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CAIO Planilha Penal

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Tribunal
	Inform / Súm
	Tema
	Jurisprudência
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	Parte Geral
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	PRINCÍPIOS
	 
	 
	 
	 
	STF 1aT
	583
	P. Adequação Social - Produtos Piratas
	Inaplicável o P. da Adequação Social para declarar a atipicidade do delito de violação de direito autoral previsto art. 184, § 2º, do CP. O fato de a sociedade tolerar a prática da pirataria não implica dizer que o comportamento do paciente poderia ser considerado lícito. A violação de direito autoral e a comercialização de produtos “piratas” sempre fora objeto de fiscalização e repressão. Afirmou-se que a conduta causaria enormes prejuízos ao Fisco pela burla do pagamento de impostos, à indústria fonográfica e aos comerciantes regularmente estabelecidos.
	STJ 5aT / STF 1aT
	456 / 583
	P. da Adequação Social - DVD Pirata - Tipicidade
	surpreendidos por policiais quando comercializavam DVDs e CDs adulterados e reproduzidos com violação de direito autoral. A tese alegada de que a conduta do paciente é socialmente adequada não deve prosperar, pois o fato de que parte da população adquire referidos produtos não leva à conclusão de impedir a incidência do tipo previsto no art. 184, § 2º, do CP. - Não se reconhece o p. da adequação social, por não haver previsão no ordenamento jurídico.
	STF 1aT
	615
	P. da Adequação social - Favorecimento à prostituição (art. 229, CP) 
	Não compete ao órgão julgador descriminalizar conduta tipificada formal e materialmente pela legislação penal. Com esse entendimento, a 1ª Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de condenados pela prática do crime descrito na antiga redação do art. 229 do CP [“Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja ou não intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”]. A defesa sustentava que, de acordo com os princípios da fragmentariedade e da adequação social, a conduta perpetrada seria materialmente atípica, visto que, conforme alegado, o caráter criminoso do fato estaria superado, por força dos costumes. Aduziu-se, inicialmente, que os bens jurídicos protegidos pela norma em questão seriam relevantes, razão pela qual imprescindível a tutela penal. Ademais, destacou-se que a alteração legislativa promovida pela Lei 12.015/2009 teria mantido a tipicidade da conduta imputada aos pacientes. Por fim, afirmou-se que caberia somente ao legislador o papel de revogar ou modificar a lei penal em vigor, de modo que inaplicável o princípio da adequação social ao caso.
	STJ 6aT
	479
	P. da Subsidiariedade 
	 é aplicável o princípio da subsidiariedade, pelo qual a intervenção penal só é admissível quando os outros ramos do Direito não conseguem bem solucionar os conflitos sociais. Daí que, na hipótese, em que o ilícito toma contornos meramente contratuais e tem equacionamento no plano civil, não está justificada a persecução penal. 
	STJ 6aT
	423
	P. Exclusiva Tutela de Bens Jurídicos
	(em julgado que tratava da necessidade de exame pericial da arma para incidência da causa de aumento no roubo) o princípio da exclusiva tutela de bens jurídicos, imanente ao Direito Penal do fato, próprio do Estado democrático de direito, a tônica exegética passou a recair sobre a afetação do bem jurídico. Assim, reconheceu-se que o emprego de arma de brinquedo não representava maior risco para a integridade física da vítima; tão só gerava temor nela, ou seja, revelava apenas fato ensejador da elementar "grave ameaça".
	STF Pleno
	579
	P. Individualização da Pena
	Os doutrinadores compreendem que o processo de individualização da pena se desenvolve em três momentos individuados e complementares: o legislativo, o judicial e o executório ou administrativo, e que todas essas etapas do conceito individualizador seriam destinadas a garantir o axioma da pena particularizada ou rigorosamente personalizada.
	STJ 6aT
	441
	P. da Proporcionalidade - Desclassificação do crime
	Não é admissível ao julgador desclassificar um delito para outro de forma manifestamente contrária à lei, utilizando-se como fundamentos os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, por entender que a ação do acusado “não alcançou estágio mais avançado que pudesse causar maior resposta ao padrão da culpabilidade."
	 
	Questão TRF1
	P. Fragmentariedade
	D) A proteção de determinado bem jurídico selecionado pela norma penal é absoluta e prevalece sobre as demais formas de tutela normativa em razão do postulado da fragmentariedade ou subsidiariedade, porque, uma vez escolhido o bem jurídico pela norma incriminadora, torna-se indispensável a incidência desta, sempre, para coibir qualquer forma e grau de ofensa, restando às demais normas do ordenamento jurídico a tutela secundária.
(E) – GABARITO PRELIMINAR 
	STJ 6aT
	 
	Imputação objetiva - Princípio da Confiança - Autocolocação em perigo - Descaracterização do delito culposo
	O fundamento da responsabilidade pelo crime culposo reside na violação do dever objetivo necessário nas circunstâncias. In casu, tendo o motorista respeitado todas as regras de trânsito, surgindo o transeunte, de inopino, na via, provocando o seu próprio óbito, mostra-se ilegal o processo crime pela suposta prática de homicídio culposo. Tem-se, a um só tempo, o emprego dos princípios da confiança e da autocolocação da vítima em perigo, o que, à evidência, exclui a tipicidade do comportamento do condutor. (STJ, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza Moura, DJe de 22/03/2010)
	STJ 5aT
	 
	Imputação Objetiva - Autocolocação em perigo
	3. Por outro lado, narrando a denúncia que a vítima afogou-se em virtude da ingestão de substâncias psicotrópicas, o que caracteriza uma autocolocação em risco, excludente da responsabilidade criminal, ausente o nexo causal.
4. Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos agentes de uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa.
5. Associada à teoria da imputação objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da confiança, as pessoas se comportarão em conformidade com o direito, o que não ocorreu in casu, pois a vítima veio a afogar-se, segundo a denúncia, em virtude de ter ingerido substâncias psicotrópicas, comportando-se, portanto, de forma contrária aos padrões esperados, afastando, assim, a responsabilidade dos pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a atipicidade da conduta.
6. Ordem concedida para trancar a ação penal, por atipicidade da conduta, em razão da ausência de previsibilidade, de nexo de causalidade e de criação de um risco não permitido, em relação a todos os denunciados, por força do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal. (STJ, Quinta Turma, HC 46525, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 10/04/2006)
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
	 
	 
	 
	 
	 
	Questão TRF1
	P. Insignificância
	B) O princípio da insignificância tem incidência, apenas, nas condutas tipificadas como infração penal de menor potencial ofensivo, que, por si só, possuem valoração legislativa acerca do desvalor da ação e do resultado, por meio da proporcional e adequada reprimenda à lesão ao bem jurídico protegido, sendo este o substrato legal na aplicação do princípio. Os demais crimes, por serem social e penalmente relevantes, afastam a incidência do referido princípio.
(E) – GABARITO PRELIMINAR 
- o princípio da insignificância não tem aplicação restrita às infrações penais de menor potencial ofensivo.
	STJ
	441
	P. Insignificância - Momento de análise -Autoridade policial x judicial
	O juízo acerca da incidência do princípio da insignificância não deve ser realizado pela autoridade policial, mas em momento posterior pelo Poder Judiciário, de acordo com as circunstâncias atinentes ao caso concreto.
	STJ 6aT
	376
	P. Insignificância - Requisitos
	Para fazer incidir o P. da Insignificância são necessários 4 requisitos: mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada
	STJ 6aT
	404
	P. Insignificância - Maus antecedentes
	O princípio da insignificância exclui a tipicidade a ponto de tornar irrelevantes aspectos subjetivos para sua aplicação. Assim, pode ser aplicado mesmo quando o réu ostenta maus antecedentes.
	STJ 5aT
	361
	P. Insignificância - 
	Apesar de os bens furtados totalizarem pouco mais de noventa reais, não há que se aplicar o princípio da insignificância, posto que uma das vítimas é pessoa humilde, de poucas posses.
	STF 2aT
	592
	P. Insignificância - Atos infracionais 
	Aplica-se o Princípio da Insignificância em relação a atos infracionais análogos a crimes.
	STJ 5aT
	477
	P. Insignificância - Atos infracionais - Reiteração
	Assim, para a aplicação do mencionado princípio, deve-se aferir o potencial grau de reprovabilidade da conduta e identificar a necessidade de utilização do direito penal como resposta estatal. Se assim é, quanto à pessoa que comete vários delitos ou comete habitualmente atos infracionais, não é possível reconhecer um grau reduzido de reprovabilidade na conduta.
	STF 2aT
	Info 616
	P. Insignificância 
	Reconhecimento da incidência do princípio da insignificância em relação aos agentes civis que estavam sendo acusados de subtração de cápsulas de projéteis deflagrados e fragmentos de chumbo de estande de tiros do Exército, onde teriam adentrado após arrombar cerca de arame (objeto do furto fora avaliado em R$ 18,88).
	STF 1aT
	592 641
	Apropropriação Indébita Previdenciária (art. 168-A) - P. Insignificância
	Tendo em conta o valor supra-individual do bem jurídico tutelado, não obstante o pequeno valor das contribuições sonegadas à Previdência Social, é incabível a incidência do Princípio da Insignificância. Info 641: Aduziu-se tratar-se de apropriação indébita e não de débito fiscal, haja vista que houvera o desconto de contribuições não repassadas à entidade previdenciária. Portanto, o caso seria distinto daquele em que a jurisprudência do STF autoriza a incidência do referido postulado por ser dispensada pela administração tributária a exigibilidade judicial da exação para o crime de sonegação fiscal.
	STJ 6aT
	429
	P. Insignificância - Seguro-desemprego
	Recebimento indevido de parcelas de seguro-desemprego - crime descrito no art. 171, § 3º, do CP. Como violado um valor que pertence ao Poder Público, independentemente do quantum, não se pode aplicar o princípio da insignificância às fraudes contra o programa de seguro-desemprego. (por maioria)
	STF 1aT
	639
	P. Insignificância - Furto (art. 155, CP)
	não houve aplicação do princípio da insignificância em relação ao furto de prêmio artístico. O acusado praticara o delito com invasão de domicílio e ruptura de barreira, o que demonstraria tanto a sua ousadia quanto o alto grau de reprovabilidade do seu comportamento. Aduziu-se que aquela conduta, por si só, não se enquadraria dentre os vetores que legitimariam a aplicabilidade do referido postulado. Asseverou-se, ainda, que o objeto subtraído seria dotado de valor inestimável para a vítima. Reputou-se não ter havido a restituição, porquanto o agente fora encontrado nas imediações do local do delito, logo após a ocorrência deste.
	STJ 6aT
	AgRg no HC 214673
	P. Insignificância - Furto - Arrombamento de veículo
	Jurisprudência majoritária tem rejeitado a invocação do princípio da insignificância em casos de arrombamento de veículo automotor - o que, aliás, consubstancia furto qualificado (CP, art. 155, § 4º, I). Segundo o STJ, “o arrombamento de veículo automotor, com o objetivo de furtar objetos em seu interior, revela lesividade suficiente para justificar uma ação penal”.
	STJ 6aT
	481
	P. Insignificância - Furto (art. 155, CP)
	não houve aplicação do princípio da insignificância em relação ao furto de R$ 120,00 praticado por empregada doméstica em decorrência do abuso de confiança da conduta. Também foi levado em consideraçao o valor do salário mínimo da época (R$ 300,00).
	STJ 5aT
	439
	P. Insignificância - Roubo (art. 157, CP)
	É inviável a aplicação do princípio da insignificância (criado por Claus Roxin, 1964) em crimes perpetrados com violência ou grave ameaça à vítima, não obstante o ínfimo valor da coisa subtraída. Acréscimo doutrinário: há uma tese moderna de atipicidade relativa, segundo a qual, no caso de roubo, poderia haver a desclassificação, mediante aplicação do p. da insignificância, para o crime de ameaça (art. 147)
	STF 1aT
	595
	P. Insignificância - Roubo (art. 157, CP)
	É inaplicável o princípio da insignificância ao delito de roubo, ainda que seja ínfima a quantia subtraída (R$ 3,25).
	STF 2aT
	642
	Princípio da insignificância e rompimento de obstáculo
	Na linha da jurisprudência firmada pela 2ª Turma, ratificou-se a inviabilidade da incidência do postulado da insignificância aos delitos contra o patrimônio praticados mediante ruptura de barreira.
	STJ 6aT
	475
	P. Insignificância - Receptação (art. 180, CP) - Celular
	A 6aT do STF aplicou o princípio da insignificância na hipótese de receptação de um celular avaliado em R$ 55,00, mas adquirido pelo paciente por R$ 10,00.
	STF 1aT / 2aT / STJ 5aT
	548 / 622 / 437
	P. Insignificância - Moeda falsa (art. 289, CP)
	Impossibilidade. O delito de moeda falsa não abriga a possibilidade de aplicação do P. da Insignificância, posto que o bem jurídico tutelado é a fé pública, não podendo ser aferido pelo valor apreendido (a 1aT do STF tem o seguinte paradigma para aplicar a insignificância: a) a falsificação grosseira, b) a inexpressividade da lesão jurídica causada, e c) o fato de ter sido apreendida uma nota falsa no valor de R$ 5,00 em meio a outras notas verdadeiras - note-se que a falsificação grosseira descaracteriza o crime para estelionato, que é contra o patrimônio, saindo do óbice de inaplicabilidade da insignificância em crimes contra a fé pública).
	STF / STJ
	624/ 471 / 473
	P. Insignificâcia - Administração pública
	Posição tradicional: Sempre se sustentou, em doutrina e em jurisprudência que o referido princípio não poderia ser aplicado, em razão do bem jurídico tutelado pela norma, isto é, nesses delitos, o bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa, e, não, o patrimônio. Justamente em razão da magnitude do bem tutelado, nenhuma lesão nele provocada pode ser considerada insignificante.
STJ 5aT Info 473; Info 471 - impossibilidade de aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública.
Manifestações recentes: Entretanto, nos últimos meses, os Tribunais Superiores têm se manifestado de forma não uníssona sobre o tema, gerando, inclusive, controvérsia entre o STF e o STJ.
STF Info 624: possibilidade. (obs.: há julgamentos aplicando no caso de crimes militares)
CESPE - AGU/2012 - Impossibilidade - É inaplicável o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública, pois a punição do agente, nesse caso, tem o propósito de resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. - VERDADEIRO
	STJ 2aT
	376
	P. Insignificância - Administração pública
	Não existe ofensa insignificante ao princípio da moralidade.
	STF 1aT
	551
	P. Insignificância - Ordem tributária - Descaminho (art. 334, CP)
	O art. 20 da Lei 10.522/2002 determina o arquivamento das execuções fiscais, sem cancelamento da distribuição, quando os débitos inscritos como dívida ativa da União forem iguais ou inferiores a R$ 10.000,00 (dezmil reais) — valor este resultante da modificação pela Lei 11.033/2004. Salientou-se que a jurisprudência do STF é firme no sentido da incidência do princípio da insignificância quando a quantia sonegada não ultrapassar o valor estabelecido no mencionado dispositivo, o que implicaria falta de justa causa para ação penal pelo crime de descaminho. Ademais, aduziu-se que a existência de procedimento criminal — arquivado — por fatos similares não se mostraria suficiente para afastar o aludido princípio, tendo em vista o caráter objetivo da regra estabelecida por esta Corte para o efeito de se reconhecer o delito de bagatela. No Info 552: Registrou-se a necessidade de uma maior reflexão sobre a matéria, de modo a não se afirmar, sempre, de forma objetiva, a caracterização do princípio da insignificância quando o valor não seja exigível para o Fisco, devendo cada caso ser analisado conforme suas peculiaridades (contra o patrimônio privado, não há especificação objetiva do valor – seria irrazoável e incoerente fazê-lo quando em detrimento da coisa pública). 
	STJ 3aS
	420 Rec Rep
	P. Insignificância - Ordem tributária - Descaminho (art. 334, CP)
	Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de descaminho quando os delitos tributários não ultrapassam o limite de R$ 10 mil (art. 20 da Lei n. 10.522/2002).
a jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que o PIS e a COFINS não devem ser considerados na composição do tributo iludido no caso de crime de descaminho, uma vez que o art. 2º, III, da Lei 10.865/04 (PIS/COFINS-importação) prevê que tais contribuições não incidem sobre bens estrangeiros que tenham sido objeto da pena de perdimento, como se dá na hipótese de tal delito. AgRg no REsp 1275827
	STF 1aT
	606
	P. Insignificância - Ordem tributária - Descaminho (art. 334, CP)
	a 1ª Turma, ante o empate na votação, concedeu habeas corpus para reconhecer a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho (CP, art. 334, § 1º) e trancar a ação penal ao fundamento de que o referido postulado emergiria do valor sonegado diante da grandeza do Estado e do custo de sua máquina, não se compreendendo movimentá-la para cobrar o tributo devido. No caso, houvera a apreensão de bebidas cujo valor estimado totalizaria o montante de R$ 2.991,00
	STF 1aT / STJ 5aT
	603; 635 / 478
	P. Insignificância - Descaminho (art. 334, CP) - Reiteração criminosa / habitualidade
	Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de condenado pela prática do delito de descaminho (CP, art. 334), no qual se pretendia o trancamento de ação penal, por atipicidade da conduta, com base na aplicação do princípio da insignificância, pois o tributo devido seria inferior a R$ 10.000,00. Considerou-se que, embora o tributo elidido totalizasse R$ 8.965,29, haveria a informação de que o paciente responderia a outro processo — como incurso no mesmo tipo penal — cujo valor não pago à Fazenda Pública, considerados ambos os delitos, seria de R$ 12.864,35. Destacou-se estar-se diante de reiteração de conduta delitiva, pois o agente faria do descaminho seu meio de vida, daí a inaplicabilidade do referido postulado. 
 
STF 1aT Info 635: assinalou-se que não se aplicaria o aludido princípio quando se tratasse de parte reincidente, porquanto não haveria que se falar em reduzido grau de reprovabilidade do comportamento lesivo. 
 
STJ 5aT Info 478: afastada a incidência do princípio da insignificância na hipótese em que havia habitualidade na prática do crime de descaminho, ainda que o valor apurado do tributo tenha sido inferior a R$ 10 mil.
	STF 2aT
	447
	Produto impróprio para consumo (art. 7o, IX, L 8.137/90) - P. Insignificância
	único julgado do STF sobre o tema entendeu pela inaplicabilidade do princípio da insignificância no crime do art. 7o, IX da Lei 8.137/90.
	STJ 6aT
	421
	P. Insignificância - Lei de Drogas - Porde de entorpecente
	Foi encontrado com o paciente apenas 1,75 gramas de maconha, porém isso não autoriza aplicar o princípio da insignificância ao delito de porte de entorpecentes, pois seria equivalente a liberar o porte de pequenas quantidades de droga contra legem. (Creio que a idéia é a não aplicação da insignificância para crime de perigo abstrato)
	STF
	616
	P. Insignificância - Lei de Drogas - Porte de entorpecente
	STF não reconhece a aplicação do p. da insignificância pelo crime de uso de drogas (o caso era de porte de 0,5 grama de maconha).
	STJ - 6aT
	445
	P. Insignificância - Tráfico
	Segundo precedentes do STF e do STJ, o delito de tráfico de drogas não comporta a incidência do princípio da insignificância, visto que se cuida de delito de perigo abstrato praticado contra a saúde pública. Dessa forma, para esse específico fim, é irrelevante a pequena quantidade da substância apreendida (no caso, 0,2 decigramas de crack). 
	STF 2aT
	595
	P. Insignificância - Posse de droga - Militar
	Enquanto não decidido pelo Pleno o tema relativo à aplicação do P. da Insignificância ao crime militar de porte de substância entorpecente, a Turma está concedendo HC com base na jurisprudência anterior que admite o P. da Insignificância na espécie.
	STF - Plenário
	605
	P. Insignificância - Drogas - Militar
	A posse, por militar, de reduzida quantidade de substância entorpecente em lugar sujeito à administração castrense (CPM, art. 290) não autoriza a aplicação do princípio da insignificância. Reputou-se que o uso de drogas e o dever militar seriam inconciliáveis, dado que a disposição em si para manter o vício implicaria inafastável pecha de reprovabilidade cívico-profissional por afetar tanto a saúde do próprio usuário quanto pelo seu efeito no moral da corporação e no conceito social das Forças Armadas. Aduziu-se que a hierarquia e a disciplina militares não atuariam como meros predicados institucionais, constituindo-se, ao revés, em elementos conceituais e “vigas basilares” das Forças Armadas. Enfatizou-se, nesse ponto, que o maior rigor penal da lei castrense, na hipótese, se harmonizaria com a maneira pela qual a Constituição dispusera sobre as Forças Armadas.
	STF 2aT
	612
	P. Insignificância - Peculato-furto - Militar
	 2ª Turma entendeu pela não aplicação do princípio da insignificância em conduta de um sargento do Exército (reduzido valor das coisas furtadas: 100 cartuchos de munição para fuzil calibre 7,62 x 51 mm, 1 caixa de chumbinho e 8 cartuchos calibre 9 mm, tudo avaliado em R$ 193,05). Considerou-se que a lesividade da conduta não deveria ser analisada exclusivamente sob o aspecto econômico e patrimonial, porquanto o delito perpetrado pelo paciente, peculato-furto, atentaria também contra a Administração Militar (Título VII, Capítulo II, do CPM)
	STF 1aT
	640
	P. Insignificância - Peculato-furto - Militar
	1aT do STF aplicou o princípio da insignificância em favor de militar denunciado pela suposta prática do crime de peculato-furto (gêneros alimentícios na posse do paciente, avaliados em R$ 215,22). Consignou-se que a jurisprudência do STF, mesmo no caso de delito militar, admite a aplicação do aludido postulado desde que, presentes os pressupostos gerais, não haja comprometimento da hierarquia e da disciplina exigidas dos integrantes das forças públicas. Ressaltou-se, por fim, que na situação dos autos, não houvera lesividade ao patrimônio, pois os bens permaneceram no local. No tocante à hierarquia e à disciplina, assinalou-se que estas não foram comprometidas, uma vez que ocorrera o desligamento do denunciado das Forças Armadas.
	STF 1aT
	643
	P. Insignificância - J. Militar
	não é aplicável no âmbito da justiça militar sob pena de afronta à autoridade e à hierarquia.
	STJ 5aT
	443
	P. Insignificância - Prefeito
	Inaplicável o princípio da insignificância aos crimes praticados por prefeito (DL 201/67), em razão de sua responsabilidade na condução dos interesses da coletividade. A conduta esperada de um chefe da Administração municipal é a obediência aos mandamentos legais, com a obrigatoriedade de agir sempre pautado emvalores éticos e morais.
	STJ - 5aT
	449
	P. Insignificância - reprovação da conduta impossibilitando
	denegou a ordem de habeas corpus a paciente condenado por tentativa de furto de um cartucho de tinta para impressora avaliado em R$ 25,70. Segundo o Min. Relator, não obstante o ínfimo valor do bem que se tentou subtrair, o alto grau de reprovação da conduta não permite a aplicação do princípio da insignificância, pois perpetrada dentro da penitenciária em que o agente cumpria pena por crime anterior, o que demonstra seu total desrespeito à atuação estatal.
	STJ - 6a T
	 
	P. Insignificância e funcionamento de estação de rádio
	é penalmente insignificante, dúvida não há, o funcionamento de estação de rádio no período de dois meses entre o vencimento de licença ambiental e a concessão, em definitivo, de nova autorização pela autoridade administrativa. (questão do TRF5)
	STF STJ
	 
	P. Insignificância - Lei de Drogas
	apesar de ínfima, não autoriza o acionamento do princípio da insignificância. É que a jurisprudência do STJ e do STF se mostra avessa a falar-se em bagatela diante de crimes relativos a entorpecentes, mesmo em se tratando do uso próprio (art. 28), para o qual, aliás, a lei já se incumbiu de prever penas sobremaneira leves e voltadas mormente a que o delinqüente abandone o seu sombrio vício. Quanto ao STF, convém lembrar que, embora já tenha falado em insignificância diante da posse ínfima de entorpecentes – para uso próprio - em estabelecimento militar (v.g., Segunda Turma, HC 97131, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 26/08/2010), evoluiu nessa jurisprudência (cf. Tribunal Pleno, HC 103684, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 12/04/2011) e hoje – seja na caserna ou fora dela – apresenta forte tendência inibitória à invocação de tal princípio em se tratando de substâncias entorpecentes, do que são prova os seguintes precedentes:
PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 28 DA LEI 11.343/2006. PORTE ILEGAL DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. ÍNFIMA QUANTIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO. EXISTÊNCIA. CRIME DE PERIGO ABSTRATO OU PRESUMIDO. PRECEDENTES. WRIT PREJUDICADO. (...) III – No caso sob exame, não há falar em ausência de periculosidade social da ação, uma vez que o delito de porte de entorpecente é crime de perigo presumido. IV – É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que não se aplica o princípio da insignificância aos delitos relacionados a entorpecentes. V – A Lei 11.343/2006, no que se refere ao usuário, optou por abrandar as penas e impor medidas de caráter educativo, tendo em vista os objetivos visados, quais sejam: a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. VI – Nesse contexto, mesmo que se trate de porte de quantidade ínfima de droga, convém que se reconheça a tipicidade material do delito para o fim de reeducar o usuário e evitar o incremento do uso indevido de substância entorpecente. VII – Habeas corpus prejudicado. (STF, Primeira Turma, HC 102940, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 05/04/2011)
PORTE DE ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA INERENTE À NATUREZA DO DELITO PREVISTO NO ART. 28 DA LEI Nº 11.343/06. TIPICIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO DEMONSTRADO. (...) 2. Ainda no âmbito da ínfima quantidade de substâncias estupefacientes, a jurisprudência desta Corte de Justiça firmou entendimento no sentido de ser inviável o reconhecimento da atipicidade material da conduta também pela aplicação do princípio da insignificância no contexto dos crimes de entorpecentes. 3. Ordem denegada. (STJ, Quinta Turma, HC 174361, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 28/03/2011)
	STF 1aT
	655
	Drogas - P da Insignificância - Usuário - POSSIBILIDADE
	Segundo a 1ª Turma do STF, é possível a aplicação do princípio da insignificância para o crime de porte de droga para consumo próprio (art. 28 da Lei 11.343/2006) - (acusado foi pego levando consigo 0,6g de maconha)
Argumentos utilizados pelo Relator:
 · A privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes fossem essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados são expostos a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. 
· Deste modo, o direito penal não deve se ocupar de condutas que produzam resultados cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes — não representam, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.
 Questão processual interessante: Mesmo não podendo receber pena privativa de liberdade, é possível que o processado ou condenado pelo art. 28 da Lei n.° 11.343/2006 possa impetrar habeas corpus? O STF entendeu que, mesmo sem haver qualquer risco de o réu ser preso por conta do art. 28 da Lei n.° 11.343/2006, ele poderia impetrar habeas corpus. Desse modo, atenção, porque é muito importante: cabe habeas corpus no caso de réu processado ou condenado pelo art. 28 da lei de drogas, mesmo não havendo risco, ainda que potencial, de que seja preso. HC 110.475-SC (INFO 655)
	STJ - 6a T
	491
	P. Insignificância. Militar
	Não se aplica o princípio da insignificância a policial militar que furta certa quantidade de gasolina de uma viatura oficial da Polícia Militar para veículo de propriedade dele.
	STF 1aT
	661
	P. Insignificância - saques FGTS
	Não se aplica o princípio da insignificância para o caso de estelionato praticado por meio de saques irregulares de contas do FGTS, causando prejuízo superior a um salário mínimo segundo o valor na época do fato. 
A referida conduta é dotada de acentuado grau de desaprovação pelo fato de ter sido praticada mediante fraude contra programa social do governo que beneficia inúmeros trabalhadores. 
	STF 2aT
	663
	P. Insignificancia - receptação qualificada
	Não se aplica o princípio da insignificância ao delito de receptação qualificada (art. 180, § 1º) no qual foi encontrado, na farmácia do réu, exposto à venda, medicamento que deveria ser destinado ao fundo municipal de saúde. 
	STF 1aT
	670
	P. Insignificância - parâmetros
	Não é insignificante o furto qualificado de um bem avaliado em 30% do salário mínimo vigente à época do fato.
Não é insignificante o furto qualificado de um bem avaliado em 50% do valor da cesta básica vigente na cidade na época do fato
	STF 1aT
	670
	P. Insignificância - não aplicação no caso de policial militar
	Se a conduta criminosa é praticada por policial militar ela é revestida de maior reprovabilidade, de modo que isso poderá ser levado em consideração para negar a aplicação do princípio da insignificância.
Caso de uso de doc. falso por PM da reserva para não pagar passagem de R$48,00.
	
	
	
	
	
	ORAL TRF2
	PRINCÍPIOS
	4) Quais as duas modalidades de subsidiariedade? Sempre está expresso no Código?
Resposta:
Pelo princípio da subsidiariedade, a norma dita subsidiária é considerada, na expressão de Hungria, como um “soldado de reserva”, é dizer, na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave.
Ela pode ser expressa ou tácita. Diz-se expressa quando a própria lei faz sua ressalva, mediante emprego de locuções como: “se o fato não constitui crime mais grave”, v.g. disparo de arma de fogo (art. 15 da lei 10.826/03). Será tácita quando a lei residual não condiciona, taxativamente, a sua aplicação em caso de impossibilidade de incidência da primária. Ex: Estupro (art. 213, CP) e constrangimento ilegal (art. 146, CP).
Assim, conclui-se que, nem sempre, a subsidiariedade será expressa na Lei Penal.
	
	ORAL TRF1
	
	2) Indique quatroprincípios penais constantes na Constituição.
Resposta:
Princípio da individualização da pena, princípio da reserva legal, princípio da anterioridade e o princípio da intranscendência da pena.
	
	ORAL TRF1
	
	3) Qual a diferença entre interpretação analógica e analogia?
Resposta:
Analogia é uma forma de integração da lei penal. Utilizando-se da analogia, o exegeta aplica a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante, desde que não prejudique o réu, em atenção ao princípio da legalidade. Assim, admite-se apenas a analogia in bonam partem.
Já a interpretação analógica consubstancia meio de interpretação, recorrível quando a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. Com efeito, a norma casuística serve de norte ao exegeta. A interpretação analógica difere-se da interpretação extensiva na medida em que, nesta, o legislador não nos fornece o padrão (fórmula casuística) a ser seguido, em que pese a necessidade de se ampliar o alcance da norma. Por fim, na interpretação analógica admite-se que seja feita in malam partem.
	
	ORAL TRF1
	
	4) Porque se atribui à norma penal o caráter de ultima ratio?
Resposta:
Por ser a liberdade do homem um dos seus bens mais preciosos, apenas justifica-se a supressão do seu status libertatis quando, de fato, estivermos diante de ofensas a bens juridicamente relevantes para a sociedade, em que outros ramos do direito se mostrarem insuficientes e não se revelaram eficientes para punir o agente.
Portanto, o DP deve interferir o mínimo possível na vida em sociedade, por isso se diz que será a ultima ratio, também chamado de “princípio da intervenção mínima.”
Fruto da ascensão da burguesia, cuida-se de um típico princípio liberal, tanto que se encontra nas obras dos mais importantes pensadores do liberalismo, tais como John Locke, Montesquieu, Rousseau e Beccaria.
	
	ORAL TRF1
	
	5) Qual a diferença entre o “ser do direito” no Direito Penal e o “ser do direito” na Sociologia?
Resposta:
A Sociologia preocupa-se, basicamente, como os fatores externos, sociais, que influenciaram o indivíduo a praticar uma infração penal, bem como com suas conseqüências para a coletividade, tudo isso com escopo de explicar tais “defeitos de socialização”. Para Ferri, um dos baluartes da Escola Positiva, um dos movimentos criminológicos do Direito Penal, apontada como o criador da Sociologia Criminal, o delito não era produto exclusivo de nenhuma patologia individual. Para ele o delito era resultado da contribuição de diversos fatores: individuais, físicos e sociais.
Na tese de Ferri, “o delito é um fenômeno social, com uma dinâmica própria e etiologia específica, na qual predominam os fatores sociais”. A pena, por si só, seria ineficaz, precisa vir antecedida ou acompanhada das adequadas reformas econômicas, sociais, entre outras. Já o Direito Penal preocupa-se com o indivíduo após o cometimento do delito, como irá puni-lo e ressocializa-lo, sendo irrelevante tais aspectos sociais. Contudo, anote-se, que há corrente que defende uma “co-culpabilidade” no direito penal, entendida esta como a parcela de culpa da sociedade que deixa de fornecer os meios suficientes para o desenvolvimento do ser, cuja a influência do meio social compromete a autodeterminação do indivíduo. Assim, sua reprovabilidade deve ser atenuada.
	 
	 ORAL TRF2
	 
	 2) O que é o princípio da alternatividade?
Resposta:
É um dos princípios que se propõem a resolver um concurso aparente de normas. Significa que “o agente só será punido por uma das modalidades inscritas nos chamados crimes de ação múltipla (tipos mistos alternativos, conteúdo variado), embora possa praticar duas ou mais condutas do mesmo tipo penal.” Um exemplo clássico é o art. 33 da lei 11.343/06, cuja cabeça do artigo prevê diversos núcleos v.g. importar, fabricar, transportar. Ainda que realize todas as condutas descritas no tipo, praticará o crime uma única vez, desde que, evidentemente, trate-se da mesma droga, no mesmo contexto fático. Dessarte, se o mesmo sujeito importa cocaína, transporta ópio e vende heroína, responderá por três crimes distintos, em concurso material.
Por fim, parte da doutrina entende ser a alternatividade a consunção que se realiza no interior de um mesmo tipo penal, de sorte que aquela teria sua função esvaziada. É o entendimento de Nélson Hungria e Aníbal Bruno.
	
	ORAL TRF2
	
	5) Quais os critérios de interpretação da lei penal? É possível analogia em lei penal? Há diferença entre interpretação analógica e analogia?
Resposta:
Os critérios de interpretação podem ser divididos quanto ao sujeito de que emana, quanto aos meios que são utilizados para alcançá-la e, ainda, quanto aos resultados.
No que pertine ao sujeito, pode ser autêntica (pela própria lei), doutrinária (pelos estudiosos – v.g. exposição de motivos do Código) e judicial (aplicadores do Direito – v.g. súmulas vinculantes). Já quanto aos meios, pode ser literal (real significado das palavras), teleológica (finalidade da lei), sistemática (análise do dispositivo no sistema que ele está contido, e não isoladamente) e histórica (busca dos fundamentos de sua criação no passado, considerando o momento social da época). Por fim, quanto ao resultado, pode ser declaratória (não amplia nem restringe o alcance da norma), extensiva e restritiva, que alarga ou diminui o alcance da lei, respectivamente. A analogia, forma de integração da norma, onde o exegeta aplica a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante, desde que não prejudique o réu, em atenção ao princípio da legalidade. Assim, admite-se apenas a analogia in bonam partem. Difere-se da interpretação analógica por ser esta um método de interpretação. Há quem sustente que esta última pode ser in malam partem.
	
	ORAL TRF5 - 2012
	
	02) É possível o emprego na analogia no direito penal?
Resposta:
Sim, desde que de forma favorável ao réu. Isso porque a analogia é regra de integração da legislação que só é admissível in bonan partem. Situação diversa ocorre com a interpretação analógica, que é modo de interpretação admissível na seara penal em desfavor do réu, onde o dispositivo enumera exemplos e conclui de forma genérica fazendo extensão do tipo a casos semelhantes.
	
	ORAL TRF2
	
	6) Existe parte geral na parte especial do CP?
Resposta:
Algumas matérias, que ordinariamente são tratadas na parte geral do CP, foram inseridas na parte especial do Código. Isto ocorreu quando o próprio tipo penal o exigia, v.g. causas especiais de aumento e diminuição da pena, normas penais não incriminadoras (art. 327), causas de isenção de pena (art. 181), espécies de ações penais. Não há propriamente uma parte geral dentro da especial, eis que a primeira, na maioria das vezes, complementa de forma satisfatória o tipo penal previsto na parte especial. Contudo, quando previstas “normas generalizantes” dentro do próprio tipo penal, penso que esta deve ser observada, antes mesmo até do que a norma assemelhada contida na parte geral, como sói ser o caso do art. 100 do CP, que aduz ser a ação penal pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido (art. 236 do CP – crimes contra o casamento).
	
	ORAL TRF2
	
	7) art. 5º., LVII, CR/1988, pode-se considerar alguma diferença entre princípio da inocência e da não culpabilidade?
Resposta:
Grande parte da doutrina (v.g. Nelson Nery Júnior in Princípios do Processo na Constituição Federal) e dos aplicadores do Direito utiliza as expressões como sinônimas. Todavia, basta a leitura do texto para se perceber a diferença: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
A Constituição Federal Brasileira adotou a redação do art. 27.2 da constituição italiana de 1948, a qual por sua vez resultou de um movimento protagonizado por parte da doutrina italiana que defendia a restrição do alcance do princípio da inocência, com vistas a garantir a eficácia do processo penal.Ou seja, a nossa Constituição declarou apenas que o acusado não é considerado culpado. Ela não afirmou a presunção de inocência, limitou-se a negar a culpa. Não é uma simples questão de semântica, mas revela um embate de concepções político-ideológicas das finalidades do processo penal. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 e a Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969, todos esses instrumentos consagraram o princípio da “presunção de inocência”, fórmula que, aparentemente, não foi seguida pelo Brasil, que foi influenciado por uma ideologia pós-fascista que criticava a presunção de inocência, na Itália. O certo é que na prática judiciária brasileira não se estabeleceu diferença entre os princípios. Nas ementas das ADC’s 29 e 30, que declararam a constitucionalidade da LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), o Min. Luiz Fux preferiu a expressão “presunção de inocência”. A Min. Rosa Weber, egressa da magistratura trabalhista, trata “inocência” e “não-culpabilidade” como sinônimos, de forma expressa em seus julgados. Lúcida, por sua vez, a lição do Min. Ayres Britto, para quem “a presunção de não-culpabilidade trata, mais do que de uma garantia, de um direito substantivo. Direito material que tem por conteúdo a presunção de não-culpabilidade. Esse o bem jurídico substantivamente tutelado pela Constituição; ou seja, a presunção de não-culpabilidade como o próprio conteúdo de um direito substantivo de matriz constitucional. Logo, o direito à presunção de não-culpabilidade é situação jurídica ativa ainda mais densa ou de mais forte carga protetiva do que a simples presunção de inocência”.
	
	ORAL TRF2
	
	8) Fale sobre a decisão do STF acerca da abolitio criminis dos crimes contra a honra na lei de imprensa.
Resposta:
A abolitio criminis ocorre quando um fato tipificado como infração penal pela norma incriminadora deixa de ser criminoso. Possui, portanto, natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade.
A lei de imprensa previa várias condutas delitivas referentes a crimes contra a honra. No entanto, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 130, iniciado em 1.4.2009 e concluído em 30.4.2009, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu que a Lei n. 5.250, de 9 de fevereiro de 1967, não foi recepcionada, integralmente, pela ordem constitucional vigente.
Naquele momento, o Pretório Excelso, entendendo haver manifesta incompatibilidade entre a antiga Lei de Imprensa e a atual Constituição da República, extirpou do ordenamento jurídico a totalidade do diploma normativo, de forma que, em termos práticos, tal decisão implicou no reconhecimento da inexistência jurídica da norma, o que gerou a abolitio criminis daquelas condutas antes tipificadas, afastando os efeitos penais de vários processos em curso, ou julgados, cujos agentes haviam incidindo nos tipos da lei não recepcionada.
Em conclusão, a partir do julgamento da ADPF 130 (Lei de Imprensa), julgada em abril de 2009, o STF passou a entender que norma anterior incompatível com a nova ordem constitucional é tida como não-recepcionada, abandonando a nomenclatura outrora empregada (revogação).
	
	ORAL TRF5 - 2012
	
	01) Em havendo revogação de complemento de norma penal em branco haveria abolitio criminis? Como se situa esse debate?
Resposta:
Depende. Para uma corrente doutrinária a natureza do complemento da norma penal em branco determinará a regra de direito intertemporal a ser aplicada. Assim, se o complemento tiver natureza de lei excepcional ou temporária (regime do art. 3o do CP), haverá ultra-atividade prejudicial, ou seja, ainda o que alteração do complemento de forma benéfica não retroagirá (ex.: tabela de preço nos crimes contra a economia popular). Situação contrária ocorre quando o complemento não tem natureza excepcional, hipótese em que haverá retroatividade benéfica (regime jurídico do art. 2o, p.u. CP – ex.: definição de substância entorpecente). De outra banda, há doutrina que se posiciona de forma diferente, como é o caso de Alberto Silva Franco. Entende o autor que essa conclusão (necessidade de verificação da natureza do complemento) somente ocorrerá quando o complemento não tiver mesmo status normativo da própria norma em branco. Em outros termos, se a complementação vier por outra lei, haverá retroatividade independentemente na natureza do complemento ser ou não excepcional. Se a complementação vier por norma com status infralegal, somente nesse caso haveria a necessidade de verificar na natureza (norma excepcional ou temporária).
	
	ORAL TRF2
	
	9) Em que consiste a ultratividade da lei penal?
Resposta:
Fala-se em ultratividade quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência.
Da mesma forma, as leis temporárias e as excepcionais são ultrativas, pois aplicam-se aos fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo após auto-revogadas.
	
	ORAL TRF2
	
	10) A confissão. Em que circunstâncias pode ser aplicada como atenuante?
Resposta:
É possível o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea para redução da pena aplicada na hipótese em que o réu admita a prática do crime em seu interrogatório policial e judicial, ainda que tenha sido preso em flagrante, tendo em vista que para a configuração da referida atenuante exige-se somente o seu aspecto objetivo, ou seja, que a confissão se efetue por livre vontade do agente, não se exigindo critérios subjetivos, isto é, que seja completa, que influa decisivamente na condenação ou que seja feita por motivos de índole moral, aptos a caracterizar arrependimento do acusado. Segundo a jurisprudência atual do STJ (REsp 1163090/SC, DJe 14/03/2011), não obsta o reconhecimento da atenuante a circunstância de o agente negar parte da imputação ou invocar uma excludente de ilicitude (confissão qualificada).
14) Já ouviu falar do princípio da combinação?
Resposta:
Pelo princípio da combinação busca-se a conjugação de dispositivos de duas leis para se chegar a uma norma mais benéfica, quando ambas as leis regulam a matéria em tempos distintos e uma revogou a outra. No direito penal, discute-se a possibilidade de retroatividade parcial para usar os melhores dispositivos de cada uma das leis. Exemplo dessa situação ocorre com a possibilidade de aplicação da causa de diminuição do p. 4o do art. 33 da Nova Lei de Drogas aos delitos praticados sob a vigência da lei antiga. Necessário destacar que o STF não tem admitido tal raciocínio entendendo que combinação de leis poderia caracterizar verdadeira violação do princípio da separação dos poderes.
	
	ORAL TRF2
	
	15) Qual corrente entende que só o princípio da especialidade resolveria todos os conflitos?
Resposta:
(??)
	
	ORAL TRF2
	
	16) Institutos da lei no. 8.072/90 estão sendo abrandados. Se revogar toda lei, há afronta à Constituição?
Resposta:
É possível identificar, dentre aqueles que defendem a disposição presente no art. 5o, inciso XLIII da CF como verdadeiro mandado de criminalização, corrente que defende a impossibilidade da revogação da criminalização dos crimes hediondos. Posicionamento esse que teria fundamento no princípio da vedação do proteção deficiente. Mas entendo que, a priori, não se poderia defender a revogação da Lei 8.072/90 como violadora da vontade constituinte. Em verdade, a realização da obrigação de o Estado proteger o bem jurídico pode ser realizada por diversas formas, por vezes até mais eficiente, que apenas a previsão de sanção mais severa ao tipo penal.
	
	ORAL TRF5 - 2012
	
	03) Qual o significado do “princípio da insignificância” e o da “adequação social”?
Resposta:
Princípio da insignificância significar o afastamento da tipicidade material em situações em que não haja dano ao bem jurídico ao ponto de requer a intervenção penal e possui como requisitos a mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade penal daação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão ao bem jurídico. O princípio da adequação social também incide sobre a tipicidade material mas sob o fundamento de que em relação aos comportamentos e riscos tolerados pelo convívio social (socialmente aceitos) não poderia haver tipificação penal. Merece destaque o fato de a jurisprudência acolher apenas a incidência do princípio da insignificância entendendo que o ordenamento nacional não permitiria o afastamento da caracterização do delito sob o fundamento da sua adequação social.
	
	
	
	
	
	
	
	LEI PENAL NO ESPAÇO
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	P. Territorialidade
	Situação em que a Lei Brasileira é aplicada a fatos praticados em nosso país.
	 
	 
	P. Intraterritorialidade
	Denomina-se princípio da intraterritorialidade quando a Lei Brasileira não puder ser aplicada a fatos praticados em nosso país, mas sim o ordenamento jurídico estrangeiro. Encontra previsão da exceção do artigo 5o do CP (Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional). Exemplo típico é o das imunidades diplomáticas.
	 
	 
	P. Extraterritorialidade
	Situação em que a Lei Brasileira também incida sobre fatos ocorridos no exterior, conforme dispositivo inserto no artigo 7o do CP
	 
	Questão TRF1
	Extraterritorialidade - Imunidades diplomáticas e parlamentares
	C) As imunidades diplomáticas e parlamentares são exceções ao princípio da territorialidade da lei penal, decorrentes de tratados e convenções internacionais e de normas de direito público interno, respectivamente, que não estão vinculadas às pessoas autoras da infração penal e, sim, às funções por elas exercidas. As primeiras são consideradas causa pessoal de isenção de pena e podem ser renunciadas pelo Estado acreditante, as segundas são irrenunciáveis.
(C) – GABARITO PRELIMINAR 
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	LEI PENAL NO TEMPO
	 
	 ORAL TRF2
	 
	 1) Qual o critério de aplicação da lei nova aos crimes permanentes e aos continuados?
Resposta:
Segundo entendimento do STF, presente no enunciado da súmula 711, a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência. Assim, ainda que o início da conduta tenha ocorrido quando vigente norma penal mais branda, ocorrendo a cessão da continuidade ou permanência em momento posterior ao início da vigência da norma mais severa, será essa que deverá incidir.
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	CONFLITO APARENTE DE NORMAS
	
	ORAL TRF1
	
	1) Conflito aparente de normas, quais são as técnicas para a sua solução?
Resposta:
A doutrina indica quatro princípios para solucionar o conflito aparente de normas penais. São eles: especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. No princípio da especialidade, a norma especial prevalece sobre a geral. Aqui há uma relação de gênero e espécie, sendo tal aferição estabelecida em abstrato. Pouco importa, também, a quantidade de sanção reservada às infrações, podendo a lei especial narrar um Ilícito penal mais rigoroso ou mais brando. Na subsidiariedade, a lei primária tem prevalência sobre a lei subsidiária, que é sempre menos grave. Aqui a análise deve ser feito no caso concreto, e não em abstrato, e não há relação de gênero e espécie. Na célebre locução de Nelson Hungria, a norma subsidiária atua como um “soldado de reserva”. O princípio da consunção é aplicado para resolver o conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessário ou fase de preparação ou de execução do delito de alcance mais amplo, de tal sorte que o agente só será responsabilizado pelo último, desde que se constate uma relação de dependência entre as condutas praticadas (Precedentes STJ). Por fim, alternatividade significa que “o agente só será punido por uma das modalidades inscritas nos chamados crimes de ação múltipla (tipos mistos alternativos, conteúdo variado), embora possa praticar duas ou mais condutas do mesmo tipo penal.”
	 
	 OAL TRF2
	 
	 1) É mais correto falar em concurso aparente de normas ou conflito aparente de normas?
Resposta:
Não há uma unanimidade na doutrina, em que pese a aparente predileção pela expressão “concurso”, como se vê no escólio de Rogério Greco e Luiz Régis Prado. O professor Damásio de Jesus, por sua vez, crítica as duas expressões, haja vista que, segundo sustenta, “não há conflito ou concurso de disposições penais, mas exclusividade de aplicação de uma norma a um fato, ficando excluída outra em que também se enquadra”. Por fim, penso que a maioria dos operadores do Direito trata as expressões como sinônimas, havendo, inclusive, julgados no STJ em que na mesma ementa se utilizam as duas formas (HC 213179/SC- Min. Jorge Mussi).
	
	Oral TRF1
	Conflito aparente de normas
	3) Conflito aparente de normas, quais são as técnicas para a sua solução?
Resposta:
Segundo Cezar Roberto Bitencourt, três são as técnicas de solução do conflito aparente de normas: (i) especialidade: tipo especial prevalece sobre tipo geral. Ex: certas formas de prática de crimes contra ordem tributária são formas especiais de estelionato; (ii) subsidiariedade: o tipo subsidiário – chamado de soldado de reserva – se aplica na ausência do preenchimento dos pressupostos de outro tipo, considerado principal. Ex: constrangimento ilegal diante dos crimes em que há emprego de violência ou grave ameaça; (iii) consunção ou absorção: um tipo constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro. Ex: falso é absorvido pelo estelionato.
	
	ORAL TRF2
	
	3) O concurso aparente de normas se insere na teoria do delito, na teoria da norma ou na teoria do tipo?
Resposta:
O conflito aparente de normas está ligada à teoria do delito, em especial quando, na formação do juízo de tipicidade, haverá a identificação do tipo legal a ser considerado. Definir se um determinado fato constitui, ou não, um delito, passa pela realização do chamado juízo de tipicidade: a comparação do fato com os modelos de conduta proibida, que a lei criminal elenca numerus clausus. Situação diferente ocorre com o concurso efetivo de tipos (material, formal ou continuado), que se relaciona à resposta penal (pena), não sendo caso de definição de juízo de tipicidade. Importa, contudo, deixar clara a diferença entre o concurso efetivo e o concurso aparente de tipos. No concurso efetivo (concurso de delitos), há dois ou mais delitos, sujeitando-se o agente às penas de dois ou mais tipos incriminadores (que são somadas, ou não, conforme seja o caso do art. 69, do art. 70 ou do art. 71 do Código Penal). No concurso aparente, como a própria denominação denuncia, aparentemente o fato dá lugar a duas ou mais adequações típicas simultâneas, dois ou mais delitos. Um mesmo fato é coberto pelas descrições típicas de várias normas incriminadoras, que sobre ele convergem. Todavia, pela aplicação do princípio ne bis in idem, que impede a dupla punição pelo mesmo fato, somente uma das tipicidades se aplica, prevalecendo sobre as demais, e afastando a incidência destas.
	
	ORAL TRF2
	
	11) Concurso ou conflito de normas. Há diferença? O que visa impedir o ordenamento?
Resposta:
O concurso de normas caracteriza-se pela situação em que várias leis são aparentemente aplicáveis a um mesmo fato, mas apenas uma tem real incidência. Ele pressupõe a unidade de fato e a pluralidade de leis aparentemente aplicáveis. Trata-se de instituto que se fundamenta no princípio da coerência sistemática e na vedação ao bis in idem. Luis Regis Prado e Guilherme de Souza Nucci não diferenciam concurso de conflito de normas. Esses autores destacam o posicionamento de parte da doutrina que entendem que o tema deveria ser abordado na análise de concurso de crimes, mas, de forma diversa dessa corrente, ambos defendem que a matéria está relacionada à aplicação da lei penal. Destaca-se que, enquanto no concursode crimes o concurso de normas aplicáveis é efetivo, no concurso de normas a concorrência é aparente. 
	
	ORAL TRF2
	
	12) Quais são os critérios utilizados para acabar com o conflito aparente de normas?
Resposta:
Os critérios utilizados são: i) critério da especialidade (lei especial derroga lei geral), ii) critério da subsidiariedade (aplicação de um tipo penal principal quando outro não puder ser aplicado – para Nelson Hungria a norma subsidiária era denominada de soldado de reserva); iii) critério da consunção (norma que descreve a normal fase de execução/preparação/exaurimento do crime é afastada para a aplicação de outra que engloba o fato de maior alcance); iv) critério da alternatividade (a aplicação de uma norma a um fato exclui a aplicação de outra, que também o prevê, de algum modo, como delito – Luis Regis Prado e Nucci criticam esse critério entendendo-o como inútil). Além desses critérios mencionados por Luis Regis Prado, Nucci ainda cita o critério da sucessividade (lei posterior derroga lei anterior).
	
	ORAL TRF2
	
	13) Quando ocorre a consunção?
Resposta:
Quando o fato previsto por uma lei está, igualmente, contido em outra de maior amplitude, aplica-se somente esta última. Essa é a hipótese de aplicação do critério da consunção. Ou seja, norma que descreve a normal fase de execução/preparação/exaurimento do crime é afastada para a aplicação de outra que engloba o fato de maior alcance.
	
	ORAL TRF2
	
	17) O que conflito aparente de normas se identifica melhor com qual teoria (teoria do delito, teoria do tipo ou teoria da norma)?
Resposta:
O conflito aparente de normas está ligada à teoria do delito, em especial quando, na formação do juízo de tipicidade, haverá a identificação do tipo legal a ser considerado. Definir se um determinado fato constitui, ou não, um delito, passa pela realização do chamado juízo de tipicidade: a comparação do fato com os modelos de conduta proibida, que a lei criminal elenca numerus clausus. Situação diferente ocorre com o concurso efetivo de tipos (material, formal ou continuado), que se relaciona à resposta penal (pena), não sendo caso de definição de juízo de tipicidade. Importa, contudo, deixar clara a diferença entre o concurso efetivo e o concurso aparente de tipos. No concurso efetivo (concurso de delitos), há dois ou mais delitos, sujeitando-se o agente às penas de dois ou mais tipos incriminadores (que são somadas, ou não, conforme seja o caso do art. 69, do art. 70 ou do art. 71 do Código Penal). No concurso aparente, como a própria denominação denuncia, aparentemente o fato dá lugar a duas ou mais adequações típicas simultâneas, dois ou mais delitos. Um mesmo fato é coberto pelas descrições típicas de várias normas incriminadoras, que sobre ele convergem. Todavia, pela aplicação do princípio ne bis in idem, que impede a dupla punição pelo mesmo fato [8], somente uma das tipicidades se aplica, prevalecendo sobre as demais, e afastando a incidência destas.
	
	
	
	
	TRF2
	Ementário Temático 83
	P. Consunção - Aplicação
	O princípio da consunção, utilizado na solução de conflito aparente de normas, somente é aplicado quando a relação entre os crimes for progressiva, ou seja, da menor para a maior lesão.
	STJ
	Resp 890515
	P. Consunção - Pressuposto
	O princípio da consunção pressupõe a existência de um nexo de dependência das condutas ilícitas, para que se verifique a possibilidade de absorção daquela menos grave pela mais danosa. (a necessidade de se manter o crime mais grave é relativizado especialmente na consunção entre falsificação e estelionato, o Pleno do STF já se manifestou no sentido de que é aceita a consunção, mantendo-se apenas o estelionato)
	STJ
	Súm 17
	P. Consunção - Falso x Estelionato
	Súmula: 17
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
	STJ 5aT
	HC 96082
	P. Consunção - Falso x Estelionato
	Quando os crimes previstos nos arts. 299 (falsidade ideológica) e 304 (uso de documento falso) do Código Penal foram cometidos com o fim exclusivo de praticar de estelionato, por ele são absorvidos. (raciocínio idêntico cabe para os delitos do art. 297 e 298 - falsificação de documento público e particular, que absorvem o uso - 304 - e são absorvidos pelo estelionato - 171)
	STF 2aT
	521
	P. Consunção - Evasão de Divisas x Sonegação fiscal
	O crime de evasão de divisas não é crime-meio para o delito de sonegação fiscal (insuscetível de aplicação do P. da Consunção) posto que não guardam vínculo de conexão ou continência, haja vista que um tipo não necessita da realização do outro. O bem jurídico tutelado no art. 22, pu, da Lei 7.492/86 refere-se à regularidade das operações de câmbio, porquanto omissões nessa órbita causam efeitos sobre a política econômica do país e abalam a credibilidade do mercado financeiro (Sistema Financeiro Nacional). Por outro lado, a sonegação fiscal atinge a ordem tributária, mais especificamente a arrecadação tributária. Desse modo, realçou-se que a diversidade dos objetos sob proteção jurídico-penal já indicaria a inviabilidade de tratar a evasão de divisas como mera e obrigatória fase de execução da sonegação fiscal. 
	STJ
	Jurisp
	P. Consunção - Porte ilegal de armas x Quadrilha armada
	Os crimes de porte ilegal de armas e de quadrilha, qualificado pelo uso de armas, se afiguram absolutamente autônomos, inexistindo qualquer relação de subordinação entre as condutas, resta inviabilizada a aplicação do princípio da consunção, devendo o réu responder por ambas as condutas.
	STJ 6aT
	475
	Uso de Documento Falso (art. 304, CP) - Falsificação + Uso - P. Consunção
	Somente com relação à falsificação e utilização do mesmo documento pelo paciente pode incidir o princípio da consunção. Como a falsificação e o respectivo uso se encontram teleologicamente ligados, em respeito ao princípio mencionado, tem-se um único delito. Quanto ao delito de falsificação da outra certidão de casamento, é inviável tal proceder, uma vez que foi utilizado pelo corréu, pois o bis in idem somente é reconhecido quando o mesmo agente falsifica e usa o documento.
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	CLASSIFICAÇÕES DOS CRIMES
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	FATO TÍPICO - CONDUTA
	 
	ORAL TRF5 - 2012 
	 
	 05) O que é delação premiada, qual seu valor probatório, requisitos e efeitos?
Resposta:
Delação premiada é um benefício legal concedido a um criminoso delator, que aceite colaborar na investigação ou entregar seus companheiros. Exige-se que a delação colabore efetivamente na solução do caso, sendo comum a jurisprudência afastar o benefício em hipótese em que o réu postule o benefício depois de os órgãos investigatórios já terem reunidos todos os elementos para a condenação. O reconhecimento do valor probatório da delação decorrerá da sua ratificação com o cotejamento das demais provas produzidas. Exige-se corroboração por dados concretos, externos e objetivos que embasem a confiança do relato. Como consequência dessa colaboração, a depender do regime jurídico a ser aplicado, poderá ensejar uma redução da pena (1/3 a 2/3), definição do início do cumprimento da pena em regime aberto, extinção da punibilidade ou substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
	
	Oral TRF1
	Conduta
	6) Como se classifica a conduta do sujeito, ela pode ser de que forma? O que é ação?
Resposta:
Em seu Manual de Direito Penal – Parte Geral, no capítulo Conduta Punível, Cezar Roberto Bitencourt diz: “Ação é o comportamento humano voluntário conscientemente dirigido a um fim. (...) Ação e omissão, em sentido estrito, constituem as duas formas básicas do fato punível, cada uma com estrutura completamente diferente: a primeira viola uma proibição (crime comissivo), a segunda descumpre um ordem (crime omissivo).” A conduta/ação do sujeito, pois, se classifica em ação e omissão, que, por sua vez, se biparte em omissão própria e omissão imprópria.
	
	
	
	
	
	
	
	CONDUTA COMISSIVACONDUTA OMISSIVA
	
	
	
	
	
	Oral TRF2
	Conduta Omissiva - Própria x Imprópria
	3) Distinga entre o crime omissivo e o comissivo por omissão.
Resposta:
No crime omissivo há omissão própria; no comissivo por omissão, omissão imprópria. Os crimes omissivos próprios são de mera conduta. Segundo Cezar Roberto Bittencourt, “nesses crimes omissivos basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de agir para que o delito se consume. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do crime, podendo apenas configurar uma majorante ou qualificadora”. A omissão imprópria, verificada nos crimes de resultado, consiste no crime comissivo por omissão. Segundo Cezar Roberto Bitencourt, é prevista no § 2º do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é penalmente relevante quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado”, sendo que o dever de agir pode ter origem legal (alínea a), contratual (alínea b) ou decorrer do comportamento anterior do agente que cria o risco de ocorrência do resultado (alínea c).
	
	Oral TRF1
	Conduta - Omissão imprópria
	7) O que seria a omissão imprópria? No caso de um exemplo em que o proprietário de um cachorro feroz deixa-o na rua sem a devida proteção, e este cachorro vem a atacar uma criança levando-a a óbito, neste caso, se enquadra na omissão própria ou imprópria?
Resposta:
A omissão imprópria, verificada nos crimes de resultado, consiste no crime comissivo por omissão. Segundo Cezar Roberto Bitencourt, é prevista no § 2º do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é penalmente relevante quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado”, sendo que o dever de agir pode ter origem legal (alínea a), contratual (alínea b) ou decorrer do comportamento anterior do agente que cria o risco de ocorrência do resultado (alínea c), tal como se verifica no exemplo dado, que, por essa razão, trata de hipótese de omissão imprópria. Caso o agente nada faça (omissão) diante do ataque do cachorro, responderá por homicídio doloso com omissão imprópria. Porém, caso o agente procure impedir a continuidade do ataque canino, responderá por homicídio culposo, pois nesse caso não foi omisso diante da situação de risco que seu comportamento anterior criou.
	
	Oral TRF2
	Crime omissivo culposo impróprio
	1) Fale sobre a culpabilidade nos crimes omissivos culposos impróprios.
Resposta:
Para compreender a culpabilidade no crime omissivo culposo impróprio, ora entendido como o crime omissivo praticado mediante culpa imprópria, é necessário antes entender a culpa imprópria. Sobre o tema, diz Cesar Roberto Bitencourt: “Só impropriamente se pode admitir falar de culpa em uma conduta que prevê e quer o resultado produzido (...). A chamada culpa imprópria só pode decorrer de erro, e de erro culposo sobre a legitimidade da ação realizada. E erro culposo não se confunde com crime culposo. Com efeito, a culpa imprópria (...) decorre de erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou nas causas de justificação”. Assim, o sujeito que acredita possível permanecer inerte (omissão) porque supôs, sem justificativa plausível (erro culposo), uma situação de fato cuja existência tornaria legítima sua omissão, não tem a culpabilidade de sua conduta excluída, nos termos da parte final do parágrafo 1º do artigo 20 do Código Penal: “Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
	
	
	
	
	
	
	
	DOLO
	
	
	
	
	
	Oral TRF1
	
	14) E o dolo, ele se situa em que momento?
Resposta:
Com o advento do finalismo Welzel, o dolo, porque elemento da conduta final do agente, migrou da culpabilidade (como sustentava a doutrina causalista, que trabalhava com o conceito psicológico de culpabilidade) para o tipo penal, que, doravante, se biparte em tipo objetivo e subjetivo (dolo). O finalismo se vale do conceito normativo puro de culpabilidade, concebendo-a tão somente como um juízo de reprovação que recai sobre o agente.
	
	Oral TRF2
	Delito de intenção
	1) O que é delito de intenção?
Resposta:
No delito de intenção, o tipo subjetivo compreende, além do dolo, um especial fim de agir por parte do agente, denominado elemento subjetivo especial do tipo. Exemplo: Lei nº 9.455/97, Art. 1º Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.
	
	
	
	
	
	
	
	CULPA
	
	
	
	
	
	Oral TRF1
	Culpa 
	17) O que caracteriza a culpa estrito senso?
Resposta:
Cezar Roberto Bitencourt leciona: “Culpa é a inobservância do dever objetivo de cuidado manifestada numa conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente previsível.” A principal elemento que caracteriza a culpa estrito senso, pois, é a inobservância do dever de cuidado objetivo, aferida através de um juízo comparativo entre a conduta realizada e aquela que era imposta pelo mencionado dever.
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	FATO TÍPICO - RESULTADO
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	FATO TÍPICO - NEXO DE CAUSALIDADE
	 
	 
	 
	 
	
	Oral TRF1
	Nexo de Causalidade - Actio Libera in causae
	1) Como se explica a actio libera in causae? Quais são as causas que isentam de pena no caso da embriaguez? 
Resposta:
Na obra Princípios Constitucionais Penais, no capítulo “A questão da embriaguez”, Affonso Celso Favoretto diz: “Para que sirva de fundamento para a exclusão da imputabilidade do agente e, por consequência, de sua própria culpabilidade, a embriaguez deve se mostrar em estado completa e decorrer de situação acidental, isto é, advir de caso fortuito ou força maior. Todavia, se a embriaguez do agente for voluntária e culposa, não há que se falar em exclusão de sua culpabilidade, adotando-se a teoria da ‘actio libera in causa’. (...) No momento em que o agente, completamente embriagado, comete a infração penal, podemos concluir que este não goza de perfeitas condições, apresentando, desta forma, sua consciência fortemente prejudicada. Contudo, a teoria da ‘actio libera in causa’ não considera o momento em que o agente pratica a conduta criminosa, mas, na verdade, o momento em que este, de livre e espontânea vontade, resolve-se embriagar.”
	
	Oral TRF1
	Nexo de causalidade - Teoria CP
	5) No que diz respeito à causalidade qual a teoria que o ordenamento jurídico presentemente adota? Dê um exemplo?
Resposta:
Em matéria de causalidade, o Código Penal adota a teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non) na segunda parte do artigo 13, onde se lê: “Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.” Ex: no crime de lavagem de capitais, a conduta daquele que empresta conta bancária para que terceiro oculte o produto do crime antecedente representa condição sem a qual o resultado ocultação não teria ocorrido.
	
	Oral TRF1
	Nexo de Causalidade - Caso Fortuito x Força Maior
	2) Qual a diferença entre força maior e caso fortuito?
Resposta:
Em seu Manual de Direito Penal – Parte Geral, no capítulo Excludentes de Culpabilidade, Cesar Roberto Bitencourt diz: “Caso fortuito ocorre quando o agente ignora a natureza tóxica do que está ingerindo, ou não tem condições de prever que determinada substância, na quantidade ingerida, ou nas circunstâncias em que o faz, poderá provocar embriaguez. Força maior é algo que independe do controle ou da vontade do agente. Ele sabe o que está acontecendo, mas não consegue impedir. Exemplo de força maior seria a coação, onde o sujeito é forçado a ingerir uma substância tóxica de qualquer natureza. No caso fortuito não se evita o resultado porque é imprevisível; na força maior, mesmo que seja previsível e até previsto, o resultado é inevitável, exatamente em razão da força maior.”
	
	Oral TRF1
	Nexo de causalidade
	8) Na hipótese em que alguém atira da perna de outrem, esta pessoa ferida é socorrida,a ambulância trafega de maneira veloz e na contramão e esta vem a tombar, fazendo com que a vítima tenha um agravamento e morra no hospital em virtude de infecção hospitalar. Como o senhor averigua nesta hipótese a relação de causalidade?
Resposta:
A relação de causalidade há de ser analisada à luz do § 1º do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. O acidente automobilístico representa uma concausa superveniente relativamente independente. Resta saber se o mesmo produziu, por si só, o resultado morte. A questão narra que o acidente causou um agravamento da lesão anterior, não produzindo, pois, por si só o resultado (o que, em princípio, não excluiria a imputação). Porém, ao mesmo tempo é dito que a morte decorreu de infecção hospitalar, o que exclui a imputação caso se comprove que a infecção contraída no hospital (causa superveniente relativamente independente) causou por si só o óbito.
	
	Oral TRF1
	Nexo de causalidade
	9) Na hipótese em que uma pessoa venha ser abordada por outra pessoa abruptamente e morre por ataque cardíaco, neste caso, como o senhor veria isso?
Resposta:
Segundo a teoria da imputação objetiva de Claus Roxin, pode-se afirmar que a pessoa que aborda outra de forma abrupta, embora tenha dado causa ao resultado morte de acordo com teoria da equivalência das condições, não criou um risco juridicamente proibido ao bem jurídico vida e, por essa razão, a ela não pode ser imputado o resultado morte.
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	FATO TÍPICO - TIPICIDADE
	 
	 
	 
	 
	
	Oral TRF1
	Tipicidade
	11) O que é a tipicidade? E qual a diferença entre a tipicidade e tipo?
Resposta:
Segundo Cezar Roberto Bitencourt, “tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura abstratamente descrita na lei penal.” Tal conformidade é realizada por meio de uma operação intelectual, chamada juízo de tipicidade. A tipicidade não se confunde com o tipo penal em si, o qual, segundo o mencionado penalista, “é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal.”
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	 
	 
	 
	 
	STJ 6aT
	 
	Imputação objetiva - Princípio da Confiança - Autocolocação em perigo - Descaracterização do delito culposo
	O fundamento da responsabilidade pelo crime culposo reside na violação do dever objetivo necessário nas circunstâncias. In casu, tendo o motorista respeitado todas as regras de trânsito, surgindo o transeunte, de inopino, na via, provocando o seu próprio óbito, mostra-se ilegal o processo crime pela suposta prática de homicídio culposo. Tem-se, a um só tempo, o emprego dos princípios da confiança e da autocolocação da vítima em perigo, o que, à evidência, exclui a tipicidade do comportamento do condutor. (STJ, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza Moura, DJe de 22/03/2010)
	STJ 5aT
	 
	Imputação Objetiva - Autocolocação em perigo
	3. Por outro lado, narrando a denúncia que a vítima afogou-se em virtude da ingestão de substâncias psicotrópicas, o que caracteriza uma autocolocação em risco, excludente da responsabilidade criminal, ausente o nexo causal.
4. Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos agentes de uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa.
5. Associada à teoria da imputação objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da confiança, as pessoas se comportarão em conformidade com o direito, o que não ocorreu in casu, pois a vítima veio a afogar-se, segundo a denúncia, em virtude de ter ingerido substâncias psicotrópicas, comportando-se, portanto, de forma contrária aos padrões esperados, afastando, assim, a responsabilidade dos pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a atipicidade da conduta.
6. Ordem concedida para trancar a ação penal, por atipicidade da conduta, em razão da ausência de previsibilidade, de nexo de causalidade e de criação de um risco não permitido, em relação a todos os denunciados, por força do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal. (STJ, Quinta Turma, HC 46525, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 10/04/2006)
	 
	 
	 
	 
	
	
	
	ANTIJURIDICIDADE
	 
	 
	 
	 
	 
	Questão TRF1
	Causa de Exclusão - Elementos objetivos e subjetivos
	A) Para o reconhecimento da causa de exclusão de ilicitude, há necessidade da presença dos pressupostos objetivos e da consciência do agente de agir acobertado por uma excludente, de modo a evitar o dano pessoal ou de terceiro, admitindo-se as causas supralegais de justificação.
(C) – GABARITO PRELIMINAR 
	 
	Questão TRF1
	Causas de exclusão da ilicitude - Parte geral, parte especial, legislação extravagante - Causas Supralegais
	D) As causas de exclusão de ilicitude são taxativas e estão previstas na parte geral do CP, tendo o legislador pátrio fornecido o conceito preciso de cada uma delas, de modo a evitar interpretações não previstas na norma, em benefício do autor da conduta.
(E) – GABARITO PRELIMINAR 
-há previsão de causas de exclusão de ilicitude na parte especial do código. Também reconhece-se a existência de causas supralegais de exclusão da antijuridicidade.
	 
	Questão TRF1
	 
	E) As causas de exclusão de ilicitude e de culpabilidade têm os mesmos efeitos jurídicos, reconhecem a conduta como infração penal e, em nenhuma hipótese, acarretam a imposição de pena ao agente.
(E) – GABARITO PRELIMINAR 
-é possível que haja aplicação de pena em algumas situações de causas de exclusão de culpabilidade.
	
	Oral TRF1
	Ilicitude - Teorias
	13) A tipicidade é indiciária da ilicitude ou está contida nela?
Resposta:
Luiz Flávio Gomes traça a seguinte evolução da relação entre tipicidade e ilicitude: (i) teoria da tipicidade neutra e independente de Beling, para quem a tipicidade, porque puramente descritiva, ou seja, desprovida de juízos de valor, não teria nenhum vínculo com a ilicitude; (ii) teoria da ratio cognoscendi: a tipicidade seria mero indício da ilicitude; (iii) teoria da ratio essendi: para a doutrina neokantiana, a tipicidade não tem autonomia. Ela faz parte da ilicitude, pois o legislador, ao selecionar um fato para defini-lo como crime, já o pressupõe ilícito; (iv) teoria dos elementos negativo do tipo: a ilicitude não tem autonomia, ela faz parte da tipicidade, pois na formulação do tipo penal estaria implícita a ausência de causas de justificação (tipo negativo). Após, conclui o mencionado doutrinador que o finalismo concebe a tipicidade como mero indício da ilicitude, razão pela qual, ante o prestígio da doutrina finalista, reflexamente tal entendimento encontra aceitação.
	
	Oral TRF2
	Exclusão da ilicitude e exclusão da culpa
	6) Fale sobre causas de exclusão de ilicitude e exclusão de culpa.
Resposta:
Sobre o tema “justificação nos tipos de imprudência”, Juarez Cirino dos Santos afirma que a questão é tormentosa, principalmente porque “o entrelaçamento ou interpenetração entre tipo e antijuridicidade é maior nos tipos de imprudência do que nos tipos dolosos”. Não obstante, o autor admite tal possibilidade: “se o resultado não doloso da situação de legítima defesa seria justificado por dolo, então, com maior razão, é justificado por imprudência”. Cita os seguintes exemplos: a) legítima defesa: “o agressor é ferido por disparo acidental de pistola utilizada pelo agredido como objeto contundente contra o agressor”; b) estado de necessidade: “ciclista desvia para o passeio, ao perceber aproximação perigosa de carro no sentido contrário da ciclovia, ferindo

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