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Tendências de Organização do Trabalho - M.F. Catão

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1 
 TENDÊNCIAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 CONTEXTO ORGANIZACIONAL E CONCEPÇÃO DE INDIVIDUO 
 
 Maria de Fátima F. Martins Catão 
 
 
 Catão, M.F.M. (1994) Tendências de Organização do Trabalho, Contexto 
Organizacional e Concepção de Indivíduo. Em: Instituição em Análise : Práticas de 
Recursos Humanos. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação e Política 
Social / Serviço Social . Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, PB 
 
 
 
1. DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA NO BRASIL. 
 
 Descrever e discutir as tendências conceituais de organização do 
trabalho, significa situá-las no seu contexto histórico, pois é através da compreensão 
deste que poderemos entender seus princípios, teses e concepções, bem como sua 
assimilação e manutenção ou não pela sociedade e suas instituições de trabalho 
historicamente determinadas. 
 Por um lado, o Estado, a sociedade capitalista brasileira e o 
sistema de relações econômicas internacionais, por outro, os movimentos 
instituintes
1
 emergiram como contexto das tendências conceituais de organização do 
trabalho no século XX. 
 
“O capitalismo brasileiro surgiu de fora para 
dentro, fruto da inserção do Brasil na economia 
 
1 Movimentos instituintes - movimento questionador, transformador e inovador. Ver, RENÉ L” instituant 
dontre l”institué. Paris; Anthrops Paris, p. 969 
 2 
mundial, e encontrou aqui condições diferentes 
daquelas existentes nos países onde nasceu. Seu 
desenvolvimento se deu quando já se 
verificava, em outros países, a passagem do 
capitalismo concorrencial para o capitalismo 
monopolista”2. 
 
 Seu percurso foi, pois, diferente, como resultado, temos ao 
longo do século XX um capitalismo diferenciado, que convive com relações pré-
capitalistas de produção, na agricultura, no setor de serviços e em algumas indústrias 
artesanais. É um “capitalismo subdesenvolvido”, em que, apesar da dinâmica de 
acumulação capitalista predominante na vida econômica do país, subsistem 
problemas específicos, tais como identifico a seguir. 
 Até o começo dos anos cinqüenta, o sistema produtivo 
brasileiro ligava-se ao resto do mundo através da exportação de matérias-primas 
(agrícolas) e a importação de produtos industrializados. 
 Quando das crises do sistema capitalista (1960), as duas guerras 
mundiais provocaram situações de relativo isolamento ou de restrições, o Brasil se 
orientou para políticas industrializadoras que proporcionaram a criação de um 
parque industrial relativamente pequeno, mas suficiente para delinear um perfil 
produtivo diferenciado em um sistema econômico essencialmente produtor e 
exportador de alguns produtos agrícolas. 
 
“Hoje, parece difícil imaginar que o Brasil possa 
controlar o capital transnacional que opera no 
país, ou que possa “cancelar” o pagamento de 
sua enorme dívida externa sem entrar em 
 
2 BASTOS, Vânia, L. (1989). Para entender a economia capitalista: noções introdutórias. Rio de Janeiro: 
Forense Universitária; Brasília, Ed. Universidade de Brasília, p. 36. 
 3 
conflito com o sistema capitalista mundial, um 
sistema que agora está presente não só através 
de ralações comerciais e financeiras, mas 
também através de relações de produção 
implantadas no território brasileiro.”3. 
 
 Para compreensão do desenvolvimento capitalista no Brasil, 
esta contextualização se faz necessária para o entendimento das transformações 
econômicas, políticas e conceituais no cenário nacional como um todo e, 
especificamente, no sistema de organização do trabalho, ao longo do século XX. 
Concomitantemente as variações do sistema capitalista internacional ocorreram por 
sua vez as variações do sistema produtivo brasileiro e as varias tendências 
conceituais de organização do trabalho . 
 Quanto ao papel do Estado brasileiro enquanto aparelho político 
completo da sociedade, foi decisivo na organização e orientação interna do processo 
de acumulação capitalista no Brasil, CIGNOLLI
4
 situa o Estado ao longo do século 
XX em dois momentos, na 1ª metade do século quando o Estado limitava-se a 
regular e administrar o fluxo de exportações de algumas matérias-primas e das 
importações de produtos industrializados, tornando-se, em seguida, o agente do 
processo de industrialização. 
 O ano de 1930 marca a destruição parcial do esquema de 
dominação fundamentado numa aliança de interesses oligárquicos. A política de 
Getúlio Vargas responde às necessidades dessa base econômica que fortalece a 
burguesia urbana e procura conciliar os interesses dos trabalhadores e assalariados, 
com os interesses dos grandes proprietários. 
 
3 CIGNOLLI, Alberto. Estado e força de trabalho. Introdução à política social do Brasil. São Paulo, 
McGraw-Hill do Brasil. P. 17. 
4 CIGNOLLI, Alberto. Estado e força de trabalho. Introdução à política social do Brasil. São Paulo, 
McGraw-Hill do Brasil. P. 17. 
 4 
 No segundo momento, CIGNOLLI situa o Estado a partir de 2ª 
metade do século, mais especificamente pós 64, quando se transformou no principal 
agente econômico da sociedade brasileira, tendo alcançado uma centralização 
político-administrativa sem precedentes. 
 O capital estrangeiro, o Estado brasileiro e a burguesia nacional 
assumiram, ao longo do século XX, posições determinantes: na economia, na 
política e nos modelos de produção, mas sofreram também, represálias e por que não 
dizer perderam espaço nos “piques” das mobilizações populares do período 1960-
1963. 
 
TENDÊNCIAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E CONCEPÇÕES DE 
INDIVIDUO 
 
 As tendências de organização do trabalho se caracterizam por sua 
superioridade tecnológica ou pelas determinações organizativas do sistema 
econômico? Ou como reflete Marglin “A organização econômica e social é 
determinada pela tecnologia ou a tecnologia pela organização econômica e social?”5 
 Prosseguindo nessa orientação do pensamento,Marglin 
questiona, inicialmente, se na sociedade industrial, poderá o trabalho favorecer a 
realização dos indivíduos ou será que o preço da prosperidade material é a alienação 
no trabalho? A autoridade hierárquica é realmente necessária para obter elevados 
níveis de produção? Ou a propriedade material é compatível com uma organização 
do trabalho não-hierárquico? 
 Para os defensores do capitalismo, a hierarquia é 
imprescindível, indispensável a uma produtividade elevada. Será que a organização 
hierárquica da produção é mesmo indispensável para assegurar em elevado nível de 
vida material? 
 
5 MARGLIN, Stephen A. “Origem e funções do parcelamento das tarefas - Para que servem os patrões?”. 
INGORZ, André, Crítica da divisão do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980. P. 39. 
 5 
 Esse estudioso procura ao longo das questões levantadas 
demonstrar que não foi por razões de superioridade técnica que os patrões adotaram 
medidas como “o desenvolvimento da divisão parcelada do trabalho e o 
desenvolvimento da organização centralizada, que caracterizam o sistema de 
fábrica”. Essas medidas não fizeram aumentar a produção sob fatores constantes, 
foram introduzidas a fim de que o capitalista receba uma fatia maior do bolo, 
portanto, a organização hierárquica ou os modelos de organização do trabalho que 
privilegiam ou mantêm esse tipo de organização não tem como funçãosocial a 
eficácia técnica, mas a acumulação. 
 É importante citar que nem a hierarquia nem a divisão do 
trabalho nasceram com o capitalismo. A divisão social do trabalho, a especialização 
das tarefas é uma característica de todas as sociedades complexas. Nas sociedades 
pré-capitalistas, a produção organizava-se numa hierarquia estrita - mestre-
companheiro-aprendiz. 
 Marglin
6
 salienta que a hierarquia capitalista e a hierarquia pré-capitalista 
diferem em três pontos. No primeiro ponto, no ápice, como na base da hierarquia 
pré-capitalista, encontrava-se um produtor. No segundo, o mestre artesão trabalhava 
junto com o aprendiz, em vez de simplesmente indicar-lhe o que fazer. No terceiro, 
a hierarquia é linear e não piramidal; um dia o aprendiz seria companheiro, quase 
certamente mestre. No capitalismo é raro que um operário chegue até a contramestre 
nas sociedades pré-capitalistas, o que endossa, como ponto mais importante, é que o 
artesão membro de uma corporação não estava separado do mercado por um 
intermediário: vendia igualmente um produto e não o seu trabalho, e controlava, ao 
mesmo tempo, o produto e o processo de trabalho. 
 Refletindo a partir do pensamento de Marglin , verifica-se que a 
supremacia da divisão do trabalho, da especialização das tarefas, da hierarquia, da 
organização centralizada que caracteriza o sistema de fábrica, não se deu pela 
superioridade tecnológica das tendências de organização de trabalho predominantes 
nas sociedades capitalistas no século XX, bem como não se deu naturalmente, mas 
 6 
historicamente para atender as necessidades da ótica capitalista em prol da 
acumulação do capital. 
 A organização econômica e social promove as tendências 
tecnológicas que são convenientes ao seu domínio e ao controle. 
 A história da organização do trabalho no século XX, aponta, 
fundamentalmente, para tendências orientadoras. A aparente multiplicação das 
tendências conceituais de organização de trabalho tem função ideológica, por se 
caracterizarem como variações de posicionamentos gerais em conflito. 
 Situamos, as tendências que tratam a questão da organização do 
trabalho, tais como as abordagens do taylorismo, o humanismo, e as abordagens 
neoclássicas que compreendem o behavorismo a abordagem sistêmica. 
 Na esfera analítica crítica da organização do trabalho aponta-se 
a análise institucional como uma abordagem dessa tendência. 
 
 DESNATURALIZANDO O INSTITUÍDO, DESVELANDO AS 
ARTIMANHAS DOS “VÁRIOS MODELOS” DE ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO 
 
 A abordagem taylorista - vista como Taylorismo, organização 
taylorista do processo produtivo, organização científica do trabalho, teoria clássica 
da administração, gerência científica ou racionalização do trabalho são 
denominações similares que correspondem aos estudos desenvolvidos por Frederick 
Winslon Taylor (1856-1915) sobre uma determinada forma de organização e divisão 
do trabalho que exige um controle cada vez mais crescente sobre os trabalhadores, 
aplicados nas indústrias de todo mundo, determinando a organização do processo de 
trabalho contemporâneo. 
 O taylorismo diz respeito à reorganização do processo de 
trabalho onde quer que ele exista, embora sua raiz e lugar privilegiado tenha sido o 
conflito interno existentes nas fábricas nos Estados Unidos no final do século XIX, o 
 7 
mesmo ultrapassou as fábricas levando suas ramificações as instituições sociais de 
uma forma geral tais como as universidades, as escolas, os hospitais, as 
penitenciárias, o serviço público, o comércio, as associações, os sindicatos, 
moldando esses estabelecimentos bem como seus profissionais de acordo com suas 
fundamentações e princípios de controle e disciplinarização de organização de 
trabalho, na busca do aumento da produtividade, supressão de gastos desnecessários 
e “comportamentos supérfluos”, aperfeiçoamento da divisão e especialização do 
trabalho e garantia do controle do tempo do trabalhador através da introdução da 
noção de “tempo útil” que a sociedade introjetou no coração de cada um de nós. 
 O “homo economicus”, a organização formal e a consideração da identidade de 
interesses entre patrão e empregado, como forma da negação do conflito no seio das 
organizações caracterizam-se como os eixos centrais dessa abordagem. 
 O taylorismo explica através da noção de “homo economicus” 
sua concepção de homem, de natureza humana. “Isto é, a presunção de que o 
homem é influenciado profundamente por recompensas e sanções salariais e 
financeiras”8. Como indica Chiavenato: 
 
“Para Taylor, a administração científica deve 
estudar as capacidades físicas do trabalhador, 
através dos estudos de tempos e movimentos, 
mas com uma abordagem econômica, 
considerando o homem motivado pelo medo da 
fome e pela busca do dinheiro. Assim, as 
recompensas materiais e econômicas 
influenciam decisivamente os esforços 
individuais no trabalho, fazendo com que o 
trabalhador desenvolva o máximo padrão de 
realização de que é fisicamente capaz para 
atingir um ganho maior”.9 
 
Quanto à concepção de organização do trabalho, esta abordagem fundamenta-se 
 
8 ETZIONI, Amitai. Organizações modernas. São Paulo. Pioneira. 1984. p. 25. 
9 CHIAVENATO. Idalberto. Introdução a teoria geral da adiministração. São Paulo: McGraw-Hill do 
Brasil. 1985. p.49. 
 8 
 
“nos princípios da organização formal na qual a 
instituição de trabalho consiste em um conjunto 
de encargos funcionais e hierárquicos, 
orientados para o objetivo econômico de 
produzir bens ou serviços”.10 
 
 As principais características da organização formal apontadas 
pelo taylorismo foram: divisão do trabalho, sendo a maneira pela qual um processo 
complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas; especialização, 
constituindo-se na simplificação das tarefas, atribuindo a cada posto de trabalho 
tarefas simples e repetitivas que requeiram pouca experiência do executor e escassos 
conhecimentos prévios; hierarquia, concretizando-se por uma função de comando 
“cuja missão é dirigir e controlar todas as atividades, para que cumpram 
harmoniosamente as suas respectivas missões”.11; distribuição da autoridade e da 
responsabilidade, significando que cada nível hierárquico que está acima dos demais 
níveis tem maior peso nas decisões, “tendo na autoridade a fundamentação da 
responsabilidade”; racionalismo da organização formal, o qual determina que “a 
organização é substancialmente um conjunto de encargos funcionais e hierárquicos a 
cujas prescrições e normas de comportamento todos os seus membros devem se 
sujeitar”.12 
 A organização formal caracteriza-se pela promoção da 
separação entre o planejamento e a execução do trabalho no seio das organizações, 
cabendo a um grupo (patrões e gerentes) o planejamento, e outro (trabalhadores), a 
execução. 
 Outro conceito considerado básico para a compreensão dos 
princípios ideológicos e psicossociais da tendência conceitual de organização de 
trabalho em questão é a concepção de conflito adotada. 
 
10 Idem, p. 83 
11 CHIAVENATO. Idalberto . Introdução a teoria geral da administração. São Paulo: McGraw-Hill do 
Brasil . 1985. p 87. 
12 CHIAVENATO, Idalberto. Op. cit. p. 87. 
 9 
 A tendência conceitual de organização do trabalho, 
fundamentado na ótica do capital, não reconhece a existência do conflito maior da 
sociedade capitalista, o conflito de classes, buscando, para “resolução do problema” 
do conflito nas organizações, o método de integração do trabalhador aos interesses 
estabelecidos.O conceito de integração desfruta, nesta tendência de uma 
posição de destaque, em que o conflito passa a ser visto como algo disfuncional, 
anormal e patológico, sendo reduzido à conflitos de relacionamento, de status e de 
papéis ocupados na hierarquia organizacional. 
 A abordagem taylorista praticamente colocou fora de discussão 
o problema do conflito, sustentando que a harmonia de interesse era natural. 
 A partir do taylorismo outras abordagens sobre organizações de 
trabalho, vêm fazendo-se presente no cenário organizacional, entre elas o 
humanismo, ao final da década de 20, onde a ênfase no homem social e na 
organização informal aparecem como o eixo desta concepção. 
 Foi com a entrada do humanismo “contrapondo-se” ao 
taylorismo nas organizações de trabalho que as “práticas de recursos humanos” 
começaram a fazerem-se presentes, pela solicitação da classe trabalhadora, pelos 
sindicatos e pela necessidade e interesse do capital onde respaldados nas pesquisas 
sociais da época sobre o homem no trabalho, entre elas ressalta-se a de Elton Mayo 
em Hawthorne, a qual mostrava que homem motivado, p 
 O homo roduz mais e traz mais lucro para o organização. social, 
a organização informal, os incentivos psicossociais e a consideração da identidade 
de interesses entre patrão e empregado, como forma da negação do conflito no seio 
dos estabelecimentos de trabalho, são considerados como os eixos centrais dessa 
abordagem. 
 O humanismo ou escola das relações humanas crítica a 
concepção de homo economicus como compreensão da natureza humana e sugere, 
para substituí-lo, o homo social, pois o homem é apresentado como um ser cujo 
 10 
comportamento não pode ser reduzido a esquema simples e mecanicistas, sendo a 
um só tempo condicionado pelo sistema social e pelas demandas de ordem 
biológica, a qual possui considerando as diferenças individuais, necessidades de 
segurança, afeto, aprovação social, prestígio e auto-realização.
13
 
 A teoria das relações humanas indica a existência de certas 
necessidades humanas fundamentais, e daí conclui que o comportamento humano é 
determinado por causas que, às vezes, escapam ao próprio entendimento e controle 
do homem. Essas causas são tidas como necessidades ou como motivos. O homem, 
nesta perspectiva, é visto como dotado de necessidades, tendo o seu comportamento 
direcionado no sentido dos objetivos com vistas a satisfazê-las, daí por que a 
introdução dos incentivos psicossociais nas organizações, como proposta dessa 
teoria, busca tornar os objetivos individuais articulado aos interesses do 
estabelecimento. 
 Quanto à concepção de organização do trabalho, à luz do 
taylorismo, observa-se que há uma preocupação exclusiva como os aspectos formais 
da organização (autoridade, responsabilidade, especialização, estudos de tempos e 
movimentos, princípios gerais da administração, departamentalização, divisão de 
trabalho, etc.), a abordagem humanística concentra-se quase exclusivamente nos 
aspectos informais da organização (grupos informais, comportamento social dos 
trabalhadores, crenças, atitudes, expectativas, etc)
14
 ou seja, o conjunto das relações 
sociais não previstas em regulamentos e organogramas, caracterizando-se por seu 
caráter espontâneo e extra-oficial. Como diz Brown in Motta, a organização 
informal é “conseqüência da impossibilidade prática de se reduzir o comportamento 
humano a um conjunto de reações mecânicas e automáticas a regulamentos 
restritos”.15 
 Tratando-se de uma mesma tendência de organização do 
trabalho fundamentada na ótica do capital, como o taylorismo, o humanismo não se 
 
13 Ver SCHEIN, E. H. A Psicologia na indústria. Lisboa, Clássica Lisboa, 1968, Cap. IV. 
14 CHIVENATO, Idalberto. Op. cit. p. 156. 
15 BROWN, J. A. C. Psicologia social da indústria. São Paulo: Atlas, 1969, p. 63. 
 11 
preocupa, nem reconhece nos seus pressupostos a existência do conflito maior da 
sociedade capitalista, o conflito de classes, apontando a identidade de interesses 
entre capital e trabalho ou patrão-empregado como solução da problemática na 
busca da produtividade, eficiência e lucro. 
 
“Para Mayo a tarefa básica da administração é 
formar uma elite capaz de compreender e de 
comunicar, dotada de chefes democráticos, 
persuasivos e simpáticos a todo pessoal. Ao 
invés de se tentar fazer os empregados 
compreenderem a lógica da administração da 
empresa, e nova elite de administradores deve 
compreender as limitações dessa lógica e ser 
capaz de entender a lógica dos trabalhadores”.16 
 
 Sucedendo ao taylorismo e ao humanismo, numa abordagem 
mais “modernizante” do capital, entra em cena a perspectiva sistêmica de 
organização do trabalho, a partir da década de 50, tendo grande aceitação pelo 
sistemaempresarial brasileiro na década de 80, como alternativa organizacional da 
nova república. 
 A abordagem sistêmica traz, nos seus princípios, a característica 
de compreensão da totalidade organizacional
17
, em que a relação 
trabalhador/empresa não é compreendida de forma isolada e as necessidades 
pessoais do trabalhador e as necessidades organizacionais são interdependentes. 
 O homem funcional, os incentivos mistos (econômico e 
psicossocial), o sistema aberto como concepção de organização do trabalho e a 
compreensão do conflito entre patrão e trabalhador, como conflito de papéis, 
formam o eixo dessa abordagem. 
 
16 MAYO, E. The social problems of an industrial civilization. Cambrioge mass, Haruap University Press, 
1943. p. 30 In Chiavenato, I. Introdução à teoria geral da administração. Op. cit. p. 159. 
17 A totalidade organizacional estudada na abordagem sistêmica diferencia-se da totalidade social 
identificada pelo materialismo histórico. 
 12 
 A perspectiva sistêmica explica a concepção de homem do 
trabalho a partir do papel que este ocupa na organização, daí a denominação de 
homem funcional. E para melhor ilustrar, vou buscar em MOTTA uma referência: 
 
“Há uma tendência muito grande a enfatizar mais 
os papéis que as pessoas desempenham do que 
as próprias pessoa. Entendendo-se papel como 
um conjunto de atividades associadas a um 
ponto específico do espaço organizacional a 
que se pode chamar cargo”.17 
 
 A concepção de homem funcional e a explicação do conflito de 
papéis no trabalho apresentadas por esta abordagem refere-se à dinâmica e a 
funcionalidade da organização, isto é, que trabalhadores ou patrões, pensam, tomam 
atitudes, comportam-se e entram em conflito de acordo com os papéis que ocupam 
ou cargo que exercem no estabelecimento de trabalho, bem como as influências do 
ambiente e diferenças individuais a que estes cargos ou papéis estão sujeitos. 
 Como se verifica, essa abordagem situa-se também na 
perspectiva da tendência de organização na ótica do capital, a que apresenta uma 
proposição de organização do trabalho a partir do modelo social dominante e não o 
questiona. O enforque sistêmico ou sistema aberto
18
, como explicação e 
tendência de organização do trabalho ou teoria administrativa, foi proposto por Kahn 
E Katz
19
, tomando como referência a teoria geral dos sistemas de Bertalanffy
20
. 
 Bertalanffy verificou que muitos princípios e conclusões de 
algumas ciências, quando tratam de objetos que têm validade para várias outras 
ciências, podem ser visualizados como sistemas, sejam eles físicos, químicos, 
sociais. Em seu livro General System Theory (Teoria Geral dos Sistemas) apresenta 
o modelo do sistema aberto, entendido como um complexo de elementos em 
interaçãoe em intercâmbio contínuo com o ambiente. 
 
17 MOTTA, Fernando C. P. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira, 1985. p 85. 
18 Ressalta-se que a designação de sistema aberto não implica numa perspectiva de criticidade. 
 13 
 Katz & Kahn apresentam seu estudo com uma comparação das 
possibilidades de aplicação das principais correntes sociológicas e psicológicas na 
análise organizacional. 
 O pressuposto básico dessa tendência é o de que a organização é 
um sistema aberto e, que nessa perspectiva, apresenta as seguintes características: 
a) Importação de energia: a organização recebe insumos do ambiente, tais como 
matéria-prima, mão-de-obra; b) Processamento: a organização processa insumos 
pretendendo transformá-los em produtos, assim como produtos acabados, mão-de-
obra treinada; c) Output e input: os sistemas abertos exportam certos produtos para o 
meio ambiente (output) e recebem também do meio ambiente informações sobre o 
seu próprio funcionamento (input); d) Ciclos de eventos: o funcionamento de 
qualquer sistema aberto consiste de ciclos de eventos composto de input, de 
processamento e de output; e) Entropia negativa: a entropia é um processo pelo qual 
todas as formas organizadas tendem à exaustão, à desorganização, à desintegração e 
à morte. A organização, através da reposição qualitativa de energia, pode resistir ao 
processo entrópico. A esse processo reativo dá-me o nome de entropia negativa; f) 
Estado firme e homeostase dinâmica: a organização procura manter uma relação 
constante entre exportação e importação de energia, evitando, dessa forma, o 
processo entrópico; g) Eqüifinalidade
21
: um sistema pode alcançar, por uma 
variedade de caminhos, o mesmo estado final partindo de diferentes condições 
iniciais. Existem mais de um modo do sistema produzir um determinado resultado, 
ou seja, existem mais de um método para a consecução de um objetivo. 
 A perspectiva sistêmica de organização do trabalho por integrar 
o arsenal das teorias que compõem a tendência de organização do trabalho na ótica 
do capital, como nos referimos anteriormente, ela em momento algum questiona o 
modelo social dominante, porém dar forte ênfase as relações entre organização e 
 
21 A característica equifinalidade da teoria dos sistemas contrapõe a característica “on the best way” (um 
único caminho certo) da organização do trabalho proposta pelo taylorismo. 
 14 
ambiente, colocando a organização como dependente para sua sobrevivência, do 
crescimento e eficiência e de sua adaptabilidade ao ambiente, como reflete MOTTA: 
 
“a organização do trabalho mais propensa a 
sobreviver, crescer e ser eficiente é aquela na qual os 
papéis, normas e valores estiverem mais de acordo 
com as demandas do ambiente, o que em última 
análise se traduz uma posição idealista que pressupõe 
a relação aos sistemas social e técnico e que 
negligencia o papel dinâmico das contradições 
internas das organizações”22. 
 
 É evidente a importância do sistema cultural, mas priorizá-lo e 
secundarizar o sistema social é antes de tudo uma boa “brecha” para as manobras do 
capital. Conforme as premissas da teoria em questão, num modelo social como o 
nosso, onde as regras do ambiente não são determinadas pela necessidade do povo e 
sim pelas demandas dos oligopólios, ela passa a compor o quadro da tendência de 
organização do trabalho em pró da manutenção do capital. 
 
 A essa abordagem incorporam-se os estudos da teoria do 
Desenvolvimento Organizacional, as abordagens da qualidade de vida, da 
participação e do planejamento estratégico e do reconhecimento do capital humano 
no contexto dos fatores que contribuem para a eficácia organizacional, 
confirmando-se a expressão referida na literatura organizacional : “ para além de um 
braço, o homem é também um coração e uma cabeça” ( Neves, 1999) 
 
 
3. A CONCEPÇÃO ANALÍTICA E CRÍTICA DA ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO - IDENTIFICANDO INSTITUINTES. 
 
 
22 MOTTA, F.C.P. Op. cit. p. 99. 
 15 
 A vertente materialista histórica dialética da organização do 
trabalho nas abordagens do marxismo clássico e do marxismo contemporâneo, 
apresentam os princípios e fundamentos que, a partir do final do século XIX 
representam a antítese da hegemonia da organização das pessoas. As idéias de Marx 
apresentadas no Capital, sua obra fundamental lançada por volta de 1870 é 
considerada o marco referencial. 
 A corrente institucionalista acompanha o pensamento marxista, 
considerando-se assim que a análise institucional propõe-se desvendar as 
instituições na discussão dos seus coletivos em direção ao processo autogestionário 
de recuperação do poder de organização e do autogerenciamento do processo. 
 A concepção da natureza humana, de organização de trabalho e 
de conflito adotada por essa tendência tem por princípio a história da sociedade 
humana e a realidade contraditória, vendo no desenvolvimento de suas contradições 
,o emergir da única via histórica de solução, não se propondo considerar como 
natural e eterna a maneira de organizações de trabalho surgidas ao longo dos 
séculos. 
 Esta tendência vê na alienação do homem, em relação ao seu 
trabalho, a si mesmo e aos outros, um problema a ser superado nas relações sociais e 
nas relações de produção. “Na verdade, a alienação, conseqüência direta da divisão 
capitalista do trabalho, e, por assim dizer, o mal fundamental da revolução industrial 
contra a qual a participação é o antídoto”23. 
 Participação em todos os níveis dos estabelecimentos, como 
expressa Rocca e Retour, “o homem desenvolve-se (produtiva, política, social e 
culturalmente)”24, é uma forma de construir uma sociedade autogestionária, 
inspirada num mutualismo de interesses. A idéia autogestionária inscreve-se como o 
eixo de organização de trabalho da tendência em questão. 
 
23 MENDONÇA, L. C. Participação na organização: uma introdução aos seus fundamentos, conceitos e 
formas. São Paulo: Atlas. 1987. p. 37. 
24 In. MENDONÇA, L. C. Op. cit. p. 32. 
 16 
 A igualdade, liberdade, autonomia, criatividade, solidariedade e 
mutualidade, expressões chaves da autogestão, “traduzem-se na prática o clássico 
princípio de “um homem, um voto”, aplicado em todas as medições da vida social, 
seja na instância econômica, seja na cultura, seja na instância política”26.A 
concepção da natureza humana dessa tendência, identifica-se pela colocação do 
homem como agente da sua própria história - “Um homem, um voto” caracterizado 
como homem político, conhecedor e gerente das instituições sociais.A questão do 
conflito representa também nessa tendência, um agente determinante para 
compreensão e resolução dos problemas sociais. Em Marx o conflito é 
necessariamente associado à apropriação privada do trabalho ou à mais valia social. 
 
4. ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE TENDÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO 
DO TRABALHO E PRÁTICAS PROFISSIONAIS 
 
 Madel Luz concebe instituição como “um conjunto articulado 
de saberes (ideologias) e práticas (formas de intervenção normalizadora na vida dos 
diferentes grupos e classes sociais”28. SERRA reflete sobre esta questão dizendo 
que “considera que esses saberes e práticas tem efeitos políticos e envolvem uma 
luta entre grupos e classes sociais que compõem estas instituições e que estão 
inseridos em um bloco histórico”29. 
 Assim, as instituições, enquanto dimensão de um processo 
social mais amplo, não são estáticas, modificam-se,transformam-se de acordo com 
o contexto histórico e as rearticulações entre as forças sociais. 
 É importante refletirmos que as instituições, não são 
descontextualizados de um modelo social vigente, no qual a transversalidade das 
 
26 MENDONÇA, L. C. Op. cit., p. 86. 
28 LUZ, Madel T. As instituições médicas no Brasil: instituição e estratégia de hegemonia. Rio de 
Janeiro: Graal, 1979, p. 30. 
29 SERRA, R.M.S. Op. cit. p. 31. 
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instâncias (econômica, política, ideológica) perpassa os discursos e as práticas 
instituídas através da estrutura e dinâmica de suas relações e funcionamento. 
 Entendendo-se, portanto, que não dar para separar o técnico do 
ideológico, a prática profissional da Tendência de Organização do Trabalho em 
curso e da Tendência de Organização do Trabalho para qual se pretende 
redirecionar. 
 A tomada de consciência da veracidade dessas reflexões, busca 
promover uma análise do universo de estudo e do comprometimento profissional 
frente a explicitação/ reflexão das Tendências de Organização do Trabalho no 
exercício da prática profissional . 
 As ultima décadas do século XX e inicio do novo milênio apontam para o 
paradigma de estudo da organização do trabalho centrado no sujeito e no estudo do 
real (Antunes, 2007)( www.abopbrasil.org.br ) 
 Em seu percurso analítico Marx ( 1984), já dizia “ Eu parto do mundo e tento explicá-
lo”. E o meu método será fértil se eu explicar o mundo real. Se eu não explicar o mundo 
real de modo autêntico e verdadeiro, o meu caminho metodológico está fadado ao fracasso. 
Neste pensamento, reflete Antunes( 2007 ) que tem vitalidade hoje é o pensamento que 
mergulha no real e compreende com ele é. O que significa compreender , sua gênese, seu 
movimento, suas causas, sua processualidade, é estudar o profundo em detrimento do 
superficial, é estudar o fenômeno por dentro e por fora nas suas características genotipicas( 
internas) e fenotipicas( externas) 
REFERÊNCIAS 
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centralidade do Mundo do Trabalho.São Paulo: Cortez, Campinas, SP 
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hegemonia. Rio de Janeiro: Graal, 
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