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OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS - Obrigação composta -Apresenta uma multiplicidade de sujeitos (complexidade subjetiva) - Obrigação complexa subjetiva ativa – quando há mais de um credor - Obrigação complexa subjetiva passiva – quando há dois ou mais devedores -Neste tipo de obrigação leva em conta o seu conteúdo, ou seja, a unicidade da prestação. Obrigação divisível: é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes. Obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento quanto ao cumprimento. Obrigações Divisíveis Artigo 257, Código Civil. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto os credores ou devedores. - Consagra a regra concursu partes fiunt; - A obrigação deve ser fracionada em tantas obrigações quantos forem os credores e devedores, de forma igualitária e independente. - Ex.: havendo três devedores da obrigação divisível de entregar 120 sacas de soja em relação a um único credor, aplicando-se a presunção relativa de divisão igualitária, cada devedor deverá entregar 40 sacas. Obs.: Eventualmente, o instrumento obrigacional pode trazer uma divisão distinta e não igualitária, pois o artigo 257 é norma de ordem privada. Em suma, sendo divisíveis, as obrigações se fracionam em tantas partes quanto forem os credores e devedores, conservando-se independentes, como um feixe de relações justapostas, iguais e distintas, cada credor com direito a uma fração e cada devedor também respondendo pela sua fração. Obs.: A divisibilidade das obrigações, com regra geral a que alude o artigo 257 do Código Civil, será excepcionada em casos de solidariedade (art. 264, CC) ou de indivisibilidade (art. 259, CC). Obrigações Indivisíveis Conceito - Artigo 258, CC. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Portanto, a indivisibilidade pode ser: a) natural – decorrente da natureza da prestação; Ex.: obrigação de entregar um cavalo ou um automóvel a vários credores b) legal – decorrente de imposição da norma jurídica; Ex.: impossibilidade de disposição de lote urbano com menos de 125 m2 c) convencional – pela vontade das partes da relação obrigacional. Obs.: Na maioria das vezes, a indivisibilidade é econômica, pois a deterioração da coisa ou tarefa pode gerar a sua desvalorização, tendo origem na autonomia privada dos envolvidos na relação obrigacional. Ex.: obrigação que tem como objeto um diamante de 50 quilates, cuja divisão pequenas pedras terá um valor bem inferior ao da pedra inteira. Regras da indivisibilidade **Pluralidade de devedores Artigo 259, CC. “Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga- se no direito do credor em relação aos outro coobrigados”. - Trata-se de sub-rogação legal, automática ou pleno iure, enquadrada no art.346, III, Código Civil. - Regra: Cada devedor é obrigado pela dívida toda. - O coobrigado que paga a dívida toda é sub-rogado no direito do credor, em relação aos outros coobrigados. - O devedor sub-rogado nos direitos do credor, não pode pretender, na via de regresso, nada além da soma que tiver desembolsado para desobrigar os outros devedores, deduzida a quota que lhe compete. -Ex.: Credor (A) e três devedores (B, C e D) que devem entregar um touro reprodutor, que custa R$ 30.000,00. Se B entrega o touro, poderá exigir, em sub-rogação, R$ 10.000,00 de cada um dos demais devedores, ou seja, as suas quotas-partes correspondentes. - O devedor, demandado por obrigação indivisível, não pode exigir que o credor acione conjuntamente todos os codevedores. Qualquer deles, à escolha do autor, pode ser demandado isoladamente pela dívida inteira. Atenção: O parágrafo único do art. 259 do Código Civil, se vale da expressão sub-rogação que significa substituição do credor originário em todos os seus direitos, deveres, pretensões e ônus. **Pluralidade de credores Artigo 260, Código Civil. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I – a todos conjuntamente; II- a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. - Cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde também pelo todo. - Sendo indivisível a obrigação o pagamento deve ser oferecido a todos conjuntamente. - O devedor pode se exonerar pagando a dívida integralmente a um dos credores, desde que autorizado pelos demais, ou que, na falta dessa autorização, dê esse credor caução de ratificação dos demais credores. -Ex.: se um só dos credores receber sozinho o cavalo, poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe competir em dinheiro. Assim, sendo 03 os credores e valendo R$ 3.000,00, o animal recebido por um dos credores, ficará o que recebeu obrigado, junto aos outros dois, ao pagamento, a cada um deles, da soma de R$ 1.000,00. - Caução de ratificação = garantia de que irá repassar as quotas dos demais. Ou seja, a caução é um documento no qual se insere uma garantia de aprovação da quitação unilateral por parte dos outros credores. Obs.: Esta garantia deverá ser celebrada por escrito, datada e assinada pelas partes, com firmas reconhecidas e, pode até ser registrado em cartório de títulos e documentos. - Artigo 262, Código Civil. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão”. Remitir = perdoar Se um dos credores remitir a dívida, não ocorrerá a extinção da obrigação com relação aos demais credores. Os demais credores não poderão exigir o objeto da prestação se não pagarem a vantagem obtida pelos devedores, ou seja, o valor da quota do credor que a perdoou. Ou seja, os demais credores só podem exigir a obrigação, descontada a quota do credor remitente. Exemplo: A, B e C são credores de D quanto à entrega do famoso touro reprodutor, que vale R$ 30.000,00. A perdoa (remite) a sua pare na dívida, correspondente a R$ 10.000,00. B e C podem ainda exigir o touro reprodutor, desde que paguem a D os R$ 10.000,00 que foram perdoados. Parágrafo único, artigo 262, Código Civil. “O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão”. Transação – é o negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes previnem ou terminam relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas. Novação – é a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior. É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Compensação – é o meio de extinção de obrigações, porém entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Confusão – é quando por alguma circunstância, as qualidades de credor e devedor se encontrarem em uma só pessoa, extingue-se a obrigação pela confusão. Perda da indivisibilidade Artigo 263, Código Civil. “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1º. Se,para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º. Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos”. A indivisibilidade origina-se da natureza da prestação. A obrigação indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos, que é uma obrigação de dar divisível. Obs.: A obrigação solidária não perde sua natureza se convertida em perdas e danos. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS Conceito A obrigação solidária caracteriza-se pela multiplicidade de credores e/ou devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único devedor. Artigo 264, Código Civil. “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”. Obrigação solidária ativa – qualquer um dos credores pode exigir a obrigação por inteiro. Obrigação solidária passiva – a dívida pode ser paga por qualquer um dos credores. Características das obrigações solidárias A) Pluralidade de sujeitos ativos ou passivos; B) Multiplicidade de vínculos; C) Unidade de prestação; D) Corresponsabilidade dos interessados. O pagamento da prestação efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um. Princípios comuns à solidariedade Artigo 265, Código Civil. “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”. A solidariedade contratual não pode ser presumida, devendo resultar da lei (solidariedade legal) ou da vontade das partes (solidariedade contratual). Ex.: solidariedade legal – artigo 942, parágrafo único, Código Civil. Artigo 266, Código Civil. “A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente para o outro”. Obrigação solidária pura ou simples – é aquela que não contém condição, termo ou encargo. Obrigação solidária condicional – é aquela cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto (condição). Obrigação solidária a termo – é aquela cujos efeitos estão subordinados a evento futuro e certo (termo). Exercícios de fixação Questao 44 (PGE-GO) Acerca do direito das obrigações, está. INCORRETA a seguinte proposição: A) Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. B) A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. C) A solidariedade não se presume; resulta sempre da lei, jamais da vontade das partes. D) Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for divisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. E) Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, a dívida toda. Questfio 45 Com relação a obrigação de dar coisa certa, é CORRETO afirmar que: A) Até a tradição, os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. B) Se antes da tradição, a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este somente pelas perdas e danos. C) A obrigação de dar coisa certa não abrange os acessórios dela, salvo se o contrário resultar do titulo ou das circunstâncias do caso. D) Deteriorada a coisa, sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. E) Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, sendo que apenas nesta última hipótese, com direito a reclamar indenização das perdas e danos. Sendo a obrigação indivisível e conjunta ou existindo solidariedade passiva em obrigação divisível, o credor: (A) pode cobrar a dívida toda apenas de cada um dos devedores da obrigação indivisível, embora seja ela conjunta, mas não pode cobrar a dívida toda apenas de um dos devedores solidários, se a obrigação deles é divisível. (B) pode cobrar a dívida toda de apenas um dos devedores solidários, mas não pode cobrar integralmente a dívida de apenas um dos devedores se a obrigação é conjunta ainda que indivisível. (C) pode, em ambos os casos, cobrar a dívida toda de qualquer dos devedores. (D) não pode o credor em nenhum desses dois casos cobrar a dívida toda de apenas um dos devedores. (E) terá de demandar, em ambos os casos, todos os devedores, mas terá direito de receber apenas de um deles.
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