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Resumo de historia do direito brasileiro

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Resumo de história do direito brasileiro 
1500 
Invasão do Brasil, período de exploração de riquezas principalmente pau-brasil 
Período de colonização portuguesa no Brasil 
Extração de pau brasil, tentativa de implantar padrões europeus aos índios que eram vistos 
com selvagens, em 1549 chega os primeiros jesuítas para impor o catolicismo, os jesuítas 
tinham como missão recuperar os fiéis que estavam inclinados a virar protestantes 
principalmente na Alemanha e Inglaterra que não obedeciam ao papa, eles montaram as 
primeiras escolas, mas só ensinava aos meninos. 
Nesse período a hierarquia de poder era: O rei de Portugal abaixo dele vinha o governador 
geral e a Igreja abaixo vinha provedor mor, ouvidor mor e capitão mor. 
A tradição jurídica no direito brasileiro veio do direito português, e adotavam o modelo civil 
law, o tratado de Tordesilhas favoreceu Portugal e Espanha para explorarem o novo mundo, 
porem os franceses não respeitaram a decisão papal e tentaram criar colônia no lado 
português do tratado, Portugal tinha como base do direito as organizações afonsinas, Filipinas 
e manuelinas. Em 1530 Portugal divide o território da colônia em 15 capitanias e nomeando 12 
donatários para cuidar delas, com o principal objetivo de cobrar impostos, fundar vilas, e 
dominar os selvagens (índio) principalmente os tupinambás, o solo nas capitanias era propícia 
a plantação de cana. O rei ortogava os direitos de exploração das capitanias através da carta 
de doação e do Floral. 
De 1549 a 1759 Cria- se o cargo de governador geral e ele auxilia na administração das 
capitanias e sua exploração, o 1º governador geral foi Tomé de Souza nesse período foi 
implantado o aparelho jurídico administrativo de Portugal (provedor, ouvidor e capitão) nesse 
período surge o direito penal com a aplicação de pena de morte, e as punições eram 
desumanas. 
No período das capitanias a escravidão era algo comum e frequente principalmente de negros 
trazidos da África, sua força bração era utilizado para o cultivo da cana de açúcar 
principalmente e nos engenhos de açúcar, nesse período Portugal passou a ter grande lucros e 
as colônias também com o monopólio do comercio de açúcar integrando economicamente a 
colônia com os mercados da Europa. 
Com a descoberta do ouro em fins do século XVII, as contas de Portugal puderam se reequi-
librar. Na colônia, a economia deslocou seu eixo das regiões nordestinas para a das Gerais. Um 
novo surto de prosperidade havia chegado, integrando áreas muito distantes ao consumir 
produtos agrícolas e também atrair a pecuária. 
A economia brasileira, no período colonial, atendeu aos interesses da metrópole tendo no 
açúcar o elemento de fixação de Portugal como potência colonial na América. 
Depois do fim da União Ibérica e de os holandeses serem expulsos, levando o cultivo do açúcar 
para a região das Antilhas, nossa produção entrou em decadência. 
Com a descoberta das minas, a colonização interiorizou-se e houve uma urbanização nessas 
áreas produtoras, provocando a chegada de muitos migrantes. 
Após a descoberta do ouro começamos a ver que a colônia não estava plenamente feliz, algumas 
das principais rebeliões ocorridas no período colonial, que evidenciam a existência de fissuras 
na relação colônia/metrópole desde meados do século XVII. 
Geralmente motivadas por questões de ordem econômica, essas rebeliões expressavam o 
descontentamento da população local em relação ao excessivo controle da metrópole sobre as 
províncias coloniais. 
A Revolta dos Beckman ocorreu no ano de 1684 sob liderança dos irmãos Manuel e Tomas 
Beckman. O evento que se passou no Maranhão reivindicava melhorias na administração 
colonial, o que foi visto com maus olhos pelos portugueses que reprimiram os revoltosos 
violentamente. Foi a única revolta do século XVII. 
A Guerra dos Emboabas foi um conflito que ocorreu entre 1708 e 1709. O confronto em Minas 
Gerais aconteceu porque os bandeirantes paulistas queriam ter exclusividade na exploração do 
ouro recém descoberto no Brasil, mas levas e mais levas de portugueses chegavam à colônia 
para investir na exploração. A tensão culminou em conflito entre as partes. 
A Guerra dos Mascates aconteceu logo em seguida, entre 1710 e 1711. O confronto 
em Pernambuco envolveu senhores de engenho de Olinda e comerciantes portugueses de 
Recife. A elevação de Recife à categoria de vila desagradou a aristocracia rural de Olinda, 
gerando um conflito. O embate chegou ao fim com a intervenção de Portugal e equiparação 
entre Recife e Olinda. 
A Revolta de Filipe dos Santos aconteceu em 1720. O líder Filipe dos Santos Freire representou 
a insatisfação dos donos de minas de ouro em Vila Rica com a cobrança do quinto e a instalação 
das Casas de Fundição. A Coroa Portuguesa condenou Filipe dos Santos à morte e encerrou o 
movimento violentamente. 
A Inconfidência Mineira, já com caráter de revolta separatista, aconteceu em 1789. A revolta 
dos mineiros contra a exploração dos portugueses pretendia tornar Minas Gerais independente 
de Portugal, mas o movimento foi descoberto antes de ser deflagrado e acabou sendo punido 
com rigidez pela metrópole. Tiradentes foi morto e esquartejado em praça pública para servir 
de exemplo aos demais do que aconteceria aos descontentes com Portugal. 
A Conjuração Baiana, também separatista, ocorreu em 1798. O movimento ocorrido 
na Bahia pretendia separar o Brasil de Portugal e acabar com o trabalho escravo. Foi 
severamente punida pela Coroa Portuguesa. 
 No fim do século XVIII a revolução francesa toma força com Napoleão Bonaparte e 1806 ele cria 
o bloqueio continental que proibia o comercio da Europa com a Inglaterra, pressionando 
Portugal que tinha grande relação de cambio com a Inglaterra, diante desse fato e da pressão 
que a corte real estava sofrendo, em 1808 a Família real se muda para o Brasil como sugestão 
do conselheiro o nobre D. Rodrigo de Sousa Coutinho 
 Após a partida da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, a cidade transformou-se no re-
trato da destruição: invadida e arrasada pela guerra com as tropas napoleônicas, governada por 
um militar inglês, prejudicada pelo deslocamento do eixo econômico do império para o Rio de 
Janeiro, a situação de Lisboa e do restante de Portugal era caótica. 
No ano de 1814, após cerca de seis anos de conflitos e graças a um grande esforço do povo 
português, as tropas napoleônicas deslocadas para o país foram finalmente derrotadas. Mas o 
saldo de destruição e de prejuízos de toda ordem deixado por esses anos de guerra era 
desanimador. A perspectiva lisboeta de retomada do protagonismo no interior do Império 
português sofreu um duro golpe com a elevação do Brasil a reino unido de Portugal e Algarve 
(1815): com essa medida, ficava clara a intenção da monarquia portuguesa de dar continuidade 
ao projeto de enraizamento da metrópole em terras americanas, contrariando os interesses dos 
portugueses que viviam na Europa. 
Estava em curso no Brasil não apenas uma estada temporária da Corte, circunscrita ao momento 
em que Portugal estivesse invadido por tropas francesas, mas a execução de um projeto de 
refundação do Império português a partir das Américas. Transferir-se para o Brasil não foi 
apenas uma forma de fugir de Napoleão, mas também uma tentativa do Império português de 
recuperar o esplendor, deslocando a sua sede para a região que já era há muito tempo a mais 
rica de todo o império: o Brasil 
No dia 26 de abril de 1821, D. João VI finalmente regressou a Portugal, atendendo ao pedido das 
Cortes e causando descontentamento entre os brasileiros, que chegaram a tentar impedir a sua 
saída pelo porto da Guanabara. Constatada a inevitabilidade do retorno do rei, alguns 
componentes do Partido Brasileiro passaram a defender a ideia da separação entre os reinos, 
como forma deassegurar a autonomia da região Centro-sul da América portuguesa em relação 
ao Império português. 
Ate esse momento os direitos existentes era apenas para os europeus e o povo livre detinha 
algum direito mas muito pouco. 
No dia 7 de Setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro proclamava a separação 
do Brasil da Corte portuguesa. Com essa decisão, nascia o Brasil: um país independente 
politicamente de Portugal, que seria comandado pelo primogênito da dinastia portuguesa, o 
futuro rei D. Pedro I. 
Após a idependencia o Brasil passa por um pocesso de crescimento mas com problemas em 
relação a leis com discussão constante nas assembleis entre os partidos existentes (democratas 
e os aristrocratas). Diante dessa situação, em novembro de 1823, o Imperador Pedro I, em uma 
atitude carregada de autoritarismo, fecha a assembleia constituinte e nomeia um Conselho de 
Estado para ajudá-lo na elaboração de uma nova Constituição, sem a participação dos membros 
da Assembleia, diminuindo sua representatividade.Tendo sido produzida pelo Imperador e pelos 
conselheiros escolhidos por ele, a Constituição foi outorgada em 1824. 
Entre as principais características da Carta de 1824, podemos citar: 
• A consagração do modelo de monarquia unitarista, na qual o imperador nomeia os presidentes 
de província, subordinando-os diretamente à autoridade central. Isso desagradou algumas 
regiões, pois foi interpretado como um desrespeito às autonomias locais; 
• A instituição do padroado, segundo o qual a Igreja Católica no Brasil ficava subordinada à 
autoridade real; 
• O sistema eleitoral indireto e censitário, que excluía uma grande parcela da população do 
direito ao voto e a divisão de poderes, não em três, como na teoria de Montesquieu, mas em 
três mais um, que estaria acima desses três e que seria exercido exclusivamente pelo imperador: 
o Poder Moderador. Observe o organograma da Constituição de 1824: ele permite visualizar 
melhor a estruturação político-administrativa imposta pelo imperador com o documento. 
 
 
Até 1830 se tem a vigência das Ordenações Filipinas (punição cruel). Então o Código Criminal 
de 1830 vai avançar em relação as leis Filipinas no que diz respeito a integridade física. Com a 
inviolabilidade dos direitos civis, igualdade jurídica em uma sociedade escravista. Saindo da 
pena do castigo exemplar para a pena moderna: respeito à integridade física. 
Crimes segundo o código criminal de 1830: 
 Públicos: crimes contra o Império, contra a tranquilidade interna do Império, contra a 
administração, o tesouro e a propriedade pública; 
 Privados: contra a liberdade e a segurança individual, contra a propriedade particular; 
 Policiais: contra as normas policiais e regras públicas (posturas municipais). 
Penas: proporcionalidade entre o crime e a pena, as penas tinham que ter proporcionalidade 
entre o crime cometido e a pena; a pena exclusiva do condenado, não poderia ultrapassar ao 
infrator, não podendo ser estendida aos seus familiares; humanização da pena de morte, sem 
a tortura; proibição das penas cruéis, sem enforcamentos e decapitações, etc. persistência das 
penas de degredo, banimento, galés, multas, privação dos direitos políticos, desterro (exílio) 
ainda persistem algumas penas das ordenações Filipinas. 
Em 1931 o poder de D. Pedro I estava fraco por causa de disputas territoriais, cobranças de 
impostos abusivos e por ter sua atenção voltada a sucessão do trono em portugal por sua filha 
que disputava o trono com seu irmão. Diante disso D. Pedro I renuncia ao trono deixando o 
trono para seu filho D. Pedro II 
Com a partida do rei de volta a Portugal (1831), tinha início no Brasil um momento de intensa 
instabilidade: de um lado, absolutistas, liberais moderados e exaltados discutiam e disputavam 
o controle político do país; de outro, manifestações explícitas de antilusitanismo resultavam em 
cenas de violência e aumentavam o clima de tensão em toda a parte. 
À medida que chegava a notícia da abdicação nas províncias mais distantes, aumentavam 
consideravelmente os conflitos vivenciados entre portugueses e a população local, e os ânimos 
daqueles que sempre defenderam mais autonomia regional se exaltavam. 
Já nos primeiros anos de período regencial, houve inúmeras revoltas populares, deixando 
claro que o momento político vivido no Brasil daqueles anos era delicado. 
Foi nesse contexto que o grupo dos liberais moderados, integrantes do Partido Brasileiro 
durante o Primeiro Reinado, ganhou maior destaque na política nacional, e conseguiu aprovar 
medidas que resultaram na descentralização do governo, garantindo maior autonomia às 
regiões e comprometendo a possibilidade de o governo central reagir com força às tantas 
revoltas que marcaram esse período. 
A tabela ajuda a compreender melhor a composição partidária durante todo o período regencial. 
 
Ato adicional de 1834, tinha como finalidade acabar com o poder moderador 
Nas palavras de José Murilo de Carvalho: 
“A Constituição foi reformada em 1834 por um Ato Adicional votado pela Câmara, que recebera 
para isso mandato especial dos eleitores. Foi a única reforma constitucional feita durante o 
Império. O Ato Adicional concedeu às províncias assembleias e orçamentos próprios e deu a 
seus presidentes poderes de nomeação e transferência de funcionários públicos, mesmo 
quando pertencentes ao governo geral. O novo sistema só não era plenamente federal porque 
os presidentes (de província) continuavam a ser indicados pelo governo central”. 
Nesse período ainda tinha muita instabilodade e tiveram varias revoltas. Principais revoltas 
regenciais: 
Cabanagem (1835 a 1840) 
- Local: Província do Grão-Pará 
 - Revoltosos: índios, negros e cabanos (pessoas que viviam em cabanas às margens dos rios). 
 - Causas: péssimas condições de vida da população mais pobre e domínio político e econômico 
dos grandes fazendeiros. 
 Balaiada (1838 a 1841) 
- Local: Província do Maranhão 
 - Revoltosos: pessoas pobres da região, artesãos, escravos e fugitivos (quilombolas). 
 - Causas: vida miserável dos pobres (grande parte da população) e exploração dos grandes 
comerciantes e produtores rurais. 
 Sabinada (1837 a 1838) 
- Local: Província da Bahia 
 
- Revoltosos: militares, classe média e pessoas ricas. 
 - Causas: descontentamento dos militares com baixos salários e revolta com o governo regencial 
que queria enviá-los para lutarem na Revolução Farroupilha no sul do país. Já a classe média e a 
elite queriam mais poder e participação política. 
 Guerra dos Farrapos (1835 a 1845) 
- Local: Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual RS). 
 - Revoltosos: estancieiros, militares-libertários, membros das camadas populares, escravos e 
abolicionistas. 
 - Causas: descontentamento com os altos impostos cobrados sobre produtos do sul (couro, 
mulas, charque, etc.); revolta contra a falta de autonomia das províncias. 
 Revolta dos Malês (1835) 
- Local: cidade de Salvador, Província da Bahia. 
 - Revoltosos: escravos de origem muçulmana. 
 - Causas: os revoltosos eram contrários à escravização, à imposição do catolicismo e às 
restrições religiosas. 
 Outras revoltas regenciais: 
- Carneiradas, em Pernambuco, 1834-1835. 
- Revolta do Guanais, na Bahia, 1832-1833. 
- Insurreição do Crato, no Ceará, 1832. 
- Abrilada, em Pernambuco, 1832. 
- Setembrada, em Pernambuco, em 1831. 
- Novembrada, em Pernambuco, em 1831. 
- Revolta de Carrancas, em Minas Gerais, em 1833. 
- Revolta de Manuel Congo, no Rio de Janeiro. 
- Rusgas, no Mato Grosso, 1834. 
- Setembrada, no Maranhão, em 1831. 
Em 1888 a abolição da escravatura fez o cenário politico tomar novos rumos e em 1889 a ideia 
republicana não era nenhuma novidade no cenário político brasileiro e que a Proclamação da 
República estava diretamenteligada ao crescimento de importância do Exército brasileiro, 
ocorrido após a Guerra do Paraguai, ao crescimento da importância política dos grandes 
produtores de café de São Paulo, que organizavam sua produção com características mais 
modernas, sem a utilização da mão de obra escrava, e ao fim desta mesma escravidão. Neste 
contexto, esses cafeicultores irão se aliar aos militares, entendendo que, para que seus 
interesses fossem, de fato, atendidos fazia-se necessária uma mudança radical de regime, 
estabelecendo-se uma República no lugar da decadente Monarquia. Essa aliança fortalecia tanto 
os cafeicultores quanto os militares, e possibilitava que a República pudesse acontecer sem que 
as camadas populares participassem desse processo, e esse era um ponto importante para as 
elites. 
Essa aliança, somada ao isolamento político do império, ocorrido com a decretação do fim 
da escravidão possibilitou a proclamação da República, que teve dois momentos principais: o 
primeiro, quando o Marechal Deodoro da Fonseca dava um golpe militar ocupando o Ministério 
da Guerra e depondo o Imperador; e outro quando, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, José 
do Patrocínio declarava extinta a Monarquia e inaugurava a República. 
Após esse evento, instaurava-se um governo provisório chefiado pelo próprio Marechal 
Deodoro. Este Governo Provisório iria durar até fevereiro de 1891, quando o próprio Deodoro 
tornar-se-ia o primeiro presidente eleito (indiretamente é verdade) da República do Brasil, 
tendo como vice-presidente o Marechal Floriano Peixoto, que assumiria o governo em 
novembro de 1891, após a renúncia do Marechal Deodoro. 
Em tão pouco tempo, três governos diferentes, o provisório, o governo do Marechal Deodoro e 
o governo do Marechal Floriano, todos militares, por isso chamamos esse período inicial de 
nossa História republicana de “República Militar” ou “República da Espada”. Vamos agora 
estudar um pouco cada um desses governos. Com a Abolição da Escravatura e a Proclamação 
da República, as lei penais sofreram muitas modificações com o advento de um novo Código 
Penal. Em 1890 foi promulgado o novo diploma, por meio de um decreto, o Decreto 847. O teor 
desse Código bem demonstra o temor das elites às novas condições sociais ocorridas com a 
libertação dos ex-cativos. Aliás, isso fica claro com a criminalização de prática da capoeira em 
locais públicos. Em 1891 findado o Império, tornava-se fundamental a organização de uma nova 
Constituição. Ao contrário da anterior, que fora outorgada por D. Pedro I, a nova Constituição 
seria elaborada pelo congresso constituinte e aprovada em sessão deste mesmo congresso. 
O Código Civil de 1916 
A busca pela elaboração de uma legislação civil brasileira foi uma luta que começara já no 
Império, logo após a elaboração do Código Comercial, e se estendeu pela República. O país ainda 
estava submetido às ultrapassadas normas das Ordenações Filipinas, e foram precisos quase 
cem anos após a Independência para que ganhasse uma legislação à altura dos novos tempos. 
O Código Civil de 1916 reproduziu, como não poderia deixar de ser, as concepções 
predominantes ao final do século XIX e início do século XX, ou seja, refletia o ambiente liberal-
conservador que marcava a sociedade brasileira daquele período. Por isso, seria injusto 
afirmarmos, como fazem alguns, que se tratou de uma legislação ultrapassada. 
Crise na Republica 
O processo sucessório na República Velha (diretrizes fixadas nos artigos 41 a 46 da Constituição 
de 1891). Os mandatos dos chefes do Poder federal, durante o período da República Velha, eram 
de quatro anos, sem direito à reeleição para um mandato subsequente. Se houvesse a vacância 
da presidência da República, a regra sucessória era bastante clara: se a vacância ocorresse antes 
do final do segundo ano de mandato, novas eleições deveriam ser convocadas, e, se a vacância 
ocorresse nos dois últimos anos do mandato, o vice-presidente o concluiria. Assumindo no 
último ano de mandato, o vice-presidente não poderia se candidatar ao mandato seguinte. As 
eleições ocorriam a cada quatro anos, no dia 1º de março, e a posse em 15 de novembro do 
mesmo ano de ocorrência do processo eleitoral. A década de 1920 foi marcada pelos mandatos 
dos seguintes presidentes: entre os anos de 1920 e 1922, a presidência da República foi ocupada 
por Epitácio Pessoa, eleito para completar o mandato de Rodrigues Alves que, por sua vez, fora 
eleito para o mandato de 1918 a 1922 e faleceu antes de tomar posse, acometido da gripe 
espanhola. Em tempo: Rodrigues Alves já havia ocupado a presidência da República no período 
de 1902 a 1906. O sucessor de Epitácio Pessoa foi Artur Bernardes, que ocupou a presidência de 
1922 a 1926. Período difícil, marcado por várias revoltas tenentistas, o que levou Artur 
Bernardes a governar praticamente sob estado de sítio. Ainda durante esse mandato, foi 
promovida uma reforma constitucional em 1926. O sucessor de Artur Bernardes foi Washington 
Luís que governou de 1926 a 1930. Seu mandato foi marcado por uma relativa estabilidade 
política. Seu sucessor, Júlio Prestes, foi eleito em 1º de março de 1930 e deveria assumir a 
presidência em 15 de novembro de 1930. Todavia, isso não aconteceu. 
Apesar das adesões e dos acordos firmados em torno de uma “solução armada”, a conspiração 
não conseguia avançar de maneira objetiva até meados de 1930, quando então um evento “não 
programado” veio alterar o rumo dos acontecimentos. Esse evento foi o assassinato de João 
Pessoa, candidato à vice-presidência na chapa da Aliança Liberal, perpetrado por seu inimigo 
político, João Dantas, em uma confeitaria do Recife. A revolução foi deflagrada em 3 de outubro 
de 1930 em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, enquanto no Nordeste o movimento se iniciou 
no dia 4 de outubro, sob a liderança do tenente Juarez Távora, tendo como centro de operações 
a Paraíba. 
A situação do Nordeste rapidamente tendeu favoravelmente aos revolucionários e, no Sul, a 
expectativa girava em torno do avanço das tropas gaúchas sobre o território de São Paulo. 
Todavia, no dia 24 de outubro, os generais Tasso Fragoso, Menna Barreto e Leite de Castro e o 
almirante Isaías Noronha depuseram o presidente Washington Luís, formando uma junta 
governativa provisória. o Governo Provisório promoveu importantes investimentos nas áreas 
social e trabalhista. Vejamos alguns desses investimentos. 
• Ainda em novembro de 1930, pouco depois da posse de Vargas como Chefe do Governo 
Provisório, foram criados o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública por meio do 
decreto nº 19.402, de 14.11.1930 e o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio por meio do 
decreto nº 19.433, de 26.11.1930, este último conhecido como Ministério da Revolução. 
• Entre 1931 e 1934 e, mais precisamente, durante a gestão de Salgado Filho à frente do 
Ministério do Trabalho (de 1932 a 1934), foram sancionadas numerosas leis que tratavam da 
regulação das condições de trabalho dos que se encontravam no mercado de trabalho (leis 
trabalhistas) e das questões que tratavam do amparo àqueles que, temporariamente ou 
definitivamente, se afastavam do mercado de trabalho (leis previdenciárias). Assim, entre os 
decretos e leis que foram sancionados neste período de 1931 a 1934, podemos destacar: 
A regulamentação da jornada de trabalho no comércio e na indústria em oito horas 
diárias. 
A regulamentação do trabalho do menor e da mulher. 
A adoção da lei de férias. 
A regulação da sindicalização das classes patronais e operárias pelo decreto-lei nº 
19.770, de 19 de março de 1931. 
A institucionalização da Carteira de Trabalho e Previdência Social pelo decreto-lei nº 
21.175, 21 de março de 1932 e sua regulamentação pelo decreto nº 22.035, de 29 de 
outubro de 1932. 
A criação das Comissões Mistas de Conciliação e Justiça pelo decreto-lei nº 21.396, de 
12 de maio de 1932e das Juntas de Conciliação e Julgamento pelo decreto-lei nº 
22.132, de 25 de novembro de 1932. 
A criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos pelo decreto nº 
22.872, de 29 de junho de 1933. 
A criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários pelo decreto nº 
24.272, de 21 de maio de 1934. 
A criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos trabalhadores em trapiches e 
armazéns pelo decreto nº 24.274, de 21 de maio de 1934. 
A criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos operários estivadores pelo 
decreto nº 24.275, de 21 de maio de 1934. 
A criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários pelo decreto nº 
24.615, de 9 de julho de 1934. 
Mesmo com o desequilíbrio entre as forças federais e as forças paulistas, a luta se arrastou 
por quase três meses e terminou com a derrota militar de São Paulo. Apesar de derrotadas as 
forças de São Paulo, a questão da reconstitucionalização do país defendida pelas elites paulistas 
vingou, e, após meses de debates que se seguiram às eleições para a Assembleia Nacional 
Constituinte, a Constituição foi promulgada em 16 de julho de 1934. 
No dia seguinte à promulgação da nova Constituição (ou seja, no dia 17 de julho de 1934), 
ocorreu a eleição para a Presidência da República que se realizou de forma indireta pelos 
constituintes, tendo sido Getúlio Vargas eleito para um mandato de quatro anos, sem direito à 
reeleição. A eleição de Vargas se fez à custa de concessões, já que outros candidatos se 
apresentaram ao pleito indireto (como Borges de Medeiros, Góis Monteiro, Artur Bernardes, 
Afrânio de Mello Franco). 
Com o término dos trabalhos da Assembleia Constituinte, encerrava-se a fase do Governo 
Provisório e Vargas exerceria o poder como presidente legitimamente eleito. 
Entre os principais aspectos que merecem destaque na análise da Constituição de 1934, 
podemos destacar: 
Possibilidade de nacionalização das empresas estrangeiras, e o estabelecimento do monopólio 
estatal sobre determinadas indústrias; 
Previu a criação da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral; 
Instituição do voto secreto e obrigatório para maiores de 18 anos, além de estipular o voto 
feminino; 
Proibição da distinção salarial devido ao sexo, idade, nacionalidade ou estado civil; 
O primeiro presidente da República, de acordo com a determinação de disposições 
transitórias, seria eleito pelo voto indireto da Assembleia Constituinte; 
Direito de educação para todos; 
Obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário – mesmo que para adultos; 
O ensino religioso facultativo, sendo respeitada a confissão do aluno; 
Liberdade de ensino e garantia da cátedra. 
A Constituição de 1934 teve uma vigência efêmera – cerca de três anos após a entrada em 
vigor desta constituição, ela era substituída pela carta constitucional de 1937, que, na verdade, 
segundo Francisco Campos, teve valor puramente histórico 
Constituição de 1937 
Em 9 de novembro, Armando de Salles Oliveira, um dos candidatos à suces-são presidencial, 
encaminhou um manifesto aos chefes militares apelando para que não permitissem o golpe de 
Estado. No entanto, em 10 de novem-bro de 1937, tropas da polícia militar cercaram o 
Congresso, impedindo a entrada dos parlamentares. À noite, Getúlio comunicou à nação, pelo 
rádio, que o país estava iniciando uma nova fase política, ao mesmo tempo em que anunciou a 
entrada em vigor de uma nova Constituição, elaborada por Fran-cisco Campos, iniciando-se 
assim a ditadura do Estado Novo — o Congresso foi dissolvido e, a 13 de novembro, 80 
membros do Congresso dissolvido levaram solidariedade a Getúlio. 
Dessa forma, a Constituição de 1937, que já estava pronta há meses durante a preparação do 
golpe, foi imposta ao povo. Seus tópicos principais estabeleciam: 
 Fechamento do Poder Legislativo nos três níveis (Congresso Nacional, Assembléias 
Estaduais e Câmaras Municipais); 
 Poder Judiciário subordinado ao Executivo; 
 Total liberdade de ação à Polícia Especial; 
 Propaganda a favor do governo no rádio mediadas pelo DIP (Departamento de 
Imprensa e Propaganda); 
 Eliminação do direito de greve; 
 Reintrodução da pena de morte; 
 Estados seriam governados por interventores nomeados por Vargas. 
 
Como uma vista panorâmica, o período entre 1945 e 1964 são anos de continuidades e rupturas 
frente à época em que Vargas esteve no poder. A modernização da máquina do Estado, ocorrida 
durante o período varguista, continuou. 
A queda do presidente Getúlio Vargas, em 1945, abriu espaço para uma nova onda democrática 
no país. Mais uma vez, a deposição de um presidente tinha sido feita por intermédio dos 
militares, assim como a Revolução de 1930 que colocou o próprio Vargas no poder. Entretanto, 
a oposição ao Estado Novo era fruto da insatisfação de setores, tanto da elite brasileira quanto 
das camadas populares. 
Vargas tentou articular a sua continuidade no poder. Suas primeiras ações possibilitaram a 
fundação de dois partidos políticos: 
• O Partido Social Democrático (PSD), associado aos interesses conservadores agrários e aos 
interventores varguistas; 
• E o partido trabalhista brasileiro (PTB), vinculado à estrutura trabalhista do Estado varguista. 
Além disso, possibilitou que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) retornasse ao usufruto de 
toda a sua autonomia política. Contudo, os militares retiraram Vargas do poder, justamente 
para evitar o risco do continuísmo político. 
Principais características da Constituição de 1946 
Entre os principais pontos introduzidos pela nova Constituição, desta¬cam-se os seguintes: 
Tendência restauradora das linhas da Constituição de 1891, com as inova¬ções (aproveitáveis) 
de 1934, principalmente no que se refere à proteção aos trabalhadores, à ordem econômica, à 
educação e à família. 
Restabelecimento das eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos. 
O mandato presidencial foi fixado em cinco anos, mantida a proibição da reeleição para cargos 
executivos. 
As atribuições do Congresso foram fortalecidas, principalmente aquelas que dizem respeito à 
inspeção das ações do Executivo. Nesse sentido, todas as medidas administrativas ou de 
política econômica do governo (mesmo as de curto prazo) teriam de receber a autorização do 
Congresso Nacional. 
Foi restaurado o princípio federalista, estabelecendo-se a divisão de atribuições entre a União, 
os estados e os municípios, sendo que aumentada a autonomia Municipal. 
No que se refere aos direitos eleitorais, seguiu as diretrizes expressas no Código Eleitoral de 
1932 — verdadeiro marco revolucionário sobre o tema no país —, mas extinguiu a bancada 
profissional, presente na Carta de 1934, e ampliou a obrigatoriedade do voto feminino, antes 
restrita às mulheres que exercessem cargo público remunerado. 
No âmbito das liberdades civis, reestabeleceu a liberdade de associação, crença e de cultos 
religiosos, manifestação de pensamento, sendo que a censura só poderia ocorrer em 
espetáculos voltados para a diversão pública; 
O Segundo Governo de Getúlio Vargas (1950) 
Mesmo tendo vencido nas urnas, foi necessário manter um diálogo com os militares para 
afastar qualquer desconfiança referente a um possível rompimento com a ordem democrática. 
Vargas não conseguiu o apoio pleno da cúpula militar, mas a visão nacionalista tinha a simpatia 
dos militares. 
Contudo, não foram os militares o principal grupo contrário a Vargas. A imprensa da época, 
em sua maior parte, apresentava uma posição hostil ao governo Vargas, em virtude das posições 
autoritárias no Estado Novo. Diferentemente dos militares, os grandes empresários dos meios 
de comunicação não acreditavam que Vargas tivesse se convertido aos princípios democráticos. 
Diante desse cenário, Vargas cada vez mais buscava apoio nas classes trabalhadoras.O ministro 
do Trabalho, João Goulart, apresentou uma proposta de aumento de 100% do salário mínimo. 
A imprensa atacou fortemente o governo, acusando a medida de populista e voltada para o 
atendimento equivocado de demandas da população, resultando, daí, a demissão de João 
Goulart. 
Essa reação de Vargas foi, entretanto, meramente política. Na data simbólica de 1º de maio, 
ele mesmo autorizou o aumento do salário mínimo em 100%. Com essa medida, Vargas 
consagrava sua aliança com os trabalhadores e reforçava, dia a dia, sua imagem de Vargas como 
o “pai dos pobres”. Contudo, por outro lado, essa medida fortaleceu as ações dos antigetulistas 
que passaram a pedir a intervenção dos militares. 
Houve maior polarização dos diversos setores da sociedade. De um lado os partidários de 
Vargas, de outro, os antigetulistas. Após o atentado da Rua Tonelero, Vargas estava com uma 
imagem extremamente fragilizada, tanto entre a população, quanto em relação aos grupos po-
líticos que possuíam posturas radicalmente contrárias. Vargas se suicidou em 24 de agosto de 
1954, gerando imensa comoção nacional. Esse gesto político teve um efeito profundo em 
relação aos seus opositores, obrigados a assumir uma postura defensiva. 
Governo JK 
Juscelino Kubitschek e João Goulart, respectivamente presidente e vice-presidente, venceram 
as eleições por meio de uma coligação entre o PSD e o PTB. Entretanto, não foi tão simples 
alcançarem seus cargos. Houve a tentativa de um golpe militar que impediria que Juscelino 
assumisse a presidência da República, mas o mesmo fracassou. 
O governo de JK ficou conhecido como o governo da estabilidade e do desenvolvimento. 
Muitas mudanças ocorreram tanto no que se refere à área econômica quanto no plano da 
cultura. A estabilidade política foi conseguida por meio da aliança política entre dois grandes 
partidos da época: PSD/PTB. Muitos ponderam que JK possuía um espírito conciliador e capaz 
de contornar crises políticas com habilidade. Ele criou o Conselho do Desenvolvimento e 
apresentou o seu Plano de Metas 
Plano de Metas 
Impulsionado por um ideal desenvolvimentista, ele estipulou 30 metas para acabar com os 
gargalos de crescimento da economia do país. A 31º meta seria a metassíntese, ou seja, a 
construção de uma nova capital para o país — Brasília. Essas propostas tiveram o 
protagonismo de um órgão criado pelo governo: o Instituto Superior de Estudos Brasileiros 
(Iseb), vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. O Iseb pode ser considerado o órgão 
ministerial mais importante do projeto “nacional-desenvolvimentista”. Como afirma a 
historiadora Alzira Alves de Abreu, o grupo de intelectuais que o criou tinha como objetivos o 
estudo, o ensino e a divulgação das ciências sociais, voltados à análise e à compreensão crítica 
do Brasil para a promoção do desenvolvimento nacional. 
 
governo Jânio Quadros 
A campanha eleitoral do presidente Jânio Quadros investiu na relação direta entre o candidato 
Jânio e os populares. São famosas as músicas sobre a “vassourinha” de Jânio para afastar a 
corrupção, seus comerciais voltados para o ataque à inflação e seus lemas como “Jânio Quadros 
vem aí...” 
O resultado foi a vitória expressiva de Jânio Quadros na campanha eleitoral de 1960, com a 
maior margem já conseguida em todas as votações já realizadas até aquele momento. Jânio 
Quadros era um político carismático, que conseguia “falar a língua do povo” com imensa 
facilidade. Por diversas vezes foi chamado de excêntrico por parte de seus adversários políticos. 
Contudo, apesar dessa excentricidade aparente, Jânio Quadros implementou um estilo de 
governo profundamente conservador. Algumas ações foram centrais para a construção de sua 
imagem como um conservador. 
No plano interno, optou por ampliar o controle aos sindicatos, reprimiu manifestações de 
estudantes e protestos de camponeses no Nordeste. De modo contrário, e de forma 
surpreendente, foi um dos impulsionadores da política externa independente proposta pelo 
Ministério de Relações Exteriores de seu governo. 
Os dilemas a resolver, entretanto, eram muitos. O governo JK havia deixado um pesado 
legado de contas públicas a pagar referentes ao programa de metas e, especialmente, em 
relação à Brasília. Em busca de superar a crise financeira, Jânio Quadros pôs em prática uma 
política de austeridade fiscal que se tornou impopular. 
Essas medidas foram: 
• congelamento de salários; 
• restrição ao crédito e; 
• corte de subsídios federais para investidores internos. 
Houve um impacto direto na desvalorização do cruzeiro, o que ampliou a insatisfação de 
operários e empresários. Além disso, tentou limitar o envio de remessas de recursos para o 
exterior, o que feriu os interesses da classe dominante de empresários e estrangeiros no Brasil. 
João Goulart e o golpe militar de 1964 
A renúncia de Jânio Quadros, ao deixar vago o cargo de presidente da República, abriu uma séria 
crise nos rumos políticos do Brasil. O cargo deveria ser ocupado pelo seu vice-presidente João 
Goulart. No entanto, João Goulart, mais conhecido como Jango, em sua trajetória política, havia 
sido partidário das propostas getulistas, tendo sido, inclusive, ministro do trabalho do segundo 
governo Vargas e vice-presidente de Juscelino. 
Para as forças conservadoras, Jango era identificado como comunista. No momento da renúncia 
de Jânio Quadros, Jango se encontrava em visita à China comunista, o que o identificava ainda 
mais como um simpatizante do regime comunista. Enquanto os grupos conservadores se 
articularam para impedir a posse de Jango, os grupos legalistas, especialmente no Rio Grande 
do Sul, se articularam para possibilitar a posse de Jango. O Brasil chegou perto de uma guerra 
civil. 
Em 31 de março de 1964, com a movimentação das tropas do General Olímpio Mourão Filho, 
no estado de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, deflagrou-se o golpe militar. 
 
1967 Nova Constituição 
 
A Constituição de 1967 reuniu todos os decretos outorgados pelo regime militar desde o seu 
início. As críticas ferozes da oposição eram legítimas e explicitavam uma característica do regime 
militar brasileiro: a necessidade de institucionalizar como forma de controle. 
O Ato Institucional n°5 
Quando a exceção vira regra. Uma década de arbítrio sem freio. 
Dentre todos os atos institucionais do Brasil, aquele que é mais lembrado até hoje é o AI-5. A 
singularidade desse ato é clara: ele possibilitou a mais violenta legislação para coibir os atores 
políticos de expressar sua opinião em toda a História do Brasil. 
A ascensão dos escalões da linha dura dentro do exército, com o General Costa e Silva, sinalizou 
que haveria a radicalização do controle da liberdade de expressão dentro do regime político da 
ditadura militar. 
A repressão política – Os “Anos de Chumbo” 
O aparelho de repressão no Brasil permitia ao poder militar combater as dissidências, inclusive 
reprimindo a guerrilha, cujo auge correspondeu ao período da chamada “Guerrilha do Araguaia” 
(1972-1975), em que perto de uma centena de militantes do PCdoB mantiveram um foco 
guerrilheiro esmagado pelo Exército. 
Era a fase final de um processo de enfrentamento que começou com a chamada Guerrilha 
do Caparaó, localizado na divisa de Espírito Santo e Minas Gerais, sob a liderança do MNR — 
Movimento Nacional Revolucionário. 
O meio urbano não permaneceu imune às ações mais ousadas da guerrilha. Mesmo com a 
recusa da direção do Partidão em empreender a luta armada, muitos opositores do regime 
militar não aguentavam a falta de “uma luz no fim do túnel” e arriscavam o enfrentamento. 
 
Abertura “lenta e gradual” 
 
A partir do governo de Ernesto Geisel, iniciou-se uma abertura “lenta, gradual e segura”. 
Houve intensas manifestações populares a favor da anistia dos exilados e presos políticos, que 
resultaram na Leida Anistia. 
Houve queda no crescimento econômico do Brasil desde 1973, culminando com os difíceis anos 
1980 na economia brasileira nos quais a dívida externa levou o Brasil a depender do Fundo 
Monetário Internacional. 
Houve forte mobilização popular a favor das “Diretas Já”, mas a Emenda Dante de Oliveira não 
passou no Congresso dominado pelo regime militar. 
O governo de João Figueiredo foi sucedido por um governo civil, porém eleito de forma indireta. 
 
A Era Tancredo... Quer dizer, a Era Sarney 
Em 1985, quase um ano após a derrota da Emenda Constitucional que permitiria o retorno das 
eleições diretas para o cargo de presidente, o Brasil elegeu de forma indireta o seu primeiro 
presidente civil depois de 21 anos de regime militar: Tancredo Neves, político de reconhecida 
posição de combate à ditadura militar, candidato da Aliança Democrática, formada pelo PMDB 
e pelo PFL. 
Cabe lembrar que o PFL foi um partido criado a partir de um grupo de dissidentes do PDS, que 
era o partido que, substituindo a antiga Arena, concedeu sustentação política ao último 
presidente militar, João Figueiredo, no momento em que o país voltou a adotar um sistema 
pluripartidário. 
Não custa relembrar, ainda, que em razão do inexpressivo crescimento econômico obtido na 
época, o período do Governo Sarney (1985-1990) auxiliou para que os anos 1980 ficassem 
conhecidos como a “década perdida”. Diante de um quadro como esse, parece não ser difícil 
concluir que o governo Sarney chegaria ao fim de forma melancólica e em grave crise 
econômica. 
Mesmo criticados, os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte foram instalados em 
primeiro de fevereiro de 1987, sob a presidência de Ulysses Guimarães. Historicamente, as 
constituintes brasileiras sempre tiveram sua gênese com um anteprojeto norteador, o que não 
aconteceu nesta de 1987. Isso acabou por abrir caminho para uma mobilização inédita na 
história do país. 
José Sarney, no Discurso à Nação em 26 de julho de 1988: 
“Correspondo a minha obrigação de dizer ao povo, portanto, que nós não devemos esperar que 
aconteça um sonho irrealizável. [...] Eu espero, portanto, que cheguemos a boas soluções. Vamos 
chegar a boas soluções. Confio no patriotismo dos constituintes do Brasil. Para o bem do Brasil. 
E para o futuro de todos nós.” 
Ulysses Guimarães em resposta à fala de José Sarney, em Discurso de 27 de julho de 1988: 
“Esta Constituição que o povo brasileiro me autoriza a proclamá-la não ficará como bela estátua 
inacabada, mutilada ou profanada. O povo nos mandou aqui para fazê-la, não para ter medo. 
Viva a Constituição de 1988! Viva a vida que ela vai defender e semear!” 
A Constituição de 1988, a conquista da “Constituição Cidadã” 
A nova Carta foi denominada “Constituição Cidadã”, em razão de reafirmar os direitos cassados 
pela ditadura no decorrer do regime militar. No entanto, a ampla participação dos segmentos 
sociais certamente levou a outras inúmeras conquistas devidamente estabelecidas no texto 
constitucional. Ironicamente, uma das maiores virtudes da nossa Constituição é por muitos 
apontada como a razão de seu grande defeito: o texto (excessivamente) prolixo, característico 
das chamadas “constituições analíticas”. 
Na ânsia de garantir o máximo de direitos e garantias, nosso constituinte foi mais fundo do que 
provavelmente deveria, tratando os temas de forma mais minuciosa do que se costuma fazer 
em uma Constituição, ou mesmo abordando matérias que não são consideradas típicas de uma 
Constituição. Explicando melhor, a verdade é que a nossa Constituição cuidou de temas que, em 
geral, em outros países, são tratados pelo legislador, por meio de leis “comuns”. 
Nesse sentido, alguns acusam que houve pretensão a um dirigismo constitucional, situação 
bastante criticada ainda nos dias atuais por três motivos: 
Tornou desnecessariamente mais complexo o trabalho dos representantes políticos de alterar, 
por uma via mais simplificada, normas que tradicionalmente exigem mudanças mais frequentes. 
Reduziu o espaço de liberdade das gerações futuras (nossos filhos, netos, bisnetos), vinculando-
o a escolhas políticas feitas por uma geração ou, pelo menos, dificultando em grau elevado 
qualquer alteração de rumo. 
Acabou por transferir grande poder de decisão ao Poder Judiciário (principalmente, ao Supremo 
Tribunal Constitucional, o mais importante órgão deste Poder), já que, praticamente, qualquer 
tema trazido à discussão, de forma direta ou indireta, guarda relação com a Constituição. 
Esse cenário tem algumas consequências óbvias: o excessivo número de modificações que 
sofreu e continua sofrendo o texto original da Constituição. Até meados do ano de 2014, 
aproximava-se de 80 o número de Emendas Constitucionais ocorridas desde 1988. É, sem 
dúvida, entre virtudes e vícios, o preço que se paga por se ter optado por um texto tão 
abrangente e tão detalhista.

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