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Trabalho de Legislação Especial

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A PRINCIPAL FINALIDADE DA CRIAÇÃO DA LEI N.º 9.099/95 – JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – JECRIM
Finalidade
Os Juizados Especiais Criminais foram criados com a finalidade de tentar resolver a questão da demora na prestação jurisdicional, uma vez que os grandes números de demanda aliados à aplicação de regras processuais prolongam o processo.
Assim dispõem o os artigos 1º e 2º da Lei 9.099/95:
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
Ao analisar a jurisdição de conflito e a jurisdição de consenso proposta pela Lei 9.099/95, discorre Fernando Capez: 
A tradicional jurisdição de conflito, que obriga ao processo contencioso entre acusação e defesa, e torna esta última obrigatória, cede espaço para a jurisdição de consenso, na qual se estimula o acordo entre os litigantes, a reparação amigável do dano e se procura evitar a instauração do processo. Esse novo espaço de consenso, substitutivo do espaço de conflito, não fere a Constituição, pois ela mesma o autoriza para as infrações de menor potencial ofensivo. Não há falar, assim, em violação ao devido processo legal e à ampla defesa, os quais são substituídos pela busca incessante da conciliação. (CAPEZ, 2012, p.602)
Introduziu-se o procedimento sumaríssimo no âmbito processual, aplicável às infrações definidas como de menor potencial ofensivo. Nos casos de crimes, fixou-se a competência dos Juizados a partir da natureza da infração penal e da inexistência de circunstância especial que leve a causa para o juízo comum. Na parte criminal a Lei criou um novo modelo de justiça e instituiu a transação penal, a suspensão condicional do processo e a composição civil do dano.
Recorrendo aos ensinamentos de Fernando Capez sobre a nova jurisdição trazida pela Lei 9.9099/95:
Surge, assim, um novo tipo de jurisdição, que coloca a transação e o entendimento como metas e a vítima como prioridade. No lugar de princípios tradicionais do processo, como obrigatoriedade, indisponibilidade e inderrogabilidade (do processo e da pena), assume relevância uma nova visão, que coloca a oportunidade, a disponibilidade, a discricionariedade e o consenso acima da ultrapassada jurisdição conflitiva. Até então, só havia o chamado espaço de conflito, isto é, o processo com enfrentamento obrigatório entre Ministério Público e acusado, sem nenhuma disponibilidade ou possibilidade de acordo; mas, com a nova regulamentação, nasceu a jurisdição consensual. (CAPEZ, 2012, p.602)
O critério informativo dos Juizados Especiais Criminais busca a reparação dos danos à vítima, a conciliação civil e penal e a não aplicação da pena privativa de liberdade.
A partir da síntese criada pelo Professor Fernando Capez, apresentamos, a seguir, os princípios basilares da lei 9.099/95:
Oralidade: Significa dizer que os atos processuais serão praticados oralmente. Os essenciais serão reduzidos a termo ou transcritos por quaisquer meios. Os demais atos processuais praticados serão gravados, se necessário;
Informalidade: Isso significa dizer que os atos processuais a serem praticados não serão cercados de rigor formal, de tal sorte que, atingida a finalidade do ato, não há cogitar da ocorrência de qualquer nulidade. Exemplo: o art. 81, § 3º, da Lei dispensa o relatório da sentença;
Economia processual: Corolário da informalidade, significa dizer que os atos processuais devem ser praticados no maior número possível, no menor espaço de tempo e da maneira menos onerosa;
Celeridade: visa à rapidez na execução dos atos processuais, quebrando as regras formais observáveis nos procedimentos regulados segundo a sistemática do Código de Processo Penal;
Finalidade e prejuízo: Para que os atos processuais sejam invalidados, necessária se faz a prova do prejuízo. Isso significa dizer que não vigora no âmbito dos Juizados Criminais o sistema de nulidades absolutas do Código de Processo Penal, segundo o qual nessas circunstâncias o prejuízo é presumido. Atingida a finalidade a que se destinava o ato, bem como não demonstrada qualquer espécie de prejuízo, não há falar em nulidade.
Assim, podemos concluir que os Juizados Especiais Criminais são precipuamente conciliadores, uma vez que diminuem o tempo de duração do litígio e simplificam a solução dos conflitos através da aproximação das partes, reduzindo o número de processos no Poder Judiciário e consequentemente aumentando sua agilidade.
BENEFÍCIOS DA LEI DE N.º 9.099/95
A nossa constituição já previa a criação dos juizados conforme veremos;
Art. 98, I, da CF/88: a União, no DF e nos Territórios, e os Estados criarão Juizados Especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Segundo Fernando CAPEZ;
Com relação aos crimes, a competência dos Juizados será fixada de acordo com dois critérios: Natureza da infração penal (menor potencial ofensivo) e a inexistência de circunstância especial que desloque à causa para o juízo comum, como, por exemplo, a impossibilidade de citação pessoal do autuado e a complexidade da causa. Em sua parte criminal, institui um novo modelo de justiça e criou os institutos, como a composição civil do dano, a transação penal e a suspensão condicional do processo. Surge, assim, um novo tipo de jurisdição, que coloca a transação e o entendimento como metas e a vítima como prioridade. No lugar de princípios tradicionais do processo, como obrigatoriedade, indisponibilidade e inderrogabilidade (do processo e da pena), assume relevância uma nova visão, que coloca a oportunidade, a disponibilidade, a discricionariedade e o consenso acima da ultrapassada jurisdição conflitiva. Até então, só havia o chamado espaço de conflito, isto é, o processo com enfrentamento obrigatório entre Ministério Público e acusado, sem nenhuma disponibilidade ou possibilidade de acordo; mas, com a nova regulamentação, nasceu a jurisdição consensual. (FERNANDO Capez. Ano 2012, vol. IV. Pág. 601,602)
E de notório conhecimento que o judiciário brasileiro estava com um acumulo enorme de processos, pois todas as ações eram julgadas ao judiciário que em suas instancias já não comportava uma enormidade de processos a que a cada dia eram protocolados, causavam um verdadeiro congestionamento de processos, o legislador vislumbrou a possibilidade de analisar o problema jurídico que freava ainda mais o lento processo brasileiro, então resolveram criar os juizados cíveis e criminais e federais, que tinham como escopo desafogar o judiciário pois todas as contravenções e os crimes com penas inferiores a dois anos independentemente de ter multa, seriam julgados pelos tribunais dando uma maior celeridade no processo, pois os princípios dos juizados seriam julgados conforme disposto a seguir.
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que possível, a conciliação ou transação.(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm)
E a chamada justiça consensual ou justiça de acordo, para evitar uma condenação, pois o autor se submeter a determinados acordos judiciais, com essa medida o autor não perde sua primariedade.
Agora que de modo suscito, conhecemos um pouco a respeito dos juizados responderemos as questões a seguir.
Primeiro Benefício: Fase Preliminar – Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO).
O individuo ao ser conduzido ate a presença da autoridade policial, por ter cometido contravenção penal ou crime com pena não superior a dois anos, será submetido ao primeiro instituto dos juizados criminais, esse instituto visa evitar a prisão de acordo com a lei 9099/95. pois nos juizados não existe inquérito policial devido ao principio da intervenção mínima, a lei o substituiu pelo Termo circunstanciado que funciona como se fosse o inquérito policial contudo fica reunido um um ato somente, ao autor e oferecido à possibilidade de concordar em comparecer a uma audiência que será marcada posteriormente perante o juiz com data e hora marcada sendo liberado após assinatura do acordo judicial, contudo caso o autor discorde, será feito a sua prisão em flagrante. Sendo posto em liberdade provisória após pagamento da fiança estipulada pela autoridade policial.
Segundo Benefício: Audiência Preliminar - Composição Civil dos danos
Superada a lavratura do TCO, o autor da infração de menor potencial ofensivo e a vítima, imediatamente serão encaminhados ao Juizado especial criminal, para iniciar o segundo instituto dos Juizados a composição civil dos danos, ou aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
Será composta a audiência preliminar de composição civil, pelo juiz , promotor, autor e a vitima. A vitima será intimada, por se tratar de ação penal privada ou condicionada à representação do ofendido, para que em possível seja feito um acordo ou composição civil, entre as partes, sendo acordado entre as partes estará extinta a punibilidade pelo instituto de composição civil, o juiz conduzira o acordo apenas como intermediados não podendo impor, pois se trata de acordo entre as partes. Obtida a composição de danos civis, o acordo será reduzido a escrito e homologado pelo juiz mediante sentença irrecorrível que terá eficácia de titulo executivo judicial, que poderá ser executado no juizado cível competente.
Conforme nos orienta a lei 9099/95segue;
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm)
Contudo caso não haja acordo nasce para a vitima o direito de representação. ou seja um pedido ao mesmo tempo uma autorização da vitima para processar o autor. 
E importante salientar que, por ser uma justiça de acordo , caso não seja possível à imediata realização da audiência preliminar, será designada outra audiência em data pretérita, as quais estarão cientes as partes envolvidas autor e réu ou vitima.
 De acordo com a lei 9099/95;
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível à realização imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm)
Terceiro Benefício: Transação Penal
O segundo instituto da lei 9099/95 conhecido como Transação penal, 
com fulcro no artigo 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. §1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente à adoção da medida. 
§3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. 
§4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
§5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá à apelação referida no art. 82 desta Lei. 
§6º A imposição da sanção de que trata o 
§4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.( http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm)
 A transação penal consiste num acordo celebrado entre o MP ou querelante, nos crimes de ação privada ao autor do fato delituoso, por meio da qual é proposta a aplicação imediata de pena restritiva de direitos evitando assim a instauração do processo judicial, caso o autor do fato aceite estará extinto a punibilidade. 
Vem do direito italiano “Nollo contendere” que significa; Eu pago para não brigar. (http://legal-dictionary.thefreedictionary.com/Nolo+contendre)
E de obrigatoriedade a presença de advogado para assinatura e homologação da transação penal, sob pena de nulidade a não presença do advogado, contudo caso haja divergência de opiniões entre ambos os advogado e autor sobre a aceitação da transação penal prevalecera à palavra do autor.
Na hipótese de que o juiz peça ao promotor que ofereça a transação penal, contudo o promotor decida por não oferecer a transação penal, o juiz então remetera os autos para o procurador geral de justiça para que ele decida.
Contudo caso o promotor ofereça a transação e o autor não aceite, o promotor fara denuncia oral ou oferece denuncia por escrito. 
Será marcada outra audiência de instrução, debates e julgamento, essa audiência começa com a defesa oferecendo uma resposta, a defesa tentara impedir que o juiz receba a denuncia, alegando as hipóteses de justa causam porque ate então o juiz não ainda não recebeu a denuncia, contudo, caso o juiz receba a denuncia, caberá à suspensão condicional do processo.
Quarto Benefício: Suspensão Condicional do Processo.
Em tese o promotor oferece um acordo ao autor o processo ficando o processo suspenso de dois a quatro anos, o autor compromissa se a comparecer ate o juizado para assina uma carteira, logo após o período fica extinta a punibilidade.
A lei de certo modo quer evitar a todo custo de qualquer modo à condenação ao autor, pois qualquer um brasileiro pode cometer um crime de menor potencial.
Contudo caso o autor não tiver direito a suspensão condicional do processo ou não aceita-la, na mesma audiência terá a instrução, sendo ouvidas as testemunha de acusação, de testemunha de defesa, interrogatório fina, debates e sentença, que poderá ser objeto de apelação que será levado à turma recursal composta por juízes que analisaram os recursos das sentenças proferidas pelos juizados especiais. 
Conforme veremos a seguir, o rol taxativo do art.89 da lei 9099/95.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal ).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados
lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm)
Segundo Fernando Capez;
Trata-se de instituto despenalizador, constante do art. 89
da Lei n. 9.099/95, criado como alternativa à pena privativa de liberdade,
pelo qual se permite a suspensão do processo, por determinado período e
mediante certas condições.
CASO EXEMPLIFICATIVO ACERCA DA CONCESSÃO DO INSTITUTO DA TRANSAÇÃO PENAL
Em 27 de março de 2017, por volta das 21 horas, durante festejos carnavalescos a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais foi acionada a comparecer à Avenida Queiroz Júnior, região central da cidade de Belo Horizonte/MG, onde segundo informações repassadas ao telefone de emergências policiais 190, estaria ocorrendo uma briga entre dois foliões. No local os militares depararam com dois indivíduos discutindo e empurrando-se mutuamente, sendo imediatamente contidos pelos milicianos.
Ao serem indagados sobre os fatos, o Sr Brigão da Silva, identificando-se como cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, alegou que participava da festa popular em companhia de sua esposa, momento em que a outra parte, tratando-se do Sr Atirado de Souza, importunou sua companheira com palavras indecorosas, tendo portando iniciado uma discussão entre os mesmos. Em conversa com o Senhor Atirado de Souza, este confirmou os dizeres do Senhor Brigão da Silva, tendo acrescentado que somente teria dirigido à palavra à mulher do Senhor Brigão da Silva, acreditando estar à mesma desacompanhada. 
Que diante do engano cometido tentou se desculpar, contudo a situação teria evoluído para as vias de fato devido ao inconformismo do Sr Brigão da Silva, em contornar o equívoco causado pelo Sr. Atirado de Souza. Em face da identificação do Senhor Brigão da Silva como cabo da Polícia Militar houve a necessidade de realizar o acionamento de superior hierárquico no local, uma vez que a guarnição era composta de um militar de menor posto e outro mais moderno.
Fez-se presente no loca o Sub Tem PM Senhor Descendo a Ladeira o qual, após colher todas as informações prestadas pelas partes determinou que as mesmas fossem conduzidas para a delegacia, a fim de ser confeccionado o respectivo registro dos fatos. Em razão da inexistência de um crime militar foi dado voz de prisão ao Senhor Brigão da Silva pela prática da contravenção prevista no Art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688. Já ao Senhor Atirado de Souza foi voz de prisão pela prática da contravenção retro mencionada, bem como aquela prevista no Art. 61 do mesmo diploma legal, a qual prescreve: “Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor”.
Após confeccionado o Registro de Defesa Social as partes foram apresentadas a autoridade policial judiciária competente, tendo o Sr. delegado de plantão não ratificado a prisão em flagrante, entendendo tratar-se de crime de menor potencial ofensivo cominado com a pena máxima não superior a 02 (dois) anos, lavrando-se o respectivo Termo Circunstanciado de Ocorrência, sendo as partes liberadas após assinarem a notificação de comparecimento posterior. Transcorridos exatos 35 (trinta e cinco) dias dos fatos o Cabo PM Brigão da Silva, na pessoa de seu comandante, Sr. Cap. PM Comandante da 350ª Cia PM, foi citado a comparecer a sede do Juizado Especial Criminal da comarca de Belo Horizonte para audiência judicial acerca dos fatos anteriormente narrados, oportunidade em que deverá estar acompanhado de defensor constituído.
Encontrando-se o Senhor Brigão da Silva na sede do Juizado Especial Criminal na data e horário marcados, teve seu nome apregoado pelo oficial de justiça, tendo adentrado a sala de audiência. Ao ser indagado sobre defensor constituído o Senhor Brigão da Silva disse não possuir recursos necessários para quitar os honorários advocatícios, motivo pelo qual foi nomeado defensor dativo para o ato. Iniciada a audiência e após avalias aos antecedentes criminais do Senhor Brigão da Silva, o juiz propôs o benefício da transação penal, no valor de um salário mínimo destinado a instituição de caridade a ser indicada ou jornada de serviço comunitário pelo período de três meses em estabelecimento filantrópico no valor de três horas semanais. Em face da ignorância sobre o benefício ofertado, o Senhor Brigão da Silva solicitou conversar em particular com o advogado nomeado para o ato, tendo o profissional lhe prestado as seguintes informações: “o instituto da transação penal” é um benefício concedido a um suposto autor de contravenção criminal ou crime de menor potencial ofensivo, previsto na Lei 9.099, antes da denúncia ou queixa, a qual lhe impõe sanção de menor gravidade que a pena em concreto de um processo judicial.
Dessa forma suspende o processo que tramitaria, caso haja o cumprimento fiel da imposição decretada, sendo ainda que o benefício apenas pode ser concedido uma vez a cada 05 (cinco) anos. “Não se trata de confissão, mas desburocratiza o processo penal, fazendo ainda que seu beneficiário se contenha a não cometer novos atos ilícitos no período de carência da concessão”.
Após ser devidamente instruído acerca do benefício da transação penal, o Senhor Brigão da Silva retornou a sala de audiência onde manifestou o interesse de transacionar, acordando pagar a quantia requerida à instituição de caridade, assinando o respectivo termo, findando-se a audiência.
Foi então emitido o respectivo documento de arrecadação com o qual o Senhor Brigão da Silva realizou a quitação, tendo apresentado o comprovante junto à secretaria do Juizado Especial Criminal, que foi instruído aos autos como prova de quitação da obrigação.
CITE 05 CONTAVENÇOES PENAIS E 05 CRIMES QUE PODEM SER BENEFICIADOS PELO JECRIM, (JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL)
Das Contravenções: Lei n°. 3688/1941
A) Vias de fato
Art.21. Praticar vias de fato contra alguém:
Pena-prisão simples. de quinze dias a três meses, ou multa se o fato não constitui crime.
Benefícios:	
Art 74 da lei 9099/95 Reparação de dano, como forma de extinção da punibilidade;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação.
Obs: o autor do fato poderá ser beneficiado por não ter que ser submetido a uma pena prolongada. A vitima poderá expor sua indignação para obter o ressarcimento ou a compensação que lhe interessar.
B) Omissão de cautela ou na guarda ou condução de animais
Art.31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso: 
Pena-prisão simples, de dez dias a dois meses ou multa.
Benefícios: 
Art 74 da lei 9099/95 Reparação de dano, como forma de extinção da punibilidade;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação.
OBS: Se um cachorro perigoso fugir de uma residência o dono será responsabilizado pelos danos que o animal vier a cometer. Já na audiência, o dono do animal poderá ressarcir os danos causado a vitima, extinguindo assim o processo.
C) Perturbação do trabalho ou sossego alheio
Art.42. Perturbar alguém, O trabalho ou o sossego alheio:
Pena-prisão simples, de quinze dias a três meses ou multa.
Benefícios: 
Art 74 da lei 9099/95 Reparação de dano, como forma de extinção da punibilidade;
Art 76 da lei9099/95 Transação penal;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação. 
 Obs: Se o autor do delito vai ao serviço da vitima é necessário ter uma pluralidade de pessoas que sofram a perturbação. Atrapalhando o serviço coletivo do ambiente.
D) Importunação ofensiva ao pudor
Art.61. Importunar alguém, em lugar publico ou acessível ao publico de modo ofensivo ao pudor:
Pena- multa 
Obs: Pudor e um sentimento de vergonha, desenvolvido em conceitos culturais e religioso que impedem que certas partes do corpo sejam exibidas ou atos praticados que ferem o caráter de alguém.
Beneficio:
Art.89 §5° Expirado o prazo sem revogação, O juiz declarará extinta a punibilidade.
Obs: a vitima tem o prazo de 6 meses, da data do fato, para procurar o juiz pra narrar os fatos e manifestar a vontade de que o autor(a) do fato seja punido. Passado este prazo de 6 meses e a vitima não prestar a queixa o autor se beneficia com o art.89 §5°da lei 9099/95.
E) Jogo de azar
Art.50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar publico ou acessível ao publico, mediante o pagamento de entrada ou sem ele:
Pena-prisão simples, de três meses a um ano, e multa, estendendo os efeitos da con- denação á perda dos imóveis e objetos de decoração do local.
Benefícios:
Art 76 da lei9099/95 Transação penal;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação.
Obs: no jogo de azar o autor do delito pode ser beneficiado com a transação penal: Prestação de serviço ou doação de cestas básicas, conforme acordo judicial.
4.2. Dos Crimes: Lei n°. 2848/1940
A) Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena-detenção de três meses a uma ano. 
Ação publica condicionada.
 Benefícios:
Art 74 da lei 9099/95 Reparação de dano, como forma de extinção da punibilidade;
Art 76 da lei9099/95 Transação penal;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação.
Obs: Crimes de menor potencial ofensivo em relação aos demais delito se referem a flagrante. Em regra obriga o infrator a comparecer a uma audiência preliminar no juizado especial criminal. Considera crime de menor potencial ofensivo àqueles que não foram apenados com pena privativa de liberdade superior a 1 ano, desde que não tenha procedimentos especiais legalmente previstos.
B) Perigo para a vida ou saúde de outrem:
Art.132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena-detenção de três meses a um ano, se o fato não constituir crime mais grave. 
Ação publica condicionada 
Benefícios:
Art 89 da lei 9099/95 §1° Aceita o proposta pelo acusado e defensor, na presença do juiz, este poderá suspender o processo:
I-Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II-Proibido de frequentar determinados locais;
III- Proibição de ausentar-se da comarca que reside, sem autorização do juiz.
Art 76 da lei9099/95 Transação penal.
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação. 
Ex: O autor que passa uma doença sexual (gonorreia), a, pois audiência entre as parte se ficar acordado que o autor pague o tratamento da vitima. O autor será beneficiado com o Art89 da lei 9099/95 §1° I - Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
C) Furto de coisa comum
Art.156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum. 
Pena-detenção de seis meses a dois ano ou multa 
Benefícios: 
Art 74 da lei 9099/95 Reparação de dano, como forma de extinção da punibilidade;
Art 76 da lei9099/95 Transação penal;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação. 
Obs: Em algum casos o juiz aplica o Art.89. da lei n°9099/95 § 5° Expirado o prazo sem revogação, O juiz declarara extinta a punibilidade. Quando se verifica que o acusado cumpriu as condições com lhe foram impostas, não dando causa a revogação do beneficio.
D) Difamação
Art.139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação 
Pena- detenção, de três meses a um ano, e multa. 
BENEFICIOS: 
Art 74 da lei 9099/95 Reparação de dano, como forma de extinção da punibilidade;
Art 76 da lei9099/95 Transação penal;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação.
Obs: São crimes que atentam contra a honra subjetiva ou honra objetiva, onde há prejuízo a dignidade da pessoa. Se reparado o dano na presença do juiz tocado o autor do delito pode ser beneficiado com os artigos 74 (reparação de dano), 76( transação penal) e 88 ação publica de pendente de representação) Da lei 9099/95.
E) Desobediência
Art.330. desobedecer a ordem legal de funcionário publico
Pena-detenção, de seis meses a dois anos ou multa.
BENEFICIOS:
Art 76 da lei9099/95 Transação penal;
Art 88 da lei9099/95 ação publica dependente de representação. 
Obs: Crime praticado por quem não acata ordem legal emanada por autoridade ou funcionário competente. Comete crime de desobediência aquele que deixa de para o veiculo quando não acata uma ordem legal para fins de fiscalização tributaria , de transito ou policial.
EMBASAMENTOS LEGAIS DA LEI 9.099/95
Durante uma audiência preliminar, o representante do MP não propôs ao infrator a oportunidade da transação penal, alegando que este havia sido condenado pela prática de contravenção penal à pena de 06 (seis) meses de prisão simples, há apenas 04 (quatro) anos, sendo, portanto, reincidente. Analise a decisão do Promotor, citando os embasamentos legais da lei 9.099/95.
Antes de esgotarmos o assunto e necessário entender e analisar sobre a competência do ministério publica, pois segundo a constituição federal 1988 de acordo com o artigo. 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm)
É uma incumbência constitucional, como vimos cabe ao ministério publico a fiscalização da lei sendo parte ou “custo legis, ou seja e o fiscal da lei, cabendo legitimidade de propor qualquer tipo de transação penal. 
Em conformidade esclarece a lei 9099/95,
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente à adoção da medida.( http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm).
 A lei 9099/95, esclarece que a reincidência esta estabelecida quando houver crime, contudo o caso analisado esta referindo uma contravenção penal a menos de quatro anos, portanto não e fato impeditivo de transação penal.
Nesse caso especifico o promotor teve um entendimento errado da lei, nesse caso especifico o juiz discordando da decisão devera em analogia ao art.28 do Código de Processo Penal, devera remeter o processo ao processo ao procurador de justiça que designara outro promotor para formular a propositura ou alterar o conteúdo daquela que tiver sido formulada ou ratificar a postura do órgão ministral.
CONCLUSÃO
A criação da lei 9099/95, e conhecida como uma medida descarceirizante, partindo do principio de que a real finalidade da lei seria evitar o máximo a condenação e prisão do autor de crimes de menor potencial ofensivo
ou de menor porte com pena de ate dois anos, e importante ressaltar que qualquer cidadão, seja de qualquer classe social esta propicio a cometer tais crimes.
O instituto que visa à liberdade condicionada à aceitação de certas regras de direito, trata-se de um direito de acordos entre autor e réu, com supervisão do ministério público e juiz.
REFERENCIAS	
Segundo site bem jurídico........
BRASIL. Lei Nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. www.planalto.gov.br – acesso em 09/07/2017.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Vol. 4; Legislação Penal Especial. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Vol. 4; Legislação Especial Penal. São Paulo. 7ª Edição. Editora Saraiva. 2012.
http://legal-dictionary.thefreedictionary.com/Nolo+contendre
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol 4; Legislação Especial Penal. São paulo 6ª Edição Editora Saraiva 2011.
Referências bibliográficas: Livro:
Vade Mecum Ridel 20ª Edição; 
Organização: Anne Joyce Angher. Internet nos sites:
http://www.idecrim.com.br/index.php/direito/27-juizado-criminal 
http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1651
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
CARLOS FERNANDO CALDEIRA 
BACHAREL DIREITO FACULDADE KENNEDY MG 
POS GRADUANDO DIREITO PENAL E PROCESSUAL MILITAR

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