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Funcionamento do Sistema Educacional Brasileiro

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A LDB e a constituição de 1988 apontam que a educação é um dever do estado e da família promovê-la. E no artigo 205 da Constituição e o artigo 2° da LDB diz que à finalidade educação é o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho. Significa dizer então que a escola tem como atribuição o desenvolvimento pleno do indivíduo. Para que esta finalidade seja atingida a Lei 9394/96 ainda estabelece as seguintes atribuições aos estabelecimentos de ensino:
I. Elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II. Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III. Assegurar o cumprimento dos dias letivos e hora-aula estabelecidas;
IV. Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V. Prover meios para a recuperação de alunos de menor rendimento;
VI. Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;
VII. Informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. (LDB, artigo 12).
A LDB estabelece ainda a flexibilidade no que diz respeito às formas de organização escolar de acordo com as necessidades de aprendizagem ou localização geográfica, clientela ou outros aspectos.
Até aqui fiz uma reflexão histórica da função social da escola apresentando seus aspectos no nível de avanços tanto social como legais, voltarei agora para o cerne de nossa reflexão que é a sociedade do conhecimento.
O Papa João Paulo II fez o seguinte pronunciamento na encíclica Centesimus Annus, de 1991: “Se antes a terra e depois o capital, eram os fatores decisivos da produção (…), hoje o fator decisivo é, cada vez mais o homem em si, ou seja, seu conhecimento”.
Essa nova maneira da sociedade se posicionar traz duas consequências para a escola brasileira. A primeira é o reforço de sua importância social, já que é na escola que o conhecimento é sistematizado. Apesar de vivermos num período onde o conhecimento está a um só tempo sendo divulgado e “acessível”, segundo Manuel Castells estudioso da Era da informação a globalização marginaliza povos e países que têm sido excluídos das redes de informação. Ainda segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU), somente 5% da população está inserida no mundo digital isso significa dizer que grande parte da população deixa de adquirir de forma mais rápida o conhecimento oferecido em rede. Sendo assim, podemos dizer que este tipo de conhecimento oferecido pela Internet cria um abismo entre ricos e pobres e isto é exclusão social.
A segunda consequência é que a escola necessitou repensar sua organização, sua gestão, ou melhor, sua maneira de fazer escola para atingir com eficiência e eficácia sua função social que é ensinar bem e preparar os indivíduos para exercer a cidadania e o trabalho no contexto de uma sociedade complexa, enquanto se realizam como pessoas. Estas atribuições requerem o compromisso de todos que fazem à educação (profissionais governos e sindicatos e a sociedade como um todo). A UNESCO instituiu a Comissão Educacional sobre a Educação para o século XXI, produziu um relatório que constitui a educação a partir de quatro pilares, a saber;
• Aprender a conhecer: compreende aprender a aprender está relacionado com as atividades cognitivas,
• Aprender afazer: envolve habilidade de trabalhos sociais e de trabalho:
• Aprender a conviver: educar para a convivência;
• Aprender a ser: desenvolvimento sócio cultural. Aprender a elaborar pensamentos autônomos e críticos e formular seus próprios juízos.
Segundo Penin & Vieira (2002), a educação, assim concebida, indica uma função da escola voltada para a realização plena do ser humano e, é importante que se diga que o país vive um momento de escolarização de massa. Porém, para que essa realização plena seja, alcançada se faz necessário à ação concreta, qualificada pelo conhecimento é o que abordarei no próximo tópico.
1.3 O CARÁTER POLÍTICO-ADMINISTRATIVO NA ESCOLA
A Administração Escolar tem sua concepção fundamentada a partir do século XX nos modelos de Administração Empresarial, através de quatro escolas: Clássica, Psicossocial, Estruturalista e Contemporânea. Apresentarei as principais características de cada uma.
Escola Clássica
Representada por meio de três movimentos: A Administração Científica de Taylor, que foi a tentativa de aplicar os métodos da ciência aos problemas da administração e tem como principais métodos a observação e a mensuração. Essa experiência teve início com o trabalho do operário, porém, verificou-se que não era possível desenvolver um trabalho pedagógico que assegurasse eficácia e eficiência da produtividade se os chefes continuavam trabalhando dentro do mesmo empirismo anterior. Foi necessário desenvolver princípios capazes de balizar o comportamento dos chefes. Esses princípios foram bastante criticados uma vez que o operário ficava com uma visão fragmentada do processo de produção, além de perderem iniciativa e liberdade dentro do trabalho.
A Teoria Clássica de Fayol tem como conceito de administração “A ação de prevê, organizar, comandar, coordenar e controlar, defendendo os princípios gerais da administração como procedimentos universais a serem aplicados a qualquer tipo de organização e empresa”. (Pepe & Mercado, 2001).
A Administração Burocrática surge com Max Weber, que pressupõe o surgimento paralelo dos meios materiais nas mãos dos chefes. A eficiência é o processo norteador dessa escola por meio da filosofia de “produzir o máximo com o mínimo de recursos, energia e tempo”. (apud. cf HORA, 1994).Milton (apud CHIAVENATO, op. cit.), passou a diagnosticar e caracterizar as disfunções do modelo burocrático Weberiano, notando que ao invés da máxima eficiência, tais disfunções levavam a ineficiência da organização.
A Abordagem Clássica da Administração pode ser desdobrada em três orientações: taylorismo, fayolismo e weberiano – que parecem diferentes mais na verdade uma complementa a outra.
A Escola Psicossocial
Surge na década de 20 e é baseada no movimento das relações humanas de Mayo, Roethlisberger, no comportamento administrativo de Simon e Bernad. Esta abordagem ocorreu com o aparecimento da Teoria das Relações Humanas, seu surgimento só foi possível com o desenvolvimento das ciências e em particular, a Psicologia do trabalho. A Teoria das Relações Humanas surge da necessidade de se corrigir a desumanização do trabalho com a aplicação de métodos rigorosos da Teoria Clássica da Administração. A dinâmica de grupo e o profundo interesse sobre os grupos informais foi outro aspecto da Escola das Relações Humanas. A organização escolar passa a ser pesquisada em suas características e origens. Sendo assim, a Teoria Comportamental tem a função de regular o critério de eficiência e eficácia, onde os trabalhadores são vistos pela administração não individualmente, mas como grupo. Essa teoria como toda a corrente de oposição apresenta limitações sendo necessária uma completa reelaboração a partir da Teoria Comportamental.
A Escola Estruturalista
Surgiu por volta da década de 60, como um desdobramento das análises dos autores voltados para a Teoria Burocrática que tentaram conciliar as propostas pela Teoria Clássica.
Os autores estruturalistas procuraram inter-relacionar as organizações com seu ambiente externo. Daí um novo conceito de organização e um novo conceito de homem, o homem organizacional, que desempenha papéis concomitantes em diversas organizações diferentes. Esta teoria tem uma abordagem múltipla e globalizante, organização formal que se relaciona com o contexto sócio-político, por meio de diversos recursos metodológicos.
A Escola Contemporânea
Os questionamentos levantados no final da década de 80 e início da década de 90 em relação às teorias administrativas culminaram em novas perspectivas teóricas no âmbito da administração.
Para a Escola Contemporânea a efetividade mede a capacidade de encontrar a solução desejada, tendo como preocupação a promoção do desenvolvimentosócio econômico e a melhoria das condições de vida. Administrar a educação nessa perspectiva é produzir decisões relacionadas à educação e que leve em consideração a especificidade de cada realidade escolar.
No final da década de 80, a sociedade brasileira esboçou um novo quadro de organização social. Essas mudanças atingiram toda a comunidade escolar no processo de tomada de decisões, tornando-se assim, o principal elemento de democratização no espaço escolar. A Administração nesse período passa a ser compreendida como responsabilidade do coletivo.
De acordo com Hora (1994), no Brasil a administração da educação não se desvincula dos princípios administrativos empresarias, dada a sua característica de sociedade capitalista, em que os interesses do capital estão sempre presentes nas metas e nos objetivos das organizações que devem se adaptar ao modelo que lhe impõe esse tipo de sociedade.
A evolução do conhecimento em Administração Escolar no Brasil é analisada através do resgate de uma parte significativa da produção teórica da área, resultando em quatro categorias denominadas abordagens que estão em alguns momentos ligadas diretamente as teorias das escolas acima citadas.
Abordagem Clássico Científica
Foi construída a partir da identificação de elementos da escola Clássica de Administração do início do século XX, cujos principais representantes foram Taylor e Fayol. Esta abordagem aproxima os trabalhos teóricos de dois educadores acerca do tema, Teixeira (1997) e Ribeiro (1952). Os aspectos que se destacam nesta abordagem são a racionalidade e a cientificidade, aspectos estes que estão mais voltados para uma Teoria mais geral da Administração. Esta é uma idéia contida no livro de Teixeira (1997), e lhe é peculiar pelo fato de ser fruto de uma experiência prática de administrador de grandes sistemas educacionais. Uma das inferências feitas aos modelos teóricos diz respeito ao ideário com o modelo sócio-intervencionista por sugerir uma estreita relação com a prática administrativa exerci da em alguns sistemas educacionais. Já Ribeiro (1952), aproxima o modelo racional / burocrático considerando dois elementos fundamentais: Objetivos claros e consensuais e tecnologias claras.
Apesar de criticar alguns aspectos do pensamento de Fayol, Ribeiro (1952) considera o modelo racional / burocrático como fruto da racionalidade historicamente construída da teoria de Taylor (1911) e Fayol (1931). A análise de Ribeiro inferiu que o modelo racional/burocrático é uma construção histórica que apresenta marcas de seu contexto de produção destacando os aspectos econômicos, políticos e administrativos, constitui um avanço em relação ao modelo anterior.
Abordagem Funcional-Eficientista
É representada por Lourenço Filho (1963), no início esta abordagem recebeu o nome de normativista – racionalizadora, uma vez que apontava para elementos com postura de prescrição ou normativação de procedimentos, posteriormente foi alterada por ser constatar elementos do funcionalismo aliados a uma perspectiva de eficiência onde eram analisados os fenômenos de organização e administração escolar. A Teoria apresentada é considerada o período de transformação e transição do Brasil no início dos anos 60.
O trabalho de Lourenço (1963) apresenta característica dos enfoques jurídicos, tecnocráticos, comportamental e sociológico, dando origem ao modelo sócio intervencionista, o que aponta para características conjuntas do modelo de sistema social aproximando-se da abordagem sistêmico-generalista.
Abordagem Sistêmico-Generalista
Esta abordagem está fundamentada na teoria de Alonso (1976), baseada nos elementos de algumas escolas, como enfoque sistêmico cujas raízes estão nas teorias psicossocias, que consideram a escola como sistema social aberto em oposição às outras que a considerava como sistema fechado o elemento generalizador teve origem na concepção de Administração escolar com origem na Teoria Geral de Administração escolar é comparada a outros tipos de administração que difere da natureza educacional.
Esta abordagem considera que a reprodução de normas organizacionais não se dá integralmente, já que a subjetividade dos indivíduos responsáveis pela organização intervém no processo. Diferentemente da abordagem clássico cientifica, pois nesta a influência de fatores subjetivos em relação à organização não é reconhecida.
Ao negar uma concepção mecânica da função administrativa considera que os conceitos de papel/função, afastam-se do modelo racional/burocrático. As funções administrativas ligada ao papel administrativo – ressaltam características do comportamentalismo e do trabalho organizacional baseado numa dimensão de confiança.
A Abordagem Histórico-Crítica
Esta abordagem é uma proposta de Félix (1989) e Paro (1999), e tem como principal característica a elaboração da teoria crítica para a administração escolar. Os problemas educacionais são tratados como questões políticas, diferentemente das abordagens anteriores. A incorporação dos princípios de administração geral de empresas faz-se em função de sua eficácia, racionalidade e produtividade.
A referência teórica e Marxista, numa orientação crítica em relação à pretensa universalização da administração geral que mais se aproxima da concepção de ideologia que de ciência, em uma administração capitalista. O modelo político e predominante e enfatiza a questão do poder, exercício que se dar fora da escola. Por ser um modelo capitalista que reverte sua dimensão do poder acaba ocultando o modelo político ou transformando-o em um modelo racional/burocrático, tornando questões sociais em meras questões técnicas.
Victor Paro (1999) apresenta o conceito de administração geral, baseado em Braverman (apud. Ribeiro, 2001), que identifica como elemento central da administração a utilização racional de recursos para realização de fins determinados, a partir da tentativa de captar o conceito de administração e de uma abstração em que considera tal conceito isolado de seus condicionantes sociais, políticos e econômicos. Em função dele infere-se a relevância da racionalidade, em suas diversas formas e objetivos organizacionais em sua teoria.
Paro (1999), inferi de maneira bastante acentuada a teoria administrativa com o modelo racional burocrático, em função da clareza com que os objetivos são propostos e apresentados. Na visão de Lima (1998), a imagem do modelo racional/burocrático inferiu-se ao modelo capitalista criticado por Paro uma vez que além da clareza de objetivos, apresenta aspectos tecnológicos e organizacionais bastante consensuais.
A despeito de todas as críticas ao capitalismo, as propostas teóricas apresentada ao abordar questões políticas conflitos e contradições apontam para um modelo cujos objetivos são claros e cuja racionalidade é fundamental.
Após esta reflexão sobre as teorias da administração e suas abordagens passarei para o período pós a escola contemporânea.
1.4 GESTÃO ESCOLAR
O processo de construção da Democracia no Brasil teve início a partir da década de 80, com base legal na Constituição de 1988, tem colocado como desafio para a educação subverter a lógica de uma escola conservadora para uma nova concepção de homem, de mundo, de sociedade, baseado em princípios humanísticos e democráticos.
Segundo Hora (1994):
A administração da educação é entendida como o conjunto de decisões e interesses da vida escolar, no sentido dos processos centralizadores acaba pôr reforçar capitalismo […], entretanto, o novo panorama de mobilização da sociedade brasileira vem alcançando amplitude nas relações de poder em todas as áreas de ação política no país, […] os processos se tornam mais abertos e democráticos na sociedade global e estabelece um perfil de democratização em setores específicos em especial na educação. Essa tendência exige que a política educacional e a prática nas escolas assimilem o processo e criem possibilidades para que a manifestação democrática se consolide em cada brasileiro.
Com o objetivo de implantar novos esquemas de gestão nas escolas públicas,com a concessão de autonomia financeira, administrativa e pedagógica às instituições públicas, o governo brasileiro em 1993, elaborou com a participação de outros setores, o Plano Decenal de Educação para todos, em decorrência da Conferência de Educação para todos que aconteceu em Jontiem, Tailândia, no ano de 1990.
A democratização é encarada pelos educadores como o desenvolvimento dos processos pedagógicos que conceda a permanência do educando no sistema escolar, através de ampliação de oportunidades educacionais. É necessário que toda a comunidade escolar (professores, alunos, funcionário e pais), participe das decisões da escola eliminando o máximo possível às vias burocráticas.
Partindo dessas mudanças, substitui-se o enfoque de administração pela gestão, não significando apenas uma mudança de terminologia, mas uma alteração de atitude e orientação conceitual, para que sua prática seja promotora de transformações de relações do poder, de práticas e da organização escolar em si.
A organização de gestão escolar é situada em duas concepções extremas:
A Concepção Técnico-Científica ou Científica- Racional que tem como característica uma visão burocrática e tecnicista da escola. A Direção é centralizada, as decisões vêm de cima para baixo e sua organização escolar é tomada como realidade neutra, técnica e controladora a fim de obter eficiência e eficácia.
A Concepção Sócio-Crítica é uma organização concebida como sistema de agregar pessoas, as ações são integradoras com o contexto sócio político, a organização escolar é um processo de tomada de decisões que se dá coletivamente.
Estas concepções desdobram-se em diferentes formas de gestão democrática. Alguns estudos contribuem para ampliar o leque de estilos de gestão. Apresentarei de forma esquemática quatro concepções:
1. Concepção Técnica- Científica – Esta concepção valoriza a hierarquia de cargos e funções a racionalização do trabalho objetivando a eficiência dos serviços escolares. A versão mais conservadora dessa concepção é a administração clássica ou burocrática. A versão mais recente é o modelo de gestão de qualidade total com utilização de método/práticas voltados para a gestão de administração empresarial.
2. Concepção Autogestionária – A responsabilidade é coletiva a direção não é centralizada e tem como principal característica a participação direta e por igual de todos os membros da instituição. Em sua organização escolar estabelece uma contraposição dos elementos institutivos, valoriza os elementos instituintes que é a capacidade do grupo criar suas próprias normas e procedimentos.
3. Concepção Interpretativa – Consideram nos processos de organização e gestão os significados subjetivos, sendo contra a concepção científica – racional, tem um enfoque interpretativo, ou seja, vê as práticas organizacionais como: Construção social, com base nas experiências subjetivas e nas interações sociais.
4. Concepção democrático-participativa – Existe uma relação orgânica entre direção e membros da equipe buscando sempre objetivos comuns assumidos por todo, para isso as tomadas de decisões são sempre coletivas onde cada membro assume sua parte no trabalho em equipe admitindo coordenação e avaliação sistemática da operacionalização e suas deliberações.
As concepções de gestão escolar refletem posições acerca do papel de cada pessoa e da sociedade elas buscam numa dimensão pedagógica se os objetivos de cada instituição estão relacionados à conservação ou transformação social. Enquanto as concepções técnicas¬-científicas valorizam poder e autoridade, as outras três se opõem às formas de dominação e subordinação, considerando essencial o contexto social, político e a construção das relações humanas, valorizando o trabalho coletivo e participativo, dando ênfase a elementos como: planejamento, organização, direção e avaliação.
A gestão participativa é um exercício democrático e um direito de cidadania, por isso implica deveres e responsabilidades. Dessa forma pode-se afirmar que o diretor ou gestor sozinho não conseguirá colocar em prática a gestão democrática, já que para que ela aconteça é necessário o empenho e a participação de todos que fazem parte do contexto escolar.
Para que a gestão verdadeiramente democrática se efetive é necessário adotar alguns mecanismos como: autonomia consiste na ampliação no espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola como organização social, comprometida com a sociedade, tendo como objetivo a melhoria da qualidade do ensino. E outros mecanismos como eleição de diretores, a ação do Projeto Político Pedagógico, o regimento e conselho escolar, a organização curricular, os recursos financeiros e o papel do gestor mediante as ações na escola.
Como nos diz Hora (1994) Tais mecanismos são capazes de gerar um processo de democratização das estruturas educacionais, por meio da participação de todos na definição de estratégias organização da escola, na redefinição de seus conteúdos e fins. Enfim recuperar o sentido educativo da administração escolar.
Estes mecanismos serão objetos de discussão do próximo capítulo.
2 ELEMENTOS QUE COMPÕE A GESTÃO ESCOLAR
2.1 – ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA
As concepções que permeiam a organização de gestão escolar refletem que toda a prática educativa tem um embasamento teórico-filosófico, ou seja, a ação educativa exercida por todos que fazem a escola é o ponto de toda gestão já que o principal objetivo da escola é o desenvolvimento do indivíduo.
Segundo Paro (1986, p. 18), tomando a escola como o local onde se busca de forma sistematizada e organizada, a apropriação do saber historicamente produzido. Entendemos que todas as ações administrativas estão voltadas para o fazer pedagógico da escola.
Libâneo (2003, p.293), nos diz que:
A organização e a gestão referem-se ao conjunto de normas e diretrizes, estrutura organizacional, ações e procedimentos que asseguram a racionalização do uso de recursos humanos, materiais, financeiros e intelectuais assim como a coordenação e o acompanhamento do trabalho das pessoas.
Dessa forma concordo com Libâneo (idem) quando divide essa organização por:
• Racionalização do uso de recursos compreende a escolha de meios compatíveis com fins de adequada utilização que assegurem a melhor organização possível desses fins;
• Coordenação e acompanhamento compreendem-se as ações e procedimentos destinados a reunir, articular e a integrar as atividades das pessoas que atuam na escola, para alcançar objetivos comuns.
Estas duas ações efetivadas na escola quando se desenvolve o hábito de planejar, organizar, dirigir e avaliar estes procedimentos é o que designa a Gestão, (atividade que põe em ação um sistema organizacional).
Portanto como nos aponta Libâneo (2003, p.294), A organização e gestão da escola correspondem à necessidade da instituição escolar dispor das condições e dos meios para a realização de seus objetivos específicos.
Elas visam:
a. Prover as condições, os meios e todos os recursos necessários ao ótimo funcionamento da escola e do trabalho em sala de aula;
b. Promover o envolvimento das pessoas no trabalho, por meio da participação e fazer a avaliação e o acompanhamento dessa participação;
c. Garantir a realização da aprendizagem para todos os alunos.
A escola está sob o olhar dos sistemas escolares por ser o espaço para a realização de políticas educacionais exigidas pelas sociedades contemporânea. Sendo assim, as leis e diretrizes curriculares estão voltadas para as práticas organizacionais como autonomia, descentralização, Projeto político pedagógico e avaliação, questões estas que serão abordadas mais a frente.
Para Libâneo (idem, p. 295), existem duas maneiras de ver a gestão educacional centrada na escola. Na Perspectiva Neoliberal – onde a escola e a comunidade assumem toda a responsabilidade de planejar, organizar e avaliar os serviços educacionais, liberando o Estado de qualquer participação ou responsabilidade . Na Perspectiva Sócio crítica – está sob o princípio de valorização do profissional, de seuinteresse e interação (autonomia e participação), sem com isso liberar o Estado de suas responsabilidades.
Nas suas perspectiva o que podemos observar é que tanto profissionais como Estado devem assumir suas responsabilidades proporcionando uma interação no trabalho a escola tenha a consciência que sua atuação correspondente um “espelho educativo”, aos alunos, pais ou responsáveis e, portanto, a ação pedagógica não se restringe as salas de aulas mais a todos os segmentos que compõem a escola.
Como nos diz Libâneo (idem, p. 297):
A escola é a instância integrante do todo social […], as políticas, as diretrizes curriculares, as formas de organização do sistema de ensino, estão carregadas de significados sociais e políticas que influenciam as idéias e atitudes de professores e alunos, bem como as práticas pedagógicas, curriculares e organizacionais.
Sendo assim, passarei a refletir sobre algumas práticas organizacionais que permeiam o ambiente escolar. Como já citei no início desse capítulo, o objetivo central da escola é o ensino e aprendizagem dos alunos, fator que está a cargo do docente, portanto, a organização escolar e gestão mais adequadas são aquelas que atuam como meios para atingir esta finalidade de ensino.
2.2 A AUTONOMIA DA ESCOLA
Em sua organização escolar um dos aspectos fundamentais para a gestão é a autonomia. Este princípio está amparado pela Constituição de 1988, que estabelece como princípio básico: “o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas” e a “gestão democrática do ensino público” (artigo 206). Estes princípios constituem de forma legal a autonomia escola Segundo Gadotti (1997, p.44) na história das idéias pedagógicas sempre foi associado ao tema de liberdade individual e social, da ruptura com esquemas centralizadores de transformação social.
Pode-se dizer então que a autonomia faz parte da própria natureza da educação, pois a mesma é encontrada em diversos clássicos educacionais. Gadotti (idem) apresenta algumas concepções intrínsecas nestes clássicos: Jonh Locke concebe a autonomia como “autogoverno” (Self-government), no sentido moral de “autodomínio individual”. Os educadores soviéticos Makarenko e Pistrak a entendiam como “auto-¬organização dos alunos”. Adolfh Ferriere e Jean Piaget entendiam que ela exercia um papel importante no processo de “socialização” individual da criança. Temos o exemplo também da escola de Summerhill criada pelo educador Alexander Neill, esta escola era controlada autonomamente pelos alunos. Georges Snyders diz que, a autonomia é “real”, “mas a conquista incessantemente […] é muito menos um dado a constatar do que uma conquista a realizar” (Gadotti 1997, p.44 apud Escola, classe e luta de classes, 1977, p.109).
Snyders insiste que, “essa autonomia relativa só pode tornar-se realidade se participar no conjunto e das lutas de classe exploradas” (id). Nesse sentido, a escola precisa preparar o indivíduo para a autonomia pessoal que compreenda sua capacitação para se inserir na comunidade e emancipação social.
O filósofo grego contemporâneo Cornelius Castoriadis, opõe autonomia à alienação, ele diz que “autonomia é o domínio do consciente sobre o inconsciente, em que o inconsciente é o discurso do outro. Neste caso a alienação se dá quando um discurso estranho que está em mim, me domina, fala por mim.” (Gadotti, 1997 p. 45 apud A Instituição Imaginária da sociedade, 1982, p. 123).
Nesta perspectiva podemos dizer que a educação exerce um papel de desalienação no sentido de conscientizar os indivíduos em sua atuação na e para a sociedade.
Barroso (2000), afirma que não há autonomia da escola sem o reconhecimento da autonomia dos indivíduos que a compõem, uma vez que ela é o resultado da ação concreta dos indivíduos que a constituem no uso de suas margens de autonomia relativa.
A compreensão de autonomia nos leva a analisar que a mesma está fortemente ligada à idéia de democracia e cidadania, e ser cidadão é a capacidade de participar, de tomar decisões conscientes no âmbito social.
Para Gadotti (1997), a participação e a democratização no sistema político de ensino é um meio prático da formação para a cidadania. Essa formação se adquire no processo de tomada de decisões, um dos instrumentos que faz parte desse processo é o conselho escolar, mais a frente abordarei de forma mais ampla sobre esse instrumento da gestão democrática.

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