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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE FORMAÇÃO INTERCULTURA DE PROFESSORES INDÍGENAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE FORMAÇÃO INTERCULTURA DE PROFESSORES INDÍGENAS – FIEI
Ariclenes Ferreira dos Santos
Aparecido Rodrigues de Oliveira
MEMORIA:
A LUTA DO POVO XACRIABÁ DE RANCHARIA PELO TERRITÓRIO
Belo Horizonte - MG __/__/__
Ariclenes Ferreira dos Santos
Aparecido Rodrigues de Oliveira
 
MEMORIA:
A LUTA DO POVO XACRIABÁ DE RANCHARIA PELO TERRITÓRIO
Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas, Licenciatura em Ciências Sociais e Humanidade, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Orientador: Paulo Maia
Belo Horizonte 2016
Ariclenes Ferreira dos Santos
Aparecido Rodrigues de Oliveira
 
MEMORIA:
A LUTA DO POVO XACRIABÁ DE RANCHARIA PELO TERRITÓRIO
Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas, Licenciatura em Ciências Sociais e Humanidade, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Orientador: Paulo Maia
Aprovado em ...
Agradecimento 
Em primeiro lugar agradecemos a deus por ter abençoado o nosso trabalho, aos nossos familiares e amigos que contribuíram diretamente ou indiretamente no nosso trabalho e por estar conosco todo esse tempo nos dando força .
As pessoas que nos concedeu as entrevistas e compartilhou seu conhecimento para nos ajudar, e que foram peça fundamental no nosso trabalho. Em especial aos mais velhos, que são as nossa biblioteca viva que temos em nossa comunidade.
Em nome da Dra. Maria Gorete queremos agradecer aos coordenadores e secretaria do FIEI, colegiado do FIEI, aos professores pela a força e por ter nos orientados esses quatro ano, pela preocupação pelo carinho com nós alunos nos momentos das dificuldades. Em especial também ao professor e coordenador da turma CSH, Paula Maia e os bolsistas pela paciência e a parceria nessa jornada. 
Nossos agradecimentos a todos os funcionários da UFMG por ter nos dado todo suporte ao que precisasse, em fim a todos nos pelo bom trabalho.
Resumo
Nosso trabalho foi desenvolvido, na aldeia Tenda/ Rancharia no município de São João das Missões no norte de Minas Gerais, com o propósito de tornar a história, do povo Xacriabá em especifico Xacriabá Rancharia, mais acessível na escola, na comunidade e principalmente para os jovens que desconhecem a história da luta pela terra. para isso utilizamos pesquisas bibliográfica, entrevistas com pessoas da comunidade e os mais velhos Buscando com isso uma tentativa de manter a história viva para que não só a geração atual, mas que as futuras também possam saber que para estar ali houve muitas lutas, com isso buscamos também mostrar o quanto as lideranças foi e são importantes nesse processo de luta que perdurou por muitos anos. Esse trabalho tem como referências os anciões e as lideranças da aldeia, foi desenvolvido por meio de entrevistas e leituras de relatórios como, por exemplo, o “Relatório Circunstanciado de Reestudo de Limites da Terra Indígena Xacriabá” um estudo realizado pelo antropólogo Jorge Luiz de Paula. Uma vez que grande parte da terra indígena Xacriabá esta passando por fase de homologação.
Palavra chave. (Memória, luta, território) 
Sumário
O Território Xacriabá
Um pouco sobre a história do Território Xacriabá
A luta pelo reconhecimento da primeira TI Xacriabá
As perseguições e a chacina ocorrida 
Os meios de Comunicação
2º Capítulo
A luta pela Terra Indígena Xacriabá/ Rancharia
História de Rancharia e como se deu origem ao nome
A lagoa de Rancharia e os Mitos
Em que momento surge à luta pelo TI Rancharia
Os primeiros a lutar pela TI Rancharia e como ocorreu
3º Capitulo
Conquistas após a demarcação do Terra Indígena Xacriabá/ Racharia
Práticas culturais
Atividades produtivas e usos dos recursos naturais
E,E, Indígena Kuhinãn Xacriabá – Rancharia
A associação
Água encanada na comunidade
Considerações finais
Retomadas = ampliação da Terra Indígena
Introdução
Eu Aparecido Rodrigues de Oliveira, sou da etnia Xakriabá povo que pertence ao tronco lingüístico Jê e a família Akwen, da qual fazem parte os Xavante e os Xerente. O território Indígena Xacriabá esta localizado no norte de Minas Gerais divisa com o estado da Bahia e próximo ao rio São Francisco. Resido na Aldeia Tenda/ Rancharia desde que nasci. 
Na minha comunidade tem aproximadamente 328 famílias que vivem praticamente da agricultura e pequenas criações, há pessoas da comunidade que são aposentados e outras são servidores do estado, infelizmente ainda temos a evasão dos jovens da escola e posteriormente da aldeia indo para fora para trabalhar principalmente nas usinas de cana de açúcar. 
Estudei em escola publica não indígena do primeiro ano do ensino fundamental anos iniciais ate concluir o segundo grau completo em 2010, sempre tive um envolvimento muito próximo da comunidade principalmente como participante dos momentos comunitários e fui escolhido pelo cacique e lideranças da minha comunidade para trabalhar na Escola Estadual Indígena Kuhinãn Xakriabá no ano de 2009 assumindo um cargo de (ATB) Assistente Técnico de Educação Básica, mas precisamente no ano de 2011 onde atuo hoje. Suo casado a sete anos e tenho três filhos sendo a minha filha mas nova especial devido algumas complicações durante sua gestação. 
Em 2013 com incentivo dos colegas de trabalho prestei vestibular no primeiro semestre de 2013 para o curso de Formação Intercultural Para Educadores Indígenas FIEI com habilitação na área de Ciências Sociais e Humanidade (CSH) na UFMG e consegui passar, iniciando o curso no segundo semestre do mesmo ano, 
O primeiro modulo foi tudo novidade, outro mundo. Conhecemos os outros colegas que passaram no vestibular, os professores e bolsistas da faculdade de Educação que iriam trabalhar no FIEI, incluindo o professor e coordenador da turma CSH Paulo Maia. Com uma carga horária de oito horas por dia tivemos aulas diversas durante o modulo com seminários e ate a oportunidade de assistir a defesa dos colegas da velha turma CSH que iriam se formar e, portanto finalizando a sua trajetória no curso. 
O primeiro modulo foi mais um processo de familiarização com o curso e de entender melhor o que iria nos proporcionar como oportunidade para um futuro como educadores indígenas em nossas comunidades. Todo modulo é iniciado e finalizado com uma assembléia.
Embora tenhamos tido varias conversa sobre os temas de pesquisa desde o inicio do curso ate o ultimo modulo foi depois do ultimo seminário que decidi o meu tema de pesquisa. O seminário foi realizado em setembro de 2015, e o tema abordado foi “História do ponto de vista indígena violações de direitos indígenas e a comissão nacional da verdade”. Um tema que trás há memória viva de fatos antes ocorridos. O seminário mostrou muita coisa que ate então era desconhecido ao publico. Vieram vários convidados indígenas e não indígenas dentre esses destaco o depoimento do seu Zé de Bemvindo e o cacique da etnia Xacriabá Domingos que nos relatou sobre os massacres que ocorreram na época em os mais velhos incluindo seu pai lutavam pela terra enfatizando a chacina que aconteceu no território em seu pai e outros três foram assassinados e sua mãe ficando baleada. Posto isso e em meio a tantas informações nossa pesquisa será sobre a memória da luta pelo território, para isso utilizarei as cartas que seu Domingos nos apresentou no seminário. Esse seminário foi muito rico em informações e inédito por não ter acontecido ate então algo parecido com essa proporção uma história que o Brasil desconhece.
Eu mim chamo Ariclenes Ferreira dos Santos, sou da aldeia Tenda/Rancharia São João das Missões MG, sou graduando do FIEI (formação intercultural para educadores indígenas) da UFMG (universidadefederal de minas gerais), matriculado no curso de Ciências Sociais e Humanidade, ingressei nesta instituição no segundo semestre de 2013. E como conclusão de curso estarei apresentando o seguinte trabalho com o meu colega de curso Aparecido Rodrigues. Nosso trabalho tem como tema a Memória: A luta pelo Território Xacriabá de Rancharia. Escolhemos este tema porque vimos a necessidade de termos algo concreto para contar um pouco da nossa historia, para que possa ser passado de geração a geração e que nunca seja esquecido ou ate mesmo levada com os nossos anciões ao fim das suas vida. 
Devemos reconhecer toda uma luta e sofrimento que os nossos anciões passaram para que hoje tenhamos nossos direitos conquistados, e este trabalho terá como finalidade um sentimento de gratidão por ter nos proporcionado tantas oportunidades que a pelo menos três décadas atrás ninguém ouvia falar. Então queremos deixar aqui a nossa eterna gratidão, e dizer que enquanto existir união existira cultura e onde existir esperança existira a luta. 
De Ariclenes Ferreira e Aparecido Rodrigues o nosso eterno OBRIGADO!!!
Capitulo1 - A luta pelo território Histórico Xacriabá
Um pouco sobre a história do Território Xacriabá 
 
O Território Indígena Xacriabá, esta localizado no norte de Minas Gerais, onde vivem de muito tempo atrás ate os dias de hoje, Alguns Xacriabá também ocupavam algumas regiões como o vale do Tocantins e Goiás depois de ter acontecido uma divisão entre o grupo no período da colonização, os Xacriabá que foram para essas regiões do Tocantins e Goiás somavam uma pequena parcela do grupo. 
A história dos Xacriabá segundo alguns artigos, trabalhos feito sobre a história dos Xacriabá, e o próprio relatório do estudo antropológico feito pelo GT coordenado pelo antropólogo Jorge .... relata sobre os Xacriabá desde 1728 no período da colonização, que supostamente teria sido vistos e identificados como Tapuia pelo padre João Aspicuelta, que em trabalho de exploração de campo relatou sobre ter visto grupos indígenas naquela região. Tempos depois o bandeirante Matias Cardoso teria ido pra mesma região para liberar as terras do sertão do perigo que os indígenas representavam, com interesse em expandir a agropecuária e agricultura, exploração de minério entre outras coisas, Matias Cardoso ao encontrar com o grupo dos Xacriabá teriam entrado em confronto e ao vencer os Xacriabá fazem deles escravos para diversos tipos de trabalhos, inclusive para guerrear com outros índios que tinham na região. 
 Nesse período vários arraias foram abertos naquela região em diversos lugares todos eles usando como mão de obra os indígenas, sendo o primeiro lugar em Matias Cardoso, lugar que herdou o nome dele próprio por ter sido o fundador, nesse mesmo lugar teria sido construído também uma capela to da com trabalho escravo que servia principalmente para catequizar os indígenas, período esse que alguns indígenas esse que é lembrado como tempo da escravidão. 
Os Xacriabá foram convocados pelo mestre de campo Januario Cardoso filho de Matias Cardoso na segunda metade do século XVIII a se juntar a ele para guerrear contra um inimigo em comum dos Xacriabá que era os Cayapó, e como forma de pagamento doou pra eles uma parte de terras que segundo os estudos e registros esta delimitado pelos rios Itacarambi, Peruaçu, São Francisco e pela serra geral da Boa vista. A aldeia de São João das Missões foi formada próxima ao Rio Itacarambi inicialmente apenas com duas ruas que norteavam a Igreja de São João Batista. com o passar dos tempos é formada por índios, negros e brancos. Essa é um pouco da história do povo Xacriabá desde o período da colonização. Quando começou a ocupação mais intensa nessa região que iniciou no século XVII com alguns invasores que chegaram. 
 Os conflito por causa da terra se arrastou por muitos anos, no início do século XVIII os Xacriabá estavam sendo cada vez mais atacados por pelos fazendeiros, sempre resistentes tentavam conseguir na justiça a retirada dos fazendeiras das suas terras, as liderança que estavam na frente pela luta pela terra, estava sempre em constante perigo e mesmo assim não desistia do objetivo. Fizeram muitas viagens a Governado Valadares e a Brasília também em defesa no nosso território, houve algumas lideranças que saíram nessa jornada e nunca mis voltou e nem deram noticias, ate hoje não se sabe ao certo o que aconteceu com eles.
 
1.2 A luta pelo reconhecimento da primeira TI Xacriabá
A partir daí a FUNAI, em 1970, instalou um posto para dar assistência no território Xacriabá. E a terra indígena foi demarcada e homologada em 1987 e posteriormente, em 2003 foi acrescentada como área contígua, a Terra Indígena Xacriabá de Rancharia. com aproximadamente 53.000 hectares incluindo TI Xacriabá Rancharia, dividida em 34 aldeias, onde habitam aproximadamente 10.000 índios.
Para contar como foi a luta pela demarcação da terra Xacriabá vamos iremos contar com relatos de algumas pessoas, das quais carregam na lembrança muitos dos acontecimentos da época. 
 Em 2015 no mês de setembro teve um seminário realizado no curso de intercultural para educadores, na UFMG com o tema “História do ponto de vista Indígena”, Violações de direitos Indígenas e a Comissão Nacional da Verdade onde teve palestras debates filmes e oficinas. O seminário aconteceu do dia 21 ao dia 24 de setembro o primeiro realizado no Brasil sobre esse tema. Foi um momento em que podemos contar com a participação de muitos convidados indígenas e não indígenas, tivemos também a participação do Orlando Calheiros que é antropólogo ex-assessor da comissão da verdade. A comissão da verdade desempenhava o papel investigavam a apuravam os crimes acontecidos com indígenas durante a ditadura militar. 
As oficinas orais realizadas durante a tarde nesses dias esteve presente caciques e representantes indígenas Xacriabá, Pataxó, Maxakali, Guarani, que que relataram atos ocorridos com seu povo durante a ditadura militar. Os relatos foram muito fortes e comoventes, a emoção de algumas lideranças ao falar sobre o assunto foi inevitável, Entre os relatos destaca-se o do cacique Domingos, José Nunes e Zé de Bem Vindo da etnia Xacriabá que falaram um pouco sobre o processo de luta do seu povo pela terra e a chacina ocorrida em 87 com os conflitos entre índios e não índios. 
Domingos cacique fala sobre o tempo em que as perseguições eram muito freqüentes. Os Xacriabá viviam sobre preção e muito medo dos invasores, e a quase a todo o momento as lideranças indígenas se deparavam com situações de risco ao serem seguidos ou caçados e imediatamente eram obrigados a se esconder ou ate mesmo correr para se defender dos ataques dos fazendeiros e posseiros que ali naquela região cada vês mais iam chegando e adentrando no território Xacriabá. As famílias das lideranças que estavam na frente correndo atrás dos direitos eram perseguidas e também sofriam muito com isso tudo, e como forma de estratégia e para se protegerem ficavam de dia em casa e a noite passava no mato um pouco distante de sua casa para se proteger dos pistoleiro. Cada ano que passava a situação se agravava, pois nem mesmo o apoio das autoridades locais eles tinham por o que nesse período predominava somente o poder que se concentrava nas mãos dos que tinham dinheiro, o que os indígenas não tinham. 
As ameaças e perseguições se arrastaram por vários anos na disputa pelas terras, ate o dia em que depois de muitos fatos ocorridos aconteceu o que é marcante ate os dias de hoje para os Xacriabá que foi a chacina de 87 na casa da liderança Rosalino Gomes, que vinha sofrendo ameaças a tempos dos fazendeiros que tomaram raiva dele por ter tomado a frente na luta pela terra, conhecidos e parentes que viam da cidade que ouviu humores sobre as ameaças a ele o alertava para fugir mais ele se negava a sair do território abandonando a família e a luta. Por volta do dia 12 de Fevereiro de 1987 a noite um grupo de aproximadamente 12 pistoleirosfortemente armados em busca do Rosalino foi ate a sua casa e armaram uma emboscada para matá-lo. 
Era noite quando um grupo de pistoleiros cercaram a nossa fortemente armados a mando de fazendeiros para matar meu pai Rosalino. Arrombaram a porta da frente e primeiro mataram um indígena que ficava com a gente em casa com muitos tiros e depois alvejaram meu pai na porta do quarto dele também com muitos tiros e antes disso meu pai pediu a minha mãe para fugir pro mato com nos que ainda éramos criança, eu sai no meio do tiroteio vendo as balas pra todo e consegui correr pro mato, mais o meu irmão José Nunes não conseguiu e foi pego pelos pistoleiros e foi obrigado a arrastar o meu pai morto quase sem ter forças mas com a graça de deus ele conseguiu, a minha mãe também foi baleada mas o ferimento foi leve e ela sobreviveu ao ataque. (Domingo 22 de Set. 2015) 
	Segundo Domingos Cacique filho da liderança Rosalino Gomes que foi assassinato na chacina de 87, esse foi um dos muitos genocídio que ocorreu no Brasil no período da colonização e ditadura , sendo alguns anos depois apurado julgando e punindo alguns dos pistoleiros culpados que participaram da emboscada e cometeram esse crime, ele ainda ressalta que havia inclusive a participação também de indígenas que era conta a luta pela terra e trabalhava para os fazendeiros como pistoleiros ou sabre a oferta de ganharem pequenos pedaços de terra, induzindo-os também sobre a idéia de que os indígenas eram incapazes de ganhar dos fazendeiros na luta pela terra. 
No meio dos pistoleiros que naquela noite ali estavam, havia a participação ate de próprios indígenas naquele ataque ocorrido que foi contratado por fazendeiros para ajudar a matar meu pai, alguns induzidos pela idéia de que os indígenas eram incapazes de ganhar a luta pela terra e outros sobre a promessa de terra e dinheiro.( Domingos, 22 de Set. 2015). 	
	Muitos indígenas Xacriabá trabalhavam para os fazendeiros posseiros daquela região para manter sua família. Os fazendeiros não só achavam que os Xacriabá não capazes de conseguir o reconhecimento do governo federal pela terra como tentavam induzir muitos indígenas que trabalhavam pra eles com a falsa idéia de que os Xacriabá jamais conseguiriam ganhar essa causa. Os fazendeiros posseiros acreditavam nisso por que eles tinham mais recurso do que os Xacriabá e os Xacriabá eram indígenas carente, não tinha o mínimo de condições financeiras, mas tinha muita coragem para ir a luta. 
Em meio tantos conflitos eram poucos que queriam se identificar como indígena e ir para a luta em busca de seus direitos, terras para trabalhar e sustentar suas famílias. Então muitos indígenas preferiam ficar do lado que achava que era mais forte e tinha mais poder. A partir do momento em que muitos indígenas que eram pistoleiros viram que aqueles guerreiros que estavam lutando pela terra iam vencer essa batalha muitos começaram a abandonar os fazendeiros e se juntarem na luta com os nossos guerreiros Xacriabá.
1.3 Os meios de comunicação
	Os meios de comunicação eram bem precários, pois não havia luz elétrica e muito menos telefone por perto, isso dificultava e muito para as lideranças se comunicar com os órgãos e parceiros que estavam junto na luta. As distancias eram muitas e tinham que andar a cavalo ou a pé por longas distancia para se articularem entre si e passa as informações, sempre acompanhados com o medo de encontrar perigos foram ao telefone mais próximo ficava na cidade de São João das Missões aonde as lideranças iam com muita precaução, eles eram marcados e não podiam ficar desprevenidos em qualquer lugar, Então era meio difícil utilizar os telefones para falar com alguém. O meio que era mais usado era por carta via correio era um pouco demorado mais chegava ao destino e era seguro, muitos não sabia ler e muito menos escrever havia alguma pessoa que dominava um pouco a escrita e leitura e atrás desses as lideranças iam para que eles pudessem escrever as cartas e assim serem enviadas para o destino. Também era utilizado o recado por outra pessoa quando não dava pra enviar carta foi sendo assim que as coisas aconteceram e aos poucos foram se ajeitando. 
As dificuldades eram muitas para as lideranças em tudo, para se comunicarem era muito difícil, pois não havia meio muito rápido, então a forma mais usada era por carta ou por recado, “fulano diz pra cicrano as coisas estão dessa forma, as ameaças estão acontecendo a toda hora a FUNAI tem que tomar providencias antes que aconteça algo pior”. Existem cartas hoje que tem de 30 a 40 anos, originais que foram resgatada do CIMI, cartas que informa um pouco de tudo que acontece na comunidade, a rotina do dia-a-dia, como os acontecimentos de conflitos e informações sobre a comunidade as atividades produtivas os muitirões nas roças entre outros, as cartas estão guardadas e ninguém teve mais contato com essas cartas que estão guardadas. ( Domingos 22 de Set, 2015).
Domingos cacique durante a sua fala apresentou algumas das cartas originais que eram enviadas a FUNAI e ao procurador da justiça para confirmar suas palavras, e nessas cartas estão informando sobre alguns dos acontecimentos. Também essa era uma das formas que utilizavam para se comunicar antigamente por meio de cartas, uma vez que a tecnologia da comunicação ainda não tinha chegado por aqui nessa região. 
Capitulo 2 - A luta pelo TI Xacriabá/ Rancharia
História de Rancharia e como se deu origem ao nome
Primeiramente falaremos um pouco sobre a história, e como se deu o nome de Rancharia. A comunidade foi formada ao redor da lagoa de Rancharia que há muito tempo atrás principalmente no mês de festa junina os viajantes que passavam por ali pela lagoa indo para Missões onde era realizada as festas, parava ali mesmo para descanso e segundo os ficavam de baixo de dois pé de juazeiro que tinha na beira da lagoa que chamava de arrancho, pois nessa época a estrada passava na beira dela. Nesse tempo moravam só algumas famílias ali distribuídas em alguns pontos próximos da lagoa. Por isso se deu o nome da comunidade de Rancharia, segundo alguns relatos ate tentaram mudar o nome para “Alto Bonito” mas os mais velhos não deixaram, alem disso o povo não acostumou com esse nome, então ficou Rancharia mesmo. É como conta alguns anciões da comunidade. 
“E Rancharia ela foi colocada esse nome de Rancharia porque eu também alcancei o povo na época da festa de São João das Missões, e ficava muita gente pousado ali debaixo dos pés de juazeiro e ali era chamado de arranchá e com isso ficou o nome de Rancharia, o pessoal naquela época vinha a cavalo vinha a pé e por ali mesmo parava pra descansar fazer comida então e outras coisas, isso foi um pouco do eu alcancei.” (José Benício)
“As pessoas que viajavam, principalmente no mês de festa de junho, eles só pousavam ali na beira da lagoa. Por isso colocaram o nome Rancharia, pois o povo arranchava na beira da lagoa, acendia fogo, cozinhava por ali mesmo. os ciganos ficavam dois três dias ali. o povo que viajava com tropa chegava e soltava os animal, tinha aqueles capim e grama, soltava os animais ali, amarrava lá para comer e no outro dia eles seguiam viajem, agente achava muita coisa que eles deixava ali onde eles arranchavam e por isso ficou o nome de Rancharia, por que o povo arranchava ali.”(Dona Antônia)
	
“Antigamente tinha algumas pessoas que queriam mudar o nome de Rancharia, A minha avô, meu tio Domingo, o velho Agustim não deixou não e nem o senhor Jontono,disseram que não podia mudar, por que esse nome foi dado pelos caboco antigo, os primeiros que chegaram aqui. Vinha os romeiro, vinha os cargueiros, trazia coisas na garupa, as mulher vinha era com as trouxas. O povo vinha e tinha deles que arranchava dormia ali pra no outro dia chegar em Missões, para ir para festa de missões, é o que estou te falando a estrada era cavada, era planada por causa disso de tanto passar gente naquela época. Então o povo arranchava tudo ali, é por isso o nome é Rancharia.
O nome quefoi os caboco antigo, os primeiro que chegou aqui, então eles colocou esse nome de Rancharia por que essa beira de lagoa tinha esses pé de juá que o povo arranchava, quando o povo andava tudo de pé, a cavalo de tropa, eles arranchava só nesse pé de juá. Por causa disso que deu o nome Rancharia é, por que todo mundo arranchava ali naquele lugar, era bom, era ruim, nesse tempo tinha muito cigano, ficava era semana e era um bando e tinha uns que era valente, eles já andavam com aquelas casa, outros tinham uma lona e eles fazia das lona assim igual uma casa dessa aí ó. No mês de junho tinha gente que vinha de Pirapora, de Montes Claro, de São Paulo, nesse tempo os povo saia dos lugares não sei quanto antes pra chegar a tempo nas festas Junho.
(Maria das Graças Gomes dos Santos)
 
Segundo os mais velhos assim foi por muito tempo, por isso o nome de Rancharia, mas aos poucos esse cenário foi mudando, o lugar tinha apenas alguns moradores no Furado do Meio que ficava um pouco distante da lagoa de Rancharia também morava gente algumas pessoas da mesma família, todas essas pessoas usavam a terra para plantar seus alimentos e faziam uso da lagoa as matas, os brejos, as vagens como fonte de subsistência, tinham liberdade, plantava as suas roças, coletavam suas frutas nativas, caçavam e pescavam, entre outras atividade. Os rituais mais fortes eram praticados livremente em um “terreiro” (local de dançar) que ficava no caminho da roças ao lado de um pé de umbu, os participantes reuniam freqüentemente, fazia os preparatórios e iam ao terreiro para dançar, Nesse tempo não havia interferência de pessoas branca, que segundo os mais velhos não podem ver e nem participar do momento.
No tempo que nós morava no Furado do Meio era muito bom, só tinha gente conhecido e da nossa família mesmo, a gente plantava de tudo nas roças, naquele tempo pai Tomais e os outros iam pra dançar o ritual, e dançava, dançava e não tinha ninguém pra 
curiá, nos era pequeno não podia participar e ficava olhando de longe pra não atrapalhar. O ritual é coisa fina, gente branca não pode ver. Nesse tempo tinha um posso lá numa baixa no Furado do Meio que enchia e no tempo de seca secava, e quando secava nos pegava água era lá na lagoa com as “muringa” cabaça, caminhava um tanto ate chegar lá. A gente fazia as viagens todo dia tudo de pé, quando tinha que ver um parente era assim também, Mais mesmo com todo sofrimento a vida naquela época era outra, mudou muito pra hoje. (Maria Rosa. 07-07-2016. Aldeia Tenda/Rancharia) 
	Os mais velhos se referem á antigamente como um tempo muito bom apesar de terem passado muita dificuldade para sobreviverem em um período em que tudo era muito difícil, mas nas lembranças e histórias se orgulham do passado que tem. Muitos dizem que os dias de hoje é muito mais difícil de viver por que muitas coisas mudaram e estão mudando.
Mas voltando a história, o nome do lugar ficou sendo Rancharia por que era onde o povo viajante se arranchava, e o tempo foi passando e aos poucos pessoas brancas que era de fora foram chegando e se instalando e a ocupação próxima a lagoa foi tornando mais freqüente, daí por diante a vida do povo que ali moravam que era praticamente dez famílias foi mudando aos poucos por que o lugar logo se tornou uma pequena comunidade com gente de vários lugares, e as famílias que já morava no lugar também foi crescendo. Com isso os costumes foram mudando aos poucos, 
As danças já não eram feita mais com tanta freqüência, e quando era feito tinha que ser ás escondidas onde somente as pessoas que participavam podiam saber, ai marcavam em determinado lugar normalmente era feito na casa de alguma pessoa do grupo, o terreiro deixou de ser usando um pouco, os velhos foram ficando mais cismados, pois a cultura forte não é pra todos ate os ensinamentos foram ficando um pouco de lado por que os jovens entraram em um mundo com outras culturas e ao julgar dos velhos não estão preparados. 
Desde então a cultura esta guardada com os mais velhos, alguns ainda passa aos jovens ate um ponto que pra eles é o conhecimento básico. Nos últimos anos a comunidade sofreu varias perdas, anciões muito importantes tem partido e carregado consigo o conhecimento da cultura, devido o desinteresse de muitos jovens e a entrada cada vês mais de coisas que é de fora, os velhos estão cada vês mais receosos em relação a passar o que sabem, essa é uma característica essa que é de muito povos indígenas, pois o conhecimento tradicional pra muitos povos devem permanecer segredo. 
Hoje na comunidade um grupo de jovens estão reunindo para conquistarem a confiança dos anciões, com o objetivo de receber deles o privilegio de ter os ensinamentos. Não é fácil ter a confiança deles, tem que ter todo um tempo de preparação pra aprender a cultura forte como dizem eles. assim em curtos períodos se reúnem em vários lugares, mas em especial na cara de uma anciã para alguns momentos, danças, conversas ate comidas que não se faz com muita freqüência. Ao redor do fogo alguns momentos é para relembrar as histórias de antigamente, ao isso tem tido resultado por que os jovens tem se voltado mais pras questões culturais, 
 
A lagoa de Rancharia e os Mitos
Os mais velhos carregam em suas lembranças da lagoa de Rancharia desde muito tempo atrás quando ela era limpa funda e segundo eles tinha ligação com o Rio São Francisco, e ainda era encantada, todo mundo que morava em Rancharia vivia lá por causa dela, em conversa com alguns dos mais antigos que moravam em Rancharia nessa época contaram vários relatos de história sobra a lagoa. Nessa época a água da lagoa tava pouca, O padre Geraldo logo que apareceu por aqui, pediu pra abrir uma cisterna ai marcaram o lugar e cavaram ate dá na água, quando a lagoa encheu e o nível da água subiu que chegou na cisterna, a água começou a entrar nela e foi descendo e sumindo, e a cisterna num enchia não parece que passagem pela qual a água descia era muito larga, depois disso aconteceu essa explosão d´gua que subiu muito. Para melhor ilustrar algumas histórias contada pelos mais velhos.
	
História contada por dona Antonia Lopes
 
Tinha uma cisterna na lagoa que o padre Geraldo pediu pra abrir, tava começando encher quando foi um dia que eu desci que fui pegar a água, era de tardezinha eu desci lá na lagoa peguei a água enchi a vasilha e sai. Eu ia rodear pelo fundo eu tinha que passar de junto da cisterna para, ai eu peguei e falei não vou passar por ali e sai aqui pela estrada. Eu sai ali pela estrada pro lado de cima da casa de comadre Cida e nos morava ali de junto, ali onde é que comadre Cida mora, quando eu fui saindo de junto, onde é que tem aquele pezão de braúna eu ouvi aquele estouro quando eu olhei menino da altura que era o pé de braúna subiu aquele cano de água da grossura que era a boca da cisterna, subiu para cima e foi espalhando aquela água e rachou de cá da cisterna em direção a casa de Dominginho. Você olhava assim era uma rachadura bem larga, daí pra cá a lagoa começou a diminui a água foi secando. Acabou essas coisas que agente via na lagoa, não víamos mais. O povo fala que o caboco de lá mudou. Eu sei que daí pra cá diferençou muito, a lagoa não encheu mais como era antes.
Mª das Graças gomes e Teodora Gomes
	
Tinha um pé de aruêra e um pé desse cume que chama, é bem grossão assim, as raiz, dele nois cansava de subi nas raiz, assim pá inche lata d’água, noisinchia as lata, subia nas raiz e inchia aí. Lata, lata não cabaça, lá era o lugar mió que tinha a água era limpinha, foi bom depois apareceu lata, pruque, quando caia maçava mais num quebrava. Mãe mais minha vó num dexavanoisdescê lá não. Noissigurava nas raiz, minino num é brincadêra, noissigurava, ai Thôdora ô, vô sigura aqui e vô vê se é fundo mermo, ela dava cada grito, a área parece que ia levano a gente assim pra dentro. A hora que sê ia passano assim, parece que a terra ia fugino assim ô, purisso que nois nem aprendeu nadá. Mãe num dêxavanoisbanhá na lagoa, ia mais era lá na lama,igual porco, tamém piaba só faltava cumê a gente, mais tinha, ave Maria. O porto nosso era ali onde é de Augusto, ali que era o porto nosso. Iáiá falava que o vaquêro, antigamente num tinha, era os tropêro que falava, quando vinha boiada tinha os tropêro, com os burro e aquelas bruaca, durante a viaje até cumidaprus bicho ês carregava. O homi desceu pá da água o cavalo, ai ele sumiu, nesse tempo num tinha corpo debombêro, nem nada pra caçá. Mais deve que ele sumiu já foi certo no canal, será que ainda tem essa istradadibaixo da terra? É pru quê tampô tudo! mais bem que tem, é pru quê aterrô, o homitabrincano com as coisa!
“A gente pega água cedim era cedim que a gente ia pegá água. Tinha um surubim ai quês num michia cum ele não, a gente via ele assim e sumia. Essa lagoa inda tem pêxe, ela seco e ninguém viu pêxe morto, nem piaba, êssumiro pra algum lugá, eu pra mim é algum rachão daquêle ali, tem argum lugar que êsiscudêro. Talveis tem até argumcochão lá imbaxo.”(Mª das Graças gomes e Teodora Gomes)
“E da veis que aquela cisterna lá subiu aquele tanto d’água que ninguém sabe donde que saiu tanta água. A lagoa foi inchendo e a água entrava tudo na cisterna, a água ia lá incima aquele canudão d’água, chegava dá aquele zuadão igual um vento ( vun-vun-vun) é água, bem ali, nu rumo de Elci. A água da lagoa tava pôca, ai o padre mandou abrir uma cisterna. O padre Geraldo logo que apareceu puraqui. Ai marcaro o lugá, deu na água, quando a lagoa incheu, tava sumino a água da cisterna,e a cisterna num inchia não, a água ia caino, e sumino. Essa passage deve ser grande, depois aconteceu dessa água subi esse tantão pra cima.Será que ela num incontrou com a outra lá e subiu pra cima?, quem sabe? Eu sei que ninguém entrava, cavalo num entrava, teve veiz que os bicho ia entrando as mão ia duma veis, tanto que lá esse lugá lá ninguém entrava não, nem banhava lá. Minha vó falava, que se teimasse e entrasse sumia lá dentro. Têve um menino que morreu aí na lagoa, ele caiu diz que foi lá naquela frente, lá no rumo do juazêro. ”Minha vó disse que passava muita gente a pé pru que nesse tempo num tinha carro, num tinha nada, passava gente, passava famia de gente cum mininopiqueno nas costa, caminhano divagazim. Chegava aí ficava uma semana. Minha vó disse que cansava de dá coisa pá cumê, ês num tinha, ela via que tavacumfome, ela levava de tudo pra ês, é êscunzinhava lá dibaxo do pau. Todo mundo pegava água lá perto desse juazero, era o lugar mais fundo que tinha.Minha vó disse que passava muita gente a pé pruque nesse tempo num tinha carro, num tinha nada, passava gente, passava famia de gente cum mininopiqueno nas costa, caminhanodivagazim. Chegava aí ficava uma semana. Minha vó disse que cansava de dá coisa pá cumê, ês num tinha. Ela via que estavacumfome, ela levava de tudo pra ês, é êscunzinhava lá dibaxo do pau. Todo mundo pegava água lá perto desse juazero, era o lugar mais fundo que tinha. 
Ali naquela cisterna era onde a mãe d´gua morava, bem ali mesmo. pois ela quais pega menina de Roxa Maida lá no posso que ficava no funda da casa de Antonia, foi por um trisco, ela pegou a perna dela e queria puxar ela pro meia da lagoa, ai ela deu jeito lá e conseguiu escapar dela, assim foi o que saiu falando naquele tempo, o povo tinha medo dela e de encostar perto da cisterna também por causa disso ai. Os pais não gostavam que os filhos banhassem na lagoa e nem que ele passassem perto do buraco da cisterna, ( Maria de Oliveira) 
História contada por João Ferreira
É purque ali tem um incanto muito fortinessa lagoa ai, mais so qui ninguém discobri, pá discubri um incantu dela tem qui bater uma uma maquina qui trabaia mermu pá chega na bera dá peda , ai discubri.Mais u incantu é purque intupiu num tem suspiro pelo vortá ou normal igual antigamenti, eu digo assim, purque ela ta parada purque intupiu u canali né, purque ali, purque a mai d’agua ela tinha a visão du rii ela passava pá i brincá lá na lagoa i tornava i pu rii, depois qui tampô ela num tevi comu ela vortá mais pra cá.Oh! muitas pessoas já viu ela, us povu viu ela, eu ermu nunca vi ela não,mais maneli di Dazinha mermu já viu. Maneli di Dazinha pescava di noite até madrugada, purque Maneli gostava di pescá até uma hora da manhã, quandu eli é certu ali nu poço dus zomi. Tá lá u poçu dus zomi, tudo mundu sabi qui u o poçu dus zomi e lá nu pé di juá né. Quandu Eli ia pesca , pesca lá eli via aqueli bate na água lá, batenu , mais eli óiava e num via nada, Maneli mermu falo muitas veiz pra mim, quando chegava pertu assim queli eu vô vê u qui tantu bati naquela água lá , eli ia incostanu ansim incostanu quando chegava lá via uma espéci di uma pessoa lá pareci qui tava banhanu mar num era genti , aí quandu ia Maneli ia assim proximanu pá pertu assim só via a pancada bem ansim pááá lá dentu d’água, só via uma ispeci di jacaré qui caia dentu d’água quandu veiu oia aqueli maretão. E ali nu poçu era limpu naquela época, num era muitu limpu mais era limpu, tinha u lugá delis banhá assim aqueli limpão ansim, sumia naqueli mei. Lá.Maneli mermo, eli falo muithas veiz pá mim, mais ô moçu, eu veju assim purque eu saiu lá di casa tantas horas, quandu eli morava bem ali. Uma hora sei ia procura Eli, eli pegava i falava ô moçu , tem hora aqui eu paru ansim pensanu , que significa aquela coisa qui fica naqueli limpu lá, eu sei quela fica nu secu , quandu eu to pescanu veju pááá mexenu cum a água , mexi da daqui, mexi daculá aqueli zuadão na água , mais quandu eu vô proscimano dela, ali num deixa cai na água i sai lá pu mei assim só vê u maretão, pois é, purque quandu era só nois aqui num passadu, quandu era só nois qui a genti vivia ansim independenti , que andava ,a lagoa num secava qui se vê quandu próxima essim povu di lá qui vêi , quandu chego ai qui viu a riqueza daqui di Rancharia todu mundu venu independente não faltava nada.(João Ferreira Lacerda) purque essi incantu ,essi negoçu,fazia uma visão di lá pá lagoa .Ela devi qui lavava lá e aí lavava lá e vinha entrava lá nessi luga ... Não, não ,só era mermu pá vê era incantu da lagoa purque ... a vêia era ixperiente...Ela benzia ela fazia coisa assim , mais só qui ninguém mixia cum ela não ... E meu avô também ... Só qui essis caboco vêi elis num falava u segredu desse pá ninguém ...
“Purque essi incantu ,essi negoçu,fazia uma visão di lá pá lagoa .Ela devi qui lavava lá e aí lavava lá e vinha entrava lá nessi luga ... Não, não ,só era mermu pá vê era incantu da lagoa purque ... a vêia era ixperiente...Ela benzia ela fazia coisa assim , mais só qui ninguém mixia cum ela não ... E meu avô também ... Só qui essis caboco vêi elis num falava u segredu desse pá ninguém ...”(João Ferreira)
	Os mais velhos diziam que a cisterna e o sumido que tinha no meio da lagoa era ligado ao Rio São Francisco, por isso acontecia algumas coisas estranhas nela e também esse seria o motivo de ela ser encantada, pois muitos deles acreditavam que a mãe d´gua morava lá no buraco da cisterna relacionando também a isso o fato de ela nunca ainda ter secado, uma vez que logo após o rompimento da cisterna e o aterramento da mesma, a lagoa teria secado, esse fato ocorreu no ano de (...). A comunidade ficou muito preocupada por que nunca havia acontecido de ela secar, para todos foi uma triste surpresa. 
	
	Também atribuem ao fato de ela ter perdido o encanta a chegada de muitas pessoas que não era da comunidade que vinham de fora para morar. Então para eles os encantados que morava foram se afastando ate irem embora da lagoa deixando-a desprotegida. O fato é que sendo verdade ou não a lagoa depois disso entrou em processo muito longo de degradação que chega ate os dias de hoje, mas voltando na época ela começou a encher de mato por cima da água, ate ocupá-la por completa só ficou alguns buracos no meio dela onde os peixes subiam para respirar, tinha muito peixe antes de todo tipo e alguns tipos de peixes diferentes que viam do rio desapareceram, cada ano que passava a situação da lagoa piorava com assoreamentotodos os anos em período de chuva, muito lixo em volta, e algumas das muitas arvores que tinha em volta dela morreram ou foram cortadas. Então a água que antes servia pra tudo ficou poluída e quase sem utilidade embora a prática de pesca ainda era feita durante e principalmente na época das águas, quando ocorria a ribada dos peixes. 
Em que momento surge à luta pela TI Rancharia
Tendo-se em vista de estavam cada vez mais perdendo espaço em seu próprio território algumas pessoas começaram a questionar por causa disso, eram todos muito simples e em seu modo de pensar a terra não tinha dono era de e todos, e para os brancos que chegavam não era bem assim cercavam suas grandes área de terra o quanto pudessem. A terra era dos indígenas, mas para os brancos a terra não tinha dono então pegava o quanto pudessem. Rancharia formou-se ao redor da lagoa e aos poucos se tornou um pequeno povoado com indígenas e brancos de diversos lugares incluindo os fazendeiros. Grandes porções de terras ficaram em mãos de fazendeiros que cercavam muitas etiquetarias de terra para criar seus gados e outras atividades. Outros com condições financeiras melhores ficaram com mais terras também. Os indígenas foram ficando encurralados apenas com pequenos pedaços de terra, uns com menos e outros com mais. E não havendo mais pra onde ir foram ficando cercados pelos fazendeiros e outros ocupantes.
As famílias foram aumentando e a necessidade de espaço para diversas coisas relacionada a terra inclusive para construir foi ficando cada vez difícil e como se não bastasse os fazendeiras ainda estavam querendo comprar de qualquer forma os pequenos terrenos dos indígenas que ainda moravam ali chegando a consegui de alguns, e outros que se negaram a vender sofreram ate ameaçar mas resistiram fortemente contra a tirania dos fazendeiros não perdendo sua terra, como diz alguns relatos. 
Na época meu pai “ Manel de Binu”. Tinha um pedaço de terra ate grande, que ele criava seus animais e era pra dividir entre seus filhos também por que terra tava ficando dificil, as terras fazia limites com as terras dele o fazendeiro que era Zé de Sinho queria por que queria comprar as terras de pai mais ele não quis vender não e pra que moço o fazendeiro ficou brabo enraivado e ate ameaçou pai querendo tomar as terras dele, mais ele não conseguiu não pai fica firme e resistiu. O fazendeiro chegou ate fechar algumas cancelas pra gente não passar, sei que foi difícil. ai foi o tempo que começaram a correr atrás da demarcação das terras e um tempo depois saiu a demarcação e ele foi embora. ( Maria Ângela. Filha de seu Manuel de Binú. 22-07-2016. Rancharia) 
A fala dela retrata uma época em que a terra não era reconhecida ainda e foi quando o fazendeiro Zé Sinhô tava querendo comprar as terras de algumas pessoas tinha que era um pouco grande e fazia limites com as terras dele, chegou a comprar de algumas pessoas mas outras como seu Manoel de Binú negou a vender sua terra pois era a garantia que tinha para seus filhos quando morresse segundo a sua filha Mª Angela, esse foi um de muitos outros episódios que aconteceram no período em que a terra ainda não tinha sido reconhecida. 
Os primeiros a lutar pela TI Rancharia
Os moradores dali já estavam totalmente sem liberdade e se sentindo pressionados, com medo de perder o pouco de terra que ainda tinha em mãos, e então como já havia um processo de luta pelo reconhecimento da primeira terra Xacriabá, algumas pessoas reuniram-se e decidiram lutar pelo reconhecimento da TI Xacriabá Rancharia também, e começou a tomar as primeiras providencias, Inicialmente estavam à frente da luta os indígenas, Robertino Correa Lacerda que seria o primeiro cacique de Rancharia, Antonio Posidônio de Souza, e Madalena Gomes de Oliveira, foram os que fizeram as primeiras reuniões com algumas pessoas da comunidade para ver o que achavam da idéia, e tiveram que se reunirem as escondidas na casa do senhor Manoel para que os fazendeiros e outras pessoas da comunidade não soubessem do que estava acontecendo. A princípio alguns ficaram meio receosos com medo da idéia e devido alguns acontecimentos de conflitos ocorridos no primeiro processo de luta da primeira terra que chegavam na comunidade, e não eram noticias boas não. Mas mesmo assim seguimos em frente. 
Robertino estava sempre falando na questão do território, e não gostava muito da terra estar quase toda em mãos de fazendeiros, sempre mim perguntava se era possível um dia a terra que é dos nossos mais velhos estarem em nossas mãos um dia. Pois a luta pelo primeiro território já havia começado e as noticias dos acontecimentos sempre chegava ate a comunidad, de perseguições e mortes então o povo tinha muito medo quando falava que a FUNAI ia entrar na terra. A finalização do processo de demarcação da primeira parte da terra Xacriabá foi um motivo para que o povo da comunidade Rancharia também lutassem para conseguir o reconhecimento da terra, a gente sabia que não iria ser fácil mas mesmo assim seguimos frente, as dificuldades eram muitas pra começar, condições financeiras a gente não tinham mas a gente sabia que tinha que ir ate Governador Valadares na sede da FUNAI, então pedimos pra comunidade ajuda nos, só as pessoas que já sabiam e queriam permanecer como indígena, para fazer a primeira viagem, todos ajudaram no que puderam, um pouco de dinheiro entre outras coisas, mas com tudo só dava pra ir duas pessoas então foi Robertino e Madalena ate Valadares. No primeiro momento o resultado não foi o que a gente tava esperando, pois não voltaram com uma resposta assim concreta da FUNAI. Mas mesmo assim não desistimos voltamos novamente com a ajuda da comunidade ate Valadares dessa vez eu Antonio Possidônio e Robertino. conversamos com o representante da FUNAI mais uma vez. Explicamos o que a gente foi fazer lá, que queria reivindicar o direito a terra, dessa vez falaram pra nos que teríamos que ir ate Brasília. Bem assim fizemos seguimos de Governador Valadares pra Brasília ate a sede da FUNAI, nesse tempo vários povos estavam lutando pelo mesmo motivo. Chegando lá fomos ouvidos na sede da FUNAI em Brasília, pudemos colocar novamente o que a gente tava querendo né que era a terra mesmo ai a coisa deu andamento, e voltamos pra casa decididos de vez em seguir em frente, sempre em contato com o procurador da justiça, presidente e alguns representantes da FUNAI. Aos poucos as coisas foram acontecendo. Como todo processo de luta por terra é complicado e difícil, passaram por muitas dificuldades algumas vezes deu vontade ate de desistir. ( Antonio Posidônio. 05-06-2016. Rancharia).
Nessas palavras Antonio Cacique relata um pouco de como foi a sua trajetória e de sues companheiros de luta pelo reconhecimento da TI Xacriabá de Rancharia. Segundo ele passaram por muitas dificuldades e situação de perigo principalmente quando saia para fazer as viagens, pois tinha que sair sem que quase ninguém os vissem, com medo dos fazendeiros saberem das suas andanças na luta pela terra. 
Capitulo 3 – Conquistas após a demarcação da TI Xacriabá/ Racharia
Práticas culturais
Hoje sabemos que não basta apenas lutar pelos direitos, temos que praticar toda a nossa cultura mostra que somos povos buscando nossos direitos, mas também somos povos que resistimos às lutas e aos massacres que nosso povo veio sofrendo ao longo dos anos. Quando falamos em praticas culturais falamos em um imenso conjunto de coisas onde um contribui com o outro e todos vem apenas de uma mãe a Mãe Natureza, temos como exemplo o ritual, para fazer um ritual tem toda uma preparação, uma conexão com a natureza, através de remédios nativos, pinturas e o uso de instrumentos musicais e instrumentos de luta. 
Atividades produtivas e usos dos recursos naturais
Nós povos indígenas temos conosco uma característica muito importante que é o conhecimento sobre a natureza (fauna e flora).Fazemos o uso constante da medicina tradicional através de remédios nativos encontrados em nossas matas, remédios esses que surgia grande efeitos sobre a pessoa, as recomendações eram poucas o muito que demorava pra melhorar era uns três a quatro dias. Grande parte dos remédios farmacêuticos foram desenvolvidos a parti de remédios naturais, apesar de serem derivados dos remédios tradicionais das matas, eles não surge o mesmo efeito com a mesma eficiência que os remédios preparados na aldeia.
De primeiro usava mais desses remédios aqui do mato, hoje qualquer dorzinha qualquer incomodozim vai pro medico. A gente sabe como preparar tudo e como usar, se usar de mais ofende e se não usar direito não trata, e são remédios bom porque é logo logo ta bonzinho o muito que demorar é quatro dias(João Pereira Neto).
Hoje poucos conhecem a riqueza que temos em nossas matas, cada arvore cada planta tem uma serventia, umas para remédios outras para construções outras servem ate como cordas. Quando olhamos para as matas vemos uma fonte de beleza onde só mesmo a mãe natureza pode nos proporcionar.
Também é feito o uso de animais para tratar doenças do nosso povo, fazemos o uso dos animais para nos alimentar e para fazer simpatias. Temos grandes variedades de animais aves insetos em nossas matas. Em uma converso com o senhor João Pereira Neto, ele mim fala uma simpatia com cera de oropa para quem fica perdido no mato.
É uma simpatia muito fácil é só fazer uma bola da cera e colocar no embornal, pra quando no mato e ficar perdido, é só acender um fogo pegar a bola da cera da oropa esquentar no fogo e cheira, mais não pode deixar os companheiros ver tem que ser escondido, depois que cheirar pode deitar de bruço longe do fogo, com os pés virado pro fogo depois de da um tempinho pode levantar e seguir o mesmo caminho que levantou ai pronto já vai sair certinho no destino(João Pereira Neto).
Antigamente as coisas eram tudo mais difícil tanto para arrumar emprego quanto para sustentar a família. Pois não tinha a terra para tirar o sustento familiar, muitos que possuíam pequenos pedaços de terra conseguiam manter o sustento ate a próxima colheita e dava pra criar alguns animais, pois os períodos chuvosos eram mais prolongados e freqüentemente. “A pesar de termos muito conhecimento e vontade de trabalhar nos faltava a terra para desenvolver nossas atividades produtivas, é da terra, e de muito trabalho que tirávamos o sustento de nossas famílias. João Pereira Neto”. Muitos pais de família tinham que sair da comunidade e muitas vezes saírem do estado para outro, para conseguir emprego, outros optavam em ficar e fazer o cultivo de lavouras em propriedades de grandes e pequenos fazendeiros. E então pegavam pequenas quantidades de terra para plantar na meia, esse tipo de negociação era por meio de dividição, era feito o plantio e quando fosse pra colher tinha que ser dividido com o dono da terra tudo que foi produzido. E junto com a lavoura era plantado o capim para o fazendeiro que tinha concedido a terra.
A gente tínhamos muita vontade de trabalhar e fazer o cultivo da roça, mais não tinha a terra pra trabalhar, e naquele tempo as chuvas era boa era quase o ano todo chovendo, se quisesse um pedacinho de terra pra plantar o fazendeiro logo dava a roça pra gente plantar e junto plantar o capim pra ele, mais quando fosse no outro ano a gente já tinha que arrumar outro lugar pra plantar.”(João P. Neto, 18 de junho de 2016)
Antes de a terra ser homologada a gente vivia rodeado de fazendeiros não tinha como plantar nem caçar era muito difícil e a dificuldade era muita. Hoje tudo esta mudado a gente já possui a terra a produtividade aumentou bastante, os pais de famílias já não saem mais da comunidade para trabalhar, hoje já e desenvolvido a pesca e caça e o plantio.
E,E, Indígena Kuhinãn Xacriabá/ Rancharia
Para implantar a Escola Kuhinãn na Aldeia Tenda/ Rancharia não foi muito fácil a comunidade teve correr atrás com muita persistência para que a escola funcionasse na comunidade. Para falar um pouco sobre esse processo entrevistamos o professor Eder Posidônio de Sousa, que é formado no curso de magistério indígena, da segunda turma, que atualmente esta fazendo o uma pós graduação em física no colégio Federal Instituto Federal de Minas Gerais (IFNMG) e trabalha na escola Kuhinãn nos anos finais do ensino fundamental em uma jornada que esta completando de treze anos, no qual quatro deles teve a experiência de estar na direção da escola. E segundo sua fala.
O processo de implantação da escola Indígena Rancharia aldeia Tenda, tem inicio com o reconhecimento da comunidade como povo indígena Xacriaba e com o processo de demarcação, em 2000 para 2001 terra é reconhecida como sendo indígena, e a comunidade já começa e reivindicar os direitos. Educação, saúde entre outros. E em 2003 a partir de cobrança das lideranças com a comunidade a decretaria de educação consegue não a implantação de uma escola na comunidade, mas consegue uma vinculação na Escola Estadual Indígena Bukumuju, para atender as crianças e jovens da comunidade de Rancharia, de inicio foi um pouco problemático por que os alunos do ensino fundamental anos iniciais e finais estudavam na Escola Estadual Eliazar José Rodrigues que ficava do lado da comunidade que não era indígena, e esses alunos iriam sair da escola reduzindo o numero de aluno da escola quase pela metade, ai foi que as lideranças e nos professores junto com alguns professores da UFMG que trabalhavam com os alunos do magistério indígena se reuniram com a direção e professores da escola que os alunos estavam saindo e explicaram toda situação. Pois era um direito nosso e as coisas meio que se resolveram. Os alunos que estudavam na escola não indígena de 1ª a 4ª série do ensino fundamental anos iniciais, e moravam dentro da reserva indígena, passaram a estudar na reserva vinculados a Escola Bukumuju do Brejo Mata Fome, onde cinco professores indígena estaria atuando. De inicio os pais dos alunos tiveram um pouco de receio com a idéia de os professores trabalharem com seus filhos, por serem novos e apesar de estarem se preparando fazendo o magistério indígena, nunca tinha enfrentado um sala de aula, assim como também por parte dos professores houve sertã insegurança também devido os mesmos motivos, mas logo que começaram trabalhar e se engajaram mesmo passou o medo e os receios por parte de ambos. O que não diminuiu os problemas por que na comunidade não tinha prédio escolar e muito menos salas de aula para iniciar. (Eder Possidônio12-12-2016, Aldeia Tenda)
 
A comunidade estava passando por uma série de transformação pelas quais nunca havia passando, o reconhecimento da terra trouxe consigo uma série de novas demandas, então para começar as salas de aulas tiveram que ser no improviso, começando na casa que era a sede do fazendeiro que saiu da terra e na igreja da comunidade, e assim deu para trabalhar com os alunos durante o ano. 
Em 2004 a comunidade consegue a implantação da E,E Indígena Kuhinãn Xacriabá, nome indígena que foi dado pelo senhor Noliberto ... que era um dos ancião mais velho da comunidade. Assim os três professores que estavam parados começaram a trabalhar também, Mas a tendência era a demanda crescer por que as turmas iam aumentando gradativamente, e o que iniciou com as quatro turmas do fundamentai anos iniciais ano depois aumentaria duas turmas a mais, e o espaço que já não era o suficiente não dava para atender os novos alunos, e a escola junto com a comunidade já reivindicava da secretaria de educação a construção de um prédio escolar, mas enquanto não saia a comunidade se reuniu e uniram forças para construir duas salas de aulas pois os alunos não podiam ficar parados sem estudar, e assim foi possível trabalhar com os alunos por mais um tempo. 
Ao mesmo tempo já estavam acontecendo à formação dos professores indígenas pelo magistério indígena que estava acontecendo no Parque do Rio Doce no qual faziam parte da turma as oito pessoas da comunidadede Rancharia que foram escolhidos pelas lideranças e comunidade para fazer o curso do magistério e ta assumindo sala de aula
3.4 A água encanada na comunidade
Todos nós sabemos sobre a importância da água para a manutenção da vida de todas as espécies do planeta. Esse recurso natural cobre cerca de 70% da superfície terrestre, entretanto, cerca de 3% deste volume é de água doce.
Hoje vejo que a água encanada na comunidade veio trazer grandes melhorias para a população, pois antes desta chegar na comunidade a fonte de sobrevivência era a lagoa e os riachos próximos, mas com o passar dos anos viu se a necessidade de se ter a caixa d’agua, aqueles que serviam de sobrevivência para a comunidade já se encontravam em estado de calamidade, pois o clima estava entrando em mudanças com o passar dos anos. pois sabemos que a região que habitamos é uma região muito seca, onde só existe duas estações que é o tempo das águas e o tempo da seca. O tempo das águas se iniciava no mês de outubro e finalizava no mês de março e o tempo da seca se inicia no mês de abril e finalizava no mês de setembro. Mais há pelo menos 5 anos atrás o clima veio sofrendo uma mudança radical, o tempo das águas começou a ser dor mês de dezembro há fevereiro mudando completamente o modo de vida da comunidade.
A implantação da água encanada começou a ser instalada na comunidade dos brancos depois que começou a ser implantada na aldeia, mais mesmo assim era uma encanação ruim, ate então que a funasa começou a fazer o próprio reservatório da aldeia.
Essa parte da água ela foi depois da demarcação da terra quando a FUNAI assumiu e a água ela ainda não tinha pra todo mundo e era a encanação meia ruim que era encanação veia que tinha varias espessuras de canos e ai foi que a funasa entrou foi projeto da funasa, fez ampliação de rede, fez as redes tudo nova e reservatório foi trocado tinha aquele em frente a casa de dona zita de 10 mil litros eles colocou um de 60 mil litros de água(Genivaldo. 02 de setembro de 2016).
Depois da implantação do reservatório na aldeia muita coisa começou a mudar, principalmente a produtividade na comunidade, muitos começaram a produzirem hortas, assim colhendo alimentos saudáveis e muitas plantas medicinais, aumentou o numero de criação de animais, muitos que eram preciso sair da aldeia em busca de trabalho já não saiam mais porque já estavam conseguindo seu próprio alimento.
Hoje temos aproximadamente 4 km de encanação na aldeia, mais já está havendo a necessidade de ter outro reservatório na aldeia, com o crescimento da população o reservatório que tem já não esta sendo o suficiente, em muitos locais da aldeia a água não chega como deveria, isso ocorre pelo excesso de uso, muitas vezes são por uso incorreto de maneira exagerado. 
Depois da encanação nova deu pra atender muita gente mais ainda não ta dando pra atender a demanda de todos tem muito lugar ainda que falta água e pra mim falta ou abri mais um posto artesiano ou então buscar uma maneira que colocasse uma outra caixa pra que uma bombeasse para a outra pra fazer a distribuição nivelada pra todos(Genivaldo 02 de setembro de 2016).
Mas com todas as melhorias que tivemos com a água encanada, veio também alguns problemas para a população, como maioria dos poços artesianos é cheio de calcário, muitas pessoas começaram a dar pedras nos rins e outros problemas de saúde. Mais também veio o uso excessivo da água, e com o passar do tempo a água já não estava saindo como era antes, a cada dia mais escura e barrenta, ate que então começou a sair apenas lama, após semanas que já não se usava mais começou a voltar a sua normalidade, mais o que ninguém imaginava era que aquele acontecimento seria um aviso, pois aquilo que tanto temiam acontecer, parecia estar a cada dia mais próximo. O aviso foi dado e uso excessivo continuou e então o dia chegou por mais que queríamos mais já não havia mais água, então chegamos ao fim do poço, aquilo que parecia ser apenas um defeito se tornou um problema, hoje a comunidade encontra-se em calamidade, na esperança de um dia melhor, que a água volte a brotar. 
	Agora convido a todos para refletir sobre a importância da água para a nossa sobrevivência, a água é fonte de vida para todos os seres vivos na face da terra, e é algo que vem sendo mau tratado pelos seres humanos, sendo destruídos pelas contaminações humanas, o uso de agrotóxicos as margens dos rios e riachos, os desmatamentos nas encostas. Tudo isso contribui para o desaparecimento deste bem tão precioso. Hoje grande parte dos alimentos que consumimos vem de grandes irrigações na qual é responsável por grande parte da água consumida e por uso de agrotóxicos. Como seres humanos devemos tomar atitudes para que possa evitar grandes problemas futuramente, devemos ter a consciência de como estamos tratando nossas matas nossos rios e principalmente nossos lixos, devemos ter a preocupação de como esta sendo trado isso nas escolas nas reuniões comunitárias e no nosso dia a dia.
3.5 Associação
A associação hoje tem um papel importante na comunidade, pois através da associação muita gente consegue recursos para ter melhores condições de vida, através de projetos, maquinários e ate mesmo em recursos monetários atreves de empréstimos. Uma vez que o associado precisar de alguma maquina ou algum empréstimo ele terá que agendar antecipado para que possa ter um controle de tudo que esta sendo usado.
A associação da Aldeia Tenda/Rancharia foi criada em 1986 antes mesmo de ser terra indígena, funcionava na comunidade de São Bernardo, na qual tinha o nome de Associação dos Pequenos Produtores Rurais, depois da demarcação do território Xacriabá de Rancharia essa associação se desmembrou do São Bernardo e criou uma só de indígenas, com o nome de Associação Indígena de Tenda, na qual vem crescendo cada vês mais, hoje já tem muitos projetos na comunidade, conseguido através da as

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