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Apostila PPR cap 6

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Barras ou Conexões Maiores Inferiores - 49 
 
CAPÍTULO 6 – BARRAS OU 
CONEXÕES MAIORES INFERIORES 
 
1- Conceito, funções e relacionamento com 
os tecidos mucosos 
 O requisito fundamental na reabilitação 
de arcos parcialmente desdentados com próte-
ses parciais removíveis é a distribuição bilateral 
de forças. Isso significa que, mesmo quando o 
espaço desdentado localiza-se em apenas um 
lado do arco, sempre se deve planejar compo-
nentes da prótese no lado oposto. A união en-
tre todas as partes constituintes é feita pelas 
conexões maiores ou barras, que por serem 
rígidas, possibilitam a correta distribuição das 
forças para todos os componentes de suporte 
da prótese. 
 A rigidez é um requisito fundamental, 
tanto para as barras superiores como para as 
inferiores. Entretanto, as barras inferiores de-
vem apresentar relação de alívio com a fibro-
mucosa, ao contrário das barras superiores. 
Isso se deve ao fato da fibromucosa de reves-
timento da mandíbula ser delgada, móvel, com 
inervação e irrigação sangüínea superficiais, 
não permitindo relação de contato. 
 A quantidade de alívio varia depen-
dendo da característica do arco. Assim, se um 
rebordo apresenta uma vertente lingual vertical, 
o alívio será mínimo (1 a 1,5 mm) apenas para 
evitar o contato da barra com a fibromucosa 
(Figura 1). Se a vertente possuir inclinação 
para vestibular e o eixo de inserção e remoção 
da prótese coincidir com a inclinação, a quanti-
dade de alívio continuará sendo a mesma (Fi-
gura 2). Porém, se a trajetória de inserção e 
remoção da prótese não for paralela à inclina-
ção do rebordo, o alívio realizado deverá ser 
maior, para evitar injúrias aos tecidos, quando 
a prótese estiver totalmente assentada. 
 
 
 
Figura 1- Alívio em vertente lingual vertical 
 
 
 
Figura 2: Alívio em vertente lingual inclinada 
 
 Além disso, o paciente pode apresentar 
saliências ósseas que são interferências à in-
serção e remoção da prótese, necessitando de 
um alívio maior (Figura 3). 
 
 
 
Figura 3: Alívio em casos de saliência óssea. 
 
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 Nos casos de extremidade livre, devido 
à movimentação da sela durante a função, a 
quantidade de alívio será determinada, tam-
bém, pelo número de dentes remanescentes. 
Se o paciente apresenta até pré-molares, a 
sela e a barra ficarão situadas em lados opos-
tos em relação à linha de fulcro, ou rotação (R), 
que passa pelos apoios oclusais principais, 
formando uma alavanca de 1
º 
gênero. Assim, 
toda vez que uma força incidir sobre os dentes 
artificiais, a sela irá se movimentar em direção 
ao rebordo, e a barra, localizada anteriormente 
à linha de fulcro, irá se deslocar para cima, 
afastando-se da vertente lingual do rebordo. 
Nesses casos, a quantidade de alívio necessá-
ria é de 1 a 1,5 mm, apenas para evitar o con-
tato da prótese com a fibromucosa (Figuras 4 e 
5). 
 
 
Figura 4 - Dentes remanescentes até pré-molares. 
 
Quando o número de dentes remanes-
centes diminui, a barra e a sela passam a se 
localizar do mesmo lado em relação à linha de 
fulcro, caracterizando uma alavanca do 2
º
 gê-
nero. Assim, quando forças incidem sobre os 
dentes artificiais, a sela se desloca em direção 
ao rebordo e a barra se movimenta no mesmo 
sentido, de encontro à vertente lingual do re-
bordo. Nessa situação, a quantidade de alívio 
deve ser maior, evitando que, durante a função, 
ocorra contato da barra com a mucosa e con-
seqüente injúria aos tecidos nessa região (Fi-
guras 6 e 7). 
 
 
Figura 5 - Alívio de 1 a 1,5mm. 
 
 
 
Figura 6 - Dentes remanescentes até caninos. 
 
 
 
Figura 7- Alívio maior que 1,5 mm 
 
R 
R 
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Conexões Maiores Inferiores 
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CONEXÕES MAIORES UTILIZADAS PARA O 
ARCO INFERIOR 
 
Para o arco inferior, os tipos de cone-
xões maiores mais utilizados são: barra lingual 
e placa lingual. 
 
1- Barra lingual 
 Em corte transversal, a barra apresenta 
forma de meia pêra, sendo sua parte inferior, 
mais volumosa, voltada para o soalho da boca. 
Deve apresentar em torno de 5 mm de largura 
e 3 a 4 mm de espessura para proporcionar 
rigidez. Sua borda superior deve ficar de 4 a 5 
mm da margem gengival, evitando trauma por 
compressão ao periodonto de proteção, permi-
tindo o escoamento dos alimentos e reduzindo 
ainda o acúmulo de placa bacteriana. Sua bor-
da inferior deve ficar ligeiramente aquém do 
fundo de sulco lingual (Figura 8). Desse modo, 
esse tipo de barra só pode ser indicada quando 
o paciente apresentar uma altura de 9 a 10 mm 
entre a margem gengival e o fundo de sulco 
lingual, estando com a língua ligeiramente ele-
vada (Figura 9). 
 
 
Figura 8 - Distância da borda inferior da prótese ao fundo 
de sulco lingual. (substituir foto) 
 
Nas extremidades livres (classe I e II), 
o limite posterior da barra lingual deve se 
estender um pouco além da superfície distal do 
dente pilar principal, até unir-se ao braço do 
grampo de Roach e à sela metálica. Em função 
do alívio, a barra não participa da transmissão 
de forças, portanto, não é necessário estendê-
la até o final do rebordo. Nos hemi-arcos den-
tados ou intercalados (classes II, III e IV), o 
limite posterior dessa barra deve ser o último 
apoio oclusal (Figuras 10, 11 e 12) 
 
 
Figura 9 - Distância da margem gengival livre ao fundo de 
sulco lingual 
 
 
 
 
Figura 10- Arco tipo classe I de Kennedy. 
 
 
Figura 11 - Arco tipo classe II modificação 1 de Kennedy. 
 
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Figura 12 - Arco tipo classe IV de Kennedy. 
 
2- Placa lingual 
 Quando o paciente não possuir altura 
de 9 a 10 mm entre margem gengival e fundo 
de sulco lingual, se a barra lingual for indicada 
poderão ocorrer duas situações: 1) respeitar o 
limite da margem gengival (4 a 5 mm) e fazer 
uma barra estreita; 2) manter a largura da barra 
(5 a 6 mm), ficando sua borda superior muito 
próxima à gengiva marginal. No primeiro caso, 
a diminuição da largura da barra não propor-
cionará rigidez, e no segundo, alterações pode-
rão ocorrer no periodonto de proteção. Para 
evitar esses problemas, deve-se indicar a placa 
lingual. Essa apresenta secção transversal em 
forma de meia pêra alongada em sua porção 
inferior, que se localiza ligeiramente aquém do 
fundo de sulco lingual. Sua parte superior, no 
entanto, vai se afilando até terminar pratica-
mente em zero com a superfície lingual dos 
dentes, na altura da união entre terço médio e 
incisal (ou oclusal). Essa conexão maior apre-
senta contato apenas com a superfície dos 
dentes, sendo aliviada tanto na região de fi-
bromucosa, como na margem gengival. A rigi-
dez é obtida com o aumento da largura com-
pensando a espessura. Esse alívio auxilia na 
manutenção da saúde e integridade dos teci-
dos moles. Para proporcionar suporte vertical, 
não é necessário que esse tipo de barra tenha 
apoio em todos os dentes, mas é essencial 
planejar apoios nos dentes pilares bem como 
nos dentes com retentores indiretos planeja-
dos. Isso vai impedir que a conexão deslize em 
contato com a superfície dos dentes, principal-
mente os anteriores que se apresentam em 
forma de planos inclinados, gerando forças 
laterais nocivas ao periodonto de sustentação 
dos dentes. Os limites posteriores daplaca 
lingual são os mesmos da barra: até o último 
apoio em arcos com espaços intercalados, e 
um pouco além da distal do último dente em 
extremidades livres (Figura 13). É possível, 
também, em um mesmo planejamento, associ-
ar a barra lingual onde houver espaço de 9 a 
10 mm e a placa lingual onde o espaço for 
insuficiente (Figura 14). 
 
 
 
Figura 13 - Placa lingual. 
 
 
 
Figura 14 - Associando extremidade livre e espaço 
intercalado. (?) 
Conexões Maiores Inferiores 
Barras ou Conexões Maiores Inferiores - 53 
 
REFERÊNCIAS 
 
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ture construction. 2a. ed. John Wright & 
Sons Ltda., Bristo, 34-7, 1978. 
 
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v.37, p. 507-16, 1977. 
 
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res ou barras de PPR. Tipos, caracte-
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1995. 
 
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Ltda., São Paulo, p. 257-61, 1983. 
 
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Pancast Editorial, São Paulo, p. 38-49, 
1989. 
 
6. McGIVNEY, G. P.; CASTLEBERRY, D. 
J. Conectores maiores e menores. In: 
Prótese parcial removível de McCrac-
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7. MILLER, E. L.; BRASSO, J. E. Prótese 
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8. PIETROKOVSKI, J.; CHAPMAN, R. J. 
The form of mandibular anterior lingual 
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9. WEINBERG, L. A. Atlas of removable 
partial denture prosthodontics. Saint 
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