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A CULTURA DO FEIJÃO – FIT 440 PROVA 03 Introdução Gênero Phaseolus – 55 espécies Phaseolus acutifolius , Phaseolus coccineus e Phaseolus polyanthus são importantes para o melhoramento devido à tolerância e resistência à patógenos. A Ásia é o maior produtor de feijão do mundo. A maioria das cultivares não sofrem influência do fotoperíodo. Feijão das águas: Início da época das chuvas (Outubro) Feijão da seca: Fevereiro/ Março Feijão irrigado: Maio/Junho Consumo no Brasil Nos anos de 2010 e 2011 o consumo per capita de feijão foi de 18,09 Kg e 18,58 Kg respectivamente. O preço pago vem aumentando ao longo dos anos. Pode haver três safras distintas de feijão ao longo do ano (“das águas”, “da seca” e “de outono/inverno”) com diferenças marcantes entre si quanto à produção, área cultivada e produtividade. De modo geral, as safras de feijão ainda concentram-se na agricultura familiar, apesar do aumento da participação de grandes propriedades, utilizando tecnologia avançada na produção nacional. Principais estados produtores de feijão no Brasil: Paraná, Minas Gerais, Bahia e São Paulo. Botânica: caracterização morfológica Uma planta de feijão é composta de partes aparentemente distintas, os órgãos. No solo, há um sistema radicular e, acima do solo, um caule que porta as folhas e os ramos. Nas plantas mais velhas, pode-se ter uma visão detalhada de suas partes: raiz, caule ou haste principal, folhas e hastes axilares, inflorescência, fruto e semente. Possui germinação epígea que é uma característica de Phaseolus. Sistema radical da planta: São três tipos de raízes: Principal (10%), basais (60%) e adventícias (30%). A raiz primária origina-se da radícula já presente no embrião da semente. A raiz primária tem forte gravitropismo positivo, e na ausência de obstáculos no solo, cresce verticalmente para baixo. Essa classe de raiz representa cerca de 10% do sistema radicular, mas, se houver remoção de outras raízes, ela pode representar até 50% do total. As raízes basais emergem da zona axial, com aproximadamente 0,4cm, da parte inferior do hipocótilo, acima da interface raiz-parte aérea. Nessa zona há de 1 a 4 posições de emergência de raízes basais, em cada posição as raízes basais emergem numa formação tetraédrica. Logo de cada posição podem emergir quatro raízes basais (vesticulus - foto). Por causa do crescimento horizontal na porção subterrânea do hipocótilo, as raízes adventícias são as mais superficiais, situação vantajosa para a aquisição de fósforo. O feijão pode arquitetar diferentes sistemas radiculares; Possuem pilosidade nas raízes para absorção de nutrientes; Hipocótilo roxo – presenã de antocianina; Possuem folhas trifolioladas, uma por nó de forma alternada. Hábitos de crescimento: Um dos caracteres mais importantes é o hábito de florescimento que pode ser determinado ou indeterminado. Plantas de hábito determinado: são as que desenvolvem uma inflorescência no ápice da haste principal e das hastes laterais. Geralmente, a primeira flor se abre na inflorescência apical da haste principal e, posteriormente, abre-se as outras flores das inflorescências das hastes laterais. Plantas de hábito indeterminado: os meristemas apicais da haste principal e das hastes laterais continuam vegetativos durante o florescimento. O florescimento ocorre da base para o ápice. Com base nos caracteres de crescimento, tem-se os tipos de planta: TIPO I: Hábito determinado (menor capacidade de compensação); TIPO II: Hábito indeterminado de porte ereto; TIPO III: Hábito indeterminado de porte prostrado; TIPO IV: Hábito indeterminado de porte trepador. Etapas de desenvolvimento: FASE VEGETATIVA ( V0, V1, V2, V3, V4): da semeadura até o aparecimento do primeiro botão floral. V0: Etapa de germinação e termina quando os cotilédones atingem a superfície do solo, que dura em torno de 5 dias. V1: Emergência até a abertura das primeiras folhas primárias. V2: Os cotilédones murcham e assumem um aspecto arqueado. A primeira folha trifoliolada situada no terceiro nó da planta inicia a sua abertura e crescimento. A etapa termina com a folha trifoliolada completamente aberta e dura cerca de 4 dias. Considera-se que uma cultura se encontra na fase V2 quando 50% das plantas estão com as folhas primárias completamente abertas. V3: Primeira folha trifoliolada completamente aberta e termina quando a segunda folha trifoliolada se encontra em pleno florescimento e a terceira folha trifoliolada se abre posicionando-se sob a primeira folha trifoliolada. V4: Terceira folha trifoliolada completamente aberta e termina com o surgimento do primeiro botão floral. Dura cerca de 15 dias. FASE REPRODUTIVA (R5, R6, R7, R8, R9): é marcado pelo início do florescimento e estende-se até o final da maturação. R5: Pré-floração até a abertura da primeira flor. Dura cerca de 10 dias. R6: Corresponde ao período que se inicia com a abertura da primeira flor e termina com a queda da corola, expondo a primeira vagem em início de desenvolvimento. R7: Fase de formação das vagens. Uma cultura encontra-se em R7 quando 50% das plantas apresentam a primeira vagem exposta. Dura cerca de 8 dias. R8: Enchimento das vagens. Dura cerca de 18 dias nos tipos I e II e 22 a 24 dias nos tipos III e IV. Quando 50% das plantas de uma cultura possuem a primeira vagem com seu máximo comprimento, ela é considerada em R8. R9: Início da descoloração das vagens, amarelecimento e queda das folhas até a seca total da planta. Dura cerca de 15 dias. Exigências edafoclimáticas Temperatura: temperaturas muito baixas ou muito elevadas, em especial no período de florescimento e frutificação, são as mais drásticas à cultura, que tem como adequada ao seu desenvolvimento, a faixa entre 15ºC e 20ºC indicam como regiões ideais para o cultivo aquelas cujas temperaturas médias durante o ciclo da cultura oscilam entre 20 e 22ºC com ótima em 21ºC. Em caso de baixas temperaturas a duração do ciclo da cultura é consideravelmente aumentada. Em caso de altas temperaturas o efeito prejudicial é mais danoso ao florescimento e frutificação e talvez seja o fator climático que exerce maior influência sobre o aborto de flores, o vingamento e a retenção final de vagens, sendo também responsável pela redução do número de sementes por vagem. Umidade do solo: A água é um fator limitante pois interfere diretamente nos processos básicos da planta. Devido à sua importância, sua limitação é sentida em todos os estágios do ciclo, sendo considerados os mais críticos a germinação e mergência, floração e enchimento de grãos. O excesso de água no solo pode prejudicar a emergência o desenvolvimento das raízes da plantas, pois diminui a concentração de oxigênio no solo e a atividade microbiana do solo. Salinidade: Solos com elevado teor de sais podem trazer sérios inconvenientes à implantação de lavouras de feijão, uma vez que o feijoeiro é uma das espécies mais sensíveis a altos teores de sódio trocável e alta condutividade elétrica no solo. Épocas de semeadura Cultivo de primavera-verão (ou plantio de primavera): Recebe essa denominação porque a cultura é cultivada no período da primavera, sendo colhida no início do verão. Também é chamado de plantio “das águas” que é praticado principalmente por pequenos produtores. Tem a vantagem de coincidir com o período chuvoso mas a colheita pode ser prejudicada se houver excesso de chuvas nessa fase, comprometendo a qualidade do grão, levando até mesmo a perda parcial ou total da produção. Cultivo de verão-outono (ou plantio de verão): É chamado de plantio “da seca”, onde também é praticado pelos pequenos agricultures. Não existe o risco de perda de produção devido ao excesso de chuva mas pode haver o risco de perda devido a escassez de chuvas, porque normalmente, a partir de abril, a tendência é chover pouco. Cultivo de outono-inverno (ou plantio de outono): Plantio realizado nos meses de Abril a Junho, com colheita entre Julho e Setembro (inverno). É a época preferida de plantiopara os grandes produtores das regiões norte e noroeste de MG. É um período seco onde praticamente não há chuvas, o que torna obrigatório o uso de irrigação. Utiliza-se alta tecnologia e se concentra a maior produção de feijão do Estado. Cultivo de inverno-primavera (ou plantio de inverno): Plantio em meados de Julho até principio de Agosto, com o objetivo de escapar dos rigores do frio durante o estágio reprodutivo da cultura. A colheita ocorre em Novembro com maior probabilidade de colheita em período chuvoso. O cultivo deve ser obrigatoriamente irrigado pois não há quantidade de chuvas suficientes para e o ciclo da planta tende a aumentar muito devido as baixas temperaturas. Cultivos consorciados (página 300 do livro dar uma olhada) Definição: Duas ou mais culturas com ciclo e arquitetura diferentes, juntas na mesma área, durante o ciclo ou parte dele. Tem que haver interação entre as culturas. Desvantagens: mecanização, defensivos e herbicidas (seletividade), competição interespecífica. Vantagens: maior eficiência (terra e mão de obra), reduz risco de insucesso, maior produção e diversidade de alimentos, diversificação da fonte de renda, custeio de formação de lavouras, florestas e pastagens. Por que Feijão? - Possui ciclo curto; - É pouco competitivo; - É relativamente tolerante à competição; - Adaptações morfológicas e fisiológicas favoráveis; - Semeado em diferentes épocas do ano; - É um alimento básico; - Possui bons preços no mercado. Cultivo simultâneo: - Milho x Feijão - Feijão x Café (plantio): consorcio na fase de formação ou recepa. - Feijão x Mandioca: entre 2 linhas de mandioca 3 linhas de feijão; - Feijão x Eucalipto: até 5 linhas de 0,5cm; - Feijão x Braquiária: melhor plantio é após a capina do feijão na entrelinha, B. decumbens. Adubação Primeiramente, deve ser feita a análise de solo para saber o que está no solo e compatibilizar com as exigências da planta para que haja um sistema equilibrado e favorável para a cultura ter alta produtividade. Nitrogênio é o nutriente de maior exigência para a planta, suas fontes são principalmente uréia, nitrato de amônio e sulfato de amônio. No caso da uréia, deve aplicar nas horas mais frescas do dia, incorporada, de preferencia após uma chuva/irrigação ou pouco antes da mesma. A quantidade de nitrogênio estimada requer a análise de solo, produtividade esperada, histórico de cultivo, manejo, doenças e tipo de cultivar. 20kg/ha N para pequenos produtores, 60kg/ha N produtores maiores (recomenda-se parcelamento (20 DAE: 50%; 25 DAE: 25%; 30 DAE: 25% em feijão irrigado). No caso de Fósforo e Potássio, primeiramente deve-se identificar na análise de solo a classe de disponibilidade dos mesmos no solo. A dose de P2O5 estipulada geralmente é distribuída no sulco de semeadura junto com o K e N. As fontes de P são principalmente aciduladas como os superfosfatos (simples ou triplo), MAP ou DAP. O adubo fosfatado granulado reduz a retenção do P no solo. Se a dose de Potássio sugerida via análise de solo for menor que 40 kg/ha, o adubo pode ser distribuído no sulco de semeadura junto com o P e N, ou todo em cobertura, ou ainda parte na semeadura e parte na cobertura. Acima de 40 kg/há deve-se parcelar as doses para que não haja danos as raízes, redução do número de plantas e salinização do solo. O Molibidênio é o micronutriente mais estudado no feijão em MG, pois ele é constituinte de três enzimas( nitrogenase, redutase do nitrato e desidrogenase da xantadina) associadas à nutrição nitrogenada da planta, onde atuam na aquisição de nitrogênio por meio de fixação biológica, no aproveitamento do N absorvido na forma de nitrato e na degradação da purina. Logo, a deficiência de Mo pode acarretar baixos teores de N devido a redução da atividade dessas enzimas. A desidrogenase da xantadina está envolvida na resistência da panta à doenças e à seca, e na senescência das folhas. 60g/ha (adubação foliar) no estágio V4 Todos os tratos culturais devem ser feitos até a fase V4 que é quando ainda não há o fechamento das fileiras do feijão. Tratos culturais: Aplicação de herbidas, capina, adubação de cobertura (na zona da mata geralmente não se faz), aplicação de fungicida, aplicação de inseticida, entre outros. Controle de plantas daninhas: 20 a 30 DAE, V2 a V4. Herbicidas: Folha larga - seletivos para o feijão: Flex [ 600-700mL/há], deixa resíduo no solo, por isso tem que controlar a dosagem e utilizar dose reduzida. Folha estreita (graminicida) – FUSILADE Os herbicidas pós-emergentes podem ser misturados com o molibdênio para aplicação. Doenças Antracnose: Causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, é uma doença que ocorre com frequência em regiões com umidade alta (ou muito chuvosa) e temperaturas amenas (15 a 25ºC). Provoca maiores reduções de produtividade quando aparece no início de vida da cultura. Controle: Tratamento de sementes, cultivares resistentes, fungicidas, sementes sadias, rotação de culturas, época de plantio adequado. Disseminação: vento, sementes, água. Sobrevivência: restos culturais. Mancha angular: Causada pelo fungo Pseudocercospora griseola é uma doença comum da parte aérea. Os sintomas são visíveis por todos órgãos da planta, com lesões de cor castanho-acinzentadas, arredondadas com halos concêntrico e as lesões são delimitadas pelas nervuras. Causa desfolha precoce. Controle: Tratamento de sementes, cultivares resistentes (existem apenas moderadamente resistentes), fungicidas, sementes sadias, época de plantio adequado. Ferrugem: Causada pelo fungo Uromyces appendiculatus pode causar perdas severas. O patógeno infecta principalmente folhas. Pústulas circulares de cor marrom rodeadas ou não por halo amarelado, os uredósporos são produzidos mais intensamente na parte abaxial das folhas. Sintoma principal é a desfolha. Controle: uso de cultivares resistentes e controle químico com fungicidas, rotação de cultura. Sobrevivência: Restos culturais. Crestamento bacteriano comum: Causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv, phaseoli é a bacteriose que provoca mais danos ao feijão, especialmente em regiões quentes ou em cultivos de verão. Nos tecidos infectados surgem anasarcas (encharcamentos), evoluindo pra pardas e aumentando de tamanho tornam os tecidos infectados quebradiços e ressecados. O uso de sementes infectadas pode introduzir o patógeno na lavoura. Controle: Utilização de sementes livres do patógeno, a rotação de culturas não hospedeiras e a destruição dos restos culturais contaminados são as praticas recomendadas para o controle. Tratamento químico não é eficiente, por isso a prevenção é a melhor forma de controle para que não haja a introdução do patógeno na área. Prevenção: evitar o trânsito de pessoas e maquinas em lavouras contaminadas para lavouras não contaminadas, isso pode disseminar o patógeno em áreas livres da doença. Utilizar cultivares com algum grau de resistência a doença proporciona proteção adicional. Murcha de Curtobacterium Mosaico Dourado: Causado pelo vírus BGMG, não é transmitido por semente, possui como sintomas coloração amarelada adicionado aos sintomas comuns de viroses. Não há resistência genética. Mosaico comum: Tem resistência genética e é transmitido via semente. PATÓGENOS DO SOLO Mofo Branco: Causado pelo fungo Sclerotinia Sclerotiorum é a doença mais destrutiva do feijão e é mais severa onde se usam cultivares tipo III. Culturas como soja, algodão, girassol, alface, tomate e plantas invasoras também são suscetíveis a doença. Sintomas: No dossel da planta geralmente observa-se estruturas brancas e cotonosas, com a evolução da doença ocorre nas hastes, folhas e vagens, formadas pelo micélio do fungo. A doença inicia-se em reboleiras, onde se acumula água. Condições climáticas favoráveis: a doença se desenvolve rapidamente por contato direto do micélio do fungo com os tecidos das plantas e quando as plantas começam a maturar ocorre a produção dos escleródios que são estruturasde resistência do patógeno. Os escleródios são micélios do fungos envolvidos por camadas de melanina, por isso tem aparência escura e podem adquirir diversas formas diferentes, porem são relativamente pequenos e caem ao solo sendo de difícil eliminação. A doença é mais severa em temperaturas moderadas (15 a 25ºC), umidade alta e baixa isolação. Nessas condições e quando há o fechamento entre as fileiras da cultura no início da fase reprodutiva, os escleródios germinam e dão origem a estruturas semelhantes a pequenas cogumelos, que são os apotécios (estruturas sexuadas do fungo – germinação carpogênica). Os escleródios também podem produzir micélios diretamente (germinação miceliogênica). É transmitido via semente. É essencial evitar a entrada do patógeno na lavoura, pois uma vez que ele é introduzido sua erradicação é praticamente impossível, tendo assim que conviver com a doença e utilizar estratégias de “escape” para diminuir a severidade da doença, como densidade de plantas, épocas de plantio, manejo de irrigação, altura e porte da planta, entre outros. Controle químico: Proximidone Murcha de Fusarim Podridão radicular seca Podridão de Rizoctonia Podridão do colo Podridão cinzenta do caule: temperatura alta e seca. Pragas Lagarta Elasmo Lagarta Rosca Lagarta Alfinete Lesma Ácaros: encarquilhamento para cima Cigarrinhas: encarquilhamento para baixo Vaquinhas Grilos Mosca branca Falsa medideira Percevejos Lagarta de vagem caruncho
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