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PROCESSO PENAL II. CASO CONCRETO SEMANA 3. ESTÁCIO. FIC. 2017.

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PROCESSO PENAL II
CASO 3.
 O MP ofereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído o aparelho de telefone celular de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do nº 23, pugnando pela condenação do acusado nas penas do art. 155, inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao longo da instrução probatória, nas declarações prestadas pela vítima e pelo depoimento de uma testemunha arrolada pela acusação, constatou-se que Caio teria, na ocasião dos fatos, dado um forte tapa no rosto da vítima no momento em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, diante das provas colhidas na instrução probatória, o magistrado prolatou sentença condenatória contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, a ser cumprida em regime semi-aberto, diante da primariedade e da ausência de antecedentes criminais do acusado, como incurso no art. 157 do CP. Pergunta-se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na resposta todos os fundamentos cabíveis ao caso. 
	Não agiu corretamente o magistrado, visto que no caso em tela ocorrera o fenómeno da mutatio libelli, a qual se verifica quando o juiz, percebe durante a instrução probatória, em consequência de prova existente nos autos ou de circunstâncias da infração penal não contida na acusação, acontecimento que na verdade trará uma nova definição jurídica do fato. Aqui há um fato novo não exposto na peça acusatória. Assim, neste caso sendo uma ação pública incondicionada, deveria o magistrado abrir vistas ao ministério público, para que no prazo de 5 dias promovesse o aditamento da denúncia, conforme mandamento expresso no artigo 384 do CPP:
Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (CPP)
	Ainda no tema da correção lógica entre a sentença e a denúncia, cabe salientar a diferença entre muttatio libelli e emendatio libelli, a primeira já foi devidamente explanada acima, já com relação a segunda, a diferença está que nesta a definição jurídica do fato sofre mudança, podendo ser fruto de um ato de ofício do juiz ainda que seja no momento da prolação da sentença, uma vez que as circunstâncias fáticas-probatórias (descrição dos fatos) são exatamente as mesmas que foram narradas na peça inicial. Não sendo obrigatório, portanto, nova oportunidade ao contraditório, visto que o réu já se defendeu de todos os fatos descritos na exordial, não tendo o juiz acrescentado circunstância nova.
Portanto, ocorre a emendatio libelli, quando o juiz, verificando que a tipificação contida na peça acusatória não tem correspondência lógica aos fatos narrados (esses não mudam e nem sofrem adendos), podendo de ofício o magistrado apontar a correta definição jurídica, ainda que seja no momento de se proferir a sentença. Nesses termos o artigo 383 do CPP:
 
Art. 383.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (CPP)
EXERCÍCIO SUPLEMENTAR
1-(Magistratura/PR-2008). Quanto aos atos jurisdicionais penais, assinale a alternativa correta:
a) As decisões interlocutórias simples são aquelas que encerram a relação processual sem julgamento do mérito ou, então, põem termo a uma etapa do procedimento. São exemplos desse tipo de decisão a que recebe a denúncia ou queixa ou rejeita pedido de prisão preventiva; Errado:
Interlocutória simples: Procedimento de atos. São as decisões relativas a regularidade ou marcha processual (sem discutir o mérito da causa).
Aquela tomada no curso da persecução penal e que não encerra nenhuma etapa do procedimento (neste caso são decisões mistas), sendo, normalmente, irrecorríveis. Constituem a maioria das decisões judiciais e destinam-se a solucionar incidentes que venham a surgir antes da sentença. Possuem carga decisória. Ex: decisão que decreta prisão preventiva, concede liberdade provisória, relaxamento ou homologa a prisão em flagrante, defere ou indefere a habilitação do assistente de acusação. Se couber recurso, comporta RESE (Recurso em Sentido Estrito). Exemplo: Recebimento da denúncia, decretação de prisão preventiva, despachos ordenatórios. 
b) As decisões interlocutórias mistas não se equiparam as decisões interlocutórias simples, pois as primeiras servem para solucionar questões controvertidas e que digam respeito ao modus procedendi, sem contudo trancar a relação processual. Enquanto que as decisões interlocutórias simples trancam a relação processual sem julgar o meritum causae; Errado:
Interlocutória mista: Tais decisões também chamadas de força definitiva, são aquelas, que decidem definitivamente o processo ou uma fase processual. Decisão que encerra uma etapa da persecução penal ou do processo. Diferenciam-se das interlocutórias simples pelo fato de que acarretam a extinção do processo (acarretando o arquivamento do processo) ou a extinção de uma fase do procedimento criminal. Produzindo sucumbência, serão sempre impugnáveis via RESE ou apelação.
Subdividem-se em: 
b.1) Interlocutória mista não terminativa São aquelas que encerram uma etapa, procedimental. Chamadas de decisão com força de definitiva, são aquelas que não acarretam a extinção do processo, extinguem uma etapa do procedimento. O único exemplo aceito pela unanimidade da doutrina é a pronúncia, que encerra a primeira etapa do procedimento do júri (juditium acusationes) e inaugura a segunda fase (juditium causae).   
b.2) Interlocutória mista terminativa Ao contrário, são aquelas que põem termo ao processo, extinguindo-o sem o julgamento do mérito. Exemplo: Rejeição de denúncia. Chamadas de decisões definitivas, são aquelas que, conquanto não possuam natureza de sentença, acarretam a extinção do processo ou procedimento. Ex: rejeição da denúncia, não recebimento da queixa, absolvição sumária, acolhimento das exceções de ilegitimidade de parte, coisa julgada, litispendência.
c) A decisão que não recebe a denúncia é terminativa de mérito, por isso não pode ser considerada decisão interlocutória mista; Errado.
O teor da decisão não pode ser considerado como terminativa de mérito, conforme explicação no item anterior. 
Xd). As decisões interlocutórias simples servem para solucionar questão controvertida e que diz respeito ao modus procedendi, sem, contudo, trancar a relação processual; as interlocutórias mistas, por sua vez, apresentam um plus em relação àquelas: elas trancam a relação processual sem julgar o meritum causae. Correto:
Interlocutória simples: Procedimento de atos. São as decisões relativas a regularidade ou marcha processual (sem discutir o mérito da causa).
Aquela tomada no curso da persecução penal e que não encerra nenhuma etapa do procedimento (neste caso são decisões mistas), sendo, normalmente, irrecorríveis. Constituem a maioria das decisões judiciais e destinam-se a solucionar incidentes que venham a surgir antes da sentença. Possuem carga decisória. Ex: decisão que decreta prisão preventiva, concede liberdade provisória, relaxamento ou homologa a prisão em flagrante, defere ou indefere a habilitação do assistente de acusação. Se couber recurso, comporta RESE (Recurso em Sentido Estrito). Exemplo: Recebimento da denúncia, decretação de prisão preventiva, despachos ordenatórios. 
Interlocutória mista: Tais decisões também chamadas de força definitiva, são aquelas, que decidem definitivamente o processo ou uma fase processual. Decisão que encerra uma etapa da persecução penal ou do processo. Diferenciam-se das interlocutórias simples pelo fato de que acarretam a extinção do processo (acarretando o arquivamento do processo) ou a extinção de uma fase do procedimento criminal. Produzindo sucumbência,serão sempre impugnáveis via RESE ou apelação.
OBS: DECISÕES DEFINITIVAS:
-Strictu sensu: são as sentenças que resolvem o mérito da causa, art. 593, I CPP, condenatórias ou absolutórias. A absolutória pode ser própria (art. 386, I, II, III, IV, V, VI, VII CPP) ou imprópria (art 386, parágrafo único, III CPP).
-Latu sensu: art. 593, II CPP, são aquelas que encerram a relação processual, julgam o mérito, mas não condenam nem absolvem. Ex.: declara extinta a medida de segurança, resolve o incidente referido no §1º do art. 120 do CPP.
2-A foi denunciado pela prática de furto, tendo a denúncia narrado que ele abordou a vítima e, após deferir-lhe um empurrão, subtraiu para si a bolsa que ela carregava. Nesse caso: 
(a) o juiz não poderá condenar o réu pelo roubo, por ser a pena desse crime mais grave que a do furto; 
(b) como o fato foi classificado erroneamente, o juiz poderá condenar o réu por roubo, devendo, antes, proceder ao seu interrogatório; 
X(c) o juiz poderá dar aos fatos classificação jurídica diversa, condenando o réu pela praticado do roubo; Correto:
Como a conduta foi narrada em sua plenitude na exordial e, portanto, o réu se defendeu de todos os fatos, não tendo o juiz acrescentado nenhuma outra circunstância, trata-se de emendatio libelli - que dispensa novo interrogatório e abertura de prazo para MP e defesa. Emendatio: sem acréscimos fáticos
Mutatio: com acréscimos fáticos
 (d) o juiz poderá dar ao fato classificação jurídica diversa da que constou da denúncia, dando ao Ministério Público e à Defesa oportunidade para se manifestarem e arrolarem testemunhas.

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