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VIAS DE DOR E TEMPERATURA

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SENSAÇÕES SOMÁTICAS II: 
DOR, CEFALÉIA E SENSAÇÕES TÉRMICAS 
Tipos de dor e suas qualidades – dor rápida e lenta: 
 Rápida (pontual, aguda, em agulhada): sentida dentro de 0,1 s; 
quando entra agulha ou faca na pele ou em queimadura ou em 
choques elétricos; não é sentida nos tecidos mais profundos. 
 Lenta (em queimação, persistente, pulsátil, nauseante, crônica): 
começa após 1 segundo do estímulo e aumenta gradualmente, as 
vezes ocorre até em minutos; pode levar ao sofrimento prolongado 
e é sentida nos tecidos e órgãos mais profundos. 
Receptores para dor e sua estimulação: 
 Terminações nervosas livres; 
o Camadas superficiais da pele; 
o Periósteo, parede das artérias, superfícies articulares e a 
foice e o tentório da abóbada craniana; 
o Nos órgãos internos as terminações estão espalhadas e 
lesões extensas podem se somar em dor lenta e crônica; 
Tipos de estímulos para a dor: 
 Dor rápida: desencadeada por estímulos mecânicos e térmicos; 
 Dor lenta: desencadeada pelos 3 tipos de estímulos. 
Químico: 
 Substâncias que excitam o tipo químico da dor: 
o Bradicinina; 
o Serotonina; 
o Histamina; 
o Íons potássio; 
o Ácidos; 
o Acetilcolina; 
o Enzimas proteolíticas. 
 Prostaglandinas e substâncias P aumentam a sensibilidade das 
terminações nervosas mas não as excitam diretamente. 
 Importantes para a estimulação da dor lenta. 
Natureza não adaptativa dos receptores da dor: 
 Se adaptam muito pouco ou não se adaptam; 
 Hiperalgesia: aumento da sensibilidade de dor pelos receptores da 
dor; 
 Importância dessa não adaptação: a pessoa fica ciente do estímulo 
lesivo, enquanto a dor persistir. 
Intensidade da lesão tecidual como estímulo para a dor: 
 45º: temperatura a qual a pessoa começa a sentir dor; 
 A dor secundária ao calor refere-se à intensidade em que ocorre os 
danos no tecido e não ao dano total que já ocorreu; 
 A intensidade da dor também está ligada à intensidade do dano 
tecidual, por causas diferentes do calor, como infecção bacteriana, 
isquemia dos tecidos, contusão e outras. 
Importância especial dos estímulos dolorosos químicos durante a lesão 
tecidual: 
 Extratos de tecidos lesionados podem causar dor intensa quando 
injetados sobre a pele não lesionada, devido às substâncias químicas 
já citadas que estimulam os receptores para a dor; 
 Bradicinina: induz a dor de modo mais acentuado; 
 A intensidade da dor também está relacionada com a concentração 
de íons potássio ou aumento da concentração de enzimas 
proteolíticas que atacam os terminais nervosos e estimulam a dor 
por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons. 
Isquemia tecidual como causa da dor: 
 Quando o fluxo sanguíneo para um tecido é interrompido, logo 
ocorre a dor. Quanto maior o metabolismo desse tecido, maior será 
a dor; 
 A dor pode ser causada pelo acúmulo de ácido láctico nos tecidos, 
formada pelo metabolismo anaeróbico; 
 Bradicinina e enzimas proteolíticas também podem ser formadas no 
local, favorecendo o estímulo para as terminações nervosas para a 
dor. 
Espasmo muscular como causa da dor: 
 Pode ser efeito direto do espasmo, que estimula os receptores para 
dor mecanossensíveis ou indireto, quando pode causar isquemia nos 
tecidos devido à compressão de vasos; 
 O espasmo também aumenta o metabolismo do tecido muscular, 
criando condições ideais para a liberação de substâncias químicas 
indutoras da dor. 
VIAS DUPLAS PARA A TRANSMISSÃO DOS SINAIS DOLOROSOS AO 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL. 
Uma via para a dor pontual rápida e uma via para a dor crônica lenta. 
Fibras dolorosas periféricas – fibras rápidas e lentas: 
Rápidos e pontuais: 
 Estimulados por estímulos mecânicos ou térmicos; 
 Transmitidos de nervos periféricos para a medula espinhal por meio 
de fibras Aδ pequenas, com velocidade entre 6 e 30 m/s; 
 Essa dor serve como aviso para que a pessoa não sofra maiores 
lesões; 
Lentos e crônicos: 
 Principalmente por estímulos químicos (algumas vezes por 
mecânicos ou térmicos persistentes); 
 Transmitida para a medula por fibras do tipo C com velocidades 
entre 0,5 e 2 m/s. 
 A dor súbita estimula as duas vias da dor: quando ocorre a lesão, 
estimula a rápida, seguida pela transmissão de dor lenta pelas fibras 
C; 
 A dor lenta é persistente até o nível do intolerável, o que faz com 
que a pessoa continue tentando sanar a causa da dor. 
Caminho da sensação de dor: 
1. Fibras seguem das raízes espinhais dorsais; 
2. Terminam em neurônios-relé dos cornos dorsais; 
3. Existem dois caminhos para o processamento da sensação de dor no 
caminho para o encéfalo: 
 
Vias duplas para dor na medula espinhal e no tronco cerebral: 
Trato neoespinotalâmico para dores rápidas: 
1. As fibras Aδ transmitem as dores mecânicas e térmica agudas. 
Terminam, em sua maioria, na lâmina I (marginal) dos cornos 
dorsais e excitam os neurônios de 2ª ordem. 
2. Esses neurônios dão origem a fibras longas que cruzam 
imediatamente para o lado oposto da medula espinhal pela 
comissura branca e ascendem para o encéfalo pelas colunas 
anterolaterais; 
3. Algumas fibras desse trato terminam nas áreas reticulares do tronco 
cerebral, mas a maioria segue até o tálamo sem interrupção, 
terminano no complexo ventrobasal, junto com o trato da coluna 
dorsal-lemnisco medial para as sensações táteis; 
4. Algumas fibras também terminam no grupo nuclear posterior do 
tálamo; 
5. Os sinais são então, dessas áreas talâmicas, transmitidos para outras 
áreas basais do encéfalo, bem como para o córtex somatossensorial. 
 
Capacidade do SNC em localizar a dor rápida: 
 Dor pontual pode ser localizada com muito mais precisão; 
 Para lozalização ideal, é necessário que os receptores táteis do trato 
da coluna dorsal-lemnisco medial sejam também estimulados. Caso 
não sejam, um tempo maior é necessário para que se saiba a 
localização. 
Glutamato, o provável neurotransmissor das fibras dolorosas rápidas do tipo 
Aδ: 
 Acredita-se que seja o neurotransmissor secretado nas terminações 
nervosas para a dor do tipo Aδ, com duração de apenas alguns 
segundos. 
Via paleoespinotalâmica para a transmissão da dor crônica lenta: 
1. Mais antigo e transmite por fibras periféricas do tipo C (também 
transmite em alguns casos por Aδ; 
2. Fibras periféricas terminam na medula espinhal quase inteiramente 
nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que, em conjunto, são 
referidos como substância gelatinosa; 
3. Em seguida, a maior parte dos sinais passa por um ou mais 
neurônios de fibra curta, dentro dos cornos dorsais propriamente 
ditos, antes de entrar na lâmina V, també no corno dorsal; 
4. Os últimos neurônios da série dão origem aos de fibras longas, que 
se unem, em sua maioria, às fibras de dor rápida, passando primeiro 
pela comissura branca para o lado oposto da medula e depois para 
cima, em direção do encéfalo, pela via anterolateral. 
Substância P: o provável neurotransmissor da via paleospinotalâmica das 
terminações nervosas do tipo C: 
 Terminais de fibras para dor C liberam tanto glutamato como 
substância P; 
 Glutamato persiste por pouco tempo (por isso sente-se a dor rápida 
também); 
 A substância P (gera a sensação de dor mais duradoura) é liberada 
mais lentamente e sua concentração aumenta em segundos ou 
minutos; 
Projeção da via paleospinotalâmica para o tronco cerebral e o tálamo: 
 Essa via termina de forma difusa no tronco cerebral (área mais 
escura da figura 48.3. Somente entre ¼ e 1/10 das fibras ascendem 
até o tálamo; 
 A maioria das fibras termina em uma dentre 3 áreas: 
1. Núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo;2. Área tectal do mesencéfalo profundamente até os 
colículos superior e inferior; 
3. Região cinzenta pariaquedutal, que circunda o arqueduto 
de Sylvius. 
 Essas partes basais do encéfalo são importantes para a dor. Mesmo 
animas que tiveram tiveram a parte acima do mesencéfalo 
seccionadas, para bloquear os sinais de dor que chegam ao cérebro, 
ainda demonstram evidência de dor quando qualquer parte do corpo 
é traumatizada. 
 De áreas do tronco cerebral, vários neurônios de fibras curtas 
transmitem sinais ascendentes da dor pelos núcleos intralaminar e 
ventrolateral do tálamo e em direção de certas regiões do hipotálamo 
e outras regiões basais do encéfalo. 
 
Capacidade muito baixa do sistema nervoso de localizar precisamente a fonte 
da dor transmitida pela via crônica lenta: 
 A localização da dor transmitida pela via paleoespinotalâmica é 
imprecisa. Sabe-se por exemplo, que uma dor vem do braço ou da 
perna, mas não necessariamente do ponto específico de dor. Isso se 
deve à conectividade multissináptica difusa dessa via. Por isso 
alguns pacientes tem dificuldades em localizar a dor. 
Função da formação reticular, tálamo e córtex cerebral na avaliação da dor: 
 A remoção completa das áreas somatossensoriais do córtex cerebral 
não destrói a capacidade do animal de perceber a dor. É provável, 
então, que os impulsos dolorosos que chegam à formação reticulara 
do tronco cerebral, do tálamo e de outras regiões inferiores do 
encéfalo, causem percepção consciente da dor; 
 Acredita-se que o córtex desempenhe papel especialmente 
importante na interpretação da qualidade da dor, mesmo que a 
percepção da dor seja função principalmente dos centros inferiores; 
Capacidade especial dos sinais dolorosos em desencadear uma excitabilidade 
encefálica especial: 
 A estimulação elétrica das áreas reticulares do tronco cerebral e dos 
núcleos intralaminares do tálamo, áreas onde terminam os sinais da 
dor lenta, tem forte efeito neural de todo o encéfalo; 
 Essas duas áreas constituem parte principal do sistema de alerta. Por 
isso é quase impossível uma pessoa dormir nos casos de dor grave. 
Interrupção cirúrgica das vias dolorosas: 
 Em casos de dor grave (como em câncer), algumas vias de dor 
podem ser cortadas para o alívio; 
 Se a dor for na parte inferior, a cordotomia, na região torácica da 
medula espinhal, em geral alivia a dor por algumas semanas ou 
meses; 
 Para isso, a medula espinhal, no lado oposto ao da dor, é 
parcialmente cortada em seu quadrante anterolateral, para romper a 
via sensorial anterolateral; 
 Nem sempre ela é bem sucedida: muitas fibras dolorosas dos 
membros superiores não cruzam a medula até que atinjam o 
encéfalo, então a intervenção não secciona as vias nesse caso. A dor 
frequente volta meses depois devido à sensibilização de outras vias 
(como as vias esparsas da medula espinhal dorsolateral); 
 Outro procedimento: cauterização de áreas específicos nos núcleos 
intralaminares no tálamo, aliviando dores crônicas e mantendo a 
identificação de dor aguda. 
SISTEMA DE SUPRESSÃO AS DOR (ANALGESIA) NO ENCÉFALO E 
NA MEDULA ESPINHAL. 
Consiste em 3 grandes componentes: 
1. As áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do 
mesencéfalo e região superior da ponte, que circundam o aqueduto 
de Sylvius e porções do terceiro e do quarto ventrículo. Neurônios 
dessa área enviam sinais para: 
2. O núcleo magno da rafe, delgado núcleo da linha média, que fica na 
parte inferior da ponte e superior do bulbo, e o núcleo reticular 
paragigantocelular, localizado lateralmente no bulbo. Desses 
núcleos, os sinais de segunda ordem são transmitidos pelas colunas 
dorsolaterais da medula espinhal, para: 
3. O complexo inibitório da dor, localizado nos cornos dorsais da 
medula espinhal. Nesse ponto, os sinais de analgesia podem 
bloquear a dor antes de ela ser transmitida para o encéfalo. 
Além disso, a estimulação de áreas encefálicas ainda mais altas, que excitam a 
substância cinzenta periaquedutal, também pode suprimir a dor. Algumas 
dessas áreas: 
1. Núcleos periventriculares do tálamo: na região adjacente ao terceiro 
ventrículo; 
2. O fascículo prosencefálico medial: em menor grau, também no 
hipotálamo. 
 Principais neurotransmissores envolvidos na analgesia: cefalina e 
serotonina; 
 Muitas fibras nervosas derivadas dos núcleos periventriculares e da 
substância cinzenta periaquedutal secretam encefalina em suas 
terminações; 
 
 As terminações de várias fibras, no núcleo magno da rafe, liberam 
encefalina quando estimuladas; 
 Fibras que originam nessa área enviam sinais aos cornos dorsais da 
medula espinhal para a secreção de serotonina em suas terminações. 
A serotonina faz com que os neurônios locais da medula também 
secretem encefalina; 
 Acredita-se que a encefalina cause as inibições pré ou pós-sinápticas 
das fibras de dor, os aferentes Aδ e C em suas sinapses nos cornos 
dorsais; 
 O sistema de analgesia pode bloquear, então, os sinais dolorosos no 
ponto de entrada para a medula espinhal. 
Sistema opióide encefálico – endorfinas e encefalinas: 
 Aproximadamente uma dúzia dessas substâncias opióides é 
encontrada em diferentes pontos do sistema nervoso. Todas são 
produtos de degradação de três grandes moléculas protéicas: 1) pró-
opiomelanocortina, 2) proencefalina e 3) prodinorfina. Entre as mais 
importantes dessas substâncias opióides estão: 1) β-endorfina 
(presente no hipotálamo e hipófise), 2) Metencefalina (tronco 
cerebral e medula espinhal nas porções de analgesia descritas 
acima), 3) Leuencefalina (tronco cerebral e medula espinhal nas 
porções de analgesia descritas acima), e 4) Dinorfina. 
Inibição da dor por sinais sensoriais táteis simultâneos: 
 A estimulação das grandes fibras sensoriais Aβ originada nos 
receptores táteis periféricos, pode reduzir a transmissão dos sinais 
da dor originados na mesma área corporal. Isso presumivelmente 
resulta da inibição lateral local na medula espinhal. 
 Isso explica a ação das massagens próximas às regiões de dor; 
 Tal fato também é a base do alívio da dor obtido através da 
acupuntura, originada no sistema de analgesia central. 
Tratamento da dor por estimulação elétrica: 
 Eletródios estimuladores são colocados em áreas selecionadas da 
pele ou, ocasionalmente, implantados sobre a medula espinhal, 
supostos estimulantes das colunas sensoriais dorsais; 
 Em alguns pacientes, também coloca-se em regiões como os núcleos 
intralaminares do tálamo ou periventricular e periaquedutal do 
diencéfalo. Já foi registrado alívio da dor de até 24h com apenas 
alguns minutos de estímulo. 
 
DOR REFERIDA 
 Quando a pessoa sente dor em alguma parte do corpo, distante do 
tecido causador da dor; 
 Por exemplo, dor em órgãos viscerais geralmente é referida à área 
na superfície do corpo; 
 Mecanismo da dor referida: ramos das fibras para dor visceral fazem 
sinapse na medula espinhal, nos mesmos neurônios de segunda 
orgem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. Quando as 
fibras viscerais para dor são estimuladas, os sinais dolorosos das 
vísceras são conduzidos pelo menos por alguns dos mesmos 
neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa tem 
a sensação de que as sensações se originam na pele propriamente 
dita. 
Dor visceral: 
 Geralmente as vísceras tem receptores sensoriais exclusivos para a 
dor; 
 A dor visceral difere da dor superficial. Uma das principais 
diferenças é que os danos pontuais nas vísceras quase nunca causam 
dor grave. Inversamente, qualquer estímulo que cause estimulação 
difusa das terminações nervosas para ador na víscera causa dor que 
pode ser grave. A isquemia, por exemplo, estimula várias vias 
dolorosas difusas ao mesmo tempo, podendo resultar em dor 
extrema. 
Causas da dor visceral verdadeira: 
 Estímulos que causam a dor visceral: isquemia do tecido visceral, 
lesão química das superfícies das vias (por substâncias nocivas que 
escapam do trato gastrointestinal para a cavidade peritoneal), 
espasmo da musculatura lisa de víscera oca (geralmente ocorre na 
forma de cólicas, com a dor chegando em alto grau de gravidade e 
depois diminuindo. O espasmo causa estimulação mecânica dos 
receptores de dor), distensão excessiva de via oca (pode interromper 
os vasos, causando isquemia e posteriormente a dor.) e distensão do 
tecido conjuntivo que circunda ou é localizado nas víscera; 
 Qualquer dor que origine na cavidade torácica ou abdominal, é 
transmitida pelas fibras delgadas do tipo C, ou seja, só podem 
transmitir o tipo crônico-persistente da dor; 
Dor parietal causada por doença visceral: 
 Quando a doença afeta a víscera, o processo doloroso geralmente se 
dissemina para o peritônio, pleura ou o pericárdio parietal; 
 Essas superfícies parietais, como a pele e a cobertura do abdome, 
são supridas com grande inervação dolorosa, originada nos nervos 
espinhais periféricos. Por isso, a dor da parede parietal sobre a 
víscera normalmente é aguda. 
Localização da dor visceral – vias de transmissão da dor visceral e da dor 
parietal: 
 Primeiro: o sistema nervoso não reconhece de experiência anterior 
a existência de diversos órgãos diferentes. Por isso, qualquer dor que 
se origine internamente não pode ser localizada com precisão; 
 Segundo: as sensações do abdome e do tórax são transmitidas por 
meio de duas vias para o sistema nervoso central, a visceral 
verdadeira e a parietal: 
o Visceral verdadeira: transmitida pelas fibras sensoriais 
para a dor, nos feixes nervosos autônomos, e as 
sensações são referidas para as áreas da superfície do 
corpo, geralmente longe do órgão doloroso; 
o Sensações parietais: inversamente a anterior, são 
transmitidas diretamente para os nervos espinhais locais 
do peritônio parietal, da pleura ou do pericárdio. Essas 
sensações geralmente se localizam diretamente sobre a 
área dolorosa. 
 
Localização da dor referida transmitida através das vias viscerais: 
 Quando a dor visceral é referida para a superfície do corpo, a pessoa, 
em geral, a localiza no segmento dermatômico de origem do órgão 
visceral no embrião, e não onde ele se localiza atualmente; 
 Exemplo: o coração origina no dermátomo do pescoço e da região 
superior do tórax, assim, as fibras para dor visceral do coração 
cursam de forma ascendente ao longo dos nervos simpáticos 
sensoriais e entram na medula espinhal entre os segmentos C-3 e T-
5. Portanto, como mostrado na figura 48.6, a dor cardíaca é referida 
ao lado do pescoço sobre o ombro, músculos do peitoral e braço 
esquerdo e área subesternal superior do tórax. Essas são as áreas 
superficiais do corpo que enviam suas fibras somatossensoriais 
também para os segmentos entre C-3 e T-5 da medula espinhal. 
Geralmente a dor se localiza do lado esquerdo, pois esse lado do 
coração está mais envolvido em doenças coronarianas. 
 
Via parietal para a transmissão da dor abdominal e torácica: 
 A dor oriunda de vísceras frequentemente se localizam em duas 
áreas da superfície do corpo ao mesmo tempo, devido a dupla 
transmissão da dor pela via visceral referida e parietal direta. 
 A figura 48.7 mostra a dupla transmissão oriunda do apêndice 
inflamado. 
1. Os impulsos dolorosos passam inicialmente do apêndice 
por fibras dolorosas viscerais, localizadas nos fascículos 
nervosos simpáticos; 
2. Seguem para a medula espinhal ao nível T-10 ou T-11; 
3. A dor é referida ao redor do umbigo e é do tipo 
persistente e espasmódica; 
4. Os impulsos dolorosos normalmente se originam no 
pericôndrio parietal, onde o apêndice inflamado toca ou 
está aderido à parede abdominal. Eles causam dor do tipo 
pontual diretamente sobre o peritônio irritado, no 
quadrante inferior direito do abdome. 
Algumas anormalidades clínicas da dor e outras sensações somáticas: 
Hiperalgesia 
 A hiperexcitação de uma via leva à Hiperalgesia, que é o aumento 
da sensibilidade à dor. Pode ser causada pela hipersensibilidade dos 
receptores para dor (primária, como a pele queimada pelo sol, que 
libera produtos como histamina e prostaglandinas, causando 
hipersensibilidade) ou facilitação da transmissão sensorial 
(secundária, resulta de lesões na medula espinhal). 
Herpes Zoster: 
 Herpes vírus, ocasionalmente, infecta um gânglio da raiz dorsal, 
causando dor forte no dermátomo suprido pelo gânglio (vírus 
invades neurônios da dor e são levados pelos axônios periféricos até 
suas origens cutâneas), desencadeando tipo de dor segmentar, além 
de ser chamado de cobreiro devido às erupções cutâneas; 
 Todos os fenômenos ocorrem dentro da área dermatomérica suprida 
pela raiz dorsal infectada. 
Tique doloroso: 
 Também chamado de neuralgia do trigêmeo ou neuralgia do 
glossofaríngeo; 
 Caracterizada por ataques recorrentes de dor súbita e lancinante. 
Mesmo pequenos movimentos já podem ser suficientes para causar 
grande dor; 
 A dor pode ser desencadeada por falar, beber, escovar os dentes, 
barbear-se, mastigar, tocar levemente no rosto, por certas 
expressões faciais, reflexos ou até mesmo por um vento mais forte 
e pode ocorrer diversas vezes ao longo do dia; 
 Geralmente ocorre em apenas um lado da face na área de 
distribuição facial do nervo V ou IX cranianos; 
 Em geral é desencadeada por áreas disparadoras extremamente 
sensíveis na superfície da face, boca ou orofaringe. 
Síndrome de Brown-Séquard: 
 Se a medula espinhal for seccionada completamente, todas as 
funções e sensações distais ao segmento da transecção serão 
bloqueadas; 
 Caso ocorra uma transecção em apenas um dos lados, as funções 
motoras de todos os segmentos abaixo do nível da transecção são 
bloqueados; 
 Algumas modalidades de sensação são perdidas no lado 
transeccionado e outras são perdidas no lado oposto: 
o Dor, calor e frio: transmitidos pela via espinotalâmica, 
são perdidas do lado oposto, em todos os dermátomo que 
se localizam 2 a 6 níveis abaixo da secção; 
o Cinestésicas, posição, vibração, localização discreta e de 
dois pontos: transmitidas pela via das colunas dorsal e 
dorsolateral, são perdidas do mesmo lado. 
o Tato fino: é perdido, pois se localiza do mesmo lado da 
secção, umas vez que as vias da via da coluna dorsal 
cruzam apenas no bulbo; 
o Tato grosseiro: não é perdido, pois é mal localizado e 
tem transmissão parcial pelo trato espinotalâmico do 
lado oposto; 
 
Cefaleia: 
 Dor referida para a superfície da cabeça; 
 Alguns estímulos dolorosos originam dentro e outras fora do crânio, 
como nos seios nasais; 
Cefaleia intracraniana: 
 Áreas sensíveis à dor na calota craniana: 
o Tecidos encefálicos são quase insensíveis à dor, mesmo 
com estímulos elétricos, ocasionalmente causam dor. 
Estímulos como esses podem causar tipos incômodos de 
parestesias na área do corpo representada pela área do 
córtex estimulada, ou seja, a dor não é causada pela 
estimulação do córtex; 
o Distensão dos seios venosos em torno do encéfalo, 
lesões do tentório ou distenção da dura, na base do 
encéfalo, causam a cefaleia, que é uma dor intensa; 
o Esmagamento ou distensão do vasos das meninges 
também causam cefaleia. 
 Áreas da cabeça onde a cefaleia intracraniana é referida: 
o A estimulação dos receptores para a dor da calota 
craniana,acima do tentório, desencadeia impulsos 
dolorosos na porção cerebral do V nervo (trigêmeo), 
causando cefaleia na porção frontal da cabeça; 
o Os impulsos dolorosos oriundos da parte subtentorial, 
principalmente pelos nervos glossofaríngeo, vago e 
segundo nervo cervical, que suprem o couro cabeludo 
acima, atrás e abaixo da orelha, causam a cefaleia 
occiptal, referida à parte posterior da cabeça. 
Tipos de cefaleia intracraniana: 
 Cefaleia da meningite: inflamação de todas as meninges, incluindo 
as áreas sensoriais da dura e em torno dos seios venosos. Pode 
causar dor extrema, referida em toda a cabeça, muito perigosa; 
 Causada por baixa pressão do líquido cefalorraquidiano: remoção 
de apenas 20 ml desse líquido, remove parte da flutuação do 
encéfalo, o peso deste distorce e distende as diversas superfícies 
durais, desencadeando a cefaleia; 
 Enxaqueca: pode ser consequência de fenômenos vasculares 
anormais. Emoções ou tensões causam vasoespasmo reflexo de 
algumas artérias da cabeça, incluindo as que suprem o encéfalo, 
causando, teoricamente, isquemia de porções do encéfalo e sinais 
prodrômicos (náusea, perda de visão e alucinações sensoriais, por 
exemplo). Com a intensa isquemia, algo como a exaustão da 
contração da musculatura lisa, torna os vasos flácidos e incapazes 
de manter o tônus muscular por 1 ou 2 dias. A pressão arterial faz 
com que esses vasos pulsem, sendo postulado que a distenção 
excessiva desses vasos causem a enxaqueca. Pode haver pré-
disposição genética e as mulheres são mais acometidas. Há outras 
teorias ainda não confirmadas para a enxaqueca. 
 Cefaleia alcoólica: álcool irrita as meninges e causa dor 
intracraniana, além da desidratação causada por esse tipo de 
composto. 
Tipos de cefaleias extracranianas: 
 Resultante de espasmo muscular: tensão muscular faz com que 
alguns músculos da cabeça e da região da cervical fiquem 
espásticos, causando cefaleia. É referida às áreas sobrejacentes da 
cabeça. 
 Resultantes de irritação nasal e de estruturas nasais acessórias: 
membranas dos seios nasais não são intensamente sensíveis à dor. 
Em casos de infecção, geralmente se somam processos irritativos, 
causando dor atrás dos olhos, ou, em casos das infecções nos seios 
frontais, causam dor na superfície frontal da testa e couro cabeludo. 
Dores oriundas de seios inferiores, como na maxila, também podem 
ser sentidos na face. 
 Causadas por distúrbios visuais: dificuldade em focalizar objetos 
podem causar contração excessiva dos músculos ciliares. A 
contração tonica destes causa cefaleia-retro orbital. Tentativas 
excessivas de focalização podem causar espasmo reflexo de vários 
músculos fácias e extraoculares, podendo ser uma causa de cefaleia. 
Cefaleia algumas vezes também resulta da irritação actínica da 
conjuntiva e a dor é referida na região retro-orbital. Exposição ao 
sol ou solda podem causar queimadura da retina e possível cefaleia. 
 
SENSAÇÕES TÉRMICAS 
Receptores térmicos e sua excitação: 
 Receptores de calor, frio e de dor são responsáveis pelas sensações 
térmicas. Os de dor atuam apenas em extremos, como o frio 
congelante ou calor extremo; 
 Se localizam imediatamente abaixo da pele em pontos separados e 
discretos; 
 Na maioria das parte do corpo existem entre 3 a 10 vezes mais 
receptores para o frio (15 a 25 por cm² nos lábios, 3 a 5 nos dedos 
das mãos até menos de um por essa mesma área em regiões como o 
tronco); 
 Supõe-se que o calor seja transmitido por receptores livres, uma vez 
que a transmissão ocorre principalmente por fibras nervosas tipo C, 
com velocidades médias de 0,4 a 2 m/s; 
 Para o frio, é uma fibra nervosa mielinizada do tipo Aδ que se 
ramifica diversas vezes, com suas pontas fazendo deslocamento 
para as superfícies inferiores das células epidérmicas basais. 
Transmitem os sinais com velocidade de 20 m/s. algumas 
terminações livres também podem captar o frio, uma vez que 
algumas sensações de frio são transmitidas por fibras do tipo C. 
Estimulação dos receptores térmicos: 
 
 4 fibras nervosas para a sensação térmica: 
1. Para dor estimulada pelo frio; 
2. Para frio; 
3. Para calor; 
4. Para dor estimulada pelo calor. 
 Respondem diferente para cada nível de temperatura; 
 Acima de 45ºC algumas fibras para dor-frio são novamente 
estimuladas, possivelmente devido às lesões das terminações para o 
frio, causadas pelo calor excessivo; 
Efeitos estimulatórios da elevação e da queda da temperatura – adaptação dos 
receptores térmicos: 
 Quando um receptor de frio é submetido abruptamente à queda de 
temperatura, é fortemente estimulado no início e de modo 
progressivamente mais lento nos próximos 30 minutos, ou seja, não 
se adapta 100%; 
 Tanto para frio ou calor, as sensações térmicas respondem 
acentuadamente as alterações da temperatura. Quando há alteração 
de temperatura, é possível sentir muito mais a sensação térmica do 
que quando a temperatura está constante. 
Mecanismo da estimulação dos receptores térmicos: 
 A detecção térmica provavelmente resulta não dos efeitos físicos 
diretos do calor ou do frio sobre as terminações nervosas, mas sim 
da estimulação química das terminações modificadas pela 
temperatura. A temperatura altera, por mais de 2 vezes, a velocidade 
das reações químicas intracelulares, a cada alteração de 10ºC. 
Somação espacial das sensações térmicas: 
 Com a pequena quantidade de receptores para frio ou calor, na pele, 
quando pequenas áreas são estimuladas, fica difícil avaliar a 
variação de temperatura; 
 Áreas maiores quando são estimuladas, sinais térmicos de toda a 
área se somam; 
 Mudanças rápidas de temperaturas muito pequenas podem ser 
sentidas se estimularem grandes áreas. Mudanças altas de 
temperatura em pequenas áreas podem não ser detectadas; 
Transmissão dos sinais térmicos no sistema nervoso: 
 Em geral, são transmitidos por vias paralelas às da dor; 
 Entram na medula espinhal, cursam por alguns segmentos de modo 
ascendente ou descendente no trato de Lissauer, terminando 
principalmente nas lâminas I, II e III dos cornos dorsais, como na 
dor; 
 Após processamento por um ou mais neurônios na medula espinhal, 
os sinais seguem pelas fibras térmicas ascendentes que cruzam para 
o trato anterolateral oposto e terminam em 1) áreas reticulares do 
tronco cerebral ou 2) complexo ventrobasal do tálamo; 
 Alguns sinais são também retransmitidos para o córtex 
somatossensorial do complexo ventrobasal; 
 Neurônio da área somatossensorial primária é diretamente 
responsivo a estímulo de frio ou calor em área específica da pele. 
Mas, a remoção de todo o giro cortical pós-central, no ser humano, 
reduz mas não abole a capacidade de distinguir as graduações de 
temperatura.

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