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03-11_-_Garantias_Fundamentais

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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC/Concórdia
Curso de Direito
Direito Constitucional II
Prof. Mauro J. Matté
Aula n. 4 (11/03/2014)
GARANTIAS FUNDAMENTAIS
1 - Conceito
Nas aulas anteriores foram estudados os direitos fundamentais. Agora vamos ver o que são garantias fundamentais.
Como foi visto anteriormente, os direitos fundamentais foram estudados de acordo com a sua pertinência ao direito da vida, da liberdade, da igualdade, da segurança e da propriedade. Os direitos são meras declarações, como ocorreu na primeira fase do Constitucionalismo Moderno (liberal). Sem um mecanismo que dê efetividade, que os faça acontecer na vida prática das pessoas, eles não tem utilidade prática. Portanto, as garantias fundamentais nada mais são do que mecanismos que dão efetividade, que fazem valer os direitos fundamentais.
Se observarmos o Título II (art. 5º e segs) da Constituição Brasileira, ela trata dos “Direitos e Garantias Fundamentais”. Os direitos fundamentais são declarações, são bens, prerrogativas que a pessoa possui frente ao Estado (eficácia vertical) e as demais particulares (eficácia horizontal). Diz-se que os direitos são bens principais. As garantias tutelam e asseguram a fruição dos direitos constitucionais. Diz-se que são acessórios, porque dependem dos principais.
Resumindo: 
	Direitos
	Garantias
	Declaram-se, são bens, prerrogativas que o indivíduo possui frente ao Estado.
- São Principais.
	Estabelecem-se, tutelam e asseguram a fruição dos direitos constitucionais.
-São acessórias.
-Os remédios constitucionais são garantias.
Em outras palavras, não basta que um direito seja reconhecido e declarado, é necessário garanti-lo.�
2 – Classificação das Garantias Constitucionais
Nesse sentido é importante lembrar que no atual Estado Democrático de Direito, que se caracteriza pelo objetivo de efetivar os direitos fundamentais, a Própria Constituição estabelece os mecanismos (instrumentos processuais) para que seja possível materializá-los. Assim, para cada direito fundamental declarado na Constituição que não é cumprido há um mecanismo para que ele possa ser protegido e usufruído (exercido) pelo titular.
A Constituição não separa o que é direito e o que é garantia. Muitas vezes, o mesmo dispositivo contém o direito e a garantia, como ocorre no art. 5º, X, em que o direito de privacidade (intimidade, vida privada, honra e imagem) é garantido pela indenização. E a identificação dessas categorias não é tão simples. 
A expressão “garantia constitucional” é compreendida de diversas formas pela doutrina. Abrange desde o reconhecimento dos direitos fundamentais, vedações constitucionais, condições sociais e econômicas que propiciem o exercício dos direitos fundamentais, a divisão de poderes (art. 2º) que impede o arbítrio e mecanismos que tornam eficazes os direitos fundamentais.� Todos eles são espécies de garantias, no entanto, são os últimos (os mecanismos), que melhor expressam a definição de garantias constitucionais. 
As garantias constitucionais especiais são normas constitucionais que conferem, aos titulares dos direitos fundamentais, meios, técnicas, instrumentos ou procedimentos para impor o respeito e a exigibilidade de seus direitos. Nesse sentido, essas garantias não são um fim em si mesmas, mas instrumentos para a tutela de um direito principal.�
As ondas de evolução do acesso à Justiça, apontadas por Cappelletti, constituem-se de fases que foram evoluindo e hoje visam uma máxima efetividade do direito, fazendo com que se obtenha um resultado processual eficaz e prático na vida das pessoas.�
Segundo José Afonso da Silva,� as garantias constitucionais podem ser classificadas em:
2.1 – Garantias Constitucionais Individuais
São vários os meios ou mecanismos que a Constituição estabelece para a proteção dos direitos individuais declarados. Entre eles, podem ser agrupadas e classificadas as seguintes garantias:
2.1.1 – O Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade (art. 5º, II, da CF) tem suas bases na origem do Estado de direito. Ou seja, conforme já foi visto, com o surgimento do Constitucionalismo Moderno, a ordem suprema que se baseava na vontade do Rei foi substituída por uma norma escrita (Revolução Francesa). Uma norma posta e estabelecida antes dos fatos ocorrerem. Uma ordem suprema pré-estabelecida. Desde esse período, todos se submetem ao império da lei escrita.
Disso decorre que, seja o Estado, qualquer autoridade ou pessoa pública ou privada não podem exigir ou impor qualquer ação ou abstenção senão em virtude de uma lei. O princípio da legalidade é o “cerne essencial” do Estado de direito.� A lei editada pelo Poder Legislativo, composto por representantes eleitos pelo povo, portanto democrática, é o instrumento mais apropriado para impor a ordem. Essa ordem tem a Constituição como fonte suprema.
Portanto, a garantia que a Constituição assegura nesse sentido é o de que as restrições aos direitos à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade só podem ocorrer mediante disposição da lei (em sentido estrito) ou por autorização desta.� É o que se conhece por princípio da reserva legal. Ou seja, têm-se a garantia de que somente a lei, oriunda do Poder Legislativo, pode tratar desses assuntos, pode restringir os direitos fundamentais. Essa competência está reservada à lei oriunda do Poder Legislativo.
2.1.2 – O Princípio da Proteção Judiciária
O princípio da proteção judiciária ou princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, expresso no art. 5º, XXXV, da CF, é a garantia das garantias. Ou seja, quando as garantias primárias não são suficientes (não são cumpridas) para fazer valer o direito fundamental assegurado pela Constituição, faz-se necessário recorrer ao Poder Judiciário, ultima instância de efetivação dos direitos. Vamos ver um exemplo disso: O art. 5º, XXXIII, declara o direito de obter informações dos órgãos públicos. A garantia primária para efetivar esse direito é a resposta ao requerimento administrativo mediante o fornecimento de certidão (direito assegurado pelo art. 5º, XXXIV). Se o órgão público não responder esse requerimento, não executar essa garantia constitucional, em virtude do direito de livre acesso ao Poder Judiciário (ou princípio da proteção judiciária - art. 5º, XXXV), o cidadão pode propor mandado de segurança (remédio constitucional previsto no art. 5º, LXIX) para que o Poder Judiciário efetive esse direito de obter informação.
Diante da tripartição de funções (art. 2º da CF), cabe ao Poder Legislativo editar leis; ao Poder Executivo executar as leis (materializá-las); e a Poder Judiciário julgar os conflitos e fazer com que a lei seja efetivada, materializada, utilizando-se de todos os meios que possui para compelir a realização da mesma. Portanto, se o cidadão não tiver a garantia de poder livremente recorrer ao Poder Judiciário, não se efetivarão os direitos fundamentais. As pessoas só cumprem as leis porque sabem que se não efetuarem isso voluntariamente, alguém (o Poder Judiciário) as penalizará ou obrigará, geralmente de forma bem mais onerosa.
Dentro do princípio da proteção judiciária, encontram-se vários outros princípios que o complementam, como ocorre com:
2.1.2.1 - Monopólio Judiciário do controle jurisdicional
A competência para dirimir os conflitos é do Poder Judiciário. Ao proibir a autotutela (justiça “com as próprias mãos”) o Estado definiu que só ele pode julgar, através do Poder Judiciário. Essa compreensão vem da disposição contida no art. 5º, XXXV, da CF, de que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário”. Não diz que pode ser outro. Pela vontade das partes os conflitos podem ser dirimidos fora do Judiciário, como ocorre, por exemplo, pela arbitragem, pela Justiça Desportiva (art. 217, § 1º da CF), no entanto, mesmo que de forma restrita, resta a possibilidade de recorrer ao Poder Judiciário para que ele reveja o julgado proferido por esses órgãos.
 2.1.2.2 – Direito de Ação e de Defesa
O direitode recorrer ao Judiciário engloba o direito de nele agir e se defender de forma ampla e contraditória (bilateralidade dos atos processuais). É o conhecido princípio do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV), através do qual o litigante pode usar todos os meios legais para agir e se defender.
Ao inquérito policial não se aplica essa garantia, pois é um mero procedimento administrativo que busca colher provas sobre um determinado fato. No entanto, ofende essa garantia se a condenação se fundamenta exclusivamente nos elementos do inquérito policial (STF, HC 81.171/DF).
O interrogatório por vídeo conferência (online) foi regulamentado pela Lei n. 11.900/09 e é admitido de forma excepcional, por decisão judicial fundamentada, que demonstre prevenir risco de segurança pública, dificuldades de deslocamento do réu, para o réu não influenciar testemunha ou outra razão de ordem pública.
Através do MS 25.962 o STF esclareceu que nos procedimentos administrativos os terceiros interessados, que possam ter direitos afetados pela decisão, devem ser intimados pessoalmente.
 2.1.2.3 – Direito ao Devido Processo Legal
É a garantia de que ninguém pode ser privado de seus bens (vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade), senão através de um devido processo estabelecido em lei (art. 5º, LIV).
O devido processo legal tem duas facetas: formal e material. O material ou substancial fundamenta-se no inc. LV do art. 5º e no inc. I do art. 3º e se aplica o princípio da razoabilidade e proporcionalidade.� Trata-se de conciliar a necessidade, adequação e proporcionalidade.
No devido processo legal não são admitidas provas ilícitas (art. 5º, LVI, da CF). Sendo que as provas decorrentes daquela obtida de forma ilícita, também, se tornam inadmissíveis (teoria do fruto da árvore proibida).
O inc. LX do art. 5º e o inc. IX do art. 93 exigem que os atos processuais sejam públicos e as decisões motivadas. A restrição da publicidade só é cabível para preservar legitimamente a intimidade do interessado.
A assistência jurídica gratuita e integral (art. 5º, LXXIV) aos que não podem pagar advogado (art. 134) e as despesas do processo é outra garantia que decorre do devido processo legal.
A proibição de provas ilícitas (art. 5º, LVI) faz com que o processo fique contaminado e inválido quando as provas são obtidas de maneira vedada pelo Direito. Pela teoria dos frutos da árvore proibida, as demais provas derivadas daquela que foi obtida de forma ilícita, também, se tornem inválidas.
O Estado tem o dever de indenizar a vítima quando ela for condenada mediante erro judiciário, assim como, quando a pessoa fica presa além do tempo fixado na sentença (art. 5º, LXXV).
A busca pela efetividade processual faz com que a celeridade processual seja uma garantia fundamental do jurisdicionado (art. 5º, LXXVII), pois, pouco adianta a pessoa só auferir e passar a usufruir o seu direito muito tardiamente em função da demora na conclusão do processo.
2.1.3 – Estabilidade dos Direitos
Em decorrência do Estado de direito e do princípio da legalidade, vigora a premissa que assegura e garante que ninguém pode ser tomado de surpresa, ou ninguém pode ter seus direitos já conquistados tolhidos por uma nova lei que mude o que havia sido estabelecido anteriormente.
[...] consiste no ‘conjunto de condições que tornam possível às pessoas o conhecimento antecipado e reflexivo das conseqüências diretas de seus atos e seu fatos à luz da liberdade reconhecida’.[...] está na relativa certeza de que os indivíduos têm de que as relações realizadas sob o império de uma norma devem perdurar ainda quando tal norma seja substituída.�
Essa estabilidade se traduz no princípio da segurança das relações jurídicas, expresso no art. 5º, XXXVI, que assegura o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (já estudados na aula 5-B, item 2.2, a qual remetemos).
2.1.4 – O Direito à Segurança
Conforme já exposto inicialmente, a identificação e separação do que é direito fundamental e o que é garantia fundamental, nem sempre é obtido facilmente. Portanto, muitas das garantias aqui catalogadas por José Afonso da Silva, já foram estudas como direitos em aulas anteriores, até mesmo porque eles se confundem (como direitos e garantias).� Pelo qual, remetemos ao que foi abordado na Aula 5-B, itens 2.3 e seguintes.
O direito a segurança (art. 5º, caput), também é visto como um conjunto de garantias que aparelham o titular no sentido de proibir ou limitar a conduta de quem quer abalar os direitos ou estabelecem procedimentos para que assegurem o exercício e gozo da intimidade, liberdade e incolumidade. Abrange, entre outras, a segurança do domicílio, a segurança das comunicações pessoais, a segurança em matéria penal e em matéria tributária.
2.1.5 – Os Remédios Constitucionais 
Os remédios constitucionais são ações constitucionais expressamente previstas no texto da Constituição, com o objetivo de provocar as autoridades competentes para sanar ou corrigir ilegalidades e abuso de poder, visando resguardar direitos e interesses individuais. Não há uma unanimidade em classificar essas ações. Alguns autores incluem mais e outros menos das que são expostas a seguir.
São os seguintes:
2.1.5.1 - Habeas Corpus: 
Historicamente, é a primeira garantia de direitos fundamentais de que se tem notícia. Foi concedida pelo Rei João Sem Terra da Inglaterra, na Magna Carta de 1.215 e mais tarde formalizado como Habeas Corpus Act (em 1.679). No Brasil, surgiu no Código Criminal de 1.830 e a primeira Constituição a prever o mesmo foi a de 1.891 e permaneceu nas subsequentes. Tem previsão no art. 5º, LXVIII da CF/88 e está regulamentado nos arts. 647 e segs do CPP.
Consiste em obter a sentença mandamental para assegurar ou restabelecer o direito à liberdade de locomoção àquele que o tiver ameaçado ou violentado por ilegalidade ou abuso de poder. Tutela o direito de liberdade de locomoção, liberdade de ir, vir, parar e ficar. Tem natureza de ação constitucional penal, e de procedimento especial, isenta de custas.
O ajuizamento de habeas corpus é um atributo da personalidade, razão pela qual não se exige a capacidade de estar em juízo, nem a capacidade postulatória. Qualquer do povo, nacional ou estrangeiro, independentemente de capacidade civil, política, profissional, de idade, sexo, estado mental, pode fazer uso de HC em nome próprio ou de terceiro. Ao analfabeto também é conferida legitimidade, desde que alguém lhe assine a rogo.
Quem propõe o Habeas Corpus - HC é chamado de impetrante. A pessoa em favor de quem se impetra o HC é denominado de paciente (que pode ser o próprio impetrante) e será sempre uma pessoa física. A autoridade que pratica a ilegalidade ou o abuso de poder é denominada de impetrada ou autoridade coatora. O HC é uma ação desprovida de formalidades ou exigências. O impetrante pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, inclusive o Ministério Público e não tem necessidade de ser através de advogado. O fato de o HC não demandar o patrocínio judicial por advogado não afeta o artigo 133 da CF, tendo em vista que faz parte do direito constitucionalmente assegurado à autodefesa. O magistrado não pode propor, pois só pode concedê-lo de ofício.
O coator (sujeito passivo ou impetrado) pode ser qualquer indivíduo, brasileiro ou estrangeiro, autoridade ou simples particular, uma vez que detenha outrem em cárcere público ou privado, esteja de vigia do paciente, impeça-lhe o caminho, proíba-o de andar, de mover-se, ou de qualquer modo contrarie pessoa física no seu direito de ir, vir ou permanecer. Não se cuida de autoridade e nem de ato com força de autoridade. Não é qualquer particular que pode ser sujeito passivo. É preciso que o constrangimento exercido decorra de função ocupada pelo coator. 
O HC pode ser impetrado sob o argumento de que o juiz é absolutamente incompetente para a ação, para declarar nulidade processual, para reduzir a pena por erro de cálculo, para que seja reconhecida a prescrição, para trancaração penal e para outros casos que visem fazer cessar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção, como o causado por abusivo excesso de prazo para o encerramento da instrução processual penal.
O HC pode ser preventivo (salvo-conduto) ou liberatório (repressivo). No preventivo basta a ameaça para a obtenção do salvo conduto ao paciente, concedendo-lhe livre trânsito, de forma a impedir a sua prisão ou detenção pelo mesmo motivo que ensejou o HC. O liberatório pode ser impetrado quando alguém estiver sofrendo violência ou coação em sua liberdade de locomoção.
2.1.5.2 - Mandado de Segurança: 
É uma criação brasileira. Trata-se de uma ação constitucional de natureza civil. É o instrumento ou remédio constitucional, o qual pode ser utilizado para a defesa de atos ilegais ou praticados com abuso de poder. É uma ação constitucional que visa proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (art. 5º, LXIX da CF e Lei n. 12.016/09).
Resume-se em conseguir idêntico mandamento judicial para proteger direito líquido e certo violado ou ameaçado por ato ilegal ou abusivo de autoridade público ou de agente de quem exerça atribuições do Poder Público. 
No Mandado de Segurança – MS o impetrante deve ser a pessoa que está sofrendo a ilegalidade (não pode ser interposto por um terceiro como ocorre no HC). 
O MS pode ser repressivo ou preventivo. Será repressivo quando a ilegalidade já foi cometida. Será preventivo quando o impetrante esta na iminência de sofrer uma violação de direito liquido e certo por parte da autoridade impetrada.
É uma ação constitucional, de rito sumário especial, de natureza civil. O fato do abuso estar incluído em matéria penal não altera a sua natureza civil nem impede o ajuizamento do MS, mesmo contra ato de juiz criminal efetuado no processo penal. Tem natureza processual de ação mandamental. Visa invalidar ou corrigir atos omissivos ou comissivos de autoridade que lese direito líquido e certo.
O ato de autoridade é toda a omissão ou manifestação do Poder Público ou de seus delegados, no desempenho de suas funções. É ato de decisão e não de execução.
2.1.5.3 - Mandado de Injunção: 
Tem a finalidade de obter uma sentença para tornar viável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, inviabilizado por falta de norma regulamentadora. Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF, o qual prevê que conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de normas regulamentadoras torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. É uma ação de natureza jurídica de caráter civil, com procedimento especial, visando a combater a síndrome de inefetividade das normas constitucionais. Sua finalidade consiste em conferir imediata aplicabilidade à norma constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas, inerte em virtude de ausência de regulamentação.
Tem como pressuposto a falta de norma regulamentadora do direito, liberdade ou prerrogativa reclamada. O impetrante deve ser beneficiário direto do direito, liberdade ou prerrogativa que postula em juízo.
Compete ao Supremo Tribunal Federal - STF julgar originariamente o mandado de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Mesas das Casas Legislativas, Tribunal de Constas da União, Tribunais Superiores ou do próprio STF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar originariamente o Mandado de Injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade, ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, eleitoral, trabalho e federal.
O sujeito passivo será somente pessoa estatal, pois só a eles é conferido dever jurídico de emanação de provimentos normativos. O procedimento é o mesmo do Mandado de Segurança (Parágrafo único, do art. 24, da Lei 8.038/90).
O STF adotou uma posição não concretista por muito tempo. Ou seja, o STF entendia que podia apenas declarar a existência da omissão e notificava o Legislador, sem qualquer efeito prático para o impetrante. Com o passar do tempo, esse posicionamento evoluiu para uma situação intermediária em que o STF fixava um prazo para o Legislador elaborar a norma e se nesse prazo ela não fosse editada o impetrante passaria a ter o direito pleiteado. Atualmente, o STF, vem manifestando um posicionamento concretista geral, no sentido de conceder o direito pleiteado não só para quem o solicitou, mas para todos os que estão na mesma situação (MIs 670, 708 e 712).
2.1.5.4 - Habeas Data: 
No art. 5º, XXXIII a CF prevê o direito material de informação (regulamentado pela Lei n. 11.111/05 e Lei n. 8.159/91) e a garantia de obtê-la está nos incs. XXXIV e LXXII deste mesmo artigo (direito de petição, direito de certidão e habeas data).
O habeas data – HD configura-se em decisão para assegurar o conhecimento de informações pessoais constantes de registro ou bancos de dados oficiais ou de caráter público ou para retificá-las ou complementá-las. O HD tem previsão no art. 5º, LXXII, da CF e está regulamentado na Lei n. 9.507/97. 
Visa proteger a esfera íntima dos indivíduos contra usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos, assim como a introdução, nesses registros de dados sensíveis (assim chamados os de origem racial, opinião política, filosófica ou religiosa, filiação partidária e sindical, orientação sexual etc.) e a conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em lei.
O direito de conhecer e retificar os dados, quando não espontaneamente prestados, é personalíssimo do titular de dados, do impetrante que, no entanto, pode ser brasileiro ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica. Não cabe o habeas data se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa e o seu procedimento está previsto na Lei nº 9.507/97.
2.1.5.5 – Ação Popular
Objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Tem previsão no art. 5º, LXXIII, da CF e está regulamentada pela Lei n. 4.717/65. É instrumento constitucional disponível à qualquer cidadão para obter a invalidação de ato ou contrato lesivo e ilegal ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
2.1.5.5 – Direito de Petição
Está previsto no art. 5º, XXXIV, “a”, da CF e é o direito que qualquer pessoa tem de invocar a atenção do Pode Público. Pode ser para denunciar, queixar-se, reclamar, pedir reconsideração ou modificação de um direito, manifestar sua opinião e solicitar uma informação. 
A autoridade questionada deve responder à solicitação, sob pena de ser compelida através de outra garantia (o mandado de segurança ou o habeas data, conforme a natureza da solicitação e de quem se pede).
2.1.5.6 – Direito de Certidão
É a garantia que está prevista no art. 5º, XXXIV, “b” da CF. A Lei nº 9.051, de 18.05.1995, dispõe sobre a expedição de certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações, a qual estabelece que:
Art. 1º. As certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãos da administração centralizada ou autárquica, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de quinzedias, contado do registro do pedido no órgão expedidor. 
Art. 2º. Nos requerimentos que objetivam a obtenção das certidões a que se refere esta Lei, deverão os interessados fazer constar esclarecimentos relativos aos fins e razões do pedido.
O não atendimento ensejará o acionamento de outra garantia, o mandado de segurança ou de habeas data (conforme a natureza da solicitação e de quem se pede). 
Conforme prevê a Lei n. 9.051/95, acima citada, para que o pedido seja deferido ele deve demonstrar a finalidade e as razões do pedido. Ou seja, a pessoa que pede deve justificar um interesse próprio para que possa ser respondido.
Administrativo - Mandado de Segurança - Negativa de expedição de certidão pela administração pública - Interesse do requerente inexistente - Ato legal. O direito à “obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal” (CF, art. 5º, XXXIV, “b”) não é absoluto. Se evidente que a certidão é imprestável para os fins declinados no requerimento, à Administração Pública é lícito indeferi-lo. A sociedade não pode ser onerada com os custos da prestação de um serviço que não se reveste de qualquer utilidade à satisfação de um interesse pessoal ou para o exercício dos direitos inerentes à cidadania. Para coibir abusos, “nos requerimentos que objetivam a obtenção das certidões a que se refere esta Lei, deverão os interessados fazer constar esclarecimentos relativos aos fins e razões do pedido” (Lei nº 9.051/95, art. 2º). (TJSC - ACMS 99.018140-5, de 27.06.2000)
As garantias constitucionais aqui citadas visam assegurar um direito individual (Capitulo I, do Título II, da CF), pelo qual, a própria pessoa lesada deve propor a ação ou efetuar o pedido (usar o remédio constitucional). Ou seja, no campo processual, se diz que apenas a pessoa que tem interesse, que está sendo prejudicada é que tem legitimidade ativa para propor a ação. 
2.2 – Garantias dos Direitos Coletivos
No item 2.1 as garantias visam a proteção de um direito individual. Pelo qual, apenas o detentor desse direito pode pleiteá-lo. Com as garantias para a defesa de direitos coletivos a pessoa que pede está defendendo um direito que também é de terceiros. A pessoa age em nome próprio para a defesa de direitos de outros.
Alguns outros remédios ou instrumentos que visam a proteção de direitos coletivos (Capitulo I, do Título II, da CF), como ocorre com a ação popular, o mandado de segurança coletivo, mandado de injunção coletivo, ação civil pública e as ações de controle de constitucionalidade atribuem a legitimidade ativa apenas para algumas pessoas que (em tese) representam a coletividade. Assim, por exemplo, na ação popular apenas o cidadão (portador de título de eleitor) é que detém a legitimidade ativa para a ação (que pode propor a ação em nome dos demais beneficiados). No mandado de segurança coletivo, apenas o partido político, o sindicato ou associação pode propor a ação (art. 5º, LXX, da CF). Essas pessoas têm legitimidade para propor a ação em defesa de direito de outras pessoas (coletividade) porque a lei lhes confere esse atributo (portanto, não se aplica o disposto no art. 6º, do CPC).
Entre as garantias dos direitos coletivos, podem ser citadas:
2.2.1 – Mandado de Segurança Coletivo
É um instrumento processual que tem como objetivo defender interesses coletivos, através de instituições associativas. Tem por objetivo a defesa dos mesmos direitos que podem ser objeto de MS individual, porém direcionado à defesa dos interesses coletivos. Foi criado pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, LXX e regulamentado pelos arts. 21 e 22 da Lei n. 12.016/09.
2.2.2 – Mandado de Injunção Coletivo
O Mandado de Injunção tem previsão no art. 5º, LXXI, da CF. Ele tem como objetivo tornar efetiva uma norma constitucional que depende de lei regulamentadora e inviabiliza o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
O art. 5º, XXI e LXXI c/c art. 8º, III, da CF dão condições para que os sindicatos possam propor mandado de injunção coletivo para defender interesses de seus filiados.
2.2.3 – Ação Popular
Já estudada no item 2.1.5.5. Além de ser classificado pela doutrina como um remédio constitucional, também é uma ação coletiva, pois visa à proteção do direito coletivo, ou seja, do interesse da sociedade.
2.2.4 – Ação Civil Pública
Tem previsão constitucional no art. 129, III e está regulamentada na Lei n. 7.347/85. Segundo esta última, é ação constitucional para a tutela coletiva do meio ambiente, do consumidor, da ordem urbanística, para corrigir infração da ordem econômica e da economia popular, para proteger o patrimônio público e social e de qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
2.2.5 – Ação de Improbidade Administrativa
Essa ação para a proteção do interesse de direitos coletivos tem previsão no art. 37, § 4º, da CF e está regulamentada pela Lei n. 8.429/92. Esta última define que atos de improbidade administrativa são os que importem em enriquecimento ilícito (art. 9º), causem lesão ao erário (art. 10) ou atentem para os princípios da administração pública (art. 11).
2.2.6 – Ações de Controle Concentrado de Constitucionalidade
As ações para o exercício do controle concentrado de constitucionalidade visam resguardar, proteger as normas constitucionais. Portanto, o resultado útil do processo de controle de constitucionalidade beneficia a todos. Pelo qual, trata-se de uma das formas de garantia de direitos coletivos.
 As ações de controle concentrado de constitucionalidade são:
a) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Ação – ADIn
b) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADIn por omissão
c) Ação Direta Interventiva – ADIn interventiva
d) Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC
e) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF
Esse assunto já foi abordado no semestre anterior (aula n. 15) ao qual remetemos.
2.3 – Garantias dos Direitos Sociais
A história constitucional mostra que os direitos sociais sempre tiveram pouca efetividade. Atualmente há uma tendência de tornar cada vez maior a concretização desses direitos sociais. Cada vez mais as pessoas têm mecanismos para fazer valer os direitos inerentes à saúde, educação e outros direitos sociais. Isso ocorre, principalmente, com a instituição de programas governamentais e maiores poderes para o Ministério Público reivindicá-los e, por outro lado, para o Poder Judiciário ingressar no mérito do ato administrativo, a fim de apreciá-lo. 
O fortalecimento e instrumentalização do Direito do Trabalho, os direitos sindicais e de greve são outros exemplos no sentido de efetivar os direitos sociais.
2.4 – Garantias dos Direitos Políticos
O sigilo do voto, sua igualdade e a gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania, entre outros, são garantias políticas que visam possibilitar o livre exercício da cidadania. 
Esses aspectos serão objeto de estudo nas próximas aulas.
BIBLIOGRAFIA
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BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 21. ed., São Paulo:Malheiros, 2007.
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CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed., Coimbra, Portugal:Almedina, 2003.
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� SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed., São Paulo:Malheiros, 2001, p. 192.
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� SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed., São Paulo:Malheiros, 2001, p. 419 e segs.
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� LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12. ed., São Paulo:Saraiva, 2009, p. 716.
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� FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 38. ed., São Paulo:Saraiva, 2012. Classifica a segurança como um direito fundamental (e não como garantia).

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