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Curso de Graduação a Distância Empreendedorismo (2 créditos – 40 horas) Autor: Leandro Tortosa Sequeira Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UCDB VIRTUAL 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler: Pe. Lauro Takaki Shinohara Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitora de Ensino e Desenvolvimento: Conceição A. Galvez Butera Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica: Prof. Blanca Martín Salvago Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 www.virtual.ucdb.br UCDB -Universidade Católica Dom Bosco Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 CEP 79117-900 Campo Grande – MS Sequeira, Leandro Tortosa. Disciplina: Empreendedorismo Leandro Tortosa Sequeira. Campo Grande: UCDB, 2013. 71 p. 1 Perfil empreendedor. 2 Empreendedorismo no Brasil. 3 Empreendimento como negócio. 4 Empreendimento como empresa. 0213 UCDB VIRTUAL 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso. Elementos que integram o material Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul- trapassar o prazo máximo indicado pelo professor. Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro- fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo. Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar seu acesso aos materiais. Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: · Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; · Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; · Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; · Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante, organize o seu tempo; · Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendizagem, contando com a ajuda e colaboração de todos. UCDB VIRTUAL 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Objetivo Geral Apresentar ao acadêmico o conceito de empreendedorismo e suas perspectivas para o cenário brasileiro, bem como proporcionar uma experiência completa de aprendizagem para melhor apreensão do conteúdo. Conteúdo Programático - Sumário INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 UNIDADE 1 - O QUE É EMPREENDEDORISMO ....................................................... 11 1.1 O perfil empreendedor ............................................................................................ 12 1.2 Empreendedorismo no Brasil .................................................................................... 17 UNIDADE 2 - O EMPREENDEDORISMO E O NOVO NEGÓCIO ................................ 24 2.1 O que é um Negócio? .............................................................................................. 25 2.2 O que é uma Empresa? ........................................................................................... 28 UNIDADE 3 - A ESCOLHA DE UM NEGÓCIO ........................................................... 32 3.1 Identificando oportunidades ..................................................................................... 33 3.2 Passo a passo antes de iniciar o empreendimento ...................................................... 39 UNIDADE 4 - DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O SÉCULO DO EMPREENDEDORISMO .......................................................................................... 42 4.1 Sustentabilidade: o maior desafio ............................................................................. 43 4.2 Empreendedor individual: o novo empresário ............................................................ 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 50 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 51 ANEXOS ............................................................................................................... 54 ATIVIDADES E EXERCÍCIOS ................................................................................. 58 Avaliação A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual. UCDB VIRTUAL 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Para que possa se atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina.As atividades enviadas fora do prazo serão aceitas nas seguintes condições: • As atividades enviadas 7 dias após o vencimento do prazo serão corrigidas com a pontuação normal, isto é, sem penalização pelo atraso. • Após os 7 dias, o professor aplicará um desconto de 50% sobre o valor da atividade. Critérios para composição da Média Semestral: Para fazer a Média Semestral, leva-se em conta o desempenho atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e na(s) prova(s). Antes do lançamento desta nota final, o professor divulgará a média de cada aluno, dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam ter uma nova chance, utilizando a Segunda Chamada. Após a Segunda Chamada, o professor já fará o lançamento definitivo da MédiaSemestral, seguindo o procedimento abaixo: A prova presencial tem peso 7,0 e as atividades virtuais têm peso 3,0. Portanto, para calcular a Média, o procedimento é o seguinte: 1. Multiplica-se o somatório das atividades por 0,30; 2. Multiplica-se a média das notas das provas por 0,70. Para termos a Média Semestral, somam-se os dois resultados anteriores, ou seja: MS = MP x 0, 7 + SA x 0,3 MS: Média Semestral MP: Média das Provas SA: Somatório das Atividades Assim, se um aluno tirar 10 na(s) prova(s) e tiver 10 nas atividades: MS = 10 x 0,7 + 10 x 0,3 = 7,0 + 3,0 = 10 UCDB VIRTUAL 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades: * Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). ** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** Atividade 1.1 Ferramenta: Tarefas online Atividade 2.1 Ferramenta: Tarefas online Atividade 3.1 Ferramenta: Tarefas online Atividade 4.1 Ferramenta: Tarefas online UCDB VIRTUAL 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 BOAS VINDAS Este documento tem o propósito de servir como complemento à formação acadêmica dos alunos de graduação em Administração, atuando como um guia de estudos durante o curso de Empreendedorismo. Assim sendo, não há a pretensão de que este material venha a ser a única fonte de recursos didáticos. Recomenda-se, fortemente, que o acadêmico busque a erudição tomando como ponto de partida o que lhe é apresentado a partir de agora. Na sociedade construída sob o modo capitalista de produção, as empresas têm um papel fundamental na divisão do trabalho e na geração de emprego e renda para a população. É, também, desse tipo de organização a responsabilidade por produzir as mercadorias para a satisfação das necessidades sociais. Cabe a um grupo específico de personagens a análise das demandas sociais, a escolha dos produtos que serão gerados para atendê-las e a criação de uma estrutura capaz de realizar este trabalho de maneira contínua e sistematizada. Estamos falando dos Empreendedores. Ao encarar o desafio de integrar o sistema produtivo – não mais como trabalhadores, mas como donos de negócios – os Empreendedores assumem a importante missão de continuar a construção de uma Nação rica, próspera e fraterna, criando postos de trabalho, recolhendo impostos e permitindo a mobilidade social. Mas o sucesso de qualquer empreendimento não repousa na simples vontade ou determinação de um empreendedor; envolve uma preparação séria e atitudes consistentes que visam a diminuição dos riscos e o aumento das garantias de que as decisões tomadas tenham os resultados esperados. Caro aluno, a estrada é longa e a viagem começa neste exato momento. Minha função é a de servir como guia, mostrando os rumos que você deve tomar para atingir o conhecimento desejado. Assim, estarei sempre à disposição para o que for necessário. Mas lembre-se: é somente você quem pode dizer até onde quer chegar. Sucesso... Leandro Tortosa Sequeira UCDB VIRTUAL 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Pré-teste A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será avaliado. 1. O que você entende por Empreendedorismo? Já ouviu falar neste termo? 2. Quais seriam, no seu ponto de vista, as vantagens e as desvantagens em ser um Empreendedor? 3. Você prefere o Empreendedorismo ou um trabalho formal, como concurso público, emprego em empresa, etc.? 4. Você conseguiria identificar as diferenças existentes entre um empresário informal e um empreendedor formal? 5. Você conhece as incubadoras de negócios? Faz alguma ideia de sua importância para novos empreendimentos? 6. O Brasil é um país de empreendedores. Você já pensou em realizar um empreendimento? 7. No mundo atual, o mercado é dominado por um grupo restrito de empresas de grande porte e com grande poderio econômico e influência política. Destacam-se entre elas organizações poderosas a ponto de superarem os governos na missão de ditar as regras para o mercado e para a própria interação humana. Nesse contexto dinâmico, mutante e instável, há alguns jovens corajosos dispostos a investir pesado na formação de novos empreendimentos. Será que ainda há espaço para concorrer com os grandes capitais? Submeta o pré-teste por meio da ferramenta Tarefas. UCDB VIRTUAL 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 INTRODUÇÃO A história da sociedade confunde-se com a própria organização da produção humana. Desde a formação dos primeiros clãs, das primitivas tribos ou dos simples grupos nômades de caçadores, cada nova necessidade pessoal ou coletiva impulsionou os indivíduos a buscar soluções para superar as dificuldades cotidianas. A vida, no início da civilização, era muito árdua e repleta de desafios. O básico faltava: água e comida, por exemplo, não eram facilmente acessíveis, e demandavam de muito esforço para serem obtidos e conservados. Vencer tais desafios era, portanto, questão de sobrevivência. Diferentemente dos outros animais, o ser humano venceu suas limitações de força e resistência, usando sua inteligência para transformar o meio a sua volta, permitindo as condições ideais para a formação dos grupos sociais que culminaram nas civilizações mais recentes. Os desafios naturais – como chuvas, secas, vendavais... – e aqueles derivados da organização social humana – guerras, conquistas de territórios, exploração do trabalho... – sempre se mostraram como os ingredientes decisivos para impulsionar o desenvolvimento humano. O mundo moderno é uma maravilha tecnológica. Guiando-se pelas necessidades produtivas de uma população crescente e ávida pelo consumo, a sociedade constituída no bojo do modo capitalista de produção enfrenta sua próprias necessidades e desejos. Agora, quem os atende é uma força específica muito própria desse momento histórico: as empresas. As empresas nada mais são do que uma forma de manifestação do capital, que têm como objetivo produzir e vender as mercadorias que atenderão a todas as necessidades humanas, sejam elas originadas no estômago ou na fantasia1. Assim como os primeiros grupos de caçadores empreendiam incursões por terras inóspitas buscando alimentos, os empresários desbravam mercados buscando produzir e oferecer bens cujo propósito é, basicamente o mesmo do início da humanidade: garantir nossa sobrevivência tornando o mundo um lugar melhor para viver. Um empreendedor nasce da oportunidade de atender uma necessidade do mercado ou da sua própria necessidade de sobrevivência. Tem um perfil aguerrido, determinado, motivado e altamente comprometido com o sucesso. Aliás, persegue o sucesso. Mas, acima de tudo, realiza-se imensamente por poder conduzir a sua própria vida a partir de seu próprio negócio. Liberdade conquistada com trabalho árduo, dedicação e obstinação. E o ganho principal não é o dinheiro,mas o gosto de poder ver a sua marca sendo curtida, compartilhada e consumida pela sociedade. 1 Parafraseando Karl Marx (Marx, 1867), quando explica o significado do termo Mercadoria, sua origem e sua utilidade dentro de uma sociedade construída sob o modo capitalista de produção. UCDB VIRTUAL 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A vontade é o que move o empreendedor. No entanto, não é a única razão para o seu sucesso – ou o seu fracasso. Existem variáveis incontroláveis e que precisam ser compreendidas para que um negócio possa prosperar. Por mais que o produto seja bom e útil, nem sempre o cliente está disposto a comprá-lo. Mesmo que a ideia seja inovadora, há concorrentes que oferecem soluções similares ou até melhores. Ainda que se tenha uma boa estratégia de vendas, os fornecedores podem pressionar os fluxos de caixa exigindo pagamentos em prazos muito curtos. Não obstante o empreendedor seja determinado ainda tem que enfrentar os desafios diários de se manter uma equipe motivada e produtiva. É... a vida do empreendedor não é nada fácil. Mas existe uma forma poderosa de se minimizar o sofrimento ou atenuar as dificuldades que o empreendedor deve enfrentar: o planejamento. Planejar é o ensinamento mais elementar que a Ciência da Administração nos oferece. Na realidade, o planejamento é o passo inicial que um ciclo estratégico2 deve adotar para que se atinja um propósito maior, enfrentando com mais capacidade os desafios que se colocam. Quando se planeja, o que se busca é aumentar as certezas por meio do mapeamento dos fatores que podem ameaçar o empreendimento. Isso é fundamental para que se esteja preparado para enfrentar qualquer adversidade quando esta surgir. Este é o tema da seção de nosso estudo que se inicia agora. 2 Refere-se ao que W. Edwards Deming propôs em 1950 como metodologia em que os processos de negócio devem ser analisados e medidos para identificar as fontes de variações que fazem com que os produtos venham a se desviar dos requisitos do cliente. Ele recomendou que os processos de negócios fossem colocados em um ciclo de feedback contínuo para que os administradores pudessem identificar e mudar as peças do processo que necessitassem de melhorias. O professor Deming criou um diagrama para ilustrar esse processo contínuo, vulgarmente conhecido como o ciclo PDCA para o Plan, Do, Check, Act. UCDB VIRTUAL 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 O QUE É EMPREENDEDORISMO OBJETIVO DA UNIDADE: Entender o significado do termo empreendedorismo. Identificar as razões que levam ao empreendedorismo. Definir o perfil do empreendedor. Entender a importância que a preparação técnica possui para o sucesso de uma iniciativa empreendedora. Um dos maiores desejos de qualquer pessoa é a de ser dona do seu próprio negócio. É realmente tentador estabelecer os próprios horários, não ter patrão, trabalhar com aquilo que se gosta. E ainda receber por isso tudo. No entanto, iniciar um empreendimento não é tarefa das mais simples: saber exatamente o que o consumidor precisa, criar produtos e serviços que atendam às suas necessidades e lidar com a dura realidade do dia a dia de um mercado voraz são apenas os ingredientes mais básicos de um negócio. Mas será que empreender é para todos? Vale mesmo a pena trocar a relativa segurança de um emprego formal pelos riscos de um novo negócio? E se o novo empreendimento não der certo, o que fazer? Saber se o seu perfil é adequado ao empreendedorismo é tão importante para quem se lança a esta tarefa quanto conseguir conquistar mercados para novos produtos. A decisão de iniciar um novo negócio passa, obrigatoriamente, pela certeza de que se quer e que se pode empreender. Neste caso, vontade somente não basta. É preciso estar preparado para lidar com um ambiente de incertezas, instabilidades e riscos. Só assim as adversidades poderão se tornar o combustível para o sucesso – e não a centelha para a bomba destrutiva do fracasso. Fonte: http://migre.me/bhdYv Esta Unidade descreverá como é o perfil do empreendedor, como ele nasce e quais as atitudes que devem ser tomadas para aumentar as chances do êxito em um novo negócio. UCDB VIRTUAL 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 1.1 O perfil empreendedor O empreendedor é diferente do trabalhador. Começando pelo último, este é alguém que vende a sua força de trabalho para um Capital em particular, trocando suas horas trabalhadas por uma remuneração previamente acordada. O trabalhador é fruto direto da divisão social do trabalho e nele encontra suas funções e atribuições bem definidas, delimitadas e estabelecidas, integrando um processo maior na produção de mercadorias que atenderão às mais diversas necessidades sociais. Muito embora o trabalhador seja crucial para o desenvolvimento da sociedade, ele acaba não produzindo nada de essencialmente novo; ele apenas executa aquilo que lhe cabe dentro do planejamento da organização. O trabalhador é, portanto, o motor da produção. Por outro lado, o empreendedor, tem características que o tornam peculiar. Ele3 não somente trabalha – no sentido de que executa tarefas, empregando o seu tempo na construção de algo – como também cria. Se o trabalhador é o motor da produção, o empreendedor é o cérebro que comanda a máquina produtiva. Cabe ao empreendedor a energia de um empreendimento. Ele – empreendedor – é quem cria e promove soluções, motiva equipes, lidera pessoas. Cabe a ele conquistar não somente compradores de produtos (clientes), mas compradores das ideias da organização (investidores). É também dele a árdua missão de descobrir as necessidades da sociedade e se prontificar a atendê- las, criando soluções que representem vantagens competitivas frente aos concorrentes. Empreendedor: é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma ideia ou um projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente. Essa definição envolve não apenas os fundadores de empresas, mas os membros da segunda ou terceira geração de empresas familiares e os gerentes-proprietários, que compram empresas já existentes de seus fundadores. Mas o espírito empreendedor está também presente em todas as pessoas que – mesmo sem fundarem uma empresa ou iniciarem seus próprios negócios – estão preocupadas e focalizadas em assumir riscos e inovar continuamente (CHIAVENATO, 2004, p.3). Um empreendedor é, essencialmente, um “garimpeiro de oportunidades”. Isso significa que ao longo de sua vida produtiva este tipo de personagem busca sempre as melhores chances de atuar na sociedade, criando soluções para as necessidades que identifica. Essencialmente, esta característica – identificar oportunidades – diferencia o empreendedor de seus pares no modo de produção. O empreendedor percebe uma necessidade, entende o que pode ser feito para satisfazê-la e promove ações para chegar 3 O termo Ele é usado apenas de maneira genérica, e para concordar com empreendedor. De maneira alguma o uso do pronome masculino restringe as descrições a um determinado gênero. UCDB VIRTUAL 13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 ao seu objetivo. O trabalhador, por outro lado, geralmente atua somente nesta última etapa. Mas não é somente o entendimento de distinções pouco perceptíveis4 que faz o empreendedor este sujeito diferenciado; há, na literatura, algumas características comuns a todos os que aceitam o desafio de atuar na ordem produtiva social de uma maneira diferenciada: Necessidade de realização: a ambição5 faz parte do perfil empreendedor. E não é apenas a realização material que move o empreendedor, mas a realização pessoal. Chiavenato (2004, p. 6) já apontava que “os empreendedores apresentam elevada necessidade de realização em relação às pessoas da população em geral”, sendo esta característica – o impulso pela realização – presente mesmo desde a mais tenra idade. Fonte: http://migre.me/bhdXJ Disposição para assumir riscos: esta característica apontada por Chiavenato (2004) mostra que, ao contrário do que se pode imaginar, o empreendedor não é um aventureiro. Ou seja, não assume riscos por assumir, nem trata as decisões sobre um novo negócio de maneira imprudente: ele sabe que há responsabilidades com fornecedores, com trabalhadores e suas famílias, com o governo, enfim, com a sociedade. Assim, a exposição ao risco somente ocorre – para o verdadeiro empreendedor – até o ponto em que nenhuma dessas células sociais seja comprometida. Empreendimento não é, portanto, um jogo: é um negócio. 4 O trecho em destaque (itálico) reproduz o entendimento do autor deste material no que tange às principais características que um empreendedor apresenta e que o tornam único. Dentre estas, destaca-se a percepção de diferenças sutis nas manifestações da realidade, que se traduz na identificação de oportunidades onde ninguém mais vê. A lente que permite enxergar nada mais é do que o preparo intelectual associado à vivência. Somente o estudo não permite entender as cosequências dos atos. A experiência, pura e simples, não permite a compreensão fina dos eventos. Mas a harmonização dos dois – estudo e experiência – forma uma mistura poderosa: a sabedoria. Esta permite que as leituras feitas do real se traduzam em oportunidades de ação, por saber onde atuar, como fazer e o que esperar. 5 Aqui não se adotará o sentido pejorativo. Pelo contrário: ambição significa desejo intenso de realização de realização, ou algo que “satisfaça o amor próprio” (FERREIRA, 2011) UCDB VIRTUAL 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Autoconfiança: os empreendedores também se destacam por sua maneira de encarar o mundo e suas manifestações. Quem empreende acredita que o sucesso seja mais influenciado pelas suas decisões do que por características externas – clientes, fornecedores, política, etc. A autoconfiança se faz presente, pois, ao identificar os diversos problemas e entraves ao novo negócio, o empreendedor busca em si mesmo as habilidades necessárias para superá-los. Se não encontra tal habilidade, ele a desenvolve. Resiliência: resiliência é um termo oriundo da engenharia e que significa a capacidade de se retornar ao estado inicial após sofrer grandes pressões ou tensões. No mundo corporativo, significa a capacidade que uma pessoa tem de lidar com as pressões e exigências cotidianas, sem introjetar aspectos negativos de cada situação enfrentada, mas aprendendo e se desenvolvendo a cada novo desafio. Como defende o professor Sabag6, “resiliência é a capacidade de usar o estresse em nosso favor”. De maneira geral, estudos7 apontam que as características de um empreendedor fazem parte de uma “estrutura motivacional diferenciada” (SEBRAE/ES, 2005, p. 9) pela presença da necessidade de realização. Esta acaba por integrar e sustentar todas as outras. Ao planejar e executar as atividades empreendedoras, o indivíduo atende não somente às necessidades sociais (oportunidade), mas às suas próprias. O quadro a seguir relaciona necessidades e meios de satisfação típicos de um empreendedor: Quadro 1 - Necessidades próprias e meios de satisfação dos empreendedores Necessidade Meio de satisfação Realização Competir como forma de autoavaliação. Desafio pessoal. Ex: Amyr Klink, alpinista, atleta. São aquelas pessoas que estabelecem um objetivo para si e motivam-se para atingi-lo. Afiliação Relacionar-se cordial e afetuosamente. Bem-estar das pessoas, de forma an nima. Ex: São pessoas que se preocupam com o próximo, gostam de ver sua comunidade bem assistida. Poder Exercer influência. Mudar a opinião das pessoas, influenciá-las. Ex: Líderes – são aquelas pessoas que se motivam ao verem outras pessoas fazendo aquilo que elas acreditam que deve ser feito ou ainda, aquilo que elas acreditem ser o correto. Fonte: Adaptado de SEBRAE/ES (2005, p.9) 6 Aprofunde o seu conhecimento acerca do termo resiliência acessando a entrevista do professor da Fundação Getúlio Vargas e consultor de empresas, Paulo Sabag, para a CBN: http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/mundo-corporativo/2012/03/17/RESILIENCIA-E-A-CAPACIDADE-DE- USAR-O-ESTRESSE-EM-NOSSO-FAVOR.htm 7 Sobretudo os estudos de McClelland (SEBRAE/ES, 2005, p. 9) UCDB VIRTUAL 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 As características mentais do empreendedor levam à motivação para agir. São o combustível de suas ações e o mantêm sempre focado no seu propósito. A motivação leva a um conjunto de comportamentos, ou seja, ações. Estas ações nada mais são do que o trabalho do empreendedor no mundo, modificando-o para o atendimento das necessidades da sociedade (as referidas oportunidades) e as suas próprias. Importantes estudos8 agrupam o comportamento empreendedor em três conjuntos: I. Conjunto de Realização: neste grupo as ações do empreendedor caracterizam- se por responder às motivações que o levam a empreender. Aqui, cada ação e todas elas pretendem satisfazer as necessidades e os anseios do indivíduo. Busca de Oportunidades e Iniciativa – Atenção constante: ficar atento a tudo o que ocorre a sua volta, procurando oportunidades e oferecendo as soluções, muitas vezes de maneira pioneira ou diferenciada. Faz toda a diferença ouvir o cliente, a rede de relacionamentos, os fornecedores e o governo; isso ajuda a identificar tendências ou oportunidades. Exigência de Qualidade e Eficiência - Qualidade Total: trata-se da perseguição pela qualidade em todas as fases do processo do que será oferecido para a sociedade. Só é possível atingir tal grau de eficiência se todas as etapas do trabalho ou do processo forem exaustivamente planejadas e executadas. Por ser dono do negócio, o empreendedor leva vantagem em relação aos demais trabalhadores de empresas, pois trata do negócio com interesse pessoal. Aceitação de Riscos Calculados - Ousadia, coragem, determinação e razão: o empreendedor sabe que o negócio não é um jogo. Por isso mesmo tem a exata noção das consequências de seus atos e decisões. Aceita os riscos por saber que aumenta o potencial de ganhos. Mas não ignora suas responsabilidades. Persistência - Rota constante: um comportamento típico do indivíduo que se encaixa neste grupo é o de agir sempre, independentemente das condições que se apresentem. O empreendedor tem clareza de seus propósitos e sabe das ações que precisa desempenhar para atingi-los. Portanto, trabalha sempre. 8 SEBRAE/ES, 2005, pp. 09 – 11 UCDB VIRTUAL 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Comprometimento - Pode confiar: o maior compromisso do empreendedor é com ele mesmo. Isso significa que ele sempre vai cumprir com tudo o que foi planejado e idealizado, afinal ele mesmo é o principal interessado no sucesso de suas ações. II. Conjunto de Planejamento: neste grupo, o comportamento molda-se às necessidades de organização do trabalho para que o empreendimento seja realizado a contento. Tudo é estruturado para garantir que o negócio funcione e satisfaçaas necessidades da sociedade. Estabelecimento de Metas - Passo a passo: o maior projeto do empreendedor já está pronto em sua própria mente antes mesmo de se começar a execução. Mas, diferentemente de um simples sonhador, quem empreende estabelece prazos, metas e mede o desempenho de suas ações a todo momento, para certificar-se de que o sonho será realizado. Busca de Informações - Aprender sempre: o empreendedor é um curioso e um interessado em tudo o que pode potencializar o seu empreendimento. Por isso ele é um incansável, sempre estudando e aprendendo. As informações tornam-se vantagem para o seu negócio e, a cada nova descoberta, novos horizontes se abrem para a mente empreendedora. Planejamento e Monitoramento Sistemático - Navegar é preciso9: o planejamento bem realizado permite que se destinem adequadamente os recursos disponíveis e que se acompanhe a realização das atividades, identificando se existe ou não harmonia entre o que foi planejado e o que se está conseguindo. O bom empreendedor faz jus ao dito corporativo: planejamento se faz a lápis, não a caneta. III. Conjunto de Poder: neste grupo de atitudes o empreendedor mostra à sociedade as vantagens de sua ideia para o melhor aproveitamento de uma oportunidade e alavanca suas ações com o apoio que consegue a partir da influência, dos contatos e do convencimento. Persuasão e Rede de Contatos - Autoridade do exemplo: motivar pessoas e mantê-las com tal estado de espírito sempre foi um dos principais desafios da Ciência da Administração. O empreendedor sabe da importância que há no trabalho espontâneo e, a partir de seu próprio exemplo e da 9 Parafraseando Fernando António Nogueira Pessoa no poema “Navegar é preciso”. UCDB VIRTUAL 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 crença nos ideais construídos em torno de um empreendimento, conquista pessoas que podem contribuir no processo. Independência e Autoconfiança - Foco na mudança: a maior parte da sociedade se comporta de um modo mais ou menos constante. Após qualquer mudança, a consequência natural é a reacomodação. O empreendedor deve evitar a acomodação e sempre buscar a inquietação como forma de criar novas oportunidades para atuar no mundo. 1.2 Empreendedorismo no Brasil O Brasil é um dos países que mais empreendem no mundo. Essa conclusão faz parte de um relatório internacional elaborado pela entidade Global Entrepreneurship Monitor – GEM10. Esta constatação é muito animadora, pois mostra que o povo brasileiro é trabalhador e se dedica a produzir uma nação forte, com mais emprego e renda para todos. Mas há um detalhe que salta aos olhos quando lemos com atenção os dados de fontes oficiais11: uma parcela significativa dos empreendimentos realizados apresenta altas taxas de mortalidade logo nos anos iniciais. É lógico concluir que as altas taxas de insucesso se devam a fatores como concorrência, falta de incentivos governamentais ou mesmo crises econômicas. Mas há diversos estudos12 que apontam para um ponto em comum: o despreparo do empreendedor. Diferentemente do trabalhador comum – ou seja, aquele que trabalha para um negócio específico, vendendo sua força de trabalho em troca de salário – o empreendedor normalmente busca ser dono de seu próprio negócio. Diversos fatores podem motivá-lo a isso: desde um desejo profissional cultivado ao longo de vários anos até a necessidade de sobrevivência. E justamente nessas diferenças de motivação é onde residem as principais características relacionadas ao sucesso ou insucesso de um empreendimento. O empreendedor brasileiro está preparado para empreender? Quais seriam as 10 O projeto The Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é uma avaliação anual da atividade de empreendedorismo, aspirações e atitudes de empreendedores individuais em diversos países do mundo. Foi iniciado em 1999 a partir da parceria entre as renomadas instituições de Administração e Negócios London Business School e o Babson College. O primeiro estudo cobriu 10 países. Hoje são mais de 100 “National Teams” de diversas partes do mundo. O Brasil participa do consórcio desde 2000. Atualmente, o representante brasileiro no GEM é o Instituto Brasileiro da Qualidade e da Produtividade (IBQP), uma organização sem fins lucrativos sediada na cidade de Curitiba, Paraná. O principal patrocinador no país é o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Saiba mais sobre o GEM em http://www.gemconsortium.org. 11 Demografia das Empresas 2010 (IBGE, 2012). 12 Dentre os diversos estudos acerca dos fatores de sucesso e de insucesso das empresas nos primeiros anos de funcionamento, destaca-se o Artigo de Pelissari, et al. (2011), que evidencia como principais fatores relacionados ao sucesso de um empreendimento a “qualificação, organização, dedicação e a capacidade de assumir riscos e de inovar no negócio”, por parte do empreendedor. UCDB VIRTUAL 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 características do empreendedor brasileiro? Comportamento empreendedor pouco desenvolvido; Falta de planejamento prévio; Gestão deficiente do negócio; Insuficiência de políticas de apoio; Flutuações na conjuntura econômica; Problemas pessoais dos proprietários. Estes são alguns dos achados de um amplo estudo divulgado pelo SEBRAE de São Paulo (SP) intitulado 12 anos de monitoramento da sobrevivência e mortalidade de empresas (SEBRAE, 2010). O estudo é um dos mais completos disponíveis atualmente para se avaliar o ciclo de vida das micro e pequenas empresas, principais focos do empreendedorismo em nosso país. Segundo esta pesquisa do SEBRAE-SP, quase um terço das empresas fecha suas portas em até um ano de funcionamento (27% dos negócios) enquanto menos da metade dos novos negócios sobrevive a cinco anos (42%). Analisando os números mais de perto, nota-se um dado alarmante: 34% dos empresários perderam todo o seu investimento, enquanto 27% perderam parte do capital. Somente 39% dos empreendedores puderam recuperar totalmente o investimento inicial realizado. Gráfico 1 - Taxa de mortalidade das empresas no estado de São Paulo (rastreamento: out/08 a mai/09) Fonte: Adaptado de SEBRAE-SP (SEBRAE, 2010, p.3) Quando buscamos os motivos que resultaram na pouca longevidade das empresas, o mesmo estudo mostra que o principal fator que leva o empreendimento ao fracasso UCDB VIRTUAL 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 prematuro é a falta de planejamento para se iniciar um novo negócio, sobretudo no que tange ao mercado em que se desejava atuar. Gráfico 2 – Desconhecimento dos empresários a respeito do empreendimento Fonte: Adaptado de SEBRAE-SP (SEBRAE, 2010, p.18) Os dados deixam evidente que os empresários iniciaram suas atividades mais provavelmente apoiados em impressões acerca do mercado em que iriam atuar do que em dados concretos. Para se ter uma ideia, quase metade dos empresários (45%) afirmou que não procuraram informações sobre o número de clientes que esperavam para o negócio, nem mesmo os hábitos de consumo desses mesmos clientes. Ora, como seria possível, então, avaliar se o empreendimento seria ou não bem aceito pelo público? Outro dado que chama a atenção, é que não houve preocupação de grande parte dos empreendedores (30%) com relação à existência de concorrentes para o negócio. Os aspectos legais – alvarás e licenças de funcionamento, contratos, taxas públicas, etc. – e o investimento necessário para iniciar um novo negócio – capital de giro, maquinário, publicidade, etc. – não foram aspectosde grande importância para aproximadamente 26% dos novos empresários. A análise destes dados evidencia que os empreendedores que mais fracassaram não tomaram os devidos cuidados para a escolha do mercado de atuação ou mesmo para garantir uma mínima estrutura de funcionamento operacional e financeiro para a empresa. Mas não é somente a falta de conhecimento sobre o mercado que impacta negativamente sobre as novas empresas; a deficiência no planejamento mostrou-se, ainda, UCDB VIRTUAL 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 a principal falha determinante para o fracasso das novas empresas. Observe o gráfico a seguir: Gráfico 3 – Atitudes dos empresários antes da abertura de uma empresa Fonte: Adaptado de SEBRAE-SP (SEBRAE, 2010, p.19) O que mais impressiona no quadro anterior é que a maioria do empresariado (59%), ao se lançar a um novo empreendimento, o faz por conta própria – sem buscar qualquer tipo de auxílio. Essa “aventura” do empreendedorismo se confirma quando se torna claro que 43% não sabem nem mesmo qual é o lucro pretendido para o negócio. Mas isso ainda não é o mais alarmante: 34% não têm ideia a respeito de qual necessidade ainda não foi atendida pelo mercado – ou seja, acabam oferecendo um produto ou um serviço para um mercado já saturado em concorrentes que vendem a mesma coisa – e impressionantes 31% não têm a mínima noção do quanto precisam vender para, ao menos, sustentar o seu próprio negócio. Curiosamente, os dados do quadro seguinte (Quadro 4) mostram que está absolutamente claro para aquele que não logrou sucesso em sua empreitada que a falta de planejamento é o principal motivo do fechamento das empresas. Por outro lado, 21% dos donos de empresas encerradas não admitem culpa da gestão para a derrocada das atividades, enquanto 34% das empresas em atividade creditam justamente à gestão o êxito nas operações. Governo (15% - 16%), situação econômica (8% - 9%) e outros fatores (11% - 9%, agrupando-se os dados) são identificados como as causas dos problemas para as empresas que encerram prematuramente suas atividades. UCDB VIRTUAL 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Gráfico 4 - Fator mais importante para a sobrevivência das empresas (na avaliação dos entrevistados) Fonte: Adaptado de SEBRAE-SP (SEBRAE, 2010, p.26) Os dados levantados pelo estudo acima tornam evidente que a falta de preparo é o principal fator de mortalidade prematura das micro e pequenas empresas no estado de São Paulo – onde se concentra a maior parte da riqueza do país13. E isso pode ser estendido às outras regiões brasileiras. Dados do Governo Federal brasileiro14 corroboram a análise anterior mostrando que, no Brasil, a taxa de sobrevivência das Micro e Pequenas empresas gira em torno de 73,1% nos dois primeiros anos de funcionamento, sendo que 58% das empresas encerram suas atividades antes de completar os cinco primeiros anos de existência. A taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas brasileiras apresenta-se de maneiras diferentes conforme a região do país. A figura a seguir mostra como é a distribuição desse indicador no Brasil15: 13 Em 2009, cerca de 25% da riqueza do Brasil estavam concentrados somente na cidade de São Paulo. A maior concentração de riqueza do país encontra-se no estado de mesmo nome. Os dados são do relatório Produto Interno Bruto dos Municípios 2005-2009. (IBGE, 2011). 14 Dados extraídos do Portal do Empreendedor, iniciativa do Governo Federal (BRASIL, 2011). 15 Dados extraídos do estudo Taxa de Sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas no Brasil – Edição 2011. (SEBRAE, 2011) UCDB VIRTUAL 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Figura 1 - Taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas brasileiras por região (2011) Fonte: SEBRAE, 2011 A distribuição das taxas de sobrevivência sugere que as Micro e Pequenas empresas têm mais sucesso nas regiões onde a escolaridade é maior – regiões Sudeste e Sul. A educação – dos consumidores, trabalhadores e, principalmente, dos empreendedores – seria, portanto, condição definitiva para o aumento nas taxas de sobrevivência dos empreendimentos. Segundo Pellisari et al (2011) e SEBRAE (2011), os fatores apontados como principais para a determinação do sucesso dos novos empreendimentos são: I. Planejamento: melhora a distribuição dos recursos disponíveis e minimiza a falta de reações efetivas às situações inesperadas. II. Capacidade financeira: permite o correto dimensionamento da ideia do empreendedor às possibilidades financeiras dele e do próprio negócio. III. Concorrência: auxilia a descobrir tendências de preços, configurações de produtos e ofertas para determinados mercados. Estimula o desenvolvimento de características diferenciais próprias. IV. Fornecedores: podem contribuir para alavancar o negócio desde que pratiquem preços e prazos justos, além de boas condições de pagamento, oferta e distribuição. V. Controle dos estoques: significa a mensuração correta do potencial de vendas e do quanto se gasta para mantê-lo. VI. Estratégias de Marketing: representa a principal forma de comunicação entre a empresa e o mercado. Auxilia no posicionamento da marca e na estratégia de atuação da empresa. VII. Inovação de produtos e serviços: garantem características diferenciais que favorecem a manutenção da empresa no mercado, bem como pode representar um diferencial competitivo. VIII. Formação do empresário: o empreendedor deve sempre se preparar com o que há de mais moderno em seu ramo de atuação para poder UCDB VIRTUAL 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 oferecer produtos e serviços de vanguarda para os clientes. Além disso, é importante a formação continuada para permitir a visualização das melhores oportunidades de atuação no mercado. IX. Valores intrínsecos do negócio: investir em valores intrínsecos significa oferecer ao cliente mais do que mercadorias. Representa a solução das necessidades do cliente de maneira responsável com a própria sociedade e com o meio ambiente. A sustentabilidade do negócio depende desta característica. O empreendedorismo é mais do que um conjunto de características mentais e comportamentos delas decorrentes: significa um empenho de um indivíduo em encontrar as necessidades de uma sociedade e propor formas inovadoras de atendê-las. Para fazer isso, geralmente deve-se propor algo que não existe, ou melhorar significativamente o modo como o que já existe é oferecido. Não é tarefa simples. Mas o empreendedor pode se preparar para conseguir aliar o seu desejo de realização à formação de um novo negócio. Como isso é possível? Veremos a seguir. Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1 e a Atividade 1.1. UCDB VIRTUAL 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 O EMPREENDEDORISMO E O NOVO NEGÓCIO OBJETIVO DA UNIDADE: Descrever o que é um negócio. Descrever o que é uma empresa. Mostrar as oportunidades das pequenas empresas. Trabalhar ou ser dono do próprio negócio? A resposta para esta pergunta não é tão fácil para a maior parte das pessoas. Se, por um lado, a estabilidade de um emprego público ou a relativa segurança de um emprego em uma empresa privada atraem, por outro lado, ser dono do próprio negócio é sedutor para uma parte considerável das pessoas. Tanto em uma opção quanto em outra, há diversas vantagens e desvantagens. Mas o que atrai o empreendedor é justamente o conjunto de vantagens que se vislumbra ao assumir o próprio negócio. Qual é a parte boa? Um empreendedorestá sempre indo atrás de desafios e de superação. Esse é o combustível que move seus pensamentos e atos. Ao fazer o que gosta e acredita, o empreendedor opta pelo caminho da auto-motivação, pois constrói suas opções de atuação na sociedade, atuando naquilo que lhe dá prazer e satisfação pessoal. Ele se dedica, trabalha e colhe os frutos. É dono de sua agenda e escolhe como agir. Vê na sorte sua aliada. No preparo sua vantagem. No sucesso sua glória. E os riscos? Sem a cautela necessária, agindo com pressa, sem controlar os impulsos e a própria ansiedade, acreditando demasiadamente na própria ideia e na sua capacidade, o empreendedor pode negligenciar os passos básicos que sustentarão o seu empreendimento. É necessário muito bom senso, perseverança e cuidado para se abrir e se tocar um novo negócio. Essa unidade trata de negócios e empresas, suas características e importantes definições. É o mapa da mina para que o empreendedor tenha a exata noção de que, para implementar o seu sonho, é necessário saber como fazer. E o que fazer. UCDB VIRTUAL 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.1 O que é um Negócio? Há diversas definições na literatura a respeito do que seja um negócio. Uma das mais apropriadas está a seguir. Negócio é um esforço organizado por determinadas pessoas para produzir bens e serviços, a fim de vendê-los em um determinado mercado e alcançar recompensa financeira pelo seu esforço (CHIAVENATO, 2004, p. 22) Necessariamente, todo negócio deve envolver algum produto ou serviço, fornecedor e cliente. Além disso, deve ser formado a partir de uma cadeia de entradas de dados, processamento de informações e saídas de mercadorias, processos e comportamentos. É movido por uma necessidade social que deve ser atendida, possui trabalho e produz mercadorias justamente como forma de atender a tais necessidades. O termo negócio deriva da prática de intercambiar, negociar, mercadorias. As mercadorias, como ensina Marx (1867), são os resultados objetivos e materiais do trabalho humano transformando os produtos da natureza em produtos socialmente úteis, que serão trocados por outras mercadorias. E a principal delas é o dinheiro – também chamado de equivalente geral, por ser intercambiado por, virtualmente, qualquer outra mercadoria. Alguns negócios especializam-se na produção e comercialização de determinadas mercadorias. Essas são as empresas – que detalharemos mais tarde. Dentro de uma classificação mais apropriada para os fins do empreendedorismo, podemos agregar as mercadorias produzidas e negociadas conforme a seguinte figura: Figura 2 - Classificação das mercadorias e exemplos Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 2004, p. 23 UCDB VIRTUAL 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 O principal propósito de um negócio é a produção de mercadorias, sob a forma de produtos e serviços, que atendam a determinadas necessidades e desejos sociais. “Tais bens ou serviços são produzidos para estarem disponíveis em um mercado, que é o lugar, físico ou virtual, em que os compradores e os vendedores se localizam ou se reúnem para efetuar as suas transações” (CHIAVENATO, 2004, pp. 23-24). O interessante é notar que, nem sempre, quem produz é o mesmo que negocia ao consumidor final. Por consumidor final, entende-se aquele grupo de clientes – pessoas físicas, cidadãos comuns – que buscam nas empresas as mercadorias que satisfarão as suas necessidades. Há, também, os intermediários que, apesar de não necessariamente produzirem mercadorias, as compra do produtor e as vende para o consumidor final. Um negócio pode, portanto, atuar tanto na produção, quanto na distribuição, ou em ambas. De qualquer forma, a essência é que as negociações são, sempre, transferências de propriedades. A literatura traz dois tipos básicos de negócios (CHIAVENATO, 2004, p. 25): negócio industrial: produção, extração e construção; negócio comercial: marketing, finanças e serviços. Ainda de acordo com o mesmo autor, todo negócio envolve duas formas de capital: Os fundos de capital: moeda necessária para operar uma empresa Os bens de capital: equipamentos, técnica e tecnologia necessários para produzir e vender as mercadorias. O início de um novo negócio envolve diversos riscos. Como se trata de trabalho humano voltado para a produção de mercadorias, há riscos importantes, inerentes à existência ou não das necessidades dos clientes e o seu atendimento pelos atuais participantes do mercado. Além do mais, há riscos relacionados aos fornecedores, aos governos e diversos outros. Dentre eles, baseados na nossa experiência e nas indicações de Chiavenato (2004, p. 28-33), podemos destacar os principais fatores que devem ser considerados na formação de um negócio: 1. Macroambiente: o ambiente no qual um negócio está inserido é tão complexo quanto a própria vida; há múltiplos determinantes engendrados coordenados, cujas interações raramente temos a capacidade plena de apreender. Todas elas interferem de algum modo na dinâmica do desenvolvimento das atividades produtivas ou de negócios. Fazem parte do Macroambiente as seguintes variáveis: Variáveis econômicas: são aquelas relacionadas com o desenvolvimento geral da sociedade e suas próprias relações, manifestadas na disponibilidade de trabalho, renda e no próprio consumo. UCDB VIRTUAL 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Variáveis sociais: mais do que as relações de trabalho, refletem as conquistas de grupos específicos, acesso daqueles que antes não o tinham e melhores condições de vida proporcionadas pelo desenvolvimento, sobretudo, da educação. Variáveis tecnológicas: os incrementos produtivos proporcionados pelo desenvolvimento da técnica e da tecnologia revolucionam e transformam o modo como os negócios operam e conduzem sua atuação na sociedade. Variáveis culturais: arte, arquitetura, modos, costumes, influenciam no que o empreendimento vai oferecer e na maneira de se relacionar com os próprios funcionários e com a sociedade. Variáveis legais: as leis e normas que regem o local onde o negócio operará devem ser conhecidos e discutidos pelo empreendedor como forma de garantir a realização de suas atividades e evitar constrangimentos relacionados às autoridades. Variáveis demográficas: densidade populacional, perfil etário da população, migração, etc. auxiliam na configuração do portfólio de mercadorias oferecidas. Variáveis ecológicas: relacionam-se aos aspectos de sustentabilidade do negócio – trabalharemos a sustentabilidade com mais profundidade na unidade final deste material. 2. Microambiente: constitui-se como uma parte específica do ambiente em geral. É aqui que os negócios se relacionam mais diretamente com as necessidades as quais deverá atender. É dividido nos seguintes setores: Fornecedores: são as empresas ou indivíduos que fornecem recursos diversos para que se possam produzir as mercadorias que serão negociadas. Clientes ou consumidores: são as personagens para quem se destinam as principais atividades de qualquer negócio, pois é delas o conjunto das necessidades que se pretende atender. Concorrentes: são os negócios que disputam os mesmos clientes e suas necessidades ou desejos. Agências reguladoras: são as entidades que regulam os diversos aspectos do funcionamento das organizações, e são incumbidos de fiscalizar e monitorar o trabalho das empresas. São os representantes da própria sociedade, vinculados à sua representatividade (governo) que têm o trabalho de garantir a ordem. UCDB VIRTUAL 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 33352.2 O que é uma Empresa? A empresa nada mais é do que a materialização do negócio. É um conjunto de esforços empreendidos por diversas personagens para, de maneira sistemática e organizada, atender as necessidades das pessoas. E tal entidade é formalmente constituída e reconhecida no bojo de toda a organização social. Uma boa definição para o termo é a seguinte: Uma empresa é o conjunto de pessoas que trabalham juntas no sentido de alcançar objetivos por meio da gestão de recursos humanos, materiais e financeiros. Geralmente, as empresas são compostas de várias pessoas, embora existam empresas individuais, formadas por um só indivíduo. As pessoas juntam-se para atingir objetivos que isoladamente jamais conseguiriam alcançar, graças à colaboração (CHIAVENATO, 2004, p. 40). Fonte: http://migre.me/bhONb Ainda recorrendo à literatura (CHIAVENATO, 2004, p. 40), as empresas podem ter seus objetivos agrupados da seguinte maneira: 1. Objetivos diretos: produção ou venda de mercadorias e prestação de serviços. Para isso, a empresa organiza-se com recursos humanos (pessoas), materiais (máquinas, equipamentos...) e financeiros (dinheiro). 2. Objetivos indiretos: trata-se do lucro, que significa o excesso desejável de recursos – os mesmos citados anteriormente – face aos gastos realizados. O lucro é o que impulsiona o empreendedor a continuar – inclusive, aspectos relacionados à satisfação pessoal, como veremos posteriormente, dependem do lucro financeiro. O atendimento das necessidades para as quais a empresa foi criada também faz parte dos objetivos indiretos. Outros objetivos indiretos são a criação de oportunidades de emprego, a distribuição de lucros aos acionistas, pagamento de fornecedores, etc. UCDB VIRTUAL 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Os parceiros do negócio devem ser conhecidos e reconhecidos como aqueles que contribuem – muitas vezes incondicionalmente – para a formação e o funcionamento das empresas. Chiavenato (2004, pp. 41-42) mostra quem são os principais stakeholders: Acionista: investidor ou proprietário do negócio, que investe nele e espera um retorno do seu investimento; Empregado: administrador, gerente, funcionário, operário, que trabalha no negócio em troca de um salário ou participação nos resultados; Cliente: aquele que adquire os produtos /serviços reduzidos pelo negócio e que espera satisfação no seu uso ou consumo. O cliente é o tomador das saídas (resultados) do negócio; Fornecedor: é aquele que abastece o negócio dos insumos necessários para a produção das mercadorias que serão negociadas no mercado; Sociedade: comunidade ou governo, que criam as condições favoráveis ao negócio em troca de impostos ou contribuições. As empresas podem se classificar de diversas formas. Inicialmente, elencaremos o agrupamento das empresas de acordo com os tipos de negócios por elas oferecidos, seguindo o que foi apontado por (CHIAVENATO, 2004, pp. 42-43): 1. Comércio atacadista: empresa atacadista de medicamentos, de alimentos, de materiais de escritório, de materiais de construção, etc. 2. Construção: contratantes de edificações, engenharia de construção, serviços de manutenção de edifícios, etc. 3. Comércio varejista: lojas em geral, restaurantes, pizzarias, postos de gasolina, etc. 4. Serviços: agências de viagem, salões de beleza, escolas, etc. 5. Finanças, seguros, imobiliárias: agências de seguros, empresas corretoras de imóveis, etc. 6. Mineração: empresas de areia, cascalho, minas, etc. 7. Transporte e utilidades públicas: empresas de táxi, estações locais de rádio e tv, etc. 8. Manufatura: padarias, oficinas de automóveis, oficinas de bicicletas, etc. Stakeholders: Todo aquele que demonstra interesse, financeiro ou não, numa empresa. Reúne acionistas, credores, empregados, clientes, administradores, imprensa, comunidade, governo (BM&F BOVESPA, 2012). UCDB VIRTUAL 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Em relação ao tamanho das empresas, obedecem à seguinte classificação (SEBRAE/GO, 2012): No Estatuto da Micro e Pequena Empresa, de 1999, o critério adotado para conceituar micro e pequena empresa é a receita bruta anual, cujos valores foram atualizados pelo Decreto nº 5.028/2004 (BRASIL, 2004). São os seguintes: • Microempresa: receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco reais e quatorze centavos); • Empresa de Pequeno Porte: receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois reais). Atualmente, esses critérios são adotados em diversos programas de crédito do governo federal em apoio às MPE. No entanto, é importante ressaltar que “o regime simplificado de tributação - SIMPLES, que é uma lei de cunho estritamente tributário, adota um critério diferente para enquadrar micro e pequena empresa” (SEBRAE/GO, 2012). A Medida Provisória 275/05 (Brasil, 2005), cujos valores foram atualizados pelo Projeto de Lei da Câmara (PLC) 77/11 (Câmara dos Deputados, 2011), que ajusta a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa a Lei Complementar 123/06 (Brasil, 2006), são: • Microempresa: receita bruta anual igual passa de R$ 240 mil para R$ 360 mil; • Empresa de Pequeno Porte: receita bruta anual sobe de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões; • Empreendedor Individual: sobe de R$ 36 mil para R$ 60 mil; O SEBRAE (SEBRAE/GO, 2012) utiliza, ainda, o número de funcionários nas empresas para a classificação destas entidades: • Microempresa: na indústria e construção: até 19 funcionários; no comércio e serviços: até 09 funcionários. • Empresa de pequeno porte: na indústria e construção: de 20 a 99 funcionários; no comércio e serviços: de 10 a 49 funcionários. • Empresa de médio porte: na indústria e construção: de 100 a 499 funcionários; no comércio e serviços: de 50 a 99 funcionários. • Empresa de grande porte: na indústria e construção: 500 ou mais funcionários; no comércio e serviços: 100 ou mais funcionários. Agora que sabemos quais são as diferenças entre negócios e empresas, devemos entender quais são as principais medidas a serem tomadas para que o empreendedor possa UCDB VIRTUAL 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 escolher com mais segurança o negócio em que pretende atuar. Mas antes, é o momento de realizar os exercícios e atividades da unidade para melhor fixar o conteúdo. Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 2 e a Atividade 2.1. UCDB VIRTUAL 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 3 A ESCOLHA DE UM NEGÓCIO OBJETIVO DA UNIDADE: Descrever os passos iniciais que devem ser seguidos para escolher uma nova oportunidade de empreendimento. A escolha de um negócio é um dos passos mais importantes e difíceis no processo empreendedor. Não é simplesmente buscar um nicho de mercado em que certas necessidades ainda estão por atender, ou não são satisfeitas a contento. Nem somente encontrar uma atividade que traga prazer e satisfação pessoal para o empreendedor. Também não é unicamente encontrar uma oportunidade de ganhos expressivos em mercados em que ainda não há concorrentes fortemente estabelecidos. É uma mistura de tudo isso. E, às vezes, nada do que foi dito. O planejamento das atividades de empreendimento inicia-se pela identificação de uma necessidade que existe na sociedade. Delimitar as necessidades que precisam ser atendidaspermite que o empreendedor visualize o campo de ação possível, onde as soluções certas poderão ser oferecidas. Isso reduz o esforço do trabalho empregado para a formação e sustentação de um novo negócio e oferece mais segurança na condução do cotidiano da futura empresa. O início de um empreendimento é marcado pela identificação de uma necessidade social ainda não atendida ou não sanada a contento pelos atuais empreendimentos. Passa pela análise do que se quer oferecer para que se possa saciar os desejos e as necessidades dos mercados, identificando as melhores oportunidades de atuação e as soluções mais adequadas. Culmina com a elaboração de um plano estratégico contendo ações e possíveis cenários decorrentes destas. Só então é que se inicia o trabalho de fato. Mas o mercado é formado de múltiplos determinantes. Necessidades e desejos dos clientes buscam harmonia com as ofertas realizadas pelos empreendimentos existentes. Produtores entram em embate com fornecedores na busca de preços e condições de pagamentos mais favoráveis a cada um. Governos estabelecem uma delicada relação com as empresas firmando-se como sócios compulsórios, onde a maior tensão vem dos impostos e tributos estabelecidos pelos primeiros e questionados pelas últimas. Realmente um ambiente controverso e contraditório, mas que precisa ser encarado. UCDB VIRTUAL 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Se o planejamento do que se quer oferecer é essencial, a maneira como isso vai ser oferecido é vital. Nosso maior propósito ao longo desta Unidade é estudar as melhores formas de se estabelecer critérios para a escolha da melhor oportunidade de atuação de um novo empreendimento. 3.1 Identificando oportunidades Em um cenário de recuperação econômica e efetivo crescimento, onde o Brasil desponta como um dos principais celeiros de oportunidades entre as economias emergentes, o crescimento da renda da população, a estabilidade da moeda, o controle da inflação e as baixas taxas de juros têm um significado importante: mais oportunidades. E, em um país que se destaca na área de serviços, comércio e varejo como um todo, significa um momento de ricas oportunidades para as micro e pequenas empresas que se lançam no mercado ou que renovam e ampliam seus negócios. Identificar as oportunidades em meio a tantas possibilidades é, portanto, de grande importância. As mudanças na sociedade irão desenvolver na população novas necessidades. E é aí que o empreendedor bem informado e “sintonizado” com os acontecimentos pode encontrar sua oportunidade de ação. A seguir, apresentamos um roteiro que pode auxiliar na identificação de oportunidades, tornando mais efetiva a escolha da solução a ser oferecida ao mercado: Passo 1: Diferenciação entre a ideia e o negócio. A grande parte dos empreendedores acaba por considerar que uma ideia seja a mesma coisa que o negócio. Mas isso não é correto. O SEBRAE16 ensina que: Diferente do que muita gente pensa, uma ideia de negócio não significa uma oportunidade de negócio. Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro de uma necessidade de mercado. Ou seja, quando existem potenciais clientes (SEBRAE, s.d., p.4) 16 Guia do Empreendedor – Identificando Oportunidades, página 4. (SEBRAE, s.d., p. 4) UCDB VIRTUAL 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Isso significa que existe um grande gap entre a concepção de uma ideia e a sua real implementação, o que deve ser respeitado. Por mais que a oportunidade tenha sido identificada, o momento pode não ser propício para o lançamento do negócio. Primeiramente a ideia deve ser amadurecida na mente do empreendedor. Deve ter plena consciência do que quer oferecer e se isso, de fato, encontrará algum eco no mercado, ou seja, se haverá interesse por parte do público consumidor. Para saber isso, só tem um jeito: o empreendedor deve estudar o mercado. Estudar o mercado compreende uma série de atitudes e comportamentos. Deve-se procurar a imersão total onde se deseja atuar, para entender as reais necessidades e características do ambiente que se quer atingir. O futuro empreendedor pode começar a entrar neste mercado com medidas simples, mas poderosas: Fonte: http://migre.me/bMNpV Participar de atividades como feiras, exposições e eventos relacionados ao setor no qual se pretende atuar. Tais oportunidades permitem que o empreendedor esteja sempre alinhado com o que há de mais moderno e o que tem sido feito pelo mercado para atender as necessidades que interessam para a atuação do empreendimento. Entender a linguagem do segmento, buscando publicações especializadas, construindo uma rede de relacionamentos com participantes do setor, incluindo clientes, fornecedores e até concorrentes. Aprender a linguagem do mercado em que se pretende atuar ajuda o empreendedor a melhor se comunicar com o público de interesse. E, estabelecer um vínculo com quem pode alavancar o negócio é primordial. No mercado uma boa comunicação e uma boa rede de relacionamentos podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento. Buscar contato com as entidades que participam do setor, estudando sua forma de atuação, os dados que fornecem e as parcerias e apoios que estabelecem. Exemplos de entidades: Câmara de dirigentes lojistas, Associações Comerciais, Associações de Trabalhadores. Ali estão as informações mais importantes a respeito do comportamento do Gap: Hiato, espaço, abismo. UCDB VIRTUAL 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 mercado – fornecedores, clientes e concorrentes – e como fazer para acessar as valiosas linhas de crédito e o apoio jurídico. Participar de fóruns em internet de grupos de clientes dos produtos similares ou mesmo buscar informações no PROCON do seu Estado a respeito das principais reclamações dos produtos e serviços oferecidos. Ali sempre estão os erros que não podem ser repetidos quando o empreendedor decidir se lançar oficialmente no mercado. Aprender com os erros dos outros economiza tempo, dinheiro e uma enorme curva de aprendizagem17. E o empresário, que já atua no mercado, e deseja empreender uma nova ideia para aproveitar uma nova oportunidade, o que pode fazer? Não tem jeito: ele precisa estudar! O grande problema dos empresários já estabelecidos é que podem ficar acomodados com o mercado que já conquistaram. Assim, podem não prestar muita atenção no que os concorrentes antigos e os novos estão fazendo para conquistar a clientela e, pior ainda, podem começar a ignorar as reclamações e os pedidos específicos dos próprios clientes. O empresário deve, então, estar sempre atento aos tremores para identificar os terremotos! Passo 2: Compreensão sobre a necessidade do mercado. Vimos, no passo 1, que o empreendedor responsável precisa estudar o mercado. Tal qual uma pessoa somente conhece um país se nele vive, o empreendedor só vai entender o que se passa no mercado se ele vivê-lo com intensidade. Ao começar a se acostumar com a linguagem, os usos e os costumes de determinado segmento, é muito provável que o indivíduo comece a identificar necessidades das pessoas que integram aquele nicho18 que nem sequer imaginava. Os dados mostrados ainda na Unidade 1 chamam a atenção para o fato de que uma parte importante dos empreendedores, de fato, lança-se a novos negócios sem ao menos tentar conhecer os hábitos, prioridades, necessidades e desejos dos clientes. O SEBRAE (s.d., p. 9) elenca os principais pontos que o empreendedor deve observar e pesquisar com o máximo de profundidadepossível para que eleve as chances de 17 Trata-se da representação gráfica da taxa de aprendizagem relacionada a uma determinada atividade ou ferramenta. Tipicamente, o aumento na apreensão da informação é menor nos períodos iniciais e gradualmente aumenta quanto mais informações e experiências são processadas e retidas. (RITTER & SCHOOLER, 2002) 18 Adaptando para o estudo mercadológico o conceito da ecologia que diz que “o nicho é um conjunto de condições em que o indivíduo (ou uma população) vive e se reproduz. Pode se dizer ainda que o nicho é o modo de vida de um organismo na natureza” (Só Biologia, 2012) UCDB VIRTUAL 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 sucesso de suas iniciativas de novos empreendimentos. Esses pontos podem ser identificados e melhor estudados a partir das seguintes perguntas indicadas pelo SEBRAE em seus manuais direcionados ao empreendedor: Existe uma necessidade de mercado que não é suprida ou é suprida com deficiências? ual é a quantidade de potenciais clientes para este negócio ual é o seu perfil? Onde se localizam? uais são os principais concorrentes uais são os seus pontos fortes e fracos? Existem ameaças como, por e emplo, uma nova tecnologia que está prestes a entrar no mercado? E istem aspectos legais específicos que devem ser considerados? uais são os valores que o novo produto/serviço agrega para os clientes? uais são as vantagens que a empresa terá ao entrar no negócio? Será que o momento correto é realmente este? A oportunidade de negócio condiz com as e pectativas de lucro da empresa? ual é o investimento necessário? A empresa tem capacidade para isso? Tenho vontade pessoal de atuar neste negócio? Observe que as perguntas são de grande relevância para melhor entender as necessidades específicas de um determinado segmento de mercado. Elas refletem quais devem ser as principais preocupações antes mesmo de se iniciar a oferta de um produto ou serviço que corresponda à ideia inicial do empreendedor. Para responder a esses questionamentos, deve-se fazer o dever de casa, estudando muito e pesquisando o máximo possível os dados disponíveis nas prefeituras, Sindicatos, Associações, Câmaras de Dirigentes Lojistas, Universidades, fornecedores, parceiros e o próprio SEBRAE. O SEBRAE da Bahia relaciona as principais fontes de informação para o planejamento de um novo empreendimento: UCDB VIRTUAL 37 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quadro 2 - Fontes de informações para o planejamento do empreendimento Tipo de informações Fontes de pesquisa Informações gerais sobre o mercado escolhido • Estudos setoriais • Informações socioecon micas • Revistas e publicações técnicas especializadas Informações sobre fornecedores • Guias técnicos especializados • Catálogos telef nicos (páginas amarelas) • Catálogos de busca na Internet • Sindicatos e Associações Representativas de Classes Empresariais , marcas e patentes • Sites oficiais • INPI (www.inpi.gov.br) • Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT (www.respostatecnica.org.br) • Federações Empresariais • Universidades e Centros de Pesquisas • Biblioteca SEBRAE (www.biblioteca. sebrae.com.br) de empresa • Sites Oficiais do Ministério da Fazenda, Ministério do Trabalho, Meio Ambiente, Previdência Social (INSS), Secretarias Estadual e Municipal da Fazenda, Secretarias Estadual e Municipal do Meio Ambiente, unta Comercial, Organização de Cooperativas da Bahia, Agência Nacional de vigil ncia Sanitária • Boletins eletr nicos especializados Fonte: SEBRAE (2009, p. 9) Passo 3: Aproveitamento das oportunidades Depois de percorrer o longo caminho do estudo do mercado e identificar as necessidades dos potenciais clientes, chega um momento importante na vida do futuro empresário: o aproveitamento das oportunidades. Para aproveitá-las, a melhor maneira possível é praticar os principais ensinamentos da Ciência da Administração. Já vimos em outros momentos do estudo que a Administração nasceu no chão de fábrica. Mas foi criada nas duras condições do mercado. Isso significa que, apesar de sua gênese remeter aos conceitos intensamente praticados pelas Engenharias, a Administração entende que o mercado não é feito apenas da produção, mas que precisa do consumo para realizá-la. E, ao longo dos tempos, desenvolveu métodos contundentes para medir o interesse do mercado por uma mercadoria e criar as condições para que as vendas e os negócios ocorram. UCDB VIRTUAL 38 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A Teoria da Administração é vasta e traz diversos conceitos importantes. Os principais aplicados ao máximo aproveitamento das oportunidades são os seguintes, segundo Deming e modificado por Ishikawa (1985)19: I. Planejamento: refere-se às etapas classificadas por Ishikawa (1985) como “determinar os objetivos e metas” e “determinar os métodos para atingir as metas”. A etapa do planejamento é fundamental, pois é onde o empreendedor tentará identificar “o que será feito, como será feito, quanto irá custar, quem irá fazer, por que será feito e quando será feito. Pode até ser que neste momento seja detectado algum item que inviabilize a ação da empresa em relação ao aproveitamento da oportunidade” (SEBRAE, s.d., p.11). II. Implementação: é o que Ishikawa (1985) chama de “envolver-se em educação e formação” e “implementar o trabalho”. Aqui o indivíduo aprofundará seus conhecimentos sobre o mercado e sobre a própria solução que a este oferece. III. Acompanhamento: é o momento de “conferir os efeitos da e ecução” (1985). Aqui é de grande importância o acompanhamento do dono do negócio, pois é ele quem fará a comparação do que foi planejado com o que, de fato, ocorreu. IV. Correção: “Tomar as medidas adequadas” (ISHIKAWA,1985). Considerando que, como já foi dito, todo planejamento deverá ser feito a lápis, não a caneta, qualquer desvio de rota deve ser corrigido para que o trabalho não se perca e, os resultados positivos, apareçam. Resumindo, podemos considerar o seguinte ciclo referente à identificação e ao aproveitamento das oportunidades: Figura 3 - Ciclo de identificação e aproveitamento de oportunidades Fonte: Elaboração própria 19 Kaoru Ishikawa, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento industrial do Japão no século XX expandiu os quatro processos de Deming para seis, que seriam 1) Determinar objetivos e metas. 2) Determinar os métodos de atingir metas. 3) Envolver-se em educação e formação. 4) Implementar o trabalho. 5) Conferir os efeitos da execução. 6) Tomar as medidas adequadas. (ISHIKAWA, 1985) UCDB VIRTUAL 39 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 3.2 Passo a passo antes de iniciar o empreendimento Até agora vimos uma série de medidas que devem ser adotadas antes de se iniciar um negócio. Essas medidas deixam claro que o empreendedorismo é coisa séria, e não uma aventura. Então, diferentemente do que muitas pessoas possam imaginar, para se tirar um sonho de nossa mente e colocá-lo em prática, não basta apenas alugar um imóvel, comprar alguns produtos, montar um catálogo e iniciar as vendas. Aliás, essa prática tem mais chances de levar ao fracasso do que ao sucesso. Identificar as oportunidades de ação em um mercado foi o passo inicial – e imprescindível – para se empreender. Mas, depois de estudar o mercado, conhecer os clientes, suas necessidades
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