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Flavio Roberto de Carvalho Santos Pós-Doutorando em Ciências Fisiológicas – Ciências Cognitivas e Neuropsicofarmacologia (UFES) Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente (UNICAMP) Mestre em Sexologia Clínica (UGF) Especialista em Neurociências Aplicada a Aprendizagem (IPUB/UFRJ) Aprofundamento em Sexualité et Energie de Vie en Psychothérapie (SFU-Paris) Psicólogo (abordagem reichiana) (UGF) Universidade Veiga de Almeida Curso de Psicologia Psicologia da Infância e da Adolescência 2017.2 Psicologia da infância e adolescência 1 - Desenvolvimento Humano OBJETIVOS: conhecer o conceito de desenvolvimento humano, sua historicidade e a importância deste estudo para a compreensão do psiquismo humano. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas 1.3 – Dimensões, etapas e características Psicologia da infância e adolescência UNIDADE 2 - Desenvolvimento físico e psicomotor OBJETIVOS: conhecer o desenvolvimento das possibilidades físicas e motoras na infância e na adolescência e a importância deste estudo para a compreensão do psiquismo humano. 2.1 – Organização do esquema corporal 2.2 – O adolescente e o corpo Psicologia da infância e adolescência UNIDADE 3 - Desenvolvimento cognitivo OBJETIVOS: conhecer a dinâmica do desenvolvimento cognitivo na infância e na adolescência e sua relação com a construção do código moral, a partir da base teórica da Epistemologia Genética e da Abordagem Sócio-Histórica. 3.1 – Construção da inteligência – Jean Piaget; Vygotsky 3.2 – Aquisição e desenvolvimento da linguagem 3.3 – Desenvolvimento moral Psicologia da infância e adolescência UNIDADE 4 - Desenvolvimento emocional e psicossocial OBJETIVOS: conhecer a dinâmica do desenvolvimento moral e psicossocial na infância e na adolescência e a importância deste estudo para a compreensão do psiquismo humano a partir das bases teóricas estruturadas por Freud, Erikson, Knobel e Piaget. 4.1 – Desenvolvimento emocional 4.2 – Desenvolvimento psicossocial Avaliação A1: composta por uma prova com questões objetivas e discursivas relativas à disciplina ministrada, tendo como valor máximo 5,0 pontos Relatório contendo os trabalhos propostos no Estágio Básico Supervisionado I com valor máximo de 5,0 pontos, totalizando 10,0 pontos. A2: composta por uma prova com questões objetivas e discursivas relativas à disciplina ministrada, tendo como valor máximo 5,0 pontos Relatório contendo os trabalhos propostos no Estágio Básico Supervisionado I com valor máximo de 5,0 pontos. A3: será composta por questões objetivas e discursivas abrangendo todo o conteúdo ministrado na disciplina e terá como valor máximo 5,0 pontos Avaliação Os 5,0 pontos restantes serão relativos à pontuação obtida pelo aluno no relatório contendo os trabalhos propostos no Estágio Básico Supervisionado I, totalizando 10,0 pontos. Bibliografia BIBLIOGRAFIA BÁSICA PAPALIA, D. E. Desenvolvimento humano. Porto Alegre, RS: Artes Médicas Sul, 2008. KAIL, R. V. A criança. São Paulo: Prentice Hall, 2004. BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: ARTMED, 2011. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ARATANGY, L. R. Adolescentes na era digital. São Paulo: Benvirá, 2011. SCHEINVAR, E. O feitiço da política pública: escola, sociedade civil e direitos da criança e do adolescente. Rio de Janeiro: Lamparina; FAPERJ, 2009. DEL PRIORE, M. (Org.). História das Crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2009. CONTI, F. D.; SOUZA, A. S. L. O momento de brincar no ato de contar histórias: uma modalidade diagnóstica. Psicol. cienc. prof. [online]. 2010, vol.30, n.1, pp. 98-113. ISSN 1414-9893. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v30n1/v30n1a08.pdf ROCHA, A. P. R.; GARCIA, C. A. A adolescência como ideal cultural contemporâneo. Psicol. cienc. prof. [online]. 2008, vol.28, n.3, pp. 622-631. ISSN 1414-9893. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v28n3/v28n3a14.pdf P l a n o d e a u l a Mês/dias Conteúdo/Planejamento (Turmas: Quinta e Sexta-feira) Ago 03 – 04 Diagnose da turma, apresentação da disciplina e objetivos. Comentários gerais e Introdução ao tema. UNIDADE 1 - Desenvolvimento Humano - 1.1 Conceito e evolução histórica e objetivos. (Vídeo: Documentário Birty Day) 10 – 11 1.2 Métodos de estudo e questões éticas 17 – 18 1.3 Dimensões, etapas e características 24 – 25 UNIDADE 2 - Desenvolvimento físico e psicomotor - 2.1 Organização do esquema corporal 31 2.2 O adolescente e o corpo. (Vídeo: Adolescência: o cérebro em transformação) Set 01 2.2 O adolescente e o corpo. (Vídeo: Adolescência: o cérebro em transformação) 07– 08 Feriado e recesso 14 – 15 A1 21 – 22 Entrega e vista de prova. Entrega da avaliação do relatório parcial de Estágio Básico Supervisionado I. UNIDADE 3 - Desenvolvimento cognitivo - 3.1 Construção da inteligência – Jean Piaget; Vygotsky (vídeo: os teóricos e o desenvolvimento) 28 - 29 (Continuação) 3.1 Construção da inteligência – Jean Piaget; Vygotsky (vídeo: os teóricos e o desenvolvimento) 3.2 Aquisição e desenvolvimento da linguagem. 3.3 Desenvolvimento moral P l a n o d e a u l a Mês/dias Conteúdos/Planejamento (Quinta e Sexta-feira) Out 05 – 06 UNIDADE 4 - Desenvolvimento emocional e psicossocial (O psiquismo humano pelas bases teóricas de Freud, Erikson, Knobel e Piaget) 4.1 – Desenvolvimento emocional (Vídeo: os teóricos e o desenvolvimento) 12 - 13 Feriado e recesso 19 – 20 UNIDADE 4 - Desenvolvimento emocional e psicossocial (O psiquismo humano pelas bases teóricas de Freud, Erikson, Knobel e Piaget) 4.1 – Desenvolvimento emocional (Vídeo: os teóricos e o desenvolvimento) 26 – 27 (continuação) 4.1 – Desenvolvimento emocional (Vídeo: os teóricos e o desenvolvimento) Nov 02 - 03 Feriado e recesso 09 – 10 4.2 – Desenvolvimento psicossocial. 16 - 17 Revisão de conteúdos 23 - 24 A 3 30 Entrega e vista de prova Dez 01 Entrega e vista de prova 07 – 08 Revisão 14 - 16 A3 Estágio Supervisionado Básico I Documentos disponibilizados para os alunos: 1) Termo de Compromisso (estágio externo). As saídas dos estagiários para as instituições só serão autorizadas mediante a assinatura do termo de compromisso pelo supervisor apresentando o estagiário. 2) A Declaração de Visita a campo deve ser confirmada pela assinatura do psicólogo do local visitado e entregue anexo no relatório. Estágio Supervisionado Básico I Carga horária do estágio Estágio Supervisionado Básico I Planejamento Deverá ser elaborado e realizado pela equipe de estagiários do ESB I e supervisionado constantemente ao longo do semestre nos dias agendados. Estágio Supervisionado BásicoI Relatório (Parcial e Final) Titulo (tema o qual o estágio se refere) Resumo (somente para o relatório final) Nome dos estagiários e matrícula Introdução Apresentação do tema Objetivos Método Justificativa Cronograma Desenvolvimento Levantamento teórico sobre o tema Questionário (deve estar incluído no relatório parcial) Apresentaçãoda visita a campo e/ou entrevista/s (relatório final) Conclusão/Considerações finais (apenas para o relatório final) Referências (no relatório parcial e final) Estágio Supervisionado Básico I EMENTA - Prática relacionada ao desenvolvimento humano, envolvendo observações, estudos e pesquisas sobre a infância e a adolescência. UNIDADE 1 - A criança e o adolescente perante a lei: Constituição Brasileira; Consolidação das Leis Trabalhistas; Estatuto da Criança e do Adolescente. UNIDADE 2 - O desenvolvimento infanto-juvenil e as políticas públicas: Hospitais Pediátricos ou Gerais e Escolas Públicas; Juizado de Menores; Creches públicas. UNIDADE 3 - O desenvolvimento infanto-juvenil e a sociedade civil: ONGs; FIA; Instituições que abrigam menores. UNIDADE 4 - Formação do jovem: Questões de Gênero; A construção do código de valores; Crianças e adolescentes abandonados e tutelados. Seu mundo é do tamanho do seu conhecimento... “Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você.” Osho Desenvolver significa „fazer crescer, prosperar, aumentar, progredir. O desenvolvimento humano é uma secessão de etapas que se sobrepõe, não sendo nenhuma delas mais importante do que a outra, mas havendo entre elas uma interdependência, no sentido de que é necessário que cada uma seja vivenciada de forma plena para que as demais também possam ser. Domínios do desenvolvimento humano: o físico (Biológico), o emocional (Psicológico), o cognitivo (Mental) e o social (Relacional). (Volpi & Volpi, 2001) O desenvolvimento de cada ser humano será único, em função da maneira como ele interage com o ambiente. Há uma retroalimentação constante entre ambos: Ambiente Proporciona a situação desafiadora Crescimento A pessoa responde às situações desafiadoras, a resposta cria novas forças ambientais para o desenvolvimento. A pessoa novamente responde, e assim continuamente cria novas respostas/forças ambientais x crescimento e desenvolvimento. No percurso, algumas dificuldades podem ocorrer. Nada é simples, e tudo tem consequência; seja para o positivo ou negativo. As circunstâncias ESTRESSANTES durante etapas do desenvolvimento são cruciais quanto ao período – intensidade - duração. Quando são superadas, o individuo caminha em direção da saúde e se torna um sujeito no Caráter Genital; quando não, a solução paliativa é a construção de couraças ou defesas físicas e emocionais levando o individuo a um quase sujeito e adoecido. “Tendo completado as fases do desenvolvimento psicoafetivo, o que ocorre no final da adolescência, se estabelece definitivamente a personalidade, que nunca é único e puro, mas um agregado de diversos traços provindos dos comprometimentos nas etapas do desenvolvimento.” (Volpi & Volpi, 2001) ... do ponto de vista psicopatológico: “Não podemos deixar de mencionar que a melhor compreensão do desenvolvimento da criança terá, obrigatoriamente, repercussões em nível social e penal, com alterações sob os pontos de vista legal, educacional e social.” (Assumpção Jr.,2008) Antes da infância e da adolescência... “No ventre de sua mãe o homem conhece o Universo e esquece-o ao nascer.” Martin Buber A atividade neural do cérebro humano começa entre a 17ª e 23ª semana de desenvolvimento pré-natal. Acredita-se que a partir desta fase inicial e ao longo da vida, os sinais eléctricos gerados pelo cérebro representam não só a função do cérebro, mas também o estado de todo o corpo. (Saeid Sanei & J.A. Chambers - EEG signal processing. 2007) Antes da infância e da adolescência... Psicologia pré-natal “Há muito mais continuidade entre a vida intra-uterina e a primeira infância do que a impressionante caesura (pausa) do ato do nascimento nos permite saber.” Freud, 1926 Antes da infância e da adolescência... Imprints: Emissão do esperma Emissão do óvulo Encontro Concepção Divisão celular Descida pela trompa A queda no útero O implante O período gestacional O parto Nascimento Amamentação desmame Antes da infância e da adolescência... A psicologia pré-natal é o estudo do comportamento e do desenvolvimento, tanto evolutivo como psico-afetivo-emocional do individuo, no período anterior ao seu nascimento. Wilheim, 2002 Antes da infância e da adolescência... É preciso considerar que todos os fatos ocorridos antes do nascimento: a) são registrados mnêmicamente; b) tal registro fica guardado no plano INC; c) Todas vivências do período pré-natal farão parte do INC e exercerá influencia sobre a personalidade pós-natal e a conduta e comportamento; d) O INC é objeto de estudo da ψψ, por isso o estudo da psicologia pré-natal é importante para ela. Antes da infância e da adolescência... Existe uma comunicação entre mãe e feto durante todo o período gestacional por meio do comportamento (comportamentos CNS e INCS), da fisiologia (alterações neuro- hormonais) e a via empática (disponibilidade afetiva). Antes da infância e da adolescência... “Cada vez mais os dados sugerem que a maneira que nascemos repercute consequências a longo termo.” (M. Odent, 2002) Antes da infância e da adolescência... “O desenvolvimento psíquico da humanidade passa pela possibilidade de boas experiências com o primeiro objeto de amor: o seio materno”. (Del Campo et al, 2004 apud Nóbrega, 2005. p.64) da infância à adolescência... da infância à adolescência... A infância e a adolescência tem um tempo incomum por ser muito demorado educar processos não conscientes cerebrais e criar uma forma de controle que funcione com mais ou menos fidelidade segundo objetivos conscientes. (Damásio, 2011) da infância à adolescência... da infância à adolescência... Tradicionalmente, o processo de desenvolvimento cerebral era comparado ao desenvolvimento de outros órgãos do corpo: onde o processo maturacional fica sob o controle genético. E os genes são importantes. Hoje se sabe que o cérebro é sensível aos inputs ambientais, de uma maneira bastante especial. E que os processos aditivos, subtrativos e de reorganização podem ser influenciados pela estimulação ambiental. da infância à adolescência... da infância à adolescência... UNIDADE I Desenvolvimento Humano 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Grécia e Roma O ingresso dos adolescentes na vida dos adultos era feito em costumes diferentes que dependiam dos valores e da organização social da época. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Infância na Grécia Antiga Ao completar 3 anos de idade as crianças recebiam um jarro que significava o fim da infância ou algo próximo, após receber esse jarro elas já podiam fazer coisas novas que não podiam fazer antes. Muitas crianças possuíam animais de estimação e seus brinquedos eram: bonecas feitos a partir de trapos, madeira, cera ou argila, bolas feitas de trapos, ossos ou pedra, cavalos de madeira, chocalhos, arco e flechas, ioiôs,entre outros. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A infância em Esparta Em Esparta, o Estado tomava os meninos das famílias para treiná-los na arte da guerra Os filhos da elite da cidade tinham vida dura desde o berço. Isso se o bebê sobrevivesse ao parecer do conselho dos anciãos - há referências textuais em Xenofonte e Plutarco de que bebês fora dos padrões da cidade eram mortos, arremessados ou abandonados, no monte Taigeto. "O infanticídio era comum na Grécia antiga, mas Esparta era a única a praticá- lo colocando a decisão nas mãos do Estado, e não na dos pais", afirma Paul Cartledge, autor de Spartans (sem edição em português) e professor de cultura grega (Universidade de Cambridge). "A palavra final era do conselho dos anciãos: eles é que decidiam se a criança estava apta a continuar viva ou teria de ser morta." 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Depois de passar os primeiros 7 anos de vida com a família, os meninos eram enviados para centros de treinamento para serem educados e transformados em guerreiros. Até os 11 anos, o jovem espartano passava pelo primeiro ciclo, a meninice, em que recebia o treinamento militar básico. O menino estava ali para aprender a manejar lanças, espadas e escudos, além de praticar esportes como corrida e natação. A alfabetização não era, de acordo com Plutarco, o mais importante. O foco era a obediência - não ler e escrever. "Eles aprendiam as letras quanto fosse necessário: todo o restante do treinamento era direcionado para resposta rápida aos comandos, resistência, força e vitória nas batalhas", escreveu Plutarco na sua obra sobre a vida de Licurgo, o principal legislador espartano. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos No dia a dia, a educação era supervisionada por um magistrado responsável, mas a disciplina (e as punições) era imposta pelos colegas mais velhos. Sessões de açoites eram comuns, assim como humilhações públicas. Esse modelo tem o potencial de incentivar a crueldade dos mais velhos contra os mais novos. Mas o uso da crueldade do grupo não era algo inesperado. "A ideia básica era deixar os meninos duros, resistentes, no melhor de sua forma física. Acima de tudo, eles tinham que ser autossuficientes e capazes de suportar a dor", afirma Cartledge. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Entre os 12 e 15 anos, o rapaz passava pelo segundo estágio da agoge (prática do infanticídio era apenas o início da educação espartana, focada no militarismo, na disciplina e na obediência completa). Nessa fase, além dos exercícios tradicionais, havia maior foco no trabalho em grupo, além da maestria no uso das armas. Corridas com cavalos e com bigas também começavam a acontecer. Era definido um mestre, um homem mais velho que acompanhava individualmente os avanços do protegido - tanto militares quanto pessoais. Há discussão acadêmica sobre isso, mas é grande a probabilidade de que a educação entre discípulo e mestre envolvesse relações homoeróticas - traço comum nas cidades-estado gregas. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos É durante o segundo ciclo que os meninos recebiam apenas um pedaço de pano para usar como túnica, a única roupa que podiam vestir durante o ano em uma região em que a temperatura chega aos 40 ºC no verão e -5 ºC no inverno. A restrição de comida também era parte do treinamento. Os jovens soldados recebiam apenas o necessário para sobreviver (inclusive da melas zomos – caldo negro) - quantidade que não chegava nem perto da saciedade. Constantemente com fome, os jovens só tinham uma solução: roubar comida. Para os espartanos, não havia problema algum em furtar alimentos - o problema estava em ser pego. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A partir dos 16 anos, começava a fase final da preparação, que ia até os 20. Era nesse momento que o treinamento passava a ser prático. Os hoplitas (guerreiros com grandes escudos redondos, lanças longas sobre o ombro direito e espada embainhada) eram unidos em grupos de até 15 para exercícios de guerra. Cada grupo era chamado de falange. Nas batalhas, as falanges se enfrentavam até que um soldado cedesse e as mortes começassem a acontecer aos borbotões. Além da força física e da resistência, era necessário muita confiança no seu parceiro ao lado - se ele correr ou cair, a lança rival aproveita o espaço e se é morto. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Só havia um caminho possível: ser soldado. "Aos 7 anos, a criança era realmente doada ao Estado para a educação e, a partir dos 18 anos, começar a ter papel na vida da cidade. Basicamente, o objetivo final da agoge era incutir a ideia de que para viver em Esparta era preciso deixar de lado prazeres e interesses individuais”. (Moura, J. F. - historiador especializado em Esparta e professor de história na UVA) 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Não há muitas evidências arqueológicas sobre educação feminina. Os textos clássicos indicam que as meninas recebiam algum treinamento, cujo foco estava na excelência física. Em resumo, as espartanas eram vistas como parideiras - futuras mães dos guerreiros. "Como resultado da ênfase na reprodução, as meninas eram criadas para serem o tipo de mãe que Esparta necessitava. Uma mãe precisa ser saudável, educada de maneira apropriada e com bastante conhecimento dos valores espartanos”. "Apenas mulheres que morriam durante o parto podiam ter seu nome escrito na lápide, o que acontecia somente com os homens que morriam em batalha." (S. B. Pomeroy em Spartan Women) 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O que as evidências arqueológicas dão conta é que as mulheres espartanas estavam em forma - as estátuas mostram músculos definidos nos braços e nas coxas. Tinham fama de serem lindas: Helena, a mulher mais bela do mundo antigo, antes de ser de Troia e de virar a cabeça de Páris, era Helena de Esparta. Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saiba-como-era-infancia-esparta-685928.shtml 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Roma Os romanos programavam a gravidez. As mulheres da elite que amamentavam seus filhos o faziam por até três anos, o que retarda a retomada da ovulação. Mas havia métodos mais drásticos, que visavam permitir que a criança já nascida não sofresse a concorrência de um irmão, o que aumentava a chance de sobrevivência. Era permitido o infanticídio e a chamada “exposição da criança”, que nada mais era do que dá-la a alguém ou mesmo criá-la como escrava. Havia dois motivos principais que justificavam essas práticas: que a criança fosse defeituosa ou que o pai não a reconhecesse como seu filho. Os romanos diziam que “a mãe é certa, o pai incerto” e, por isso, cabia ao pai reconhecer o filho como seu. Mas havia meios mais prosaicos de controlar a gravidez, como o velho “coito interrompido”. Segundo fontes antigas, eram as mulheres que controlavam a interrupção (o que mostra que as romanas não eram tão passivas como se pensa). 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O objetivo do casamento era ter filhos e filhos que sobrevivessem, daí, em grande parte, a preocupação com que o intervalo entre eles fosse muito pequeno. A mortalidade infantil era muito alta, como em todas as sociedades até tempos muito recentes, pois apenas a medicina moderna permitiu que morressem menos bebês e mães. Era também muito comum que as crianças perdessem a mãe ou o pai muito cedo, já que a perspectivade vida dos adultos não era também lá muito alta. Isso significa que as crianças dependiam também de outras pessoas, o que contribuía para que o conceito de “família” fosse diferente do atual. A família romana não estava restrita a pais e filhos, mas envolvia outros parentes e até escravos libertos. Quando o pai morria, era sua família que se encarregava de cuidar do menino até os 14 anos e da menina até 12 anos. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Nas classes altas, havia tutores que ensinavam as crianças em grego e latim, de modo que eram, desde pequenas, bilíngües. Alguns dizem que, como as amas da elite eram gregas, os romanos expressavam seus sentimentos em grego, na linguagem que haviam aprendido com as amas. Mesmo entre pobres, era essencial aprender os rudimentos da escrita. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O dia-a-dia de uma criança romana depende da classe social. No geral, a educação primária começava aos 6 ou 7 anos de idade. Se fosse rica, teria um tutor. Se pobre, iria a uma escola, na qual havia um só professor, em geral em um aposento no centro da cidade, perto de lojas. Na escola, usavam tabuinhas de cera e canetas (chamadas stylus) para aprender a calcular (com a dificuldade de fazer isso com os algarismos romanos) e decorar poesias. Ao meio-dia, saíam para almoçar e voltavam à tarde. Entre as brincadeiras, a mais comum era o par-ou- ímpar (chamada “par ímpar!”), jogada com nozes ou pedrinhas. Havia brinquedos como carrinhos puxados a cavalo, bonecos de animais ou bonecas feitas de osso ou pano. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Era uma outra infância, mas as crianças tinham também suas atividades e brincadeiras. Nas paredes da cidade de Pompéia, soterrada e preservada pela erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79, ainda se encontram grafites escritos pelos alunos. Um deles nos diz que “se para você dói decorar Cícero, tomará uma pancada do professor”. Outra infância, mas não tão distante de nós. Funari, P. P. - A vida quotidiana na roma antiga. 2004 Professor de História Antiga, UNICAMP. Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/infancia-roma-nao-tao-distante-nos-433851.shtml 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Na Idade Média os jovens começavam a trabalhar muito cedo. Os filhos eram obrigados a trabalhar para seus pais até o dia de seus casamento. Se enviuvassem, retornavam para a trabalhar para os pais. No séc. XIV, na Europa, até os 23 anos era considerado um ser perigoso por acreditar que lhe faltava moderação dos excessos 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos No Renascimento, os filhos adolescentes continuavam a viver sob o jugo paterno, sendo que a instrução passa de casa para a escola com professores. A prática educativa dos professores com os jovens nos estabelecimentos de construção do conhecimento foi responsável por um novo tipo de enquadramento da infância e da adolescência. (Farias, 2011) 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Disciplinas severas com vigília diurna e noturna com observação às condutas. Prática pedagógica (Pedagogia = de origem grega, παιδές (paidés, "criança") e ἄγο, (ago, "conduzir", pelo "aio") – originada na aplicação de dogmas religiosos e de valores morais de acordo com as normas da família e da sociedade – tinha um efeito subversivo. Até quase o final do Séc. XVIII era comum uma classe escolar jovens de diferentes idade. Inicio do Séc. XIX as classes passam a ser agrupadas por faixa etária como regra de controle 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A importância de estudar com seriedade Psicologia da Infância e da Adolescência se baseia na compreensão de pontos primordiais que dão base para outras disciplinas como Psicopatologia, Psicodiagnóstico, Personalidade etc para a atuação profissional. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A emoção é um fenômeno vital de resposta a uma solicitação externa. Se a solicitação é interna, a resposta é uma afeto. O fenômeno emocional já existe no período embrionário e fetal. Dependendo de como seja vivido em cada uma das fases do desenvolvimento, acarretará em vida saudável ou patológica. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Períodos Embrionário mãe - filho Fetal Neonatal Mãe família Pós-natal Família social 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Temperamento celular embrionário biológico hormonal Temperamento nervoso fetal biológico neurovegetativo Temperamento nervoso neo-natal 10º dia até o (simbiótico) desmame Caráter neuromuscular pós-natal desmame em diante 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Infância Etimologicamente, a palavra infância deriva do latim, infantia, e refere o indivíduo que ainda não é capaz de falar. Também se refere ao período de 3 a 7 anos de idade. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Pode também ser dividida em: primeira infância: de zero a três anos de idade. segunda infância: de três a sete anos de idade. terceira infância: de sete anos até o início da adolescência. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O termo adolescência é derivado de duas palavras da língua latina: ad, que significa “para” e olescere traduzido por “crescer”. Considerando os elementos da origem etimológica, pode-se dizer que a adolescência significa, de forma genérica, crescer para. Ao aprofundar na etimologia deste termo, reporta à ideia de mudança relativa ao processo de desenvolvimento, quer dizer, a preparação para um horizonte que se aproxima, cheio de incertezas e obscuridades. Com foco no significado etimológico, constata-se que a palavra adolescência condiz com o processo vivido nessa etapa da vida, pois os termos latinos indicam o processo de crescimento. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Há uma outra derivação para o termo que merece ser analisada: adolescência deriva de adolescere, que é a origem da palavra adoecer, o que faz uma aproximação entre adolescer e adoecer. Isso quer dizer que, paralelo à condição de crescimento físico e psíquico, há também um processo de adoecimento, ou seja, uma espécie de sofrimento, consequência da necessidade de produzir condições para enfrentar as rápidas mudanças relacionadas à puberdade. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A adolescência é a idade da mudança, como indica a etimologia da palavra: adolescere significa “crescer” em latim; entre a infância e a idade adulta, a adolescência é uma passagem. Segundo Évelyne Kestemberg, costuma-se dizer erroneamente que o adolescente é ao mesmo tempo uma criança e um adulto; na realidade,ele não é mais uma criança e ainda não é um adulto. Esse duplo movimento, negação de sua infância, de um lado, busca de um status mais estável, de outro, constitui a própria essência da “crise”, do “processo psíquico” que todo adolescente atravessa. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Compreender esse período transitório, descrever as linhas de força em torno das quais essa transformação psíquica e corporal, pouco a pouco, se ordenará constitui uma tarefa árdua e perigosa. Em face das incessantes mudanças, das múltiplas rupturas, dos inúmeros paradoxos que movem todo o adolescente, o próprio clínico corre o risco de ser tentado a assumir diversas atitudes: ele pode se deixar levar por uma espécie de fatalismo, limitar-se a “seguir”, a “acompanhar” o adolescente, renunciando, pelo menos por um tempo, a qualquer compreensão e, sobretudo, a qualquer possibilidade de avaliação das condutas deste. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Inversamente, em uma tentativa de apreender o processo em curso, o clínico pode adotar um modelo de compreensão, dando um sentido a essas múltiplas condutas, mas, nesse caso, corre o risco de cair no formalismo, na teorização artificial, procurando incluir o conjunto de “sintomas” que todo adolescente pode apresentar em um quadro que logo se revela arbitrário e artificial. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Mais do que qualquer outra idade da vida, o adolescente confronta o clínico com os modelos que este utiliza, obrigando-o a um reexame constante para avaliar a pertinência de tal modelo em cada caso: esse vai-e-vem entre a prática e a teoria, essa reavaliação permanente e necessária constituem a riqueza da prática clínica da psicopatologia do adolescente. Por essa razão, consideramos particularmente apropriada à adolescência a seguinte observação de B. Brusset: “Sem dúvida, é preciso ter em mente a impossibilidade de ordenar todos os fatos psiquiátricos em um mesmo sistema que lhe daria ao mesmo tempo uma classificação lógica e uma teoria unificadora; por maiores que sejam sua sedução intelectual e seu valor pedagógico, as tentativas de compreender toda a psicopatologia em função de um mesmo parâmetro podem justificadamente malograr.” 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A puberdade marca o início de uma etapa complicada do desenvolvimento, mas que não deve ser confundida com a adolescência. Em princípio, ocorrem mudanças fisiológicas e hormonais que resultam em significativas alterações do humor, variando da alegria à tristeza em pouco intervalo de tempo. O corpo apresenta, em função dessas mudanças, um novo formato com o aparecimento dos pelos pubianos e alguns dos caracteres sexuais secundários. Esse “novo corpo” é objeto de questionamento tanto para o próprio jovem quanto para as pessoas de sua convivência. É muito comum as pessoas se surpreenderem com as transformações físicas nessa etapa, como o rápido crescimento (Faria, 2011). 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O surgimento da puberdade pode acontecer antes do ingresso na adolescência ou pode ser simultâneo, como também pode vir depois. Por isso, devemos considerar, apenas em termos de critérios diferenciais, a puberdade do ponto de vista da prontidão fisiológica para a reprodução e a adolescência como um processo de transformações psicológicas. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos CONCEITO DE PUBERDADE A puberdade é uma complexa questão na vida da ex-criança, pois é o tempo presente de uma conquista: a maturação do organismo em termos da prontidão para a função reprodutora. Ao mesmo tempo, é o momento em que o púbere tem de examinar um novo mundo à sua volta, tanto no sentido de novas descobertas quanto na criação de uma espécie de ontologia histórica acerca de si próprio e, consequentemente, da espécie humana. Nesse contexto, o púbere não pode apagar totalmente a infância da qual se distancia, ficando esta cada vez mais longe e irrecuperável, nem pode negar o horizonte de possibilidades que se abre à sua frente. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O primeiro grande impacto da puberdade pode ser caracterizado pela maneira como o jovem percebe suas próprias mudanças e, além disso, a busca de outros recursos, diferentes daqueles conquistados na infância, para lidar com seu novo corpo e com um mundo igualmente diferente. Trata-se de um modo de apreensão de acontecimentos novos, ou seja, tudo o que o sujeito experimenta tem um sentido próprio, embora seja comum a quase todos os jovens da mesma idade. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Se, por um lado, o púbere tem dificuldade em admitir que seu estado atual seja bem diferente da sua vida infantil, pois alimenta certa “saudade” pelas coisas da infância, por outro, há um movimento propulsor no sentido de independência em relação à compreensão das coisas que lhe acontecem. Mesmo não tendo muita clareza do porquê dessas coisas, sabe descrevê-las muito bem. Eis a matriz característica dessa etapa do desenvolvimento: a grande iniciativa na capacidade de explicação, sem recorrer constantemente aos adultos. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos O púbere é um ser problemático, não no sentido negativo, mas problemático porque tem que refletir sobre sua condição e construir recursos para enfrentar o mundo. Além das referências parentais, terá que produzir seus parâmetros de visão de mundo e colocá-los à prova. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Diferenciação de cada período da vida: Infância, juventude, adolescência, velhice e senilidade. A Descoberta da Infância por volta do século XII, pois não havia espaço para a infância na arte medieval, somente nas pinturas anedóticas que começaram a surgir imagens de crianças em sua vida cotidiana. No início do século XIX alguns teóricos marginalizavam as crianças colocando-as em uma espécie de zona marginal. Somente no século XVII que surgiram em grande números retratos de crianças sozinhas e os retratos em família tinham a criança como centro da composição. (ARIÈS, P. - A história social da criança e da família.1981) Les limites de l‟adolescence peuvent être Définies de plusieurs façons (Sommelet,006). Sur Le plan physiologique, la puberté débute entre 11 Et 13 ans pour les garçons (en moyenne : à 12 ans) et 10 à 12 ans pour les filles (en moyenne: à 11 ans). C‟est une condition nécessaire pour parler d‟adolescence. La puberté se termine ntre 14 et 18-‐20 ans. L‟adolescence peut être définie sur un plan psychosocial: la limite supérieure se situe alors autour de 24 ans. L‟OMS la définie d‟un point de vue chronologique en divisant 3 groupes d‟âges: la pré-adolescence (10-14 ans), l‟adolescence (15-‐19ans) et la post-‐adolescence (20-‐24 ans). Légalement, la convention internationale des droits de l‟enfant (adoptée à New-‐York en novembre 1989) définit l‟enfant «comme tout être humain âgé de moins de 18 ans, sauf si la majorité est atteinte plus tôt en raison de la législation qui lui est applicable». La définition de l‟adolescence n‟étant pas consensuelle, nous avons choisi le seuil minimal de 12 ans comme âge à l‟inclusion, le début des troubles pouvant ainsi débuter à l‟âge de 11 ans. Le seuil de 18 ans comme limite maximale a été retenu. Les antécédents pédopsychiatriques ont donc été définis comme étant présents avant l‟âge de 12 ans, les antécédents de traumatismes dans l‟enfance le sont avant 12 ans et lestraumatismes àl‟adolescence le sont à partir de 12 ans. (Auffred, 2015) 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos No Século XVII, as brincadeiras apareciam apenas na primeira infância. Os brinquedos desse período originaram-se da tentativa das crianças em igualar seus brinquedos aos modos dos adultos. Os jogos foram inseridos no quotidiano do século XVII e eram jogos relacionados à caça, cavalaria e jogos populares que participavam tanto adultos quanto crianças, assim como, festas de estações e tradicionais A “descoberta” do sentimento de infância ocorreu entre os séculos XV e XVIII onde este sentimento reflete-se nos jogos e nas brincadeiras.. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Os assuntos sexuais Século XVII - O Respeito as crianças, os gestos e os contatos físicos eram permitidos. A masturbação era uma prática generalizada moralistas dos educadores da época. O comportamento sexual com sentimento de culpa. Novos hábitos de educação com comparação de crianças com anjos e associada à figura de Deus. A devoção e a iconografia Religiosa fizeram com que suscitasse um novo sentimento sobre a infância. Entre os Séculos XVI e XVII registra-se a época das crianças – modelos e a primeira festa religiosa da infância: A primeira Comunhão, a qual se tornou a manifestação mais concreta do sentimento da infância, que permanecera ate o Século XIX. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos A VIDA ESCOLAR Mistura da diferentes idades dentro das escolas na Idade Média. Nas escolas os alunos iniciavam geralmente com 10 anos e não haviam estruturas para acomodar o alunado. Somente no XIV passou a usar bancos. Os professores (mestres) ministravam aulas sozinhos e às vezes dispunham de um auxiliar. Não Havia controle em sala de aula, os alunos terminavam as lições e escapavam. Os alunos, em sua maioria, moravam onde podiam em ambientes com vários quartos onde havia mistura de velhos e jovens. As crianças que ingressavam na escola entravam imediatamente no mundo adulto. No século XIII os colégios eram asilos para estudantes pobres e não se ensinava pedagogicamente. Somente a partir do século XV tornaram-se institutos de ensino. Não havia só ensino, mais vigilância e enquadramento da juventude. A educação era inspirada nos princípios de tradição monástica. O colégio se tornou uma instituição essencial e hierarquizada. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos No século XV a população escolar começou a ser dividida em grupos sob a direção de um mesmo mestre, num único local. Ariès cita que Baduel (1538) via no sistema de classes um meio de repartir os alunos segundo “sua idade e seu desenvolvimento.” Posteriormente, as classes e seus professores foram isolados em salas especiais o que deu origem a estrutura moderna de classe escolar. Término da primeira infância até o meio do século XVII: a idade de 5-6 anos. Aos sete anos podia entrar para o colégio. Tempos depois a idade para entrar para as três classes de gramática foi retardada para 9-10 anos. Justificava-se como necessidade de retardar a entrada para o colégio a “fraqueza”, a “imbecilidade” ou a incapacidade dos pequenos. Adolescentes de 15 a 18 anos e rapazes de 19 a 25 anos frequentavam as mesmas classes O período da segunda infância- adolescência foi distinguido devido ao estabelecimento de uma relação entre a idade e a classe escolar. Antes do século XV a autoridade disciplinar era relegada a família ou aos chamados “camaradas” a quem as crianças e adolescentes eram submetidos a surras e exploração. Adeptos de ordens religiosas desde século XV procuravam difundir uma ideia nova de infância e de sua educação. Segundo o Cardel d‟Estouteville a educação das crianças exigia “uma disciplina maior e princípios mais estritos.” Assim os mestres deveriam formar os espíritos, inculcar virtudes, educar tanto quanto instruir. Os educadores eram responsáveis pelas “almas” dos alunos. Por isso deviam usar sem indulgências seus poderes de correção e punição para a garantia da salvação das almas. Duas ideias surgem ao mesmo tempo: a noção da fraqueza da infância e o sentimento de responsabilidade moral dos mestres. O forte sistema autoritário e hierarquizado é definido pela vigilância, a deleção erigida em princípio de governo e em instituição e a aplicação de castigos corporais. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Ariès analisa a história da disciplina do século XIV ao XVII e faz duas observações importantes: humilhação e castigo. As crianças e jovens eram submetidos a um regime comum e eram igualmente surrados. De início os chicotes eram reservados as crianças pequenas e somente a partir do século XVI se estendeu a toda à população escolar. A partir de 1763, com a condenação dos jesuítas, começou a surgir à ideia de que a infância não era uma idade servil e não merecia ser metodicamente humilhada. Começa a nascer então um sentimento tímido de infância. Começaram a ser usados por algumas escolas os métodos de Port-Royal que suprimia todos os castigos corporais e nas reuniões semanais de mestres alunos participavam para defesa dos colegas. Nasce uma nova orientação do sentimento de infância, que não liga mais a criança ao sentimento de fraqueza e não reconhece mais a necessidade de humilhação. Destina-se sua responsabilidade agora ao adulto e sua formação exige cuidados e etapas. A separação escolar das crianças no século XVII era nas idades de 5-7 a 10-11. Havia separação dos tipos de ensino nas escolas no século XVIII. Um era voltado para o povo e outro para a burguesia. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Formou-se no século XVII uma nova noção moral, originada das visões reformadoras da elite de pensadores e moralistas da época, que distinguiria a criança escolar: a noção de criança bem educada que seria preservada das rudezas e da imoralidade. Nos cinco ou sete primeiros anos, a criança se fundia sem transição ao mundo dos adultos. A escola medieval não era destinada as crianças, era uma espécie de escola técnica destinada a instrução de clérigos, jovens e adultos. As idades eram misturadas dentro de cada classe frequentada ao mesmo tempo por crianças de 10 a 13 anos e adolescentes de 15 a 20. A partir do século XVIII a escola única foi substituída por um sistema de ensino duplo, em que cada ramo correspondia a uma condição social: o colégio para os burgueses e a escola para o povo. A disciplina escolar teve origem na disciplina eclesiástica. A base de um aperfeiçoamento moral e espiritual os educadores a adaptaram a um sistema de vigilância permanente das crianças. 1.1 – Conceito e evolução histórica e objetivos Ariès comenta que a escolarização no século XV era “monopólio de um sexo”. As mulheres eram excluídas, não sabiam ler nem escrever. Casavam muito cedo ou eram enviadas aos conventos. Não existia outro tipo de educação além da aprendizagem doméstica. Unidade I Desenvolvimento humano 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Pressupostos básicos do desenvolvimento: Sob a ênfase hereditária (inatismo) – o crescimento físico e maturacional determina o processo de desenvolvimento. Sob a ênfase do ambiente (visão empirista) – o ambiente passa a ser o foco das explicações concernentes ao desenvolvimento. Sob a ênfase sócio-histórica cultural – considera a rede de relações e as condições objetivas, os contextos culturais em quese constitui o ser, onde o psiquismo é tomado como resultado das interações entre os sujeitos humanos e os contextos culturais. (Pilette; Rossato & Rossato, 2014) 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Pode-se considerar que as teorizações articulam-se em torno de quatro modelos principais: 1) o modelo fisiológico, com a crise pubertária, as alterações somáticas subseqüentes, a emergência da maturidade genital e as tensões que resultam disso; 2) o modelo sociológico e ambiental, que põe em relevo o papel essencial desempenhado pelo ambiente na evolução do adolescente: o lugar que cada cultura reserva à adolescência, os espaços que cada subgrupo social concede ao adolescente e, finalmente, as relações entre o adolescente e seus pais são elementos determinantes; 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas 3) o modelo psicanalítico, que dá conta dos remanejamentos identificatórios, das mudanças nas ligações com os objetos edipianos e da integração na personalidade da pulsão genital; 4) os modelos cognitivo e educativo, que abordam as modificações profundas da função cognitiva, o desenvolvimento notável da capacidade intelectual, quando não há entraves, com as aprendizagens sociais múltiplas que ela possibilita. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente Presidência da República - Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídico. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. A fase da adolescência é demarcada entre as idades de 12 a 18 anos, isto é, período entre a puberdade e o estado adulto. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas A ética no atendimento ao adolescente Privacidade: caracteriza-se pela não permissão de outrem no espaço da consulta. Confidencialidade: definida como um acordo entre o profissional de saúde e o cliente , no qual as informações discutidas durante e após a consulta não podem ser passadas aos responsáveis sem a permissão do adolescente. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA - LEI 8069/90 Capítulo II, Art. 17 ° prescreve: “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da indenidade, da autonomia , dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas CÓDIGO DE ÉTICA DOS PSICÓLOGOS Das responsabilidades gerais do psicólogo Art. 2 ° - Ao psicólogo é vedado i) atender, em caráter não eventual, a menor impúbere ou interdito, sem conhecimento de seus responsáveis. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Do sigilo profissional Art.26 ° - O sigilo profissional protegerá o menor impúbere ou interdito, devendo ser comunicado ao responsável o estritamente essencial para promover medidas em seu benefício. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Art. 27 ° - A quebra do sigilo só será admissível, quando se tratar de fato delituoso e a gravidade de suas consequências para o próprio atendido ou para terceiros puder criar para o psicólogo o imperativo de consciência de denunciar o fato. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas SITUAÇÕES DE QUEBRA DE SIGILO NA CONSULTA Gravidez AIDS, quando coloca em risco a própria vida ou a de outrem Percepção da ideia de suicídio ou homicídio Recusa ao tratamento Drogadição 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Consentimento Informado É expressão máxima do princípios de autonomia da paciente; O paciente tem que ser informado sobre todo o procedimento antes de dar o seu consentimento. Não se trata entretanto de uma mera adesão do paciente. Já existem no Brasil várias condenações em ação indenizatórias, movidas pelos pacientes contra seus médicos, em razão da ausência de informação. Limita-se a autonomia quando se omite informações. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas O contexto histórico em que o homem está inserido e a velocidade das transformações ocorridas no século XX proporcionam mudanças nos costumes. Com o surgimento de novas estruturas de família em função do divórcio, a produção da pílula anticoncepcional, as descobertas genéticas, os estudos no campo da radioatividade, o domínio do espaço com a ida do homem à lua, entre outras. Considera-se: 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas a) As grandes transformações ocorridas na estrutura familiar. A família moderna foi obrigada a desfazer-se da estrutura hierárquica que conferia sabedoria e dignidade aos mais velhos. Isso quer dizer que as crianças têm dificuldade em avaliar a autoridade dos pais, uma vez que a autoridade paterna encontra-se, no século XX, pulverizada e descentrada de uma figura. Além disso, há a intervenção do Estado e de outros setores da sociedade, como saúde e educação, no processo de condução da criança, ou seja, os filhos não são mais, como eram até o final do século XIX, propriedades privadas de seus pais. Quer dizer, o poder dos pais sobre os filhos é, então, relativo. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas b) A crescente influência da técnica científica, no século XX, produziu condições que resultaram no grande distanciamento entre pais e filhos. Isso não somente no âmbito da puberdade, mas no contexto da educação primordial. A criança, muito cedo, é colocada ao encargo de especialistas e de agentes cuidadores fora do âmbito familiar, marcando a separação bem precoce do convívio com os pais. Em alguns casos, as consequências dessa separação são muito desastrosas, conforme relata Spitz (1998) em estudos realizados com crianças recém-nascidas que apresentaram grandes perturbações em decorrência de prolongados estados de hospitalização. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas René Splitz - Psiquiatra austríaco nascido em 1887, foi um fecundo pesquisador da vida infantil. Em 1938, viajou aos Estados Unidos para dedicar-se ao estudo da observação das crianças na primeira infância, sobretudo, as crianças abandonadas. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Bronislaw Kasper Malinowski (1884 / 1942) Empreendeu pesquisa antropológica com o propósito de verificar a constelação familiar em uma localidade chamada Ilhas de Trobriand. Sua pesquisa resultou no questionamento do Complexo de Édipo como um fenômeno universal, como postulado por Freud. O resultado de suas investigações consta de sua obra “Sexo e repressão na sociedade selvagem” de 1927. Durante a década de 1940, muitos antropólogos eram partidários da divulgação de uma possível impropriedade da descoberta freudiana, tendo como base os estudos de Malinovski. Não obstante, essas ideias foram rebatidas pelos próprios antropólogos e as controvérsias continuam, mas bastante enfraquecidas no século XXI. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas O Complexo de Édipo, apenas para entender a situação estudada por Malinovski e que será objeto de estudo na Teoria Freudiana, é a travessia fundamental para a constituição do psiquismo e é decisivo em termos das “escolhas” sexuais. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Corresponde à renúncia do amor com o primeiro objeto significativo para o homem, sendo uma separação que tem desdobramentos diferentes no meninoe na menina: o menino renuncia o amor à mãe, temendo uma ameaça do pai. a menina separa-se da mãe na crença de que pode ter acesso ao atributo presente no corpo masculino. O drama edipiano, desprovido de seu caráter universal, é abordado por Malinovski em outro contexto. 1.2 – Métodos de estudo e questões éticas Acerca da investigação e da compreensão das relações de apego estabelecidas entre pais e bebê, a proximidade física e emocional entre a mãe e o bebê, conforme proposto nos estudos de Bowlby, influenciados pela Etologia e Psicanálise, tem como origem evolucionária a sobrevivência do bebê e sua futura adaptação às demandas do ambiente. John Bowlby (1907 - 1990) O inglês considerou o apego como um mecanismo básico dos seres humanos, um comportamento biológico programado tal como o mecanismo de alimentação e da sexualidade e considerado como um sistema de controle homeostático, que funciona junto com outros sistemas UNIDADE 1 Desenvolvimento Humano 1.3 – Dimensões, etapas e características 1.3 – Dimensões, etapas e características “A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se quisermos perverter essa ordem, produziremos frutos temporãos, que não estarão maduros e nem terão sabor, e não tardarão em se corromper; teremos jovens doutores e velhas crianças. A infância tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhe são próprias”. Jean-Jackes Rousseau 1.3 – Dimensões, etapas e características "Erramos ao ignorar inteiramente a vida sexual das crianças; segundo minha experiência, as crianças são capazes de todas as atividades sexuais psíquicas, e também de muitas atividades somáticas. Assim como a totalidade do aparelho sexual humano não está compreendida nos órgãos genitais externos e nas duas glândulas reprodutoras, também a vida sexual humana não começa apenas na puberdade, como poderia parecer a um exame superficial." (Freud - A sexualidade na etiologia das neuroses, 1898) 1.3 – Dimensões, etapas e características Conhecer a dimensão, etapas e características da criança e o adolescente implica em identificar o processo do seu desenvolvimento nos vários aspectos de sua evolução: biológicos, psicológicos, sociais. Entender como se dá o crescimento e amadurecimento físico, de que maneira acontece o desenvolvimento cognitivo, mental, de que forma as emoções atuam e dirigem a vida do indivíduo, e como o homem se desenvolve no aspecto social, bem como as formas de interação desses aspectos e forças do desenvolvimento, levando-se em consideração os aspectos herdados e os assimilados são postulados e tratados pela Psicologia do Desenvolvimento. 1.3 – Dimensões, etapas e características A questão da hereditariedade e do meio no desenvolvimento humano. A questão da maturação e da aprendizagem no desenvolvimento humano. 1.3 – Dimensões, etapas e características Embora os processos subjacentes ao crescimento sejam muito complexos, tanto antes quanto após o nascimento, o desenvolvimento humano ocorre de acordo com certo número de princípios gerais. 1 - O crescimento e as mudanças no comportamento são ordenados e, na maior parte das vezes, ocorrem em sequências invariáveis. A natureza ordenada do desenvolvimento físico e motor inicial está ilustrada pelas tendências “direcionais”. 1.3 – Dimensões, etapas e características 2 - O desenvolvimento é padronizado e contínuo mas nem sempre uniforme e gradual. Há períodos de crescimento físico muito rápido (surtos do crescimento) e de incrementos extraordinários nas capacidades psicológicas. Ex.: a altura do bebê e seu peso aumentam enormemente durante o primeiro ano, e os pré-adolescentes e adolescentes também crescem de modo extremamente rápido. Os órgãos genitais desenvolve-se muito lentamente durante a infância, mas de modo muito rápido durante a adolescência. Durante o período pré-escolar, ocorrem rápidos aumentos no vocabulário e nas habilidades motoras e, por volta da adolescência, a capacidade individual para resolver problemas lógicos apresenta um progresso notável. 1.3 – Dimensões, etapas e características 3 - Interações complexas entre a hereditariedade, isto é, fatores genéticos, e o ambiente (a experiência) regulam o curso do desenvolvimento humano. 4 - Todas as características e capacidades do indivíduo, assim como as mudanças de desenvolvimento, são produtos de dois processos básicos, embora complexos, que são a maturação (mudanças orgânicas neurofisiológicas e bioquímicas que ocorrem no corpo do indivíduo e que são relativamente independentes de condições ambientais externas, de experiências ou de práticas) e experiência (aprendizagem e treino). 1.3 – Dimensões, etapas e características 5 - Características de personalidade e respostas social, incluindo-se motivos, respostas emocionais e modos habituais de reagir, são em grande proporção “aprendidos”, isto é, são o resultado de experiência e prática ou exercício. Com isso, não se pretende negar o princípio de que fatores genéticos e de maturação desempenham importante papel na determinação do que e como o indivíduo aprende. 1.3 – Dimensões, etapas e características 6 - Há períodos críticos ou sensíveis ao desenvolvimento a certos órgãos do corpo e de certas funções psicológicas. Se ocorrem interferências no desenvolvimento normal durante esses períodos, é possível que surjam deficiências, ou disfunções permanentes. Ex.: há períodos críticos no desenvolvimento do coração, olhos, rins e pulmões do feto. Se o curso do desenvolvimento normal for interrompido em um desses períodos por exemplo, em consequência de rubéola ou de infecção causada por algum vírus da mãe, a criança pode sofrer um dano orgânico permanente. 1.3 – Dimensões, etapas e características 7 - As experiências das crianças, em qualquer etapa do desenvolvimento, afetam seu desenvolvimento posterior. Se a grávida sofrer problemas severos de desnutrição, a criança em formação pode não desenvolver o número normal de células cerebrais e, portanto, nasce com deficiência mental. Os infantes que passam os primeiros meses em ambientes muitos monótonos e não estimulantes parecem ser deficientes em atividades cognitivas e apresentam desempenho muito fraco em testes de funcionamento intelectual em idades posteriores. 1.3 – Dimensões, etapas e características Segundo Havighurst, há três aspectos principais da tarefa evolutiva. 1 - refere à maturação biológica, tal como aprender e andar, a falar, etc. 2 - refere às pressões sociais, tais como aprender a ler, a comportar-se como cidadão responsável e várias outras formas do comportamento social. 3 - refere aos valores pessoais que constituem a personalidade de cada indivíduo, que resulta de processos de interação das forças orgânicas e ambientais. UNIDADE 2 Desenvolvimento físico e psicomotor 2.1 – Organização do esquema corporal 2.2 – O adolescente e o corpo UNIDADE 2 Desenvolvimento físico e psicomotor 2.1 – Organização do esquema corporal 2.1 – Organização do esquema corporal Esquema corporal é “Intuição de conjunto ou um conhecimento que temos de nosso corpo no estado estático ou em movimento, na relação de suas partes entre si e com o espaço.” (Le Boulch, 1987) 2.1 – Organização do esquema corporal Imagem corporal “Ultrapassa o conceito de esquema corporal, uma vez que a ele são acrescidossentimentos, emoções e valores. É um fenômeno multidimensional.” Corpo mundo exterior 2.1 – Organização do esquema corporal O corpo é o meio da ação, do conhecimento e da relação. (Vayer) 2.1 – Organização do esquema corporal A noção de corpo deve ser reconhecida como resultado da organização sensorial tátil-cinestésica, vestibular e proprioceptiva numa imagem interiorizada e estruturada, de onde emerge uma representação mental que, em si, constitui- se num marco de referência interna que recebe todas as relações com o exterior. (Fonseca, 1995) 2.1 – Organização do esquema corporal Noção de corpo Experiência Mediação motora social Aprendizagem 2.1 – Organização do esquema corporal Esquema corporal Estruturação espacial Organização temporal Coordenação Linguagem Equilíbrio 2.1 – Organização do esquema corporal O esquema corporal refere-se a uma organização neurológica das diversas áreas do corpo. O esquema corporal é uma tomada de consciência global do indivíduo no mundo, ou ainda uma maneira de expressar que „meu corpo está no mundo‟. O esquema corporal também pode ser considerado como um alongamento entre a atividade psicomotora elementar e as relações do indivíduo com o meio. (FURLAN; MOREIRA; RODRIGUES, 2008) 2.1 – Organização do esquema corporal Na infância, particularmente, no início do processo de escolarização, que ocorre um amplo incremento das habilidades motoras, que possibilita à criança um amplo domínio do seu corpo em diferentes atividades, como: saltar, correr, rastejar, chutar uma bola, arremessar um arco, equilibrar-se num pé só, escrever, entre outras. (ROSA NETO et al., 2010) 2.1 – Organização do esquema corporal Ao nascer, as primeiras ações são frutos de reflexos hereditários, mas desde esse primeiro momento, o intelecto já é capaz de efetuar aprendizagens. A partir dali, as condutas procuram se adaptar ao meio onde a criança está inserida, não sendo mais reflexo puro. “É importante salientar que esses reflexos vêm de uma matriz biológica, isto é, do próprio corpo, e vão se diferenciando em estruturas mentais na medida em que o bebê e o meio vão interagindo”. (SILVA; FREZZA, 2010) 2.1 – Organização do esquema corporal No início de sua vida, criança trata seu corpo como um objeto, mas através de estímulos, ela armazenará sensações e imagens, reconhecendo que ela é diferente dos outros objetos. Desta forma, o esquema corporal passa por um processo contínuo de mudanças durante toda vida, evoluindo para níveis mais elevados de desenvolvimento e controle motor. (FURLAN; MOREIRA; RODRIGUES, 2008) Entende-se que o desenvolvimento humano é resultado das relações estabelecidas com as pessoas com quem convive e com o meio social onde está inserido. 2.1 – Organização do esquema corporal O desenvolvimento motor ajuda a criança a abrir-se para a comunicação por meio das atividades lúdicas, ela estabelece um vínculo com o mundo e passa a construir suas representações de si e sua realidade. De acordo com Freitas (2008) o conceito da organização do corpo a partir dos 3 aspectos: Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação ao seu próprio corpo; Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só se constrói a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento; Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da localização do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais e do todo. 2.1 – Organização do esquema corporal Le Boulch (1992): a criança passa por três etapas na evolução do desenvolvimento do esquema corporal. 1 - "corpo vivido", onde ocorre uma vivência corporal; a criança explora seu corpo globalmente, constituindo um todo. 2 - "corpo percebido" (ou descoberto), onde ocorre a organização do esquema corporal. 3 - "orientação espaço corporal", na qual a criança poderá executar todas as suas possibilidades corporais, atingindo um domínio corporal. Vygotsky (1998): a criança é interativa e estabelece uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem. O lúdico é muito importante no processo de desenvolvimento da criança, que ao brincar a criança estará adquirindo elementos importantes à construção de sua personalidade e adquirindo a capacidade de compreensão sobre o ambiente do qual faz parte. 2.1 – Organização do esquema corporal A importância da formação psíquica do esquema corporal vem através das ações que contribuam para o desenvolvimento da personalidade da criança, a fim de conduzi-la à autonomia de atitudes, com isso, vivendo harmonicamente no meio em que vive. (FRUG, 2001, p.38) UNIDADE 2 Desenvolvimento físico e psicomotor 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo O despertar da sexualidade Desenvolvimento puberal/Imagem corporal Aprendizagem sobre seu próprio corpo e suas necessidades e respostas sexuais Formação de uma identidade Desenvolvimento de uma capacidade relacional humana e sexual Desenvolvimento de um sistema de valores para sua própria sexualidade. 2.2 – O adolescente e o corpo Estágios do desenvolvimento das mamas - Telarca 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo Aspectos Psico-sexuais Fantasias sexuais Independência Reação parental - Tipos de reação - Efeito da sexualidade dos filhos sobre a sexualidade do casal 2.2 – O adolescente e o corpo Padrão do comportamento sexual Masturbação Carícias sem coito Sexo oral Intercurso sexual Experiência homossexual 2.2 – O adolescente e o corpo Masturbação entre adolescentes 82 a 85% / H - 20 a 75% / M Sensação de culpa: 45%/H - 57%/M Motivação: Diminuir na tensão sexual Prover meio seguro de experiência sexual Combater a solidão Descarga de tensão e stress 2.2 – O adolescente e o corpo RISCOS DA ATIVIDADE SEXUAL Possibilidade de contrair DST Risco de gravidez indesejável (inoportuna) Risco de desenvolver câncer de colo 2.2 – O adolescente e o corpo Profissionais de saúde e Sexualidade Relação entre os conflitos sexuais da primeira infância e a estruturação da sexualidade na adolescência Tarefa preventiva Importância dos conflitos sexuais na gênese das enfermidades na adolescência Reações frente a confissões adolescente/mãe Identificação do profissional com as carências da educação sexual dos adolescentes 2.2 – O adolescente e o corpo O cérebro do adolescente difere do cérebro da criança e do adulto nos aspectos morfológicos e funcionais, assim quanto nas estruturas, regiões, circuitos e sistemas cerebrais. Difere ainda quanto a substância cinzenta, branca, conectividade de suas estruturas e neurotransmissão. A adolescência e principalmente o período peripuberal, é um período de desenvolvimento intenso, que ocorrem importantes mudanças cerebrais: podas sinápticas, surgimento de novas fibras e mielinização. É provável que a variação de velocidadede maturação de áreas do cérebro envolvidas com a regulação emocional e as funções cognitivas sejam em parte responsáveis pelo pronunciado aumento do envolvimento em situações de riscos e da busca por situações novas. (Vitalle in Michelli; Andrade; Silva & Souza-Formigoni, 2014; p3) 2.2 – O adolescente e o corpo A adolescência é resultado do cérebro e não de hormônios. O comportamento do adolescente resulta das transformações do cérebro adolescente. Descoberta pelo interesse pelo sexo. Ajuste dos mapas do corpo que precisam se adaptar à nova posição do corpo no espaço, Tédio característica do começo da adolescência. (Herculano-Houzel, s/d) 2.2 – O adolescente e o corpo Busca por risco e novidades que também definem o adolescente. Desenvolvimento da capacidade de controlar os impulsos. Raciocínio lógico e abstrato que se desenvolve no começo da adolescência e mais para o final da adolescência. O cérebro começa a adquirir a capacidade de prever e antecipar as consequências dos próprios atos e se colocar no lugar dos outros, desenvolvendo a empatia e a teoria da mente, que é a capacidade de intuir o que o outro deve estar sentindo ou pesando, ou seja, de formar hipótese sobre a mente do outro. 2.2 – O adolescente e o corpo Quem dispara a adolescência é o próprio cérebro na região chamada de hipotálamo – sob o tálamo –, que controla o funcionamento do corpo como um todo. 2.2 – O adolescente e o corpo A adolescência começa quando o hipotálamo detecta vários fatores que indicam que o corpo já esta pronto para passar por várias transformações. Sendo elas: o sexo, ao amadurecimento do corpo e da capacidade reprodutiva, mas várias outras dizem respeito, de certa forma, à capacidade que o cérebro daquela pessoa tem de justamente lidar com um filho, lidar com uma gestação e com um bebe que depende daquela pessoa. 2.2 – O adolescente e o corpo Um dos resultados mais marcantes dessa mudança no hipotálamo no começo da adolescência é a descoberta do interesse sexual. As mudanças que acontecem no hipotálamo tornam o cérebro, pela primeira vez, interessado em sexo e é nessa idade que se descobre a preferência sexual que foi determinada lá no começo da gestação. Nessa idade o hipotálamo se torna sensível aos feromônios (substancias produzidas de maneira diferente por homens e mulheres). Para a neurociência atual, as pessoas que se interessam sexualmente por homens são aquelas cujo cérebro é sensível ao feromônio produzido por homens e, ao contrario, as pessoas que se interessam sexualmente por mulheres são aquelas cujo hipotálamo é ativado por feromônios produzidos por mulheres, independentemente do sexo daquela pessoa. (Herculano-Houzel, s/d) 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo Ao longo da evolução os animais (inclusive humano) desenvolveram uma comunicação química característica, os feromônios (do grego pherein - transferência + hormon - excitar), e que são substâncias químicas que, captadas por animais de uma mesma espécie, permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos. A comunicação pelo cheiro (feromônio) é uma das formas usadas pelos animais para indicar seu interesse pelo sexo, desejo de se organizar para trabalhar ou lutar em equipe, demarcar território, transmissão de alarme e achar comida. O mais comum e conhecido é o feromônio sexual, usado pelas fêmeas ou machos para atrair o sexo oposto na temporada de acasalamento. fonte: ttp://feromoniouneb2010.blogspot.com.br/2010_04_11_archive.html 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo Não importa se o dono do cérebro é homem ou mulher. Se esse cérebro é sensível a feromônio feminino, essas pessoas terão interesse sexual e atração sexual por mulheres que são aquelas pessoas que por definição produzem feromônios femininos. Por essa ótica, preferência sexual é algo que se descobre na adolescência e nunca se decide. O que se decide é a opção sexual, ou seja, o que se decide fazer com a preferência sexual. A preferência sexual, portanto, não depende de cultura, família, valores, educação... nada disso. A opção sexual, de certo, infelizmente é influenciada por família, escola, cultura, valores e até mesmo as próprias percepções da pessoa. 2.2 – O adolescente e o corpo O novo processo de transformação, de refinamento do córtex cerebral na adolescência não acontece de modo homogêneo. Inicia nas regiões sensoriais do córtex e progride de maneira diferente e em regiões diferentes do córtex, até que a última a amadurecer ou chegar à sua conformação adulta são essa regiões mais frontais que são responsáveis pela modulação emocional do comportamento e os aspectos sociais. 2.2 – O adolescente e o corpo Até a puberdade o corpo cresce de 4 a 6 cm por ano. A partir da puberdade, cresce de 9 a 20 cm por ano, crescimento igual ao dos cabelos. O adolescente ganha de 30 a 50 cm e cerca de 30 quilos em 3 anos. 2.2 – O adolescente e o corpo 2.2 – O adolescente e o corpo A primeira região do córtex cerebral que passa por modificações é justamente aquela que representa o corpo como um todo, o espaço corporal, são as regiões do córtex que criam uma imagem do corpo que o restante do cérebro usa para mapear o espaço ou organizar os movimentos do corpo. O começo da adolescência é uma faze de crescimento corporal muito rápido. Em um ou dois anos o adolescente é capaz de crescer cerca de meio metro de cumprimento, e esse crescimento não se dá por igual. O corpo começa a crescer pelas extremidades, mãos e pés primeiro ganham em tamanho e só depois é que as regiões mais centrais do corpo aumentam de tamanho. O resultado é que as proporções do corpo mudam dramaticamente e o cérebro não consegue usar a representação da imagem que ele tinha anteriormente do corpo para coordenar os movimentos de uma maneira realmente fluida. Resulta no adolescente estabanado ou desengonçado que é tão característico de todos nos lá pelos 12 anos de idade. 2.2 – O adolescente e o corpo Uma das características mais evidentes da adolescência é o tédio. São mudanças nas vontades, nos desejos e no humor. O tédio para a neurociência moderna pode ser visto como uma consequência de uma transformação grande do Sistema de Recompensa (conjunto de estruturas no cérebro que são responsáveis por sinalizar quando algo dá certo ou tem chance de dar certo e, portanto, permitem que se tenha motivação e vontade de fazer alguma coisa). 2.2 – O adolescente e o corpo Ativar o Sistema de Recompensa significa aumentar o funcionamento de dois de seus componentes mais importantes: a Área Tegmentar Ventral e o Núcleo Acumbente. 2.2 – O adolescente e o corpo O Sistema de Recompensa no adolescente perde de cerca de 30 a 50% da sua sensibilidade. O resultado disso é que tudo que antes o cérebro considerava bom, achava interessante, agradável, satisfatório e que dava certo, subitamente perde a graça. Se entende o tédio do adolescente como essa sensação repentina de que a boneca não interessa mais, a bola não interessam mais, justamente porque não conseguem mais ativar o Sistema de Recompensa do adolescente. 2.2 – O adolescente e o corpo Drogas: ativação direta do Sistema de Recompensas. O mecanismo de ação é o aumento de dopamina. Muita dopamina é bom, demais é problema. Na ativação demais há a dessensibilizaçao. Cada vez mais drogas, menos prazer, resulta no vício.
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