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Fatores humanos como barreiras para eficiência energética em indústrias

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
CAMPUS PONTA GROSSA 
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 PPGEP 
 
 
 
 
 
 
 
ANTONIO VANDERLEY HERRERO SOLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATORES HUMANOS COMO BARREIRAS PARA 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INDÚSTRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA – PARANÁ 
DEZEMBRO - 2006 
ANTONIO VANDERLEY HERRERO SOLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATORES HUMANOS COMO BARREIRAS PARA 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INDÚSTRIAS 
 
 
 
Dissertação apresentada como requisito parcial à 
obtenção do título de Mestre em Engenharia de 
Produção, do Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia de Produção, Área de Concentração: 
Gestão Industrial, do Departamento de Pesquisa e 
Pós-Graduação, do Campus Ponta Grossa, da 
UTFPR. 
 
Orientador: Prof. Antonio A. de Paula Xavier, Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA – PARANÁ 
DEZEMBRO - 2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
 
Universidade Tecnológica federal do Paraná – 
Campus Ponta Grossa 
Departamento de Pós-Graduação 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM 
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
 
FATORES HUMANOS COMO BARREIRAS PARA 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INDÚSTRIAS 
 
 
ANTONIO VANDERLEY HERRERO SOLA 
 
Esta dissertação foi apresentada às 09 horas do dia 08 de dezembro de 2006 como requisito 
parcial à obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, com área 
de concentração em Gestão Industrial, linha de pesquisa em Gestão da Produção e 
Manutenção, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. O candidato foi 
argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo. Após deliberação, a 
Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado. 
BANCA EXAMINADORA: 
Professor Roberto Lamberts, PhD. 
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787953U4
 
Professor João Luiz Kovaleski, Dr. (UTFPR) 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4781722U6
 
 
Professor Rui Francisco Martins Marçal, PhD. (UTFPR) 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4761465A6
 
 Professor (orientador) Antonio Augusto de Paula Xavier, Dr. (UTFPR) 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=N492272
 
COORDENADOR DO PPGEP: 
 Professor Kazuo Hatakeyama, PhD. (UTFPR) 
 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4783066E7
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, 
em especial à minha esposa Lídia. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao meu orientador, Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier, por ter indicado de 
forma brilhante o caminho a seguir. 
Aos professores do PPGEP, especialmente ao Prof. Dr. João Luiz Kovaleski, ao Prof. 
Dr. Luiz Alberto Pilatti e ao Prof. Dr. Rui Francisco Martins Marçal, pelas importantes 
contribuições para este trabalho. 
 À Coordenação de Eletrônica (COELE) da UTFPR – Campus Ponta Grossa, 
especialmente aos coordenadores: Prof. Josmar Ivanqui e Prof. Marcio Casaro, pelo apoio. 
 A todas as indústrias pesquisadas, especialmente aos supervisores e funcionários 
(eletricistas) da Manutenção e da Produção, pela importante contribuição à pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Kane ga naru ka ya 
Shumoku ga naru ka 
Kane to shumoku no ai ga naru 
 
É o sino que toca, 
É o badalo que toca, 
Ou é o encontro dos dois que toca? 
(Antigo poema japonês) 
 
 
RESUMO 
 
O setor industrial brasileiro, que consome praticamente a metade da energia elétrica do país, 
vem registrando um aumento das perdas de energia, apesar de políticas Governamentais para 
incentivo ao uso racional de energia. A literatura especializada em organizações indica a 
importância dos Fatores Humanos Organizacionais (FHO) para o desempenho das empresas. 
Este trabalho apresenta um estudo realizado em dez indústrias no Estado do Paraná, Brasil, 
em setores que mais consomem energia elétrica na região – papel e celulose, alimentos, 
produtos da madeira e químico – com o objetivo de analisar a correlação entre os níveis de 
perda de energia e os FHO. As perdas de energia elétrica foram determinadas em sistemas 
motrizes com o auxílio de um modelo matemático e a avaliação dos vinte e sete FHO 
identificados na revisão de literatura foi feita com os supervisores das indústrias por meio de 
um questionário estruturado. Sete FHO apresentaram correlação significativa com as perdas 
de energia e seis deles são inversamente proporcionais às perdas, como mostra a análise de 
regressão linear. Os fatores inversamente proporcionais às perdas e com correlação 
significativa são considerados FHO determinantes e constituem barreiras para eficiência 
energética em organizações. Essas barreiras estão ligadas às seguintes áreas organizacionais: 
Sistema de gestão; Educação e qualificação de funcionários; Visão estratégica. 
Palavras-chave: Eficiência energética, Conservação de energia, Fatores Humanos 
Organizacionais. 
 
 
ORGANIZATIONAL HUMAN FACTORS LIKE BARRIERS TO ENERGY 
EFFICIENCY IN INDUSTRIES 
 
ABSTRACT 
The Brazilian industrial sector, that consumes practically half of electric energy in the 
country, had registered an increase of energy losses, although Governmental policies for 
incentive to the rational use of energy. The specialized literature in organizations indicates the 
importance of Organizational Human Factors (OHF) for the performance of companies. This 
work presents a study accomplished in ten industries in the State of Parana, Brazil, in sectors 
biggest consumers of electricity in the region – pulp and paper, foods, products of wood and 
chemical – with the purpose to analyze the correlation between the level of energy loss and 
the OHF. The losses of electric energy were determined in motor systems with aiding of a 
mathematical model and the evaluation of twenty seven OHF identified in the literature 
review was made with the supervisors in the industries by means of structuralized 
questionnaire. Seven OHF had presented significative correlation with energy losses and six 
of them are inversely proportional to the losses, as is shows the analysis of linear regression. 
The inversely proportional factors to the losses also with significative correlation are 
considered determinative OHF and constitute barriers for energy efficiency in 
organizations. These barriers are linked with following organizational areas: Management 
system; Education and qualification of employees; Strategical vision. 
Keywords: Energy Efficiency; Energy Conservation; Organizational Human Factors. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
LISTA DE FIGURAS 
LISTA DE TABELAS 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
1. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO............................................................................1 
1.1 ENERGIA................................................................................................................................1 
 1.1.1 O contexto socioeconômico..........................................................................................1 
 1.1.2 Relevância do tema eficiência energética ....................................................................3 
1.2 O TRABALHO.........................................................................................................................41.2.1 Justificativa ...................................................................................................................4 
 1.2.2 Objetivos .......................................................................................................................4 
 1.2.3 Delimitações .................................................................................................................5 
 1.2.4 Estrutura........................................................................................................................6 
 
2. CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................8 
2.1 USOS FINAIS DE ENERGIA ELÉTRICA NAS INDÚSTRIAS................................................8 
2.2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................................................................................ 12 
 2.2.1 Conceito ..................................................................................................................... 12 
 2.2.2 A dimensão legal ....................................................................................................... 13 
 2.2.3 A dimensão ambiental ............................................................................................... 16 
 2.2.4 A dimensão tecnológica............................................................................................. 17 
 2.2.5 A dimensão socioeconômica e financeira ................................................................. 22 
 2.2.6 Barreiras organizacionais .......................................................................................... 24 
2.3 FATORES CONDICIONANTES PARA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.................................. 26 
 2.3.1 A relativização............................................................................................................ 26 
 2.3.2 O produto energeticamente eficiente......................................................................... 27 
 2.3.3 A influência dos fatores.............................................................................................. 28 
2.4 MOTORES ELÉTRICOS .................................................................................................... 29 
 2.4.1 Conceitos ................................................................................................................... 29 
 2.4.2 Mercado brasileiro ..................................................................................................... 29 
 2.4.3 Padrão normativo....................................................................................................... 30 
 2.4.4 Fator construção ........................................................................................................ 31 
 2.4.5 Fator operação........................................................................................................... 34 
 2.4.6 Fator manutenção...................................................................................................... 36 
2.5 FATORES HUMANOS ORGANIZACIONAIS (FHO) .......................................................... 37 
 2.5.1 Trabalho e subjetividade............................................................................................ 37 
 2.5.2 O processo de gestão energética.............................................................................. 40 
 2.5.3 Visão estratégica - cenários....................................................................................... 40 
 2.5.4 Gestão integrada ....................................................................................................... 41 
 2.5.5 Educação e qualificação das pessoas....................................................................... 44 
 2.5.6 Planejamento e gerenciamento de energia ............................................................... 46 
2.6 SÍNTESE DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 50 
 
 
3. CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................51 
3.1 AS VARIÁVEIS DA PESQUISA........................................................................................... 51 
3.2 A OBTENÇÃO DOS DADOS............................................................................................... 52 
 3.2.1 Dos Fatores Humanos ............................................................................................... 52 
 3.2.2 Dos motores............................................................................................................... 54 
3.3 A PESQUISA COM AS INDÚSTRIAS ................................................................................. 63 
 3.3.1 A escolha das empresas............................................................................................ 63 
 3.3.2 Perfil das indústrias pesquisadas .............................................................................. 64 
 3.3.3 Cálculo do tamanho da amostra de motores............................................................. 66 
 3.3.4 Tamanho da amostra para pesquisa com supervisores............................................ 68 
 3.3.5 O ERRO da média ..................................................................................................... 68 
3.4 CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS............................................................................. 68 
3.5 DETALHAMENTO DE PERDAS ELÉTRICAS EM MOTORES .......................................... 70 
 
4. CAPÍTULO 4 – RESULTADOS...........................................................................71 
4.1 INTENSIDADE DAS VARIÁVEIS ........................................................................................ 71 
 4.1.1 Fatores Humanos Organizacionais (FHO) ................................................................ 71 
 4.1.2 Perda de energia elétrica percentual por motor ........................................................ 73 
4.2 CORRELAÇÃO ENTRE PERDAS E FHO........................................................................... 74 
 4.2.1 Análise comparativa entre as variáveis ..................................................................... 74 
 4.2.2 Discussão acerca dos FHO como barreiras para eficiência energética.................... 77 
4.3 ANÁLISE DE PERDAS EM INDÚSTRIAS........................................................................... 80 
 4.3.1 Cenário A ................................................................................................................... 80 
 4.3.2 Cenário B ................................................................................................................... 81 
 4.3.3 Fator construção ........................................................................................................ 82 
 4.3.4 Fatores operação e manutenção............................................................................... 83 
 4.3.5 Discussão acerca das perdas de energia dos motores............................................. 84 
 
5. CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES..........................................................................86 
5.1 ACERCA DA PESQUISA..................................................................................................... 86 
5.2 CONTRIBUIÇÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................ 88 
 
6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................89 
 
7. APÊNDICES.......................................................................................................95 
 APÊNDICE A - Correntes a vazio de referência ................................................................. 95 
 APÊNDICE B - Perdas elétricas pelo fator manutenção .................................................... 96 
 APÊNDICE C - Aferição do modelo matemático ................................................................97 
 APÊNDICE D - Gráficos de dispersão ................................................................................ 99 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 Consumo setorial de energia elétrica no Brasil. ..........................................2
Figura 2 Potencial de economia de energia elétrica da Força Motriz......................10
Figura 3 Evolução da energia perdida no Brasil......................................................10 
Figura 4 Evolução das perdas de energia no Brasil. ...............................................12
Figura 5 Eficiência energética e suas dimensões. ..................................................13
Figura 6 Fatores condicionantes para eficiência energética. ..................................28
Figura 7 Perdas em motores elétricos.....................................................................32
Figura 8 Curvas de desempenho de um motor de indução.....................................33
Figura 9 Curva teórica do rendimento do trabalho. .................................................39
Figura 10 Fases da Gestão Energética na empresa. ................................................40
Figura 11 Estrutura da documentação do Sistema de Gestão. .................................41
Figura 12 Consumo de energia no processo e no produto. ......................................43
Figura 13 Determinação de perda em motor por modelo matemático. .....................60
Figura 14 Gráficos comparativos – Dados reais, modelos Mo e M50 . ......................61
Figura 15 Grupos de motores na indústria. ...............................................................63 
Figura 16 Percentual de consumo de eletricidade nas indústrias. ............................64
Figura 17 Mapa das regiões do Estado do Paraná. ..................................................64
Figura 18 Gráficos de Dispersão – FHO com alta correlação. ..................................75
Figura 19 Dispersão – FHO com baixa correlação....................................................79
Figura 20 Avaliação média dos Fatores Humanos determinantes. ...........................79
Figura 21 Evolução da Eficiência Energética nas indústrias .....................................85
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 Destinação percentual de energia elétrica final por setor..........................9
Tabela 2 Oferta e consumo final de energia elétrica no Brasil. ..............................11 
Tabela 3 Geração própria de eletricidade no Brasil. ..............................................11 
Tabela 4 Rendimentos energéticos médios. ..........................................................20 
Tabela 5 Rendimentos nominais mínimos para motores elétricos. ........................31 
Tabela 6 Comportamento relacionado à Gestão Energética..................................42 
Tabela 7 Comportamento relacionado à estratégia................................................43 
Tabela 8 Questionário para avaliação dos FHO.....................................................53 
Tabela 9 Formulário: Dados da empresa. ..............................................................62 
Tabela 10 Formulário: Dados dos motores. .............................................................62 
Tabela 11 Perfil das indústrias pesquisadas. ...........................................................66 
Tabela 12 Parâmetros para definição da amostra de motores.................................67
Tabela 13 Amostra de motores por setor da indústria..............................................67 
Tabela 14 Modelo – Matriz de correlação. ...............................................................69 
Tabela 15 Sistema de Gestão. .................................................................................71 
Tabela 16 Funcionários. ...........................................................................................71 
Tabela 17 Educação e qualificação de funcionários. ...............................................72 
Tabela 18 Visão estratégica da empresa. ................................................................72 
Tabela 19 Planejamento e gerenciamento de energia. ............................................72 
Tabela 20 Descrição da Atividades e das perdas por empresa. ..............................73 
Tabela 21 Matriz de correlação entre Perdas e Fatores Humanos. .........................74 
Tabela 22 FHO inversamente proporcionais às perdas ...........................................76 
Tabela 23 FHO diretamente proporcionais às perdas..............................................76 
Tabela 24 Perdas por motor – Cenário A.................................................................80 
 
Tabela 25 Perdas por consumo – Cenário A............................................................80 
Tabela 26 Perdas por consumo – A – generalização...............................................80 
Tabela 27 Perdas por motor – Cenário B.................................................................81 
Tabela 28 Perdas por consumo – Cenário B............................................................81 
Tabela 29 Perdas por cunsumo – B – generalização ..............................................81 
Tabela 30 Perdas por motor pelo fator construção . ...............................................82 
Tabela 31 Perdas por consumo pelo fator construção . ..........................................82 
Tabela 32 Perdas por consumo – construção – generalização ..............................82 
Tabela 33 Perdas por motor – carregamento e manutenção . .................................83 
Tabela 34 Perdas por consumo – carregamento e manutenção..............................83 
Tabela 35 Perdas por consumo – operação e manutenção – generalização .........83 
Tabela 36 Técnicas de manutenção em motores elétricos. ......................................84 
Tabela 37 Resumo das perdas por consumo e desempenho motriz. ......................85 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas 
BEN - Balanço Energético Nacional 
CA - Corrente Alternada 
CC - Corrente Contínua 
CLP - Controlador Lógico Programável 
COPEL - Companhia Paranaense de Energia 
CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais 
CRF - Certificado de Reduções de Emissões 
CV - Cavalo-Vapor (1 CV = 736 watt) 
EPE - Empresa de Pesquisa Energética 
ESCO - Empresa de Serviço de Conservação de Energia (Energy Service Companies) 
ESE - Empresa de Serviço de Energia 
FDTE - Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia 
FHO - Fator Humano Organizacional (Organizational Human Factor – OHF) 
FP - Fator de Potência 
FRC - Fator de Retorno de Capital 
HP - Horse-Power (1 HP = 746 watt) 
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. 
ISO - International Organization for Standardization (Org. Int. para Normalização) 
MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia 
MME - Ministério das Minas e Energia 
NEMA - National Equipment Manufacturers Association (Ass. Nac. dos Fabric. Equip.) 
OIE - Oferta Interna de Energia 
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento 
PIB - Produto Interno Bruto 
PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia elétrica 
PROINFA - Programa de Incentivo ás Fontes Alternativas de Energia Elétrica 
RCB - Relação Custo-Benefício 
rpm - Rotações por minuto 
TPM - Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total) 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
P - Potência elétrica – watt [W] 
V - Tensão elétrica – volt [V] 
i - Corrente elétrica – ampère [A] 
I0 - Corrente a vazio do motor (para carregamento 0 %) 
IN - Corrente nominal do motor (para carregamento 100 %) 
FP - Fator de Potência do motor 
φcos - Fator de Potênciado motor 
E - Energia elétrica – quilowatt-hora [kWh] 
t - Tempo – em hora ou ano 
γ - Carregamento do motor 
α - Parâmetro da curva da corrente do motor 
b - Parâmetro da curva do rendimento do motor 
ηN - Eficiência nominal do motor (para carregamento 100 %) 
η50 - Eficiência do motor (para carregamento 50 %) 
R ou r - Coeficiente de correlação 
R2 ou r2 - Coeficiente de determinação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 
1.1 Energia 
1.1.1 O contexto socioeconômico 
Pelas informações do Balanço Energético Nacional (BEN) do Ministério das Minas 
e Energia – MME (2005) – pode-se ter a compreensão sobre os aspectos de utilização de 
energia no país. A soma do consumo final de energia e das perdas recebe o nome Oferta 
Interna de Energia – OIE. A análise do BEN mostra que nos últimos anos o Brasil tem 
apresentado um crescimento da Oferta Interna de Energia (2,4 % ao ano) maior do que o 
Produto Interno Bruto – PIB (1,98 % ao ano), indicando que a energia consumida no país 
pelo setor produtivo tem como finalidade a produção principalmente para exportações. O 
consumo de energia per capita tem crescido, em média, a uma taxa de 2,2 % ao ano, 
conforme o BEN. Segundo projeções do MME (2005), em 2025 o Brasil terá uma taxa de 
crescimento da Oferta Interna de Energia na ordem de 2,42 % ao ano, enquanto a demanda 
mundial projeta uma taxa de 1,8 % ao ano. Se essas projeções se confirmarem, o Brasil 
precisaria investir, nos próximos anos, mais em energia em relação a outros países como o 
Japão, por exemplo. Com o crescimento da Oferta Interna de Energia, as perdas 
energéticas também estão aumentando, é o que mostra a evolução das perdas de energia a 
partir de 1970 na Figura 4. 
Para gerar emprego e renda o Brasil precisa investir em energia. O consumo, 
considerando as diversas fontes energéticas, vem crescendo principalmente no setor 
industrial e nos transportes (Figura 1). Em 2004 o setor industrial foi responsável por 
47,9% do consumo de eletricidade, o setor residencial por 21,9 % e o comercial por 13,9 % 
(MME, 2005). No contexto energético as indústrias são importantes, pois, além de 
consumirem energia, também produzem equipamentos que consomem energia. O Paraná, 
com 5,6 % da população do Brasil, é o quinto estado que mais consome energia, com 
aproximadamente 6,7 % do consumo do país, e tem o setor industrial que consome 46 % 
da energia elétrica do estado (COPEL, 2005). 
 2
O setor industrial – que consome praticamente a metade da energia elétrica ofertada 
no país – aumentou o consumo em 7,1 % de 2003 para 2004 (MME, 2005). Nesse setor, o 
aumento se deu principalmente em razão das exportações e do término do 
contingenciamento da eletricidade após a crise do setor elétrico de 2001. A Figura 1 
apresenta a evolução do consumo de eletricidade no país de 1970 a 2004 e mostra que o 
consumo de energia elétrica tem aumentado em todos os setores. 
 
Figura 1 – Consumo setorial de energia elétrica no Brasil (TWh) 
Fonte: Balanço Energético Nacional – MME (2005) 
Nos últimos anos houve uma redução percentual no consumo de lenha e petróleo. 
Em contrapartida, o consumo de energia a partir de hidroelétricas e dos derivados de cana-
de-açúcar vem crescendo. No Brasil, em torno de 76,5 % da energia elétrica vêm das 
nossas hidroelétricas enquanto 13 % de termelétricas, 2,5 % de origem nuclear e 8 % são 
de importação. No mundo, 39,0 % da energia elétrica origina do carvão mineral, 19,1 % do 
gás natural, 16,2 % hidráulica e 16,6 % nuclear. Isso coloca o Brasil em condição 
privilegiada em relação à utilização de energia limpa. 
Segundo o MME (2005), em 2020 o país estará consumindo 2,75 % da energia 
mundial, mas com 2,2 % de emissões de carbono. Em 2025 consumirá 2,2 % da energia 
mundial, mas com apenas 1,93 % das emissões totais de CO2 pelo uso de energia, 
conforme projeções do MME. Entretanto, as exportações de bens não energéticos do Brasil 
embutem mais energia e carbono do que as importações. Cada dólar ganho com exportação 
embute em torno de 42 % mais energia e 60 % mais carbono do que cada dólar gasto com 
importação (MACHADO, 2002). 
Em relação à energia elétrica, as perdas vêm crescendo no país e atingiram um 
nível de 15,4 % em 2004 (MME, 2005). O racionamento em 2001 impôs cortes de 
consumo nos setores residencial, comercial e industrial. No setor produtivo houve a 
redução de crescimento e perdas de receitas para o país. A sociedade toda foi mobilizada 
no sentido de racionalizar o uso da eletricidade. Cresceu a consciência de que os recursos 
 3
energéticos são finitos e a produção de energia custa caro. O crescente aumento de perdas 
de energia elétrica, além de comprometer a confiabilidade do sistema elétrico, afeta o meio 
ambiente, exige maiores investimentos em geração, onera a produção e torna o produto 
nacional menos competitivo no mercado internacional. 
1.1.2 Relevância do tema eficiência energética 
O tema eficiência energética está contido no Protocolo de Kyoto, de 1997, por ser 
uma das maneiras de conter a emissão de gases de efeito estufa, pelo desenvolvimento e 
uso de tecnologias energeticamente eficientes (MCT, 2005). No Brasil, a partir da crise do 
sistema elétrico em 2001, foram tomadas algumas medidas pelo Governo Federal. Foi 
aprovada, em caráter de urgência, a Lei 10.295/2001, que estabelece índices mínimos de 
eficiência energética para aparelhos elétricos. O projeto estava sendo debatido no 
Congresso Nacional havia cerca de dez anos. No Plano Plurianual – PPA 2004-2007 –, do 
Governo Federal, as Empresas de Serviços de Conservação de Energia, ou ESCO’s 
(Energy Service Companies), são tidas como uma opção de mercado para desenvolver 
projetos e melhorar a eficiência energética nas organizações (MME, 2003). As 
concessionárias de energia elétrica, por força de Lei, devem investir um percentual do seu 
faturamento em projetos de eficiência energética no uso final. Conforme Jannuzzi (2000), 
as concessionárias têm cumprido os requisitos mínimos exigidos pela regulação, 
priorizando projetos que lhes tragam benefícios. 
No setor industrial os sistemas motrizes consomem a maior parte da energia elétrica 
e apresentam o maior potencial de conservação de energia (MME/FDTE, 2005). Nas 
indústrias, os motores elétricos de indução (assíncronos) são encontrados em maior número 
em serviço (SIMONE, 2000). A baixa eficiência é em função principalmente do baixo 
carregamento e das tecnologias obsoletas (GARCIA, 2003). Os métodos de manutenção 
também são importantes para manter a eficiência dos motores (MALINOWSKI e 
McCORMICK, 2003). 
De 2002 para 2003, segundo o MME (2005), o consumo de energia elétrica cresceu 
5,4 % e a geração 5,6 %. Os investimentos em geração acompanharam a demanda. 
Entretanto, apesar dos incentivos, as perdas elétricas não reduziram, ao contrário, estão na 
ordem de 15 % (MME, 2005). Novas abordagens frente ao problema são importantes, 
principalmente quanto às ações humanas na produção, sobretudo de gestão. 
 4
1.2 O Trabalho 
1.2.1 Justificativa 
A avaliação das necessidades e potenciais para investimentos em eficiência 
energética ainda dependem de estudos (JANNUZZI, 2000; SOLA, XAVIER e 
KOVALESKI, 2005). Para o Governo Federal a identificação da eficiência energética nos 
diversos usos finais de energia, como sistema motriz, iluminação, calor de processo, 
aquecimento direto, refrigeração, eletroquímica e outros usos, contribui para um melhor 
planejamento de programas de conservação de energia (MME, 2005). Para as empresas, 
conhecer as áreas onde ocorrem perdas de energia – e suas causas – é de vital importância 
para se priorizar investimentos em eficiênciaenergética, com a redução dos custos 
operacionais e a melhoria da competitividade. 
Estudos mostram a viabilidade técnica e econômica de uso de tecnologia eficiente. 
Entretanto, existem perdas no sistema produtivo devido às barreiras para uso eficiente de 
energia. Provavelmente há barreiras ligadas à intervenção humana no processo produtivo, 
sobretudo relacionadas à administração das organizações. 
1.2.2 Objetivos 
 
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a correlação entre Perda de 
energia e os Fatores Humanos Organizacionais (FHO). O intuito é o de identificar os 
FHO que possam constituir barreiras para a eficiência energética em indústrias, 
contribuindo para a formulação de políticas institucionais capazes de melhorar a eficiência 
energética no setor produtivo. 
Os objetivos específicos são os seguintes: 
• Determinar as perdas elétricas em sistemas motrizes e o potencial de 
conservação de energia elétrica das indústrias; 
• Identificar e avaliar a intensidade dos FHO; 
• Fazer a correlação entre as perdas energéticas e os FHO. 
 5
1.2.3 Delimitações 
A região de Ponta Grossa é a segunda maior consumidora de energia elétrica do 
estado do Paraná. A região de Curitiba consome 37,4% da energia elétrica do estado, Ponta 
Grossa 21,4%; Londrina 14,7%; Maringá 11,6% e Cascavel 14,9% (COPEL, 2005). Em 
função da posição geográfica estratégica, a região de Ponta Grossa, escolhida para a 
pesquisa, é um importante pólo industrial do estado, onde se concentram indústrias 
principalmente dos setores de papel e celulose, alimentos e bebidas, químico e produtos da 
madeira. 
O sistema motriz em ambiente industrial é escolhido para a análise de eficiência 
energética pelo fato de ser o principal responsável pelo consumo de energia elétrica e ter 
grande potencial de conservação de energia. Em diversos ramos industriais a força motriz 
pode consumir acima de 90 % da energia elétrica da planta industrial. Desse modo, 
pretende-se trabalhar com indústrias em que a força motriz seja representativa no consumo 
de energia elétrica na produção. Dentro do sistema motriz, o trabalho não abrange o 
dimensionamento de motores, apenas a identificação de perdas elétricas em motores com 
regime contínuo de trabalho. 
Dentre os motores elétricos no mercado, os de indução são os mais comuns nas 
indústrias, em função da robustez e do baixo custo, comparado com os motores de corrente 
contínua e com os motores síncronos (SIMONE, 2000). Os motores de indução apresentam 
baixa eficiência – perdas elevadas de energia –, principalmente os motores com potência 
de 1 HP a 250 HP, aqui estudados. No mercado nacional de motores elétricos, uma 
pequena parcela dos motores vendidos anualmente é de alta eficiência (MME, 2001). 
Muitas questões preocupantes da atualidade dizem respeito ao desenvolvimento de 
produtos que causem menor dano ao meio ambiente – as tecnologias sustentáveis. Destaca-
se a importância da conscientização das pessoas para uso racional de energia, com novos 
hábitos e uma nova postura diante do ato de consumir, de forma ética (SILVA, GARZON 
e NOGUERA, 2001). Este trabalho não estuda os hábitos das pessoas, mas as ações das 
pessoas das organizações, principalmente as que dependem do poder de decisão dentro da 
estrutura hierárquica e podem influenciar o uso racional de energia no setor produtivo. 
 
 6
1.2.4 Estrutura 
 
O trabalho, incluindo este CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO –, é apresentado em 
cinco capítulos. Neste primeiro capítulo são apresentados aspectos importantes sobre a 
utilização de energia. É apresentada uma visão socioeconômica sobre energia no país e da 
relevância do tema eficiência energética. Por último, justificativa, objetivos, delimitações e 
estrutura. 
No CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – é feita uma revisão 
bibliográfica sobre o estado da arte do tema estudado – Usos finais de energia elétrica nas 
indústrias, Eficiência energética, Fatores condicionantes para eficiência energética, 
Motores elétricos e Fatores Humanos Organizacionais. Inicialmente são apresentados os 
“Usos finais de energia elétrica nas indústrias”. Na seção “Eficiência Energética” é 
discorrido sobre o conceito e suas dimensões. Em “Fatores condicionantes para eficiência 
energética” são apresentados os fatores: padrão normativo, construção, operação e 
manutenção de sistemas energeticamente eficientes, bem como os Fatores Humanos 
Organizacionais. Por último é feita uma síntese. Conhecer as dimensões e os fatores 
condicionantes para eficiência energética é importante e permite a visão ampliada do tema. 
Na seção “Motores elétricos” são trabalhados aspectos conceituais. É apresentada 
uma visão geral sobre o mercado de motores elétricos no Brasil, sobre o padrão normativo, 
o fator construção, o fator operação e o fator manutenção de motores elétricos. Quanto ao 
estudo com os motores, o problema é abordado de forma quantitativa, na medida em que 
sofre tratamento estatístico. 
A seção “Fatores Humanos Organizacionais” faz uma abordagem dos aspectos 
relevantes sobre Trabalho e subjetividade, Visão estratégica (cenários), Gestão integrada, 
Educação e Qualificação das pessoas e Planejamento e gerenciamento de energia. Uma 
análise do “estado da arte” desses temas fornece os principais Fatores Humanos 
Organizacionais (FHO) a serem pesquisados nas indústrias. Pretende-se identificar os FHO 
considerados pela literatura especializada em organizações como relevantes para o 
desempenho das empresas, para posterior comparação com as perdas energéticas. A 
abordagem é qualitativa. 
 
 7
 No CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS – inicialmente são 
definidas as variáveis da pesquisa. Em seguida é apresentado o modo de obtenção dos 
dados. Também é abordado como é feita a pesquisa nas indústrias – seleção das empresas, 
tamanho da amostra, Erro da média. Por último é descrita a técnica para correlação entre 
as variáveis. 
No CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES – São apresentados os 
resultados obtidos junto às indústrias e feita uma análise e discussão desses resultados. 
No CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES – são apresentadas as conclusões da pesquisa, 
as recomendações e as sugestões para trabalhos futuros. 
Nas REFERÊNCIAS – são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas no 
trabalho. 
Os APÊNDICES – contêm: as correntes a vazio de referência que foram utilizadas 
no trabalho; um breve resumo com os principais resultados de um estudo sobre perdas 
elétricas em motor elétrico de indução pelo fator manutenção, que foi realizado pelo autor; 
os resultados do estudo com motores elétricos para validar o modelo matemático; os 
gráficos de dispersão usados na análise comparativa entre as variáveis pesquisadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 Usos finais de energia elétrica nas indústrias 
Em 1984 o Ministério das Minas e Energia coordenou, pela primeira vez no país, o 
“Balanço de Energia Útil”, desenvolvido pela Fundação para o Desenvolvimento 
Tecnológico da Engenharia (FDTE). Trata-se de um modelo para analisar o consumo 
energético, por meio de modelos conceituais e computacionais, considerando os usos finais 
de energia, bem como os rendimentos típicos para cada atividade e setor da economia 
nacional. O trabalho foi atualizado em 1994. A atualização mais recente foi feita em 2004 
e publicada em 2005. Para compor os coeficientes de destinação de energia, o trabalho 
contou com estudos das concessionárias de energia elétrica COPEL e CEMIG, da Agência 
para aplicação de energia do Estado de São Paulo, da FDTE, bem como informações de 
eficiência energética de estudos bibliográficos, de catálogos deequipamentos, de normas 
técnicas nacionais e internacionais e de teses acadêmicas (MME/FDTE, 2005). Os usos 
finais são: 
• Força motriz – É a energia usada em motores elétricos ou a combustíveis e 
destinados ao transporte, mistura, deformação, compressão de ar, 
bombeamento, ar condicionado, refrigeração e outros. Os motores elétricos com 
potência entre 5 CV e 50 CV são encontrados em indústrias de cerâmicas, 
química, alimentos e outras. Os motores acima de 50 CV são normalmente 
usados pelas indústrias de Ferro Gusa e Aço; Ferro Ligas; Mineração; 
Pelotização; Minerais não Ferrosos; Química; Açúcar; Alimentos e Bebidas; 
Têxtil; Papel e Celulose; Cimento. 
• Calor de processo – O uso de energia inclui geração de vapor e o aquecimento 
de água e de fluidos térmicos em caldeiras, aquecedores de fluído térmico, 
aquecedores de água, chuveiros, torneiras elétricas e outros, que são utilizados 
para transferir calor a outros processos. As caldeiras e os aquecedores 
industriais normalmente usam gás, óleo, carvão, bagaço de cana ou lenha como 
combustível e, com menor freqüência, a energia elétrica. 
 9
• Aquecimento direto – É a energia para aquecimento por convecção ou 
radiação em fornos, fornalhas, estufas, fogões, aquecedores de ambiente, 
inclusive fornos infravermelhos. A eletricidade é consumida por secadores e 
fornos elétricos (a plasma, resistência, indução, arco direto) utilizados nas 
indústrias de Ferro gusa e aço, Ferros-liga, Alumínio e Cerâmica. 
• Refrigeração e ar condicionado – A energia elétrica usada para esta aplicação 
(processo de compressão de vapor) é para preservação de produtos, 
principalmente nas indústrias de alimentos e bebidas, química e têxtil. Os 
equipamentos são: geladeiras industriais, centrais de refrigeração e resfriadores 
de água. 
• Iluminação – Nas indústrias, o consumo de energia elétrica em iluminação 
normalmente não é expressivo, se comparado com outros usos finais. 
• Eletroquímica – É a energia para processo de eletrólise, galvanoplastia e outros 
processos. Na indústria encontra-se basicamente em produção de alumínio e 
cobre (setor de não ferrosos) e de soda/cloro (setor de química). 
A Tabela 1 apresenta o percentual da destinação final de energia elétrica para 
diversos setores da indústria nacional, que varia em função do setor industrial. A Força 
Motriz consome a maior parte de energia elétrica da maioria das indústrias. 
 
Tabela 1 – Destinação percentual de energia elétrica final por setor 
Setores da indústria Força 
Motriz 
[%] 
Calor de 
Processo 
[%] 
Aquecim 
Direto 
[%] 
Refrig.
 
[%] 
Ilumin. 
 
[%] 
Eletroq. 
 
[%] 
Outros 
 
[%] 
Cimento 98,4 0,0 0,0 0,2 1,3 0,0 0,1 
Ferro gusa e aço 83,5 1,9 5,4 0,0 3,6 5,6 0,0 
Ferro-liga 2,9 0,0 96,5 0,2 0,4 0,0 0,0 
Mineração-Pelotiz. 92,4 1,5 4,0 0,0 2,0 0,0 0,1 
Minerais não ferrosos 30,3 0,0 30,5 0,0 0,2 38,9 0,1 
Química 73,7 1,9 1,9 2,3 2,6 17,4 0,2 
Alimentos e bebidas 62,2 7,1 7,2 18,4 4,6 0,4 0,1 
Têxtil 57,5 0,0 0,0 40,0 2,0 0,00 0,5 
Papel e celulose 94,8 3,0 0,0 0,6 1,6 0,0 0,0 
Cerâmica 90,0 0,0 6,4 0,0 3,6 0,0 0,0 
Outros 60,3 1,5 19,4 9,2 7,5 0,0 2,1 
Fonte: Balanço de Energia Útil – MME/FDTE (2005). 
 10
Em relação aos usos finais nas indústrias (Tabela 1), a Força Motriz apresenta o 
maior potencial de economia de energia elétrica, conforme o gráfico da Figura 2, a seguir. 
O setor de Alimentos e bebidas destina parte da eletricidade para ‘refrigeração’, um uso 
final que foi considerado somente a partir do Balanço de Energia Útil de 2004. 
0 20 40 60 80 100
Papel e celulose
Alimentos e bebidas
Químico
Cimento
Ferro gusa e aço
Têxtil
Cerâmica
Mineração
Se
to
re
s 
da
 in
dú
st
ria
Percentual ( % )
Força Motriz
Figura 2 – Potencial de economia de energia elétrica da Força Motriz, 
com relação aos outros usos finais de energia nas indústrias. 
 Fonte: Balanço de Energia Útil (MME/FDTE, 2005) 
A Figura 3 apresenta a evolução da energia perdida no Brasil em relação a 1984, 
em termos percentuais. (MME/FDTE, 2005). O setor residencial tem apresentado pouca 
variação, com leve tendência de redução das perdas. Isso indica que as medidas para 
eficientização do setor surtiram resultado. Nos setores industrial e comercial, que também 
abrangem organizações, as perdas de energia vêm aumentando ao longo dos anos. Isso 
significa que as medidas para eficientização nesses setores não têm surtindo os efeitos 
desejados, evidenciando barreiras para eficiência energética nas organizações. 
0
10
20
30
40
50
Energia 
perdida 
(%)
1994 2004
Anos
Industrial
Comercial
Residencial
 
Figura 3 – Evolução da energia perdida no Brasil em relação a 1984 
Fonte: Balanço de Energia Útil (MME/FDTE, 2005) 
 11
No Estado do Paraná, conforme dados da Federação das Indústrias Paranaenses 
(http://www.fiepr.org.br/fiepr/energia/eficientizacao/FreeComponent671content2657.shtml?webpContentPid
=2658), as indústrias que mais consomem energia elétrica pertencem ao ramo de Papel e 
celulose com 27,63 % da energia total; de Alimentos e bebidas com 23,20 %; de Produtos 
da madeira com 9,69 %; do setor Químico com 5,89%. 
Em torno de 83 % da eletricidade vêm da geração pública, 9 % dos autoprodutores 
e 8 % de importação (MME, 2005). De 2002 para 2003 houve um aumento de 4,7 % na 
geração dos autoprodutores de eletricidade e de 2003 para 2004 houve um aumento em 
torno de 8,1 % (Tabela 2). Isso tem um impacto socioeconômico positivo, não só na 
geração de empregos, mas na menor destinação de recursos públicos para a construção de 
novas usinas de energia elétrica. A Tabela 2 apresenta o perfil de oferta e consumo de 
energia elétrica no Brasil em 2003, 2004 e faz uma previsão para 2005 a partir do 
crescimento médio dos anos anteriores. 
Tabela 2 – Oferta e consumo final de energia elétrica no Brasil 
 2003 2004 2005 (estimativa) 
ENERGIA ELÉTRICA Un. Cons. Cresc. Cons. Cresc. Cons. Cresc. 
Geração pública TWh 329,2 5,6 % 349,6 6,1 % 370,6 6,0 % 
Autoprodutores TWh 35,7 4,7 % 37,9 8,1 % 40,3 6,4 % 
Importação TWh 37,1 1,5 % 34,4 0,6 % 34,8 1,1 % 
Disponibilidade TWh 402,1 5,2 % 424,8 5,8 % 448,2 5,5 % 
Perdas % 15,0 -0,1% 15,4 2,7 % 15,6 1,3 % 
Consumo Industrial TWh 160,4 5,1 % 172,1 7,1 % 182,6 6,1 % 
Consumo final TWh 341,9 5,4 % 359,6 5,2 % 378,7 5,3 % 
Fonte: MME (2005) 
 Alguns ramos industriais contribuem mais outros menos para gerar parte da 
energia elétrica consumida (Tabela 3). É importante destacar que a maior parte da geração 
de eletricidade dos autoprodutores é de origem térmica, com reflexos na emissão de gases 
de efeito estufa, principalmente CO2. O Estado do Paraná responde por 6,0 % da geração 
de autoprodutores de eletricidade do país (MME, 2005). 
Tabela 3 – Geração própria de eletricidade no Brasil 
RAMO TERMO (%) HIDRO (%) TOTAL (%) 
Papel e Celulose 42,8 4,5 47,3 
Metalurgia 7,7 13,1 20,8 
Químico 12,3 0,0 12,3 
Outros 0,6 2,3 2,9 
 Fonte: www.mme.gov.br/download. do?attachmentId=1310&download 
 12
2.2 Eficiência energética 
2.2.1 Conceito 
Em sistemas de conversão de energia (Kosov, 1986) o conceito de eficiência 
energética está ligado à minimização de perdas na conversão de energia primária em 
energia útil, que realiza trabalho. As perdas ocorrem para qualquer tipo de energia, seja 
térmica, mecânica ou elétrica. No Balanço Energético Nacional (BEN) do Ministério das 
Minas e Energia – MME (2005) – a Oferta Interna de Energia, ou a matriz energética, é 
obtida pela soma das perdas e do consumo final.A parir de 1970, o balanço vem 
registrando aumento das perdas na geração, distribuição e uso final de energia. A Figura 4 
mostra a evolução das perdas de energia no Brasil (em tep – tonelada equivalente de 
petróleo). 
 
Figura 4 – Evolução das perdas de energia no Brasil 
Fonte: Balanço Energético Nacional – MME (2005) 
 
Em países com grande geração térmica as perdas estão entre 25% e 30% da OIE. 
No Brasil, as perdas de energia atingem algo em torno de 10% da OIE. As perdas sobre a 
oferta total de energia elétrica saltaram de 14,8% em 2003 para 15,4% em 2004, 
representando um aumento de 4,1% (MME, 2005). Uma parte importante das perdas deve-
se aos os equipamentos e processos obsoletos utilizados em transportes, em residências ou 
indústrias (GOLDENBERG, 2000). Segundo Goldenberg, Eles foram desenvolvidos com o 
pensamento de um tempo em que os recursos energéticos eram fartos, baratos e não havia a 
preocupação com as questões ambientais. 
O tema eficiência energética estende-se basicamente por quatro dimensões: legal, 
ambiental, tecnológica e socioeconômica e financeira (SOLA, XAVIER e KOVALESKI, 
2006). Na “dimensão legal” destaca-se a importância tanto do Estado como do Governo 
Federal nas questões disciplinadoras do setor energético. Os aspectos de uso eficiente de 
 13
energia têm implicações diretas na “dimensão ambiental” e isso fica evidente com a 
preocupação da comunidade nacional e internacional quanto à sustentabilidade e os 
impactos ambientais da utilização das fontes energéticas. Na “dimensão tecnológica” 
destaca-se a importância da inovação tecnológica para a obtenção da eficiência energética. 
A “dimensão socioeconômica e financeira” enfatiza a importância da otimização dos 
recursos econômicos e financeiros na produção de bens e serviços, bem como 
oportunidade para geração de emprego e renda. Estas relações estão representadas na 
Figura 5 – Eficiência energética e suas dimensões. 
 
Figura 5 – Eficiência energética e suas dimensões 
Fonte: SOLA, XAVIER e KOVALESKI (2006). 
 
2.2.2 A dimensão legal 
A “dimensão legal” é constituída pela força do Estado, que cumpre seu papel de 
estabelecer e fazer cumprir as Leis na sociedade, conforme preceitos constitucionais. O 
Governo Federal pode gerir o setor energético por: formulação de políticas públicas, 
planejamento e regulação de mercado (BAJAY e CARVALHO, 1998). 
Diferentes impactos sociais e ambientais das fontes de energia podem justificar 
uma intervenção do Estado quanto às preferências da sociedade, quando os mecanismos de 
mercado forem limitados. Isso acontece com os chamados “bens públicos”, que são 
aqueles consumidos por todos e que não podem ficar restritos a uns poucos compradores 
(JANNUZZI, 2000, p. 3). É o caso da energia, água, melhoria da qualidade do ar, por 
exemplo. 
 14
Após a crise do setor elétrico em 2001 o Governo Federal, assumindo sua função 
disciplinadora e de regulação do setor energético, tomou algumas medidas (MME, 2003). 
As ações para o uso eficiente de energia – sobretudo elétrica – ganharam destaque por 
parte do Governo Federal com a Política Nacional de Eficiência Energética (MME, 2003). 
Dentre elas destaca-se a Lei 10295/2001, que dispões sobre a Política Nacional de 
Conservação e Uso Racional de Energia. A Política Pública de Eficiência Energética prevê 
a ampliação da legislação, com a definição de mecanismos de eficiência energética 
também para edificações, a exemplo do que ocorre em alguns países. O Governo Federal 
pretende também incentivar as empresas a incorporarem o tema eficiência energética nos 
Sistema de Gestão da Qualidade. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) foi criada pela 
Lei 10857/2004, com a finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas 
destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético. 
Outras ações importantes por parte do Governo Federal são os incentivos fiscais, 
como é o caso da redução da alíquota do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados de 
643 bens de capital, de 5% para 3,5 %. De acordo com o Decreto Presidencial 4928/2003, 
as empresas também podem deduzir do lucro líquido as despesas com pesquisa e 
desenvolvimento. Na determinação do lucro real a empresa pode deduzir até 100% dos 
investimentos em projetos de P&D, se houve pedido de patente no Instituto Nacional de 
Propriedade Industrial (INPI) e em pelo menos uma das seguintes entidades: Departamento 
Europeu de patentes; Departamento Japonês de patentes; Departamento Norte-Americano 
de patentes e marcas. 
As políticas de substituição de equipamentos, processos e fontes de energia 
dependem da eficácia das medidas governamentais. Os profissionais de projeto, das ESCO 
(Energy Service Companies) e ESE também dependem das medidas. Essas empresas 
mostram-se como um meio para ampliar e consolidar o mercado de eficiência energética, 
mas ainda enfrentam algumas dificuldades no Brasil, como baixa prioridade das empresas 
à eficiência energética; insegurança do mercado dificuldades em obter financiamento, etc. 
 Fatores sujeitos às leis de mercado, se não forem equilibrados por leis específicas, 
podem retardar o processo de renovação tecnológica. Além de ser viável, sob o ponto de 
vista de retorno financeiro em curto prazo, a substituição das tecnologias deve melhorar a 
qualidade dos processos e produtos fabricados. Se continuar em declínio o consumo de 
produtos derivados de petróleo e lenha e a oferta aumentar, o preço poderá cair, tornando-
se um atrativo aos usuários. Isto poderá desestimular o uso de fontes renováveis. 
 15
Para que as intenções políticas do Governo Federal sejam materializadas, o 
desempenho da economia do país deve ser levado em conta. Os fatores econômicos estão 
diretamente ligados à estabilidade política do Governo, conforme afirma o economista 
Furuguem (2004). Se o contexto político ficar turbulento, a oferta de financiamentos 
externos deverá retrair. Com isso, os investimentos externos serão reduzidos, o risco-Brasil 
subirá e haverá pressão sobre o dólar, sobre a inflação e sobre a taxa de juros. Isso 
impedirá o crescimento econômico e a geração de empregos. Se o Governo conseguir 
manter-se estável politicamente, a inflação será controlada e até cairá. A taxa de juros 
reduzirá, a economia será recuperada, com o PIB crescendo acima de 3% ao ano. Haverá, 
então, melhora na oferta de empregos e salários. 
Os programas governamentais da área energética, bem como os financiamentos são 
relevantes para o setor energético. Sem as medidas legais por parte do Estado e sem os 
incentivos governamentais, as ações na área energética ficam comprometidas. A eficácia 
das medidas governamentais, para conseguir planejar, regular e incentivar o uso racional 
de energia é fundamental para a consolidação do processo de eficiência energética no país. 
As medidas no setor energético no Brasil estão alinhadas com as preocupações da 
comunidade internacional relativas à mudança de clima – Protocolo de Kyoto/1997. O 
Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção das Nações Unidas em 4 de junho de 1992 
e o Congresso Nacional a ratificou em 1994. Os países se comprometem com: aumento da 
eficiência energética; redução da emissão de gases de efeito estufa; formas sustentáveis na 
agricultura; pesquisa e uso de fontes renováveis de energia; redução das imperfeições de 
mercado com incentivos fiscais e regulação (MCT, 2002). 
O Protocolo de Kyoto demonstra a mobilização da comunidade internacional para o 
desenvolvimento sustentável (MCT, 2005). Alinhado com Kyoto, o Brasil aprovou a Lei 
9.991/2000 que dispõe sobre realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e 
em eficiência energética por parte das empresas concessionárias,permissionárias e 
autorizadas do setor de energia elétrica. 
2.2.3 A dimensão ambiental 
A “dimensão ambiental” está ligada com a preocupação da sustentabilidade quanto 
ao uso dos recursos energéticos do planeta e à mudança climática ocasionada pela emissão 
de gases de efeito estufa. Quanto aos impactos ambientais: 
 16
Duas das maneiras em que os efeitos ambientais do setor elétrico podem ser 
minorados são através de eficiência energética e maior uso de renováveis. Maior 
eficiência energética tanto do lado da demanda como na oferta (melhorando o 
desempenho das usinas elétricas existentes, investindo em novas tecnologias de 
produção e diminuindo as perdas em T&D) são maneiras de reduzir os problemas 
ambientais como poluição atmosférica das usinas termoelétricas, por exemplo. A 
maior utilização de fontes renováveis como solar em substituição a carvão ou óleo 
combustível reduz drasticamente as emissões de poluentes. As decisões que o 
setor energético pode realizar, seja na escolha de tecnologias para produção, tipo 
de combustível, gerenciamento de carga, investimento em eficiência energética e 
mesmo sua formação de preços para o consumidor, têm influência causando 
maiores ou menores impactos ao meio ambiente. (JANNUZZI, 2000, p. 53). 
Uma análise acerca da substituição dos combustíveis fósseis por fontes alternativas 
de energia provenientes da biomassa é o objetivo do trabalho de Klippel, Antunes Júnior e 
Koetz (2003). Os autores discutem: a importância da preservação ambiental e da qualidade 
de vida; os problemas relativos ao clima do planeta, com a liberação de gás carbônico 
(CO2) a partir dos combustíveis fósseis; a escassez dos recursos naturais fósseis (petróleo, 
carvão mineral, etc.). Cada 10 kWh de energia elétrica economizada evita 4 kg/h de CO2 
na atmosfera (SAIDEL, FAVATO e MORALES, 2005, p. 133). 
Com relação à produção e uso de energia, outras questões são destacadas sob o 
ponto de vista ambiental: a produção de energia limpa e o uso racional de energia, pela 
população e pelo setor industrial. Destaca-se a importância de melhoria na gestão interna 
das indústrias, investindo-se em novas tecnologias, práticas gerenciais e condições 
ambientais. Também é destacada a importância da obtenção de conforto por parte da 
população, mas com redução de gastos de energia, poupando o meio ambiente (COLUSSO 
e GODOY, 2001). Para Silva, J.C.T. (2005, p. 48) “Se uma organização desenvolve suas 
micro-tecnologias de produto e processo, ela tem capabilidade de interferir e modificar 
essas tecnologias, visando à redução de resíduos, emissões e de energia, ou seja, em 
direção à produção limpa”. 
Em termos globais, a eficiência na conversão de energia primária em energia útil é 
de aproximadamente um terço (33%). Ou seja, dois terços da energia primária são 
dissipados no processo de conversão, principalmente sob a forma de calor a baixas 
temperaturas. O consumo de energia está crescendo, o que levará inevitavelmente à 
exaustão rápida das reservas de combustíveis fósseis, agravando também os problemas 
 17
ambientais. Para Goldemberg (2000), a solução para esse problema consiste em melhorar a 
eficiência dos equipamentos, aumentar a participação das fontes renováveis de energia e 
acelerar o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias, como as células a 
combustível, a partir do hidrogênio. Segundo o autor: 
 A maioria dos equipamentos e processos utilizados nos dias de hoje nos setores de 
transporte, industrial e residencial foi desenvolvida numa época de energia 
abundante e barata e quando as preocupações ambientais ou não existiam ou eram 
pouco compreendidas (GOLDEMBERG, 2000, p. 91-97). 
No Brasil, cerca de 43,9 % da OIE tem origem em fontes renováveis de energia, 
enquanto que no mundo essa taxa é de 13,6 % e nos países desenvolvidos é de 6 %. A 
geração hidráulica contribui com 14,4 pontos percentuais da energia renovável e a 
biomassa com 29,4 pontos percentuais. Os 56,1 % restantes da OIE são de fontes fósseis e 
outras energias não renováveis. No Brasil, em particular, o maior percentual do uso de 
energia renovável em relação ao mundo resulta do grande desenvolvimento do parque 
gerador de energia hidrelétrica, desde a década de 50, e de políticas públicas adotadas após 
a segunda crise do petróleo em 1979 (MME, 2005). 
As usinas hidrelétricas são consideradas fontes limpas de energia, mas também 
causam impactos ambientais: inundam áreas extensas de produção de alimentos e florestas; 
alteram o funcionamento dos rios; afetam o meio ambiente, prejudicando muitas espécies 
de seres vivos, como a migração e reprodução de peixes, aves e outras espécies; alteram o 
funcionamento dos rios; geram resíduos nas atividades de manutenção das máquinas e 
equipamentos. O uso de energia limpa e renovável, questões climáticas e a melhoria da 
qualidade de vida são pontos fundamentais para o desenvolvimento sustentável. 
2.2.4 A dimensão tecnológica 
A “dimensão tecnológica” procura tratar do modo como as organizações usam os 
recursos tecnológicos dentro do sistema produtivo. No mundo atual, a inovação 
tecnológica é considerada o principal agente de mudança. As inovações tecnológicas não 
só incluem novos produtos, processos e serviços, mas também incluem mudanças 
tecnológicas em produtos, processos e serviços existentes (REIS, 2004). 
O termo tecnologia pressupõe um conjunto de conhecimentos tecnocientíficos 
aplicáveis à produção ou na melhoria de bens e serviços. Para Reis (2004, p. 38), “a 
tecnologia compreende o conjunto de conhecimentos científicos aplicáveis a uma variada 
 18
gama de projetos, processos e produtos que são empregados pela engenharia e pela 
indústria em suas finalidades específicas”. A “tecnologia materializada” diz respeito aos 
equipamentos e artefatos usados no processo produtivo. A “tecnologia documentada” trata 
dos documentos que descrevem e expliquem a solução de problemas, como manuais e 
procedimentos. A “tecnologia imaterial” está relacionada ao conjunto de conhecimentos 
teóricos e práticos para idealizar ou produzir bens e serviços (REIS, 2004, p. 36). 
Quanto à eficiência energética, a tecnologia materializada implica no conjunto de 
tecnologias energeticamente eficientes – materiais, equipamentos, dispositivos, etc. A 
tecnologia documentada requer procedimentos de gestão energética e gestão da 
manutenção no sistema de documentação da organização. A tecnologia imaterial está 
ligada à conscientização para eficiência energética (que inicia pela Direção da empresa) e 
ao preparo das pessoas para desenvolver e usar novas tecnologias energeticamente 
eficientes. 
Segundo previsões de Frank Gens (2004), vice-presidente da IDC (Internacional 
Data Corporation) Mundial há uma tendência dos investimentos em TI – Tecnologia da 
Informação – migrarem da administração de retenção de custo e infra-estrutura para o 
crescimento e ações direcionadas à eficiência. Nas indústrias os dispositivos de automação, 
como circuitos microcontrolados, CLP, ou redes de controle, monitoram as variáveis dos 
processos – temperatura, pressão, etc. As características de rendimento e consumo de 
energia são implícitas às máquinas e dispositivos em geral. Redes de controle, como 
profibus e fieldbus já utilizam o princípio de autonomia. Dispositivos de campo, ligados 
aos seus servidores, têm microcontroladores, programados para assumir operações de 
controle caso haja algum problema com a rede. Além de monitorar consumo de energia, 
como ocorre hoje, as perdas energéticas também podem ser acompanhadas por circuitos 
microcontrolados, que indicam ao usuário o momento da manutenção no equipamento. 
Isso evita desperdícios de energia, na medida em queos equipamentos sofrem desgaste 
natural com o uso (SOLA, XAVIER e MARÇAL, 2005). 
Nas empresas são encontrados equipamentos e dispositivos microcontrolados com 
sistemas eletrônicos de potência. É o caso de motores elétricos com controle eletrônico de 
partida, velocidade e freqüência. Isso pode se estender para os setores comercial e 
residencial. Equipamentos microcontrolados, programados com softwares embarcados, 
dotados de inteligência artificial, poderão, dentre outras tarefas, fazer também o controle 
de consumo de energia. Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, considerando um 
 19
cenário favorável capaz de atrair investimentos externos, o mercado poderá se abrir para o 
desenvolvimento de pesquisas em Universidades e projetos na área. 
A inovação tecnológica implica em conceber novos produtos, processos ou 
serviços, ou a melhoria significativa de seus atributos, a partir da aplicação de novos 
conhecimentos tecnológicos. O processo de inovação não pode ficar restrito à organização, 
mas exige colaboração intensiva entre diversas entidades, como Institutos de Pesquisa, 
Universidades e empresas de projeto. O produto inovado deve ter aceitação no mercado e 
trazer rentabilidade para a empresa inovadora (REIS, 2004, p. 45). 
No Brasil, a taxa de inovação é de 31,5%, contra 60% na Alemanha (FINEP, 2004). 
Mas existem bons exemplos de empresas inovadoras no país. A empresa SMAR, de 
Sertãozinho (SP), é a maior fabricante de instrumentos para controle de processos do país. 
É pioneira e líder mundial da tecnologia Foundation Fieldbus, possuindo mais de 100 
representantes em 77 países. Investe 6,15 % de seu faturamento em P&D, um índice 
superior ao das empresas similares, que é de 3,81 %. Dos 1060 funcionários, 16,8 % 
trabalham em pesquisa e desenvolvimento, um índice acima do mercado, que é de 3,89 %. 
Possui oito patentes concedidas nos Estados Unidos e mais 35 em andamento. Do seu 
faturamento, 10 % são provenientes de produtos lançados há menos de três anos. 
O grande desafio está no desenvolvimento de fontes energéticas que não façam uso 
da combustão para gerar energia elétrica. Desde 1995 o Ministério da Ciência e Tecnologia 
vem trabalhando em novas tecnologias, como o sistema de célula a combustível, que usa 
elemento como o etanol para produzir hidrogênio e gerar energia elétrica (MCT, 2002). 
Uma fonte não poluente que não gera gases de efeito estufa, pois não usa o princípio da 
combustão, e tem como produtos finais da reação química o calor e a água, que podem ser 
usados em outros processos. Há fortes evidências dos crescentes impactos ambientais em 
decorrência do uso de fontes e tecnologias de combustão. Novas tecnologias precisam ser 
desenvolvidas. É fundamental um esforço para se desenvolver tecnologias energeticamente 
eficientes que sejam atraentes aos consumidores, em termos de preço e aplicação, frente às 
tecnologias obsoletas (JANNUZZI, 2000, p. 100). 
Para o setor industrial existem diversas tecnologias de conservação de energia que 
podem ser empregadas. Goldemberg (2000, p. 91-97) classifica essas tecnologias em dois 
tipos: “componentes básicos” e “tecnologias com aplicações individuais”. 
 
 20
Na categoria de “componentes básicos” estão incluídos: 
• Motores/engrenagens ⎯ desenvolvimento de controladores de motor mais 
rápidos e mais inteligentes (com novos sistemas eletrônicos de potência); 
• Caldeiras para a produção de vapor ou de água quente (usando queimadores de 
pequena emissão); 
• Compressores com superisolamento contra barulho para uso no trabalho; 
• Sistemas de manejo energético para processos industriais e construções. 
Na categoria de “tecnologias com aplicações individuais” podem ser incluídos: 
• Controle de processo (novos sensores, microeletrônica); 
• Separação de substâncias a baixas temperaturas (por meio de membranas); 
• Processamento a laser (têmpera, corte e perfuração de buracos no aço); 
• Aquecimento infravermelho, secagem; 
• Aquecimento solar para a indústria (especialmente nos climas mais quentes). 
O Balanço de Energia Útil mostra que tem havido melhoria dos rendimentos dos 
energéticos nos diversos usos finais, devido ao avanço tecnológico, conforme a Tabela 4. 
Portanto, a inovação tecnológica existe, mas precisa ser aplicada no uso final. 
Tabela 4 – Rendimentos energéticos médios 
USOS FINAIS 1984 1994 2004 
Força motriz 39,2 % 44,0 % 47,1 % 
Calor de processo 70,3 % 76,2 % 78,9 % 
Aquecimento direto 42,8 % 51,6 % 56,5 % 
Iluminação 49,0 % 60,2 % 66,5 % 
Eletroquímica 8,1 % 16,2 % 19,5 % 
Refrigeração 46,3 % 49,8 % 54,4 % 
 Fonte: Balanço de Energia Útil – MME/FDTE (2005). 
Conforme Jannuzzi (2000), a inovação também depende de uma regulação eficaz, 
de incentivos fiscais e financiamentos. Um outro aspecto destacado por Jannuzzi (2000, p. 
103) é que uma concessionária não tem interesse em investir em eficiência energética, pois 
esses programas podem representar perda de receita, na medida em que reduz o consumo 
de energia. Por outro lado, também se pode pensar que, se uma empresa economiza 
energia, sobra mais energia para a concessionária vender e aumentar sua receita. 
 21
 Algumas Universidades têm ajudado pesquisadores a interagir com empresas e 
estimulado o desenvolvimento de novas tecnologias. Com mecanismos adequados de 
cooperação universidade-empresa, para transferência de tecnologia, projetos de eficiência 
energética também podem ser viabilizados junto ao setor produtivo (SOLA, XAVIER e 
KOVALESKI, 2005). 
No Brasil, o processo de transferência de tecnologia de universidades para a 
iniciativa privada ainda avança de modo tímido, segundo Reis (2004). Existem entraves 
burocráticos, como exigência de requisitos para aprovação de projetos, tempo e custo, para 
que pesquisas deixem de ser apenas teses. Muitos empresários não têm conhecimento do 
potencial tecnológico produzido pelas instituições de ensino. As empresas de diversos 
ramos não estão estruturadas para adquirir conhecimento e transformá-lo em produto 
(REIS, 2004). 
Para transpor as barreiras para a pesquisa científica no país foi sancionada a Lei de 
inovação tecnológica (Lei 10973/2004) que dispõe sobre incentivos à inovação e à 
pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. A Lei estabelece medidas para 
incentivar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica na produção, com vistas à 
capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do 
país. 
Existem projetos bem-sucedidos em Universidades. Em menos de um ano, a 
Agência de Inovação da Unicamp (Inova) estruturou todo o departamento e iniciou o 
processo de licenciamento das patentes da universidade. Foram fechados quatro contratos 
desde janeiro e outros cinco contratos estão na fase final de negociação. A Unicamp tem 
300 pesquisas patenteadas. O titular da patente, de acordo com a legislação, é a 
universidade. O pesquisador é apenas o autor da pesquisa, mas os recursos obtidos com os 
contratos beneficiam tanto a universidade quanto o pesquisador. A tramitação 
administrativa, técnica e jurídica representa um entrave para se patentear uma pesquisa. 
 A Lei 9279/1996 – da propriedade industrial – regula direitos e obrigações 
relativos à propriedade industrial. Protege os direitos relativos à propriedade industrial, 
considerando o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 
Efetua-se mediante a concessão de patentes de invenção e registros. No Brasil, o órgão 
responsável por executar no âmbito nacional as normas que regulam a propriedade 
industrial, segundo a Lei, é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma 
 22
autarquia Federal criada em 1970 e vinculada ao Ministériodo Desenvolvimento, Indústria 
e Comércio. 
O INPI, responsável pelo registro de marcas e patentes, analisa 30 mil processos 
anualmente, sob responsabilidade de 80 técnicos. Além das despesas com taxas 
administrativas, o tempo para se ter um pedido de patente aprovado pode chegar a oito 
anos. O processo de patenteamento no Brasil é demorado e caro. Após o depósito inicial, é 
necessário pagar pedido de exame, expedição de carta-patente e anuidades, que mudam a 
cada três anos (ARBACHE, 2004). 
As medidas do Governo Federal para incentivo à inovação, com a criação também 
de mecanismos de gestão aplicáveis às instituições científicas e tecnológicas, são 
importantes. Aspectos relevantes da Lei de inovação são aplicáveis, tais como: 
flexibilidade da instituição Científica e Tecnológica para contratar pessoal e celebrar 
contratos; titularidade das criações, divisão de resultados, estímulo ao pesquisador, 
prêmios; gestão da inovação, no sentido de que as instituições científicas e tecnológicas 
disponham de núcleo de inovação tecnológica, próprios ou em parcerias com terceiros, 
com a finalidade de gerir a política de inovação; estímulo ao inventor independente; 
estímulo à inovação ás empresas; autorização da criação de fundos de investimentos, 
determinando também competências para regular o funcionamento e a administração 
desses fundos. 
2.2.5 A dimensão socioeconômica e financeira 
A “dimensão socioeconômica e financeira” preocupa-se com a aplicação de 
recursos financeiros, tanto na produção e uso de energia como na produção de bens e 
serviços que demandam energia. Projeção do MME (2005) prevê aumento de consumo de 
energia e de bens nas classes A e C, com a recuperação real dos salários a partir de 2007. A 
classe social com melhor renda retomará o pleno uso da eletricidade. Consumidores de 
regiões carentes terão acesso pela primeira vez aos benefícios da energia elétrica. 
Na produção de energia elétrica as fontes alternativas de energia ainda têm alto 
custo. Para Jannuzzi (2000, p. 45), “fontes renováveis estão em desvantagem em um 
ambiente de maior competição para produção de eletricidade, pois ainda apresentam custos 
maiores e requerem investimentos em P&D em muitos casos”. Quanto à produção de bens 
e serviços, melhorar a eficiência energética implica em minimizar os custos de produção e, 
com isso, aumentar a competitividade das empresas. 
 23
A biomassa é uma das fontes renováveis de energia que tem despertado grande 
interesse da comunidade científica, por tratar-se de alternativa economicamente viável, se 
comparada a projetos tradicionais. É importante explorar regiões em que a demanda de 
biomassa é significativa (ALVES JUNIOR, GUIMARÃES e SANTOS, 2004). 
O setor termoelétrico, principalmente com o uso de carvão mineral para a geração 
de calor, também tem o seu lugar de destaque (MICHELINI et al, 2004). Um conjunto de 
indicadores de ecoeficiência é aplicado ao setor termelétrico, como uma ferramenta 
gerencial para auxiliar na conciliação entre ganhos econômicos e ambientais. O 
planejamento energético exige visão, estratégia e competência técnica e prevê a redução de 
consumo de materiais, redução de emissão de substâncias tóxicas, a reciclagem de resíduos 
e a maximização do uso sustentável de recursos renováveis. 
Na produção, a adequação das tarifas de energia elétrica e de contrato com a 
concessionária de energia podem otimizar os custos de energia (DELAÍBA, et al, 2005). 
Nas indústrias, o processo de adequação da força motriz envolve planejamento para dez 
anos (tempo médio de vida dos motores), análise técnica e também uma rigorosa análise 
econômica e financeira - valor presente líquido, custo-benefício, tempo de retorno de 
capital e taxa interna de retorno (LOPES, 2005). 
A necessidade de um sistema elétrico confiável e o aumento nas perdas de energia e 
pressões ambientais, principalmente da comunidade internacional, tudo isso fez com que 
fossem intensificadas as ações de eficiência energética na geração, distribuição e no 
consumo final por parte do Governo Federal Brasileiro. A crise no setor elétrico brasileiro, 
evidenciada a partir de 2001, com os “apagões”, implicou em racionamento de energia 
elétrica e trouxe perdas para o país, tanto para empresas como para a população, mas 
também foi um alerta para o uso racional de energia (MME, 2002). As medidas 
governamentais dos últimos anos, como as novas regras do setor elétrico e o Plano do 
Governo Federal (PPA 2004-2007), trazem perspectivas e impactos para o setor produtivo. 
Para promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica, 
foram tomadas algumas medidas governamentais. Conforme Jannuzzi (2000, p. 88), fica 
evidente a tendência do Governo Federal de atuar de forma indireta no setor energético, 
usando menos recursos públicos, de impostos, e mais recursos dos próprios consumidores 
de energia – não devendo acontecer o mesmo para eficiência energética e P&D de interesse 
público. 
 24
As indústrias consomem praticamente a metade da energia elétrica produzida no 
país e fabricam bens que consomem energia (MME, 2005). Diante disso, o setor industrial 
possui grande relevância para o setor energético do país. A exemplo do que já ocorre 
atualmente para motores trifásicos de indução, poderão ser exigidos índices mínimos de 
eficiência energética para outros equipamentos elétricos, por meio de Lei. Por outro lado, é 
uma oportunidade para que as empresas invistam em produtos energeticamente eficientes, 
gerando emprego e renda para o país. 
Eficiência energética não só é uma oportunidade para que as empresas reduzam 
custos operacionais e melhorem a competitividade, mas também ampliem suas 
oportunidades de mercado. Portanto, o tema em questão possui grande impacto 
socioeconômico. Além de ser um tema relevante para a comunidade internacional e para o 
Brasil, não só do ponto de vista econômico, mas ambiental, eficiência energética faz parte 
do processo de melhoria contínua do sistema produtivo. 
2.2.6 Barreiras organizacionais 
Nas organizações, a responsabilidade da administração implica em ações tanto no 
planejamento estratégico como no processo de gestão, relativas à liderança organizacional 
(DEMING, 1990; ROBBINS, 2002). A gestão deve ter o foco no ser humano, pois, 
segundo Deming (1990, p.14), em uma empresa “a transformação somente poderá ser 
realizada pelo homem, não por máquinas”. Dentre os obstáculos para um bom desempenho 
de uma organização, Deming (1990) destaca: 
• Crença da administração de que cada funcionário deve ‘fazer o que pode’ para 
melhorar, sem uma ação integrada e sem conhecimento do que fazer; 
• Foco no curto prazo por parte dos administradores; 
• Crença de que as novas tecnologias de automação e os computadores por si só 
resolverão todos os problemas da empresa; 
• Falta de ação, acreditando que só o apoio da direção basta; 
• Dificuldade de interação entre os departamentos da empresa; 
• Falta de engajamento por parte de todos os funcionários da organização; 
• Emprego de práticas que estimulam a competição interna na organização e 
eliminam o orgulho das pessoas pelo seu desempenho; 
 25
• Ausência de treinamento, programa de educação e auto-aprimoramento; 
• Obsoletismo do sistema de ensino, que tem o foco no “status” ou no “diploma” 
e não na formação pessoal e profissional de forma ética; 
Um estudo sobre barreiras organizacionais para incorporação de novas tecnologias 
recomenda: programa de capacitação nas áreas gerencial e técnica; um meio eficiente de 
comunicação entre as pessoas; definição de um grupo de coordenação dos trabalhos. O 
estudo também destaca a importância da organização rever sua estrutura, no sentido de

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