9. Direitos Reais de Garantia Penhor

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DIREITOS REAIS DE GARANTIA
PENHOR
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PENHOR X PENHORA
PENHOR (do verbo empenhar, que significa dar em garantia) – é garantia real, incidente sobre bem móvel, que tem em vista assegurar o cumprimento de uma obrigação preexistente. Decorre da vontade das partes ou da lei.
PENHORA (do verbo penhorar) – é ato estatal judicial de constrição patrimonial, que tem em vista o cumprimento de uma execução, decorre sempre da lei.
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PREVISÃO
Art. 1.431 CC. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação.
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CONCEITO
“Penhor é o direito real que submete coisa móvel ou mobilizável ao pagamento de uma dívida”. Clóvis Beviláqua
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CARACTERÍSTICAS
É DIREITO REAL:
Recai sobre a coisa;
Opera erga omnes;
É munido de ação real;
É munido de sequela;
Direito de excussão;
Direito de preferência.
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É DIREITO ACESSÓRIO:
Extinta a dívida = extingue-se
Nula a obrigação principal = nulo o penhor
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SE PERFECCIONA PELA TRADIÇÃO DO OBJETO AO CREDOR:
REGRA – tradição
EXCEÇÃO – cláusula constituti – penhor rural, industrial, mercantil e de veículos.
FINALIDADE – impedir a alienação fraudulenta e dar publicidade.
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OBJETO
REGRA:
Bens móveis ou mobilizáveis;
Singular ou coletivo. Ex: rebanho;
Corpóreo ou incorpóreo. Ex: crédito;
Atual ou futuro. Ex: safra.
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EXCEÇÃO – aeronave e navio – em razão de seu valor econômico, aeronave e navio são objeto de hipoteca, e não de penhor (são reputados imóveis EXCLUSIVAMENTE para fins de hipoteca).
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FORMA
CONTRATO SOLENE:
INSTRUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR:
REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS;
REGISTRO DE IMÓVEIS – penhor rural.
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PENHOR CELEBRADO POR ESCRITO, COM TRADIÇÃO, MAS SEM REGISTRO. O CONTRATO É VÁLIDO?
SIM – mas não é eficaz perante terceiros.
O registro no cartório é uma condição eficacial do penhor em relação a terceiros.
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DIREITOS DO CREDOR
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PREVISÃO
Art. 1433 do CC. O credor pignoratício tem direito:
I - à posse da coisa empenhada;
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua;
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada;
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração;
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder;
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea.
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POSSE DA COISA EMPENHADA:
COEXISTEM – POSSE DIRETA + POSSE INDIRETA.
POSSE ≠ USO – salvo se ajustado entre as partes.
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RETENSÃO DA COISA:
DESPESAS DEVIDAMENTE JUSTIFICADAS – necessárias à conservação, guarda e defesa da coisa empenhada.
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RESSARCIMENTO DOS PREJUÍZOS POR VÍCIO DA COISA EMPENHADA:
Ex: rebanho com enfermidade – contaminação do rebanho do credor.
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PROMOVER A EXECUÇÃO JUDICIAL:
VENDA AMIGÁVEL?
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA
CLÁUSULA COMISSÓRIA?
NULIDADE
SALDO?
RESTITUÇÃO AO DEVEDOR
ADJUDICAÇÃO?
EXECUÇÃO JUDICIAL
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APROPRIAR-SE DOS FRUTOS:
DESPESAS DA GUARDA E CONSERVAÇÃO;
JUROS; e
CAPITAL DA OBRIGAÇÃO GARANTIDA.
ORDEM – modificada pela vontade das partes.
VENDA ANTECIPADA = fundado receio de perecimento ou deterioração. Ex: produto alimentício; umidade; etc...
CREDOR – mediante autorização judicial;
DEVEDOR – substituição da garantia.
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DEVERES DO CREDOR
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Art. 1435 do CC. O credor pignoratício é obrigado:
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória;
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida;
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.
PREVISÃO
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CUSTÓDIA DA COISA COMO DEPOSITÁRIO:
Conservá-la com diligência e cuidado.
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RESSARCIR O DONO PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO QUE FOR CULPADO.
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ROUBO OU FURTO DOS BENS EMPENHADOS NAS MÃOS DO CREDOR PIGNORATÍCIO?
REGRA – extingue-se a obrigação (regra geral das obrigações de dar).
STJ – baseado na boa-fé objetiva, haverá extinção da garantia, mas não da dívida, devendo o valor do bem ser ressarcido ao devedor (REsp 730.925). A obrigação principal segue exigível, mas o credor pignoratício deve ressarcir o valor da coisa dada em garantia.
CONSEQUÊNCIA – substituição ou reforço da garantia, sob pena de vencimento antecipado da dívida.
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DEFESA DA POSSE E CIÊNCIA AO DONO.
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IMPUTAR O VALOR DOS FRUTOS:
DESPESAS DA GUARDA E CONSERVAÇÃO;
JUROS; e
CAPITAL DA OBRIGAÇÃO GARANTIDA.
ORDEM – modificada pela vontade das partes.
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ENTREGAR O QUE SOBEJE QUANDO A DÍVIDA FOR PAGA COM A VENDA DA COISA.
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DIREITOS DO DEVEDOR
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Direito de reaver a coisa dada em garantia quando paga a dívida;
Conservar a titularidade do domínio e a posse indireta da coisa; e
Receber indenização correspondente ao valor da coisa empenhada em caso de perecimento ou deterioração por culpa do credor.
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DEVERES DO DEVEDOR
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Ressarcir as despesas efetuadas pelo credor, devidamente justificadas, com a guarda, conservação e defesa da coisa empenhada;
Indenizar o credor dos prejuízos por este sofrido em virtude de vícios e efeitos ocultos da coisas;
Reforças ou substituir a garantia se o bem deteriorar ou sofrer depreciação;
Obter prévia licença do credor, se necessitar vendar a coisa empenhada.
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OBTER PRÉVIA LICENÇA DO CREDORPARA VENDA DA COISA EMPENHADA:
PREVISÃO:
Art. 1434 do CC. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente para o pagamento do credor.
FACULTA AO DEVEDOR VENDER UMA DAS COISAS PARA PAGAMENTO DA DÍVIDA.
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É POSSÍVEL A CONSTITUIÇÃO DE DIFERENTES GRAUS DE PENHOR (SUB-PENHOR)?
SIM – salvo disposição contratual em sentido contrário.
CONSEQUÊNCIA – o vencimento da dívida garantida com o penhor de 2º grau, implicará o vencimento antecipado da dívida garantida com penhor de 1º grau.
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ESPÉCIES DE PENHOR
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CONVENCIONAL
ESPECIAL
LEGAL
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CONVENCIONAL
É a regra geral – resulta de um acordo de vontades.
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ESPECIAL
Refoge ao padrão tradicional, sujeitos a regras específicas:
RURAL
INDUSTRIAL OU MERCANTIL
DE DIREITOS
DE VEÍCULOS
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RURAL
AGRÍCOLA OU PECUÁRIO:
FINALIDADE – facilita a obtenção de crédito.
CONDIÇÃO – obrigação voltada a atividade rural.
OBJETO – bens móveis ou imóveis por acessão física ou intelectual. Ex: safra, o rebanho, máquinas, etc.
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DISPENSA DA TRADIÇÃO – se fosse exigida, o devedor não conseguiria honrar a dívida.
DIREITO DE INSPEÇÃO E VISTORIA
EXIGE REGISTRO NO CARTÓRIO DE IMÓVEIS – eficácia contra terceiros.
PENHOR AGRÍCOLA SOBRE SAFRA – o credor pode vincular a safra seguinte, se a anterior não foi suficiente.
PRAZO MÁXIMO – 3 anos (agrícola) e 4 anos (pecuário).
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INDUSTRIAL OU MERCANTIL
OBJETO – bens moveis da indústria e do comércio. Ex: estoque, maquinário, etc.
DISPENSA
DA TRADIÇÃO – se fosse exigida, o devedor não conseguiria honrar a dívida.
CÉDULA INDUSTRIAL OU COMERCIAL PIGNORATÍCIA – permite que o título circule.
EXIGE REGISTRO NO CARTÓRIO DE IMÓVEIS – eficácia contra terceiros.
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DE DIREITOS
OBJETO – bens incorpóreos.
PENHOR DE DIREITOS = caução de título de crédito.
CONDIÇÃO – notificação do devedor pignoratício para que possa pagar ao credor.
EXIGE REGISTRO NO CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS – eficácia contra terceiros.
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DE VEÍCULOS
OBJETO – veículo automotor. Ex: táxi.
DISPENSA DA TRADIÇÃO – se fosse exigida, o devedor não conseguiria honrar a dívida.
DIREITO DE INSPEÇÃO E VISTORIA
EXIGE REGISTRO NO ÓRGÃO DE TRÂNSITO – eficácia contra terceiros.
CONDIÇÃO – veículo segurado.
PRAZO MÁXIMO – 2 anos, prorrogável por igual período.
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LEGAL
Emana da lei:
HOTELEIRO
DONO DO PRÉDIO
ARTISTAS E AUXILIARES CÊNICOS
LOCADOR INDUSTRIAL
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HOTELEIRO
PREVISÃO:
Art. 1.467 do CC. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;
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DONO DO PRÉDIO
PREVISÃO:
Art. 1.467 do CC. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: (...)
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.
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ARTISTAS E AUXILIARES CÊNICOS
Sobre o material da peça (Lei 6563/78)
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LOCADOR INDUSTRIAL
Sobre máquinas e aparelhos do locatário (DL 4191/42)
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MOMENTOS:
1º MOMENTO – aquisição da posse (autotutela)
2º MOMENTO – homologação judicial. Ex: se o hóspede não pagar a conta, o hotel poderá reter a bagagem, e só depois pedirá a chancela do Judiciário.
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PROCEDIMENTO DO PENHOR LEGAL:
Art. 874 do CPC.
PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO – ATO CONTÍNUO – não há prazo para pedir homologação judicial.
PRAZO PARA DEFESA – 24 horas.
CLÁUSULA CONTRATUAL QUE ESTIPULE A PERDA DOS BENS – nulidade – apesar de ser hipótese de autotutela exige a homologação judicial.
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FINALIDADE – equilíbrio do sistema.
HOTEL – não pode escolher seus hóspedes e responde pelos danos causados pelos hóspedes a terceiros (Art. 932, IV, do CC). 
CONDIÇÃO – para exercer o penhor legal, o hoteleiro NÃO PODE invadir o quarto do hóspede, pois este está garantido pela inviolabilidade do domicílio.