Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Aula de Farmacologia II – Antiepilépticos Flávia Marques Drogas usadas no tratamento das epilepsias Convulsão Descarga elétrica anormal paroxística sincrônica (todos os neurônios do foco convulsivo estão sofrendo a descarga elétrica) súbita e não esperada. 5 a 10% da população geral tem um episódio de convulsão na vida. Epilepsia Uma doença caracterizada por crises convulsivas de repetição Paciente em mais de um episódio convulsivo 0,5 a 1% de prevalência no mundo Tende a acometer indivíduos mais velhos Fisiopatologia da Convulsão Excitação excessiva de neurônios O estimulo excessivo inicial é chamado de desvio despolarizante paroxístico (estimulo nervoso anormal) Crise convulsiva focal: Desvio ocorre numa região focal do cérebro abrangendo só um hemisfério e geralmente tem aura (alerta consciente da convulsão). Crise convulsiva generalizada: O desvio começa na região central e vai acometer os dois hemisférios do cérebro. Não tem aura. Crise parcial com generalização: Inicio da convulsão numa região localizada do cérebro e o desvio despolarizante caminha para a região central, levando estímulo para os dois hemisféricos. Tem aura Causas Despolarização e liberação de neurotransmissores de natureza excitatória Perda de função inibitória Fatores epileptogênicos: Traumatismo encefálico, AVC, infecções (meningite por exemplo) e tumores cerebrais. Patologias que podem cursar com a doença. Fatores predisponentes endógenos: Genética, desenvolvimento neurológico anormal, imaturidade do SNC. Fatores precipitantes (paciente já tem a condição e o fator vai desencadear uma crise): Estresse psicológico e físico (infecção aguda, trauma, cirurgia), privação de sono, alterações hormonais, fármacos e substâncias tóxicas (ex: carbapenêmicos) e alterações metabólicas e hidroeletrolíticas (acidose, hipernatremia, etc.) 2 Causas por idade Neonatos e lactantes: Asfixia em neonatos no parto, sofrimento fetal, traumatismos cranianos (partos, por exemplo), hemorragias (secundárias aos traumas), infecções no SNC, distúrbios metabólicos, abstinência, genético, convulsão febril e idiopática. Adolescentes: Traumatismo, genético, infecções, tumores, drogas ilícitas, idiopáticas Adulto jovem: Traumatismo, abstinência do álcool, tumores, drogas ilícitas, idiopáticas Idoso: AVCs, tumores, abstinência do álcool, distúrbios metabólicos, doenças degenerativa do SNC e idiopáticas. Aura pode ser um medo, distúrbios visuais - entre eles lampejos de luz e embaçamento da visão; má coordenação motora; rigidez, formigamento e dormências pelo corpo; dificuldades na concentração e na fala, entre outros. Classificação por critério topográfico Crises generalizadas x focais 1. Generalizadas Envolvem os dois hemisférios cerebrais Geneticamente determinadas Acompanhadas de alteração da consciência Manifestações motoras bilaterais Não tem aura 1.1 Generalizadas Mioclônicas Movimentos musculares breves (como se fossem choques) – breves contraturas musculares de um ou mais músculos -> pode ser que o paciente deixe cair um objeto ou caia. Breve perda de consciência, mas há alteração de consciência Geralmente associadas a doenças sistêmicas (parte de um quadro clinico maior) 1.2 Generalizadas de Pequeno mal ou Ausência Paciente geralmente infantil porque ela tende a resolver sozinha com o passar do tempo, mas precisa tratar Pessoa está exercendo uma atividade, para, e volta a fazer as coisas normalmente Lapsos súbitos ou breves da consciência Pode ter tiques e acompanha olhar fixo Relaciona-se com ativação dos canais de cálcio do tipo T na vigília (esses canais ficam no tálamo e é ativado durante o sono, na vigília eles permanecem inativos) -> exige tratamento por drogas que possam agir nesses canais de cálcio especificamente. 3 1.3 Generalizadas de Grande mal Igual a crise parcial com generalização secundária (quando se vê o paciente tendo a crise, se já pega o paciente em crise, não vai saber qual é). A diferença é que essa não tem aura. Crise tônico-clônica Tônico: contração generalizada da musculatura, inclusive da respiratória, paciente fica cianótico e há salivação Clônica: espasmos sincrônicos e violentos que desaparecem gradualmente em 2 a 4 minutos O paciente perde a consciência Defeca, urina, bate a cabeça, etc. É autolimitada, de curta duração Se a crise se repetir ou se prolongar = Status epilepticus -> usa benzodiazepínico de ação curta. Status epilepticus: Crise convulsiva prolongada (para fins de tratamento ≥ 5 minutos) ou crises seguidas sem intervalo lúcido. 2. Focais Sintomatologia depende do local Só um hemisfério Córtex motor = alterações motoras Córtex sensitivo = alterações sensitivas (formigamento, parestesias, etc.) 2.1 Simples Geralmente não tem comprometimento da consciência Podem ter manifestações motoras, sensitivas, visuais Alterações do sistema nervoso autônomo Alterações psíquicas (dejá vu, medo) 2.2 Complexa Paciente simula loucura (acomete lobo frontal e temporal) Movimentos circulares, manipulação de órgãos genitais Comprometimento da consciência (mas nem sempre desmaia) Anda de um lado para o outro sem saber o que está acontecendo. Automatismos (estalar dedos, mastigar, piscar olhos, etc.) Deglutição repetitiva 4 2.3 Parcial com generalização secundária Começa como simples ou como complexa e virar uma tônico-clônico generalizada. TEM AURA. Tônico: contração generalizada da musculatura, inclusive da respiratória, paciente fica cianótico e há salivação Clônica: espasmos sincrônicos e violentos que desaparecem gradualmente em 2 a 4 minutos O paciente perde a consciência Defeca, urina, bate a cabeça, etc. É autolimitada, de curta duração Se a crise se repetir ou se prolongar = Status epilepticus -> usa benzodiazepínico de ação curta. Critério etiológico Idiopática. Não tem lesão anatômica e não consegue encontrar uma alteração funcional que gerou a crise (ex: acidose, hipoglicemia, etc.); Com lesão (neoplasia, malformação do SNC, etc.) – Secundária ou sintomática. Tem uma lesão palpável geralmente anatômica. Convulsão febril Muito comum na criança Pode ter sem que o paciente tenha infecção no SNC Quem tem a convulsão febril tem maior susceptibilidade aumentada as crises epilépticas Leve predominância no sexo masculino Dura mais ou menos que 15 minutos Não tem necessidade de medicação preventiva porque provavelmente não vai virar uma epilepsia. Geralmente tem prognostico bom Não há alteração no desenvolvimento cognitivo nem comportamental da criança
Compartilhar