Direitos humanos e judicialização

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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA 
CURSO DE DIREITO 
IEDA GABRIELA BARBOSA DE OLIVEIRA 
Direitos humanos do Brasil e a influência de suas violações a 
jusdicialização 
Paper de Psicologia aplicada ao direito 
Professora Maria Cristina Neiva de Carvalho 
Curitiba, 
2017 
 
 
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Ieda Gabriela Barbosa de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto de Pesquisa 
Direitos humanos do Brasil e a influência de suas violações a 
jusdicialização 
 
 
Trabalho apresentado como 
requisito parcial de avaliação 
da disciplina de Psicologia 
aplicada ao direito, 
ministrada pela professora 
Maria Cristina Neiva de 
Carvalho. 
Curitiba, 
2017 
 
 
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Sumário 
 
Introdução: ................................................................................................ p. 4 
Direitos humanos e significados: .............................................................. p. 5 
Precedentes históricos dos direitos humanos no Brasil: .......................... p. 5 
Os direitos humanos no regime militar: .................................... p. 6 
Atual constituição e desafios dos direitos humanos no Brasil: . p. 6 
Influência das violações de direitos humanos sobre a jusdicialização: .... p. 7 
Conclusão: ............................................................................................... p. 9 
Referências: ............................................................................................ p. 10 
 
 
 
 
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Introdução 
 O presente trabalho é sobre os direitos humanos no Brasil, mais 
concretamente, é uma visão social, histórica e jurídica desses direitos. 
 É de objetivo deste presente trabalho apresentar o ônus e bônus dos direitos 
humanos na história do brasil. 
 Esta organizado em 3 partes. Na parte 1 é dado um conceito de direitos 
humanos, a parte 2 dá um panorama histórico brasileiro, já na parte 3 é tratado 
o problema das violações desse direito no âmbito jurídico. 
 A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com o uso de 
meios tecnológicos. 
 
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1. Direitos humanos e significados 
 Segundo a ONU (organização das Nações Unidas), direitos humanos são 
aqueles direitos inerentes a todo ser humano, independentemente de raça, 
gênero, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. 
Nessa categoria de direitos, estão inclusos o direito à vida; a liberdade, tanto de 
opinião quanto de expressão; o direito ao trabalho; a educação; entre muitos 
outros(...). Garantindo assim o mínimo para uma condição plena de vida. 
“Está fundada no conjunto de direitos inerentes à personalidade da 
pessoa (liberdade e igualdade) e também no conjunto de direitos 
estabelecidos para a coletividade (sociais, econômicos e culturais). Por 
isso mesmo, a dignidade da pessoa não admite discriminação, seja de 
nascimento, sexo, idade, opiniões ou crenças, classe social e outras. ” 
(CASTILHO, Ricardo, 2012, p. 20) 
 Os direitos humanos podem ser considerados a primeira extensão, no plano 
internacional, de vínculos limitativos a liberdade e a autonomia dos Estados, 
mesmo em situação de guerra. E o órgão internacional responsável por isso é a 
ONU, que desde 1945, após as duas Guerras Mundiais mantém a ordem nesses 
aspectos humanitários. 
 
2. Precedentes históricos dos direitos humanos no Brasil 
 A melhor forma para entender a evolução dos direitos humanos no brasil é 
através das diversas Constituições brasileiras. 
 A primeira constituição, de 1824, apesar de outorgada, garantia alguns direitos 
humanitários, como a segurança individual e a propriedade, também, mesmo 
que ironicamente por ser uma sociedade ainda escravista, garantia a liberdade. 
 Já no período republicano, a constituição de 1891 apresentou uma pequena 
evolução, garantindo o sufrágio – infelizmente não universal, assim deixando a 
maioria dos brasileiros com o mesmo poder eleitoral da época do império -, o 
direito à plena liberdade religiosa, à defesa ampla aos acusados, direito à livre 
associação e reunião, sem contar a criação do habeas corpus, como forma de 
remediar casos de violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder. 
 A constituição de 1934 mantinha os direitos já adquiridos, e instituía mais 
garantias ao trabalhador, como igualdade salarial, proibição do trabalho infantil, 
e a determinação de um salário mínimo. Após duas constituições promulgadas 
que estabeleceram diversos ganhos em direitos sociais, a situação dos direitos 
humanos no Brasil parecia beirar a perfeição, porém isso só perdurou por três 
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anos. Com influencias fascistas e autoritárias a Constituição de 1937, quase que 
extinguiu os direitos humanos no ordenamento, e na sociedade brasileira. O 
governo Vargas assumiu amplo domínio sobre o Poder judiciário, o congresso 
foi fechado, os partidos políticos aniquilados, enfim, um cenário problemático. 
Esse cenário só foi alterado em 1946, com a nova constituição que restaurou os 
direitos e garantias individuais, além de amplia-los quando em comparação com 
o texto de 1934. Mas esse período também durou pouco, mais precisamente 
dezoito anos. 
 
2.1 Os direitos humanos no regime militar 
 O regime militar e sua constituição (de 1969), duraram 21 anos, marcado por 
autoritarismo e centralismo, o governo militar resultou em graves consequências 
aos direitos humanos. Durante o período, a repressão policial aumentou em larga 
escala. As forças militares tinham carta branca para prender opositores do 
governo sem a necessidade de acusação formal ou registro, sendo instituída 
inclusive a pena de morte. 
“[...] estimava que, no total, mais de meio milhão de pessoas haviam sido 
pressas, banidas, exiladas, cassadas, aposentadas, processadas, 
indiciadas, ou mesmo mortas pelo regime. ” (MEZAROBBO, Glenda, 
2003, p. 23) 
 
2.2 Atual constituição e desafios dos direitos humanos no Brasil 
 A constituição promulgada em 1888 e vigente até hoje, coloca o Brasil como 
um dos países com o mais completo ordenamento jurídico em relação aos 
direitos humanos, porém o relatório Estado dos Direitos Humanos no Mundo, 
organizado pela Anistia Internacional mostra que ainda existem falhas fora do 
âmbito positivado, pois o pais apresenta ótimas leis sobre o assunto, mas o 
grande problema é que elas ainda não são cumpridas. 
“As taxas de homicídio e a violência armada continuaram altas no pais 
todo. Segundo as estimativas, o número de vítimas de homicídios em 
2015 era de 58 mil. ” (Anistia Internacional, 2016, p. 82) 
“Os homicídios pela polícia continuaram numerosos e, em alguns 
estados, aumentaram. No Rio de Janeiro, 811 pessoas foram mortas 
pela polícia entre janeiro e novembro. ” (Anistia Internacional, 2016, p. 
84) 
“[...] com relatos de tortura e outros maus-tratos. De acordo com o 
Ministério da Justiça, o sistema prisional tinha uma população de mais 
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de 620 mil pessoas, embora a capacidade total seja menos que a 
metade. ” (Anistia Internacional, 2016, p. 84) 
“Ataques, ameaças e assassinatos de defensores de direitos humanos 
aumentaram em comparação a 2015. ” (Anistia Internacional, 2016, p. 
85) 
“[...] O Brasil é um dos piores países da América Latina para se nascer 
menina [...]. ” (Anistia Internacional, 2016, p. 86) 
“Uma proposta para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos ainda 
estava sendo apreciada pelo Senado [...]” (Anistia Internacional, 2016, p. 
87) 
 
 A grande preocupação é que estes problemas persistem no pais há cerca de 
30 anos, sem que as autoridades tenham criado soluções efetivas para mudar o 
cenário. Para o diretor executivo da Anistia Internacional noBrasil, Atila Roque, 
o Brasil vive em um estado permanente de violação de direitos humanos. 
 
3. Influência das violações de direitos humanos sobre a jusdicialização 
 Segundo um ranking produzido pela redatora Natalie Garcia, do jornal Carta 
Capital, os três direitos constitucionais, mais violados no Brasil, estão no 
âmbito dos direitos humanos: Em primeiro lugar está o direito ao salário mínimo 
“salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim;” (Art 6º, IV da CF) 
 Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos 
Socioeconômicos, para cumprir com todas as necessidades previstas na lei o 
salário mínimo deveria ser de R$ 3.118,62, quatro vezes maior que o atual (R$ 
788). 
Em segundo lugar encontrasse o direito ao trabalho, visto que ainda existe uma 
representativa parcela de pessoas em situação de trabalho escravo, trabalho 
infantil, além de preconceito decorrente de algumas empresas. 
“XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo 
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; ” (Art 6º da CF) 
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Já em terceiro lugar está o direito a saúde. Em 2013, 93% da população estava 
insatisfeita com o SUS, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha. 
“É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia 
das pessoas portadoras de deficiência; ” (Art 23º, II da CF) 
“Compete aos Municípios: prestar, com a cooperação técnica e 
financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da 
população; ” ( Art 30º, VII, da CF) 
Em meio a uma situação que se encaixa perfeitamente na frase: “ seria cômico, 
se não fosse trágico”, o Brasil, pais com um dos melhores ordenamentos 
jurídicos referentes aos direitos humanos, é ironicamente abalado todos os dias 
por crimes contra esses tais direitos, e se o sujeito praticante de tal crime for 
sentenciado e condenado, o mesmo sofrera violações dos seus direitos 
humanos, visto que o sistema carcerário brasileiro é uma máquina de violações 
de direitos. 
 
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Conclusão 
 A evolução dos direitos humanos no Brasil não é linearmente positiva, visto 
que, a história brasileira é marcada por governos fascistas e ditatoriais, cabendo 
assim aos juristas manter os limites a liberdade e a autonomia dos Estados. 
 Apesar de um avançado sistema positivado referente aos direitos fundamentais, 
muitas violações ainda ocorrem, sendo entre sujeitos no âmbito privado ou entre 
Estado e povo, no âmbito público. 
 Como um sistema judiciário, que tem o dever de proteger os direitos humanos, 
gera tantos processos de desumanização ao condenar pessoas a um executivo 
desumano como o sistema carcerário brasileiro? Ainda existe muito a progredir 
na pratica... 
 
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Referências 
CASTILHO, Ricardo, 2015, Direitos Humanos; 
Constituição brasileira, 1824; 
Constituição brasileira, 1891; 
Constituição brasileira, 1934; 
Constituição brasileira, 1937; 
Constituição brasileira, 1946; 
Constituição brasileira, 1967; 
Constituição brasileira, 1969; 
Constituição brasileira, 1988; 
MEZAROBBO, Glenda, 2003, Um acerto de contas com o futuro, A anistia e suas 
consequências – Um estudo do caso brasileiro; 
Anistia Internacional, 2016, Estado dos direitos humanos no mundo.