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Princípios Contratuais

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CONTRATOS 
Prof. Renata Munhoz
Noções Gerais e Princípios Contratuais (Tradicionais + Modernos)
Fato jurídica Ato jurídico Ato jurídico
 Negócio jurídico Unilateral Critério do número de manifestações
 Bilateral de vontade.
Contrato = Negócio jurídico bilateral (há duas manifestações de vontade). Há um acordo de vontades.
 A B
Histórico: 
- Código Civil Francês de 1804: Traz o princípio da liberdade de contratar.
- Código Civil Alemão de 1900: Apresenta a teoria do negócio jurídico que baseou toda a teoria dos contratos.
Princípios norteadores do Código Civil de 2002 (princípios basilares)
Eticidade Além dos valores técnicos, há a presença de valores éticos.
Socialidade Valores sociais Código anterior era estritamente individualista, sendo que o Código de 2002 inovou ao prever a preservação de interesses sociais.
Operabilidade Concretude Permitir que o juiz consiga olhar para a pessoa no caso concreto, com maiores poderes interpretativos. Antes o juiz deveria apenas repetir a lei (“o juiz é o boca da lei”), devido ao medo do Estado oprimir as garantias individuais. Atualmente, o juiz pode interpretar os contratos, olhando para a situação das partes no caso concreto.
Princípios Tradicionais
Autonomia da vontade (ou privada)
A liberdade que decorre desse princípio pode ser de duas formas:
Liberdade de contratar Liberdade de celebrar contratos.
Liberdade contratual Liberdade de estipular o conteúdo do contrato (obedecendo às regras de validade).
Obs.: O contrato de adesão respeita o princípio da autonomia da vontade, visto que a liberdade de contratar é plena, embora a liberdade contratual seja reduzida.
Antigamente esse princípio era absoluto e, dessa forma, não garantia a liberdade real, visto que havia interferência na igualdade entre as partes, pois essa liberdade absoluta fazia com que uma das partes ficasse mais vulnerável. Atualmente, há a interferência do Estado pelo fenômeno de dirigismo contratual ou princípio da supremacia da ordem pública, de maneira que houve o surgimento de microssistemas para proteger o contratante mais vulnerável, como, por exemplo, a CLT, o Código de Defesa do Consumidor, a Lei de Locação etc. 
Portanto, o ordenamento liberal que punha como centro a vontade das partes, sendo essa suprema, deu lugar a uma intervenção estatal que procurou dar aos mais fracos uma superioridade jurídica para compensar a inferioridade econômica. No ordenamento atual há normas cogentes que não podem ser abaladas pela vontade das partes e há normas supletivas que operarão no silêncio dos contratantes, não sendo suprema a autonomia da vontade.
Assim, o contrato não é mais visto pelo prisma individualista e patrimonialista, mas no sentido social de utilidade para a comunidade. 
Conclui-se que, essa autonomia não é absoluta; ela é limitada pelo dirigismo contratual/supremacia da ordem pública, que é uma interferência do Estado na relação contratual, no sentido de torna-la mais equilibrada. Ex:. contrato de trabalho protege-se o mais vulnerável na relação.
Princípio da obrigatoriedade dos contratos: Pacta Sunt Servanda.
	O contrato deve ser observado, na forma em que foi celebrado, ou seja, em seus exatos termos. Dessa maneira, o princípio traz segurança jurídica, visto que o contrato faz lei entre as partes, vincula as partes a cumprirem com as suas obrigações. No entanto, esse princípio não é absoluto, podendo o juiz, em alguns casos, realizar a revisão dos contratos.
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato
	O contrato produz efeitos só em relação às partes contratantes. Também não é absoluto, tendo como uma das exceções a estipulação em favor de terceiros (terceiro é atingido por contrato que não realizou), como o beneficiário de seguro de vida, por exemplo.
Princípio do consensualismo
Consenso = Acordo de vontade Princípio relacionado ao momento de formação do contrato.
Para o contrato se formar, basta que A e B cheguem a um acordo de vontades. Dessa forma, o início da obrigação se dá no momento em que houve o acordo de vontades, em regra (contratos consensuais). A exceção são os contratos reais, que necessitam da entrega efetiva do bem, além do consenso, para a formação do contrato.
Princípios Modernos
Princípio da função social do contrato (Art. 421)
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
O contrato não pode ser concebido como um acordo de vontades que interesse somente às partes contratantes, mas sim como um acordo de vontade capaz de sofrer influência de interesses sociais. 
A função social do contrato possui duas vertentes: 
“interpartes”: é a função social que já é pensada no contrato na estipulação entre as partes.
“ultrapartes”: extrapola a relação entre as partes (terceiro).
	Ex. “ultrapartes”: Pessoa que compra terreno e faz lixão, prejudicando os vizinhos (terceiros estranho ao processo). Também pode ser o caso entre o Zeca Pagodinho e a Brahma, sendo que a Nova Schin é a terceira ofendida. No ano de 2004, o Zeca Pagodinho possuía contrato com a Nova Schin, fazendo propagandas publicitárias afirmando que a referida cerveja possuía um novo sabor. No entanto, ainda na vigência do contrato com a Nova Schin, a Brahma lhe contratou para quebrar o contrato anterior e falar que a Nova Schin foi um “amor de verão”. Assim, o terceiro que toma conhecimento de um contrato não pode estimular seu descumprimento, sob pena de pagar indenização pelo aliciamento (Art. 608).
	Limita-se a função social em relação ao cumprimento do contrato (Enunciado 23 do Conselho da Justiça Federal das Jornadas de Direito Civil).
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
Princípio da boa-fé objetiva (Art. 113; 187 e 422)
Boa fé objetiva: É uma regra de conduta ou regra de comportamento que determina que as partes contratantes devam agir segundo parâmetros de lealdade, honestidade, fidelidade, etc. (Se vê mais em D. das Obrigações e Contratos).
Boa-fé subjetiva: É um estado de consciência/psicológico/conhecimento ou desconhecimento de uma situação. (Se vê mais em D. de Família e D. das Coisas).
Funções da boa-fé objetiva:
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Deve-se interpretar os negócios jurídicos se levando em conta a boa-fé objetiva ((lacunas, cláusula ambígua etc.).
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Atos ilícitos (abuso de direito) Criação de deveres laterais/anexos (fonte de obrigação) A boa-fé consiste na limitação ao exercício de direito subjetivo, ou seja, comete-se abuso de direito ao se extrapolar a boa-fé objetiva.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Contratantes devem se comportar, desde a conclusão até a execução do contrato, com boa-fé. Função de criação de deveres laterais ou anexos (bilaterais e implícitos), portanto, é fonte de obrigação, criando deveres que podem não estar expressos no contrato. Ex.: 1) Pintura de parede + dano no jardim = dever de indenizar. 2) Zeca Pagodinho + Nova Schin = quebra dos deveres de lealdade, honestidade.
 Lealdade 
 Fidelidade
 Honestidade
Deveres laterais SigiloCuidado ou proteção (à pessoa ou ao patrimônio)
 Colaboração.
Obs.: A boa-fé incide na fase pré-contratual, contratual (celebração e execução), bem como na fase pós-contratual.
CC/16: “tênis” – credor (direitos) e devedor (deveres) oponentes – um deseja o triunfo. CC/2002: “frescobol” – cooperação entre as partes – ambos têm direitos e deveres.
CONSEQUÊNCIA DE DESCUMPRIMENTO DE DEVER LATERAL Indenizar Art. 389. Descumprida a obrigação (principal, secundária ou dever lateral), responde o devedor por perdas e danos. Ampliação do conceito de adimplemento.
Fase pré-contratual Se o rompimento das tratativas for injustificado e ferir a boa-fé objetiva, é necessário indenizar.
Princípio do equilíbrio econômico ou justiça contratual
As partes contratantes devem observar tal princípio, pois os contratos devem manter durante a sua execução um equilíbrio econômico. Portanto, a regra é não alterar o conteúdo contratual. No entanto, há exceção, podendo modificar o contrato em função do desequilíbrio econômico.
Como no art. 478, o instituto da onerosidade excessiva permite a revisão do contrato ou sua resolução, devido ao desequilíbrio econômico na execução do contrato.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Classificações contratuais
1) Contratos unilaterais e bilaterais → Critério é o número de obrigações, diferentemente do negócio jurídico (número de manifestações de vontade).
- Unilateral = Gera obrigações para uma das partes. Ex.: Doação pura.
- Bilateral – Gera obrigações para ambas as partes.
Importância prática:
1) Exceptio non adimpleti contractus = Exceção (defesa) de contrato não cumprido (Art. 476, CC). = Aplicação apenas em contratos bilaterais (prestações simultâneas).
Só se pode aplicar esse instituo em contratos bilaterais que possuam como objeto prestações simultaneamente exigíveis (quando o contrato nada mencionou). Há a apresentação de defesa contra o outro contratante inadimplente, no sentido de alegar que não houve o cumprimento da sua parte do contrato, pois o outro contratante não cumpriu a dele e as obrigações são simultaneamente exigíveis. Com essa oposição, o contratante coloca um obstáculo legal à exigência de seu cumprimento, devido ao não cumprimento da outra parte (pressupõe-se que o contratante em falta esteja exigindo indevidamente o cumprimento do contrato). Ex.: A não cumpre sua prestação. B alega exceção de contrato não cumprido, visto que não cumpriu sua prestação devido ao fato de A não ter cumprido a sua.
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contraentes, antes de cumprida sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Exceptio non rite adimpleti contractus = há ordem de cumprimento das obrigações = Condições econômicas negativas após a celebração do contrato = dar garantia ou prestar a obrigação primeiro.
	Para alegar a exceptio non rite adimpleti contractus é necessário que haja ordem de cumprimento das obrigações. No entanto, após a celebração do contrato, percebe-se que foram alteradas negativamente as condições econômicas relacionadas à parte que irá cumprir sua obrigação porteriormente. Dessa forma, a parte que irá cumprir sua obrigação primeiramente, antes de o fazer, pede à outra que dê uma garantia de que também irá cumprir sua obrigação ou pede para que seja a outra parte que cumpra a obrigação primeiro. Ex.: A deverá entregar o bem a B e, posteriormente à entrega, B deverá pagar um determinado valor, que foi avençado entre as partes. No entanto, A percebe que as condições econômicas de B se alteraram negativamente após a celebração do contrato, de maneira que possui dúvida de que, se entregar o bem, receberá o dinheiro avençado. Com isso, A alega exceptio non rite adimpleti contractus, pedindo para que B dê uma garantia de que irá pagar o bem ou pedindo para qu B cumpra sua obrigação primeiro.
Art. 477. Se depois de concluído o contrato sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a quem incumbe fazer a prestação em primeiro lugar, recusar-se a esta, até que a outra satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Cláusula resolutória tácita (Art. 475, CC) = Cláusula tácita (implícita) em todos os contratos bilaterais, que prevê que a parte que não deu causa ao descumprimento pode pedir o desfazimento judicial do contrato, caso não queira exigir o seu cumprimento. Portanto, a cláusula resolutória implícita permite a rescisão do contrato por inadimplemento de uma das partes. Se, contudo, as partes fizeram-na constar expressamente do contrato (cláusula resolutória expressa), poderão estipular outros efeitos para hipótese, como multa.
- Cláusula resolutória expressa = de pleno direito.
- Cláusula resolutória implícita = deve-se interpelar a resolução (extinção) do contrato.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Portanto, existem 3 hipóteses ao inadimplemento: exceção de contrato não cumprido; cláusula resolutória (extinção do contrato); e exigir o cumprimento.
2) Contratos gratuitos e onerosos
Critério = obtenção de vantagens.
- Gratuito = Apenas uma das partes obtêm vantagens. Ex.: Doação pura.
- Oneroso = Ambos os contratantes obtêm vantagens que correspondem a sacrifícios. Ex.: Compra e venda (a vantagem do vendendor é receber o dinheiro, que corresponde ao sacrifício do comprador, e a vantagem do comprador é receber o bem, que corresponde ao sacrifício do vendedor).
	Em geral, todo contrato oneroso é bilateral. Em geral, todo contrato unilateral é gratuito, mas não necessariamente.
	Ex.: Contrato de mútuo feneratício = empréstimo de dinheiro com juros (unilateral e oneroso). → É um contrato real, portanto, exige que, além do acordo entre vontades, haja a entrega do bem para a formação do contrato. Dessa maneira, a entrega do dinheiro não é considerada obrigação, visto que é necessário para a formação do contrato. Com isso, o contrato é unilateral, pois há apenas uma obrigação, qual seja: a devolução do dinheiro com juros. No entanto, apesar de ser contrato unilateral, é um contrato oneroso, pois gera vantagens para ambas as partes.
3) Contratos comutativos e aleatórios
Critério = Risco.
Os contratos onerosos podem ser comutativos ou aleatórios.
- Comutativo = No momento da celebração as partes conhecem as prestações, ou seja, as prestações são certas e determinadas.
- Aleatório = Caracterizado pela incerteza quanto às vantagens e sacrifícios que dele possam advir. Ex.: Seguro, contrato de jogo e de aposta.
4) Paritários e de adesão
Critério = Estabelecimento das cláusulas.
Paritário = Ambas as partes possuem liberdade de estipular as cláusulas contratuais (liberdade contratual).
Adesão = Cláusulas são impostas por uma das partes, sendo que a outra parte apenas concorda/adere. O consentimento se dá pela simples adesão.
Art. 54, CDC – Definição de contrato de adesão → Contrato em que uma das partes não pode alterar substancialmente.
Art. 423, CC – A interpretação dos contratos de adesão é feita em favor da parte que adere.
Diferença do contrato de adesão para o contrato de tipo → Contrato pronto que vem com lacunas para preencher. É diferente do contrato de adesão, visto que tem cláusulas previamente estipuladas, mas, dependendo do caso ainda há liberdade contratual.
5) Contrato de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo
Instantânea → Momento de formação/celebração do contrato é o mesmo de sua execução (à vista).
Diferida→ A execução é realizada em um único momento, mas futuro.
Continuada/De trato sucessivo → O momento de celebração do contrato é diferente do da execução e se estende no tempo, não ocorre de uma vez (parcelas).
478, CC – Onerosidade excessiva (diferida ou de trato sucessivo) → Como o adimplemento não é feito no momento da celebração contratual, caso por acontecimnto extraordinários ou imprevisíveis, a prestação de uma das partes se tornar extremamente excessiva, poderá pedir a resolução do contrato.
6) Contratos personalíssimos e impessoais
Personalíssimo = Contrato em razão das características pessoais, é necessário que determinada pessoa cumpra a prestação avençada. Portanto, só aquela pessoa pode executar o contrato, não podendo substituir por outra pessoa. A obrigação pessoal é extinta com a morte.
Impessoal = Tanto faz a pessoa que for prestar a obrigação. Caso haja morte, o contrato deve ser pago com herança.
7) Contratos solenes/formais e não solenes
Solene = Lei exige forma especial para celebração. Ex.: Escritura pública.
Não solene = Art. 107 = Em regra geral, os contratos podem ser celebrados de forma livre, podendo ser escritos ou verbais.
8) Consensuais e reais
Critério = Celebração do contrato.
Consensuais = Levam em conta apenas o momento da formação ou celebração contratual, ou seja, basta o acordo de vontades para a celebração. Ex.: Compra e venda. Obs.: Não se confunde com o momento da execução.
Reais = Além do acordo de vontades, há a necessidade da efetiva entrega do bem. Ex.: Consignação, empréstimo (mútuo e comodato), depósito.
9) Preliminares/pré-contrato e definitivos
Pré-contrato = São convenções que objetivam a realização de um contrato definitivo, gerando deveres ou obrigações a uma das partes. Quando tem como objeto a compra e venda, denomina-se “compromisso de compra e venda” (vincula as partes). São negócios jurídicos.
Diferença entre contrato preliminar e negociações/obrigações preliminares As negociações preliminares não geram direitos, como regra, são simples manifestações sem caráter vinculativo. Já o pré-contrato vincula as partes.
Definitivos = Não objetivam a realização de outro contrato.
10) Nominados e inominados
Nominados = Típicos = Lei prevê suas características, ou seja, há previsãonormativa (contratos em espécie).
Inominados = A lei não prevê suas características → Art. 425 → A lei permite a celebração de contrato atípico, desde que siga as regras estabelecidas pelo Código.
11) Principais e acessórios
Principais = Possui existência própria, não depende de qualquer outro contrato.
Acessórios = Existência está subordinada ao contrato principal.
Consequência = O destino do acessório é o destino do principal.
12) Civis, empresariais e de consumo
	
	NATUREZA DO SUJEITO
	DIREITO A SER APLICADO
	CIVIS
	Particular x Particular
	Direito Civil (CC)
	EMPRESARIAIS
	Empresário x Empresário (Art. 966, CC)
	Direito empresarial (CC e leis especiais)
	CONSUMO
	Fornecedor x Consumidor
	Direito do Consumidor (CDC)
Formação do contrato
Consentimento
 Elemento interno: é um elemento que deve ser exteriorizado.
Vontade
 Elemento externo: é a declaração propriamente dita.
Regra geral: É necessária somente o consentimento para a formação do contrato.
Exceção: Contratos reais (consentimento + entrega efetiva do bem).
Exteriorização da vontade:
- Forma expressa: Por palavras, escritos, gestos (leilão) Sinais externos inequívocos, atitudes que revelam socialmente uma intenção.
- Forma tácita: Manifestação indireta de vontade, o modo como a pessoa age, o seu comportamento mostra o consentimento. Só é admitida quando a lei não exige expressa declaração.
Obs.: Em regra, a forma de manifestar a vontade é livre, salvo quando a lei exigir que seja expressa ou quando as próprias partes assim não o decidirem.
Silêncio (Art. 111): Por si só não representa uma manifestação de vontade. Servirá como manifestação de vontade se vier acompanhado de outras circunstâncias definidoras de uma vontade negocial Silêncio qualificado. Em regra, quem cala não afirma, mas também não nega. O silêncio puro só vale se a lei assim determinar ou se acompanháveis de fatores externos, como, por exemplo, o art. 299, que prevê a assunção de dívida (o silêncio, nesse caso, trata-se de recusa).
Art. 111. O silêncio importa anuência quando as circunstâncias ou usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Portanto, o silêncio é tido como manifestação de vontade quando:
A lei permitir;
As relações anteriores entre as partes, frequentes e sucessivas, indicarem um costume do silêncio possuir significado específico;
Preexistir convenção entre as partes estabelecendo que o silêncio significa algo.
Houver silêncio em caso de assunção de dívida (recusa).
Momento em que se dá o acordo de vontades é o momento em que as vontades se coincidem, mas o contrato não surge pronto, é o resultado de fases.
Fases do contrato
1. Negociações/taxativas/fase de puntuação (facultativa) 2. Proposta/oferta/policitação/oblação 3. Aceitação.
Negociações preliminares ou taxativas
É facultativa, geralmente ocorre em contratos mais complexos, pois é o período de discussão ou maturação dos negócios jurídicos até culminar na conclusão do contrato. Pelo fato de ainda não haver contrato, em regra, não vincula/obriga as partes. No entanto, se a boa-fé for ofendida, pode-se pedir indenização.
As tratativas podem ou não serem documentadas. Quando são documentadas, o documento formal é a minuta, que é um esboço daquilo que foi negociado nessa fase e pode servir de prova na ação de indenização por rompimento das tratativas.
Responsabilidade pré-contratual Recusa em contratar ou rompimento injustificado das tratativas. Requisitos:
Estar em tratativas;
Mostrar a evolução das tratativas;
Mostrar que as tratativas geraram expectativa legítima à outra parte;
Rompimento injustificado das tratativas;
Causa de prejuízo ao outro.
Oferta/Proposta/Policitação/Oblação
Proponente (faz a proposta) ------------ Oblato
Conceito: É uma declaração unilateral do proponente dirigida à pessoa com a qual pretende celebrar um contrato e que deve conter, em princípio, elementos essenciais do negócio. Deve ser clara e objetiva, descrevendo os pontos principais.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. A proposta vincula o proponente, que só ficará liberado se:
- Houver a negativa do oblato;
- Houver decurso do prazo para aceitação.
A oferta não é obrigatória se o proponente/ofertante ressalvar, em cláusula contratual, que: “não vale como proposta”; “sujeita à confirmação”; “apenas para divulgação”.
Aceitação
Conceito: É o ato de aderência à proposta feita e deve ser pura e simples. Caso a aceitação seja sob condições, com ressalvas ou acrescentando novos elementos, há uma nova proposta (contraproposta), pois não é uma aceitação pura e simples e dependerá, portanto, de nova aceitação.
Nova proposta Com prazo: A aceitação deve ocorrer dentro do prazo.
 Sem prazo: A aceitação deve ocorrer imediatamente.
- Contrato entre presentes: Proposta e aceitação ocorrem diretamente entre as partes ou representantes. Ex.: Fisicamente, telefone, Skype etc.
- Contrato entre ausentes: Há intercâmbio de pessoas ou documentos entre a proposta e a aceitação. Ex.: Carta, fax.
Obs.: Internet = Conversando com a pessoa em tempo real (contrato entre presentes); e-mail, em geral, é entre ausentes, pois normalmente não está conversando diretamente, há demora entre a oferta e a aceitação.
Aceitação no contrato entre ausentes
Teorias Cognição ou informação Conhecimento.
 Declaração Propriamente dita Momento que o oblato redige a aceitação.Expedição Momento que o oblato expede a aceitação.
 Recepção Momento que o proponente recebe a comunicação da aceitação.
Cognição ou informação Contrato se forma no momento em que o proponente toma conhecimento da aceitação. Ponto negativo = Quando, efetivamente, ocorre o conhecimento.
Teoria da declaração em geral Contrato se forma a partir da declaração de aceitação do oblato.
Teoria a declaração propriamente dita Contrato se forma a partir da declaração no momento em que o oblato redige a aceitação. Ponto negativo = Como que se sabe qual é o momento?
Teoria da expedição Contrato se forma a partir do momento que o oblato expede a declaração de aceitação.
Teoria da recepção Contrato se forma a partir do momento em que o proponente recebe a comunicação de aceitação do oblato.
O Código Civil, como regra geral, adotou a teoria da expedição:
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente; Cabe retratação da proposta e retratação da aceitação quando a comunicação da retratação chegar junto ou antes da proposta. 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; Proponente, na própria proposta, se compromete a esperar a resposta (teoria da recepção).
III - se ela não chegar no prazo convencionado. Não há solução se o contrato se formou ou não.
Desistência (Art. 433) O oblato pode se retratar de sua aceitação, chegando ao proponente a retratação junto ou antes da aceitação.
Prazo no contrato entre ausentes
Proposta Com prazo A aceitação deve ser, em regra, expedida dentro do prazo.
Sem prazo Até decorrer tempo suficiente para chegar a aceitação (Art. 428, II) Conceito indeterminado.
Lugar do contrato (Art. 435)
O lugar em que foi realizado o contrato é aquele em que foi proposto. A repercussão prática desse conceito é saber a legislação aplicável ao contrato, sendo tanto internacional quanto nacional.
Defeitos dos contratos
Há dois defeitos dos contratos: o vício redibitório e a evicção. O defeito, no vício redibitório, recai sobre o bem. O defeito, na evicção, recai sobre o direito.
Defeitos dos contratos Vício redibitório → Bem.
 Evicção → Direito. 
Vício redibitório (Art. 441 do CC/02)
Conceito: Defeitos ocultos que tornam a coisa imprestável para o uso a que se destina ou lhe diminuem o valor. Ex.: Problema no relógio que faz com que atrase o horário. Não serve para o uso a que se destina, visto que não mede o horário com exatidão.
Para se alegar vício redibitório os contratos devem ser bilaterais, onerosos e comutativos. Portanto, há a exclusão das doações puras, ou seja, nesse caso não se pode alegar vício redibitório, pois não há onerosidade. Já na doação onerosa (com encargos), é possível alegar vício redibitório, pois toda vez que a doação gerar uma obrigação para a outra parte, o contrato se torna bilateral e há a possibilodade de alegar o referido vício.
Princípio da garantia
O princípio da garantia é um fundamento jurídico que prevê que todo o alienante tem o dever de assegurar ao adquirente o uso do bem de acordo com a sua finalidade.
No entanto, o defeito oculto deve existir ao tempo da transmissão, ou seja, se o defeito surge após a transmissão não há vício redibitório.
Requisitos
Vício deve ser oculto;
Vício deve ser desconhecido do adquirente no momento em que ele comprou;
Vício deve ser grave, ou seja, se o adquirente soubesse da existência do vício não haveria celebrado o contrato;
Devem existir ao tempo da transmissão, não podendo ser superveniente;
A coisa deve ser adquirida em virtude de um contrato comutativo ou de doação com encargo;
Não se alega vício redibitório em caso de bens adquiridos em hasta pública (leilão).
Segundo o art. 445, §1º, o adquirente tem o prazo máximo de 180 dias para tomar conhecimento do vício jurídico. A partir do conhecimento do vício redibitório, o adquirente possui prazo de 30 dias para alegar o vício, caso se trate de bem móvel, e um ano para alegar o vício, caso se trate de bem imóvel.
Efeitos e consequências
Para alegar o vício redibitório, é necessário mover uma das ações edilícias. Há dois tipos de ações edilícias:
Ação redibitória → Portula-se a rescisão contratual, devolvendo o bem. Há indenização por perdas e danos caso o alienante soubesse da existência do defeito e não avisou ao adquirente.
Ação “quanti minoris” ou estimatória → Opta-se por ficar com o bem, pedindo o abatimento do preço.
	Vício Redibitório
	Erro
	Erro objetivo;
Consequência = recisão do contrato ou abatimento do preço;
Prazo de 30 dias → Bem móvel;
Prazo de 1 ano → Bem imóvel.
	Defeito do negócio jurídico;
Erro é subjetivo, pois é uma falsa ideia que a própria pessoa tem da realidade, é psicológico.
Consequência = anulação do negócio jurídico (art. 171 e 178)
Prazo decadencial de 4 anos.
Cláusula de garantia
A cláusula de garantia pode ser diminuída, aumentada ou excluída (art. 421), desde que não ofenda os princípios da boa fé e da função social do contrato. Caso ofenda, há a alegação de que a cláusula é inválida.
Diferença entre o vício redibitório no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor.
	Código Civil
	Código de Defesa do Consumidor
	Vício redibitório é apenas um vício oculto.
	Vício redibitório pode ser oculto ou aparente/de fácil constatação.
O prazo é de 30 dias para produtos não duráveis e 90 para produtos duráveis.
Evicção
Conceito: É a perda judicial por sentença de um bem, pelo adquirente, em consequência de reivindicação feita por um terceiro, estranho ao contrato, mas que é seu verdadeiro dono, possuidor ou que possui direito sobre a coisa, sendo responsável o alienante, posto que a causa jurídica da perda era prévia ao contrato.
Portanto, o alienante transmitiu um bem ao adquirente e esse o perdeu por força de sentença, que não precisa necessariamente ter transitado em julgado, porque o terceiro é o dono do bem e o reivindicou.
Relação = alienante --- adquirente (evicto). << terceiro (evictor)
Dessa forma, o adquirente pode se voltar, em outra ação, contra o alienante para ser ressarcido/indenizado do prejuízo, devendo o alienante arcar com:
Restituição do que ele pagou;
Despesas contraídas referentes ao contrato;
Custas judiciais (do outro processo - o adquirente teve que pagar a sucumbência ao evictor, que deve ser ressarcida pelo alienante).
Fundamentos
Princípio da garantia: Todo alienante deve garantir ao adquirente o uso e o gozo do bem e, se não o fizer, terá que indenizar. Esse princípio existe mesmo em hasta pública (leilão).
Requisitos
Existe em todo o contrato oneroso, comutativo, bilateral + trocas + doações modais (onerosas, com encargos) que transferem o domínio, a posse ou o uso.
Perda total ou parcial da propriedade
Onerosidade (não gratuidade) da aquisição.
Ignorância do adquirente da litigiosidade da coisa (se conhecia, presume-se o risco de perder o bem).
Anterioridade do direito de terceiro (no momento da celebração do contrato o terceiro já tinha o direito.
Ação de terceiro contra o adquirente. Somente depois que pode o adquirente agir contra o alienante.
A garantia da evicção independente de cláusula expressa, pois é legal. No entanto, a cláusula contratual pode reforçar, diminuir ou excluir essa garantia (art. 448). No entanto, mesmo com cláusula de exclusão, se ocorrer a evicção, o adquirente tem direito de cobrar o alienante o dinheiro que pagou pela coisa, sem as despesas e custas, se não soube do risco da evicção ou, dele informado, não assumiu o risco.
É assunto pacificado na jurisprudência o conceito de que não se pode em contrato assumir reforço maior que o dobro, pois fere o princípio da vedação do enriquecimento ilícito.
Estipulação em favor de terceiro
1) Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: apenas os contratantes vão sofrer os efeitos do contrato.A estipulação em favor de terceiro é a exceção do princípio da relatividade dos efeitos do contrato, pois um terceiro é beneficiado por contrato realizado entre duas partes.
Conceito: Dá-se a estipulação em favor de terceiros quando, em contrato, se pactuar que o benefício dele decorrente, no todo ou em parte, reverta em favor de terceiro que lhe seja totalmente estranho.
Requisitos
- Requisitos genéricos de validade do negócio jurídico: capacidade; objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
- Existência de um terceiro.
- Aquisição pelo terceiro de um direito a um benefício.
Partes
Promitente (devedor: promete entregar benefício a terceiro) --- contrato (objeto = vantagem para terceiro) --- Estipulante (estipulou o benefício para terceiro usufruir).
Direito das partes
- A revogação/modificação do contrato pode se dar ao gosto dos contratantes, salvo se houver adesão do beneficiário, ou seja, se o terceiro tiver manifestado o propósito de aceitar o benefício.
- O estipulante pode substituir o terceiro designado como beneficiário no contrato independentemente de sua anuência e da do outro contratante.
O artigo 436, parágrafo único, prevê a faculdade do terceiro de exigir a obrigação diretamente contra o promitente/devedor. Essa faculdade apenas pode ser afastada pela pactuação expressa dos contratantes, reservando-a ao estipulante.
Como a estipulação em favor de terceiro é ato de liberalidade (assim como a doação e o testamento), não pode o terceiro exigir que o estipulante cumpra sua contraprestação perante o promitente para que nasça seu próprio direito de receber o benefício.
Recusa do terceiro
Se o terceiro se recusar a aceitar o proveito da estipulação, essa pode se reverter em benefício do estipulante ou de outrem (outro beneficiário).
Incidência prática (Exemplos)
a) seguro de vida
b) fiança bancária
Devedor ---- Banco (garante o benefício ao terceiro credor).
c) transporte de mercadoria
Transportadora ---- Remetente --- terceiro = destinatário (não celebrou contrato com a transportadora e, sim, com o remetente, mas pode assumir os encargos de pagar - também pode exigir da transportadora a entrega ou indenização).
d) contrato de compra e venda: quando há a obrigação do devedor de transferir a propriedade para nome de terceiro.
e) locação: quando os encargos locatícios devem ser repassados a terceiros (comum em ação de alimentos, pois ao invés de receber e repassar, o locatário transfere o dinheiro para o beneficiário/filho).
f) na doação: quando o donatário tem que cumprir um encargo a terceiro.
Contrato com pessoa a declarar (Art. 467 a 471)
Promitente _________________________ Estipulante (Promissário)
1) NATUREZA JURÍDICA: Cláusula resolutiva.
2) CONCEITO: É uma espécie de contrato em que uma pessoa (estipulante) contrata, por si, com outra pessoa (promitente), reservando-se, por cláusula contratual de comum acordo entre as partes, o direito de nomear outra pessoa como parte contratante. Portanto, esse terceiro não é parte contratual, mas ocupará o lugar do estipulante posteriormente. Dessa forma, o promitente não sabe quem é o terceiro, que ainda será nomeado, assumindo, assim, as obrigações do contrato.
3) NOMEAÇÃO DO TERCEIRO: Deverá ser realizada dentro do prazo convencionado ou 5 dias após a conclusão do contrato, caso não haja prazo estipulado.
Obs.: O terceiro tem que aceitar, pois ele não é obrigado a aceitar devido ao princípio da autonomia da vontade. Dessa forma, assume eficácia ex tunc, ou seja, retroage ao momento da celebração, estando o terceiro obrigado a tudo que foi celebrado contratualmente.
4) NÃO NOMEAÇÃO OU ACEITAÇÕ DO TERCEIRO: Se o estipulante não nomear terceiro no prazo estipulado ou o terceiro não aceitar, o contrato subsiste entre as partes originárias. Caso o terceiro for incapaz ou insolvente, o contrato também subsiste entre as partes originárias.
5) RAZÕES PARA FORMAR ESSE TIPO DE CONTRATO: Razões de ordem fiscal, visto que, dessa forma, paga-se menos tributo. Além disso, ainda há a razão de ocultar a identidade do verdadeiro destinatário, ou seja, do terceiro no momento da contratação (como em uma compra e venda de imóvel entre vizinhos que não se gostam ou um leilão).
Inadimplemento
Antes: Dicotômico Absoluto
 Relativo
Depois: Tricotômico Absoluto
 Relativo
 Violação positiva da obrigação (violação dos deveres laterais)
O contrato é um direito pessoal que nasce para morrer, sua finalidade é a extinção, de maneira a ser extinto devido ao cumprimento da obrigação ou devido ao inadimplemento.
Formas de inadimplemento (teorias relacionadas à boa-fé objetiva)
1) ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL/INADIMPLEMENTO MÍNIMO: Ocorre em contratos de execuções continuadas no tempo em que há o cumprimento da maior parte do que foi acordado. Ocorre quando, por exemplo, o contrato define o pagamento de 12 parcelas e o devedor realizou o pagamento de 10 parcelas, ou seja, o devedor pagou quase tudo, substancialmente. A teoria atual define que a finalidade do contrato é o adimplemento, de maneira que o credor não pode pedir a resolução do contrato inicialmente. Assim, o credo deve, primeiramente, postular o pagamento e, depois, pedir a resolução do contrato caso o devedor não efetue o pagamento. Dessa forma, há um limite ao direito potestativo do credor de pedir a resolução. O STJ aplica essa teoria em inúmeros casos. Ex.: Compromisso de compra e venda e seguros (existem seguros que resolvem o contrato apenas com o inadimplemento de uma parcela, aplicando-se a teoria do adimplemento substancial ou inadimplemento mínimo.
2) ADIMPLEMENTO RUIM OU INSATISFATÓRIO (VIOLAÇÃO OU QUEBRA POSITIVA DO CONTRATO): É o adimplemento em que a violação dos deveres laterais/anexos, ou seja, há violação da boa-fé objetiva, apesar do cumprimento das obrigações principais e secundárias, se houver. Portanto, sob pena de caracterizar a violação positiva do contrato, não basta cumprir a obrigação, deve-se cumprir da melhor maneira possível. Ex.: Advogado é contratado para prestar serviços de advocacia e decide ir pela via mais demorada e onerosa ao seu cliente apenas para majorar seus honorários. O advogado violou o dever da boa-fé objetiva de lealdade, mesmo cumprindo a obrigação de prestar os serviços de advocacia. Nesse caso, não houve um descumprimento negativo, mas houve um descumprimento positivo, uma vez que, mesmo cumprindo todos os deveres contratuais, descumpriu os deveres anexos, consagrando, um novo modelo de inadimplemento, o inadimplemento positivo.
3) INADIMPLEMENTO ANTECIPADO: É anterior ao termo fixado para o cumprimento da obrigação, desde que um dos contratantes demonstre de forma inequívoca a intenção da outra parte de não cumprir sua prestação. A intenção dessa teoria é mitigar o prejuízo do credor, ou seja, minimizar os efeitos jurídicos do descumprimento contratual nos casos em que há prazo determinado em contrato. Essa teoria é uma tendência jurídica contemporânea, relacionada às diversas perspectivas do inadimplemento contratual.
EXTINÇÃO DO CONTRATO
1) CAUSAS DE DISSOLUÇÃO ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS À SUA FORMAÇÃO:
a) Nulidade absoluta: Defeito na formação do contrato, quando não estiverem presentes os requisitos essenciais para a validade dos negócios jurídicos. Dessa maneira, o contrato não produz nenhum efeito desde o momento de sua formação.
Agente capaz;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Forma prescrita e não defesa em lei.
b) Cláusula resolutiva: Em todo contrato bilateral existe cláusula resolutória tácita, ou seja, há o direito de postular a resolução contratual devido ao inadimplemento.
c) Direito de arrependimento: É exceção à regra geral de não possuir direito ao arrependimento, pois, com essa exceção há a relativização da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda). Dessa forma, as partes têm direito a arrependimentoquando:
Estipularem expressamente em contrato o direito de arrependimento (convenção contratual);
For previsto em lei. 
Ex.: Arras penitenciais O sinal foi dado já sabendo que a outra parte poderia desistir, portanto, as arras penitenciais dão direito de se arrepender, de modo a amenizar o prejuízo da outra parte.
Ex. 2: CDC permite a desistência em 7 dias do produto comprado, no entanto, apenas nos casos em que há relação de consumo e para contratos que foram realizados fora do estabelecimento empresarial, como internet, porta a porta, venda por catálogo etc.
2) CAUSAS EXTERNAS SUPERVENIENTES À SUA FORMAÇÃO:
 Inexecução voluntária (com culpa, para de cumprir);
a) Resolução Inadimplemento por Inexecução involuntária (sem culpa, caso fortuito ou força maior);
 Onerosidade excessiva.
 - Inexecução voluntária (culpa):
 Inadimplemento por culpa;
Requisitos Dano causado ao outro (deixou de receber as parcelas);
 Nexo de causalidade (dano causado em razão do descumprimento do contrato).
Consequências:
Contrato de execução única (instantânea ou diferida): Opera-se a extinção retroativa, restituindo-se as prestações cumpridas. 
Contrato de execução continuada (prolonga-se no tempo): Em regra, na relação entre particulares (civil), não se restituem as prestações já efetuadas, pois o efeito é ex nunc, ou seja, a partir da extinção. No entanto, o CDC (Art. 53) considera nulas as cláusulas do contrato que estabeleçam a perda total das prestações pagas em caso de inadimplemento pelo devedor. 
Exceção: art. 53 do CDC (relação fornecedor x consumidor) É nula a cláusula que estipula a perda total das parcelas pagas, ou seja, as parcelas pagas devem ser devolvidas sendo descontadas as despesas contratuais, bem como a mora do bem. Dessa maneira, o valor a ser devolvido deve ser analisado no caso concreto, havendo, geralmente, entre 70 a 90% de devolução.
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
O lesado pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, mais indenização pelos prejuízos.
Se houver cláusula penal compensatória, é alternativa do credor:
Executar a cláusula;
Ajuizar ação requerendo indenização, provando o prejuízo maior que a cláusula penal.
Obs.: Quando há cláusula penal, só á a possibilidade de exigir o suplemento caso esteja estipulado em contrato. Dessa forma, se estiver estipulado em contrato o credor deverá provar apenas o suplemento, ou seja, a quantia excedente de prejuízo que teve e que não foi indenizada pela cláusula penal. Se não estiver previsto em contrato a possibilidade de suplemento, o credor terá que ajuizar ação provando todo o seu prejuízo, havendo a prefixação da perdas e danos, bem como a restituição da cláusula e do suplemento.
- Inexecução involuntária (sem culpa):
Decorre de caso fortuito ou força maior e nas hipóteses de obrigações de caráter personalíssimo em que haja o descumprimento sem culpa do devedor. Há a resolução do contrato sem perdas e danos, mas o contratante deverá restituir o que recebeu (retorno ao status quo antigo). No entanto, se o devedor estiver em mora, o credor estará autorizado a responsabilizar o devedor pelos danos oriundos de força maior ou caso fortuito.
- Onerosidade excessiva: 
Apenas em casos de contrato de execução diferida ou de trato sucessivo. Há onerosidade excessiva sempre que uma relação obrigacional contratual se tornar, em razão de acontecimento superveniente, extraordinário e imprevisível, no momento da formação do contrato, notadamente onerosa para uma das partes, no momento da execução, acarretando lucro exagerado para a outra parte. A parte lesada no contrato por esses acontecimentos poderá desligar-se de sua obrigação, pedindo judicialmente a resolução do contrato. Esse instituto reequilibra o contrato, devido ao princípio do equilíbrio econômico, sendo utilizado nos casos em que um fato acarreta desequilíbrio econômico da relação contratual posteriormente à celebração do contrato. Com esse instituto, é possível que a parte prejudicada postule a revisão judicial das cláusulas contratuais ou a resolução contratual. Ex.: Alta do dólar, e imprevisível. Obs.: Não pode inflação nem nada pessoal, deve ser uma circunstância geral.
Requisitos:
Vigência de um contrato comutativo de execução diferida ou continuada;
Alteração radical das condições econômicas no momento da execução do contrato em confronto com as condições econômicas do momento da formação;
Haver onerosidade excessiva para um contratante e benefício exagerado para o outro;
Imprevisibilidade e extraordinariedade daquela modificação.
B) RESILIÇÃO Bilateral 2 espécies.
 Unilateral
- Resilição bilateral Distrato.
Extinção do contrato pela vontade de ambas as partes, devido ao princípio da autonomia da vontade. Aplicam-se as mesmas normas e formas de contrato. Subsistem as prestações já devidas, visto que o efeito é ex nunc, ou seja, a partir do momento do distrato.
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. O distrato segue as mesmas normas e formas do contrato.
- Resilição unilateral.
É a extinção do contrato pela vontade de apenas uma das partes. Se dá mediante a denúncia notificada à outra parte (Art. 473). Ela é admitida em hipóteses excepcionais, visto que é exceção:
Quando a lei permite;
Em contratos de prazo indeterminados.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Exemplos: contratos de mandato, comodato, depósito, fornecimento de mercadoria por tempo indeterminado. 
Obs.: A parte que, injustamente (sem motivo), resilir o contrato, ficará obrigada a pagar à outra indenização por perdas e danos, desde que esta tenha feito investimentos para a execução do contrato.
Em determinados contratos, a resilição assume uma feição diferente:
Revogação Ex.: Contrato de doação em razão de ingratidão do donatário ou inexecução do encargo (até o MP pode propor a revogação do contrato). Ex. 2: Revogação de mandato quando perder a confiança.
Renúncia Ex.: Resilição unilateral do advogado no mandato. Agora é o advogado que não quer mais ser o mandatário.
Morte de um dos contratantes Extingue o contrato quando for obrigação personalíssima, senão, passa para os seus herdeiros na medida das forças da herança. O efeito é ex nunc, ou seja, a partir da morte do contratante.
Obs.: Em todos os casos não há necessidade de pronunciamento judicial, sendo o efeito ex nunc, não retroagindo e, sim, valendo a partir do acontecimento.
CONTRATOS EM ESPÉCIE
Contrato de Compra e Venda
a) Conceito: Contrato em que uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa e a outra (comprador) a pagar-lhe o preço em dinheiro (Art. 481, CC).
Vendedor/comprador: Elementos subjetivos.
Transferir o domínio de uma coisa/Pagar-lhe o preço em dinheiro: Elementos objetivos.
Obs.: Tem que ser em dinheiro, visto que essa é a distinção da troca (coisa por coisa/coisa por dinheiro).
b) Classificação:
Consensual Basta o acordo de vontades para a sua celebração.
Bilateral
Oneroso
Não solene, em regra.Solene apenas nos casos de compra e venda de bem imóvel de valor superior a 30 salários mínimos, pois a lei exige que seja feito por escritura pública em cartório.
	Consensual
	Bilateral
	Oneroso
	Não solene
	Aperfeiçoa-se com o acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa.
	Gera obrigações recíprocas:
Comprador: Pagar o preço em dinheiro;
Vendedor: transferir o domínio de certa coisa.
	Ambos os contratantes auferem vantagens e desvantagens.
Comprador: recebimento da coisa e o pagamento em dinheiro.
Para o vendedor, o recebimento do dinheiro e a entrega da coisa.
	Não possui forma definida, em regra geral.
Exceção Compra e venda de imóveis de valor superior a 30 salários mínimos: terá caráter solene (contrato formal, em que a lei exige uma forma especial para sua celebração), pois a lei reclama escritura pública e registro.
c) Elementos do Contrato: As partes acordam sobre seus elementos no momento de sua celebração.
ELEMENTOS SUBJETIVOS: Dizem respeito aos sujeitos da relação contratual (vendedor e comprador).
VENDEDOR: Qualquer sujeito pode, em regra, vender livremente seus bens, no entanto, há exceções. 
Venda de ascendente para descendente: É condição de validade a anuência expressa dos demais descendentes e do cônjuge, sob pena de se anular o negócio jurídico. A autorização expressa dos outros descendentes se faz necessária, visto que pode haver simulação de compra venda, porém, na verdade ser uma doação. A anuência do cônjuge é necessária, salvo se o regime de separação de bens for obrigatório (definido por lei), pois, nesse caso, não há concorrência com os descendentes pela herança nem o cônjuge é meeiro (caso apenas de comunhão de bens). Portanto, a autorização do cônjuge é apenas condição quando o regime de casamento for o de comunhão de bens ou de separação voluntária de bens. Caso essa regra seja descumprida, cabe aos interessados (filhos ou cônjuge) postular anulação o contrato.
Compra e venda entre cônjuges: É lícita apenas em relação aos bens excluídos da comunhão.
COMPRADOR: Em regra, pode ser qualquer pessoa. No entanto, existem algumas limitações, tais como:
Tutor, curador, testamenteiro e administrador não podem comprar os bens que administram.
Leiloeiros e seus prepostos não podem contratar a compra daqueles bens cuja venda se encarregam.
ELEMENTOS OBJETIVOS: Dizem respeito à coisa (objeto) e seu preço.
COISA: A coisa, objeto do contrato da compra e venda, pode ser um bem de qualquer espécie, podendo ser corpóreo ou incorpóreo (sendo regido pelas normas da cessão). No entanto, a coisa deve ser determinada ou determinável, desde que sejam indicados o gênero e a quantidade da coisa incerta, podendo ser escolhida a espécie posteriormente.
Em caso de contratos de execução diferida, a coisa não precisa ser presente no momento de sua celebração, podendo ser coisa futura. Portanto, pode ser objeto de contrato coisa não integrante do patrimônio do vendedor no momento da celebração do contrato, desde que o vendedor tenha meios de fabricar ou adquirir a coisa para que essa integre o patrimônio dele até o momento da execução.
Não se admite que a coisa futura seja herança de pessoa que está viva (proibição do pacta corvina).
	Existência da coisa
	Individualização da coisa
	Coisa inexistente: Nulidade do negócio jurídico, salvo se a intenção das partes era concluir contrato aleatório (risco).
Coisa futura: “Existência potencial da coisa”, o objeto não precisa ser “coisa presente”, ou seja, não precisa ser necessariamente integrante do patrimônio do vendedor no momento da constituição do vínculo contratual, desde que o vendedor tenha meios de fabricar ou adquirir tal coisa futura Execução do contrato será diferida. Obs.: É proibida a venda de coisa que pertença à herança de pessoa viva.
 coisas corpóreas e incorpóreas: podem ser ambas objeto de compra e venda, no entanto, a venda de coisas incorpóreas será denominada de cessão. (cessão de crédito, cessão de estabelecimento empresarial, etc.). 
	 Coisa determinada ou determinável: admite-se a venda de coisa incerta, desde que indicada seu gênero e quantidade.
PREÇO: 
O preço deve ser necessariamente em dinheiro, se for entregue coisa diversa, desnatura-se a compra e venda e o caso é de troca. 
O preço deve ser definido em reais, salvo, quando a lei permitir, em moeda estrangeira.
Sem a fixação do preço, a venda é nula. 
d) Obrigações:
VENDEDOR: 
Transferir o domínio da coisa (obrigação principal).
Móvel: É transferida pela tradição;
Imóvel: É transferida por meio da outorga do instrumento apta ao registro da titularidade, sendo o instrumento, em regra, a escritura pública.
 Se houver o descumprimento desse dever, o comprador pode exigir o bem (execução específica), quando isso for possível, ou exigir a resolução do contrato e perdas e danos.
2. Pagar despesas da tradição Em regra, as despesas da tradição são um dever do devedor, mas podem as partes estipularem o contrário, desde que o façam expressamente.
3. Débitos atinentes à coisa até o momento da tradição, salvo estipulação em contrário.
4. Responsabilidade por vícios ocultos e evicção.
Obs.: Pode o comprador em caso de vício mover alguma das ações edilícias:
- Ação redibitória: Postula-se a rescisão do contrato e cabe o pagamento de perdas e danos apenas se o alienante sabia da existência do vício e não avisou (dolo).
			- Estimatória: Fica-se com o bem e o preço é abatido.
			
COMPRADOR
1. Obrigação principal = Pagar o preço em dinheiro, à vista, salvo convenção em contrário. Não tendo as partes estipulado a venda a crédito, não é exigível a coisa antes da entrega do preço.
 Caso haja descumprimento do dever do comprador, o vendedor pode pleitear a resolução do contrato ou realizar a cobrança judicial, em ambos os casos pleiteando perdas e danos.
2. Pagamento das despesas com a escritura e registro, salvo estipulação em contrário que determine a repartição ou a assunção da dívida pelo devedor.
Cláusulas especiais
As cláusulas especiais têm que estar previstas expressamente no contrato, ou seja, não podem serem presumidas.
a) VENDAS CONDICIONAIS: As obrigações das partes ficam sujeitas ao implemento de condição suspensiva ou resolutiva. Portanto, as obrigações ficam sujeitas a uma condição. Ex.: O pai dará um carro ao filho, desde que ele ingresse numa pós-graduação no exterior. O contrato constitui-se desde logo, vinculando as partes. Realizada a condição, deve entregar o carro e o outro pagar o preço. Se não passar, desfaz-se o vínculo contratual, liberando-se as partes de suas obrigações.
Venda a contento (a agrado) do comprador – critério subjetivo: A coisa é apreciada subjetivamente. O contrato torna-se exigível quando ela for do agrado do comprador e se desconstitui em caso predeterminado. Por essa cláusula, o comprador se reserva no direito de rejeitar a coisa se não gostar dela, dependendo de sua exclusiva aprovação. Em regra, a cláusula atribui direito potestativo (que não se pode contestar) ao comprador, que não necessita justificar eventual recusa, pois não pode o vendedor se opor ao desagrado manifestado pelo comprador. Portanto, a rejeição não decorre de vício na coisa ou de sua má qualidade, pois o arbítrio do comprador fica sujeito ao fato da coisa experimentada lhe agradar. Pode ser feita tanto em condição suspensiva quanto em condição resolutiva.
Exemplo: Compra e venda de tela pintada por artista famoso. O comprador pode levar para casa e ver se combina com a decoração e, caso lhe agradar, pagará o preço e ficará com o quadro. Caso decidir que não combinou com a decoração de sua casa, o contrato é resolvido, havendo a devolução da coisa.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
Venda sujeita à prova – critério objetivo: A avaliação é objetiva. Opera a condição,tornando exigíveis as obrigações sempre que a coisa vendida corresponder ao padrão descrito pelo vendedor. Portanto, as obrigações se tornam exigíveis quando for constatado que o bem estiver de acordo com o pedido, ou seja, a coisa vendida corresponde ao padrão descrito pelo vendedor. Não se constitui em condição potestativa (incontestável), visto que a rejeição por parte do experimentador não pode ser injustificada quando a coisa possuir as qualidades asseguradas pelo vendedor e for idônea para o fim a que se destina. 
Exemplo: Vinho no restaurante: A pessoa compra determinado vinho no restaurante e as obrigações apenas são exigíveis quando o comprador verificar se o vinho é, realmente, da marca, safra etc, que pediu. Caso não goste do sabor, as obrigações são exigíveis da mesma forma, pois o critério é objetivo, ou seja, há apenas a verificação se a coisa entregue está de acordo com o que foi pedido. Ex. 2: Uma pessoa realiza a compra de 5 mil caixas para realizar a entrega de um determinado produto. Envia os formatos à pessoa que confeccionará que, no entanto, já havia realizado as caixas em tamanho diverso do pedido. A obrigação só se torna exigível no momento que a compradora verifica se as caixas estão do tamanho pedido. Como não estão, não são exigíveis.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.
b) RETROVENDA: Tratam-se de pactos adjetos (cláusulas inseridas) à compra e venda de bem imóvel, em virtude do qual é outorgada ao vendedor a opção de recomprar o bem no prazo assinalado em contrato, de no máximo 3 anos, mediante a restituição do preço, reembolso de despesas autorizadas e indenização de benfeitorias necessárias, se houver. A cláusula pode ser executada em juízo.
c) PREEMPÇÃO: Pelo direito de preferência, o comprador se obriga a dar preferência ao vendedor na hipótese de revenda do bem adquirido, para que o vendedor primitivo adquira a coisa, se assim desejar (possui o direito de adquiri-la e não a obrigação). O comprador não é obrigado a vender, mas se o fizer, deve dar direito de preferência ao vendedor primitivo. O instituto é intransmissível, indisponível e possui prazo de caducidade. A venda com inserção dessa cláusula é definitiva, pois nada a condiciona, sendo plena a propriedade do adquirente, que não está obrigado a alienar o bem. O comprador, portanto, contrai a obrigação de informar/notificar o vendedor primitivo das condições que oferecerá a terceiro. Na notificação deve constar o preço da venda, os prazos e condições de pagamento, bem como qualquer outra vantagem oferecida no negócio, para que o vendedor possa exercer o seu direito, pagando o preço e obedecendo as condições. Caso seja modificada a proposta de venda a terceiro, deve ser realizada nova notificação. Distingue-se da retrovenda, pois se aplica tanto a bem móveis quanto imóveis. O prazo para se exercer o direito à preferência, pode ser estabelecido no contrato, caso contrário, se submete ao prazo legal. Havendo prazo estabelecido, ele não poderá ultrapassar o limite legal do art. 513 que define como prazo 180 dias, em caso de bem móvel, bem como 2 anos, em caso de bem imóvel. Caso não haja previsão, as partes se submeterão ao artigo 516, que define como prazo três dias, no caso de bem móvel e, se for imóvel, os 60 dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor. O comprador primitivo responde por perdas e danos se não notificar o contratante, também respondendo, solidariamente, o adquirente do bem, caso saiba da cláusula de preempção e mesmo assim compre o bem antes da notificação do vendedor primitivo (má-fé).
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
d) RESERVA DE DOMÍNIO: É cláusula de garantia, exigindo registro em cartório. Constitui garantia para o vendedor de que receberá o pagamento pela coisa. Com isso, o vendedor continua a possuir a propriedade da coisa (domínio), enquanto o comprador exerce desde logo a posse. Quando inteiramente adimplida a obrigação de pagar o preço, resolve-se a titularidade do vendedor sobre a coisa vendida, passando a titularidade da propriedade do bem ao comprador. No caso em que o comprador não cumpra a obrigação, o vendedor pode pedir a devolução da coisa e adquirir a titularidade plena do bem novamente (reintegração de posse) ou pode optar por exigir a dívida. Se dá para bens móveis, vendidos não à vista, por instrumento escrito (contrato escrito prevendo a cláusula) e registro em cartório no domicílio do comprador. Para execução, deve o vendedor constituir em mora o comprador mediante interpelação (exceção do princípio dies interpelati pro homine).
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Tradição e riscos da coisa
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.
Venda ad mensuram e venda ad corpus (Art. 500)
Venda ad mensuram (em razão da medida de extensão): É a venda em que se determina a área do imóvel vendido, estipulando-se o preço devido à medida de extensão. A especificação da área é que determinará o preço, ou seja, a venda é feita em razão da medida de extensão, isto é, o comprador só adquiriu o bem pela medida que ele tem. É realizada, normalmente, em compra e venda de terras. Tem que estar expresso no contrato a venda ad mensuram. 
Exemplo: A e B celebram compra e venda de terras. No contrato diz ter 1.000 alqueires e na realidade tem 900. 
A --------------------- B
Contrato: 1.000 alqueires.
Realidade: 900 alqueires.
B pode reclamar, desde que a venda tenha sido “ad mensuram”:
Rescisão do contrato, por meio de ação redibitória; 
Abatimento do preço, por meio de ação quanti minoris/ação estimatória); 
Pode pedir o complemento da área, se possível, por meio de ação ex expto ou ex vendito. 
Venda ad corpus: A venda ad corpus é a regra geral. Há alienação do bem imóvel como corpo certo e determinado. O bem é adquirido pelo conjunto e não em atenção à área declarada, ou seja, o comprador não compra o bem devido a sua extensão, sendo a medida meramente descritiva. Com isso, não haverá complemento de área, nem devolução do excesso. Há presunção juris tantum de que a venda é ad corpus, ou seja, há presunção que admite prova em contrário de que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvando ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
Art. 500. Se, na vendade um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. Venda ad mensuram.
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. Presunção da venda ad corpus.
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. Venda ad corpus.
CONTRATO DE DOAÇÃO
Doador __________________________ Donatário
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Os sujeitos são o doador (quem pratica a liberalidade) e o donatário (quem dela se beneficia). Em regra, é ato de liberalidade e possui institutos solenes que têm muitas regras de precaução.
A) OBJETO: Pode ser qualquer bem corpóreo, móvel ou imóvel. Caso a transferência seja de bem incorpóreo ou transferência de um direito, não é doação e sim cessão gratuita de direitos. 
B) FORMA: Em regra, a forma do contrato é por escrito, em razão da natureza gratuita da alienação, podendo ser realizado por meio de instrumento público ou particular. Portanto, é um contrato solene, tendo em vista ser um ato de liberalidade, ou seja, possuir natureza gratuita. A escritura pública é obrigatória nos casos em que a doação seja de bem imóvel superior a 30 salários mínimos (mais solene ainda). pequeno valor levado em conta a fortuna do doador (pode ser um relógio rolex se o doador for rico). 
Exceção à regra do contrato solene: A doação pode ser feita de forma oral caso o bem doado for móvel e de pequeno valor, tendo sido entregue ao donatário imediatamente após a exteriorização do animus donandi (intenção de doar) pelo doador. O critério para estabelecer o conceito de pequeno valor é a fortuna do doador, ou seja, a coisa deve significar pouco em relação ao patrimônio que possui o doador. Ex.: O doador dá a uma pessoa um relógio rolex, sendo milionário. O relógio rolex é insignificante em relação ao patrimônio do doador, aperfeiçoando-se, dessa forma, o contrato de forma oral.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
C) EFEITOS:
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
 Exoneração do doador por qualquer responsabilidade por vício redibitório ou evicção (salvo no caso de doação para casamento com pessoa certa e determinada). No caso da evicção, para transferir é necessário o registro, então a pessoa apenas seria enganada antes da transferência de propriedade. Além disso, se houver prejuízo ao donatário, pode postular indenização. No entanto, não há responsabilidade contratual no caso da doação.
Exceção = O doador responde pela evicção nas doações para casamento com pessoa certa e determinada, salvo convenção em contrário (resquício do passado, em que era comum o casamento realizado por dotes. 
 Exoneração do pagamento de juros moratórios caso retarde o cumprimento da obrigação, ainda que dolosamente. 
D) EXPRESSÕES REFERENTES À DOAÇÃO 
Doação pura: Simples, sem encargos. É um contrato unilateral e oneroso em que o doador não estipula nenhum encargo ao donatário. 
Doação gravada (onerosa, modal ou com encargo): O donatário para ter direito ao benefício deve cumprir uma obrigação prevista em contrato. É um contrato bilateral, possuindo obrigações recíprocas e fugindo da regra geral da doação – Ex: doação de uma casa para se estabelecer um museu. 
Doação condicional: É a doação que tem sua eficácia condicionada a evento futuro e incerto, escolhido pelo doador.
Doação remuneratória: Doação em que o donatário presta um serviço ao doador, sem que haja um contrato que obrigasse a remuneração, e o doador deseja espontaneamente remunerar o donatário, mediante a transferência de bem. Ex: Donatário faz um favor ao doador, que decide remunerá-lo. 
Doação meritória: Doação feita em razão do mérito do donatário: ex: passou em 1º lugar no concurso de magistratura. 
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Doação conjuntiva: Doação que possui dois ou mais donatários ao mesmo tempo, da mesma coisa. Ex.: Doar à esposa e ao marido.
E) LIMITES DA LIBERALIDADE DE DOAR: 
O sujeito de direito não é inteiramente livre para doar o que quiser dos seus bens, porque em algumas hipóteses a lei o proíbe ou estabelece certas condições para validade ou eficácia do ato.
1) Doação de todos os bens (Art. 548): É proibida, sem reservar para si uma parte ou renda suficiente à sua sobrevivência. Não importa se tem herdeiros ou não, pois a preocupação do legislador é com o próprio doador. A consequência é a nulidade completa do contrato.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
2) Doação com “herdeiros necessários” (Art. 1789 e 549): Não importa se a doação for para o herdeiro ou terceiro, o doador pode doar apenas até metade do que tem. Portanto, o doador não pode doar bens em quantia superior à que poderia dispor por testamento, quantia essa correspondente à metade de seu patrimônio (a outra metade é de direito dos herdeiros necessários, sendo denominada legítima), à época do momento da liberalidade (momento da celebração do contrato de doação).
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Doação inoficiosa: Doação que excede o percentual passível de disposição por testamento (metade do patrimônio à época da liberalidade). A doação inoficiosa é nula na parte excedente. Apura-se o excesso de acordo com a situação patrimonial do doador no momento da liberalidade, devendo o doador demonstrar qual é o seu patrimônio, provando que está doando quantia não superior à metade de seu patrimônio. Portanto, o doador deve mostrar isso na hora da liberalidade, pois antes era averiguado apenas no momento da sucessão.
São herdeiros necessários: descendentes, ascendentes, cônjuge (o Código não menciona o companheiro)
3) Doação para descendente ou cônjuge (Art. 544): É diferente da compra e venda, que tinha que pedir a autorização expressa de todos os herdeiros necessários, sob pena de nulidade, pois na doação não precisa! A doação para descendente ou cônjuge significa adiantamento de legítima, ou seja, da parte que lhes cabe por herança, devendo ser objeto de colação na sucessão por morte do doador, com a finalidade de igualar as legítimas. A colação é a conferência do bem que foi doado em vida, feita pelo juiz no momento da morte, para ver se os herdeiros ganharam a mesma coisa, igualando, assim as legítimas. Caso o juiz veja que os descendentes não possuem a mesma cota, ele vai adequar e teráque dividir o bem para os herdeiros. Se já tiver vendido o bem, terá que indenizar os outros com o valor da cota – se houver mais bens, farão a compensação. É obrigação do donatário apresentar o valor do bem na colação, pois, caso contrário, estará sonegando e perde o direito à herança (pena de sonegados). Ex.: O donatário traz à colação o registro do imóvel, que contém o valor do bem que recebeu.
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Obs.: Pode constar no registro que o que foi doado faz parte do que o doador pode doar, não sendo parte da legítima. No entanto, deve ser provado que no momento da doação aquele bem não correspondia a quantidade superior à metade de seu patrimônio.
F) ACEITAÇÃO: 
Para o aperfeiçoamento do contrato, exige-se a aceitação pelo donatário (ou seu representante legal, quando nascituro ou incapaz). A aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida nos casos em que a doação é simples e o donatário não a recusou no prazo assinalado (silêncio presumido).
Vencido o prazo sem qualquer manifestação: 
 Na doação simples, o silêncio vale como aceitação (não se pode presumir o silêncio, porém, nesse caso o silêncio presumido decorre da lei). 
 Na doação gravada (ou com encargo), o silêncio vale como recusa.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
G) EXTINÇÃO E INEFICÁCIA DA DOAÇÃO – HIPÓTESES ESPECÍFICAS PARA DOAÇÃO:
Na doação de duração (trato sucessivo): O contrato não pode ultrapassar a vida das partes. Morrendo um deles, finda a liberalidade. 
Cláusula de reversão ou retorno: Cláusula que estabelece a reintegração dos bens doados ao patrimônio do doador, nas hipóteses de ele sobreviver ao donatário. Portanto, se o donatário não morrer antes, o bem vai para os herdeiros do doador quando ele vier a falecer.
Caducidade: A doação pode ser contratada em benefício de entidade a constituir (pessoa jurídica ou sujeito de direito despersonalizado). A lei exige que seja constituída em 2 anos, a contar da doação, sob pena de caducidade.
Ineficácia: A doação feita em contemplação do casamento futuro com determinada pessoa só perde sua eficácia na hipótese de este não se realizar.
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
e) Revogação: Tem lugar na hipótese de ingratidão do donatário ou inexecução (não cumprimento) do encargo. Ex. de ingratidão: Donatário tenta matar o doador.
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. 
EMPRÉSTIMO
É o contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa à outra para ser devolvida em mesma espécie, gênero e quantidade. Ele tem duas espécies: mútuo e comodato. 
1) Comodato
A) CONCEITO: É o empréstimo de coisa infungível, móvel ou imóvel, no qual o comodante fornece ao comodatário a possibilidade de se utilizar de determinado bem e devolvê-lo na sua integridade ao final do contrato. Se aperfeiçoa apenas com a entrega efetiva do bem, visto que se trata de contrato real. As partes do contrato são o comodante e o comodatário.
COMODANTE ---------------------- COMODATÁRIO
B) CLASSIFICAÇÃO:
Gratuito Se fosse oneroso seria contrato de locação.
Real Se aperfeiçoa com a entrega efetiva do bem.
Unilateral Apenas o comodatário possui obrigações.
Em regra, não solene. 
C) OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO:
Guarda e conservação do bem;
Usar a coisa conforme o estipulado no contrato;
Usar a coisa conforma a sua natureza ;
Restituir o bem quando solicitado, se não houver prazo, porém, deve-se obedecer ao prazo necessário para o uso do bem. Se houver prazo, o comodante não tem o direito de exigir a coisa antes do estipulado.
D) EXTINÇÃO: 
Decurso do prazo convencionado;
Pela declaração de vontade das partes;
Descumprimento de obrigação pelo comodatário;
Urgência do comodante de utilizar o bem (conceito indeterminado que deve ser analisado no caso concreto – art. 581).
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
E) CONSEQUÊNCIAS OU EFEITOS: O comodatário responde pela perda da do objeto por culpa ou, sem culpa, em caso fortuito ou força maior, se houver dano à coisa após o contratante estar em mora, tendo em vista que a responsabilidade civil por risco integral não admite alegação de caso fortuito. Com isso, o comodatário será responsável pelo pagamento do valor equivalente à coisa, bem como perdas e danos, se houver.
2) Mútuo
A) CONCEITO: É o empréstimo de coisa fungível, destinada ao seu consumo. Exemplo: Mútuo de dinheiro. As partes são o mutuante e o mutuário. 
MUTUANTE ------------ MUTUÁRIO
B) CLASSIFICAÇÃO: 
Real;
Unilateral; 
Não solene;
Gratuito, em regra, mas pode ser oneroso, sendo necessária, nesse caso, a convenção das partes. O contrato de mútuo oneroso é denominado contrato e mútuo feneratício. Ex.: Juros cobrados são entendidos como remuneração do capital do mutuante pelo uso do seu dinheiro (mútuo feneratício).
C) OBRIGAÇÕES: 
O mutuário se compromete a devolver, ao final do contrato, bens do mesmo gênero, espécie, qualidade e quantidade. 
O mutuário responde pelos riscos inerentes à perda da coisa.
D) EXTINÇÃO:
Fim do prazo estipulado;
Pelo distrato (extinção pela vontade de ambas as partes - resilição unilateral);
Não havendo prazo Art. 592:
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.
Importante: Não se pode pedir a coisa antes do prazo em caso de necessidade imprevista e urgência (Art. 581), diferentemente do comodato.
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
1) ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL/INADIMPLEMENTO MÍNIMO: Ocorre em contratos de execuções continuadas no tempo em que há o cumprimento da maior parte do que foi acordado. Ocorre quando, por exemplo, o contrato define o pagamento de 12 parcelas e o devedor realizou o pagamento de 10 parcelas, ou seja, o devedor pagou quase tudo, substancialmente. A teoria atual define que a finalidade do contrato é o adimplemento, de maneira que o credor não pode pedir a resolução do contrato inicialmente. Assim, o credo deve, primeiramente, postular o pagamento e, depois, pedir a resolução do contrato caso o devedor não efetue o pagamento. Dessa forma, há um limite ao direito potestativo do credor de pedir a resolução. O STJ aplica essa teoria em inúmeros casos. Ex.: Compromisso de compra e venda e seguros (existem seguros que resolvem o contrato apenas com o inadimplemento de uma parcela, aplicando-se a teoria do adimplemento substancial ou inadimplemento mínimo.
2) ADIMPLEMENTO RUIM OU INSATISFATÓRIO (VIOLAÇÃO OU QUEBRA POSITIVA DO CONTRATO): É o adimplemento em que a violação dos deveres laterais/anexos, ou seja, há violação da boa-fé objetiva, apesar do cumprimento das obrigações principais e secundárias, se houver. Portanto, sob pena de

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