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1 2ª FASE OAB TRIBUTÁRIO Disciplina: Direito Tributário Professor: Alessandro Spilbroghs Aula: 17 Monitor: Caroline MATERIAL DE APOIO - MONITORIA Índice I. Anotações II. Lousas I. ANOTAÇÕES Continuação... IMPOSTOS FEDERAIS 4. IPI a) IPI entre princípios Legalidade O IPI sujeita-se à legalidade para a sua instituição, mas é uma exceção para a alteração das suas alíquotas; As alíquotas do IPI podem ser alteradas por ato do Poder Executivo (não pode ser instituído por decreto, por portaria deve ser instituído por lei, mas as alíquotas podem ser alteradas por ato do Poder Executivo); Anterioridade Nonagesimal: deve observar Anual:não é necessário observar O IPI pode ser exigido no mesmo ano da sua majoração, porém só depois de decorridos 90 dias. b) IPI na CF SELETIVIDADE: As alíquotas variam em razão da essencialidade do produto. Ex.: Água mineral – 1% Água com gás – 2% Aguardente – 3% 2 O IPI, já que tem alíquotas selecionadas de acordo com a esssencialidade do produto, isso significa que quanto mais for essencial um produto, menor a alíquota. Entretanto, quanto menos essencial um produto, maior a alíquota. #TEMTESE O princípio da seletividade está presente tanto no IPI como também no ICMS. Contudo para o IPI sua aplicação é obrigatória, enquanto para o ICMS é facultativa. Fundamentos: RMS 28.227 e Art. 153, §3º, I, CF (para o IPI) c/c Art. 155, §2º, III, CF (para o ICMS) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA E COMUNICAÇÃO. ALÍQUOTA. SELETIVIDADE CONFORME ESSENCIALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE. WRIT CONTRA LEI EM TESE. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. 1. Hipótese em que a recorrente impetrou Mandado de Segurança preventivo contra a exigência de ICMS sobre serviços de comunicação e de fornecimento de energia elétrica. Argumenta que a alíquota fixada em 29% pela legislação goiana viola o Princípio da Seletividade, de fundo constitucional, conforme a essencialidade da mercadoria e do serviço. 2. O cerne do pleito mandamental refere-se à declaração de inconstitucionalidade da legislação estadual. 3. Há, em tese, efeitos concretos advindos da referida declaração de inconstitucionalidade, uma vez que a impetrante é contribuinte "de fato" do ICMS na qualidade de adquirente dos serviços tributados. No entanto, toda a demanda concentra-se no afastamento geral e irrestrito da legislação que fixou a alíquota em 29%, com efeitos ilimitados para o futuro. 4. O impetrante pleiteia a inaplicabilidade de qualquer outra norma legal que fixe alíquotas acima do percentual básico, e não apenas aquela apontada em seu arrazoado. 5. Inviável o sucesso da demanda, por se tratar não apenas de writ contra lei em tese (Súmula 266/STF), mas também de pleito que redundaria em imunidade contra qualquer norma estadual relativa à matéria. 6. Ainda que se ultrapasse o óbice da Súmula 266/STF, não houve prova pré- constituída do suposto direito violado. 7. A Constituição Federal dispõe que o ICMS "poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços" (art. 155, § 2º, III – grifei). 3 Diferentemente, no caso do IPI a CF determina que "será seletivo, em função da essencialidade do produto" (art. 153, § 3º, I, da CF – grifei). 8. Não há dúvida de que o legislador estadual não pode simplesmente desconsiderar a norma prevista no art. 155, § 2º, III, da CF, por conta da potestatividade inerente à expressão "poderá ser seletivo". No entanto, há que reconhecer que é determinação que dá ao legislador margem mais ampla de decisão que a expressão "deverá ser seletivo", reservada apenas ao IPI. 9. Essa constatação restringe a atuação do Judiciário a hipóteses inequívocas de violação do Princípio da Seletividade, que não é o caso dos autos. 10. Para que o pleito formulado pelo impetrante pudesse ser apreciado pelo Judiciário, seria necessário que, por algum meio de prova, o interessado demonstrasse peremptoriamente a incompatibilidade da norma estadual com a determinação constitucional. Mais: essa prova, no caso do Mandado de Segurança, deveria ser pré-constituída. 11. A seletividade conforme a essencialidade do bem somente poderia ser aferida pelo critério de comparação. Embora seja inequívoca a importância da energia elétrica e dos serviços de comunicação, a violação da seletividade não ficou demonstrada. 12. O impetrante apenas argumenta que a alíquota de 29% seria inadequada para a hipótese. Não há como aferir ofensa ao Princípio da Seletividade sem ampla e criteriosa análise das demais incidências e alíquotas previstas na legislação estadual. Esse estudo não foi apresentado com a inicial e, mesmo que fosse, a controvérsia a respeito demandaria dilação probatória adicional, o que é incompatível com o rito do mandamus. 13. Recurso Ordinário não provido. (RMS 28.227/GO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2009, DJe 20/04/2009) CF Art. 153. (...) § 3º O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; CF Art. 155. 4 (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; NÃO CUMULATIVIDADE: Sistema de compensação de créditos e débitos, segundo o qual o contribuinte deverá recuperar o IPI pago nas operações anteriores, descontando do imposto que pagará nas próximas operações. Ex.: Imagine que uma empresa “A” vende para a empresa “B” que vende para a empresa “C”. O valor do da 1ª nota da empresa “A” para a empresa “B” é de R$ 500. Já a 2ª nota da empresa “B” para a empresa “C” é de R$ 600. O IPI devido na 1ª operação é de R$ 500. Empresa “A” inicia a cadeia produtiva, então não existe nenhum imposto a recuperar. Já na 2ª operação, o IPI devido é de R$ 600, mas há um IPI recuperado de R$ 500 em relação à operação anterior (da empresa “A” para a empresa “B”), então recolherá somente R$ 100 de IPI. #TEMTESE A compensação prevista pelo regime da não cumulatividade não se confunde com a compensação descrita no CTN. A compensação da não cumulatividade visa atenuar a carga tributaria, enquanto a do CTN visa extinguir a dívida. Fundamentos: Art. 153, §3º, II, CF c/c Art. 49, CTN e Art. 170, CTN CF Art. 153. (...) § 3º O imposto previsto no inciso IV: (...) II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; CTN Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes. 5 CTN Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominarredução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. c) IPI no CTN Fato gerador - A circulação do produto industrializado (mas o momento em que ocorre o fato gerador é a saída do estabelecimento); - Na importação (mas o o momento em que ocorre o fato gerador é o desembaraço aduaneiro); - Aquisição de produto de leilão (mas o o momento em que ocorre o fato gerador é a arrematação do produto); Ex.: Um produto industrializado importado é abandonado pelo importador. Esse produto adquirido em leilão está sujeito à incidência do IPI. #TEMTESE Na arrematação o IPI só deverá ser cobrado quando sobre o produto leiloado deveria ter sido pago o imposto e isso não aconteceu. Assim, se um automóvel é leiloado para pagar dívida de IR, não deve incidir o IPI Fundamentos: REsp 216.218 e Art. 153, IV, CF c/c Art. 46, CTN TRIBUTÁRIO - IPI - FATO GERADOR - SAÍDA DO PRODUTO. O fato gerador do IPI ocorre também na saída de produto dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51, e na sua arrematação, quando apreendido ou abandonado, e levado a leilão. A hipótese de incidência do IPI não é a industrialização e sim o desembaraço aduaneiro ou a saída do produto industrializado. Recurso improvido. (REsp 216.218/SP, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/09/1999, DJ 25/10/1999, p. 61) CF Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 6 (...) IV - produtos industrializados; CTN Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. Base de cálculo Na industrialização, deve corresponder ao valor da operação; Na importação, deve ser igual ao preço normal do produto mais os demais custos com a importação; Ex: Imagine um produto industrializado em que o preço original é de R$ 1.000,00. Na promoção, é vendido por R$ 800,00. Trata-se de um desconto concedido antes da ocorrência do fato gerador, então a base de cálculo será de R$ 800,00. O IPI deve incidir sobre R$ 800,00. #TEMTESE Os descontos incondicionais são aqueles concedidos antes da ocorrência do fato gerador e, portanto, não fazem parte da base de cálculo do IPI. Fundamentos: REsp 318.639 e Art. 47, II, “a”, CF TRIBUTÁRIO - IPI - DESCONTOS INCONDICIONAIS - BASE DE CÁLCULO - EXCLUSÃO - CTN, ART. 47 - PRINCÍPIO DA HIERARQUIA DAS LEIS - PRECEDENTES. - Fere o princípio da hierarquia das leis a disposição de lei ordinária que amplia o conceito de "valor da operação" disciplinado por Lei Complementar (CTN). - A base de cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados -IPI é o valor da operação, definido no momento em que esta se concretiza. - Os descontos incondicionalmente concedidos não integram a base de cálculo do IPI porque não fazem parte do "valor da operação" da qual decorre a saída da mercadoria. - Recurso especial conhecido, mas desprovido. (REsp 318.639/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/09/2005, DJ 21/11/2005, p. 174) 7 CTN Art. 47. A base de cálculo do imposto é: (...) II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; Contribuintes Importador Industrial Comerciante Arrematante Ex: Um carro vem importado da Itália. O importador está no Brasil e o comprador também está no Brasil. 1ª ETAPA: O carro sai da fábrica italiana e segue para o importador. Nesse caso, o IPI incidirá sobre a importação. 2ª ETAPA: Do importador para o comprador, incide o IPI (é a chamada revenda), mesmo que o importador nãp tenha promovido qualquer industrialização no carro. #TEMTESE Na importação de um produto industrializado com sua posterior entrega ao consumidor existem dois fatos geradores distintos: (1) importação e (2) revenda. Não é o caso, portanto, de bitributação. Fundamentos: EREsp 1.403.532 e Art. 153, IV, CF c/c Art. 51, III, CTN EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI. FATO GERADOR. INCIDÊNCIA SOBRE OS IMPORTADORES NA REVENDA DE PRODUTOS DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. FATO GERADOR AUTORIZADO PELO ART. 46, II, C/C 51, PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. SUJEIÇÃO PASSIVA AUTORIZADA PELO ART. 51, II, DO CTN, C/C ART. 4º, I, DA LEI N. 4.502/64. PREVISÃO NOS ARTS. 9, I E 35, II, DO RIPI/2010 (DECRETO N. 7.212/2010). 1. Seja pela combinação dos artigos 46, II e 51, parágrafo único do CTN - que compõem o fato gerador, seja pela combinação do art. 51, II, do CTN, art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, art. 79, da Medida Provisória n. 2.158-35/2001 e art. 13, da Lei n. 11.281/2006 - que definem a sujeição passiva, nenhum deles até então afastados por inconstitucionalidade, os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido industrialização no Brasil. 8 2. Não há qualquer ilegalidade na incidência do IPI na saída dos produtos de procedência estrangeira do estabelecimento do importador, já que equiparado a industrial pelo art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, com a permissão dada pelo art. 51, II, do CTN. 3. Interpretação que não ocasiona a ocorrência de bis in idem, dupla tributação ou bitributação, porque a lei elenca dois fatos geradores distintos, o desembaraço aduaneiro proveniente da operação de compra de produto industrializado do exterior e a saída do produto industrializado do estabelecimento importador equiparado a estabelecimento produtor, isto é, a primeira tributação recai sobre o preço de compra onde embutida a margem de lucro da empresa estrangeira e a segunda tributação recai sobre o preço da venda, onde já embutida a margem de lucro da empresa brasileira importadora. Além disso, não onera a cadeia além do razoável, pois o importador na primeira operação apenas acumula a condição de contribuinte de fato e de direito em razão da territorialidade, já que o estabelecimento industrial produtor estrangeiro não pode ser eleito pela lei nacional brasileira como contribuinte de direito do IPI (os limites da soberania tributária o impedem), sendo que a empresa importadora nacional brasileira acumula o crédito do imposto pago no desembaraço aduaneiro para ser utilizado como abatimento do imposto a ser pago na saída do produto como contribuinte de direito (não-cumulatividade), mantendo-se a tributação apenas sobre o valor agregado. 4. Precedentes: REsp. n. 1.386.686 - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17.09.2013; e REsp. n. 1.385.952 - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03.09.2013. Superado o entendimento contrário veiculado nos EREsp. nº 1.411749-PR, Primeira Seção, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. p/acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 11.06.2014; e no REsp. n. 841.269 - BA, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 28.11.2006. 5. Tese julgada para efeito do art. 543-C, do CPC: "os produtosimportados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido industrialização no Brasil". 6. Embargos de divergência em Recurso especial não providos. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (EREsp 1403532/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/10/2015, DJe 18/12/2015) CF Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 9 (...) IV - produtos industrializados; CTN Art. 51. Contribuinte do imposto é: (...) III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; 5. ITR a) ITR entre princípios Legalidade Deve observar Anterioridade Deve observar as 2 anterioridades b) ITR na CF PROGRESSIVIDADE: são aplicadas alíquotas progressivas para desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. Ex.: Imagine um imóvel rural. Se é muito produtivo, sua alíquota será menor. Se é pouco produtivo, sua alíquota será maior. O que se percebe é que a progressividade encampada para o ITR visa a chamada extrafiscalidade. #TEMTESE A aplicação do princípio da progressividade pode ter viés fiscal ou extrafiscal. Na hipótese do ITR seu objetivo é regulatório (extrafiscal) já, para o IPTU, a progressividade pode ser regulatória (quando as alíquotas variam em razão da função social) ou arrecadatória (quando as alíquotas variam de acordo com o valor do imóvel). Fundamentos: Súmula 668, STF e Art. 153, §4º, I, CF c/c Art. 156, §1º, I, CF e Art. 182, §4º, II, CF Súmula 668, STF. É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. 10 CF Art. 153. (...) § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; CF Art. 156. (...) § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; CF Art. 182. (...) § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: (...) II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; Imunidade Não incide ITR sobre pequenas glebas rurais, explorada pelo proprietário que não possua outro imóvel. Ex.: Imóvel localizado em zona rural deve observar três características: corresponder à pequena gleba (varia de região para região – é regulado pela Lei nº 9.393/96), explorado (não pode ser improdutivo) e único bem do contribuinte (não pode ter imóvel em zona urbana e zona rural). #TEMTESE A imunidade ao ITR depende da reunião de certas condições previstas em lei. Contudo, justamente por se tratar de uma imunidade, a Constituição Federal exige lei complementar para tanto, de modo que é possível atestar a ineficácia da Lei nº 9.393/96 sobre o tema. Fundamentos: Art. 146, II, CF c/c Art. 2º, parágrafo único, Lei nº 9.393/96 e Art. 153, §4º, II, CF 11 CF Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Lei nº 9.393/96 Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a : I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município. CF Art. 153. (...) § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (...) II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; Parafiscalidade Ocorre quando o ITR passa a ser arrecadado pelos Municípios. Toda vez que o tributo passa a ser arrecadado por uma pessoa diferente daquela que possui competência. Ex.: Quando o ITR é arrecadado pela União, essa arrecadação é repartida entre 50% para a União e 50% para os Municípios. Trata-se de uma regra constitucional de repartição de receita. Entretanto, existe a possibilidado do ITR ser arrecadado pelos próprios municípios. Nesse caso, a União não recebe nada e toda a arrecadação ficará com o município arrecadador (100% para os Municípios), em razão da transferência da capacidade tributária ativa. 12 #TEMTESE A partir do momento que o município aceitar a capacidade tributária ativa do ITR terá ele permissão para fiscalizar/arrecadar o imposto, mas isso não o autoriza a legislar sobre ele, uma vez que a competência é indelegável. Fundamentos: Art. 153, §4º, III, CF c/c Art. 7º, CTN e Art. 153, VI, CF CF Art. 153. (...) § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (...) III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. CTN Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. CF Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: VI - propriedade territorial rural; c) ITR no CTN Fato gerador Propriedade, Domínio útil ou Posse do imóvel: fora da zona urbana Ex.: Um imóvel localizado em zona rural, incide ITR. Já um localizado em zona urbana, pode incidir o IPTU ou o ITR. Quando o imóvel tiver fins rurais? Estará sujeito à incidência do ITR, mesmo que localizado em zona urbana. 13 #TEMTESE Segundo o CTN, para o IPTU, devemos observar o critério geográfico (zona urbana/IPTU, fora da zona urbana/ITR). Porém, conforme o DL 57/66 (que tem força de LC), para o ITR, o critério a ser observado é o da destinação do imóvel (independentemente da sua localização). Fundamentos: RE 140.773 e REsp 1.112.646 e Art. 29 c/c 32, CTN e Art. 15, DL 57/66 EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO (I.P.T.U.). IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (I.T.R.). TAXA DE CONSERVAÇÃO DE VIAS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. R.E. não conhecido, pela letra "a" do art. 102, III, da C.F., mantida a declaração de inconstitucionalidade da Lei Municipal de Sorocaba, de n 2.200, de 03.06.1983, que acrescentou o parágrafo 4 ao art. 27 da Lei n 1.444, de 13.12.1966. 2. R.E. conhecido, pela letra "b", mas improvido, mantida a declaração de inconstitucionalidade doart. 12 da Lei federal n 5.868, de 12.12.1972, no ponto em que revogou o art. 15 do Decreto- lei n 57, de 18.11.1966. 3. Plenário. Votação unânime. (RE 140773, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 08/10/1998, DJ 04-06-1999 PP-00017 EMENT VOL-01953-01 PP-00127) TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL. IPTU. NÃO- INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. 1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966). 2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1112646/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2009, DJe 28/08/2009) CTN Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município. Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de 14 bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. DL 57/66 Art 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, incidindo assim, sôbre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados. Base de cálculo Valor fundiário = valor da terra nua tributável Ex.: IPTU x ITR IPTU: valor venal – prédio + terreno ITR: valor fundiário – o valor da construção é irrelevante (considera-se o terreno) #TEMTESE Diferentemente do IPTU, a base de cálculo do ITR desconsidera construções, instalações e benfeitorias uma vez que o imposto incide apenas sobre a propriedade territorial. Fundamentos: Art. 153, VI, CF e Art. 30 c/c 33, CTN CF Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: VI - propriedade territorial rural; CTN Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário. Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. Contribuintes - Proprietário - Titular do domínio útil - Possuidor * de imóvel localizado fora de zona urbana Ex.: Latifúndio (não é improdutivo) e foi invadido pelo MST. O latifúndio é de competência do poder público e tem o objetivo de assegurar o direito de propriedade e exigir o ITR. Se não assegurar? NÃO poderá exigir o ITR. 15 #TEMTESE Segundo a jurisprudência, embora a propriedade seja fato gerador do ITR, ela não é plena quando o imóvel encontrar-se invadido. Assim não é razoável tributar o bem que não gere nenhum tipo de renda ou benefício ao proprietário. Fundamentos: REsp 1.144.982 e Art. 153, VI, CF c/c Art. 31, CTN TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MOVIMENTO "SEM TERRA". PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS INERENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA DA EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Conforme salientado no acórdão recorrido, o Tribunal a quo, no exame da matéria fática e probatória constante nos autos, explicitou que a recorrida não se encontraria na posse dos bens de sua propriedade desde 1987. 2. Verifica-se que houve a efetiva violação ao dever constitucional do Estado em garantir a propriedade da impetrante, configurando-se uma grave omissão do seu dever de garantir a observância dos direitos fundamentais da Constituição. 3. Ofende os princípios básicos da razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de garantia de propriedade e, concomitantemente, exercer a sua prerrogativa de constituir ônus tributário sobre imóvel expropriado por particulares (proibição do venire contra factum proprium). 4. A propriedade plena pressupõe o domínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, dispor e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido, pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. 5. Com a invasão do movimento "sem terra", o direito da recorrida ficou tolhido de praticamente todos seus elementos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou de benefícios para a proprietária. 6. Ocorre que a função social da propriedade se caracteriza pelo fato do proprietário condicionar o uso e a exploração do imóvel não só de acordo com os seus interesses particulares e egoísticos, mas pressupõe o condicionamento do direito de propriedade à satisfação de objetivos para com a sociedade, tais como a obtenção de um grau de produtividade, o respeito ao meio ambiente, o pagamento de impostos etc. 7. Sobreleva nesse ponto, desde o advento da Emenda Constitucional n. 42/2003, o pagamento do ITR como questão inerente à função social da propriedade. O proprietário, por possuir o domínio sobre o imóvel, deve atender aos objetivos da função social da propriedade; 16 por conseguinte, se não há um efetivo exercício de domínio, não seria razoável exigir desse proprietário o cumprimento da sua função social, o que se inclui aí a exigência de pagamento dos impostos reais. 8. Na peculiar situação dos autos, ao considerar-se a privação antecipada da posse e o esvaziamento dos elementos de propriedade sem o devido êxito do processo de desapropriação, é inexigível o ITR diante do desaparecimento da base material do fato gerador e da violação dos referidos princípios da propriedade, da função social e da proporcionalidade. 9. Recurso especial não provido. (REsp 1144982/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2009, DJe 15/10/2009) CF Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: VI - propriedade territorial rural; CTN Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. SITUAÇÃO PROBLEMA No dia 04.02.17, um Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo interceptou, na BR-116, altura de Registro, uma remessa de 4.150 exemplares da Revista “O Apocalipse”, editada pela Igreja do Último Milênio, com sede na Capital, tendo lavrado Auto de Infração e Imposição de Multa, que descreve as seguintes irregularidades: remessa de mercadoria desacompanhada de documentação fiscal; falta de pagamento do imposto por ter escriturado a operação como não tributada; falta de pagamento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal (arbitrado por média e retroativo a julho de 2016, data da criação da revista). Não aceitando a alegação de que se tratava de uma instituição religiosa e não comercial, foi ainda lavrado auto de apreensão da mercadoria. QUESTÃO: Como advogado(a) da Igreja, adote a medida judicial cabível, independentemente da defesa administrativa. PALAVRAS CHAVE QUEM? Agente de Rendas do Estado de SP e Igreja Último Milênio QUANDO? 04.02.2017 ONDE? próximo à cidade de Registro O QUE ACONTECEU? interceptação de 4.150 exemplares de uma revista. Autos de infração e apreensão POR QUE? remessa de mercadoria sem documentação fiscal; falta de pagamento do imposto17 Tributo tratado: ICMS Agente fiscal de rendas do Estado: ou é ICMS, ITCMD ou IPVA Qual é o objetivo do cliente? Não pagar IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA Há lançamento? SIM. Há o AIIM Já há execução fiscal? NÃO Já se passaram 120 dias do ato coator? Prazo do mandado de segurança. O caso aconteceu em 04/02/2017 120 dias depois seria em junho de 2017, portanto não se passaram 120 dias. Caberia então, a impetração do MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO. Obs: Não há prazo para a impetração do mandado de segurança preventivo (é apenas impetrado antes do lançamento). TESE Não incide o ICMS, porque há imunidade, mas é religiosa (igreja imune) ou de imprensa (porque fala de revista que é periódico). Trata-se de imunidade de imprensa (art. 150, VI, “d”, CF – tese principal). A imunidade religiosa é uma tese acessória. Há uma sanção política (forçar a pagar o tributo) – art. 323, STF Cuidado! A impetração do MS deve ser feita no local do ato ou fato coator. Deve ser impetrado em Registro. 18 II. LOUSAS 19 20 21 22 23
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