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0 ATLAS DE CONSTITUINTES ANORMAIS EM SEDIMENTO URINÁRIO BRASÍLIA – DF 2017 1 Universidade Paulista – UNIP Avaliação referente à disciplina de Uroanálise e Fluidos Biológicos Pâmella Cristina de Oliveira Caparrosa. BRASILIA-DF 2017 2 SUMÁRIO Introdução .................................................................................................................................... .................................. 3 1. Elementos celulares ................................................................................................................................................... 3 2. Micro-organismos .................................................................................................................. ..................................... 9 3. Cilindros e Cristais ........................................................................................................ ............................................ 14 4. Contaminantes .......................................................................................................................................................... 30 Referencial Bibliográfico ............................................................................................................................................... 31 3 INTRODUÇÃO O exame de sedimentoscopia urinária fornece informações que auxiliam no diagnóstico e tratamento de pacientes. Através do estudo urinário é possível avaliar alterações do trato urinário, da função renal, de doenças hepáticas, metabólicas e hemolíticas, bem como, auxiliar na identificação de patologias raras. O conhecimento das anormalidades possíveis no sedimento urinário é aplicável no auxilio ao diagnostico de uma doença, no monitoramento da evolução de doenças, efetividade do tratamento ou complicações de terapias, triagem da população quanto a doenças hereditárias, congênitas ou assintomáticas. O conhecimento das anormalidades do sedimento urinário se torna necessário para a optimização da execução do processo e melhor interpretação dos resultados. 1. ELEMENTOS CELULARES 1.1. Células epiteliais As células epiteliais podem ser escamosas (pavimentosas, escamosas ou descamativas), de transição (caudais) ou tubulares renais. Células epiteliais descamativas: são células de revestimento da vagina, uretra feminina e masculina. Apresentam diâmetro entre 30 e 50μm e apresentam uma relação citoplasma/núcleo grande, sendo que o núcleo é redondo e apresenta núcleo denso de 12 a 16μm de diâmetro. A presença dessas células na urina é decorrente da decorrente do processo normal de descamação do 4 epitélio. O aumento de células epiteliais descamativas pode ser decorrente de o paciente ter colhido o primeiro jato de urina e não tem muito significado clinico. Células epiteliais caudais de transição: são originadas da pelve renal, ureteres, bexiga e/ou uretra. Apresentam diâmetro que varia de 20 a 30μm, sua forma é esférica ou oval, podendo também ser caudada, geralmente, tem um único núcleo, redondo ou oval, que se encontra centralizado. As células da pelve reanal e dos ureteres apresentam tamanho menor que as demais células de transição. A quantidade aumentada dessas células é encontrada em sedimento urinário de pacientes submetidos à cateterização, lavado de bexiga ou com presença de infecções do trato urinário. Quando há numero aumentado em decorrência de infecção urinária, geralmente, há elevação na quantidade de leucócitos (neutrófilos). Alterações no tamanho das células de transição e alterações no núcleo e no citoplasma podem ser verificados em pacientes submetidos à tratamento radioterápico e pacientes com câncer de bexiga. Exames citológicos deverão ser realizados para melhor diagnóstico. Células do túbulo renal: essas células são provenientes dos tubos contorcidos proximais da alça de Henle, dos tubos contorcidos distais e dos dutos coletores. O tamanho das células renais varia de 12 a 25 μm, dependendo do local de origem. As células dos túbulos contorcidos proximais são ovais e tem diâmetro que varia de 20 a 60μm e apresentam um ou dois núcleos pequenos e densos, geralmente não localizados no centro, o citoplasma dessas células apresenta acentuada granulação, podem ser confundidas com fragmentos de cilindros granulosos. As células oriundas dos túbulos contorcidos distais tem tamanho que varia de 14 a 25μm enquanto as células dos tubos coletores tem diâmetro que varia de 12 a 20μm de diâmetro, são as células renais mais frequentemente observadas no exame microscópico do sedimento urinário. As células dos túbulos contorcidos distais tem forma oval ou redonda, as células dos tubos 5 coletores são, geralmente, cúbicas ou poliédricas. O núcleo dessas células, geralmente excêntrico. Essas células renais apresentam relação citoplasma/núcleo menor que as células de transição, de aproximadamente 3/1. O aumento de celulas tubulares renais no sedimento urinário ocorre em patologias renais como: necrose tubular aguda, infecções virais, infecções bacterianas, inflamações e neoplasias. Número aumentado de células tubulares renais é, também, verificado em pacientes que se submeteram a transplante renal e que apresentam rejeição do órgão transplantado. A presença de mais que 15 células tubulares renais em 10 campos microscópicos observados em aumento de 400X constitui indicação de que o paciente sofre de alguma patologia ou processo renal ativo. Observação: É importante observar da presença de número aumentado de estruturas como leucócitos, hemácias com alteração em sua morfologia (dismórficas) e cilindros, pois, constituem em importantes informações e contribuem para uma melhor interpretação dos resultados. 1.2. Leucócitos Os leucócitos são glóbulos brancos - maiores que os glóbulos vermelhos – medem em média cerca de 12 μm de diâmetro, o citoplasma apresenta granulações finas e o núcleo é lobulado. O leucócito mais encontrado no sedimento urinário é o polimorfonuclear neutrófilo. O aumento da quantidade de leucócitos na urina é chamado de leucocitúria ou piúria, cinco leucócitos por campo representam o limite superior normal em uma amostra de jato médio de urina. Os leucócitos – também chamados de piócitos – são encontrados aumentados na urina quando há inflamação no trato urogenital, tais quais: doenças renais, infecção aguda do trato urinário (geralmente por fungos e bactérias), estados febris pós- exercício físico extenuante, tumores na bexiga, cálculos renais e corpo estranho. 6 1.3. Eritrócitos As hemácias ou eritrócitos, apresentam fora discóide com diâmetro é de aproximadamente 7 μm, são células anucleadas e não apresentam inclusões citoplasmáticas. A quantidade de quatro hemácias (eritrócitos / células vermelhas) por campo representa o limite superior de normalidade em uma amostra de jato médio de urina. Hematúria é a presença anormal de eritrócitos na urina, pode ser macroscópica (olho nu) ou microscópica (detectada via microscópio). É importante enfatizar que o aspecto visual vermelho pode não caracterizar hemáturia, pois, há substâncias (alimentos e medicamentos) que podem causar coloração anormal da urina, somente após a análise microscópica é possível diagnosticar com precisão. Em caso de amostra feminina (em fase reprodutiva) deve ser feita a analise se não houve contaminação menstrual. Causas de hematúria originadas no aparelho urinário inferior: infecção urinária, prostatite, uretrite, neoplasia da bexiga,neoplasia da próstata, hiperplasia benigna da próstata, cálculos da bexiga, alterações da coagulação do sangue, medicamentos anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários, traumatismo, cistite inflamatória ou radica, instrumentação urológica. Causas de hematúria originadas no aparelho urinário superior: glomerulopatias, alterações da coagulação sanguínea, cálculos do rim ou do ureter, pielonefrites, neoplasia do rim, neoplasia do bacinete ou do ureter, anemia de células falciformes, doença renal poliquística. 7 CÉLULAS EPITELIAIS Figura 1 – Sedimento contendo células escamosas ou descamativas. Figura 3 – Sedimento contendo células caudais de transição. Figura 2 – sedimento contendo células escamosas (seta), caudais de transição (duas setas) e do túbulo renal (quadrado). Presença de Cristais, hemácias e leucócitos. Figura 4 – sedimento contendo células do túbulo renal (setas azuis). - Citoplasma abundante e irregular; - Núcleo central com tamanho aproximado de uma hemácia; - São menores que as pavimentosas, esféricas, caudadas ou poliédricas; - Núcleo central; - Redondas; ligeiramente maiores que leucócitos; sem grânulos. - Mononucleada - Presença elevada indica necrose tubular 8 LEUCÓCITOS E ERITRÓCITOS Figura 5 – Sedimentoscopia urinária apresentando Piúria. Figura 6 – Sedimento urinário com presença de Piúria. - Discos incolores - Dismórficas e com tamanhos variáveis,protrusões ou com fragmentações. Figura 7 – Sedimento urinário com presença de Hematúria. Figura 8 – Sedimentoscopia apresentando grande quantidade de hemácias. - Núcleos lobulados - Grânulos citoplasmáticos 9 2. MICRO-ORGANISMOS 2.1. Flora Bacteriana Tecnicamente as bactérias não devem estar presentes na urina. No entanto, salvo se as amostras forem coletadas em condições estéreis, algumas bactérias ,geralmente, estão presentes como resultado de contaminação vaginal, uretral, da genitália externa ou do frasco de coleta. Para serem consideradas significativas para infecção do trato urinário, as bactérias devem ser acompanhadas por glóbulos brancos. A presença de bactérias na urina pode ser sintomática e assintomática, a razão de bacteriúria assintomática ainda é desconhecida. Contudo, a bacteriuria sintomática é responsável por infecções no trato urinário. Diversas bactérias podem causar a ITU (infecção do trato urinário), os agentes etiológicos, mais frequentemente envolvidos são: Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella, Gardnerella vaginalis o Enterococcus faecalis. Sendo que E. coli, responsabiliza-se por 70% a 85% das infecções do trato urinário. 2.2. Trichomonas O parasita que pode ser encontrado com maior freqüência no sedimento urinário é o Trichomonas vaginalis. Este protozoário é responsável por infecções vaginais e pode também infectar a uretra, a bexiga e a próstata. Nesses casos o protozoário poderá ser, também, observado em amostra de urina recente, sendo facilmente identificado pela motilidade. Por ser um protozoário flagelado e apresentar uma membrana ondulante, este se movimenta, girando no campo, sem direção. O parasita é ovóide, com a sua maior dimensão da ordem de 30 micra; apresenta um núcleo e alguns vacúolos citoplasmáticos, o que facilita a sua identificação, quando não está em movimento. O corante de Sternheimer-Malbin é utilizado para diferenciá-lo de leucócitos e/ou células epiteliais. Esses elementos se coram de roxo, enquanto o Trichomonas não se cora. 10 Ovos ou larvas de parasitas também podem ser encontrados no sedimento urinário devido à contaminação fecal e por falta de assepsia adequada. 2.3. Leveduras As células leveduriformes podem ser observadas no sedimento urinário devido à contaminação por secreção vaginal ou ainda por contaminação pela pele ou pelo ambiente. As leveduras estão presentes em secreções vaginais de indivíduos com infecção pelo fungo, frequentemente em pacientes diabéticos e/ou imunossuprimidos. As principais leveduras observadas são Candida sp. Essas se apresentam como células ovóides, com tamanho de 5 a 7 micra, de tamanho menor que as hemácias, incolores e refringentes. Muitas vezes apresentam cadeias/brotamentos, devido à germinação de hifas e pseudohifas, os quais facilitam a identificação. Na transcrição do resultado a presença de leveduras deve ser relatada da seguinte forma: "Presença de células leveduriformes (pseudohifas) com aspecto morfológico de Candida sp". 11 MICRO-ORGANISMOS Figura 9 – Presença de aglomerado de bactéria em formato de bacilos em sedimento urinário (setas). Figura 10 - Sedimentoscopia com presença de bactérias e glóbulos brancos. Figura 11 – Presença de Trichomonas em sedimento urinário. Figura 12 – Presença de Trichomonas em sedimento urinário. 12 MICRO-ORGANISMOS Figura 13 – Presença de Trichomonas em sedimento urinário. Figura 14 – Presença de Trichomonas em sedimento urinário. Figura 15 – Presença de leveduras em sedimento urinário. Figura 16 – Presença de leveduras em sedimento urinário. 13 MICRO-ORGANISMOS Figura 17 – Presença de leveduras em sedimento urinário. Figura 18 – Presença de Cândida sp. em sedimento urinário. 14 3. CILINDROS E CRISTAIS 3.1. Cilindros Os cilindros urinários são formados no lúmen dos túbulos renais. São nomeados cilindros pelo fato de serem moldados no interior dos túbulos renais. Possuem matriz, primariamente, composta de mucoproteína de Tamm Horsfall. Os cilindros são classificados de acordo com sua matriz, tipo de inclusão e tipo celular presente em seu interior. Sua presença acompanha proteína positiva na tira reativa. Cilindro hialino: é composto por proteína gelificada de Tamm-Horsfall. São incolores, homogêneos e transparentes, em geral, apresenta suas extremidades arredondadas. Pode ser encontrado no tipo mais brando de doença renal, porém sua presença não é indicativa de nenhuma doença em particular. Esse tipo de cilindro é o mais comumente encontrado na urina e pode estar presente em uma urina normal, principalmente após exercícios físicos e desidratação fisiológica, quando este encontra-se aumentado. Cilindro hemático: podem exibir coloração acastanhada ou serem quase incolores. Sua presença no sedimento urinário representa hematúria renal e sempre é um indicativo patológico. Geralmente são diagnósticos de doença glomerular, como: glomerulonefrite aguda, nefrite lúpica, endocardite bacteriana subaguda e no trauma renal. Podendo também estar presente em infarto renal, trombose de veia renal e pielonefrite grave. 15 Cilindro leucocitário: os leucócitos de maior predominância nesse cilindro sãoneutrófilos polimorfonucleares Quando presente no sedimento urinário é indicativo de infecção ou inflamação não infecciosa renal. Podem, então, estar presentes em condições como pielonefrite aguda, nefrite intestinal e nefrite lúpica, assim como em doenças glomerulares. Cilindro granuloso: sua origem pode ser resultante da degeneração de cilindros celulares ou pode ser oriundo da agregação proteica em uma matriz de mucoproteína de Tamm Horsfall. Quase sempre quando presentes na urina são indicativos de doença renal, porém também é possível encontra-lo na urina normal após exercício intenso. A distinção de cilindro granuloso grosso e cilindro granuloso fino não tem importância clínica, porém é fácil realizar a diferenciação. O cilindro granuloso grosso possui grânulos grosseiros e maiores, além de possuir uma coloração mais escura, em decorrência da densidade de seus grânulos. O cilindro granuloso fino contém grânulos finos e apresentam coloração amarelada ou cinza. Cilindro epitelial: esse cilindro é encontrado em casos de doenças renais que afetam principalmente os túbulos renais e são formados a partir da descamação de células epiteliais tubulares renais. Além disso, também podem ser encontrados após exposição a agentes nefrotóxicos ou vírus. Cilindro céreo: possui coloração amarelada, cinza ou incolor. Apresentam aspecto liso e homogêneo, além de apresentar índice muito alto de refração. Representam um estágio avançado do cilindro hialino. Esse cilindro é encontrado em pacientes com insuficiência renal crônica grave, em casos de hipertensão maligna, amiloidose renal e nefropatia diabética. Podem também ser encontrada na insuficiência renal aguda, inflamação e em casos de degeneração tubular. 16 Cilindro gorduroso: são produzidos pela deposição dos cilindros de células epiteliais que contém corpos adiposos ovais. Esse cilindro é composto com gotículas de gordura de tamanhos variados. São observados na síndrome nefrótica, glomeruloesclerose diabética, nefrose lipoídica, glomérulo nefrite crônica, lúpus e envenenamento renal tóxico. Cilindro misto: esse tipo de cilindro ocorre quando dois tipos celulares distintos estão presentes na matriz proteica do cilindro. O produto resultante dessa mistura é chamado de cilindro misto. Cilindro largo: esses cilindros possuem um diâmetro de 2 a 3 vezes maior que os cilindros normais. Ocorrem quando há uma dilatação tubular ou extrema estase do fluxo urinário no ducto coletor distal. Estão presentes em pacientes com insuficiência renal crônica e quando são encontrados indicam mau prognóstico ao paciente. 3.2. CRISTAIS Os seguintes cristais apresentam-se ordenados por pH e muco: Cristais de ácido úrico: o ácido úrico pode ser encontrado de diferentes morfologias, porém as formais mais características são: diamantes ou prisma romboide. A presença de ácido úrico na urina pode ser uma ocorrência normal, sua presença não indica necessariamente uma condição patológica. Algumas condições na urina elevada e incluem gota, elevado metabolismo de purina, condições febris agudas, nefrite crônica , síndrome Lesch-Nyhan. Cristais Oxalato de Cálcio: os Oxalatos de cálcio são incolores, octaédricos ou em formas de envelopes, são encontrados com frequência em urinas ácidas ou neutras. Podem estar presentes na urina após a ingestão de vários alimentos ricos em oxalato 17 como tomate, espinafre, alho e etc. As condições patológicas encontradas em urina recém-emitida sugerem a possibilidades de cálculo de oxalato assim como outras patologias como: diabetes mellitus, doença hepática, e doença renal crônica. Cristais de urato amorfos: os sais de urato de sódio, potássio, magnésio e cálcio frequentemente estão presentes na urina em uma forma amorfa e não cristalina. Esses uratos amorfos exibem aspecto granular vermelho amarelado. Eles não exibem importância clínica. Cristais de ácido Hipúrico: o ácido hipúrico é o principal metabólito urinário do tolueno (solventes para óleos, borrachas e tintas), sendo o indicador biológico da exposição a este solvente. O ácido hipúrico é um metabólito normal do organismo humano, podendo também advir em dietas ricas em ácido benzóico: frutas: ameixa, pêssego e grãos verdes de café. Cristais de cistina: a cistinúria é uma doença hereditária que faz com que os cálculos compostos dos aminoácidos cistina de formem no rim, na bexiga e na uretra. A doença e transmitida de pais para filhos através de uma anomalia em seus genes. A cistina não é solúvel na urina, se não for absorvida ela se acumulara no rim e formara cristais ou cálculos de cistinas. A cistina são lâminas hexagonais, incolor e refrigentes. Ela não pode ser evitada se o pai e a mãe estiverem carregando uma cópia da anomalia genética, porém beber bastante água e diminuir o sal pode evitar que elas se formem nos rins. Cristais de leucina: são cristais de ocorrência muito rara em urinas ácidas. Tem o formato de esfera castanho-amarelada com estria radial e círculos concêntricos. Tem significado patológico importante como em enfermidades hepáticas em fase terminal, como a cirrose, hepatite viral, atrofia amarela aguda do fígado, e em severas lesões provocada por envenenamento porfósforo. 18 Cristais de tirosina: são de ocorrência rara em urina ácida, mas quando presentes podem indicar doença hepática grave. Têm o formato de agulhas finas, incolores, podendo se agrupar em rosetas. Apresentam solubilidade em ácido clorídrico diluído e em hidróxidos de potássio e amônio, mas são insolúveis em álcool e éter. Cristais de colesterol: são cristais formados de placas regulares e incolores e de ocorrência muito rara. São solúveis em clorofórmio e éter. A visualização pode ser melhorada com uso de luz polarizada. A presença no sedimento urinário de cristais de colesterol juntamente com os corpos graxos-ovais e cilindros granuloso é indicativa de síndrome nervosa. São consequência da obstrução a nível torácico ou abdominal da drenagem linfáticos no interior da pélvis renal ou no trato urinário. Cristais de sulfa ou outros medicamentos: para uma correta identificação dos cristais urinários é muito importante a verificação dos medicamentos e tratamentos a que o paciente possa estar fazendo. Na urina podem ser identificados vários cristais medicamentosos como sulfadiazina, sulfametaxasole etc. A maioria destes cristais quando ocorrem tem aparência de agulhas em grupos, unida de forma concêntrica, de cor clara ou castanha. Cristais de fosfato triplo (fosfato amoníaco-magnésio): Podem ocorrer nos seguintes estados patológicos: pielite crônica, cistite crônica, hipertrofia de próstata e retenção vesical. Aparecem também em urinas normais. Cristais de biurato amônio: urato ou biurato de amônio podem aparecer em urinas alcalinas, ácidas ou neutras. São corpos esféricos castanho amarelados, com espículas longas e irregulares. São patogénicos se aparecem em urinas recém-emitidas, como ocorrem em doenças hepáticas. As precipitações de solutos dependem do PH urinário, da solubilidade e concentração do cristaloide. 19 Cristais de fosfato de cálcio: cristais de fosfato de cálcio são longos, finos, prismas incolores e podem ter uma extremidade pontiaguda, também podem assumir formas grandes, finas ou de placas regulares que flutuam na superfície da urina. Eles são solúveis em ácido acético diluído. Cristais de carbonato de cálcio: cristais de carbonato de cálcio são pequenos, incolores e apresentam forma de haltere ou formas esféricas. Elas podem ocorrer em aglomerados que se assemelham material amorfo, mas eles podem ser distinguidos pela formação de gás, após a adição de ácido acético. Eles também são birefrigentes. Cristais de carbono decálcio não tem significado clínico. Cristais de fosfato amorfos: os cristais de fosfato amorfos são partículas granulares não tem uma forma definida e eles são, geralmente, visivelmente indistinguíveis dos uratos amorfos. O ph da urina e as propriedades de solubilidade ajudam a distingui- los. Os fosfatos amorfos são solúveis em ácido acético, enquanto que os uratos amorfos são insolúveis. Não apresentam significados clínicos. 20 CILINDROS Figura 19 – Presença de cilindro hialino em sedimento urinário. - Incolores - Morfologia variável Figura 20 – Cilindro hemático em sedimento urinário. - Podem encontrar hemácias, leucócitos. - Cor amarronzada Figura 21 - Sedimento urinário com presença de cilindro leucocitário. Figura 22 – Sedimento urinário com presença de cilindro granuloso. - Gânulos - Núcleos multilobulados. 21 CILINDROS Figura 23 – Sedimentoscopia com presença de cilindro granuloso. Figura 25 – Presença de cilindro céreo em sedimento uninário. Figura 24 – Sedimento urinário com presença de cilindro epitelial. - As células se agrupam durante o deslocamento dos cilindros. Figura 26 – Análise microscópica do sedimento urinário com presença de cilindro gorduroso. 22 CILINDROS E CRISTAIS Figura 27 – Sedimento urinário com presença de cilindro misto. Figura 28 – Cilindro largo presente em uma sedimentoscopia urinária. Figura 29 – Sedimento urinário com presença de cristais de ácido úrico. Figura 30 – Sedimento urinário com presença de cristais de ácido úrico. 23 CRISTAIS Figura 31 – Sedimento urinário apresentando cristais de ácido úrico. Figura 32 – Sedimento urinário apresentando cristais de ácido úrico. Figura 33 – Sedimento urinário apresentando cristais oxalatos de cálcio. Figura 34 – Sedimento urinário apresentando cristais oxalatos de cálcio. - Octaedros; - Formato de envelope; - X no interio; - Incolores. - Coloração amarronzada; - Presente em pH inferior a 5,5; - Formas variadas (losango é mais comum). 24 CRISTAIS Figura 37 – Sedimentoscopia com presença de cristais de ácido hipúrico. Figura 35 – Sedimentoscopia com presença de cristais de urato amorfos. Figura 36 – Sedimentoscopia com presença de cristais de ácido hipúrico. Figura 38 – Sedimentoscopia com presença de cristais de cistina. . 25 CRISTAIS Figura 39 – Sedimentoscopia com presença de cristais de cistina. Figura 41 – Sedimentoscopia com presença de cristais de tirosina. Figura 40 – Sedimentoscopia com presença de cristais de leucina. Figura 42 – Sedimentoscopia com presença de cristais de tirosina. - Forma Hexagonal. 26 CRISTAIS Figura 43 – Cristais de colesterol presente em sedimento urinário. Figura 45 – Cristais medicamentosos, presente em sedimento urinário. Figura 44 – Cristais de medicamentosos presente em sedimento urinário. Figura 46 – Cristais de fosfato triplo presente em sedimento urinário. 27 CRISTAIS Figura 47 – Cristais de fosfato triplo presente em sedimento urinário. Figura 49 – Cristais de biurato amônio presente em sedimento urinário. Figura 48 – Cristais de biurato amônio presente em sedimento urinário. Figura 50 – Cristais de fosfato de cálcio presente em sedimento urinário. - Mais raros; - Forma de prisma. 28 CRISTAIS Figura 51 – Cristais de fosfato de cálcio presente em sedimento urinário. Figura 53 – Cristais de carbonato de cálcio presente em sedimento urinário. Figura 52 – Cristais de fosfato de cálcio presente em sedimento urinário. Figura 54 – Cristais de carbonato de cálcio presente em sedimento urinário. 29 CRISTAIS Figura 55 – Sedimentoscopia com presença de cristais de fosfato amorfos. Figura 56 – Sedimentoscopia com presença de cristais de fosfato amorfos. 30 4. CONTAMINÂNTES 4.1. Espermatozoides A presença de espermatozoide na urina, no geral, não apresenta nenhum significado clínico, podendo aparecer tanto na urina de homens quanto de mulheres. Sua presença representa um contaminante na urina, pode acontecer em decorrência de contaminação da urina com sêmen após relação sexual ou em casos de ejaculação noturna. Sempre que presente na urina de mulheres não deve ser relatado no laudo, por questões éticas. No caso de homens, sempre que presente deve ser relatado, pois pode indicar um quadro de espermatorréia que é uma das causas de infertilidade. 4.2. Muco Material proteico (mucina ou febrina), produzido por glândulas e células epiteliais do trato urogenital. Aparecem como estruturas filamentosas com baixo índice de refração, exigindo observação em luz de baixa intensidade. Não é considerado clinicamente significativo. 4.3. Outros contaminantes Podem ser observados contaminantes de todos os tipos, sobretudo em amostras colhidas em condições impróprias, ou em recipientes sujos. Pode-se observar: gotículas de óleo, grânulos de amido, grãos de pólen, pêlos ou outras fibras. 31 CONTAMINÂNTES Figura 57 – Sedimento urinário com presença de espermatozoide (círculo). Figura 58 – Sedimento urinário com presença de vários espermatozoides dispostos por todo campo de visão. Figura 59 – Sedimento urinário com presença de fibras de algodão. Figura 60 – Sedimento urinário com presença de grãos de amido. 32 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 1. ALMEIDA BATISTA, Jane. Urinalise sedmentoscopia. https://www.slideshare.net/euripedes/urinlise-2013. 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