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Artigos 1º ao 69 do CÓDIGO CIVIL COMENTADO

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NOVO CÓDIGO CIVIL COMENTADO 
 
(Lei n. 10.406, de 10-1-2002) 
 
 
PARTE GERAL 
 
LIVRO I 
DAS PESSOAS 
 
TÍTULO I 
 
DAS PESSOAS NATURAIS 
 
CAPÍTULO I - Da personalidade e da capacidade — arts. 1o a 10 
CAPÍTULO II — Dos direitos da personalidade — arts. 11 a 21 
CAPÍTULO III — Da ausência — arts.. 22 a 39 
Seção 1— Da curadoria dos bens do ausente — arts. 22 a 25 
Seção II— Da sucessão provisória — arts.. 26 a 36 
Seção III — Da sucessão definitiva arts.. 37 a 39 
 
TÍTULO II 
 
DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
CAPÍTULO 1 — Disposições gerais. — arts. 40 a 52 
CAPÍTULO II — Das associações — arts. 53 a 61 
CAPÍTULO III — Das fundações — arts. 62 a 69 
 
TÍTULO III 
 
DO DOMICÍLIO 
 
LIVRO II 
 
DOS BENS 
 
TITULO ÚNICO 
 
DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS 
 
CAPITULO 1— Dos bens considerados em si mesmos — arts. 79 a 91.. 
Seção 1— Dos bens imóveis — arts. 79 a 81 
Seção II— Dos bens móveis — arts. 82 a 84 
Seção III — Dos bens fungíveis e consumíveis — arts. 85 e 86 
Seção 1V—Dos bens divisíveis — arts. 87 e 88 
Seção V— Dos bens singulares e coletivos — arts. 89 a 91 
CAPÍTULO II — Dos bens reciprocamente considerados — arts. 92 a 97 
CAPITULO III — Dos bens públicos — arts. 98 a 103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI N. 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002* 
Institui o Código Civil 
 
 
PARTE GERAL 
 
 
LIVRO 1 
DAS PESSOAS 
 
TÍTULO 1 
DAS PESSOAS NATURAIS 
 
CAPÍTULO I 
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE 
 
 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
 
Histórico 
O texto original do projeto tal como aprovado em primeira votação pela Câmara dos Deputados repetia a 
redação do Código de 1916, dispondo que “todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. 
Submetido posteriormente ao Senado Federal, foi alterado pela Emenda n. 367 (renumerada posteriormente 
para 01), da lavra do então Senador Josaphat Marinho, passando a adotar a seguinte redação: “Art. 1o 
Todo ser humano é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. Ao fundamentar a sua emenda, 
justificou o Senador Josaphat Marinho que “o vocábulo ‘homem’, constante do projeto, já vão era 
claramente indicativo da espécie humana, vale dizer, também da mulher. Com a qualificação marcante dos 
dois seres, e dada a evolução, inclusive no direito, da situação da mulher, elevada a independente, evita-se 
o uso da palavra homem abrangente da pessoa de um e de outro sexo. Hoje, a referência comum é a 
direitos humanos, embora as Declarações de 1789 e de 1948 aludam a direitos do homem. De modo geral, 
os instrumentos internacionais posteriores a 1948 empregam a expressão direitos humanos, ou 
recomendam tratamento igual à mulher em relação ao homem, e por isso dão preferência ao substantivo 
pessoa, também de alcance superior. Assim a Convenção sobre a Proteção dos Direitos Humanos e das 
Liberdades Fundamentais, do Conselho da Europa, de 1950, e o Protocolo n. 4, de 1963, que a integra, bem 
como a Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Assembléia-Geral 
das Nações Unidas, de 1963, e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, de igual 
origem. A Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, da Assembléia-Geral das 
Nações Unidas, de 1967, proclama, em seu preâmbulo, que ‘é necessário garantir o reconhecimento univer-
sal, de fato e de direito, do princípio de igualdade do homem e da mulher’. E estipula, na letra b do art. 22, 
que ‘o princípio da igualdade de direitos figurará nas constituições ou será garantido de outro modo por 
lei’. Complementando essa Declaração, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher estabelece, entre outros preceitos, que seus signatários se comprometem a 
adotar, nesse sentido, ‘todas as medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, e compreendendo a 
modificação de usos e costumes’ (art. 2~, J). Conquanto os pactos internacionais não sejam exemplos de 
rigor técnico, exprimem diretrizes de política normativa, importantes para o legislador Não deve ele 
empregar linguagem contrastante com as tendências culturais do povo. No domínio científico, Enneccerus 
observa que o direito se baseia na ‘vontade coletiva’, e não em ‘simples convicção jurídica’ (Trat. de Der 
Civ. de Enneccerus, Kipp e Wolff, T. jQ, Parte Gen., Trart. de Pérez González e José Alguer, Bosch, 
Barcelona, 1943, p. 121). Já em 1904, escrevendo sobre a técnica legislativa na Codificação civil moderna, 
Gény assinalava a necessidade de ‘linguagem conforme o espírito da época e do meio’ (La technique 
legislative dans la codification civile modcrne, in Le Cade Civil — 1804-1904 — Livre du Centenaire, t. II, 
Paris, Rousseau Editeur, 1904, p. 1037). Com razão maior se há de proceder assim hoje por ser mais ampla 
e viva a participação da coletividade no trabalho legislativo. Logo, é de prudente e bom estilo legislativo 
substituir, no art. 1o , o vocábulo ‘homem’ pela forma ‘ser humano’. Evita-se confusão e segue-se 
tendência dominante na ordem jurídica e social. A opção é preferível, mesmo, à da palavra ‘pessoa’, por 
ser mais diretamente indicativa do gênero humano”. Retomando o projeto a nova apreciação da Câmara 
dos Deputados, tendo em vista as emendas apresentadas pelo Senado, recebeu o artigo parecer do 
Deputado Bonifácio de Andrada, designado relator parcial para a parte geral e que opinou pela rejeição da 
emenda por entender que a redação original da Câmara elegia expressão consagrada no ordenamento 
jurídico, ao referir-se ao gênero “homem”. Na elaboração de seu relatório geral o Deputado Ricardo Fiuza 
registrou, inicialmente, que os argumentos do relator parcial eram ponderáveis, ao procurar manter no texto 
forma aceita na grande maioria dos sistemas normativos e que, de nenhuma maneira, assumia qualquer tipo 
de conotação machista, nem se contrapunha à constitucionalmente assegurada paridade de direitos entre o 
homem e a mulher como sujeitos jurídicos. A matéria foi objeto de intenso debate na fase final de 
tramitação do projeto. Em audiência pública perante a Comissão Especial, o Prof. Miguel Reale sugeriu 
como melhor opção a referência à “pessoa”, em vez de ser humano”. Segundo o Deputado Fiuza, a 
substituição sugerida por Miguel Reale foi de boa técnica jurídica e social, diante da própria nominação 
dada ao Livro 1 — “Das Pessoas”, razão pela qual restou acolhida no seu relatório e posteriormente 
aprovada pela Câmara. Outra alteração redacional procedida pelo Deputado Fiuza e que também restou 
aprovada, a fim de dar maior clareza ao dispositivo, foi a substituição do vocábulo “obrigações” por 
“deveres”, uma vez que, segundo o relator, “existem outras modalidades de deveres jurídicos, diferentes da 
obrigação, a exemplo da sujeição, do dever genérico de abstenção, dos poderes-deveres, dos ônus, além dos 
deveres de família que não se enquadram em nenhuma das categorias jurídicas acima. O dever correlato ao 
direito de personalidade é o dever genérico de abstenção, o que Santoro Passarelli denomina de ‘dever de 
respeitar’ ou ‘dever de não desrespeitar’. Por igual, os direitos absolutos, como o de propriedade, têm como 
deveres correlatos, ora a abstenção, ora a sujeição, nos casos de direitos de vizinhança, por exemplo (caso 
da passagem forçada). Por sua vez, os deveres de família não se constituem, no sentido técnico da palavra, 
em obrigação, e sim em deveres”. 
 
Doutrina 
 
Personalidade e capacidade jurídica: Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão 
genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Sendo a pessoa natural o sujeito ‘das relações jurídicas 
e a personalidade, a possibilidade de ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem sua 
medida na capacidade, que é reconhecida, num sentido de universalidade, no art. 12 do Código Civil, que,ao prescrever “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”, emprega o termo “pessoa” na acepção de todo 
ser humano, sem qualquer distinção de sexo, idade, credo ou raça. 
• Capacidade de direito e capacidade de exercício: À aptidão oriunda da personalidade para adquirir direitos 
e contrair obrigações na vida civil dá-se o nome de capacidade de gozo ou de direito. 
• Quando o Código enuncia, no seu art. 1o, que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, não 
dá a entender que possua concomitantemente o gozo e o exercício desses direitos, pois nas disposições sub-
seqüentes faz referência àqueles que tendo o gozo dos direitos civis não podem exercê-los, por si, ante o 
fato de, em razão de menoridade ou de insuficiência somática, não terem a capacidade de fato ou de 
exercício. 
 
 
Bibliografia 
e Clóvis Beviláqua, Teoria geral do direito civil, 4. ed. (p. 67); Larenz, Derecho civil, parte general (p. 104); 
M. Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, São Paulo, Saraiva, 19, v. 1 (p. 82); Haroldo Valladão, 
Capacidade de direito, in Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 13 (p. 34); Virgilio de Sá Pereira, Direito de 
família, Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1959; Orlando Gomes, Introdução ao direito civil, cit. (p. 149); 
Espínola, Direito civil brasileiro, v. 1 (p. 239); Filomusi Guelfi, Enciclopedia juridica (p. 178); Caio M. S. 
Pereira, Instituições , cit., v. 1 (p. 198); Luiz Roldão de Freitas Gomes, Noção de pessoa no direito 
brasileiro, Revista de Direito Civil Imobiliário, Agrário e Empresarial, 61/15-34. 
 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei pôe a salvo, desde 
a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Histórico 
• O texto original do Projeto n. 634, tal como redigido pelo Ministro Moreira Alves, consignava que “a 
personalidade civil do homem começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo os direitos do 
nascituro”. O texto proposto pelo Senado por meio da Emenda n. 368, também de autoria do Senador 
Josaphat Marinho, passou a adotar a seguinte redação: “A personalidade civil do ser humano começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, 
ressalvou os direitos do nascituro desde a concepção, além de substituir a expressão “ser humano” por 
“homem”. Afirmou na ocasião o nobre Senador Josaphat Marinho que “a emenda restaura, basicamente, o 
texto do art. 42 do atual Código Civil (leia-se Código anterior). Ressalvar os direi- 
tos do nascituro, ‘desde a concepção’, como hoje assegurando, é permuta ampla, que deve ser preservada 
acima de divergências doutrinArias . Num fim de século em que se realça a amplitude dos direitos 
humanos, bem como a necessidade de defendê-los com energia, suprimir a cláusula “desde a concepção” 
suscitaria estranheza. E o projeto, mesmo, confirmando essa tendência, alude a filho concebido, como nos 
arts. 1.602 e 1.606. Lembre-se, ainda, com a lição de Orlando Gomes, que ‘o direito de suceder do 
nascituro depende de já estar concebido no momento da abertura da sucessão’ (Sucessões, 6. ed., Forense, 
1990, p. 30). Aquiesceu, de imediato, na alteração o eminente Professor e Ministro Moreira Alves, autor da 
Parte Geral do Anteprojeto, na Comissão designada pelo Poder Executivo. Retomando o texto do projeto a 
nova apreciação da Câmara dos Deputados, promoveu o Relator Fiuza apenas a substituição da expressão 
‘ser humano’ pelo vocábulo ‘pessoa’, correntemente com o que havia feito no art. 1o . 
 
 
Doutrina 
Começo da personalidade natural: Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e adquira 
personalidade jurídica, será suficiente que tenha vivido por um segundo. 
• Direitos do nascituro: Conquanto comece do nascimento com vida a personalidade civil do homem, a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (CC, ais. 22, 1.609, 1.779 e parágrafo único e 
1.798), como o direito à vida (CF, art. 52, CP, ais. 124 a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 e 1.597), à 
integridade física, a alimentos (RT 650/220; RJTJSP 150/906), a uma adequada assistência pré-natal, a um 
curador que zele pelos seus interesses em caso de incapacidade de seus genitores, de receber herança (CC, 
ais. 1.798 e 1.800, § 3~), de ser contemplado por doação (CC, art. 542), de ser reconhecido como filho etc. 
Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intra-uterina, tem o nascituro, e na vida extra-uterina, tem o 
embrião, personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos personalissimos, ou melhor, aos da 
personalidade, visto ter a pessoa carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in vivo ou in vitro 
(Recomendação n. 1.046/89, n. 7 do Conselho da Europa), passando a ter a personalidade jurídico 
material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o 
nascimento com vida (CC, art. 1.800, § 3o ). Se nascer com vida, adquire personalidade jurídica material, 
mas, se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá. 
Momento da consideração jurídica do nascituro: Ante as novas técnicas de fertilização in vitro e do 
congelamento de embriões humanos, houve quem levantasse o problema relativo ao momento em que se 
deve considerar juridicamente o nascitum, entendendo-se que a vida tem início, naturalmente, com a 
concepção no ventre materno. Assim sendo, na fecundação na proveta, embora seja a fecundação do óvulo, 
pelo espermatozóide, que inicia a vida, é a nidação do zigoto ou ovo que a garantirá; logo, para alguns 
autores, o nascituro só será “pessoa” quando o ovo fecundado for implantado no útero materno, sob a 
condição do nascimento com vida. O embrião humano congelado não poderia ser tido como nascituro, 
apesar de dever ter proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética própria. Embora a vida 
se inicie com a fecundação,-e a vida viável com a gravidez, que se dá com a nidação, entendemos que na 
verdade o início legal da consideração jurídica da personalidade é o momento da penetração do 
espermatozóide no óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por isso, a Lei n. 8.974/95, nos arts. 8~, II, III e 
IV, e 13, veio a reforçar, em boa hora, essa idéia não só ao vedar: 
a) manipulação genética de células germinais humanas; b) intervenção em material genético humano in 
vivo, salvo para o tratamento de defeitos genéticos; c) produção, armazenamento ou manipulação de 
embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível, como também ao considerar tais 
atos como crimes, punindo-os severamente. Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria 
concepcionista, uma vez que o Código Civil resguarda desde a concepção os direitos do nascituro e além 
disso, no art. 1.597,1V, presume concebido na constância do casamento o filho havido, a qualquer tempo, 
quando se tratar de embrião excedente, decorrente de concepção artificial heteróloga. 
 
 
Sugestão legislativa: Pelas razões antes expostas, oferecemos ao Deputado Fiuza a seguinte sugestão 
legislativa: 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde 
a concepção, os direitos do embrião e os do nascituro. 
 
 
Bibliografia 
 
Darcy Arruda Miranda, Anotações ao Código Civil brasileiro, São Paulo, Saraiva, 1981, v. 1 (p. 7); 
Baudry-Lacantinerie e Houques-Fourcade, Delle persone, v. 1 (p. 272); Aubry e Rau, Droit civil, v. 1 (p. 
179);Antônio Chaves, Tratado de direito civil, SI. flui., Revista dos flíbunais, 1982, v. 1, t. 1 (p. 316); M. 
Helena Diniz, Reflexões sobre a problemática das novas técnicas científicas de reprodução humana assis-
tida e a questão da responsabilidade civil por dano ao embrião e ao nascituro, Livm de Estudos Jurídicos, 
8/94; A ectogênese e seus problemas jurídicos, Direito — Revista do Programa de Pós-Graduàção em 
Direito, PUCSP, 1/89-100, 1995; A responsabilidade civil por dano moral, Revista Literáriado Direito, n. 
9,1996 (p. 7-14); Curso, cit., v. 1 (p. 100 e 101); O estado atual do biodireito, São Paulo, Saraiva, 2001 (p. 
21-127, 405-16, 452-500); Mercedes Oayosso y Navarrete, “Cura Ventris”, Revista Brasileira de Direito 
Comparado, 13/200-37, 1992; Traverso, La tutela costituzionale della persona umana prima della nascita, 
Milano, Giuffrè, 1977; Francisco Amaral, O nascituro no direito civil brasileiro. Contribuição do direito 
civil português, Revista Brasileira de Direito Comparado, 8/75-89; Benedita lnêz Lopes Chaves, A tutela 
jurídica do nascituro, São Paulo, LTr, 2000; Silmara J. A. Chinelato e Almeida, A tutela civil do nascituro, 
São Paulo, Saraiva, 2000; O nascituro no Código Civil e no nosso direito constituendo, in O direito de 
família e a Constituição Federal de 1988, coord. Bittar, São Paulo, Saraiva, 1989 (p. 39-52); Direitos da 
personalidade do nascituro, Revista do Advogado, 38/25-6; e Evolução exige norma jurídica, Tribuna do 
Direito, n: 33, 1996 (p. 16); Eduardo de Oliveira Leite, Procria ções artificiais e o direito, São Paulo, 
Revista dos Tribunais, 1995; Didier David, L’insémination arnficielle humaine, un nouveau mode 
defiliation, Paris, 1984; Michaud, La personne humaine face au dévelopement des sciences bio médicales, 
Paris, 1990; Francisco L. Yagür, Fecondación artificial y derecho, Madrid, Technos, 1988; Monica Sartori 
Scarparo, Fertilização assistida — questão aberta — aspectos cient(jicos e legais, Rio de Janeiro. Forense 
Universitária, 1991; Armando Dias de Azevedo, A inseminação artificial em face da moral e do direito, 
RF, 149/497 e 5.; Douglas C. Cusine, New repmductive techniques — a legal perspective, Vennont Gaver 
Publishing, 1988; Thereza Christina Bastos Menezes, Novas técnicas de reprodução humana, RT, 660/253; 
Guilhermo E Ray, La fecundación arftficial en seres humanos ante la moral y el derecho, Buenos Aires, 
1951; Lauro Rutkowski, O aluguel de útero continua fora da lei, Zero Hora, 12 set. 1990 (p. 40); Paula M. 
da Silva, A procriação artificial: aspectos jurídicos, Lisboa, 1986; Carlos Alberto Bittar, Teoria geral do 
direito civil, cit. (p. 117-8); Santosuosso. La fecondazione artiflciale untaria, Milano, Giuffrê, 1984; 
Zannoni, lnseminaciónartifl cial yfecundnción extrauterina. 
 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I— os menores de dezesseis anos; 
II — os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos; 
 III — os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Histórico 
A redação atual do dispositivo é praticamente a mesma da concebida pela comissão que elaborou o 
anteprojeto, salvo em relação ao antigo inciso IV que elegia os índios como absolutamente incapazes e que 
foi suprimido pela Câmara dos Deputados ainda durante a primeira fase de tramitação do projeto. Durante 
a passagem do projeto pelo Senado houve apenas uma pequena modificação na redação do inciso 111. E 
que o texto original do projeto dispunha literalmente o seguinte: “III — os que, ainda por causa transitória, 
não puderem exprimir sua vontade”. O Senado Federal preferiu emendar o dispositivo, dando-lhe a 
seguinte redação: “III — os que, ainda por motivo transitório, não puderem exprimir sua vontade”. O argu-
mento era o de que a expressão “por motivo” teria o mesmo alcance da forma “por causa”, e evitaria a 
dissonância que nesta se apura. A redação atual tem origem em emenda de autoria do Deputado Fiuza para 
substituição do “ainda” por “mesmo”, em favor da redação vigente no Código anterior. Entendeu o Relator 
Ricardo Fiuza que o vocábulo “motivo” tinha características essencialmente subjetivas, enquanto a palavra 
“causa’ era integralmente objetiva. O conceito de causa é mais amplo do que a noção de motivo. Pode-se, 
exemplificativamente, falar de causas naturais, no sentido de causas da natureza, mas nunca de motivos da 
natureza ou motivos naturais. Propôs, então, o Relator Fiuza, nova redação ao inciso. Segundo consignou 
em seu relatório, o “ainda por causa transitória”, além de configurar certo arcaísmo de linguagem 
(modernamente, dir-se-ia “ainda que por causa transitória”), pertencia do vício da ambigüidade, podendo 
ser tomado também no sentido do advérbio temporal, de persistência da “causa transitória”, que ainda se 
fatia sentir. 
 
 
Doutrina 
• Menoridade de dezesseis anos: Os menores de dezesseis anos são tidas como absolutamente 
incapazes para exercer atos na vida civil, porque devido à idade não atingiram o discernimento para 
distinguir o que podem ou não .fazer que lhes, é conveniente ou prejudicial Por isso para a validade dos 
seus atos, será preciso que estejam representados por seu pai, por sua mãe, ou por tutor. 
• Impossibilidade transitória para exprimir a vontade: Aquele que por doença que acarrete deficiência física 
(surdo-mudez, p. ex.)’ ou perda de memória, não puderem, ainda que temporariamente. manisfestar seja 
vontade para praticar atos da vida civil deverão estar representado por um curador (CC. arts. 1.767,11, e 
1.780). 
 
 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I— os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II— os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III — os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV — os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
 
Histórico 
• Este dispositivo sofreu duas alterações durante o período de tramitação entre Câmara e Senado. A primeira 
consistiu na redução da maioridade civil de 21 para 18 anos, de que trata o inciso 1, e cujos fundamentos 
encontram-se delineados no histórico do artigo seguinte. A segunda alteração teve origem em emenda de 
redação apresentada pelo Deputado Ricardo Fiuza, substituindo terminologia em desuso utilizada no texto 
do projeto (silvícolas) pela denominação usada na Constituição Federal (índios). 
 
 
Doutrina 
• Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da 
vida civil desde que assistidos por quem o direito encarrega desse ofício, em razão de parentesco, de 
relação de ordem civil ou de designação judicial, sob pena de anulabilidade daquele ato (CC, art. 171, 1), 
dependente da iniciativa do lesado, havendo até hipóteses em que tal ato poderá ser confirmado ou 
ratificado. Há atos que o relativamente incapaz pode praticar, livremente, sem autorização. 
• Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos só 
poderão praticar atos válidos se assistidos pelo seu representante. Caso contrário serão anuláveis. 
• Ébrios habituais, viciados em tóxicos e deficientes mentais com discernimento reduzido: Alcoólatras, 
dipsômanos ,toxicômanos, portadores de deficiência mental, que sofram redução na sua capacidade de 
entendimento, não poderão praticar atos na vida civil sem assistência de curador (CC, art. 1.767, III). desde 
que interditos. 
• Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo: Abrangidos estão, aqui: os fracos de mente, surdos-
mudos e e portadores de anomalia psíquica que apresentem sinais de desenvolvimento mental 
incompleto, comprovado e declarado em sentença de interdição, que os tornam incapazes de praticar atos 
na vida civil, sem a assistência de um curador (CC, art. 1.767. IV). 
• Pródigos: São considerados relativamente incapazes os pródigos, ou seja, aqueles que, comprovada, 
habitual e desordenadamente, dilapidam seu patrimônio, fazendo gastos excessivos. Com a interdição do 
pródigo, privado estará ele dos atos que possam comprometer seus bens, não podendo, sem a assistência de 
seu curador (CC, art. 1.767, V), alienar, emprestar, dar quitação, transigir,hipotecar, agir em juízo e 
praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração (CC, art. 1.782). 
• Indígenas e sua submissão a regime tutelar Os índios, devido a sua educação ser lenta e difícil, são 
colocados pelo novo Código Civil sob a proteção de lei especial, que regerá a questão de sua capacidade. O 
Código Civil sujeita-os ao regime tutelar, estabelecido em leis e regulamentos especiais (Lei n. 6.001/73; 
CF/88, arts. 22, XIV, 49, XVI, 129, V, 210, § 22, 232. 109, XI, 231, 176. § P, e art. 67 das Disposições 
Transitórias; Dec. n. 88.118/83; Constituição do Estado de São Paulo de 1989, arts. 282, §~ P a 39, e 283; 
Lei n. 6.0l5 ‘7l3, arts. 50, § 2o , e 246. com a redação da Lei n. 10.267/2001; Dec. n. 1.775/96). 
Obs.: O art. 42 revoga a Lei n. 4.294/21 e o Decreto-lei n. 891/38; Lei n. 6.368/76. 
 
 
Bibliografia 
•Caio M. 5. Pereira, Instituições cit., v. 1 (p. 240-2); Antônio Chaves, Capacidade civil, cit., in 
Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 13 (p. 9); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 93-7); Silvio 
Rodrigues, Dos defeitos dos atos jurídicos. São Paulo, 1959 (n. 100 e s. e n. 131); e Direito civil, cit., v. 1 
(p. 82); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 66-7); José de Farias lavares, O Código Civil e a nova 
Constituição, Rio de Janeiro, Forenst, 1991 (p. 17-8); Hugo Nigro Mazzilli, Regime Jurídico do Ministério 
Público, São Paulo, Saraiva, 1995 (p. 226); Marcelo Dolzany da Costa, Anotações sobre direitos indígenas, 
in 1 Encontm de Juizes Federais da Região Amazônica, 1995 (p. 133); A. Gursen de Miranda, O direito e o 
índio. Belém, Cejup, 1994. 
 
 
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos 
os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
1 — pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 
dezesseis anos completos; 
II — pelo casamento; 
III — pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV — pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V — pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em 
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
 
Histórico 
• A principal alteração verificada neste dispositivo em relação ao texto original do Projeto n. 634, procedida 
ainda pelo Senado Federal, consistiu na redução da maioridade civil de 21 para 18 anos. A questão da 
redução da maioridade civil há muito já não suscitava mais qualquer controvérsia tanto no seio da 
comunidade jurídica como na sociedade de uma maneira geral. As justificativas apresentadas perante o 
Senado traduzem bem essa posição, in verbis: “Substancialmente, as modificações propostas pela emenda 
decorrem da fixação da maioridade civil em dezoito anos”. E no particular procede. A tendência 
prevalecente é no sentido de fixar a maioridade civil em dezoito anos. Assim a estabelecem o Código Civil 
italiano, de 1942 (art. 2~), o português (de 1966), com as alterações de 1977 (art. 130), o francês, com as 
inovações da Lei de 1974 (art. 488). Esta é a consagração, também, da Constituição espanhola de 1978 (art. 
12). Acresce que nossa Constituição prestigia essa tendência. Restringe a inimputabilidade penal aos 
menores de dezoito anos, sujeitando-os a legislação especial (art. 228). Considera o alistamento eleitoral e 
o voto obrigatórios para os maiores dessa idade e facultativos para os maiores de dezesseis anos (art. 14, § 
l~, 1 e II, c). E estipula a idade de vinte e um anos como condição de elegibilidade “para deputado federal, 
deputado estadual ou distrital, vice-prefeito e juiz de paz”, bem assim a de 18 para vereador (art. 14, § 32, 
VI, c e d), o que corrobora a fixação da maioridade aos dezoito anos. Essa inclinação legislativa repousa, 
também na certeza de que os meios de comunicação transmitem, permanente e crescentemente , 
conhecimentos e informações que ampliam o poder de observação das pessoas e de discernimento dos 
fatos. Há de presumir-se, mesmo, que assim se teria orientado o projeto, se sua elaboração houvesse sido 
posterior à Carta de 1988. Retomando o projeto à Camara dos Deputados, foi apresentada emenda de 
redação pelo Relator Ricardo Fiuza, substituindo a conjunção aditiva “e” pela conjunção alternativa “ou”, a 
fim de evitar a ambigüidade. O emprego da conjunção ~ segundo o relator, fazia “parecer que, além do 
instrumento público, estar-se-ia a exigir sentença judicial para validade da emancipação feita por concessão 
dos pais, quando o artigo versa sobre duas formas estanques de emancipação: uma por concessão dos pais e 
que independe de processo judicial; e a outra por decisão judicial, nos casos de menor sujeito à tutela”. 
 
 
Doutrina 
Maioridade: Em relação à menoridade, a incapacidade cessará quando o menor completar dezoito anos, 
segundo nossa legislação civil. Ao atingir dezoito anos a pessoa tornar-se-á maior, adquirindo a capacidade 
de fato , podendo, então, exercer pessoalmente os atos da vida civil. 
• Emancipação expressa ou voluntária: Antes da maioridade legal, tendo o menor atingido dezesseis anos, 
poderá haver a outorga de capacidade civil por concessão dos pais, no exercício do poder familiar, 
mediante escritura pública inscrita no Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 e 90; CC, art. 92, 
II), independentemente de homologação judicial. Além dessa emancipação por concessão dos pais, ter-se-á 
a emancipação por sentença judicial, se o menor com dezesseis anos estiver sob tutela (CPC, arts. 1.103 a 
1.112,1; Lei n. 8.069/90, arts. 148, VII, parágrafo único, e), ouvido o tutor 
• Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal decorre dos seguintes casos: a) casamento, pois 
não é plausível que fique sob a autoridade de outrem quem tem condições de casar e constituir família; 
assim, mesmo que haja anulação do matrimônio, viuvez, separação judicial ou divórcio, o emancipado por 
esta forma não retoma à incapacidade; b) exercicio de emprego público efetivo, por funcionário nomeado 
em caráter efetivo (não abrangendo a função pública extranumeraria ou em comissão), com exceção de 
funcionário de autarquia ou entidade paraestatal, que não é alcançado pela emancipação. Diarista e 
contratado não serão emancipados por força de lei (RT 98/523; Súmula 14 do STF Lei n. 1.711\52, art 22 
II: Lei 8.112\90, art 5o , V. 
 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 250); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 (p. 37 e 38); Darcy 
Arruda Miranda, Anotações. cit., v. 1 (p. 13); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 71 e 72); Silvio 
Rodrigues, Direito civil, cit., v. 1 (p. 89); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 98-100); José de Farias 
Tavares, O Código Civil e a nova Constituição, cit.(p. 19e 20). 
 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos 
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 
Histórico 
• Este artigo não havia sido alterado durante a tramitação no Senado Federal e mantinha a mesma 
redação do anteprojeto, a saber: “Art. 62 A existência da pessoa física termina com a morte; presume-se 
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”. Retomando o 
projeto à Câmara, o Relator Fiuza propôs a substituição da expressão “pessoa física” por “pessoa natural”, 
restabelecendo a redação vigente no Código de 1916. A proposta de restaurar a denominação “pessoa 
natural” já vinha desde o primeiro período de tramitação do projeto perante a Câmara dos Deputados. 
Emenda do Deputado Brigido Tinoco, posteriomente rejeitada pelo Relatório Emani Satyro. já consignava, 
citando Clóvis Beviláqua. “que o homem simboliza a pessoanatural juridicamente, porque não é visto, 
apenas, sob o aspecto da individualidade, mas também como agente primário e comum do direito. 
 
Doutrina 
• Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade jurídica da pessoa natural, que deixa de ser sujeito 
de direitos e deveres, acarretando : a) dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial l (Lei n.. 
651 5177 e CC, art. 1.571, 1); b) extinção do poder familiar (CC, art. 1.635,1); dos contratos 
personalíssimos, com prestação de serviço.(CÇ, art. 607). e mandato (CC. art. 682,11; STF, Súmula 25); c) 
cessação da obrigação , alimentos com o falecimento do credor (RJTJSP, 82138; RI’, 574/68; CC, art. 
1.700); do pacto de preempção (CC, art. 520); da obrigação oriunda de ingratidão de donatário (CC, art. 
560); á) extinção de usufrutos ’ (CC, art. 1.410. I CPC. art. 1.112, VI); da doação na forma de subvenção 
periódica (CC, art. 545); do encargo da testamentaria (CC, art 1.985). 
•Morte presumida : A morte presumida pela lei se dá ausência de uma pessoa nos casos dos arts 22 a 39 
do Código Civil e dos arts. 1.161 a 1.168 do Código de Processo Civil, Se uma pessoa desaparecer , sem 
deixar notícias, qualquer interessado na sua sucessão ou o Ministério Público (CPC. art. 1.163) poderá 
requerer ao juíza declaração de sua ausência e a nomeação de curador. Se após um ano da arrecadação dos 
bens do ausente, ou, se deixou algum representante. em se passando três anos, sem que dê sinal de vida, 
poderá ser requerida sua sucessão provisória (CC, art.. 26) e o início do processo de inventário e partilha de 
seus bens, ocasião em que a ausência do desaparecido passa a ser considerada presumida. Feita a partilha, 
seus herdeiros deverão administrar os bens, prestando caução real, garantindo a restituição no caso de o 
ausente aparecer. Após dez anos do trânsito em julgado da sentença da abertura da sucessão provisória 
(CC, art. 37; CPC, art. 1.167,11), sem que o ausente apareça, ou cinco anos depois das últimas notícias do 
desaparecido que conta com oitenta anos de idade (CC, art. 38), será declarada a sua morte presumida a 
requerimento de qualquer interessado, convertendo-se a sucessão provisória em definitiva. Se o ausente 
retornar em até dez anos após a abertura da sucessão definitiva, terá os bens no estado em que se encon-
trarem e direito ao preço que os herdeiros houverem recebido com sua venda. Porém, se regressar após 
esses dez anos, não terá direito a nada (CPC, art. 1.168). 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 8. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 210); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 110-1); Iassil 
Dower, Curso moderno de direito civil, São Paulo, Ed. Nelpa, 1976, v. 1 (p. 65-6); W. Barros Monteiro, 
Curso, cit.. v. 1 (p. 74); Savigny, Traité de droit romain, v. 2 (p. 165); Bedaque, A curadoria de incapazes, 
Justitia, 148/17-24; Hugo Nigro Mazzilli, CurarLona de ausentes e incapazes, São Paulo, 1988. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art . 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
1 — se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II — se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos 
após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois 
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
•O presente dispositivo não sofreu alteração quer por pede do Senado Federal quer por parte da Câmara 
dos Deputados. A redação atual é a mesma do projeto original, cuja parte geral, como se sabe, ficou a cargo 
do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. Não tem correspondente no Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Monte presumida sem decretação de ausência : Admite-se declaração judicial de morte presumida 
sem decretação de ausência em casos excepcionais, apenas depois de esgotadas todas as buscas e 
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do óbito, e tais casos são: a) probabilidade da 
ocorrência da morte de quem se encontrava em perigo de vida e b) desaparecimento em campanha ou 
prisão de pessoa, não sendo ela encontrada até dois anos após o término da guerra. 
 
 
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem ria mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
 
Histórico 
O presente dispositivo não foi atingido por qualquer alteração quer por parte do Senado Federal quer por 
parte da Câmara dos Deputados. A redação atual é a mesma do projeto original, cuja parte geral, como se 
sabe, ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. Corresponde ao art. 11 do Código 
Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Comoriência ou morte simultânea: A comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião e 
em razão do mesmo acontecimento. Embora o problema da comoriência, em regra, alcance casos de morte 
conjunta, ocorrida no mesmo acontecimento, ela coloca-se, com igual relevância, no que concerne a efeitos 
dependentes de sobrevivência, na hipótese de pessoas falecidas em locais e acontecimentos distintos, mas 
em datas e horas simultaneas ou muito próximas. 
• Efeito da morte simultânea no direito sucessóriO: A comoriência terá grande repercussão na 
transmissão de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros uns dos outros, não há 
transferência de direitos; um não sucederá ao outro, sendo chamados à sucessão os seus herdeiros ante a 
presunção juris tantum de que faleceram ao mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de se saber quem 
faleceu primeiro, o magistrado aplicará o art. 8o do Código Civil, caso em que, então, não haverá 
transmissão de direitos entre as pessoas que morreram na mesma ocasião. 
 
 
Bibliografia 
Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 211 e 213); Bassil Dower, Curso, cit., v. 1 (p. 66-7); M. 
Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 111-2); Lei de Introdução ao Código Civil brasileim interpretada, São 
Paulo, Saraiva, 2001 (p. 275-6); Rubens Limongi França, Fim da personalidade natural. Comoriência e 
vocação hereditária, Revista Brasileira de Direito Comparado, 13/96-107, 1992; Clóvis Beviláqua, Código 
Civil comentado, 1944, v. 1 (p. 217 e s.); Raoul de la Grasserie, Code Civil alemand, Paris, 1897 (p. 5); 
Diego Espín Cánovas, Derecho civil espanol, Madrid, 1951, v. 1 (p. 125); Rotondi, Istituzioni di diritto 
pnivato, Milano, 1965 (p. 175-7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 9o Serão registrados em registro público: 
1 — os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II— a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III — a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV — a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração relevante seja por parte do Senado Federal 
seja por parte da Câmara dos Deputados, salvo no tocante à substituição da forma verbal “inscritos” por 
“registrados”, operada por emenda de redação apresentada no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
 
• publicidade do estado das pessoas: Com o escopo de assegurar direitos de terceiros, o legislador, a fim de 
obter a publicidade do estado das pessoas, exige inscrição em registro público de determinados atos e a 
certidão extraída dos livros cartoríários fará prova plena e. segura do estado das pessoas físicas. 
Registro de nascimento: Todo nascimento deve ser registrado (Lei n. 6.015/ 73, arts. 50— alterado pela Lei 
n. 9.053/95 — e 53; CC, art. 9~, 1; CF/88, art. 9, LXXVI, a), mesmo que a criança tenha nascido morta ou 
morrido durante o parto. 
• Registro de casamento: Para completar as formalidades do casamento, que se iniciam com a habilitação e 
prosseguem com a cerimônia solene, dever-se-á lavrar no livro de registro paraperpetuar o ato e servir de 
prova o assento do matrimônio, assinado pelo presidente do ato, cônjuges, testemunhas e oficial, contendo 
os requisitos exigidos pelo art. 70 da Lei n. 6.015\73 (CC, arts. 1.512, parágrafo único, 1.516, §~ 10a 32, 
1.545 e 1.546). 
• Registro de óbito: Será imprescindível o registro de óbito, pois se prova a morte pela certidão extraída do 
assento de óbito (Lei n. 6.015\73, arts. 77 a 88 e 107). 
• Registro de emancipação expressa ou voluntária: Imprescindível será o registro de emancipação de menor 
de dezoito anos completos que se dê em razão de outorga paterna ou materna ou por sentença judicial (Lei 
n. 6.015\73, arts. 89 a 91 e 107, § 19. 
• Registro de interdição por incapacidade absoluta ou relativa: O decreto judicial de interdição deverá ser 
inscrito (Lei n. 6.015/73. art. 92) no Registro das Pessoas Naturais e publicado pela imprensa local e pelo 
órgão oficial três vezes, com intervalo de dez dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador 
que o representará nos atos da vida civil. a causa da interdição e os limites da curatela (CPC, art. 1.184). A 
inscrição no Registro de Pessoas Naturais e a publicação editalícia são indispensáveis para assegurar 
eficácia erga omnes à sentença. 
•Registro de sentença declaratória de ausência e de morte presumida:Será preciso que se faça o assento da 
sentença declaratória de ausência que nomear curador no cartório do domicílio anterior do ausente (Lei n. 
6.015/73, art. 94). A sentença da abertura da sucessão provisória será averbada, no assento de ausência, 
após o trânsito em julgado (Lei n. 6.015/ 73, ais. 104, parágrafo único, e 107, § 19. E a declaração judicial 
da morte presumida deverá, convertendo-se a sucessão provisória em definitiva, também ser levada a 
assento. 
 
 
Bibliografia 
•Orlando Gomes, Direito de família, Rio de Janeiro, Forense, 1978 (p.120); Cândido de Oliveira, Manual 
do Código Civil brasileiro, de Paulo Lacerda, Rio de Janeiro, 1918. v. 5, § 68 (p. 143); Caio M. 5. Pereira, 
Instituições, cit., v. 5 (p. 84); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 2 (p. 57); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 
5 (p. 80-1); Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, v. 16 (p. 391-3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
1— das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação 
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 
II — dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
III — dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção. 
 
 
Histórico 
• A redação original dos incisos do art. 10 era a seguinte: “1 — das sentenças que decretarem a nulidade ou a 
anulação do casamento, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II — das 
sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento, e as que declararem a 
filiação legítima; 111 — dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação 
ilegítima ; IV— dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção, e dos que a dissolverem’. Por meio de 
emenda apresentada perante o Senado Federal pelo então Senador Fernando Henrique Cardoso o 
dispositivo ganhou a redação atual, suprimindo-se o inciso que versava sobre filiação ilegítima e 
acrescentando-se no inciso 1 a sentença do divórcio entre os atos passíveis de averbação no registro 
público. Não tem correspondente no Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Importância da averbação: Surge, ao lado do registro, um ato específico — a averbação — ante a 
necessidade de fazer exarar todos os fatos que venham atingir o estado da pessoa e, conseqüentemente, o 
seu registro civil, alterando-o, por modificarem ou extinguirem os dados dele constantes. A averbação será 
feita pelo oficial do cartório em que constar o 
assento à vista da carta de sentença, de mandado ou de petição acompanhada de certidão ou documento 
legal e autêntico, com audiência do Ministério Público (Lei n. 6.015/73, art. 97). 
• Averbação da sentença de nulidade ou anulação do casamento, de separação judicial e do divórcio: 
Transitada em julgado a sentença declaratória de nulidade absoluta ou relativa do casamento, a decisão 
homologatória da separação judicial consensual ou a que conceder a separação judicial litigiosa deverá ser 
averbada no livro de casamento do Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, art. 100), e se a partilha 
abranger bens imóveis deverá ser também transcrita no Registro Imobiliário (Lei n. 6.015/ 73, ais. 29, § 
19, a, 100, §~ 19 a 52, e 167,11, 14; CPC, art. 1.124). Antes da averbação aquelas sentenças não 
produzirão efeitos contra terceiros (Lei n. 6.015/73, art. 100, § 19. E a sentença de divórcio só produzirá 
seus efeitos depois de averbada no Registro Público competente, ou seja, onde foi lavrado o assento do 
casamento (art. 32 da Lei n. 6.515). 
• Averbação do restabelecimento da sociedade conjugal: Havendo ato de restabelecimento da sociedade 
conjugal mediante reconciliação, se separados, ou novo casamento, se divorciados (Lei n. 6.515/77, art. 
46), deverá ele ser averbado (Lei n. 6.015/73, art. 101) no livro de casamento e, havendo bens imóveis no 
patrimônio conjugal, a averbação do fato deverá ser feita em relação a cada um dos imóveis pertencentes 
ao casal, exista ou não pacto antenupcial (Lei n. 6.015/73, art. 167, 11, n. 10), no Registro Imobiliário da 
situação dos imóveis. 
• Averbação de atos judiciais ou extrajudiciais que declarem ou reconheçam a filiação: No livro de 
nascimento deverão ser averbados tanto atos judiciais que declarem ou reconheçam a filiação (Lei n. 
6.015/73, art. 102), como os extrajudiciais, porque o reconhecimento de filho voluntário (CC, art. 1.609, Ia 
LV; Lei n. 8.069/90, art. 26; Lei n. 8.560/92, art. 1~, 1 a IV) é ato solene. Deve, p. ex., a escritura pública 
ou particular ser arquivada em cartório, onde se reconheça filiação, e ser averbada no livro de nascimento. 
• Averbação dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção: A sentença constitutiva de adoção, que 
confere à pessoa a qualidade de filho adotivo, desligando-o do vínculo com os parentes consangüíneos, 
estabelecendo a relação de parentesco civil, após o trânsito em julgado deverá ser averbada no livro de 
nascimento. Deveras, a adoção só se consuma com o assento daquela decisão, que se perfaz com sua 
averbação à margem do registro de nascimento do adotado, efetuada à vista de petição acompanhada da 
decisão judicial. 
 
• Sugestão legislativa: Em face dos argumentos acima aludidos, encaminhamos ao Deputado Ricardo Fiuza 
proposta de alteração do dispositivo, que passaria a contar com a seguinte redação: 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
1— das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação 
judicial e o restabelecimento da,sociedade conjugal; 
II— dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
III — dos atos judiciais de adoção. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e 
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelos fundamentos expostos, oferecemos ao Deputado Ricardo Fiuza a seguinte 
sugestão de redação: 
Art. 11. O direito à vida, à integridade fisico-psíquica, à identidade, à honra, à imagem, à liberdade, 
à privacidade e outros reconhecidos à pessoa são inatos, absolutos, intransmissíveis, indisponíveis, 
irrenunciáveis, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e inexpropriáveis. 
Parágrafo único. Com exceção dos casos previstos em lei, não pode o exercício dos direitos da 
personalidade sofrer limitação. voluntária. 
 
 
 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cessea ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e 
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste 
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por pane do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. A redação atual é a mesma do anteprojeto, cuja parte 
geral, como se sabe, ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. 
 
Doutrina 
• Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de ameaça ou lesão a direito da personalidade: Os direitos da 
personalidade destinam-se a resguardar a dignidade humana, mediante sanções, que devem ser suscitadas 
pelo ofendido (lesado direto). Essa sanção deve ser feita por meio de medidas cautelares que suspendam os 
atos que ameacem ou desrespeitem a integridade físico-psíquica, intelectual e moral, movendo-se, em 
seguida, uma ação que irá declarar ou negar a existência da lesão, que poderá ser cumulada com ação 
ordinária de perdas e danos a fim de ressarcir danos morais e patrimoniais. 
• Lesado indireto: Se se tratar de lesão a interesses econômicos, o lesado indireto será aquele que sofre um 
prejuízo em interesse patrimonial próprio, resultante de dano causado a um bem jurídico alheio, podendo a 
vítima estar falecida ou declarada ausente. A indenização por morte de outrem é reclamada jure proprio. 
pois ainda que o dano, que recai sobre a mulher e os filhos menores do finado, seja resultante de homicídio 
ou acidente, quando eles agem contra o responsável, procedem em nome próprio, reclamando contra 
prejuízo que sofreram e não contra o -que foi irrogado ao marido e pai. 
P. ex.: a viúva e os filhos menores da pessoa assassinada são lesados indiretos, pois obtinham da vítima do 
homicídio o necessário para sua subsistência. A privação de alimentos é uma conseqüência do dano. No 
caso do dano moral, pontifica Zannoni, os lesados indiretos seriam aquelas pessoas que poderiam alegar 
um interesse vinculado a bens jurídicos extrapatrimoniais próprios, que se satisfaziam mediante a 
incolumidade do bem jurídico moral da vítima direta do fato lesivo. 1’. ex.: o marido ou os pais poderiam 
pleitear indenização por injúrias feitas à mulher ou aos filhos, visto que estas afetariam também pes-
soalmente o esposo ou os pais, em razão da posição que eles ocupam dentro da unidade familiar. Haveria 
um dano próprio pela violação da honra da esposa ou dos filhos. Ter-se-á sempre uma presunção juris 
tantum de dano moral, em favor dos ascendentes, descendentes, cônjuges, irmãos, tios, sobrinhos e primos, 
em caso de ofensa a pessoas da família mortas ou ausentes. Essas pessoas não precisariam provar o dano 
extrapatrimonial, ressalvando-se a terceiros o direito de elidir aquela presunção. O convivente, ou 
concubino, noivo, amigos, poderiam pleitear indenização por dano moral, mas terão maior ônus de prova, 
uma vez que deverão provar, convincentemente. o prejuízo e demonstrar que se ligavam à vítima por 
vínculos estreitos de amizade ou de insuspeita afeição. 
 
 
• Sugestão legislativa: Em face dos argumentos acima aludidos, encaminhamos ao Deputado Ricardo Fiuza 
a seguinte sugestão legislativa: 
Art. 12. O ofendido pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e 
reclamar indenização em ressarcimento de dano patrimonial e moral sem prejuízo & outras sanções 
previstas em lei. 
Parágrafo único . Em se tratando de morto ou ausente, terá legitimação para requerer as medidas 
previstas neste artigo o cônjuge ou companheiro sobrevivente, ou, ainda, qualquer parente em linha reta 
ou colateral até o quarto grau. 
 
 
Bibliografia 
• Zannoni, El daiio en la responsabilidad civil, Buenos Aires, Astrea, 1982 (p. 360-73); Wilson Meio da 
Silva, O dano moral e sua reparação, Rio de Janeiro, Forense, 1966; M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 7 (p. 
142-4). 
 
 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar 
diminuição permanente da integridade fisica, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma 
estabelecida em lei especial. 
 
 
Histórico 
• A redação primitiva do artigo, nos termos em que fora originariamente aprovada pela Câmara dos 
Deputados, era a seguinte: “Salvo exigência médica, os atos de disposição do próprio corpo são defesos 
quando importarem diminuição permanente da integridade física, ou contrariarem os bons costumes. 
Parágrafo único. Admitir-se-ão, porém, tais atos para fins de transplante, na forma estabelecida em lei 
especial”. Posteriormente, por meio de emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, o dispositivo 
ganhou a redação atual. A finalidade da alteração promovida pelo Senado Federal foi imprimir redação 
mais clara e de melhor técnica legislativa. Tratou-se de mero aperfeiçoamento redacional. 
 
 
Doutrina 
• Disposição de partes separadas do próprio como, em vida, para fins terapêuticos: E possível doação 
voluntária, feita por escrito e na presença de testemunhas, por pessoa capaz, de tecidos, órgãos e partes do 
próprio corpo vivo para efetivação de transplante ou tratamento , comprovada a necessidade terapêutica do 
receptor, desde que uSo contrarie os bons costumes, nem traga risco para a integridade física do doador, 
nem comprometa suas aptidões vitais, nem lhe provoque deformação ou mutilação, pois não se pode exigir 
que alguém se sacrifique em benefício de terceiro (Lei n. 9.434/97, art. 9o , § 3o a 7o ). 
 
 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição o gratuita do próprio corpo, no 
todo ou da parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Disposição gratuita do próprio como, no todo ou em parte, para depois da morte: Admitido está o ato de 
disposição gratuita de órgãos, tecidos e partes do corpo humano post mortem para fins científicos ou de 
transplante em paciente com doença progressiva ou incapacitante, irreversível por outras técnicas 
terapêuticas (Lei n. 9.434/97, art. 12; e Dec. n. 2.268/ 97, art. 23). 
• Princípio do consenso afirmativo : Consagra o princípio do consenso afirmativo, pelo qual a pessoa capaz 
deve manifestar sua vontade de dispor gratuitamente do próprio corpo, no todo ou em pane, para depois de 
sua morte, com objetivo científico (p. ex., estudo de anatomia humana em universidade) ou terapêutico (p. 
ex., transplante de órgãos e tecidos) 
• Revogação “sine die”: Quem vier a dispor para depois de sua morte do próprio corpo, no todo ou em parte, 
tem o direito de, a qualquer tempo, revogar livremente essa doação post mortem. 
 
 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-Se, com risco de vida, a tratamento médico ou a 
intervenção cirúrgica. 
 
 
Histórico 
O presente dispositivo não sofreu alteração, quer por parte do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Princípio da autonomia: O profissional da saúde deve respeitar a vontade do paciente, ou de seu 
representante, se incapaz. Daí a exigência do consentimento livre e informado. Imprescindível será a 
informação detalhada sobre seu estado de saúde e o tratamento a ser seguido, para que tome decisão sobre 
a terapia a ser empregada. 
• Princípio da beneficência: A prática médica deve buscar o bem-estar do paciente, evitando, na medidado 
possível, quaisquer danos e risco de vida. Só se pode usar tratamento ou cirurgia para o bem do enfermo. 
• Princípio da não.maleficência: Há obrigação de não acarretar dano ao paciente. 
• Direito de recusa de algum tratamento arriscado: E direito básico do paciente o de não ser constrangido a 
submeter-se, com risco de vida, a terapia ou cirurgia e, ainda, o de não aceitar a continuidade terapêutica. 
 
 
Bibliografia 
• .1. Padre!. La condition civile du mnalade, Paris, LGDJ, 1963 ,Alfredo Kraut, Los derechos de los 
pacientes; Genival Veloso de França, Direito médiw, São Paulo, 1996 (p. 26-37); M. Helena Diniz, O 
estado atual, cit. (p. 558-61). 
 
 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome 
 
Histórico 
Na redação originalmente aprovada pela Câmara, o artigo em comento tinha a seguinte redação: “Art. 16. 
Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o nome patronímico ”. A redação atual 
resultou de emenda apresentada pelo Deputado Ricardo Fiuza, substituindo as palavras “nome” e 
“patronímico” por “sobrenome, que é a mais correta. Segundo o relator “o nome da pessoa é composto de 
prenome e sobrenome. Patronímico significa nome derivado do nome do pai, a exemplo de RodrigUes 
(filho de Rodrigo) e Fernandes (filho de Fernando). O emprego dessa erronia generalizou-se , mas apenas 
se justificava na tradição do patriarcalismo”. 
 
 
Doutrina 
Nome civil da pessoa natural: O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, 
se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade. 
• Elementos constitutivos do nome: Dois, em regra, são os elementos constitutivos do nome: o prenome~ 
própriO da pessoa, que pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo; e o 
sobrenome, que é o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, podendo 
advir do apelido de família paterno, materno ou de ambos. A aquisição do sobrenome pode decorrer não só 
do nascimento, por ocasião de sua transcrição no Registro competente~ reconhecendo sua filiação, ruas 
também da adoção, do casamento, da união estável, ou ato de interessado, mediante requerimento ao 
magistrado. 
 
 
 
 
Bibliografia 
R. Limongi França, Do nome civil das pessoas naturais, São Paulo, Revista dos Tribunais, j975; W. Barros 
Monteiro, Curso de direito civil, cit., v. 1 (p. 92); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 124-7). 
 
 
Art. 17. 0 nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que 
a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
 
 
 
 
Doutrina 
• Direito à honra objetiva como direito conexo ao direito ao nome: A pessoa tem autorização de usar seu 
nome e de defendê-lo de abuso cometido por terceiro, que, em publicação ou representação, venha a expô-
la ao desprezo público — mesmo que não haja intenção de difamar — por atingir sua boa reputação, moral 
e profissional, no seio da coletividade (honra objetiva). Em regra, a reparação por essa ofensa é pecuniária, 
mas há casos em que é possível a restauração in natura, publicando-se desagravo. 
 
 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte do Senado Federal quer por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Uso de nome alheio em propaganda comercial: É vedada a utilização de nome alheio em propaganda 
comercial, por ser o direito ao nome indisponível, admitindo-se sua relativa disponibilidade mediante 
consentimento de seu titular, em prol de algum interesse social ou de promoção de venda de algum 
produto, mediante pagamento de remuneração convencionada. 
 
 
 
 
 
Art. 19. O pseudômino adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
 
Doutrina 
 
· Proteção ao pseudônimo ? Protege-se juridicamente o pseudônimo adotado, comumente, para 
atividades ilícitas por literatos e artistas, dada a importância de que goza, por identificá-los no mundo das 
letras e das artes, mesmo que não tenham alcançado a notoriedade. 
 
Art. 20 Salvo se autorizadas, ou se necessárias á administração da justiça ou á manutenção da ordem 
publica, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou utilização da 
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que 
couber, se lhe atingirem a honra , a boa fama ou a responsabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo Único – Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção 
o cônjuge , os ascendentes ou descendentes. 
 
 
Doutrina 
• Tutela do direito à imagem e dos direitos a ela conexos : A imagem-retrato é a representação física da 
pessoa como um todo ou em partes separadas do corpo, desde que identificáveis, implicando o 
reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura , desenho, pintura. Intepretação dramática , 
cinematrografica, televisão, sites etc., que requer autorização do retratado ( CF de 1988, art. 5o , X ) . E a 
imagem-atributo é o conjunto de caracteres ou qualidades cultivadas pela pessoa reconhecidos socialmente 
( CF de 1988, art 5o , V ) Abrange o direito : á própria imagem ou a difusão da imagem, a imagem das 
coisas próprias e á imagem em coisas, palavras ou escritos ou em publicações; de obter imagem ou de 
consentir em sua captação por qualquer meio tecnológico. O direito à imagem é autônomo, não precisando 
estar em conjunto com a intimidade, a identidade, a honra etc. Embora possam estar, em certos casos, tais 
bens a ele conexos, isso não faz com que sejam partes integrantes um do outro. 
• Direito de interpretação, direito à imagem e direito auto ral: O direito de interpretação, ou seja, o do ator 
numa representação de certo personagem, pode estar conexo como direito à voz, à imagem e com o direito 
autoral. O autor de obra intelectual pode divulgá-la por apresentação pública, quando a obra é representada 
dramaticamente, executada, exibida, projetada em fita cinematográfica, transmitida por radiodifusão etc., e 
é neste terreno que se situa o contrato de representação e execução, de conteúdo complexo por se referir 
não só ao desempenho pessoal, mas também à atuação por meios mecânicos e eletrônicos dos diferentes 
gêneros de produção intelectual, suscetíveis de comunicação audiovisual e regulados pelos arts. 29, VIII, a 
e b, 46, VI, e 68 a 76 da Lei n. 9.610/98. Na representação pública há imagens transmitidas para difundir 
obra literária, musical ou artística que deverão ser tuteladas juridicamente, juntamente com os direitos do 
autor. Os direitos dos artistas, intérpretes e executantes são conexos aos dos escritores, pintores, 
compositores, escultores etc. (Lei n. 9.610/98, art. 89). Logo, podem eles impedir a utilização indevida de 
suas interpretações, bem como de sua imagem. 
• Proteção da imagem como direito autoral: A imagem é protegida pelo art. 52, XXVIII, a, da CF, como 
direito autoral, desde que ligada à criação intelectual de obra fotográfica, cinematográfica, publicitária etc. 
• Limitações ao direito à imagem: Todavia, há certas limitações do direito à imagem, com dispensa da 
anuência para sua divulgação, quando: a) se tratar de pessoa notória, pois isso não constitui permissão 
para devassar sua privacidade, pois sua vida íntima deve ser preservada. A pessoa que se toma de interesse 
público, pela fama ou significação intelectual, moral, artística ou política não poderá alegar ofensa ao seu 
direito à imagem se sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e apolítica . Isto é 
assim porque a difusão de sua imagem sem seu consenso deve estar relacionadacom sua atividade ou com 
o direito à informação; b) se referir a exercício de cargo público, pois quem tiver função pública 
de destaque não poderá impedir que no exercício de sua atividade, seja filmada ou fotografada, salvo na 
intimidade; e) se procurar atender à administração ou serviço da justiça ou de polícia, desde que a pessoa 
não sofra dano à sua privacidade; á) se tiver de garantir a segurança pública nacional, em que prevalecer 
o interesse social sobre o particular, requerendo a divulgação da imagem, p. ex., de um procurado pela 
policia ou a manipulação de arquivos fotográficos de departamentos policiais para identificação de 
delinqüente. Urge não olvidar que o civilmente identificado não possa ser submetido a identificação 
criminal, salva nos casos autorizados legalmente (CF, art. 52, LVIfl); e) se buscar atender ao interesse 
público, aos fins culturais, científicos e didáticos; f) se houver necessidade de resguardar a saúde pública. 
Assim, portador de moléstia grave e contagiosa não pode evitar que se noticie o fato; g) se obtiver imagem, 
em que a figura seja tão-somente parte do cenário (congresso, enchente, praia, tumulto, show, desfile, festa 
carnavalesca, restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se pretende divulgar o acontecimento e não a 
pessoa que integra a cena; h) se tratar de identificação compulsória ou imprescindível a algum ato de 
direito público ou privado. 
• Reparação do dano à imagem: O lesado pode pleitear a reparação pelo dano moral e patrimonial (Súmula 
37 do STJ) provocado por violação à sua imagem-retrato ou imagem-atributo e pela divulgação não 
autorizada de escritos ou de declarações feitas. Se a vítima vier a falecer ou for declarada ausente, serão 
partes legítimas para requerer a tutela ao direito à imagem, na qualidade de lesados indiretos, seu cônjuge, 
ascendentes ou descendentes e também, no nosso entender, o convivente, visto ter interesse próprio, 
vinculado a dano patrimonial ou moral causado a bem jurídico alheio. Este parágrafo único do art. 20 seria 
supérfluo ante o disposto no art. 12, parágrafo único. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelas razões acima expostas sugerimos ao Deputado Ricardo Fiuza a retirada do 
parágrafo único. 
 
 
Bibliografia 
• Luiz Alberto David Araújo, A proteção constitucional da própria imagem, Belo Horizonte, Dei Rey, 1996; 
Carlàs Alberto Bittar, Os direitos da personalidade. cit. (p. 87 e s.); Hermano Durvai, Direito à imagem, 
São Paulo, Saraiva, 1988; Ravanas, La protection dar personnes contre la réalisation et la publication de 
leur image. Paris, LODJ. 1978; 
 
 
 
 
 
 
 
Art 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará 
as providencias necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrario a esta norma. 
 
 
Histórico 
• Esse dispositivo não constava do texto original do anteprojeto, tendo sido acrescentado pela Câmara dos 
Deputados, durante a 1a fase, por emenda substitutiva do Deputado Ernani Sátyro. então relator-geral. O 
Senado Federal não procedeu a qualquer alteração no dispositivo. Retomando o projeto à Câmara, 
procedeu-Se apenas uma alteração para substituir “pessoa física” por “pessoa natural” (vide Histórico ao 
art. 6o ). 
 
 
Doutrina 
• Inviolabilidade da vida privada: O direito à privacidade da pessoa contém interesses jurídicos, por isso 
seu titular pode impedir ou fazer cessar invasão em sua esfera íntima, usando para sua defesa: mandado de 
injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, cautelares inominadas e ação de 
responsabilidade civil por dano moral e patrimonial. 
 
 
Bibliografia 
• René Anel Dotti, Proteção da vida privada e liberdade de informaçtio, São Paulo, Revista dos Tribunais, 
1980; Pierre Kayser, La protectiofl de la vie privée, Paris, Dalloz, 1974; Gilberto Haddad Sabor, Liberdade 
de pensamento e direito à vida privada, São Paulo. Revista dos Tribunais, 2000. 
 
 
CAPÍTULO III 
DA AUSÊNCIA 
 
Seção 1 
Da curadoria dos bens do ausente 
 
 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicilio sem dela haver noticia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer inte-
ressado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
 
 
 
Doutrina 
• Curatela do ausente: Verificado o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, sem dar 
qualquer notícia de seu paradeiro e sem deixar procurador, ou representante, para administrar seus bens, o 
juiz. a requerimento de qualquer interessado, seja ou não parente, bastando que tenha interesse pecuniário~ 
ou do Ministério Público, nomeará um curador para administrar seu patrimônio~ resguardando-O. Não 
havendo bens, não se terá nomeação de curador. Em caso de ausência, a curadoria é dos bens do ausente e 
não da pessoa do ausente. Há quem ache, acertadamente, não se tratar de ausência o desaparecimento de 
alguém num acidente aéreo, rodoviário, ferroviário etc. em que, pelos indícios, a sua morte parece óbvia, 
apesar de não ter sido encontrado seu cadáver já que não há incerteza de seu paradeiro. 
 
Bibliografia 
• W. Barros Monteiro, Curso, cii., v. 2 (p. 334); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 505); Levenhagefl, 
Código Civil, cit., v. 2 (p. 310); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 543-4); Coviello, Manuale. ctt., § 
56, Estevam de Almeida, in Paulo de Lacerda, Manual. cit., v. 6 (p. 542); José de Farias Tavares, O Código 
Civil e a ruiva Constituição. cit. (p. 69-70); Digesto, 10, 23, 2; Hugo Nigro Mazzilli, Curadoria de 
ausentes e incapazes. São Paulo, 1988; Roberto Senise Lisboa, Manual, cit. v. 5(p. 139-46); Sebastiáo José 
Roque. Direito de família, cit. (p. 207-14). 
 
 
 
 
 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador quando o ausente deixar mandatário 
que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo praticamente não sofreu qualquer alteração relevante ou de mérito seja por parte do 
Senado Federal seja por parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Curadoria dos bens do ausente com procurador: A nomeação de curador a bens de um ausente dar-se-á 
mesmo que ele tenha deixado procurador que se recuse a administrar seu patrimônio ou que não possa 
exercer ou continuar o mandato, seja por ter ocorrido o término da representação a termo, seja por sua 
renúncia, não aceitando a fortiori o mandato, seja por sua morte ou incapacidade. O mesmo se diga se os 
poderes outorgados ao procurador forem insuficientes para a gestão dos bens do ausente. 
Com isso, o ausente ficará sem representante que venha a gerir seu patrimônio, urgindo, pois, que se 
nomeie curador 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 5 (p. 314); Silvio Rodrigues. Direito civil, cit., v. 6 (p. 417); 
Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 545). 
 
 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, 
observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos 
Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Fixação judicial dos poderes e deveres do curador dos bens do ausente: O curador dos bens do ausente, 
uma vez nomeado, terá seus deveres e poderes estabelecidos pelo juiz. de conformidade com as 
circunstancias do caso. Logo, o magistrado, conforme o caso, no ato da nomeação determinará 
pormenorizadamente as providências a serem tomadas e as atividades a serem realizadas, observando os 
dispositivos legais, sempre no que foremaplicáveis, reguladores da situação similar dos tutores e 
curadores, para que a atuação do curador dos bens do ausente seja realmente eficiente e responsável. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310-1); Paulo de 
Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 545-6); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao art. 465, v. 
2. 
 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de 
dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, 
nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
 
Histórico 
• O texto original do projeto dispunha: “O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado 
judicialmente, ou de fato há mais de cinco anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo 
curador”. Emenda apresentada perante o Senado da República deu ao dispositivo a redação atual, 
compatibilizando-o com a Constituição Federal de 1988, que, em seu art. 226, § 6o , diminuiu de 5 (cinco) 
para 2 (dois) anos o período de comprovada separação de fato para efeito de divórcio. 
 
 
Doutrina 
 
•Cônjuge do ausente como curador legítimo: A curadoria dos bens do ausente deverá ser deferida, se 
casado for, não estando separado judicialmente, ao seu cônjuge, para que seu patrimônio não se perca ou 
deteriore, assumindo sua administração. Ante o interesse na conservação dos bens do ausente, qualquer que 
seja o regime matrimonial de bens, seu curador legítimo será seu cônjuge. 
 
• Nomeação de curador dos bens do ausente na falta do cônjuge: Se o ausente que deixou bens não tiver 
consorte, nomear-se-á o pai ou a mãe do desaparecido como curador, e, na falta destes, os descendentes, 
desde que tenham idoneidade para exercer o cargo. 
• Ordem de nomeação entre os descendentes: Na curadoria dos bens do ausente cabível a descendente 
seguir-se-á o princípio de que os mais próximos excluem os mais remotos. 
• Escolha de curador dos bens de ausente pelo órgão judicante: Na falta de cônjuge, ascendente ou 
descendente do ausente competirá ao juiz a escolha do curador, desde que idôneo a exercer o cargo. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 365-6); Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, cit., 
obs. ao art. 467, v. 4; Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., obs. ao art. 467, v. 2. 
 
 
 Seção II 
 
 Da sucessão provisória 
 
 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou 
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra 
provisoriamente a sucessão. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Duração da curatela dos bens do ausente: A curadoria dos bens do ausente perdura por um ano, durante o 
qual o juiz ordenará a publicação de editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer 
para retornar seus haveres (CPC, art 1.161). 
• Abertura da sucessão provisória: Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente sem que se saiba do 
seu paradeiro, ou, se ele deixou algum representante, em se passando três anos, poderão os interessados 
requerer que se abra, provisoriamente, a sucessão, cessando a curatela (CPC, art. 1.162,III). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 314); Clóvis Beviláqua, 
Código Civil comentado, cii., obs. ao art. 469, v. 2; Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, 
cii., obs. ao art. 469, v. 4. 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se çonsideram interessados: 
1— o cônjuge não separado judicialmente; 
II— os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III— os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV — os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
 
 
Histórico 
•A redação original do caput, tal como fora concebida no anteprojeto, era a seguinte: “Somente se 
consideram, para esse efeito, interessados: (...)“. Posteriormente, mediante emenda da lavra do Senador 
Josaphat Marinho, o dispositivo ganhou a redação atual. Segundo o Deputado Ricardo Fiuza, “a finalidade 
da alteração promovida pelo Senado Federal, ao fazer referência ao artigo anterior, cujo objeto é 
mencionado de imediato, obedeceu à melhor técnica legislativa. Sendo distintos, embora muitas vezes 
vinculados, os artigos, reportar-se um ao outro diretamente é sempre melhor, e de maior clareza, do que 
aludir a seu conteúdo, ou a parte dele. O resultado consistiu numa redação mais clara e de melhor técnica 
legislativa”. Também no inciso II havia a exigência de que o testamento fosse público e que foi abolida 
ainda pela Câmara dos Deputados no período inicial de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Legitimidade para promover a sucessão provisória: A sucessão provisória poderá ser requerida por 
qualquer interessado: a) cônjuge não separado judicialmente; b) herdeiros presumidos legítimos e 
testamentários; e) pessoas que tiverem sobre os bens do ausente direito subordinado à condição de morte, 
ou seja, se houver fideicomisso; d) credores de obrigações vencidas e não pagas (CPC, art. 1.163, § l~). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cii., v. 2 (p. 3 14-5); Clóvis 
Beviláqua, Código Civil comentado, cii., obs. 
ao art. 470, v. 2. 
 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e 
oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura 
do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
§ lo Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, 
cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. 
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de 
passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens 
do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
 
Histórico 
. O § lo , tal como foi aprovado pela Câmara dos Deputados, tinha o seguinte enunciado: “Findo o prazo do 
art. 26, e não havendo absolutamente interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público 
requerê-la ao juízo competente”. Mediante emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, relator-geral do 
projeto no Senado Federal, foi suprimido o advérbio “absolutamente”, ganhando o dispositivo a redação 
atual. Nas justificativas apresentadas perante o Senado Federal registrou se que “tal supressão decorre da 
desnecessidade do uso de tal advérbio, vez que, considerando-se o § lo do art. 28 isoladamente, ou em 
conexão com o art. 26, não há qualquer alteração quanto à situação da inexistencia de interessados na 
sucessão provisória”. 
 
 
Doutrina 
 
• Abertura da sucessão provisória pelo Ministério Público: Se, findo o prazo legal de um ano, não houver 
interessado na sucessão provisória, ou se entre os herdeiros houver interdito ou menor, competirá ao 
Ministério Público requerer a abertura da sucessão provisória (CPC, art. 1.163, § 2~). 
• Efeitos da sentença declaratória da abertura da sucessão provisória: A sentença que determinar a abertura 
da sucessão provisória produzirá

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