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Análise da Tirinha de Gilmar

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Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Curso: Letras Vernáculas/Português II
Disciplina: Estabelecimentos do Estudo Linguístico (Cristhiane Ferreguett)
Discente: Eduarda dos Santos Figueiredo e Mateus Pereira de Souza
Análise do discurso. 
Em nosso cotidiano estamos envoltos por diversos discursos, repletos de relações de sentidos, de ideologias, metáforas, ditos e não ditos. Estimulados pela nossa professora, Cristhiane Ferreguett, iremos fazer uma análise discursiva com base no livro Análise de Discurso de Eni Puccinelli Orlandi que trata da Análise do Discurso (AD) trabalhada por Michel Pêcheux e também, no livro de autoria de Ferreguett, Criança e Propaganda: Os artifícios linguísticos e imagéticos utilizados pela publicidade.
O objeto de analise que iremos trabalhar é uma tira de autoria de Gilmar Barbosa, visível na imagem acima do texto. 
Compreendamos primeiro, do que se trata a AD. Ela é uma das disciplinas que se ocupam da linguagem e foi fundada por Michel Pêcheux no final da década de 60, os três suportes teóricos utilizados pelo mesmo são: Ferdinand Saussure, Kal Marx e Sigmund Freud. De modo que, expandiu os âmbitos da psicanálise, da linguística e do Marxismo, dando início a uma disciplina que trabalha relações entre o sujeito, a língua e a História. Em síntese a AD “trabalha uma noção – a de discurso – que não se reduz ao objeto da linguística, nem se deixa absorver pela teoria Marxista e tão pouco corresponde ao que teoriza a Psicanálise.” Trabalha com o “processo”, ou melhor, com o “discurso em processo”. Orlandi afirma que o objetivo do analista é compreender como o discurso funciona, isto é, como ele produz sentidos. [1: ORLANDI; Eni Puccinelli; A Analise do Discurso; 2000; p.20]
O discurso trabalhado por Pêcheux, tem como sua definição a palavra em movimento, prática de linguagem. Ao analisarmos um discurso observa-se o homem falando, no caso o emissor, temos também o receptor, seguido do código, do referente e por fim da mensagem. As condições para a produção que constituem um discurso, funcionam em consonância com dados fatores. São eles: a) as relações de sentido: não há discurso que não se relacione a outros. b) mecanismo de antecipação: é a faculdade de nos colocarmos no lugar do outro, no caso, do nosso interlocutor. c) relação de forças: “O lugar a partir do qual fala o sujeito é constitutivo, é a base do que ele diz. De modo que, o lugar de poder do qual fala o sujeito, faz “valer” a comunicação.[2: ORLANDI, Eni Puccinelli; op. cit.; p.39]
Na análise do discurso impresso na tira de Gilmar, buscamos primeiro identificar o sujeito, segundo Orlandi, o sujeito na AD seria aquele que diz, que acha que sabe o que diz, que provoca e sente os sentidos que um discurso pode acarretar. Ele é impelido de um lado, pela língua e, de outro, pelo mundo, pela sua experiência de vida e tudo que isto envolve, que representam no discurso as injunções ideológicas. 
Identifica-se dois sujeitos, um deles (sujeito dois) impelido pela língua usa de metáfora como resposta a uma provocação. Ao dizer que seu pai já foi deputado, prefeito e governador, ele o igualou ou até mesmo o fez superior ao pai do outro sujeito (sujeito um), caracterizado como sequestrador, traficante e assaltante de banco. O discurso utilizado traz no seio as injunções ideológicas. A ideologia aqui trabalhada aparece como efeito da relação necessária do sujeito com a língua e com a história para que haja sentido. 
Essa relação língua-história-ideologia-discurso, juntamente com o interdiscurso, definido por Orlandi como “o saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré-constituído, o já-dito que está na base do dizível, sustentando cada palavra”, que nos permite produzir e compreender um discurso. Dessa forma, compreendemos o discurso do sujeito um e o identificamos como discurso crítico político, pois o sentido utilizado nesse discurso, já foi construído em outra época por outro falante, possibilitando e sustentando todo o dizer, que é fundamental para a compreensão do funcionamento do discurso, a sua relação com sujeitos e com a ideologia. Consoante Orlandi, para que minhas palavras possuam um sentido, é necessário que elas já façam sentido. [3: ORLANDI, Eni Puccinelli; op. cit. p.31][4: ORLANDI, Eni Puccinelli; op.cit.; p.32][5: ORLANDI, Eni Puccinelli; op.cit.; p.33]
Além dos elementos já citados, temos também a presença do esquecimento n° 2, chamado de esquecimento enunciativo, que é a “ilusão do sujeito de ser aquele que decide como irá formular o que irá dizer; no entanto, famílias parafrásticas revelam que o dizer sempre poderia ter sido dito de outra forma” e este mecanismo é semiconsciente. O sujeito n° dois poderia ter dito apenas “ah, meu pai é politico, ele é pior e superior ao seu” ou diversos outros discursos, mas não é esse discurso, ou, outro que se encontra na tira de Gilmar, e sim o que está escrito; por pensar, que aquele discurso só poderia ser dito daquela forma. [6: PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso (AAD-69) in GADET, Françoise. HAK, Tony. (orgs.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra	de Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1997ª. Pp.61-161]
No objeto de análise, temos o dito, denominado intradiscurso, o eixo das formulações, isto é, aquilo que dizemos naquele dado momento, em condições dadas. Ele tem ralação direta com o já citado interdiscurso, dado que os dizeres dos nossos dias atuais têm seus sentidos construídos pelas formulações já feitas e esquecidas, sendo elas, ditas ou escritas, atravessadas pela memória dos dizeres ditos e ou que poderão ser ditos ou escritos. Além desse, temos o não-dito, que como o nome já evidencia, é aquilo que poderia ser dito, mas não foi. O não-dito neste caso poderia ser, “Grande coisa, meu pai é mais bandido que o seu, pois ele rouba de todo o país”, dentre outras diversas possibilidades.[7: ORLANDI, Eni Puccinelli; op. cit.; p.32]
Como se pode observar, por meio desta análise, compreendemos que um discurso nunca é apenas palavras com um conceito ou significado, a linguagem não é transparente, existe todo um conjunto de elementos e mecanismos na produção de um discurso que provocam diversos sentidos, e mais que isso, que possibilitam a produção de todos os discursos e sustentam todos os dizeres. 
REFERÊNCIAS
ORLANDI, Eni Puccinelli; A Analise do Discurso; Campinas – SP; Pontes, 2000. 
FERREGUETT, Cristhiane; Criança e propaganda: os artifícios linguísticos imagéticos utilizados pela publicidade; São Paulo: Baraúna, 2009.

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