deve ser colhido assepticamente por gravidade em bolsas plásticas, contendo um anticoagulante. • Os locais de colheita em cães e gatos incluem as veias cefálicas e jugulares, artérias carótidas e femorais e ventrículos cardíacos. • O sangue e o anticoagulante devem ser suavemente misturados durante a colheita, para evitar a formação de coágulos. • Pode-se retirar 13 a 17 mL de sangue por kg de peso corporal de um cão a cada 3 a 4 semanas, ou uma unidade regular (450 mL), para um cão com peso igual ou superior a 25 kg. • Já um gato pode doar 5 mL de sangue/kg de peso corporal, ou 50 mL (uma unidade felina) para um gato de peso igual ou superior a 5 kg, a cada 3 a 4 semanas. • Doadores de sangue regularmente usados devem receber uma dieta com níveis adequados de vitaminas, minerais e proteínas. • As seringas plásticas podem ser utilizadas para colheita de sangue em felinos e cães muito pequenos. • O sangue fresco total pode ser mantido à temperatura ambiente com agitações suaves, por menos de 8 horas, antes da transfusão. 04/04/2013 5 • Papa de hemácias, pode ser estocada a 4° C por aproximadamente l mês. • Qualquer meio de estocagem de sangue, produz hemólise mínima após 35 dias de estocagem. • A administração de sangue hemolisado no cão tem sido visto como tendo um efeito adverso na função renal e no sistema de coagulação. • Plasma fresco congelado pode ser estocado a - 20ºC ou menos até 1 ano. • Plasma rico em plaquetas e concentrado de plaquetas pode ser estocado à temperatura ambiente sob agitação suave por 48 horas. • O crioprecipitado pode ser estocado a -30ºC ou menos por até 1 ano. INDICAÇÕES PARA AS TRANSFUSÕES • Sangue total ▫ Casos de hemorragias ativas, choques hemorrágicos, anemias com trombocitopenias, depressão da hematopoiese, anemias hemolíticas graves. ▫ Fornece eritrócitos, proteínas plasmáticas e se usado dentro de 8 a 12 horas após a colheita, fornece também fatores de coagulação e plaquetas. ▫ Geralmente é indicada a transfusão, quando o hematócrito atinge valor igual ou inferior: � a 15% nos caninos, 12% nos eqüinos, e 10% nos felinos e bovinos. • Concentrado de hemácias ▫ Preparação usada para repor massa de hemácias. ▫ Vantagem: � minimizar a exposição aos antígenos do plasma do doador � aumentar o volume globular sem riscos de hipervolemia. ▫ Antes da transfusão, deve ser adicionado à bolsa 250 mL de solução fisiológica 0,9%, facilitando sua administração. ▫ O concentrado de hemácias pode ser estocado 35 dias à 4ºC. 04/04/2013 6 • Plasma fresco congelado ▫ Usado para repor volume plasmático e fatores de coagulação. ▫ Repor fatores de coagulação em casos de CID, ▫ Fonte de albumina nas queimaduras e hipoproteinemias, ▫ Reposição de anticorpos em neonatos imunodeficientes. ▫ A administração de plasma é aconselhada quando as proteínas totais estiverem < que 3 g/dL ou quando a albumina estiver < que 1,5 g/dL. •Crioprecipitado ▫ É a porção insolúvel que permanece após o descongelamento parcial do plasma fresco congelado. ▫ Ele é rico nos fatores VIII, Von Willebrand, fibrinectina e fibrinogênio. ▫ É indicado especialmente no tratamento das hemofilias A e doença de Von Willebrand. ▫ Pode ser estocado 1 ano congelado (-20ºC). • Plasma rico em plaquetas (PRP) ▫ Indicado nos casos de trombocitopenias com ativo sangramento e nos casos de disfunção plaquetária. ▫ Quando estocados de forma ideal, o concentrado de plaquetas mantém sua eficácia hemostática até 5 dias. ▫ Vantagem: � Redução do volume necessário, o qual pode ser fator limitante em pacientes neonatos. Anticoagulantes: colheita e preservação de sangue total: • Ácido cítrico, citrato de sódio e dextrose (ACD), 10 mL/60 mL de sangue total, preserva o sangue durante 21 dias; • Citrato de sódio, fosfato, dextrose e adenina (CPDA 1), 10 mL/60 mL de sangue total, durante 35 dias • Citrato de sódio, fosfato e dextrose (CPD), 10 mL/60 mL de sangue total, preservação durante 21 dias; 04/04/2013 7 • Glicose monohidratada, cloreto de sódio adenina e D-manitol (SAG-M), 1 mL/ 7 mL de sangue, preserva ascélulas vermelhas por 42 dias. • Citrato de sódio 3,8% pode ser usado para colheita de sangue para transfusão imediata (1 mL/10 mL de sangue). ADMINISTRAÇÃO DO SANGUE • Aquecido a 37° C aproximadamente 30 minutos antes da transfusão. • Administração de um pequeno volume por um período de 5 minutos. • A administração deve ser feita através das veias cefálica ou jugular. • Nos animais recém-nascidos - infusão através da cavidade medular do fêmur ou úmero. • Administração intraperitoneal é uma via que pode ser usada em cães e gatos jovens, quando a punção da veia é difícil ou impossível. Só que a absorção das células é de aproximadamente 50% com 24 horas e 70% com 48 a 72 horas. CÁLCULO DO VOLUME A SER ADMINISTRADO peso corporal x volemia x (VG desejado - VG do receptor) (kg) (VG do doador c/ anticoagulante) Volume de sangue (mL) 04/04/2013 8 • Cão de 20 Kg, com hematócrito de 10%. Há a necessidade de transfusão? • VG do doador: 40% • VG do doador com anticoagulante: 38% • Outra alternativa é a infusão de 1 a 2 mL de sangue/kg de peso, elevando o hematócrito em 1%,(se o hematócrito do doador for de 40% ou mais). • Se for utilizada papa de hemácias, deve administrar-se a metade do volume, pois o hematócrito da papa está entre 70 a 80%. • A reposição de 25 a 50% da deficiência já é o suficiente, desde que a hematopoiese não esteja deprimida. • Quando um grande volume de hemácias é abruptamente introduzido na circulação, pode ocorrer uma supressão da eritropoese. 04/04/2013 9 • O volume de plasma sugerido é de 6 a 10 mL/kg de peso nas hipoproteinemias. • Para repor fatores de coagulação, é de 6 a 10 mL/kg de peso, 2 a 3 vezes ao dia, durante 3 a 5 dias, numa velocidade que não ultrapasse a 6 mL/minuto. • O crioprecipitado deve ser administrado na dose de 12 a 20 mL/kg de peso ou 1 bolsa para cada 10 kg de peso corporal. VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO • Nas hemorragias maciças agudas: ▫ 20 mL/kg/hora em animais adultos ▫ 4 mL/kg/hora pacientes de pequeno porte ou com insuficiência cardíaca ▫ 40 mL/kg/hora em potros e bezerros jovens • Velocidade inicial de 0,25 mL/kg durante 30 minutos, enquanto o paciente é cuidadosamente monitorado. • Após este período, a velocidade pode aumentar para 4 a 5 mL/kg/hora. • O tempo máximo de infusão deve ser de 4 horas, para evitar crescimento bacteriano. • A velocidade de administração do plasma é de 20 mL/kg/hora, já nos casos de hipoproteinemias administrar 5 mL/kg/hora, para evitar prováveis sobrecargas. COMPLICAÇÕES TRANSFUSIONAIS • Reações transfusionais imuno-mediadas: ▫ Reações hemolíticas agudas ou retardadas ▫ Reações adversas de leucócitos, de plaquetas, de proteínas ▫ Isoeritrólise neonatal. • Reações transfusionais não imunomediadas: ▫ Sobrecarga circulatória ▫ Coagulopatias ▫ Microembolismo pulmonar ▫ Intoxicação por citrato ▫ Hipotermia ▫ Transmissão de doença. 04/04/2013 10 • As reações mais graves são as hemolíticas imunomediadas agudas, as quais podem iniciar dentro de segundos a minutos, podendo ocorrer até 48 horas pós-transfusão. • As reações hemolíticas retardadas são as mais comuns, ocorrendo à medida que anticorpos são produzidos em pacientes sensibilizados sete a dez dias pós-transfusão. Manifesta-se por uma inexplicável queda no hematócrito, possível icterícia, devido à lise extravascular. • Geralmente não são fatais, eles aparecem 5 a 15 minutos após o inicio da transfusão e regridem espontaneamente o mais tardar uma hora após cessada a transfusão. • Nos eqüinos: ▫ flexionamento dos membros posteriores ao andar ▫ aumento da freqüência respiratória ▫ a cabeça mantém-se baixa ▫ inspiraçãoruidosa, podendo ficar várias vezes com a boca aberta. ▫ respiração torna-se superficial em reações severas o animal tende mantê-la em inspiração, incontinência urinária e fecal. • Nas demais espécies os sintomas freqüentemente observados são: ▫ dispnéia, taquicardia, urticária, tremores, salivação, hemoglobinemia, hemoglobinúria, incontinência urinária e fecal, febre transitória, prostração, dispnéia, convulsões, CID e choque. • Contaminação bacteriana pode ocorrer. • Inúmeros agentes infecciosos podem ser transmitidos através de uma transfusão de sangue. • Hemossiderose pode ocorrer em pacientes que receberam múltiplas transfusões, o excesso de ferro é estocado no fígado. • Em casos de acidentes transfusionais, suspender a transfusão, manter o acesso ao vaso e lutar contra o choque administrando: ▫ * Epinefrina 1/1000 4 a 5 mL/ 450 kg de peso. ▫ * Solução de manitol a 10% 1 a 2 mL/kg pv lentamente. ▫ * Dexametasona 4 a 6 mg/kg EV. ▫ * Dexametasona 0,5 a 1,0 mg/kg IM (preventivo). ▫ Para prevenir a CID, heparina 40 a 80 UI/kg via E.V., depois de duas horas, administrar 40 UI/Kg por via SC, repetir a cada 8 ou 12 horas.
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