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Concurso de crimes

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Concurso de delitos
Concurso de crimes
Conceito: ocorre quando um indivíduo, mediante uma ou mais condutas (ações ou omissões), realiza duas ou mais infrações penais (comissivas ou omissivas, dolosas ou culposas, consumadas ou tentadas). 
Trata-se de um problema de aplicação da pena: como punir (apenar) o indivíduo que realizou duas ou mais infrações penais?
Sistemas
O Código Penal brasileiro adota dois sistemas, conforme a espécie de concurso de delitos: 
A) Cúmulo material = soma das penas cominadas aos delitos praticados
B) Exasperação = Escolha de uma das penas cominadas aos delitos praticados (se iguais) ou da mais grave (se diferentes), aumentada de uma fração (ex. 1/6 até ½) 
Concurso material – art. 69
“Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.”.
Duas ou mais condutas  dois ou mais delitos
Homogêneo = mesmo crime. Ex. dois homicídios
Heterogêneo = crimes distintos. Ex. corrupção ativa e lavagem de capitais
Concurso material
Aplicação das penas: cúmulo material
Duas penas privativas de liberdade: a) reclusão e detenção: executa-se primeiro a de reclusão, depois a de detenção. 
Penas restritivas de direitos podem ser cumuladas se compatíveis
Se uma das penas aplicadas em concurso material não puder ser suspensa (art. 77), não se converte as demais em restritivas. 
Concurso formal – art. 70
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Concurso formal
1 conduta (ação ou omissão)  duas ou mais infrações penais idênticas (homogêneo) ou não (heterogêneo). 
Concurso formal próprio
1 conduta dolosa  1 (ou mais) infração dolosa (consumada ou tentada) + 1 (ou mais) infração não dolosa (culposa, não querida). Unidade de desígnio. 
A agente quer matar “B”, mas, em sua ação, por erro na execução, também atinge “C”, e ambos são mortos. Perceba que um dos homicídios, o de “A”, se deu por dolo, enquanto o outro, de “B”, se deu por culpa. (concurso formal próprio e homogêneo). 
Concurso formal próprio
OU 
1 conduta culposa  dois ou mais resultados culposos 
Ex. Motorista de ônibus que, em excesso de velocidade, provoca acidente e a morte de 30 pessoas. 
Concurso formal próprio - juris
**PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. CORRUPÇÃO DE MENOR. MATERIALIDADE E AUTORIA. PROVA. CONCURSO FORMAL PRÓPRIO. PARCIAL PROVIMENTO. I – Correta a condenação do réu pela prática dos delitos de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e corrupção de menores, quando fundamentada no depoimento do menor e dos policiais que efetuaram a prisão em flagrante do acusado. II – O incremento da pena relativa ao crime de corrupção de menores em 4 (quatro) meses, em razão do reconhecimento dos maus antecedentes, atende aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, notadamente em face das penas mínima e máxima cominadas abstratamente ao delito. III – Diante da ausência de comprovação de que os crimes de porte ilegal de arma de fogo e de corrupção de menores foram cometidos com desígnios autônomos, impõe-se a aplicação da regra do concurso formal próprio, descrito no art. 70, 1ª parte, do CP. IV - Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJ-DF - APR: 20140510136020, Relator: NILSONI DE FREITAS, Data de Julgamento: 22/10/2015, 3ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 28/10/2015 . Pág.: 149)
Concurso formal próprio
Crime de roubo e corrupção de menores (quando o roubo é praticado em coautoria delitiva com menor de idade). 
Aplicação da pena: Adotou-se o sistema da EXASPERAÇÃO - caput do art. 70, CP - “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade”. 
Exasperação - STJ
Para o cálculo do aumento da pena, que pode ir de 1/6 (um sexto) até ½ (metade), adota-se a fórmula do STJ: 
Se o agente produziu dois resultados típicos, o aumento é de 1/6 (um sexto) – como estamos falando em concurso de crimes, o cálculo deve partir de dois delitos. 
Dois resultados  1/6 
Três resultados  1/5 
Quatro resultados  1/4
Cinco resultados  1/3
Seis resultados  1/2
Concurso formal impróprio
Ocorre quando o agente, mediante uma ação ou omissão, produz dois ou mais resultados delitivos, que provêm de desígnios autônomos = o sujeito tem a intenção de produzir dois ou mais resultados, mas consegue fazê-lo com uma só conduta. 
Desígnios autônomos = “dolos distintos”. Direto ou eventual. 
João, com a intenção de ceifar a vida de Maria (que estava grávida de 8 meses e ele sabia disso), desfere várias facadas em sua nuca. “Maria” e o feto morrem.
Concurso formal impróprio
Aplicação da pena: SOMA (cúmulo material)
Discussão jurisprudencial
O sujeito que invade um ônibus cheio de passageiros e, mediante ameaça, subtrai todas as suas carteiras e celulares, como responde pelo crime de roubo? Crime único? Vários roubos em concurso material, em concurso formal próprio ou impróprio? 
Discussão jurisprudencial
É Concurso formal impróprio (com claros desígnios autônomos de lesionar cada um dos bens jurídicos patrimoniais). 
Porém, a jurisprudência aplica o concurso formal próprio (exasperação). 
Concurso material benéfico
A exasperação foi feita para beneficiar. Se o resultado de sua aplicação for mais grave do que a soma das penas, aplica-se a soma das penas
Ex. 
Tentativa de homicídio + lesão leve. 
a) João deve responder pelo homicídio qualificado por motivo torpe (CP, art. 121, § 2º, I), com pena de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
b) Pelas escoriações produzidas em Francisco, João deve responder por lesão corporal culposa (CP, art. 129, § 6º), com pena de detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
No exemplo, a pena mínima de João ficaria em 14 (quatorze) anos de reclusão (doze anos pelo homicídio qualificado + um sexto do concurso formal próprio). No entanto, se aplicado o concurso material, onde há a cumulação de penas, a pena mínima de João ficaria em 12 (doze) anos e 2 (dois) meses (pena mínima do homicídio + pena mínima da lesão corporal culposa). 
 
Por isso, quando a sua aplicação for mais gravosa que o concurso material, as penas deverão ser cumuladas (concurso material benéfico).
CRIME CONTINUADO – ART. 71
Conceito: ocorre o chamado crime continuado quando o agente, mediante duas ou mais condutas, realiza dois ou mais crimes da mesma espécie e, em razão de condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução e outras, os crimes subsequentes são considerados como continuação do primeiro. 
Crime continuado
Natureza jurídica: CP adora a teoria da ficção jurídica
A continuidade delitiva é uma ficção jurídica, uma invenção legal criada para evitar a soma das penas em determinados casos que, se comparados ao concurso material, são tidos como menos graves e, portanto, não mereceriam a mesma consequência jurídico-penal. 
Crime continuado
Aplicação da pena: Como consequência, tem-se a adoção do sistema de exasperação da pena: a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diferentes, aumentada de 1/6 a 2/3. Para o crime continuado qualificado ou específico, a margem de exasperação vai de 1/6 até o triplo
O cálculo deve ser feito da mesma forma que no concurso formal próprio, ou seja, de acordo com o número de infrações perpetradas – quanto maior o número de infrações, maior o aumento
Requisitos gerais do crime continuado
Crimes da mesma
espécie
*obs. Roubo e latrocínio - STF
Condições semelhantes de tempo
Condições semelhantes de lugar
Condições semelhantes de modo de execução
Outras condições = caracterizam que os crimes subsequentes são continuação do primeiro
Requisitos do crime continuado específico ou qualificado
Além dos requisitos gerais, para o crime continuado qualificado, há situações peculiares: 
Crimes dolosos
Vítimas diferentes
Emprego de violência ou grave ameaça
Aplicação da pena mais severa: pena de um dos crimes aumentada até o triplo. 
Ex. vários homicídios dolosos, nas mesmas condições de tempo, lugar, modo de execução
Crime continuado
Continuidade delitiva: caracterização
Teoria objetiva
Teoria subjetiva
Teoria objetiva-subjetiva (STJ)
Discussões
Crime continuado e delinquência habitual
Crime continuado e princípio da insignificância
Crime continuado e sucessão de leis penais – Súmula 711, STF. 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência

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