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Aula 3: Planejamento: Um Passo a Mais
Existe um relacionamento quase cômico entre a atividade de planejar e a de arquivar: as pessoas que se envolvem em planejamento ortodoxo no Brasil necessitam, rapidamente, de algumas lições de arquivista. Isso porque a maioria dos planos alcança, numa boa hipótese, um lugar respeitável no arquivo da instituição a que se ligam ou no de outras, cujos membros se interessam pelo estudo desses pretensiosos filhos da burocracia (Gandin, 2010).
Nossa aula de hoje começa com esta citação de Danilo Gandin com a intenção de provocar algum estranhamento e, é claro, o debate. Depois de ler tal afirmativa, a princípio bastante polêmica, a primeira pergunta que parece inevitável poderia ser assim formulada:
mas se isso é verdade, por que tanto esforço para aprender sobre processos de planejamento na escola? Para em seguida perguntar: será que é sempre assim? O destino dos planos e/ou programações (produtos dos processos de planejamento) é mesmo o arquivo ou, pior, o fundo das gavetas?
Antes mesmo de prosseguir na leitura desse texto básico, seria interessante fazer um breve levantamento das possíveis respostas em torno dessas duas questões.
Podemos ter algumas surpresas, tais como: alguns educadores poderão concordar com o autor e responder que é assim mesmo “os planos vão sempre para algum lugar que ninguém mais vê depois do primeiro contato”.
Outros educadores poderão dizer: “o autor está inteiramente equivocado, porque sem planejamento não há como fazer a escola funcionar”.
O primeiro grupo nos parece integrado por educadores bastante pessimistas, pois consideramos que eles descartam o planejamento como um processo importante e necessário para fazer a escola funcionar segundo parâmetros intencionalmente definidos.
Já o segundo grupo parece ser constituído por educadores mais idealistas ou mesmo românticos que acreditam no planejamento como uma boa varinha de condão que pode transformar tudo.
Todavia, o terceiro grupo – com o qual nos identificamos – parece apostar que o planejamento e os planos, ou programações dele decorrentes, fazem sentido na medida em que o próprio processo de planejar seja realizado de modo a fazer sentido para todos aqueles nele e com ele envolvidos.
Sobre o planejamento participativo
Muito se tem dito sobre a importância de superar uma dimensão meramente instrumental no ato de planejar. A proposta de que o planejamento é multidimensional, ou seja, tem dimensões políticas, envolvendo inclusive tomada de decisões, dimensões sociais e culturais, precisando ser sempre contextualizado, além de suas dimensões técnicas e operacionais, traz no seu bojo um princípio que nos parece relevante e que precisa ser alvo de nossas reflexões. Ser elaborado de modo participativo, muito mais do que uma característica metodológica, nos parece ser um princípio fundamental e norteador do seu processo de elaboração. Cabe ressaltar que entendemos por planejamento escolar participativo aquele cuja elaboração se dá com a participação de todos os diferentes segmentos que compõem e dialogam com a escola, buscando articular e integrar suas ideias, demandas, necessidades, propostas, sempre numa perspectiva não só de apontar os caminhos, como também transformar a realidade intra e extraescolar.
Entender o planejamento participativo como princípio implica estimular a convivência, a troca de experiências, o intercâmbio entre dirigentes, especialistas, professores, alunos, suas famílias e outros segmentos da comunidade, que discutem, decidem, executam e avaliam todos os aspectos e/ou elementos que compõem o planejamento - desde os pressupostos básicos norteadores das ações/atividades, passando por objetivos, conteúdos, programações, modos e/ou estratégias para implementar as ações/atividades, recursos até os mecanismos de acompanhamento e avaliação, entre outros.
Em síntese: o importante é que a perspectiva da participação se dê ao longo de todos os momentos, etapas e níveis de elaboração do planejamento, favorecendo inclusive a tão desejada articulação entre teoria e prática na concepção e realização do próprio processo educativo.
Elaborar um planejamento de modo participativo na escola implica em acreditar no potencial da produção coletiva e na possibilidade de vivências pautadas na colaboração, na solidariedade, na soma de esforços, no sentido de promover a construção de relações menos hierarquizadas e, portanto, mais democráticas na vivência escolar.
Segundo Santos e Grumbach (2005, p. 127), o planejamento participativo avança em relação a outros planejamentos presentes no meio educativo, pois agrega a questão política, através da expressão das intenções individuais e coletivas pelo diálogo, ajudando a fortalecer a consciência crítica e o poder na escola.
Entendemos, portanto, que o planejamento elaborado de modo participativo busca superar alternativas meramente instrumentais e/ou tecnocráticas e/ou funcionalistas, e/ou de caráter mais impositivo ou mais autoritário e que com frequência são adotadas. Além disso e, principalmente, busca fomentar - no âmbito educativo - a concepção e realização de planejamentos mais adequados e articulados com a realidade na qual está inserido e na qual deseja intervir para transformar.
Elaborado de maneira participativa, acreditamos que o planejamento tende a ser “mais verdadeiro”, na medida em que centrado no diálogo produtivo, na análise crítica e coletiva da realidade e no intercâmbio de experiências (tanto no que se refere aos problemas a serem enfrentados quanto às possíveis soluções), pode ser um espaço “concreto” para a expressão não só dos anseios de toda a comunidade intra e extraescolar, como também dos caminhos que ela pretende percorrer para alcançar os seus objetivos, mas respeitando os seus próprios limites e possibilidades.
Cabe sublinhar e reiterar que o planejamento de caráter participativo se aplica a todos os âmbitos e/ou níveis de decisão/elaboração/realização, abrindo espaços para todos os envolvidos – desde o planejamento educacional mais amplo até o planejamento do processo de ensino-aprendizagem, mais especificamente – e, consequentemente, exigindo que todos esses sujeitos e/ou atores assumam suas responsabilidades individuais e coletivas, bem como os seus compromissos decorrentes dos planos e dos projetos que eles mesmos formularam e/ou definiram.
Democratizar decisões e, de modo coletivo, estabelecer as prioridades, além de decidir sobre que educação e que escola desejam construir são possibilidades abertas pelo planejamento participativo e que devem nos incentivar a adotá-lo no âmbito educativo e escolar. Acreditamos que vale concluir essa etapa de nossa reflexão (e aula) com um texto de Danilo Gandin (2010, p. 110), com a proposta de trocar ideias com outros educadores e ampliar as nossas reflexões em torno da relevância, dos limites e das possibilidades da adoção do planejamento participativo na escola.
“Há os que julgam que insistir no planejamento é buscar prisões, impedir a inspiração, esquecer-se das pessoas. Isso realmente é assim quando há os que dominam o planejamento, os que realizam planejamento burocrática e tecnocraticamente. Não é assim para aqueles que usam o planejamento como uma estrada asfaltada para ir mais depressa a algum lugar. Pode se dizer que o asfalto tira a liberdade porque nos constrange a ir por ele sem nos deixar o caminho dos campos e das cachoeiras. Mas, se temos a liberdade de escolher os lugares aonde queremos e precisamos ir, o asfalto é um modo de irmos melhor”.
E consideramos oportuno acrescentar: e se essa liberdade de escolha é vivida de modo coletivo e partilhada por todos, é bem provável que tenhamos a possibilidade de encontrar caminhos ainda mais significativos para todos, até mesmo para poder acolher alguns desvios ou improvisos - tão comuns quando estamos fazendo nossas caminhadas ainda que seja pelo que combinamos ser o mais adequado ou melhor caminho – sem, no entanto, nos desviarmos ou distanciarmos dos nossos objetivos finais e da possibilidadede construirmos novos caminhos.
Sobre o planejamento estratégico
É apenas a nossa terceira aula, e inúmeros adjetivos ou expressões adjetivas já foram incorporados ao substantivo planejamento, tais como:
Educacional
Político-social
Curricular 
Estratergico
Pedagógico curricular
Escolar
Ensino-aprendizagem
Participativo
Na maioria dos casos apresentados, procuramos apontar algumas definições e/ou alguns conceitos que os caracterizam. Todavia e dada a frequência com que aparecem na literatura sobre planejamento, consideramos que seria ainda adequado fazer comentários e propor reflexões, mesmo que breves, sobre o que muitos autores denominam planejamento estratégico e sua relevância no âmbito educativo em geral e, particularmente, na escola.
Para começar, gostaríamos de lembrar um dos conceitos que apresentamos na aula 01, ou seja, o de Planejamento político-social, referindo-se às linhas mais gerais e/ou princípios que deverão nortear as ações educativas e, portanto, mais centrado na definição de finalidades e estratégias, buscando responder a questões, tais como: para quem, para que, o que e como, em uma perspectiva mais globalizante, com metas de médio e longo prazos. Vale lembrar que na mesma oportunidade ressaltamos que tal planejamento é chamado, muitas vezes, de Planejamento educacional estratégico.
Adotando esse mesmo conceito no âmbito escolar, é possível dizer que, nesse espaço, o planejamento estratégico envolve a definição das diretrizes gerais e/ou dos princípios básicos, norteadores de sua ação, a definição dos seus objetivos também gerais e da sua programação geral, tendo sempre presente a realidade na qual está inserida e os sujeitos a quem se destina.
Envolve ainda o estabelecimento de estratégias, no sentido de contribuir para reduzir as incertezas, superar as dificuldades, minimizar os pontos fracos constatados, segundo o diagnóstico realizado no interior do próprio processo de planejamento. São estratégias ou procedimentos estratégicos concebidos, portanto, na perspectiva de superar os obstáculos e vencer os desafios que se colocam para a viabilização das propostas de trabalho.
Veja um exemplo que pode facilitar a compreensão do que estamos chamando de procedimentos estratégicos.
Uma escola de médio porte, responsável pelo Ensino Fundamental de 800 crianças, situada em uma área metropolitana do Rio de Janeiro... quando da elaboração/concepção da sua proposta geral de trabalho e em um contexto de planejamento participativo, após realizar um amplo diagnóstico quantitativo e qualitativo, no qual apontava as características da sua realidade interna, bem como os interesses, necessidades e demandas de sua comunidade e depois de definir o seu papel ou a sua missão, bem como os fundamentos, os objetivos, a natureza e as características mais gerais das atividades e/ou ações que pretendia realizar, constatou a precariedade da disponibilidade de materiais pedagógicos, de equipamentos e de pessoal para “tocar” seus planos e projetos pedagógicos. A partir daí, passou a definir, sempre acolhendo o debate e as sugestões do seu grupo, os procedimentos e/ou mecanismos estratégicos, de modo a minimizar e até superar os problemas e a criar as condições necessárias e adequadas para a concretização de sua proposta.
Nesse sentido, buscou responder às questões relacionadas ao “como fazer”, com ênfases nos aspectos operacionais, administrativos e financeiros, procurando definir e apontar uma série de mecanismos ou procedimentos estratégicos, tais como: a redistribuição das suas metas para serem alcançadas em curto, médio e longo prazos, a valorização e o estabelecimento de parcerias, as alternativas para a captação de recursos, a otimização do uso dos recursos materiais disponíveis e de seu pessoal de apoio, a implementação de um processo de formação continuada para os profissionais da escola, o envolvimento das famílias e dos demais segmentos da comunidade de seu entorno, entre outras estratégias.

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