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NOVO CÓDIGO CIVIL COMENTADO 
 
(Lei n. 10.406, de 10-1-2002) 
 
 
PARTE GERAL 
 
LIVRO I 
DAS PESSOAS 
 
TÍTULO I 
 
DAS PESSOAS NATURAIS 
 
CAPÍTULO I - Da personalidade e da capacidade — arts. 1o a 10 
CAPÍTULO II — Dos direitos da personalidade — arts. 11 a 21 
CAPÍTULO III — Da ausência — arts.. 22 a 39 
Seção 1— Da curadoria dos bens do ausente — arts. 22 a 25 
Seção II— Da sucessão provisória — arts.. 26 a 36 
Seção III — Da sucessão definitiva arts.. 37 a 39 
 
TÍTULO II 
 
DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
CAPÍTULO 1 — Disposições gerais. — arts. 40 a 52 
CAPÍTULO II — Das associações — arts. 53 a 61 
CAPÍTULO III — Das fundações — arts. 62 a 69 
 
TÍTULO III 
 
DO DOMICÍLIO 
 
LIVRO II 
 
DOS BENS 
 
TITULO ÚNICO 
 
DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS 
 
CAPITULO 1— Dos bens considerados em si mesmos — arts. 79 a 91.. 
Seção 1— Dos bens imóveis — arts. 79 a 81 
Seção II— Dos bens móveis — arts. 82 a 84 
Seção III — Dos bens fungíveis e consumíveis — arts. 85 e 86 
Seção 1V—Dos bens divisíveis — arts. 87 e 88 
Seção V— Dos bens singulares e coletivos — arts. 89 a 91 
CAPÍTULO II — Dos bens reciprocamente considerados — arts. 92 a 97 
CAPITULO III — Dos bens públicos — arts. 98 a 103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI N. 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002* 
Institui o Código Civil 
 
 
PARTE GERAL 
 
 
LIVRO 1 
DAS PESSOAS 
 
TÍTULO 1 
DAS PESSOAS NATURAIS 
 
CAPÍTULO I 
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE 
 
 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
 
Histórico 
O texto original do projeto tal como aprovado em primeira votação pela Câmara dos Deputados repetia a 
redação do Código de 1916, dispondo que “todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. 
Submetido posteriormente ao Senado Federal, foi alterado pela Emenda n. 367 (renumerada posteriormente 
para 01), da lavra do então Senador Josaphat Marinho, passando a adotar a seguinte redação: “Art. 1o 
Todo ser humano é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. Ao fundamentar a sua emenda, 
justificou o Senador Josaphat Marinho que “o vocábulo ‘homem’, constante do projeto, já vão era 
claramente indicativo da espécie humana, vale dizer, também da mulher. Com a qualificação marcante dos 
dois seres, e dada a evolução, inclusive no direito, da situação da mulher, elevada a independente, evita-se 
o uso da palavra homem abrangente da pessoa de um e de outro sexo. Hoje, a referência comum é a 
direitos humanos, embora as Declarações de 1789 e de 1948 aludam a direitos do homem. De modo geral, 
os instrumentos internacionais posteriores a 1948 empregam a expressão direitos humanos, ou 
recomendam tratamento igual à mulher em relação ao homem, e por isso dão preferência ao substantivo 
pessoa, também de alcance superior. Assim a Convenção sobre a Proteção dos Direitos Humanos e das 
Liberdades Fundamentais, do Conselho da Europa, de 1950, e o Protocolo n. 4, de 1963, que a integra, bem 
como a Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Assembléia-Geral 
das Nações Unidas, de 1963, e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, de igual 
origem. A Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, da Assembléia-Geral das 
Nações Unidas, de 1967, proclama, em seu preâmbulo, que ‘é necessário garantir o reconhecimento univer-
sal, de fato e de direito, do princípio de igualdade do homem e da mulher’. E estipula, na letra b do art. 22, 
que ‘o princípio da igualdade de direitos figurará nas constituições ou será garantido de outro modo por 
lei’. Complementando essa Declaração, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher estabelece, entre outros preceitos, que seus signatários se comprometem a 
adotar, nesse sentido, ‘todas as medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, e compreendendo a 
modificação de usos e costumes’ (art. 2~, J). Conquanto os pactos internacionais não sejam exemplos de 
rigor técnico, exprimem diretrizes de política normativa, importantes para o legislador Não deve ele 
empregar linguagem contrastante com as tendências culturais do povo. No domínio científico, Enneccerus 
observa que o direito se baseia na ‘vontade coletiva’, e não em ‘simples convicção jurídica’ (Trat. de Der 
Civ. de Enneccerus, Kipp e Wolff, T. jQ, Parte Gen., Trart. de Pérez González e José Alguer, Bosch, 
Barcelona, 1943, p. 121). Já em 1904, escrevendo sobre a técnica legislativa na Codificação civil moderna, 
Gény assinalava a necessidade de ‘linguagem conforme o espírito da época e do meio’ (La technique 
legislative dans la codification civile modcrne, in Le Cade Civil — 1804-1904 — Livre du Centenaire, t. II, 
Paris, Rousseau Editeur, 1904, p. 1037). Com razão maior se há de proceder assim hoje por ser mais ampla 
e viva a participação da coletividade no trabalho legislativo. Logo, é de prudente e bom estilo legislativo 
substituir, no art. 1o , o vocábulo ‘homem’ pela forma ‘ser humano’. Evita-se confusão e segue-se 
tendência dominante na ordem jurídica e social. A opção é preferível, mesmo, à da palavra ‘pessoa’, por 
ser mais diretamente indicativa do gênero humano”. Retomando o projeto a nova apreciação da Câmara 
dos Deputados, tendo em vista as emendas apresentadas pelo Senado, recebeu o artigo parecer do 
Deputado Bonifácio de Andrada, designado relator parcial para a parte geral e que opinou pela rejeição da 
emenda por entender que a redação original da Câmara elegia expressão consagrada no ordenamento 
jurídico, ao referir-se ao gênero “homem”. Na elaboração de seu relatório geral o Deputado Ricardo Fiuza 
registrou, inicialmente, que os argumentos do relator parcial eram ponderáveis, ao procurar manter no texto 
forma aceita na grande maioria dos sistemas normativos e que, de nenhuma maneira, assumia qualquer tipo 
de conotação machista, nem se contrapunha à constitucionalmente assegurada paridade de direitos entre o 
homem e a mulher como sujeitos jurídicos. A matéria foi objeto de intenso debate na fase final de 
tramitação do projeto. Em audiência pública perante a Comissão Especial, o Prof. Miguel Reale sugeriu 
como melhor opção a referência à “pessoa”, em vez de ser humano”. Segundo o Deputado Fiuza, a 
substituição sugerida por Miguel Reale foi de boa técnica jurídica e social, diante da própria nominação 
dada ao Livro 1 — “Das Pessoas”, razão pela qual restou acolhida no seu relatório e posteriormente 
aprovada pela Câmara. Outra alteração redacional procedida pelo Deputado Fiuza e que também restou 
aprovada, a fim de dar maior clareza ao dispositivo, foi a substituição do vocábulo “obrigações” por 
“deveres”, uma vez que, segundo o relator, “existem outras modalidades de deveres jurídicos, diferentes da 
obrigação, a exemplo da sujeição, do dever genérico de abstenção, dos poderes-deveres, dos ônus, além dos 
deveres de família que não se enquadram em nenhuma das categorias jurídicas acima. O dever correlato ao 
direito de personalidade é o dever genérico de abstenção, o que Santoro Passarelli denomina de ‘dever de 
respeitar’ ou ‘dever de não desrespeitar’. Por igual, os direitos absolutos, como o de propriedade, têm como 
deveres correlatos, ora a abstenção, ora a sujeição, nos casos de direitos de vizinhança, por exemplo (caso 
da passagem forçada). Por sua vez, os deveres de família não se constituem, no sentido técnico da palavra, 
em obrigação, e sim em deveres”. 
 
Doutrina 
 
Personalidade e capacidade jurídica: Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão 
genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Sendo a pessoa natural o sujeito ‘das relações jurídicas 
e a personalidade, a possibilidade de ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem sua 
medida na capacidade, que é reconhecida, num sentido de universalidade, no art. 12 do Código Civil, que,ao prescrever “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”, emprega o termo “pessoa” na acepção de todo 
ser humano, sem qualquer distinção de sexo, idade, credo ou raça. 
• Capacidade de direito e capacidade de exercício: À aptidão oriunda da personalidade para adquirir direitos 
e contrair obrigações na vida civil dá-se o nome de capacidade de gozo ou de direito. 
• Quando o Código enuncia, no seu art. 1o, que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, não 
dá a entender que possua concomitantemente o gozo e o exercício desses direitos, pois nas disposições sub-
seqüentes faz referência àqueles que tendo o gozo dos direitos civis não podem exercê-los, por si, ante o 
fato de, em razão de menoridade ou de insuficiência somática, não terem a capacidade de fato ou de 
exercício. 
 
 
Bibliografia 
e Clóvis Beviláqua, Teoria geral do direito civil, 4. ed. (p. 67); Larenz, Derecho civil, parte general (p. 104); 
M. Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, São Paulo, Saraiva, 19, v. 1 (p. 82); Haroldo Valladão, 
Capacidade de direito, in Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 13 (p. 34); Virgilio de Sá Pereira, Direito de 
família, Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1959; Orlando Gomes, Introdução ao direito civil, cit. (p. 149); 
Espínola, Direito civil brasileiro, v. 1 (p. 239); Filomusi Guelfi, Enciclopedia juridica (p. 178); Caio M. S. 
Pereira, Instituições , cit., v. 1 (p. 198); Luiz Roldão de Freitas Gomes, Noção de pessoa no direito 
brasileiro, Revista de Direito Civil Imobiliário, Agrário e Empresarial, 61/15-34. 
 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei pôe a salvo, desde 
a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Histórico 
• O texto original do Projeto n. 634, tal como redigido pelo Ministro Moreira Alves, consignava que “a 
personalidade civil do homem começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo os direitos do 
nascituro”. O texto proposto pelo Senado por meio da Emenda n. 368, também de autoria do Senador 
Josaphat Marinho, passou a adotar a seguinte redação: “A personalidade civil do ser humano começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, 
ressalvou os direitos do nascituro desde a concepção, além de substituir a expressão “ser humano” por 
“homem”. Afirmou na ocasião o nobre Senador Josaphat Marinho que “a emenda restaura, basicamente, o 
texto do art. 42 do atual Código Civil (leia-se Código anterior). Ressalvar os direi- 
tos do nascituro, ‘desde a concepção’, como hoje assegurando, é permuta ampla, que deve ser preservada 
acima de divergências doutrinArias . Num fim de século em que se realça a amplitude dos direitos 
humanos, bem como a necessidade de defendê-los com energia, suprimir a cláusula “desde a concepção” 
suscitaria estranheza. E o projeto, mesmo, confirmando essa tendência, alude a filho concebido, como nos 
arts. 1.602 e 1.606. Lembre-se, ainda, com a lição de Orlando Gomes, que ‘o direito de suceder do 
nascituro depende de já estar concebido no momento da abertura da sucessão’ (Sucessões, 6. ed., Forense, 
1990, p. 30). Aquiesceu, de imediato, na alteração o eminente Professor e Ministro Moreira Alves, autor da 
Parte Geral do Anteprojeto, na Comissão designada pelo Poder Executivo. Retomando o texto do projeto a 
nova apreciação da Câmara dos Deputados, promoveu o Relator Fiuza apenas a substituição da expressão 
‘ser humano’ pelo vocábulo ‘pessoa’, correntemente com o que havia feito no art. 1o . 
 
 
Doutrina 
Começo da personalidade natural: Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e adquira 
personalidade jurídica, será suficiente que tenha vivido por um segundo. 
• Direitos do nascituro: Conquanto comece do nascimento com vida a personalidade civil do homem, a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (CC, ais. 22, 1.609, 1.779 e parágrafo único e 
1.798), como o direito à vida (CF, art. 52, CP, ais. 124 a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 e 1.597), à 
integridade física, a alimentos (RT 650/220; RJTJSP 150/906), a uma adequada assistência pré-natal, a um 
curador que zele pelos seus interesses em caso de incapacidade de seus genitores, de receber herança (CC, 
ais. 1.798 e 1.800, § 3~), de ser contemplado por doação (CC, art. 542), de ser reconhecido como filho etc. 
Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intra-uterina, tem o nascituro, e na vida extra-uterina, tem o 
embrião, personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos personalissimos, ou melhor, aos da 
personalidade, visto ter a pessoa carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in vivo ou in vitro 
(Recomendação n. 1.046/89, n. 7 do Conselho da Europa), passando a ter a personalidade jurídico 
material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o 
nascimento com vida (CC, art. 1.800, § 3o ). Se nascer com vida, adquire personalidade jurídica material, 
mas, se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá. 
Momento da consideração jurídica do nascituro: Ante as novas técnicas de fertilização in vitro e do 
congelamento de embriões humanos, houve quem levantasse o problema relativo ao momento em que se 
deve considerar juridicamente o nascitum, entendendo-se que a vida tem início, naturalmente, com a 
concepção no ventre materno. Assim sendo, na fecundação na proveta, embora seja a fecundação do óvulo, 
pelo espermatozóide, que inicia a vida, é a nidação do zigoto ou ovo que a garantirá; logo, para alguns 
autores, o nascituro só será “pessoa” quando o ovo fecundado for implantado no útero materno, sob a 
condição do nascimento com vida. O embrião humano congelado não poderia ser tido como nascituro, 
apesar de dever ter proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética própria. Embora a vida 
se inicie com a fecundação,-e a vida viável com a gravidez, que se dá com a nidação, entendemos que na 
verdade o início legal da consideração jurídica da personalidade é o momento da penetração do 
espermatozóide no óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por isso, a Lei n. 8.974/95, nos arts. 8~, II, III e 
IV, e 13, veio a reforçar, em boa hora, essa idéia não só ao vedar: 
a) manipulação genética de células germinais humanas; b) intervenção em material genético humano in 
vivo, salvo para o tratamento de defeitos genéticos; c) produção, armazenamento ou manipulação de 
embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível, como também ao considerar tais 
atos como crimes, punindo-os severamente. Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria 
concepcionista, uma vez que o Código Civil resguarda desde a concepção os direitos do nascituro e além 
disso, no art. 1.597,1V, presume concebido na constância do casamento o filho havido, a qualquer tempo, 
quando se tratar de embrião excedente, decorrente de concepção artificial heteróloga. 
 
 
Sugestão legislativa: Pelas razões antes expostas, oferecemos ao Deputado Fiuza a seguinte sugestão 
legislativa: 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde 
a concepção, os direitos do embrião e os do nascituro. 
 
 
Bibliografia 
 
Darcy Arruda Miranda, Anotações ao Código Civil brasileiro, São Paulo, Saraiva, 1981, v. 1 (p. 7); 
Baudry-Lacantinerie e Houques-Fourcade, Delle persone, v. 1 (p. 272); Aubry e Rau, Droit civil, v. 1 (p. 
179);Antônio Chaves, Tratado de direito civil, SI. flui., Revista dos flíbunais, 1982, v. 1, t. 1 (p. 316); M. 
Helena Diniz, Reflexões sobre a problemática das novas técnicas científicas de reprodução humana assis-
tida e a questão da responsabilidade civil por dano ao embrião e ao nascituro, Livm de Estudos Jurídicos, 
8/94; A ectogênese e seus problemas jurídicos, Direito — Revista do Programa de Pós-Graduàção em 
Direito, PUCSP, 1/89-100, 1995; A responsabilidade civil por dano moral, Revista Literáriado Direito, n. 
9,1996 (p. 7-14); Curso, cit., v. 1 (p. 100 e 101); O estado atual do biodireito, São Paulo, Saraiva, 2001 (p. 
21-127, 405-16, 452-500); Mercedes Oayosso y Navarrete, “Cura Ventris”, Revista Brasileira de Direito 
Comparado, 13/200-37, 1992; Traverso, La tutela costituzionale della persona umana prima della nascita, 
Milano, Giuffrè, 1977; Francisco Amaral, O nascituro no direito civil brasileiro. Contribuição do direito 
civil português, Revista Brasileira de Direito Comparado, 8/75-89; Benedita lnêz Lopes Chaves, A tutela 
jurídica do nascituro, São Paulo, LTr, 2000; Silmara J. A. Chinelato e Almeida, A tutela civil do nascituro, 
São Paulo, Saraiva, 2000; O nascituro no Código Civil e no nosso direito constituendo, in O direito de 
família e a Constituição Federal de 1988, coord. Bittar, São Paulo, Saraiva, 1989 (p. 39-52); Direitos da 
personalidade do nascituro, Revista do Advogado, 38/25-6; e Evolução exige norma jurídica, Tribuna do 
Direito, n: 33, 1996 (p. 16); Eduardo de Oliveira Leite, Procria ções artificiais e o direito, São Paulo, 
Revista dos Tribunais, 1995; Didier David, L’insémination arnficielle humaine, un nouveau mode 
defiliation, Paris, 1984; Michaud, La personne humaine face au dévelopement des sciences bio médicales, 
Paris, 1990; Francisco L. Yagür, Fecondación artificial y derecho, Madrid, Technos, 1988; Monica Sartori 
Scarparo, Fertilização assistida — questão aberta — aspectos cient(jicos e legais, Rio de Janeiro. Forense 
Universitária, 1991; Armando Dias de Azevedo, A inseminação artificial em face da moral e do direito, 
RF, 149/497 e 5.; Douglas C. Cusine, New repmductive techniques — a legal perspective, Vennont Gaver 
Publishing, 1988; Thereza Christina Bastos Menezes, Novas técnicas de reprodução humana, RT, 660/253; 
Guilhermo E Ray, La fecundación arftficial en seres humanos ante la moral y el derecho, Buenos Aires, 
1951; Lauro Rutkowski, O aluguel de útero continua fora da lei, Zero Hora, 12 set. 1990 (p. 40); Paula M. 
da Silva, A procriação artificial: aspectos jurídicos, Lisboa, 1986; Carlos Alberto Bittar, Teoria geral do 
direito civil, cit. (p. 117-8); Santosuosso. La fecondazione artiflciale untaria, Milano, Giuffrê, 1984; 
Zannoni, lnseminaciónartifl cial yfecundnción extrauterina. 
 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I— os menores de dezesseis anos; 
II — os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos; 
 III — os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Histórico 
A redação atual do dispositivo é praticamente a mesma da concebida pela comissão que elaborou o 
anteprojeto, salvo em relação ao antigo inciso IV que elegia os índios como absolutamente incapazes e que 
foi suprimido pela Câmara dos Deputados ainda durante a primeira fase de tramitação do projeto. Durante 
a passagem do projeto pelo Senado houve apenas uma pequena modificação na redação do inciso 111. E 
que o texto original do projeto dispunha literalmente o seguinte: “III — os que, ainda por causa transitória, 
não puderem exprimir sua vontade”. O Senado Federal preferiu emendar o dispositivo, dando-lhe a 
seguinte redação: “III — os que, ainda por motivo transitório, não puderem exprimir sua vontade”. O argu-
mento era o de que a expressão “por motivo” teria o mesmo alcance da forma “por causa”, e evitaria a 
dissonância que nesta se apura. A redação atual tem origem em emenda de autoria do Deputado Fiuza para 
substituição do “ainda” por “mesmo”, em favor da redação vigente no Código anterior. Entendeu o Relator 
Ricardo Fiuza que o vocábulo “motivo” tinha características essencialmente subjetivas, enquanto a palavra 
“causa’ era integralmente objetiva. O conceito de causa é mais amplo do que a noção de motivo. Pode-se, 
exemplificativamente, falar de causas naturais, no sentido de causas da natureza, mas nunca de motivos da 
natureza ou motivos naturais. Propôs, então, o Relator Fiuza, nova redação ao inciso. Segundo consignou 
em seu relatório, o “ainda por causa transitória”, além de configurar certo arcaísmo de linguagem 
(modernamente, dir-se-ia “ainda que por causa transitória”), pertencia do vício da ambigüidade, podendo 
ser tomado também no sentido do advérbio temporal, de persistência da “causa transitória”, que ainda se 
fatia sentir. 
 
 
Doutrina 
• Menoridade de dezesseis anos: Os menores de dezesseis anos são tidas como absolutamente 
incapazes para exercer atos na vida civil, porque devido à idade não atingiram o discernimento para 
distinguir o que podem ou não .fazer que lhes, é conveniente ou prejudicial Por isso para a validade dos 
seus atos, será preciso que estejam representados por seu pai, por sua mãe, ou por tutor. 
• Impossibilidade transitória para exprimir a vontade: Aquele que por doença que acarrete deficiência física 
(surdo-mudez, p. ex.)’ ou perda de memória, não puderem, ainda que temporariamente. manisfestar seja 
vontade para praticar atos da vida civil deverão estar representado por um curador (CC. arts. 1.767,11, e 
1.780). 
 
 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I— os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II— os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III — os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV — os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
 
Histórico 
• Este dispositivo sofreu duas alterações durante o período de tramitação entre Câmara e Senado. A primeira 
consistiu na redução da maioridade civil de 21 para 18 anos, de que trata o inciso 1, e cujos fundamentos 
encontram-se delineados no histórico do artigo seguinte. A segunda alteração teve origem em emenda de 
redação apresentada pelo Deputado Ricardo Fiuza, substituindo terminologia em desuso utilizada no texto 
do projeto (silvícolas) pela denominação usada na Constituição Federal (índios). 
 
 
Doutrina 
• Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da 
vida civil desde que assistidos por quem o direito encarrega desse ofício, em razão de parentesco, de 
relação de ordem civil ou de designação judicial, sob pena de anulabilidade daquele ato (CC, art. 171, 1), 
dependente da iniciativa do lesado, havendo até hipóteses em que tal ato poderá ser confirmado ou 
ratificado. Há atos que o relativamente incapaz pode praticar, livremente, sem autorização. 
• Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos só 
poderão praticar atos válidos se assistidos pelo seu representante. Caso contrário serão anuláveis. 
• Ébrios habituais, viciados em tóxicos e deficientes mentais com discernimento reduzido: Alcoólatras, 
dipsômanos ,toxicômanos, portadores de deficiência mental, que sofram redução na sua capacidade de 
entendimento, não poderão praticar atos na vida civil sem assistência de curador (CC, art. 1.767, III). desde 
que interditos. 
• Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo: Abrangidos estão, aqui: os fracos de mente, surdos-
mudos e e portadores de anomalia psíquica que apresentem sinais de desenvolvimento mental 
incompleto, comprovado e declarado em sentença de interdição, que os tornam incapazes de praticar atos 
na vida civil, sem a assistência de um curador (CC, art. 1.767. IV). 
• Pródigos: São considerados relativamente incapazes os pródigos, ou seja, aqueles que, comprovada, 
habitual e desordenadamente, dilapidam seu patrimônio, fazendo gastos excessivos. Com a interdição do 
pródigo, privado estará ele dos atos que possam comprometer seus bens, não podendo, sem a assistência de 
seu curador (CC, art. 1.767, V), alienar, emprestar, dar quitação, transigir,hipotecar, agir em juízo e 
praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração (CC, art. 1.782). 
• Indígenas e sua submissão a regime tutelar Os índios, devido a sua educação ser lenta e difícil, são 
colocados pelo novo Código Civil sob a proteção de lei especial, que regerá a questão de sua capacidade. O 
Código Civil sujeita-os ao regime tutelar, estabelecido em leis e regulamentos especiais (Lei n. 6.001/73; 
CF/88, arts. 22, XIV, 49, XVI, 129, V, 210, § 22, 232. 109, XI, 231, 176. § P, e art. 67 das Disposições 
Transitórias; Dec. n. 88.118/83; Constituição do Estado de São Paulo de 1989, arts. 282, §~ P a 39, e 283; 
Lei n. 6.0l5 ‘7l3, arts. 50, § 2o , e 246. com a redação da Lei n. 10.267/2001; Dec. n. 1.775/96). 
Obs.: O art. 42 revoga a Lei n. 4.294/21 e o Decreto-lei n. 891/38; Lei n. 6.368/76. 
 
 
Bibliografia 
•Caio M. 5. Pereira, Instituições cit., v. 1 (p. 240-2); Antônio Chaves, Capacidade civil, cit., in 
Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 13 (p. 9); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 93-7); Silvio 
Rodrigues, Dos defeitos dos atos jurídicos. São Paulo, 1959 (n. 100 e s. e n. 131); e Direito civil, cit., v. 1 
(p. 82); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 66-7); José de Farias lavares, O Código Civil e a nova 
Constituição, Rio de Janeiro, Forenst, 1991 (p. 17-8); Hugo Nigro Mazzilli, Regime Jurídico do Ministério 
Público, São Paulo, Saraiva, 1995 (p. 226); Marcelo Dolzany da Costa, Anotações sobre direitos indígenas, 
in 1 Encontm de Juizes Federais da Região Amazônica, 1995 (p. 133); A. Gursen de Miranda, O direito e o 
índio. Belém, Cejup, 1994. 
 
 
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos 
os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
1 — pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 
dezesseis anos completos; 
II — pelo casamento; 
III — pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV — pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V — pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em 
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
 
Histórico 
• A principal alteração verificada neste dispositivo em relação ao texto original do Projeto n. 634, procedida 
ainda pelo Senado Federal, consistiu na redução da maioridade civil de 21 para 18 anos. A questão da 
redução da maioridade civil há muito já não suscitava mais qualquer controvérsia tanto no seio da 
comunidade jurídica como na sociedade de uma maneira geral. As justificativas apresentadas perante o 
Senado traduzem bem essa posição, in verbis: “Substancialmente, as modificações propostas pela emenda 
decorrem da fixação da maioridade civil em dezoito anos”. E no particular procede. A tendência 
prevalecente é no sentido de fixar a maioridade civil em dezoito anos. Assim a estabelecem o Código Civil 
italiano, de 1942 (art. 2~), o português (de 1966), com as alterações de 1977 (art. 130), o francês, com as 
inovações da Lei de 1974 (art. 488). Esta é a consagração, também, da Constituição espanhola de 1978 (art. 
12). Acresce que nossa Constituição prestigia essa tendência. Restringe a inimputabilidade penal aos 
menores de dezoito anos, sujeitando-os a legislação especial (art. 228). Considera o alistamento eleitoral e 
o voto obrigatórios para os maiores dessa idade e facultativos para os maiores de dezesseis anos (art. 14, § 
l~, 1 e II, c). E estipula a idade de vinte e um anos como condição de elegibilidade “para deputado federal, 
deputado estadual ou distrital, vice-prefeito e juiz de paz”, bem assim a de 18 para vereador (art. 14, § 32, 
VI, c e d), o que corrobora a fixação da maioridade aos dezoito anos. Essa inclinação legislativa repousa, 
também na certeza de que os meios de comunicação transmitem, permanente e crescentemente , 
conhecimentos e informações que ampliam o poder de observação das pessoas e de discernimento dos 
fatos. Há de presumir-se, mesmo, que assim se teria orientado o projeto, se sua elaboração houvesse sido 
posterior à Carta de 1988. Retomando o projeto à Camara dos Deputados, foi apresentada emenda de 
redação pelo Relator Ricardo Fiuza, substituindo a conjunção aditiva “e” pela conjunção alternativa “ou”, a 
fim de evitar a ambigüidade. O emprego da conjunção ~ segundo o relator, fazia “parecer que, além do 
instrumento público, estar-se-ia a exigir sentença judicial para validade da emancipação feita por concessão 
dos pais, quando o artigo versa sobre duas formas estanques de emancipação: uma por concessão dos pais e 
que independe de processo judicial; e a outra por decisão judicial, nos casos de menor sujeito à tutela”. 
 
 
Doutrina 
Maioridade: Em relação à menoridade, a incapacidade cessará quando o menor completar dezoito anos, 
segundo nossa legislação civil. Ao atingir dezoito anos a pessoa tornar-se-á maior, adquirindo a capacidade 
de fato , podendo, então, exercer pessoalmente os atos da vida civil. 
• Emancipação expressa ou voluntária: Antes da maioridade legal, tendo o menor atingido dezesseis anos, 
poderá haver a outorga de capacidade civil por concessão dos pais, no exercício do poder familiar, 
mediante escritura pública inscrita no Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 e 90; CC, art. 92, 
II), independentemente de homologação judicial. Além dessa emancipação por concessão dos pais, ter-se-á 
a emancipação por sentença judicial, se o menor com dezesseis anos estiver sob tutela (CPC, arts. 1.103 a 
1.112,1; Lei n. 8.069/90, arts. 148, VII, parágrafo único, e), ouvido o tutor 
• Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal decorre dos seguintes casos: a) casamento, pois 
não é plausível que fique sob a autoridade de outrem quem tem condições de casar e constituir família; 
assim, mesmo que haja anulação do matrimônio, viuvez, separação judicial ou divórcio, o emancipado por 
esta forma não retoma à incapacidade; b) exercicio de emprego público efetivo, por funcionário nomeado 
em caráter efetivo (não abrangendo a função pública extranumeraria ou em comissão), com exceção de 
funcionário de autarquia ou entidade paraestatal, que não é alcançado pela emancipação. Diarista e 
contratado não serão emancipados por força de lei (RT 98/523; Súmula 14 do STF Lei n. 1.711\52, art 22 
II: Lei 8.112\90, art 5o , V. 
 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 250); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 (p. 37 e 38); Darcy 
Arruda Miranda, Anotações. cit., v. 1 (p. 13); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 71 e 72); Silvio 
Rodrigues, Direito civil, cit., v. 1 (p. 89); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 98-100); José de Farias 
Tavares, O Código Civil e a nova Constituição, cit.(p. 19e 20). 
 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos 
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 
Histórico 
• Este artigo não havia sido alterado durante a tramitação no Senado Federal e mantinha a mesma 
redação do anteprojeto, a saber: “Art. 62 A existência da pessoa física termina com a morte; presume-se 
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”. Retomando o 
projeto à Câmara, o Relator Fiuza propôs a substituição da expressão “pessoa física” por “pessoa natural”, 
restabelecendo a redação vigente no Código de 1916. A proposta de restaurar a denominação “pessoa 
natural” já vinha desde o primeiro período de tramitação do projeto perante a Câmara dos Deputados. 
Emenda do Deputado Brigido Tinoco, posteriomente rejeitada pelo Relatório Emani Satyro. já consignava, 
citando Clóvis Beviláqua. “que o homem simboliza a pessoanatural juridicamente, porque não é visto, 
apenas, sob o aspecto da individualidade, mas também como agente primário e comum do direito. 
 
Doutrina 
• Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade jurídica da pessoa natural, que deixa de ser sujeito 
de direitos e deveres, acarretando : a) dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial l (Lei n.. 
651 5177 e CC, art. 1.571, 1); b) extinção do poder familiar (CC, art. 1.635,1); dos contratos 
personalíssimos, com prestação de serviço.(CÇ, art. 607). e mandato (CC. art. 682,11; STF, Súmula 25); c) 
cessação da obrigação , alimentos com o falecimento do credor (RJTJSP, 82138; RI’, 574/68; CC, art. 
1.700); do pacto de preempção (CC, art. 520); da obrigação oriunda de ingratidão de donatário (CC, art. 
560); á) extinção de usufrutos ’ (CC, art. 1.410. I CPC. art. 1.112, VI); da doação na forma de subvenção 
periódica (CC, art. 545); do encargo da testamentaria (CC, art 1.985). 
•Morte presumida : A morte presumida pela lei se dá ausência de uma pessoa nos casos dos arts 22 a 39 
do Código Civil e dos arts. 1.161 a 1.168 do Código de Processo Civil, Se uma pessoa desaparecer , sem 
deixar notícias, qualquer interessado na sua sucessão ou o Ministério Público (CPC. art. 1.163) poderá 
requerer ao juíza declaração de sua ausência e a nomeação de curador. Se após um ano da arrecadação dos 
bens do ausente, ou, se deixou algum representante. em se passando três anos, sem que dê sinal de vida, 
poderá ser requerida sua sucessão provisória (CC, art.. 26) e o início do processo de inventário e partilha de 
seus bens, ocasião em que a ausência do desaparecido passa a ser considerada presumida. Feita a partilha, 
seus herdeiros deverão administrar os bens, prestando caução real, garantindo a restituição no caso de o 
ausente aparecer. Após dez anos do trânsito em julgado da sentença da abertura da sucessão provisória 
(CC, art. 37; CPC, art. 1.167,11), sem que o ausente apareça, ou cinco anos depois das últimas notícias do 
desaparecido que conta com oitenta anos de idade (CC, art. 38), será declarada a sua morte presumida a 
requerimento de qualquer interessado, convertendo-se a sucessão provisória em definitiva. Se o ausente 
retornar em até dez anos após a abertura da sucessão definitiva, terá os bens no estado em que se encon-
trarem e direito ao preço que os herdeiros houverem recebido com sua venda. Porém, se regressar após 
esses dez anos, não terá direito a nada (CPC, art. 1.168). 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 8. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 210); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 110-1); Iassil 
Dower, Curso moderno de direito civil, São Paulo, Ed. Nelpa, 1976, v. 1 (p. 65-6); W. Barros Monteiro, 
Curso, cit.. v. 1 (p. 74); Savigny, Traité de droit romain, v. 2 (p. 165); Bedaque, A curadoria de incapazes, 
Justitia, 148/17-24; Hugo Nigro Mazzilli, CurarLona de ausentes e incapazes, São Paulo, 1988. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art . 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
1 — se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II — se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos 
após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois 
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
•O presente dispositivo não sofreu alteração quer por pede do Senado Federal quer por parte da Câmara 
dos Deputados. A redação atual é a mesma do projeto original, cuja parte geral, como se sabe, ficou a cargo 
do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. Não tem correspondente no Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Monte presumida sem decretação de ausência : Admite-se declaração judicial de morte presumida 
sem decretação de ausência em casos excepcionais, apenas depois de esgotadas todas as buscas e 
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do óbito, e tais casos são: a) probabilidade da 
ocorrência da morte de quem se encontrava em perigo de vida e b) desaparecimento em campanha ou 
prisão de pessoa, não sendo ela encontrada até dois anos após o término da guerra. 
 
 
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem ria mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
 
Histórico 
O presente dispositivo não foi atingido por qualquer alteração quer por parte do Senado Federal quer por 
parte da Câmara dos Deputados. A redação atual é a mesma do projeto original, cuja parte geral, como se 
sabe, ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. Corresponde ao art. 11 do Código 
Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Comoriência ou morte simultânea: A comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião e 
em razão do mesmo acontecimento. Embora o problema da comoriência, em regra, alcance casos de morte 
conjunta, ocorrida no mesmo acontecimento, ela coloca-se, com igual relevância, no que concerne a efeitos 
dependentes de sobrevivência, na hipótese de pessoas falecidas em locais e acontecimentos distintos, mas 
em datas e horas simultaneas ou muito próximas. 
• Efeito da morte simultânea no direito sucessóriO: A comoriência terá grande repercussão na 
transmissão de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros uns dos outros, não há 
transferência de direitos; um não sucederá ao outro, sendo chamados à sucessão os seus herdeiros ante a 
presunção juris tantum de que faleceram ao mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de se saber quem 
faleceu primeiro, o magistrado aplicará o art. 8o do Código Civil, caso em que, então, não haverá 
transmissão de direitos entre as pessoas que morreram na mesma ocasião. 
 
 
Bibliografia 
Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 211 e 213); Bassil Dower, Curso, cit., v. 1 (p. 66-7); M. 
Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 111-2); Lei de Introdução ao Código Civil brasileim interpretada, São 
Paulo, Saraiva, 2001 (p. 275-6); Rubens Limongi França, Fim da personalidade natural. Comoriência e 
vocação hereditária, Revista Brasileira de Direito Comparado, 13/96-107, 1992; Clóvis Beviláqua, Código 
Civil comentado, 1944, v. 1 (p. 217 e s.); Raoul de la Grasserie, Code Civil alemand, Paris, 1897 (p. 5); 
Diego Espín Cánovas, Derecho civil espanol, Madrid, 1951, v. 1 (p. 125); Rotondi, Istituzioni di diritto 
pnivato, Milano, 1965 (p. 175-7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 9o Serão registrados em registro público: 
1 — os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II— a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III — a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV — a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração relevante seja por parte do Senado Federal 
seja por parte da Câmara dos Deputados, salvo no tocante à substituição da forma verbal “inscritos” por 
“registrados”, operada por emenda de redação apresentada no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
 
• publicidade do estado das pessoas: Com o escopo de assegurar direitos de terceiros, o legislador, a fim de 
obter a publicidade do estado das pessoas, exige inscrição em registro público de determinados atos e a 
certidão extraída dos livros cartoríários fará prova plena e. segura do estado das pessoas físicas. 
Registro de nascimento: Todo nascimento deve ser registrado (Lei n. 6.015/ 73, arts. 50— alterado pela Lei 
n. 9.053/95 — e 53; CC, art. 9~, 1; CF/88, art. 9, LXXVI, a), mesmo que a criança tenha nascido morta ou 
morrido durante o parto. 
• Registro de casamento: Para completar as formalidades do casamento, que se iniciam com a habilitação e 
prosseguem com a cerimônia solene, dever-se-á lavrar no livro de registro paraperpetuar o ato e servir de 
prova o assento do matrimônio, assinado pelo presidente do ato, cônjuges, testemunhas e oficial, contendo 
os requisitos exigidos pelo art. 70 da Lei n. 6.015\73 (CC, arts. 1.512, parágrafo único, 1.516, §~ 10a 32, 
1.545 e 1.546). 
• Registro de óbito: Será imprescindível o registro de óbito, pois se prova a morte pela certidão extraída do 
assento de óbito (Lei n. 6.015\73, arts. 77 a 88 e 107). 
• Registro de emancipação expressa ou voluntária: Imprescindível será o registro de emancipação de menor 
de dezoito anos completos que se dê em razão de outorga paterna ou materna ou por sentença judicial (Lei 
n. 6.015\73, arts. 89 a 91 e 107, § 19. 
• Registro de interdição por incapacidade absoluta ou relativa: O decreto judicial de interdição deverá ser 
inscrito (Lei n. 6.015/73. art. 92) no Registro das Pessoas Naturais e publicado pela imprensa local e pelo 
órgão oficial três vezes, com intervalo de dez dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador 
que o representará nos atos da vida civil. a causa da interdição e os limites da curatela (CPC, art. 1.184). A 
inscrição no Registro de Pessoas Naturais e a publicação editalícia são indispensáveis para assegurar 
eficácia erga omnes à sentença. 
•Registro de sentença declaratória de ausência e de morte presumida:Será preciso que se faça o assento da 
sentença declaratória de ausência que nomear curador no cartório do domicílio anterior do ausente (Lei n. 
6.015/73, art. 94). A sentença da abertura da sucessão provisória será averbada, no assento de ausência, 
após o trânsito em julgado (Lei n. 6.015/ 73, ais. 104, parágrafo único, e 107, § 19. E a declaração judicial 
da morte presumida deverá, convertendo-se a sucessão provisória em definitiva, também ser levada a 
assento. 
 
 
Bibliografia 
•Orlando Gomes, Direito de família, Rio de Janeiro, Forense, 1978 (p.120); Cândido de Oliveira, Manual 
do Código Civil brasileiro, de Paulo Lacerda, Rio de Janeiro, 1918. v. 5, § 68 (p. 143); Caio M. 5. Pereira, 
Instituições, cit., v. 5 (p. 84); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 2 (p. 57); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 
5 (p. 80-1); Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, v. 16 (p. 391-3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
1— das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação 
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 
II — dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
III — dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção. 
 
 
Histórico 
• A redação original dos incisos do art. 10 era a seguinte: “1 — das sentenças que decretarem a nulidade ou a 
anulação do casamento, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II — das 
sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento, e as que declararem a 
filiação legítima; 111 — dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação 
ilegítima ; IV— dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção, e dos que a dissolverem’. Por meio de 
emenda apresentada perante o Senado Federal pelo então Senador Fernando Henrique Cardoso o 
dispositivo ganhou a redação atual, suprimindo-se o inciso que versava sobre filiação ilegítima e 
acrescentando-se no inciso 1 a sentença do divórcio entre os atos passíveis de averbação no registro 
público. Não tem correspondente no Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Importância da averbação: Surge, ao lado do registro, um ato específico — a averbação — ante a 
necessidade de fazer exarar todos os fatos que venham atingir o estado da pessoa e, conseqüentemente, o 
seu registro civil, alterando-o, por modificarem ou extinguirem os dados dele constantes. A averbação será 
feita pelo oficial do cartório em que constar o 
assento à vista da carta de sentença, de mandado ou de petição acompanhada de certidão ou documento 
legal e autêntico, com audiência do Ministério Público (Lei n. 6.015/73, art. 97). 
• Averbação da sentença de nulidade ou anulação do casamento, de separação judicial e do divórcio: 
Transitada em julgado a sentença declaratória de nulidade absoluta ou relativa do casamento, a decisão 
homologatória da separação judicial consensual ou a que conceder a separação judicial litigiosa deverá ser 
averbada no livro de casamento do Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, art. 100), e se a partilha 
abranger bens imóveis deverá ser também transcrita no Registro Imobiliário (Lei n. 6.015/ 73, ais. 29, § 
19, a, 100, §~ 19 a 52, e 167,11, 14; CPC, art. 1.124). Antes da averbação aquelas sentenças não 
produzirão efeitos contra terceiros (Lei n. 6.015/73, art. 100, § 19. E a sentença de divórcio só produzirá 
seus efeitos depois de averbada no Registro Público competente, ou seja, onde foi lavrado o assento do 
casamento (art. 32 da Lei n. 6.515). 
• Averbação do restabelecimento da sociedade conjugal: Havendo ato de restabelecimento da sociedade 
conjugal mediante reconciliação, se separados, ou novo casamento, se divorciados (Lei n. 6.515/77, art. 
46), deverá ele ser averbado (Lei n. 6.015/73, art. 101) no livro de casamento e, havendo bens imóveis no 
patrimônio conjugal, a averbação do fato deverá ser feita em relação a cada um dos imóveis pertencentes 
ao casal, exista ou não pacto antenupcial (Lei n. 6.015/73, art. 167, 11, n. 10), no Registro Imobiliário da 
situação dos imóveis. 
• Averbação de atos judiciais ou extrajudiciais que declarem ou reconheçam a filiação: No livro de 
nascimento deverão ser averbados tanto atos judiciais que declarem ou reconheçam a filiação (Lei n. 
6.015/73, art. 102), como os extrajudiciais, porque o reconhecimento de filho voluntário (CC, art. 1.609, Ia 
LV; Lei n. 8.069/90, art. 26; Lei n. 8.560/92, art. 1~, 1 a IV) é ato solene. Deve, p. ex., a escritura pública 
ou particular ser arquivada em cartório, onde se reconheça filiação, e ser averbada no livro de nascimento. 
• Averbação dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção: A sentença constitutiva de adoção, que 
confere à pessoa a qualidade de filho adotivo, desligando-o do vínculo com os parentes consangüíneos, 
estabelecendo a relação de parentesco civil, após o trânsito em julgado deverá ser averbada no livro de 
nascimento. Deveras, a adoção só se consuma com o assento daquela decisão, que se perfaz com sua 
averbação à margem do registro de nascimento do adotado, efetuada à vista de petição acompanhada da 
decisão judicial. 
 
• Sugestão legislativa: Em face dos argumentos acima aludidos, encaminhamos ao Deputado Ricardo Fiuza 
proposta de alteração do dispositivo, que passaria a contar com a seguinte redação: 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
1— das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação 
judicial e o restabelecimento da,sociedade conjugal; 
II— dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
III — dos atos judiciais de adoção. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e 
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelos fundamentos expostos, oferecemos ao Deputado Ricardo Fiuza a seguinte 
sugestão de redação: 
Art. 11. O direito à vida, à integridade fisico-psíquica, à identidade, à honra, à imagem, à liberdade, 
à privacidade e outros reconhecidos à pessoa são inatos, absolutos, intransmissíveis, indisponíveis, 
irrenunciáveis, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e inexpropriáveis. 
Parágrafo único. Com exceção dos casos previstos em lei, não pode o exercício dos direitos da 
personalidade sofrer limitação. voluntária. 
 
 
 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cessea ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e 
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste 
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por pane do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. A redação atual é a mesma do anteprojeto, cuja parte 
geral, como se sabe, ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. 
 
Doutrina 
• Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de ameaça ou lesão a direito da personalidade: Os direitos da 
personalidade destinam-se a resguardar a dignidade humana, mediante sanções, que devem ser suscitadas 
pelo ofendido (lesado direto). Essa sanção deve ser feita por meio de medidas cautelares que suspendam os 
atos que ameacem ou desrespeitem a integridade físico-psíquica, intelectual e moral, movendo-se, em 
seguida, uma ação que irá declarar ou negar a existência da lesão, que poderá ser cumulada com ação 
ordinária de perdas e danos a fim de ressarcir danos morais e patrimoniais. 
• Lesado indireto: Se se tratar de lesão a interesses econômicos, o lesado indireto será aquele que sofre um 
prejuízo em interesse patrimonial próprio, resultante de dano causado a um bem jurídico alheio, podendo a 
vítima estar falecida ou declarada ausente. A indenização por morte de outrem é reclamada jure proprio. 
pois ainda que o dano, que recai sobre a mulher e os filhos menores do finado, seja resultante de homicídio 
ou acidente, quando eles agem contra o responsável, procedem em nome próprio, reclamando contra 
prejuízo que sofreram e não contra o -que foi irrogado ao marido e pai. 
P. ex.: a viúva e os filhos menores da pessoa assassinada são lesados indiretos, pois obtinham da vítima do 
homicídio o necessário para sua subsistência. A privação de alimentos é uma conseqüência do dano. No 
caso do dano moral, pontifica Zannoni, os lesados indiretos seriam aquelas pessoas que poderiam alegar 
um interesse vinculado a bens jurídicos extrapatrimoniais próprios, que se satisfaziam mediante a 
incolumidade do bem jurídico moral da vítima direta do fato lesivo. 1’. ex.: o marido ou os pais poderiam 
pleitear indenização por injúrias feitas à mulher ou aos filhos, visto que estas afetariam também pes-
soalmente o esposo ou os pais, em razão da posição que eles ocupam dentro da unidade familiar. Haveria 
um dano próprio pela violação da honra da esposa ou dos filhos. Ter-se-á sempre uma presunção juris 
tantum de dano moral, em favor dos ascendentes, descendentes, cônjuges, irmãos, tios, sobrinhos e primos, 
em caso de ofensa a pessoas da família mortas ou ausentes. Essas pessoas não precisariam provar o dano 
extrapatrimonial, ressalvando-se a terceiros o direito de elidir aquela presunção. O convivente, ou 
concubino, noivo, amigos, poderiam pleitear indenização por dano moral, mas terão maior ônus de prova, 
uma vez que deverão provar, convincentemente. o prejuízo e demonstrar que se ligavam à vítima por 
vínculos estreitos de amizade ou de insuspeita afeição. 
 
 
• Sugestão legislativa: Em face dos argumentos acima aludidos, encaminhamos ao Deputado Ricardo Fiuza 
a seguinte sugestão legislativa: 
Art. 12. O ofendido pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e 
reclamar indenização em ressarcimento de dano patrimonial e moral sem prejuízo & outras sanções 
previstas em lei. 
Parágrafo único . Em se tratando de morto ou ausente, terá legitimação para requerer as medidas 
previstas neste artigo o cônjuge ou companheiro sobrevivente, ou, ainda, qualquer parente em linha reta 
ou colateral até o quarto grau. 
 
 
Bibliografia 
• Zannoni, El daiio en la responsabilidad civil, Buenos Aires, Astrea, 1982 (p. 360-73); Wilson Meio da 
Silva, O dano moral e sua reparação, Rio de Janeiro, Forense, 1966; M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 7 (p. 
142-4). 
 
 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar 
diminuição permanente da integridade fisica, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma 
estabelecida em lei especial. 
 
 
Histórico 
• A redação primitiva do artigo, nos termos em que fora originariamente aprovada pela Câmara dos 
Deputados, era a seguinte: “Salvo exigência médica, os atos de disposição do próprio corpo são defesos 
quando importarem diminuição permanente da integridade física, ou contrariarem os bons costumes. 
Parágrafo único. Admitir-se-ão, porém, tais atos para fins de transplante, na forma estabelecida em lei 
especial”. Posteriormente, por meio de emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, o dispositivo 
ganhou a redação atual. A finalidade da alteração promovida pelo Senado Federal foi imprimir redação 
mais clara e de melhor técnica legislativa. Tratou-se de mero aperfeiçoamento redacional. 
 
 
Doutrina 
• Disposição de partes separadas do próprio como, em vida, para fins terapêuticos: E possível doação 
voluntária, feita por escrito e na presença de testemunhas, por pessoa capaz, de tecidos, órgãos e partes do 
próprio corpo vivo para efetivação de transplante ou tratamento , comprovada a necessidade terapêutica do 
receptor, desde que uSo contrarie os bons costumes, nem traga risco para a integridade física do doador, 
nem comprometa suas aptidões vitais, nem lhe provoque deformação ou mutilação, pois não se pode exigir 
que alguém se sacrifique em benefício de terceiro (Lei n. 9.434/97, art. 9o , § 3o a 7o ). 
 
 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição o gratuita do próprio corpo, no 
todo ou da parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Disposição gratuita do próprio como, no todo ou em parte, para depois da morte: Admitido está o ato de 
disposição gratuita de órgãos, tecidos e partes do corpo humano post mortem para fins científicos ou de 
transplante em paciente com doença progressiva ou incapacitante, irreversível por outras técnicas 
terapêuticas (Lei n. 9.434/97, art. 12; e Dec. n. 2.268/ 97, art. 23). 
• Princípio do consenso afirmativo : Consagra o princípio do consenso afirmativo, pelo qual a pessoa capaz 
deve manifestar sua vontade de dispor gratuitamente do próprio corpo, no todo ou em pane, para depois de 
sua morte, com objetivo científico (p. ex., estudo de anatomia humana em universidade) ou terapêutico (p. 
ex., transplante de órgãos e tecidos) 
• Revogação “sine die”: Quem vier a dispor para depois de sua morte do próprio corpo, no todo ou em parte, 
tem o direito de, a qualquer tempo, revogar livremente essa doação post mortem. 
 
 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-Se, com risco de vida, a tratamento médico ou a 
intervenção cirúrgica. 
 
 
Histórico 
O presente dispositivo não sofreu alteração, quer por parte do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Princípio da autonomia: O profissional da saúde deve respeitar a vontade do paciente, ou de seu 
representante, se incapaz. Daí a exigência do consentimento livre e informado. Imprescindível será a 
informação detalhada sobre seu estado de saúde e o tratamento a ser seguido, para que tome decisão sobre 
a terapia a ser empregada. 
• Princípio da beneficência: A prática médica deve buscar o bem-estar do paciente, evitando, na medidado 
possível, quaisquer danos e risco de vida. Só se pode usar tratamento ou cirurgia para o bem do enfermo. 
• Princípio da não.maleficência: Há obrigação de não acarretar dano ao paciente. 
• Direito de recusa de algum tratamento arriscado: E direito básico do paciente o de não ser constrangido a 
submeter-se, com risco de vida, a terapia ou cirurgia e, ainda, o de não aceitar a continuidade terapêutica. 
 
 
Bibliografia 
• .1. Padre!. La condition civile du mnalade, Paris, LGDJ, 1963 ,Alfredo Kraut, Los derechos de los 
pacientes; Genival Veloso de França, Direito médiw, São Paulo, 1996 (p. 26-37); M. Helena Diniz, O 
estado atual, cit. (p. 558-61). 
 
 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome 
 
Histórico 
Na redação originalmente aprovada pela Câmara, o artigo em comento tinha a seguinte redação: “Art. 16. 
Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o nome patronímico ”. A redação atual 
resultou de emenda apresentada pelo Deputado Ricardo Fiuza, substituindo as palavras “nome” e 
“patronímico” por “sobrenome, que é a mais correta. Segundo o relator “o nome da pessoa é composto de 
prenome e sobrenome. Patronímico significa nome derivado do nome do pai, a exemplo de RodrigUes 
(filho de Rodrigo) e Fernandes (filho de Fernando). O emprego dessa erronia generalizou-se , mas apenas 
se justificava na tradição do patriarcalismo”. 
 
 
Doutrina 
Nome civil da pessoa natural: O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, 
se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade. 
• Elementos constitutivos do nome: Dois, em regra, são os elementos constitutivos do nome: o prenome~ 
própriO da pessoa, que pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo; e o 
sobrenome, que é o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, podendo 
advir do apelido de família paterno, materno ou de ambos. A aquisição do sobrenome pode decorrer não só 
do nascimento, por ocasião de sua transcrição no Registro competente~ reconhecendo sua filiação, ruas 
também da adoção, do casamento, da união estável, ou ato de interessado, mediante requerimento ao 
magistrado. 
 
 
 
 
Bibliografia 
R. Limongi França, Do nome civil das pessoas naturais, São Paulo, Revista dos Tribunais, j975; W. Barros 
Monteiro, Curso de direito civil, cit., v. 1 (p. 92); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 124-7). 
 
 
Art. 17. 0 nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que 
a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
 
 
 
 
Doutrina 
• Direito à honra objetiva como direito conexo ao direito ao nome: A pessoa tem autorização de usar seu 
nome e de defendê-lo de abuso cometido por terceiro, que, em publicação ou representação, venha a expô-
la ao desprezo público — mesmo que não haja intenção de difamar — por atingir sua boa reputação, moral 
e profissional, no seio da coletividade (honra objetiva). Em regra, a reparação por essa ofensa é pecuniária, 
mas há casos em que é possível a restauração in natura, publicando-se desagravo. 
 
 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Uso de nome alheio em propaganda comercial: É vedada a utilização de nome alheio em propaganda 
comercial, por ser o direito ao nome indisponível, admitindo-se sua relativa disponibilidade mediante 
consentimento de seu titular, em prol de algum interesse social ou de promoção de venda de algum 
produto, mediante pagamento de remuneração convencionada. 
 
 
 
 
 
Art. 19. O pseudômino adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
 
Doutrina 
 
· Proteção ao pseudônimo ? Protege-se juridicamente o pseudônimo adotado, comumente, para 
atividades ilícitas por literatos e artistas, dada a importância de que goza, por identificá-los no mundo das 
letras e das artes, mesmo que não tenham alcançado a notoriedade. 
 
Art. 20 Salvo se autorizadas, ou se necessárias á administração da justiça ou á manutenção da ordem 
publica, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou utilização da 
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que 
couber, se lhe atingirem a honra , a boa fama ou a responsabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo Único – Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção 
o cônjuge , os ascendentes ou descendentes. 
 
 
Doutrina 
• Tutela do direito à imagem e dos direitos a ela conexos : A imagem-retrato é a representação física da 
pessoa como um todo ou em partes separadas do corpo, desde que identificáveis, implicando o 
reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura , desenho, pintura. Intepretação dramática , 
cinematrografica, televisão, sites etc., que requer autorização do retratado ( CF de 1988, art. 5o , X ) . E a 
imagem-atributo é o conjunto de caracteres ou qualidades cultivadas pela pessoa reconhecidos socialmente 
( CF de 1988, art 5o , V ) Abrange o direito : á própria imagem ou a difusão da imagem, a imagem das 
coisas próprias e á imagem em coisas, palavras ou escritos ou em publicações; de obter imagem ou de 
consentir em sua captação por qualquer meio tecnológico. O direito à imagem é autônomo, não precisando 
estar em conjunto com a intimidade, a identidade, a honra etc. Embora possam estar, em certos casos, tais 
bens a ele conexos, isso não faz com que sejam partes integrantes um do outro. 
• Direito de interpretação, direito à imagem e direito auto ral: O direito de interpretação, ou seja, o do ator 
numa representação de certo personagem, pode estar conexo como direito à voz, à imagem e com o direito 
autoral. O autor de obra intelectual pode divulgá-la por apresentação pública, quando a obra é representada 
dramaticamente, executada, exibida, projetada em fita cinematográfica, transmitida por radiodifusão etc., e 
é neste terreno que se situa o contrato de representação e execução, de conteúdo complexo por se referir 
não só ao desempenho pessoal, mas também à atuação por meios mecânicos e eletrônicos dos diferentes 
gêneros de produção intelectual, suscetíveis de comunicação audiovisual e regulados pelos arts. 29, VIII, a 
e b, 46, VI, e 68 a 76 da Lei n. 9.610/98. Na representação pública há imagens transmitidas para difundir 
obra literária, musical ou artística que deverão ser tuteladas juridicamente, juntamente com os direitos do 
autor. Os direitos dos artistas, intérpretes e executantes são conexos aos dos escritores, pintores, 
compositores, escultores etc. (Lei n. 9.610/98, art. 89). Logo, podem eles impedir a utilização indevida de 
suas interpretações, bem como de sua imagem. 
• Proteção da imagem como direito autoral: A imagem é protegida pelo art. 52, XXVIII, a, da CF, como 
direito autoral, desde que ligada à criação intelectual de obra fotográfica, cinematográfica, publicitária etc. 
• Limitações ao direito à imagem: Todavia, há certas limitações do direito à imagem, com dispensa da 
anuência para sua divulgação, quando: a) se tratar de pessoa notória, pois isso não constitui permissão 
para devassar sua privacidade, pois sua vida íntima deve ser preservada. A pessoa que se toma de interesse 
público, pela fama ou significação intelectual, moral, artística ou política não poderá alegar ofensa ao seu 
direito à imagem se sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e apolítica . Isto é 
assim porque a difusão de sua imagem sem seu consenso deve estar relacionadacom sua atividade ou com 
o direito à informação; b) se referir a exercício de cargo público, pois quem tiver função pública 
de destaque não poderá impedir que no exercício de sua atividade, seja filmada ou fotografada, salvo na 
intimidade; e) se procurar atender à administração ou serviço da justiça ou de polícia, desde que a pessoa 
não sofra dano à sua privacidade; á) se tiver de garantir a segurança pública nacional, em que prevalecer 
o interesse social sobre o particular, requerendo a divulgação da imagem, p. ex., de um procurado pela 
policia ou a manipulação de arquivos fotográficos de departamentos policiais para identificação de 
delinqüente. Urge não olvidar que o civilmente identificado não possa ser submetido a identificação 
criminal, salva nos casos autorizados legalmente (CF, art. 52, LVIfl); e) se buscar atender ao interesse 
público, aos fins culturais, científicos e didáticos; f) se houver necessidade de resguardar a saúde pública. 
Assim, portador de moléstia grave e contagiosa não pode evitar que se noticie o fato; g) se obtiver imagem, 
em que a figura seja tão-somente parte do cenário (congresso, enchente, praia, tumulto, show, desfile, festa 
carnavalesca, restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se pretende divulgar o acontecimento e não a 
pessoa que integra a cena; h) se tratar de identificação compulsória ou imprescindível a algum ato de 
direito público ou privado. 
• Reparação do dano à imagem: O lesado pode pleitear a reparação pelo dano moral e patrimonial (Súmula 
37 do STJ) provocado por violação à sua imagem-retrato ou imagem-atributo e pela divulgação não 
autorizada de escritos ou de declarações feitas. Se a vítima vier a falecer ou for declarada ausente, serão 
partes legítimas para requerer a tutela ao direito à imagem, na qualidade de lesados indiretos, seu cônjuge, 
ascendentes ou descendentes e também, no nosso entender, o convivente, visto ter interesse próprio, 
vinculado a dano patrimonial ou moral causado a bem jurídico alheio. Este parágrafo único do art. 20 seria 
supérfluo ante o disposto no art. 12, parágrafo único. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelas razões acima expostas sugerimos ao Deputado Ricardo Fiuza a retirada do 
parágrafo único. 
 
 
Bibliografia 
• Luiz Alberto David Araújo, A proteção constitucional da própria imagem, Belo Horizonte, Dei Rey, 1996; 
Carlàs Alberto Bittar, Os direitos da personalidade. cit. (p. 87 e s.); Hermano Durvai, Direito à imagem, 
São Paulo, Saraiva, 1988; Ravanas, La protection dar personnes contre la réalisation et la publication de 
leur image. Paris, LODJ. 1978; 
 
 
 
 
 
 
 
Art 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará 
as providencias necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrario a esta norma. 
 
 
Histórico 
• Esse dispositivo não constava do texto original do anteprojeto, tendo sido acrescentado pela Câmara dos 
Deputados, durante a 1a fase, por emenda substitutiva do Deputado Ernani Sátyro. então relator-geral. O 
Senado Federal não procedeu a qualquer alteração no dispositivo. Retomando o projeto à Câmara, 
procedeu-Se apenas uma alteração para substituir “pessoa física” por “pessoa natural” (vide Histórico ao 
art. 6o ). 
 
 
Doutrina 
• Inviolabilidade da vida privada: O direito à privacidade da pessoa contém interesses jurídicos, por isso 
seu titular pode impedir ou fazer cessar invasão em sua esfera íntima, usando para sua defesa: mandado de 
injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, cautelares inominadas e ação de 
responsabilidade civil por dano moral e patrimonial. 
 
 
Bibliografia 
• René Anel Dotti, Proteção da vida privada e liberdade de informaçtio, São Paulo, Revista dos Tribunais, 
1980; Pierre Kayser, La protectiofl de la vie privée, Paris, Dalloz, 1974; Gilberto Haddad Sabor, Liberdade 
de pensamento e direito à vida privada, São Paulo. Revista dos Tribunais, 2000. 
 
 
CAPÍTULO III 
DA AUSÊNCIA 
 
Seção 1 
Da curadoria dos bens do ausente 
 
 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicilio sem dela haver noticia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer inte-
ressado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
 
 
 
Doutrina 
• Curatela do ausente: Verificado o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, sem dar 
qualquer notícia de seu paradeiro e sem deixar procurador, ou representante, para administrar seus bens, o 
juiz. a requerimento de qualquer interessado, seja ou não parente, bastando que tenha interesse pecuniário~ 
ou do Ministério Público, nomeará um curador para administrar seu patrimônio~ resguardando-O. Não 
havendo bens, não se terá nomeação de curador. Em caso de ausência, a curadoria é dos bens do ausente e 
não da pessoa do ausente. Há quem ache, acertadamente, não se tratar de ausência o desaparecimento de 
alguém num acidente aéreo, rodoviário, ferroviário etc. em que, pelos indícios, a sua morte parece óbvia, 
apesar de não ter sido encontrado seu cadáver já que não há incerteza de seu paradeiro. 
 
Bibliografia 
• W. Barros Monteiro, Curso, cii., v. 2 (p. 334); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 505); Levenhagefl, 
Código Civil, cit., v. 2 (p. 310); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 543-4); Coviello, Manuale. ctt., § 
56, Estevam de Almeida, in Paulo de Lacerda, Manual. cit., v. 6 (p. 542); José de Farias Tavares, O Código 
Civil e a ruiva Constituição. cit. (p. 69-70); Digesto, 10, 23, 2; Hugo Nigro Mazzilli, Curadoria de 
ausentes e incapazes. São Paulo, 1988; Roberto Senise Lisboa, Manual, cit. v. 5(p. 139-46); Sebastiáo José 
Roque. Direito de família, cit. (p. 207-14). 
 
 
 
 
 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador quando o ausente deixar mandatário 
que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo praticamente não sofreu qualquer alteração relevante ou de mérito seja por parte do 
Senado Federal seja por parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Curadoria dos bens do ausente com procurador: A nomeação de curador a bens de um ausente dar-se-á 
mesmo que ele tenha deixado procurador que se recuse a administrar seu patrimônio ou que não possa 
exercer ou continuar o mandato, seja por ter ocorrido o término da representação a termo, seja por sua 
renúncia, não aceitando a fortiori o mandato, seja por sua morte ou incapacidade. O mesmo se diga se os 
poderes outorgados ao procurador forem insuficientes para a gestão dos bens do ausente. 
Com isso, o ausente ficará sem representante que venha a gerir seu patrimônio, urgindo, pois, que se 
nomeie curador 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 5 (p. 314); Silvio Rodrigues. Direito civil, cit., v. 6 (p. 417); 
Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 545). 
 
 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, 
observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Fixação judicial dos poderes e deveres do curador dos bens do ausente: O curador dos bens do ausente, 
uma vez nomeado, terá seus deveres e poderes estabelecidos pelo juiz. de conformidade com as 
circunstancias do caso. Logo, o magistrado, conforme o caso, no ato da nomeação determinará 
pormenorizadamente as providências a serem tomadas e as atividades a serem realizadas, observando os 
dispositivos legais, sempre no que foremaplicáveis, reguladores da situação similar dos tutores e 
curadores, para que a atuação do curador dos bens do ausente seja realmente eficiente e responsável. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310-1); Paulo de 
Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 545-6); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao art. 465, v. 
2. 
 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de 
dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, 
nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
 
Histórico 
• O texto original do projeto dispunha: “O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado 
judicialmente, ou de fato há mais de cinco anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo 
curador”. Emenda apresentada perante o Senado da República deu ao dispositivo a redação atual, 
compatibilizando-o com a Constituição Federal de 1988, que, em seu art. 226, § 6o , diminuiu de 5 (cinco) 
para 2 (dois) anos o período de comprovada separação de fato para efeito de divórcio. 
 
 
Doutrina 
 
•Cônjuge do ausente como curador legítimo: A curadoria dos bens do ausente deverá ser deferida, se 
casado for, não estando separado judicialmente, ao seu cônjuge, para que seu patrimônio não se perca ou 
deteriore, assumindo sua administração. Ante o interesse na conservação dos bens do ausente, qualquer que 
seja o regime matrimonial de bens, seu curador legítimo será seu cônjuge. 
 
• Nomeação de curador dos bens do ausente na falta do cônjuge: Se o ausente que deixou bens não tiver 
consorte, nomear-se-á o pai ou a mãe do desaparecido como curador, e, na falta destes, os descendentes, 
desde que tenham idoneidade para exercer o cargo. 
• Ordem de nomeação entre os descendentes: Na curadoria dos bens do ausente cabível a descendente 
seguir-se-á o princípio de que os mais próximos excluem os mais remotos. 
• Escolha de curador dos bens de ausente pelo órgão judicante: Na falta de cônjuge, ascendente ou 
descendente do ausente competirá ao juiz a escolha do curador, desde que idôneo a exercer o cargo. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 365-6); Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, cit., 
obs. ao art. 467, v. 4; Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao art. 467, v. 2. 
 
 
 Seção II 
 
 Da sucessão provisória 
 
 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou 
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra 
provisoriamente a sucessão. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Duração da curatela dos bens do ausente: A curadoria dos bens do ausente perdura por um ano, durante o 
qual o juiz ordenará a publicação de editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer 
para retornar seus haveres (CPC, art 1.161). 
• Abertura da sucessão provisória: Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente sem que se saiba do 
seu paradeiro, ou, se ele deixou algum representante, em se passando três anos, poderão os interessados 
requerer que se abra, provisoriamente, a sucessão, cessando a curatela (CPC, art. 1.162,III). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 314); Clóvis Beviláqua, 
Código Civil comentado, cii., obs. ao art. 469, v. 2; Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, 
cii., obs. ao art. 469, v. 4. 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se çonsideram interessados: 
1— o cônjuge não separado judicialmente; 
II— os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III— os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV — os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
 
 
Histórico 
•A redação original do caput, tal como fora concebida no anteprojeto, era a seguinte: “Somente se 
consideram, para esse efeito, interessados: (...)“. Posteriormente, mediante emenda da lavra do Senador 
Josaphat Marinho, o dispositivo ganhou a redação atual. Segundo o Deputado Ricardo Fiuza, “a finalidade 
da alteração promovida pelo Senado Federal, ao fazer referência ao artigo anterior, cujo objeto é 
mencionado de imediato, obedeceu à melhor técnica legislativa. Sendo distintos, embora muitas vezes 
vinculados, os artigos, reportar-se um ao outro diretamente é sempre melhor, e de maior clareza, do que 
aludir a seu conteúdo, ou a parte dele. O resultado consistiu numa redação mais clara e de melhor técnica 
legislativa”. Também no inciso II havia a exigência de que o testamento fosse público e que foi abolida 
ainda pela Câmara dos Deputados no período inicial de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Legitimidade para promover a sucessão provisória: A sucessão provisória poderá ser requerida por 
qualquer interessado: a) cônjuge não separado judicialmente; b) herdeiros presumidos legítimos e 
testamentários; e) pessoas que tiverem sobre os bens do ausente direito subordinado à condição de morte, 
ou seja, se houver fideicomisso; d) credores de obrigações vencidas e não pagas (CPC, art. 1.163, § l~). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cii., v. 2 (p. 3 14-5); Clóvis 
Beviláqua, Código Civil comentado, cii., obs. 
ao art. 470, v. 2. 
 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e 
oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura 
do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
§ lo Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, 
cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. 
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de 
passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens 
do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
 
Histórico 
. O § lo , tal como foi aprovado pela Câmara dos Deputados, tinha o seguinte enunciado: “Findo o prazo do 
art. 26, e não havendo absolutamente interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público 
requerê-la ao juízo competente”. Mediante emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, relator-geral do 
projeto no Senado Federal, foi suprimido o advérbio “absolutamente”, ganhando o dispositivo a redação 
atual. Nas justificativas apresentadas perante o Senado Federal registrou se que “tal supressão decorre da 
desnecessidade do uso de tal advérbio, vez que, considerando-se o § lo do art. 28 isoladamente, ou em 
conexão com o art. 26, não há qualquer alteração quanto à situação da inexistencia de interessados na 
sucessão provisória”. 
 
 
Doutrina 
 
• Abertura da sucessão provisória pelo Ministério Público: Se, findo o prazo legal de um ano, não houver 
interessado na sucessão provisória, ou se entre os herdeiros houver interdito ou menor, competirá ao 
Ministério Público requerer a abertura da sucessão provisória (CPC, art. 1.163, § 2~). 
• Efeitos da sentença declaratória da abertura da sucessão provisória: A sentença que determinar a abertura 
da sucessão provisória produziráefeitos somente 180 dias depois de sua publicação pela imprensa. Assim 
que transitar em julgado, ter-se-á a abertura do testamento, se houver, e proceder-se-á ao inventário e 
partilha dos bens como se fosse o ausente falecido (CPC, art. 1.165). 
• Ausência de herdeiro: Se, dentro de trinta dias do trânsito em julgado da sentença que manda abrir a 
sucessão provisória, não aparecer nenhum interessado, ou herdeiro, que requeira o inventário, sendo a 
sucessão requerida pelo Ministério Público, a herança será considerada jacente (CPC, art. 1.165, parágrafo 
único; CC, ais. 1.819 a 1.823). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii, v. 1 (p. 89, 103 e 104), e v. 5 (p. 366-7); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 2 
(p. 335-6); Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 5 (p. 315); Silvio Rodrigues, Direito civil, cii., v. 6 (p. 
419); Darcy Anuda Miranda, Anotações, cii., v. 1 (p. 428-9). 
 
 
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, 
sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo na redação original do Projeto n. 634 referia-se a “títulos da dívida pública da União 
ou dos Estados”. Emenda apresentada na Câmara dos Deputados, ainda no período inicial de tramitação, 
substituiu a expressão por “títulos garantidos pela União”. 
 
 
Doutrina 
• Conversão de bens: Para garantir ao ausente a devolução de seus bens, por ocasião de sua volta, o juiz, 
antes da partilha, deverá ordenar a conversão, por meio de hasta pública, dos bens móveis, sujeitos a 
deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos de dívida pública da União, adquiridos com o produto 
obtido. 
 
 
Bibliografia 
• W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 2 (p. 337); Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 6 (p. 315); 
Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 316); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 367). 
 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição 
deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. 
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, 
será excluido, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro 
herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, 
poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
Doutrina 
• lmissão na posse dos bens do ausente: Os herdeiros que forem imitidos na posse dos bens do ausente 
deverão dar garantias de sua devolução mediante penhor ou hipoteca proporcionais ao quinhão respectivo 
(CPC, art. 1.166), exceto se ascendentes, descendentes ou cônjuge, desde que comprovada a sua qualidade 
de herdeiros. 
• Falta de condição para prestar garantia: Se o herdeiro que tiver direito à posse provisória não puder 
prestar as garantias exigidas no caput deste artigo, não poderá entrar na posse dos bens, que ficarão sob a 
administração de um curador, ou de outro herdeiro designado pelo magistrado, se prontifique a prestar a 
referida garantia. 
 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 367); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 56 1-3); Clóvis 
Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs.ao art. 473, v. 2; Carvalho Santos, Código Civil brasileiro 
interpretado, cii., obs. ao art. 473, v. 4. 
 
 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar não sendo por desapropriação, ou hipotecar, 
quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração de conteúdo seja por parte do Senado 
Federal seja por parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Alienação de imóveis do ausente: Os imóveis do ausente, não só os arrecadados, mas também os 
convertidos por venda dos móveis, não poderão ser alienados, salvo em caso de desapropriação ou por 
ordem judicial para lhes evitar a ruína. 
 
 
Bibliografia 
• Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 563-4); M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 367); Levenhagen, 
Código Civil, cii.. v. 2 (p. 3 17-8). 
 
 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o 
ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 
 
 
histórico 
•O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por pane da Câmara 
dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
Representação ativa e passiva do ausente: Os sucessores provisórios, uma vez empossados nos bens, 
ficarão representando ativa e passivamente o ausente; logo, contra eles correrão as ações pendentes e as 
que de futuro, após a abertura da sucessão provisória, àquele se moverem. Conseqüentemente, o curador 
dos bens do ausente não mais será o representante legal, pois, uma vez que os herdeiros, em caráter 
provisório, entraram na posse da herança, justificativa alguma há para que o curador continue na 
representação daqueles bens, quer ativa, quer passivamente, ou seja, como réu ou como autor. 
 
 
Bibliografia 
• Levenhagen, Código Civil, cii., v. 2 (p. 318); M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 367); Paulo de Lacerda, 
Manual, cit., v. 6 (p. 564-5). 
 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos 
os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar 
metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do 
Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausencia foi voluntária e injustificada, 
perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte do Senado Federal que por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Direito aos frutos e rendimentos dos bens do ausente: Se o sucessor provisório do ausente for seu 
descendente, ascendente ou cônjuge, terá a propriedade de todos os frutos e rendimentos dos bens que a 
este couberem, podendo deles dispor como quiser. Se se tratar de outros sucessores que não aqueles acima 
enumerados, sendo. p. ex., parentes colaterais, deverão converter a metade desses rendimentos e frutos em 
imóveis ou títulos de dívida pública, a fim de garantir sua ulterior e possível restituição ao ausente. Tal 
capitalização deverá ser feita de acordo com o Ministério Público, que, além de determinar qual o melhor 
emprego da metade daqueles rendimentos, deverá fiscalizá-lo. 
• Prestação de contas do sucessor provisório: Os sucessores provisórios deverão prestar contas, anualmente, 
ao juiz, do emprego da metade dos frutos e rendimentos. 
• Efeito da prova de ausência voluntária e injustificada Se o ausente aparecer e ficar comprovado que sua 
ausência foi voluntária e injustificada. ele perderá, em favor dos sucessores provisórios, a parte que lhe 
caberia nos frutos e rendimentos. 
 
 
Bibliografia 
 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 367); Levenhagen, Código Civil, cii., v. 2 (p. 318); CarvalhO Santos, 
Código Civil brasileiro interpretado. 
cit., obs. ao art. 477, v. 4; Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cii., obs. ao art. 477, v. 2. 
 
 
Art. 34. 0 excluído, segundo o Art.30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, 
requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
 
• Direito do excluído da posse provisória O sucessor provisório que não pôde entrar na posse de seu 
quinhão, por não ter oferecido a garantia legal, poderá justificar-se provando a falta de recursos, 
requerendo. judicialmente, que lhe seja entregue metade dos frutos e rendimentos produzidos pela parte 
que lhe caberia, e que foi retida, para poder fazer frente à sua subsistência . 
 
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-
se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Prova da data cena da morte do ausente: Se se provar cabalmente durante a sucessão provisória a data 
certa da morte do ausente, o direito a herança retroagirá àquela época; logo, considerar-se-á, a partir de 
então, aberta a sucessão em prol dos herdeiros que legal e comprovadamente o eram àquele tempo. Com 
isso, a sucessão provisória converter-se-á em definitiva (CPC, art. 1.167. 1). 
 
Bibliografia 
 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 367); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 319-20); Carvalho 
Santos, Código Civil brasileiro interpretado, cit., obs. ao art. 479, v. 4. 
 
 
 
 
 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, 
cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tornar as 
medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte da Senado federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
 
Retorno do ausente: Retornando o ausente ou enviando notícias suas, cessarão para os sucessores provisórios 
todas as vantagens, ficando obrigados a tornar medidas assecuratórias até a devolução dos bens a seu dono, 
conservando-os e preservando-os sob pena de perdas e danos 
• Sucessores provisórios como herdeiros presuntivos: Os sucessores provisórios são herdeiros presuntivos, 
uma vez que administram patrimonio supostamente seu: o real proprietário é o ausente, cabendo-lhe, 
também a posse dos bens, bem como os seus frutos e rendimentos, ou seja, o produto da capitalização 
ordenada pelo art. 3o Código Civil. O sucessor provisório, com o retorno do ausente, deverá prestar contas 
dos bens e de seus acrescidos , devolvendo-os , assim como, se for o caso, os sub-rogados, se não mais 
existirem.. 
 
 
 
Seção III 
Da sucessão definitiva 
 
 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão 
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
 
 
Doutrina 
• Sucessão definitiva: A sucessão definitiva poderá ser requerida dez anos depois de passada em julgado a 
sentença que concedeu abertura de sucessão provisória ( CPC, art. 1.167, II ) 
* Efeitos da abertura da sucessão definitiva: Com a sucessão definitiva, os sucessores : a) passarão a Ter a 
propriedade resolúvel dos bens recebidos: b) perceberão os frutos e rendimentos desses bens, podendo 
utilizá-los como quiser/ c) poderão alienar onerosa ou gratuitamente tais bens, e d) poderão requerer o 
levantamento das cauções prestadas 
 
 
Bibliografia 
 
M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 368); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 321); Paulo de Lacerda, 
Manual, cit., v. 6 (p. 568-70); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao ait 481 do Código 
Civil de 1916, que corresponde ao art. 37 do novo Código, v. 2. 
 
 
ART. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta 
anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por paste do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Abertura de sucessão definitiva de ausente com oitenta anos: Se se provar que o ausente conta oitenta anos 
de nascido e que de cinco datam as últimas notícias suas (CPC, art. 1.167, ffi); poder-se-á ter a abertura da 
sucessão definitiva, considerando-se a média de vida da pessoa, mesmo que não tenha havido 
anteriormente sucessão provisória. 
 
 
Bibliografia 
• Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 570-1); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 367); Levenhagen, 
Código Civil, cit., v. 2 (p. 322); Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, cit., obs. ao art. 
482, v. 4; Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao art. 482, v. 4. 
 
 
ART. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum 
de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se 
acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem 
recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 
Parágrafo Único: Se, nos dez anos a que se refere este artigo , o ausente não regressar, e nenhum 
interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do 
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União , 
quando situados em território federal. 
 
 
 
Histórico 
• O caput do artigo não sofreu qualquer alteração. A redação é a mesma do projeto original, sendo que o 
mesmo não ocorreu com o parágrafo único. A redação original do parágrafo único do artigo em tela, tal 
como fora originalmente proposta à Câmara dos Deputados, era a seguinte: “Se, nos dez anos deste artigo, 
o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, a plena propriedade dos 
bens arrecadados passará ao Estado, ao Distrito Federal, ou Território, se o ausente era domiciliado nas 
respectivas circunscrições”. Ainda no período inicial de tramitação do projeto na Câmara, fora apresentada 
emenda substituindo “Estado” por “Município” e suprimindo a referência a ‘Território”. Posteriormente, 
durante a tramitação no Senado, por emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, o dispositivo ganhou a 
redação atual. Segundo o Senador Josaphat, “a emenda pretendeu compatibilizar o dispositivo com a Lei n. 
8.049, de 20 de junho de 1990, que elege, como critério da arrecadação de bens objeto de herança pelos 
entes públicos, a localização dos respectivos bens. Além de fazer retornar ao texto a figura dos territórios, 
que embora inexistentes nos dias atuais, podem vir a ser criados futuramente”. 
 
 
Doutrina 
 
•Regresso do ausente ou de seu herdeiro necessário; Se o ausente, ou algum de seus descendentes ou 
ascendentes, regressar nos de; anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, apenas poderá requerer ao 
magistrado a devolução dos bens existentes no estado em que se encontrarem, os sub-rogados em seu lugar 
ou o preço os herdeiros ou interessados receberam pelos alienados depois daquele tempo (CPC , art 1.168) 
respeitando-se assim, os direitos de terceiro. 
•Declaração da vacância dos bens do ausente: Se, nos dez anos a que se refere o caput do artigo ora 
examinado, o ausente não retornar, e nenhum interessado requerer a sucessão definitiva. os bens serão 
arrecadados como vagos, passando sua propriedadeplena ao Município, ao Distrito Federal, se situados 
nas respectivas circunscrições, ou à União. 
 
 
 
 
TÍTULO II 
DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
 
CAPITULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não foi alvo de qualquer espécie de alteração seja por parte do Senado Federal seja 
por parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
 Doutrina 
• Conceito de pessoa jurídica: A pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa 
à obtenção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. 
 
 
 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
 
1 — a União; 
II — os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III — os Municípios; 
IV — as autarquias; 
V — as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha 
dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas 
deste Código. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
 
• Pessoas jurídicas de direito público interno: São pessoas jurídicas de direito público interno: a) a União, 
que designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados federados que a compõem e com os cida-
dãos que se encontram em seu território; logo, indica a organização política dos poderes nacionais 
considerada em seu conjunto. Assim, o Estado Federa! (União) seria ao mesmo tempo Estado e Federação 
(Bemdestaat); b) os Estados federados, que se regem pela Constituição e pelas leis que adotarem. Cada 
Estado federado possui autonomia administrativa, competência e autoridade na seara legislativa, executiva 
e judiciária, decidindo sobre negócios locais; c) o Distrito Federal, que é a capital da União. 
É um município equiparado ao Estado federado por ser a sede da União, tendo administração, autoridades 
próprias e leis atinentes aos serviços locais. Possui personalidade jurídica por ser um organismo político- 
administrativo, constituído para a consecução de fins comuns; e) os Territórios, autarquias territoriais 
(Hely Lopes Meirelles), ou melhor, pessoas jurídicas de direito público interno, com capacidade 
administrativa e de nível constitucional, ligadas à União, tendo nesta a fonte de seu regime jurídico 
infraconstitucional (Michel Temer) e criadas mediante lei complementar; e) os Municípios legalmente 
constituídos, por terem interesses peculiares e economia própria. A Constituição Federal assegura sua 
autonomia política, ou seja, a capacidade para legislar relativamente a seus negócios e por meio de suas 
próprias autoridades. 
• Ampliação legal do ml das pessoas jurídicas de direito público interno: 
Além das pessoas enumeradas pelo artigo sub examine, a lei estendeu a personalidade de direito público, 
como já tivemos oportunidade de dizer ao comentarmos o art. 40, às autarquias (Dec.-Lei n. 6.016/43, Art. 
2~ Leis n. 8.443/92, arts 1o I e 5o ,I, e 4.717/65, Art. 20; Dec.-Lei n. 200/67, Art. 52, com a redação dada 
pelo Dec.-Lei n. 900/69; Súmulas 33, 73, 74, 79, 501, 583 e 620 do STF e 4 do TRF, 3~ Região) e às funda 
ções públicas (Dec.-Lei n. 900/69, Art. 2o ). 
 
 
Bibliografia 
• Cunha Gonçalves, Tratado de direito civil, São Paulo, Max Limonad, 1956, v. 1, t. 2 (p. 927); Darcy 
Arruda Miranda, Anotações ao Código Civil, cit., v. 1 (p. 19); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, 
cit., v.1 (p. 207); Michel Temer, Elementos de direito constitucional, São Paulo, Revista dos Tribunais, 
1982 (p. 67, 77, 110 e s.); Território Federal nas Constituições brasileiras, São Paulo, Revista dos 
Tribunais, 1975; Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 (p. 46). 
 
 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que 
forem regidas pelo direito internacional público. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não constava do texto~ do projeto original, tendo sido acrescentado pela Câmara 
dos Deputados, através de emenda de autoria do Deputado Brígido Tinoco, ainda no período inicial de 
tramitação. 
A justificação apresentada pelo autor da emenda foi a seguinte: “O projeto segue a mesma orientação do 
Código Civil, isto é, diz que as pessoas jurídicas são de direito público interno ou externo. Contudo, 
enumera somente as de direito público interno e as de direito privado. Quanto às de direito público externo 
nenhuma referência faz. É omissão que se justificaria, apenas, se não fossem mencionadas as pessoas 
jurídicas de direito público interno e as de direito privado. As nações estrangeiras, a Santa Sé, a ONU, a 
OEA são pessoas de direito público externo, porque são regidas por normas do direito internacional 
público. A inclusão do artigo proposto sobre a qualificação das pessoas de direito público externo 
restabelece o critério uniforme, quebrado com a sua omissão no projeto”. 
 
 
Doutrina 
• Pessoas jurídicas de direito público externo: São as regulamentadas pelo direito internacional público, 
abrangendo: nações estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, Unesco, FAO etc.). 
 
 
ART. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus 
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores 
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
Doutrina 
• Teoria do risco e responsabilidade objetiva: Por essa teoria cabe indenização estatal de todos os danos 
causados, por comportamentos dos funcionários, a direitos de particulares. Trata-se da responsabilidade 
objetiva do Estado, bastando a comprovação da existência do prejuízo a administrados. Mas o Estado tem 
ação regressiva contra o agente, quando tiver havido culpa ou dolo deste, de forma a não ser o patrimônio 
público desfalcado pela sua conduta ilícita. Logo, na relação entre poder público e agente, a 
responsabilidade civil é subjetiva, por depender da apuração de sua culpabilidade pela lesão causada ao 
administrado. 
 
 
Bibliografia 
• W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 110 e 115); Celso Antônio Bandeira de Mello, Elementos de 
direito administrativo, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1979 (cap. IX); idem, Responsabilidade 
extracontratual do Estado por comportamentos administrativos, Revista da Procuradoria-Geral do Estado 
de Mato Grosso do Sul, 1/1 1-25; Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Princípios gerais de direito 
administrativo, Rio de Janeiro, Forense, 1978, v. 2 (p. 487); Carlos M. Silva Velloso, Responsabilidade 
civil do Estado, Ciência Jurídica, 42/9; Yussef 5. Cahali, Responsabilidade civil do Estado, São Paulo, 
1982; Paul Duez, La responsabilité de la puissance publique, Paris, 1927; José de Aguiar Dias, 
Responsabilidade civil, Rio de Janeiro, Forense, 1979 (tít. V); Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 
279); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p129), cv. 7 (p. 419-30). 
 
 
 
ART. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
1 — as associações; 
II — as sociedades; 
III — as fundações. 
Parágrafo único. As disposições concernentes às associações aplicam-se, subsidiariamente, às 
sociedades que são objeto do Livro II da Pare Especial deste Código. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração sejapor parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Classificação das pessoas jurídicas de direito privado: As pessoas jurídicas de direito privado, instituídas 
por iniciativa de particulares, dividem-se, segundo o artigo focado, em: a) Fundações particulares, que são 
universalidades de bens, personalizadas pela.ordem pública, em consideração a um fim estipulado pelo 
fundador, sendo este objetivo imutável e seus órgãos servientes, pois todas as resoluções estão delimitadas 
pelo instituidor (CC, arts. 66 e 69; Lei n. 6.435/77, Art. 82; CPC, arts. 1.200 a 1.204). Deve ser constituída 
por escrito e lançada no registro geral; b) associações civis, religiosas, pias, morais, cientificas ou 
literárias e as associações de utilidade pública, que abrangem um conjunto de pessoas, que almejam fins 
ou interesses dos socios, que podem ser alterados, pois os sócios deliberam livremente, já que seus órgãos 
são dirigentes. Na associação (CF/88, art. 52, XVII a XXI) não há fim lucrativo, embora tenha patrimônio 
formado com a contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, educacionais, esportivos, 
religiosos, recreativos, morais etc.; c) sociedade simples, na qual se visa o fim econômico ou lucrativo, pois 
o lucro obtido deve ser repartido entre os sócios , sendo alcançado pelo exercício de cenas profissões ou 
pela prestação de serviços técnicos (CC, arts. 997 a 1.038) (p. ex., uma sociedade imobiliária ou uma 
sociedade cooperativa — CC, ais. 982, parágrafo único, e 1.093 a 1.096). As sociedades devem constituir-
se por escrito, lançar-se no registro civil das pessoas jurídicas (CC, arts. 998, §~ 12e 2~, e 1.000 e parágrafo 
único); d) sociedades empresárias, que visam o lucro, mediante exercicio de atividade empresarial ou 
comercial (RT, 468/207), assumindo as formas de: sociedade cm nome coletivo; sociedade em comandita 
simples; sociedade em comandita por ações; sociedade limitada; sociedade anônima ou por ações (CC, arts. 
1.039 a 1.092). Assim, para saber se dada sociedade é simples ou empresária basta considerar a natureza de 
suas operações habituais; se estas tiverem por objeto o exercício de atividades econômicas organizadas 
para a produção ou circulação de bens ou de serviços próprias de empresário, sujeito a registro (CC, arts. 
982 e 967), a sociedade será empresária; caso contrario, simples, mesmo que adote quaisquer das formas 
empresariais, como permite o Art. 983 do Código Civil, exceto se for anônima, que, por força de lei, será 
sempre empresária. As sociedades empresárias deverão ter assento no Registro Público de Empresas 
Mercantis (CC, arts. 1.150 a 1.154). E as simples, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CC, art. 1.150, 
2~ pane); e) partidos políticos, que são associações civis assecuratérias, no interesse do regime 
democrático, da autenticidade do sistema representativo e defensoras dos direitos fundamentais definidos 
na Constituição Federal (CF/ 88,art. 17,I a I V, ~ lo a 4o , 22, XXVII, 37,XVILXIX,XX, 71,IIaIV, 150, § 2o 
, 169, parágrafo único, II, 163, II, e Lei n. 9.096/95, com alteração das Leis n. 9.504/97 e 9.693/98). 
 
 
Bibliografia 
• Rossel e Mentha, Manuel de droit civil suisse, v. 1 (n. 258); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 119 e 
129); Antônio Chaves, Associação civil, iii Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 8(p. 278 e s.); Juan L. 
Paez, Derecho de las associaciones, Buenos Aires, Kraft, 1940; Bassil Dower, Curso, cit., v. 1 (p. 113 e 
114); Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 294); Orlando Gomes, Introdução ao direito civil, cit. (p. 
181); Celso Neves, Notas a propósito das fundações, Estudos em homenagem a Silvia Rodrigues, São 
Paulo, Saraiva, 1989 (p. 71-88); Lacerda de Almeida, Das pessoas jurídicas, Rio de Janeiro, 1905; Ferrara, 
Le persone giuridiche, Torno, UTET, 1958; M. Helena Diniz, Direito fundacional, São Paulo, Oliveira 
Mendes, 1998; idem, Sociedade e associações, in Contratos nominados (coord. Cahali), São Paulo, 
Saraiva, l~995 (p. 347 400); Edson José Rafael, Fundações e direito, São Paulo, Melhoramentos, 1997. 
 
 
 
 
 
 
 
ART. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato 
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder 
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito 
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
 
Histórico 
• Na redação original do projeto, cuja Pane Geral ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira 
Alves, o artigo usava a palavra “Governo”. Emenda apresentada no Senado Federal, substituiu “Governo” 
por “Poder Executivo”. O fundamento da emenda foi adequar a linguagem do projeto com a empregada 
pela Constituição Federal. 
 
 
Doutrina 
•Início da existência legal da pessoa jurídica: O fato que dá origem a pessoa jurídica de direito privado é a 
vontade humana, sem necessidade de qualquer ato administrativo de concessão ou autorização, salvo os ca-
sos especiais do Código Civil (arts. 1.123a 1.125, 1.128, 1.130. 1.131, 1.132, 1.133, 1.134, § lo 1.135 a 
1.138. 1.140 e 1.141), porém a sua personalidade jurídica permanece em estado potencial, adquirindo 
status jurídico, quando preencher as formalidades ou exigencias legais. 
• Fases do processo genético da pessoa jurídica de direito privado: Na criação da pessoa jurídica de direito 
privado há duas fases: a) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, podendo revestir-se de forma pública 
ou particular (CC, Art. 997), com exceção da fundação, que requer instrumento público ou testamento (CC, 
Art. 62). Além desses requisitos, há certas sociedades que para adquirir personalidade jurídica dependem 
de previa autorização ou aprovação do Poder Executivo Federal (CC, arts. 45, 2~ pane, e 1.123 a 1.125), 
como, p. ex., as sociedades estrangeiras (LICC, Art. 11, § 1o CC, arts. 1.134 e 1.135); b) a do registro 
público (CC, arts. 45, 984, 985, 998 e 1.150 a 1.154), pois para que a pessoa jurídica de direito privado 
exista legalmente é necessário inscrever os contratos ou estatutos no seu registro peculiar (CC, Art. 1.150); 
o mesmo deve fazer quando conseguir a imprescindível autorização ou aprovação do Poder Executivo 
Federal (CC, mis. 45, 46,1.123 a 1.125 e 1.134; Lei n. 6.015/73, arts. 114 a 121, com alteração da Lei n. 
9.042/95). 
Apenas com o assento adquirirá personalidade jurídica, podendo, então, exercer todos os direitos; além 
disso, quaisquer alterações supervenientes havidas em seus atos constitutivos deverão ser averbadas no 
registro. Como se vê, esse sistema do registro sob o regime da liberdade contratual, regulado por norma 
especial, ou com autorização legal, é de grande utilidade em razão da publicidade que determinará os 
direitos de terceiros. O registro do ato constitutivo é uma exigência de ordem pública no que atina à prova e 
à aquisição da personalidade jurídica das entidades coletivas. 
• Prazo decadencial para anular constituição de pessoa jurídica de direito privado: Havendo defeito no ato 
constitutivo de pessoa jurídica de direito privado, pode-se desconstituí-la dentro do prazo decadencial de 
três anos, contado da publicação de sua inscrição no Registro. 
 
 
Bibliografia 
• Perrone, La garenzia dei terzi in nzateria commerciale (p. 101 e 126); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 
(p. 53); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 122-4); Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 290 e 
291); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 127); Bassil Dower, Curso, cit.,v. 1 (p. 83 e 102). 
 
 
 
 
ART. 46. O registro declarará: 
1 — a denominação, os fins, a sede, o tempode duração e o fundo social, quando houver; 
II — o nome e a individualização dos fundadora ou instituidores, e dos diretores; 
III —o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; 
IV — se o ato constitutivo é reformível no tocante à administração, e de que modo; 
V — se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; 
VI — as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. 
 
 
 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Registro civil da pessoa jurídica: Somente com o registro ter-se-á a aquisição da personalidade jurídica. 
Tal registro de atos constitutivos de sociedades simples dar-se-á no Registro Civil das Pessoas Jurídicas 
(CC, arts.998, 1.000 e 1.150, 2a parte), sendo que as sociedades empresárias deverão ser registradas no 
Registro Público de Empresas Mercantis (CC, art. 1.150, 1a parte), sendo competentes para a prática de 
tais atos as Juntas Comerciais, e seguem o disposto nas normas dos arts. 1.150 e 1.154 do Código Civil. O 
registro da pessoa jurídica civil competirá ao oficial do Registro Público, que seguirá o comando contido 
nos arts. 114 a 121 (com alteração da Lei n. 9.042/95) da Lei n. 6.015/73. 
• Requisitos para o registro da pessoa jurídica de direito privado: O artigo sub examine aponta os requisitos 
do assento, pois este declarará: 
a) a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; b) nome e 
individualização dos fundadores ou instituidores e dos diretores; c) a forma de administração e a represen-
tação ativa e passiva, judicial e extrajudiçial; d) a possibilidade e o modo de reforma do estatuto social no 
que atina à administração da pessoa jurídica; e) a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações 
sociais;)) as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio nesse caso. 
 
 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes 
definidos no ato constitutivo. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
pane da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Vinculação da pessoa jurídica aos atos praticados pelos administradores: Se seus administradores a 
representam ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, todos os atos negociais exercidos por eles, dentro 
dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigarão a pessoa jurídica, que deverá 
cumpri-los. 
 
 
ART. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tornarão pela maioria de 
votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando 
violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por pane do Senado Federal seja por pane da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
 
 
Doutrina 
• Administração coletiva: Se por lei ou pelo contrato social vários forem os administradores, as deliberações 
deverão ser tomadas por maioria de votos dos presentes, contados segundo o valor das quotas de cada um, 
exceto se ato constitutivo dispuser de modo contrário. Para a formação dessa maioria, é necessário votos 
correspondentes a mais de metade do capital. 
• Anulação de decisão contrária à lei e ao estatuto ou eivada de vício de consentimento ou social: O direito 
de anular deliberação de administra- 
dores que violar norma legal ou estatutária ou for eivada de erro, dolo, simulação ou fraude, poderá ser 
exercido dentro do prazo decadencial de três anos. 
 
 
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por pane da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Nomeação de administrador provisório: Como a pessoa jurídica precisa ser representada, ativa ou 
passivamente, em juízo ou fora dele, deverá ser administrada por quem o estatuto indicar ou por quem seus 
membros elegerem. Por isso, se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o magistrado, mediante 
requerimento de qualquer interessado, deverá nomear um administrador provisório, que a representará 
enquanto não se nomear seu representante legal, que exteriorizará sua vontade, no exercício dos poderes 
que lhe forem conferidos pelo contrato social (CC, art. 47). 
 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe 
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
 
Histórico 
 “Os doutrinadores que julgam essa providência admissível no direito brasileiro salientam, geralmente, que 
ela não envolve ‘a anulação da personalidade jurídica em toda a sua extensão, mas apenas a declaração de 
sua ineficácia para determinado efeito em caso concreto’ (Rubens Requião, Abuso de direito e fraude 
através da personalidade jurídica, in RT, v. 410, dez. 1969, p. 12, cit., p. 17). Vale dizer: cumpre distinguir 
entre despersonalização e desconsideração da personalidade jurídica. Nesta, ‘subsiste o princípio da 
autonomia subjetiva da pessoa coletiva, distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, mas essa 
distinção é afastada, provisoriamente e tão-sé para ocaso concreto’ (Fábio Konder Comparato, O poder de 
controle na sociedade anônima, 3. ed., Forense, 1983, p.283). Demais, não basta que haja suspeita de 
desvio de função, para que se aplique o grave princípio. Conforme advertiu o Professor Lamartine Corrêa 
de Oliveira, ‘não podem ser entendidos como verdadeiros casos de desconsideração todos aqueles casos de 
mera imputação de ato’: ‘é necessário fazer com que a imputação se faça com predomínio da realidade 
sobre a aparência’ (A dupla crise da pessoa jurídica, Saraiva, 1979, p. 610 e 613). Dentro desses 
pressupostos, e considerando a sugestão do acadêmico Marcelo Gazzi Taddei, orientado pelo Professor 
Luiz Antônio Soares Hentz, buscamos o delineamento seguro da ‘desconsideração’, para situá-la no 
projeto. Consultamos um estudioso da matéria, com trabalho já publicado, Professor Fábio Konder 
Comparato. submetendo-lhe esboço do dispositivo. 
 
 
Doutrina 
Desconsideração da pessoa jurídica: A pessoa jurídica é uma realidade autônoma, capaz de direitos e 
obrigações, independentemente de seus membros, pois efetua negócios sem qualquer ligação com a 
vontade deles; além disso, se a pessoa jurídica não se confunde com as pessoas naturais que a compõem, se 
o patrimônio da sociedade não se identifica com o dos sócios, fácil será lesar credores, mediante abuso de 
direito, caracterizado por desvio de finalidade, tendo-se em vista que os bens particulares dos sócios não 
podem ser executados antes dos bens sociais, havendo dívida da sociedade. Por isso o Código Civil 
pretende que, quando a pessoa jurídica se desviar dos fins determinantes de sua constituição, ou quando 
houver confusão patrimonial, em razão de abuso da personalidade jurídica, o orgão judicante, a 
requerimento da parte ou do Ministério Publico, quando lhe couber intervir no processo, esteja autorizado a 
desconsiderar, episodicamente,a personalidade jurídica, para coibir fraudes de sócios que dela se valeram 
como escudo sem importar essa medida numa dissolução da pessoa jurídica. Com isso subsiste o princípio 
da autonomia subjetiva da pessoa coletiva, distinta da pessoa de seus sócios; tal distinção, no entanto, é 
afastada, provisoriamente, para um dado caso concreto, estendendo a responsabilidade negocial aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
 
 
 
 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, 
ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. 
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas 
jurídicas de direito privado. 
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
 Mat4anfl 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Averbação da dissolução da sociedade: Havendo dissolução da pessoa jurídica ou cassada sua autorização 
para funcionamento, ela subsistirá para fins de liquidação, mas aquela dissolução ou cassação deverá ser 
averbada no registro onde ela estiver inscrita. 
• Liquidação da sociedade: Percebe-se que a extinção da pessoa jurídica não se opera instantaneamente, pois 
se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual 
subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos, cessando, de uma só vez, quando se der ao 
acervo econômico o destino próprio (CC, arts. 1.036 a 1.038). 
• Cancelamento da inscrição da pessoa jurídica: Encenada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da 
inscrição da pessoa jurídica. A extinção da pessoa jurídica, com tal cancelamento, produzirá efeitos ex 
nunc, mantendo-se os atos negociais por ela praticados até o instante de seu desaparecimento, respeitando-
se direitos de terceiro. 
 
 
Bibliografia 
• De Page, Tra ité élémentaire de droit civil belge, v. 1 (p. 511); Ruggiero e Maroi, lstituzioni di diritto 
privato, Milano, 1955, v. 1, § 44; Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit, v. 1 (p. 303); M. Helena Diniz, 
Curso, cit., v. 1 (p. 134). 
 
 
ART. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 
 
 
Histórico 
• O dispositivo em tela não sofreu qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da 
Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
Doutrina 
Direitos da personalidade das pessoas jurídicas . As pessoas jurídicas têm direitos da personalidade como 
o direito ao nome, à marca, à honra objetiva, à imagem, ao segredo etc., por serem entes dotados de 
personalidade pelo ordenamento jurídico-positivo. Havendo violação desses direitos, as pessoas jurídicas 
lesadas poderão pleitear, em juízo, a reparação pelos danos, sejam patrimoniais, sejam morais. Tais direitos 
lhes são reconhecidos no mesmo instante da sua inscrição no registro competente , subsistindo enquanto 
atuarem e terminando com o cancelamento da inscrição das pessoas jurídicas. 
 
Bibliografia 
• Carlos Alberto Bittar, Os direitos da personalidade, cit. (p. 13). 
 
 
CAPITULO II 
DAS ASSOCIAÇÕES 
 
ART. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que s organizem para fins não 
econômicos . 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Fe deral seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
 
 
Doutrina 
• Conceito de associação: É uma pessoa jurídica de direito privado voltada à realização de finalidades 
culturais, sociais, pias, religiosas, recreativas etc., cuja existência legal surge com a inscrição do estatuto 
social que a disciplina, no registro competente. Por exemplo: APAE, UNE, Associação de Pais e Mestres, 
Associação dos Advogados de São Paulo. 
•Inexistência de reciprocidade de direitos e obrigações entre os associados: Com a personificação da 
associação, para os efeitos jurídicos, ela passará a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. Cada 
um 
dos associados constituirá uma individualidade e a associação uma outra (CC, art. 50, 2a parte), tendo cada 
um seus direitos, deveres e bens, não havendo, porém, entre os associados direitos e deveres recíprocos. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Sociedade e associação, Contratos nominados, São Paulo, Saraiva, 1995 (p. 347-88); 
Antônio Chaves, Associação civil, in Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 8 (p. 274, 284-5); J. Lamartine 
Corrêa de Oliveira, A dupla crise da pessoa jurídica, São Paulo, Saraiva, 1979 (p. 44-7, 55, 60-1, 96-7, 
101-20, 144, 149, 162-7, 171, 241, 260 e 553); Rubino, Ii associazioni non riconoscinte, Milano, 1952 (p. 
158); Ferrara, Lepersone giuridiche, Torino, UTET, 1958; Juan L. Paez, Derecho de las asociaciones, 
Buenos Aires, Kraft, 1940. 
 
 
ART. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
1 — a denominação, os fins e a sede da associação; 
II — os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III — os direitos e deveres dos associados; 
IV — as fontes de recursos para sua manutenção; 
V — o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; 
VI — as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
 
 
Histórico 
• Na redação original do projeto, cuja Parte Geral ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira 
Alves, o artigo utilizava a palavra “estatutos”. Emenda apresentada no Senado Federal optou pelo emprego 
no singular da palavra “estatuto”, em substituição ao plural “Estatutos”, visando com isto a uniformizar o 
estilo legislativo. Justificou o Senador Josaphat Marinho que “não há erro no emprego de ‘estatutos’, como 
ressaltou o Ministro Moreira Alves em suas observações. É certo, porém, que está preponderando ouso no 
singular, inclusive na técnica .legislativa, consoante os exemplos apontados na justificação da emenda, e a 
que outros, qual o do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
poderiam ser acrescidos. A uniformização do estilo legislativo, assim, aconselhou a aprovação da emenda, 
para que se faça a mudança de estatutos para estatuto, nos artigos mencionados, e noutros quaisquer em 
que, porventura, se tenha feito o emprego da palavra no plural”. O relator parcial da matéria na Câmara 
propôs a rejeição da emenda, por entender que o texto anterior encontrava-se melhor redigido, pois tanto os 
dicionaristas como Caldas Aulete e De Plácido e Silva como doutrmnadores do quilate de Caio Mário da 
Silva Pereira indicam o uso do vocábulo no plural como melhor opção. O relator-geral na Câmara, no 
entanto, optou por acolher a emenda senatorial, porquanto, segundo o Deputado Fiuza, “é de utilização 
preponderante, na legislação pátria, a utilização do vocábulo com flexão de número, isto é, tanto admitin-
do-se a palavra no singular como no plural, como de resto ocorre com a quase-totalidade dos substantivos 
na língua portuguesa. Termos somente utilizáveis no plural constituem exceções já sedimentadas no uso da 
linguagem. Não há por que excepcionar um vocábulo que comporte morfologicamente e semanticamente 
tanto o singular quanto o plural. Além disso, e como faz ver o autor da emenda, deve-se manter a uni-
formização dos vocábulos jurídicos já existente na legislação em geral”. 
 
 
 
 
Doutrina 
• Conteúdo do estatuto da associação: A associação é constituída por escrito e o estatuto social, que a 
regerá, sob pena de nulidade,poderá revestir-se de forma pública ou particular, devendo conter: a 
denominação, a finalidade e a sede da associação; requisitos para admissão, demissão e exclusão de 
associados; direitos e deveres dos associados; fontes de recursos para sua manutenção; modo de 
constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos e condições para alteração de dis-
posições estatutárias e para dissolução da associação. Isto é assim porque toda estruturação do grupo social 
baseia-se nessas normas estatutárias. 
 
 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com 
vantagens especiais. 
 
 
Histórico - 
• Tal como ocorreu com o art. 54, este dispositivo foi alterado no sentido de substituir o emprego no plural 
da palavra “estatutos” pelo singular “estatuto”, visando com isto a uniformizar o estilo legislativo. 
 
Doutrina 
• Regulamentação isonômica dos direitos dos associados: Exige-se uma regulamentação bastante uniforme e 
severa, no estatuto, dos direitos e deveres dos associados, que deverão ter tratamento igual. 
• Posições privilegiadas e outorga de direitos especiais: O ato constitutivo poderá, apesar de os associados 
deverem ter direitos iguais, criar posições privilegiadas ou conferir direitos preferenciais para certas 
categorias de membros, como, p. ex.: a dos fundadores, que não poderá ser alterada sem o seu consenso, 
mesmo que haja decisão assemblear aprovando tal alteração; a de sócios remidos de determinado clube, 
que pagam certa importância em dinheiro para ter o direito de pertencer vitaliciamente à associação, sem 
mais dispêndios, não podendo, assim, a assembléia deles exigir pagamento de outra contribuição, salvo se 
houver seu expresso consentimento ou se for tal exigência imprescindível para obter meios necessários à 
sobrevivência da associação. 
 
 
ART. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a 
transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao 
herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. 
 
 
Histórico 
• Tal como ocorreu com o ai. 54, este dispositivo foi alterado no sentido de substituir o emprego no plural da 
palavra “estatutos” pelo singular “estatuto”, visando com isto a uniformizar o estilo legislativo. 
 
 
Doutrina 
• Intransmissibilidade da qualidade de associado a terceiro: A qualidade de associado somente poderá ser 
transferida a terceiro com o consenso da associação ou com permissão estatutária. 
• Transferência de quota ideal do patrimônio da associação: Se, p. ex., por morte, falência, interdição ou 
retirada de associado que tenha uma fração ideal do patrimônio da associação houver transferência de sua 
quota, tal fato não importará, obrigatoriamente, na atribuição da qualidade de membro da associação ao seu 
sucessor (adquirente ou herdeiro), a não ser que haja, no estatuto, convenção nesse sentido. 
 
 
 
ART. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, obedecido o disposto no 
estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência de motivos graves, em 
deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à assembléia geral especialmente 
convocada para esse fim. 
Parágrafo Único . Da decisão do órgão que, de conformidade com o estatuto, decretar a exclusão, 
caberá sempre recurso à assembléia geral. 
 
 
 
Histórico 
• Tal como ocorreu com o ai. 54, este dispositivo foi alterado no sentido de substituir o emprego no plural da 
palavra “estatutos” pelo singular “estatuto”, visando com isto a uniformizar o estilo legislativo. 
 
 
Doutrina 
• Exclusão de associado: Há imposição de sanções disciplinares ao associado que infringir as normas 
estatutárias ou que praticar ato prejudicial ao grupo, que poderão, ante a gravidade do motivo, chegar até 
mesmo à expulsão, desde que haja justa causa e deliberação fundamentada da maioria absoluta dos 
presentes à assembléia geral especialmente convocada para essa finalidade. 
• Injustiça ou arbitrariedade na exclusão de associado: O estatuto poderá indicar, taxativamente, as causas 
graves determinantes da exclusão do membro associado, sendo que, se a apreciação da sua conduta for 
considerada injusta ou arbitrária, o lesado poderá, da decisão do orgão que decretou sua expulsão, interpor 
recurso à assembléia geral e, ainda, defender seu direito de associado por via jurisdicional, embora a 
jurisprudência tenha negado provimento à ação judicial para indenização de danos, em razão do 
afastamento ilícito do associado, devido à natureza do vínculo contratual que o une à associação, 
sujeitando-o aos termos estatutários e às decisões dos órgãos da associação. 
 
 
ART. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido 
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. 
 
 
 
 
Doutrina 
 
* invulnerabilidade de direitos individuais especiais: Nenhum associado poderá ser impedido de exercer 
direito ou função que lhe foi conferida pelo pacto social a não ser nos casos e no modo previsto legal ou 
estatutariamente são invulneráveis direitos individuais especiais, como p. ex. , o direito á presidência , ao 
voto reforçado, ás atribuições especificas etc., Apesar de seus vastos poderes , a assembléia não poderá 
efetivar todas as deliberações da maioria, uma vez que há certos direitos essenciais dos associados oriundos 
do pacto social, insuscetíveis de violação. 
 
 
Art. 59. Compete privativamente á assembléia geral: 
 
I – eleger os administradores, 
II- destituir os administradores, 
III-aprovar as contas, 
IV- alterar o estatuto 
Parágrafo Único – Para as deliberações a que se referem os incisos II e IV é exigido o voto concorde de 
dois terços dos presentes á assembléia especialmente convocada para esse fim, não podendo ela deliberar, 
em primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de um terço nas 
convocações seguintes. 
 
 
Doutrina 
• Deliberações assembleares: Compete à assembléia a deliberação sobre: eleição e destituição de 
administradores; aprovação de contas e alteração do estatuto social. 
• Princípio da maioria: Consagra-se o princípio da maioria nas deliberações assembleares, exigindo-se, para 
destituição de diretoria e alteração estatutária, o voto concorde de dois terços dos presentes à assembléia 
especialmente convocada para esse fim, não podendo ela deliberar. em primeira convocação, sem a maioria 
absoluta dos associados, ou com menos de um terço nas convocações seguintes. 
 
 
Art. 60. A convocação da assembléia geral far-se-á na forma do estatuto, garantido a um quinto dos 
associados o direito de promovê-la. 
 
 
Histórico 
• Tal como ocorreu com o art. 54, este dispositivo foi alterado no sentido de substituir o emprego no plural 
da palavra “estatutos” pelo singular “estatuto”, visando com isto a uniformizar o estilo legislativo. 
 
 
Doutrina 
• Convocação da assembléia: Todos os associados têm direito de participação na assembléia geral e de nela 
votar; logo, tal assembléia é convocada, na forma do estatuto, garantindo-se a um quinto dos associados o 
direito de promovê-la. 
 
 
 
 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se 
for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de 
fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição 
municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. 
§ lo Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antesda 
destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as 
contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. 
§ 2~ Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a 
associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio 
se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
 
* 
 
Doutrina 
• Destinação de bens de associação dissolvida: Sendo extinta uma associação, o remanescente do seu 
patrimônio líquido depois de deduzidas quando for o caso, as quotas ou frações ideais do patrimônio, em 
razão de transferência a adquirente ou a herdeiro de associado, será destinado a entidade de fins não 
econômicos indicada pelo estatuto. Ante a omissão estatutária, por deliberação dos associados, os seus bens 
remanestentes deverão ser transferidos para um estabelecimento municipal, estadual ou federal que tenha 
finalidade similar ou idêntica à sua. E se porventura não houver no Município, no Estado, no Distrito 
Federal ou no Território, em que a extinta associação está sediada, estabelecimento, ou instituição, nas 
condições indicadas, seus bens remanescentes irão para os cofres do Estado, do Distrito Federal ou da 
União. 
• Possibilidade de restituição da contribuição social aos associados: Os associados poderão receber em 
restituição, com a devida atualização, as contribuições que prestaram à formação do patrimônio social, 
antes da destinação do remanescente, se cláusula estatutária permitir ou se houver deliberação dos 
associados nesse sentido. 
 
 
CAPITULO III 
DAS FUNDAÇÕES 
 
Art. 62, Para criar uma fundação, o seu instituidor fará , por escritura pública ou testamento, dotação 
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de 
administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de 
assistência. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
Doutrina 
 
Forma de sua Constituição: Constituir-se-á a fundação mediante escritura pública ou testamento, contendo 
ato de dotação que compreende a reserva de bens livres ( propriedades, créditos ou dinheiro) legalmente 
disponíveis, indicação do fim lícito colimado e o modo de administração. O próprio instituidor poderá 
providenciar a elaboração das normas estatutárias e o registro da fundação (forma direta) ou encarregar 
outrem para este fim (forma fiduciária). Se, porventura, na dotação de bens o instituidor vier a lesar a 
legítima de seus herdeiros necessários, estes poderão pleitear o respeito ao quantum legitimário. Dever-se-á 
proceder ao registro, mediante intervenção do Ministério Público (CPC, arts. 1.199 a 1.204), que deverá 
analisar o estatuto elaborado pelo fundador, verificando se houve observancia das bases da fundação (CC, 
arts. a 69),se os bens são suficientes aos fins colimados (CP, art.. 63) e há licitude de seu objeto. Estando 
tudo em perfeita ordem o Ministério Público aprovará o estatuto, dentro de quinze dias da autuação do 
pedido de aprovação (CPC, art. 120). Se, porventura, o fundador não elaborar o estatuto nem ordenar 
algum para fazê-lo ou se o estatuto elaborado no prazo 
assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, o Ministério Público poderá tornar a 
iniciativa (CC, art. 65,parágrafo único). Portanto, para que a fundação tenha personalidade jurídica será 
preciso dotação, elaboração e aprovação dos estatutos e registro. 
 
 
• Finalidade da fundação: A fundação apenas poderá ser constituída para a consecução de objetivos 
religiosos, morais, culturais ou assistenciais. 
 
 
 
ART. 63 . Quando Insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro 
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou 
semelhante. 
 
 
Historico 
 
• A redação original do dispositivo era a seguinte: “Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens 
a ela destinados serão, se outra coisa não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação, que se 
proponha a fim igual ou semelhante”. Durante a tramitação no Senado, emenda da lavra do Senador 
Josaphat Marinho deu ao artigo a redação atual. A emenda substituiu a forma “se outra coisa” pela “se de 
outro modo não dispuser o instituidor”. 
 
 
Doutrina 
• Insuficiência de bens: A lei prevê a possibilidade de ter bens insuficientes para a constituição da fundação, 
doados por escritura pública ou deixados por via testamentâria, ordenando, então, que sejam incorporados 
em outra fundação que vise igual ou semelhante objetivo, exceto se outra coisa não houver disposto o 
instituidor. 
 
 
 
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-
lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome 
dela, por mandado judicial. 
 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo foi objeto de emenda de redação apresentada pelo Deputado Ricardo Fiuza no 
período final de tramitação do projeto, substituindo as palavras “transcritos” e “inscritos” pelo vocábulo 
“registrados”, pois na Lei de Registros Públicos, n. 6.015/73, só se utilizam as palavras “registro” e 
“averbação”. 
 
 
Doutrina 
• Transferência da propriedade dos bens dotados a fundação constituída por negócio jurídico “inter vivos”: 
Se a fundação for constituída por meio de escritura pública, o instituidor terá a obrigação de transferir a 
propriedade, ou outro direito real, dos bens livres colocados a serviço de um fim lícito e especial por ele 
pretendido, sob pena de, não o fazendo, serem registrados em nome dela, por mandado judicial. 
 
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do 
encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, subme-
tendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo 
prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. 
 
 
Histórico 
ø O presente artigo sofreu alteração apenas no parágrafo único, que tinha a seguinte redação: “Se não 
elaborarem os estatutos no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, dentro em seis meses, 
caberá ao Ministério Público fazê-lo”. Mediante emenda da lavra do eminente Senador Josaphat Marinho, 
recebeu a roupagem atual. 
 
 
Doutrina 
• Elaboração dos estatutos da fundação: Se o instituidor não elaborou os estatutos da fundação, estes 
deverão ser organizados e formulados por aqueles a quem foi incumbida a aplicação do patrimônio, de 
conformidade com a finalidade específica e com as restrições impostas pelo fundador, de maneira a não ser 
violada a voluntas do instituidor. E, se os estatutos não forem elaborados dentro do prazo imposto pelo 
instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, caberá ao Ministério Público tal incumbência. 
 
 
* Aprovação dos estatutos: Uma vez elaborados os estatutos com base nos objetivos que se pretende 
alcançar, deverão ser eles submetidos à aprovação do órgão local do Ministério Público, que é o órgão 
fiscalizador da fundação em virtude de lei. Se, porventura, este vier a recusar tal aprovação, o elaborador 
das normas estatutárias poderá requerer aquela aprovação denegada, mediante recurso ao juiz. 
 
Art . 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. 
 
$ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território , Caberá o encargo ao MinistérioPúblico 
Federal. 
$ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo 
Ministério Público. 
. 
Histórico 
• Tal era a redação do dispositivo segundo a concepção do Projeto n. 634, aprovada pela Câmara no 
período inicial de tramitação: “Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado, onde situadas. 
Parágrafo único. Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, ou, ainda, se estenderem a sua 
atividade a mais de um Estado, caberá ao Ministério Público Federal esse encargo”. Após apreciação e 
conseqüentes alterações promovidas pelo Senado Federal, o artigo recebeu a vestimenta atual. Justificou-se 
a modificação, com a qual concordou o Deputado Fiuza, pelo fato de que o sistema do atual Código Civil 
“vem funcionando a inteiro contento ao longo dos anos”. Observou o eminente Senador Josaphat Marinho 
que “o texto do Projeto pretende, sem razão plausível, alterar tal sistema, dispondo que as fundações que 
estendam suas atividades a mais de um Estado passam a ser fiscalizadas pelo Ministério Público Federal, e 
não mais pelo Ministério Público dos Estados em que desenvolvam seu trabalho”. No mesmo passo, 
pondera as dificuldades para o Ministério Público Federal exercitar essa fiscalização ampla — o que é de 
evidência incontestável, a começar pela extensão do território nacional. Por isso reduz o poder fiscalizador 
do Ministério Público Federal ao Distrito Federal e a Territórios. 
 
 
Doutrina 
• Fiscalização da fundação: O órgão legítimo para velar pela fundação, impedindo que se desvirtue a 
finalidade específica a que se destina, é o Ministério Público (Lei n. 6.435/77, art. 86). Conseqüentemente, 
o órgão do Ministério Público de cada Estado ou o Ministério Público Federal, se funcionar no Distrito 
Federal ou em Território, terá o encargo de fiscalizar as fundações que estiverem localizadas em sua 
circunscrição, aprovar seus estatutos no prazo de quinze dias (CPC, art. 1.201) e as suas eventuais 
alterações ou reformas, zelando pela boa administração da entidade jurídica e de seus bens. 
• Realização da atividade da fundação em mais de um Estado: A ação da fundação poderá circunscrever-se a 
um só Estado ou a mais de um. Se sua atividade estender-se a vários Estados, o Ministério Público de cada 
um terá o ônus de fiscalizá-la, verificando se atende à consecução do seu objetivo específico. Ter-se-á, 
então, uma multiplicidade de fiscalização, embora dentro dos limites de cada Estado. 
 
 
Bibliografia 
• Sá Freire, Manual, cit., v. 2 (p. 316); Darcy Arruda Miranda, Anotações, cit., v. 1 (p. 32); Clóvis 
Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao art. 26, v. 1; Hugo Nigro Mazzilli, Regime jurídico do 
Ministério Público, cit., 1995. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelas razões antes expostas, oferecemos ao Deputado Ricardo Fiuza a seguinte 
sugestão legislativa: 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. 
 1o Se funcionarem em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. 
 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, ou se funcionarem no Distrito Federal, caberá o 
encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 
 
 
AH. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: 
I — seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; 
II— não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III— seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a 
requerimento do interessado. 
 
 
 
 
Doutrina 
 
* Alteração das normas estatutárias da fundação: A Alteração dos estatutos apenas será admitida nos casos 
em que houver necessidade de sua reforma. A Fundação, como qualquer pessoa jurídica, devido aos 
progressos sociais, precisará amoldar-se ás novas necessidades, adaptando seus estatutos á nova realidade 
jurídico-social 
 
 
 
ART. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da 
fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria 
vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. 
 
 
Histórico 
• Tal como ocorreu com o Art. 54, este dispositivo foi alterado no sentido de substituir o emprego no plural 
da palavra “estatutos” pelo singular estatuto”, visando com isto a uniformizar o estilo legislativo. 
 
Doutrina 
• Minoria vencida: Se na reforma estatutária houver minoria vencida, os administradores da fundação, ao 
submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se cientifique o fato àquela minoria, 
que poderá, se quiser, estando inconformada, impugnar aquela alteração, recorrendo ao Judiciário, dentro 
do prazo decadencial de dez dias, pleiteando a invalidação das modificações estatutárias feitas pela maioria 
absoluta dos membros da Administração da fundação e aprovadas pelo órgão local do Ministério Público. 
Isto é assim porque a lei apenas conferiu ao Ministério Público o dever de fiscalizar e não o direito de deci-
dir, uma vez que o controle da legalidade compete ao Judiciário. O magistrado terá, então, a competência 
para decidir e conhecer das nulidades que, porventura, apareçam no processo de alteração do estatuto da 
fundação, mediante recurso interposto pela minoria vencida dos membros de sua Administração, cuja 
decadência se opera em dez dias. 
 
 
Bibliografia 
• Sá Freire, Manual, cit., v. 2 (p. 328 e 329); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 (p. 63 e 64); Clóvis 
Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao Art. 29, v. 1. 
 
 
Art. 69. Tomando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o 
prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, 
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em 
outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
 
Histórico 
• Tal como ocorreu com o art. 54, este dispositivo foi alterado no sentido de substituir o emprego no plural 
da palavra “estatutos” pelo singular “estatuto”, visando com isto a uniformizar o estilo legislativo. 
 
 
Doutrina 
• Extinção da fundação por ilicitude de seu funcionamento, pela impossibilidade ou inutilidade de sua 
finalidade: Constatado ser ilícito, impossibilidade , ou inútil o objetivo da fundação, o órgão do Ministério 
Público ,ou ainda, qualquer interessado (CPC, art.1.204) poderá requerer a extinção da instituição. 
• Término da fundação pela decorrência do prazo da sua duração: Terminará a existência da fundação com 
o vencimento do prazo de sua duração. Para tanto, o Ministério Público ou qualquer interessado deverá, 
mediante requerimento, promover a extinção da fundação. 
• Destinação dos bens da fundação extinta: Com a decretação judicial da extinção da fundação pelos 
motivos acima arrolados, seus bens serão, salvo disposição em contrário no seu ato constitutivo ou no seu 
estatuto, incorporados em outra fundação, designada pelo juiz, que almeje a consecução de fins idênticos 
ou similares aos seus. O Poder Público dará destino ao seu patrimônio, entregando-o a uma fundação que 
persiga o mesmo objetivo, exceto se o instituidor dispôs de forma diversa, hipótese em que se respeitará 
sua vontade e a do estatuto. 
 
 
Bibliografia 
• Sã Freire, Manual, cit., v. 2 (p. 334); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 (p. 64); Darcy Arruda Miranda, 
Anotações, cit., v. 1 (p. 33); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao Art. 30, v. 1. 
 
 
 
TÍTULO III 
DO DOMICILIO 
 
ART. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo 
definitivo. 
 
 
Histórico 
• A única alteração que o dispositivo sofreu foi a substituição da designação “pessoa física”por “pessoa 
natural”. 
 
 
Doutrina 
• Conceito legal de domicilio civil da pessoa natural: Pelo art. 70 do Código Civil, o domicílio civil é o 
lugar onde a pessoa estabelece sua residência com animo definitivo tendo, portanto, por critério a 
residência . Nesta conceituação , legal há dois elementos: o objetivo, que é a fixação da pessoa em dado 
lugar, e o subjetivo, que é a intenção de ali permanecer com animo definitivo. Importa em fixação espacial 
permanente da pessoa natural. 
 
 
 
 
 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências , onde, alternadamente, viva, considerar-
se-á domicílio seu qualquer delas. 
 
 
Histórico 
• A única alteração que o dispositivo sofreu foi a substituição da designação “pessoa física” por “pessoa 
natural”. 
 
 
Doutrina 
• Pluralidade domiciliar A nossa legislação admite a pluralidade de domicilio se a pessoa natural tiver mais

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