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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS Quarta Prática de Controle I: Projeto de Controlador PID para Turbinas Eólicas Integrantes: Matrícula: Douglas do Amaral Monteiro 11.2.8041 José Luiz Oliveira Rocha 13.1.8340 Professor: Márcio Braga João Monlevade, 19 de Março de 2017 1. INTRODUÇÃO A preocupação com a geração de energia limpa tem se tornado uma crescente demanda da sociedade moderna visto a grande conscientização ocorrida com relação ao meio ambiente nas últimas décadas. Umas das formas mais conhecidas, entretanto, nem tão popular é a geração de energia eólica. Isto se deve a questões muito mais físicas e geográficas do que à aplicação tecnológica propriamente dita. No século passado, os primeiros geradores de energia eólica trabalhavam sob velocidade constante, não importando a velocidade do vento, desperdiçando assim grande parte da energia disponível. Com o avanço dos controladores foi possível gerar energia de acordo com a velocidade do vento e assim aproveitar de forma satisfatória os recursos disponíveis. Neste trabalho será explorado a aplicação dos controladores PID no monitoramento da velocidade das hélices eólicas das turbinas geradoras. Uma vez que a capacidade de geração de energia não está somente associada à velocidade do vento, mas sim também com os equipamentos disponíveis que receber tão energia, há a necessidade de se garantir que a velocidade do vendo não atinja valores extremos de forma tal que ponha o gerador em sobrecarga. Ao atingir a velocidade nominal de geração, quer-se que essa velocidade seja mantida e, caso seja superior, seja a turbina seja desligada. 2. DESENVOLVIMENTO Tem-se, neste roteiro, a tarefa de controlar turbinas eólicas de geração de energia limpa construídas em uma configuração de eixo vertical ou em uma configuração de eixo horizontal. Variável a Ser Controlada A velocidade do rotor, denotada por 𝜔(𝑠). Especificações de Projeto EP1 - Margem de ganho M:G: 6 dB. EP2 - Margem de fase 30. EP3 - Tempo de subida Tr1 < 4 segundos. EP4 - Tempo de pico TP < 10 segundos. Um modelo simplificado da turbina, juntamente com o controlador PID introduzido na malha, é apresentado a seguir: A função de transferência de malha aberta será: 𝐿(𝑠) = 𝑠2 + ( 𝐾𝑃 𝐾𝐷) 𝑠 + ( 𝐾𝐼 𝐾𝐷) 𝑠(𝜏𝑠 + 1)(𝑠2 + 2𝝇𝑔𝑊𝑛𝑔𝑠 + 𝑤𝑛𝑔2 ) a. Justifique porque a escolha do controlador PID garante a exigência de erro nulo para uma entrada do tipo degrau. R- Um vez que o tipo da malha de processo é do tipo zero ao se adicionar um controlador de Tipo 1 a malha final será do tipo 1, o que garantirá um erro nulo em regime, dado que o tipo da entrada é o mesmo da malha do sistema. b. Utilizando EP2, determine o fator de amortecimento desejado para as raízes dominantes. R- Sabemos de EP2 que Margem de fase 30º≤M.F.≤60º, então MF= 30º 𝝇 = 30 100 = 0,30 M.F= 60º 𝝇 = 60 100 = 0,60 Figura 1 - Diagrama de Blocos c. Empregando EP3, termine a frequência natural das raízes dominantes. Para isso, utilize a fórmula de projeto. R - 𝑇𝑟1 = 2,16𝛿 + 0.6 𝜔𝑛 𝜔𝑛 = 2,16𝛿 + 0.6 𝑇𝑟1 Então para 𝛿 = 0,3 𝜔𝑛 = 2,16(0.3) + 0.6 4 = 0,312 Então para 𝛿 = 0,6 𝜔𝑛 = 2,16(0.6) + 0.6 4 = 0.474 Então a frequência natural será: 0.312 ≤ 𝑤𝑛 ≤ 0.474 d. Escolha 𝜹 e 𝝎𝒏, de modo que EP4 seja atendido. R- 𝑇𝑝 = 𝜋 𝝎𝒏√1 − 𝝇2 Para 𝜹 = 0.3 e 𝝎𝒏 = 0.312, tem-se 𝑇𝑝 = 𝜋 0.312√1 − 0.32 = 10,55 𝑠 Figura 2 - Região de Alocação do Polos Dominantes Já não é possível usar esses valores. Para 𝜹 = 𝟎. 𝟑𝟓 e 𝝎𝒏 = 𝟎. 𝟒, temos: 𝑇𝑝 = 𝜋 0.4√1 − 0.352 = 𝟖, 𝟑𝟖 𝒔 Está dentro da especificação EP4. e. Posicione os zeros do controlador PID no semiplano esquerdo na região de desempenho definida por 𝜹 e 𝝎𝒏. Faça isso, especificando as razões KP/KD e KI/KD. R- Tem-se que os valores de 𝛿 e 𝝎𝒏 que atendem as especificações do projeto e imaginamos que a região das raízes, fica formada a esquerda de uma assíntota que forma uma ângulo 𝜃 = cos−1 𝛿 com o eixo real e a esquerda de 𝛿𝝎𝒏., como pode ser visto na imagem abaixo. Neste caso: 𝜃 = cos−1 0,35 = 69,5126º 𝛿𝝎𝒏 = 0,35 𝑥 0,4 = 0,14 As raízes têm o seguinte formato: 𝜏1, 𝜏2 = − 𝝇𝑤𝑛 ± 𝑗𝑤𝑛 √1 − 𝝇2 Desta maneira as raízes serão: 𝜏1, 𝜏2 = − 0,35.0,4 ± 𝑗0,4√1 − 0,352 𝜏1, 𝜏2 = −0.14 ± 𝑗0,3747 Vamos multiplicar esses valores por 10 para o ganho não ser muito grande. E a minha raiz ainda continua na região desejada. Se analisarmos o controlador PID, vemos que ele tem zeros do tipo: 𝑠2 + ( 𝐾𝑃 𝐾𝐷 ) 𝑠 + ( 𝐾𝐼 𝐾𝐷 ) Então, considerando as raízes temos que: (𝑠 + 𝜏1)(𝑠 + 𝜏2) = 𝑠 2 + 𝑠(𝜏1 + 𝜏2) + 𝜏1𝜏2 Então, temos que: ( 𝐾𝑃 𝐾𝐷 ) = (𝜏1 + 𝜏2) = (− 1,4 + 𝑗0,3747) + (− 1,4 − 𝑗3.747) ( 𝐾𝐼 𝐾𝐷 ) = 𝜏1𝜏2 = (− 1,4 + 𝑗0,3747 )(− 1,4 − 𝑗3.747) ( 𝐾𝑃 𝐾𝐷 ) = 2,8 ( 𝐾𝐼 𝐾𝐷 ) = 16 Figura 3 - Diagrama de Bode com Margens de Fase e de Ganho. f. Plote o diagrama de Bode do sistema compensado, utilizando os valores obtidos no item (e) e supondo que o ganho KD, que aparece isoladamente em (3), seja 1. Para isso utilize o comando margin(num,den) ou bode(num,den). R – Dado que 𝐾 = −7000, 𝜏 = 5 𝑠 , 𝜍𝑔 = 0.005 e 𝜔𝑁𝑔 = 20 rad/s tem-se a função de transferência 𝐻(𝑠) e os gráficos abaixo. 𝐿(𝑠) = 𝐾𝜔𝑁𝑔 2𝐾𝐷 𝑠2 + (𝐾 𝑃 /𝐾𝐷)𝑠 + (𝐾𝐼/𝐾𝐷) 𝑠(𝜏𝑠 + 1)(𝑠2 + 2𝜍 𝑔 𝜔𝑁𝑔𝑠 + 𝜔𝑁𝑔 2 ) 𝐿(𝑠) = (−7000)(400)(1) 𝑠2 + (2.8)𝑠 + (16) 𝑠(5𝑠 + 1)(𝑠2 + 2(0.005)(20)𝑠 + 202 ) 𝐿(𝑠) = −280000 𝑠2 + 2.8𝑠 + 16 𝑠(5𝑠 + 1)(𝑠2 + 0.2𝑠 + 400 ) Figura 4 – Intervalo para Margem de Fase e Margem de Ganho requeridos. g. Em seguida, encontre o ganho KD de modo que as especificações EP1 e EP2 sejam atendidas o mais próximo possível. R - Para encontrar o valor KD que fara com que o sistema esteja dentro das especificações EP1 e EP2 deve-se “descer” o gráfico do ganho mostrado no Bode plot. Para isso é necessário diminuir o ganho da função de transferência 𝐿(𝑠) para que ela corte o eixo da frequência em um ponto anterior ao obtido. Isso é feito subtraindo-se M dB do diagrama de magnitude ou dividindo-se a função de transferência por 10𝑀/20 𝑑𝐵. Qual a frequência que tem o ganho de margem desejado? Analisando o gráfico magnitude juntamente com o de fase, a região que satisfará o ganho de fase será aquela compreendida entre 0.122 rad/s e 3.04 rad/s, uma vez que é nesta região que se tem a fase desejada do sistema. Basta somente adicionar um ganho negativo para que o gráfico de fase se desloque em 180° para baixo e o ganho de fase seja o mesmo da fase visto no gráfico. Portanto, poderia ser suficiente subtrair do gráfico de magnitude um ganho entre 64.5 e 118 𝑑𝐵 para se obter o ganho de fase dentro do estipulado, entretanto, deve-se tomar o cuidado para que, ao subtrair o ganho, todo o gráfico de magnitude se encontre totalmente abaixo do eixo de frequências, o que não ocorre para os casso próximos a 64.5 𝑑𝐵. Logo, analisando-se novamente a figura, o ganho a ser subtraídodeve estar compreendido entre 118 e 103 𝑑𝐵. Figura 5 - Margem de Fase e de Ganho para K = 1.258 𝝁. Figura 6 - Margem de Fase e de Ganho para K = 3.16 𝝁 Em outras palavras a magnitude ganho da função de transferência deve estar compreendida entre 1.01 𝑥 10−6 e 7.07 𝑥 10−6, com este último valor excedendo em 0.1° a margem de fase. Seguem abaixo algumas figuras para ganho nessa faixa de valores. h. Com o sistema operando em malha fechada, aplique uma entrada do tipo degrau em (d). Apresente a figura gerada e verifique se as especificações de projeto foram atendidas. Caso contrário, readeque os parâmetros do controlador, de modo que as especificações sejam satisfeitas. Aplicando a entrada ao degrau para a função abaixo o resultado é o mostrado na Figura 8. KD = 3.16𝑥10−6 𝐿(𝑠) = (−7000)(400)(3.16𝑥10−6) 𝑠2 + (5)𝑠 + (20) 𝑠(5𝑠 + 1)(𝑠2 + 2(0.005)(20)𝑠 + 202 ) 𝐿(𝑠) = 8.85 𝑠2 + (5)𝑠 + (20) 𝑠(5𝑠 + 1)(𝑠2 + 2(0.005)(20)𝑠 + 202 ) Figura 7 - Margem de Fase e de Ganho para K = 7.07 𝝁. Figura 8 – Resposta ao Degrau para K = 3.16 𝝁. RiseTime: 5.5514 Overshoot: 25.5012 SettlingTime: 31.5033 Undershoot: 0 SettlingMin: 0.9344 Peak: 1.2550 SettlingMax: 1.2550 PeakTime: 12.6310 Para esse ganho, o tempo de pico fica ligeiramente fora das especificações de projeto, portanto, outro ganho deve ser tentado. Como o ganho é inversamente proporcional a esses dois parâmetros, tenta-se um ganho menor. Figura 9 – Resposta ao Degrau para K = 7.07 𝝁. Fazendo-se 𝐾 = 7.07 𝜇, tem-se o resultado mostrado na Figura 9. RiseTime: 3.3623 Overshoot: 38.7851 SettlingTime: 34.4426 Undershoot: 0 SettlingMin: 0.8458 Peak: 1.3879 SettlingMax: 1.3879 PeakTime: 8.5759 Portanto, para este ganho, as condições EP3 e EP4 foram satisfeitas. i. Com o sistema operando em malha fechada, compute os valores finais de 𝝎𝒏 e 𝝇. Eles são diferentes dos valores computados no item (d)? Se sim, justifique o motivo da discrepância. R - Dado que o tempo de pico é definido pela equação abaixo, pode-se calcular 𝛿 através dos novos polos da equação. Portanto, 𝑇𝑝 = 𝜋 𝝎𝒏√1 − 𝝇2 Utilizando o comando [Wn,zeta,P] = damp(sys, chega-se aos seguintes valores Wn = zeta = P = 0.3963 0.2845 -0.1128 + 0.3800i 0.3963 0.2845 -0.1128 - 0.3800i 20.0950 0.0043 -0.0872 +20.0948i 20.0950 0.0043 -0.0872 -20.0948i Com pode ser observado, houve uma pequena alteração no fator de amortecimento previamente especificado e na frequência natural de operação do sistema. Isso se deve à introdução do controlador no sistema, o que altera ligeiramente a ordem e, portanto, as características do mesmo. j. Novamente, com o sistema operando em malha fechada, aplique uma entrada do tipo degrau na entrada de perturbação TP (s). Apresente a figura obtida e discuta o resultado. A figura obtida está representada abaixo. Com uma entrada em perturbação tipo degrau unitário o sistema apresentou um tempo de acomodação igual a 47 segundos para o sinal. No mundo real, isso poderia demonstrar de forma simplificada a resposta do sistema para um distúrbio do tipo impulsivo, que possui a presença de um degrau. Como as especificações foram todas atendidas, o tempo Figura 10 - Resposta à Perturbação como Degrau. de acomodação do sistema não é motivo para alarde, apesar de ele poder representar algum tipo de perda (não preocupante) na velocidade do motor da turbina. 3. CONCLUSÃO Nesta prática é possível observar o quanto os controlares PID são úteis e o porquê de sua enorme popularidade nas aplicações de controle. Devido aos seus três parâmetros eles podem oferecer diferentes formas de interferir no controle do processo, como por exemplo no erro do sistema. Introduzindo um controlador PID em um sistema do Tipo 0 é possível obter erro nulo para entradas do tipo degrau, que no mundo real podem modelar distúrbios impulsivos. Ficou evidente também que o conhecimento das técnicas é fundamental para o projetista, mas o poder de análise e decisão é inquestionavelmente importante, uma vez que as especificações geralmente interferem umas nas outras e isso refletirá no sistema a ser construído, o que obviamente, traduzirá sua eficiência. 4. REFERÊNCIAS [1] Nise, N. S. (1984). Engenharia de Sistemas de Controle, 5ª Edição, LTC. [2] Dorf, R. C. e Bishop, R. H. (2009). Sistemas de Controle Modernos, 11ª edição, LTC. [3] Ogata, K. (2010). Engenharia de Controle Moderno, 5ª Edição, Pearson Prentice Hall. [4] Seborg, D. E., Edgar, T. F. e Mellichamp, D. A. (1989). Process Dynamics and Control, John Wiley & Sons.
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