Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (Art. 1º, III, CF) Garantia de um mínimo existencial; • Sentimento de respeitabilidade, autonomia e autoestima; • Bens Jurídicos-Penais protegem, de algum modo, a dignidade humana; • Ser réu não significa ser criminoso e ser vítima não confere a ninguém atestado de idoneidade; • Da dignidade humana extrai-se regras básicas de como o processo penal deve ser construído e atuado. JURISPRUDÊNCIA • TJRJ (2009) – Inexistência de casa de albergado: não se coaduna com o princípio da dignidade da pessoa humana que o réu passe pelos rigores do regime fechado em que pese ter sido condenado ao aberto. • STF (2004) – Prisão domiciliar: o fato de estar condenado por crime hediondo não enseja, por si só, uma proibição à concessão de prisão domiciliar, pois a dignidade da pessoa humana, especialmente a dos idosos, sempre será preponderante. • STF (2009) – Prisão Cautelar e razoável duração do processo: a duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar, sem julgamento da causa, ofende a dignidade da pessoa humana e, como tal, configura constrangimento ilegal. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS DEVIDO PROCESSO LEGAL (Art. 5º, LIV, CF) Sinônimo de garantia que atende aos ditames constitucionais; • Necessidade do processo tipificado, sem supressão ou desvio de atos essenciais; • O processo deve ser instrumento de garantia contra os excessos do Estado; • O aspecto processual assegura o devido procedimento e o material reclama no campo da legislação e aplicação uma atuação adequada, correta e razoável. JURISPRUDÊNCIA • STJ (2010) – Correlação com ampla defesa: contraria o devido processo legal a decisão que revoga o sursis processual pela inobservância das condições impostas, sem dar ao acusado a oportunidade de se justificar sobre o descumprimento. • TJSP (2009) – Correlação com Provas Ilícitas: a entrada em casa alheia e busca pessoal, ou revista, devem submeter-se às formalidades legais, para guardarem validade. Impossível aceitar-se o devido processo legal penal sem o pontual procedimento. • TRF3ªR (2010) – Observância de prazos: a observância dos prazos recursais do CPP não consubstancia formalismo rigoroso, mas a garantia do devido processo legal. A negligência do prazo torna preclusa sua reforma. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (Art. 5º, LVII, CF) O estado natural do ser humano, seguindo-se o princípio da dignidade da pessoa humana, é a inocência; • A regra é a liberdade e o encarceramento, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, deve ser a exceção; • A regra probatória na qual a parte acusadora tem o dever/ônus de demonstrar a culpabilidade do réu; • O reconhecimento da autoria pressupõe sentença condenatória transitada em julgado JURISPRUDÊNCIA • STF (2016) – STF admite execução da pena após a condenação de segunda Instância: por maioria, o Plenário do STF entendeu que o artigo 283, do CPP não impede o início da execução da pena após a condenação de segunda instância. • TRF1ªR (2010) – Correlação com a prevalência do interesse do réu: considerando que não restou comprovada, com a necessária segurança, a autoria do delito em questão em relação ao corréu, uma vez que a prova dos autos apresenta-se inconsistente, em homenagem aos princípios da presunção de inocência e do in dubio pro reo, absolvição é medida que se impõe. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS AMPLA DEFESA (Art. 5º, LV, CF) Direito inerente à pessoa humana, no contexto das relações sociais, como garantia do acusado; • Calcada no sentimento de preservação e subsistência; • Autodefesa e Defesa Técnica; • Possibilidade de autoproteção (negativa do fato ou autoria), oposição (versão distinta da acusação) e justificação (licitude). JURISPRUDÊNCIA • STJ (2010) – Cerceamento de defesa e pedido de diligências: não há que se dizer que o postergamento do feito foi causado pela defesa, uma vez que a insistência em realização de prova de DNA não pode ser confundida com procrastinação indevida, sob pena de cerceamento do direito constitucional à ampla defesa, que engloba o direito à autodefesa. • STJ (2010) – Obrigatoriedade de razões e contrarrazões: evidenciada nos autos a carência de defesa técnica quando do julgamento do apelo, é certo que o feito deve ser anulado por explícita violação do princípio da ampla defesa. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS CONTRADITÓRIO (Art. 5º, LV, CF) Traduzido no binômio: direito de informação (ciência) e direito de reação (participação) e a vedação da surpresa; • Impõe que às partes deve ser dada a possibilidade de influir no convencimento do magistrado, oportunizando-se a participação sobre os atos que constituem a evolução processual; • Contraditório real e postergado. JURISPRUDÊNCIA • STF (2009) – Prova nova introduzida em contrarrazões: prova nova apresentada pelo Ministério Público em contrarrazões, sem vista à defesa. Inadmissibilidade. É nula a decisão que se remete, expressamente, a provas admitidas sem contraditório. • TJMG (2009) – Análise do argumento das partes: O decreto condenatório que suprime de seus fundamentos teses apontadas pelas partes, causa sensível prejuízo, devendo o ato decisório ser anulado pelo órgão revisor. Violação do contraditório. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS JUIZ NATURAL E IMPARCIAL (Art. 5º, LIII, CF) O juiz natural é aquele destinado a analisar a causa concreta mediante critérios legais antecipados e lógicos; • A abrangência do juiz natural envolve o juiz imparcial, podendo decorrer impedimento/suspeição • Art. 8º, item 1, CADH: Toda pessoa terá direito de ser ouvida, por um juiz competente, independente e imparcial (...) JURISPRUDÊNCIA • STJ (2010) – Convocação de magistrados para Tribunal: Não ofende o princípio do juiz natural a convocação de juízes de primeiro grau para, nos casos de afastamento eventual de desembargador, compor o órgão do respectivo Tribunal. • TRF1ªR (2006) – Rol exemplificativo do art. 254, CPP: Pode o juiz não ser amigo íntimo ou inimigo capital da parte e demonstrar visivelmente parcialidade, como aquele juiz que externa sua aversão extremada ao corrupto, ao estuprador, o que não lhe dá condições psicológicas de isenção. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS PUBLICIDADE (Arts. 93, IX - 5º, LX, CF – 792, §1º, CPP) É a garantia de acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo; • O sigilo é admissível quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; • Publicidade interna: restringe às partes do processo; • Publicidade externa: é a regra, dá conhecimento ao público geral JURISPRUDÊNCIA • STJ (2008) – Investigação Policial: Deve ser garantido à defesa o acesso ao material investigatório até então produzido, em respeito ao princípio da publicidade. • TJSP (2010) – Cautela na decretação do segredo de justiça: com relação ao pedido de decretação do segredo de justiça não lhe assiste razão, pois só pode haver seu cabimento, segundo art. 792, §1º, do CPP, o que não se observa, não sendo válida a argumentação de que serviria o sigilo para proteção de testemunhas arroladas pela defesa, já que existe lei específica (9.807/99). Violação do princípio da publicidade. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS (Art. 5º, LVI, CF – 157, CPP) A inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos, no processo criminal fundamenta-se em fatores de ordem ética e mantenedores da lisura e da imparcialidade do estado na condução do devido processo legal • Significa a proibição de se valer de provas maculadas pelo vício de origem, vez que obtidas por mecanismos ilícitos. • Teoria da prova ilícita por derivação (árvore envenenada).JURISPRUDÊNCIA • TJRS (2009) – Interceptação telefônica realizada antes da autorização judicial: Verificado que, no caso, a interceptação das comunicações telefônicas foi feita em data anterior à autorização judicial, é inegável a ilicitude da prova, pois produzida em desacordo com a lei específica e a Constituição Federal. • TRF1ªR (2010) – Utilização de prova ilícita na sentença: tendo o juiz sentenciante fundamentado a condenação em provas outras que não aquelas tidas por ilícitas e as dessas decorrentes, afasta-se a alegação de ilicitude dos meios probatórios. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS DURAÇÃO RAZOÁVEL (Art. 5º, LXXVIII, CF) A justiça não pode ser tardia A celeridade pertence às partes Objetiva evitar a procrastinação • O processo não deve ser nem tão lento que gere impunidade, nem tão célere que viole as garantias • Abrange a duração razoável da prisão cautelar • Não há prazo predefinido – critério da proporcionalidade JURISPRUDÊNCIA • STJ (2010) – Duração excessiva do tempo de prisão: resta configurado inadmissível excesso de prazo se o paciente está preso cautelarmente desde 28.12.2005, sendo que o seu julgamento pelo Tribunal do Júri tem previsão para ser realizado apenas em 10.11.2010, sem culpa da defesa. • STF (2007) – Complexidade do feito: Paciente preso fora do distrito da culpa, respondendo a processos em outros Estados: dificuldade da realização dos atos processuais. Não há constrangimento ilegal por excesso de prazo quando a complexidade da causa justifica. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO (Implícito na CF) O inconformismo humano diante da contrariedade e a falibilidade humana (erro). A estrutura do judiciário prevê o sistema recursal, sendo uma segunda chance, reavaliação do caso por órgão superior colegiado. • A sua inserção constitucional implícita deve-se à expressa previsão no art. 8, item 2, h, CADH. JURISPRUDÊNCIA • TRF2ªR (2009) – Afastamento da prescrição e ingresso no mérito: O juízo ad quem não pode, ao reformar decisão na qual se declarou a ocorrência de prescrição, ingressar na matéria de fundo sob pena de estar suprimindo instância e desrespeitando direito do réu ao duplo grau de jurisdição. • TJMG (2009) – Deficiência de análise do tema: a sentença que é omissa quanto à possibilidade, ou não, de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos deve ser declarada nula, não podendo o Tribunal manifestar-se sob pena de violar o duplo grau de jurisdição. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS VEDAÇÃO DA AUTOACUSAÇÃO (Implícito na CF) Nemo tenetur se detegere: ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo; direito ao silêncio (Arts. 5º, LXIII e 186, CPP); • Qualquer tipo de prova do réu que dependa ativamente dele só vale se o ato for realizado de forma voluntária e consciente; • Art. 8º, 2, ‘g’, da CADH. JURISPRUDÊNCIA • STJ (2009) – Vedação à autoacusação: Os arts. 5º, LXIII, da CF e 186, do CPP, conferem ao acusado o direito ao silêncio ou à não autoincriminação, ao permitir que, por ocasião de seu interrogatório, cale acerca dos fatos criminosos que lhe são imputados, ou ainda, e via de consequência do princípio do sistema de garantias constitucionais, negue a autoria delitiva, sem que isso enseje valoração negativa dessas declarações pelo magistrado, pois ao depor o réu não está obrigado a dizer a verdade, pois nada mais fez que exercitar seu direito à não autoincriminação. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS PREVALÊNCIA DO INTERESSE DO RÉU (Implícito na CF) In dubio pro reo: em caso de dúvida decide-se sempre a favor do réu Também chamado de favor rei. JURISPRUDÊNCIA • TRF1ªR (2010) – Prevalência do interesse do réu: Quando a acusação não lograr provar, de forma inequívoca, a participação do réu no crime de estelionato previdenciário, merece aplicação o princípio do in dubio pro reo, que tem fundamentação no princípio da presunção de inocência. Absolvição. • TJSP (2010) – diante da insuficiência de provas da materialidade do crime e autoria delitiva do cometimento de tráfico de drogas, imperiosa a aplicação do princípio do in dubio pro reo, nos termos do artigo 386, II, CPP. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS IGUALDADE PROCESSUAL (Art. 5º, caput, CF) Consagra o tratamento isonômico das partes no transcorrer processual (contraditório); Também chamado como princípio da paridade de armas, mas não é sinônimo, apresentando um plus, indicando o direito da defesa desempenhar um papel proativo na produção da prova que possibilite a plena igualdade. JURISPRUDÊNCIA • TJRS (2016) – Paridade de armas: A inobservância da regra no artigo 479, do CPP viola frontalmente o devido processo legal, pois o necessário exercício do contraditório e a paridade de armas. Havendo oportuno protesto, acarreta a nulidade do julgamento viciado. • TJRS (2016) – a presença do MP nos atos da instrução criminal é obrigatória. Consequência da estruturação acusatória do processo penal dos Estados Democráticos de Direito. Ausente o órgão acusatório, a produção de prova oral pelo juiz constitui indevida violação da imparcialidade e paridade de armas. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES (Art. 93, IX, CF – Art. 155, caput, CPP) O juiz é livre para decidir, desde que o faça de forma fundamentada, sob pena de nulidade insanável. A fundamentação das decisões judiciais é o alicerce necessário para a segurança jurídica Admissão pelos Tribunais da fundamentação Per Relationen JURISPRUDÊNCIA • TJRS (2017) – Fundamentação Per Relationem: O indeferimento do pedido de liberdade provisória foi realizado mediante fundamentação per relationem, acolhendo a promoção do parquet. Tal fundamentação é aceita pelo Superior Tribunal de Justiça como razão de decidir. • TJRS (2017) – é nula a sentença que apenas menciona haver demonstração sobre as qualificadoras e não expõe as provas e fundamentos pelos quais a mesma é mantida na pronúncia. A mera menção de haver demonstração sem ter explicitado a fundamentação, ofende o princípio da motivação. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS PROPORCIONALIDADE (implícito) Proporcionalidade = necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito. Proibição do excesso (limita arbítrios) e proibição do retrocesso – proteção deficiente (a proteção estatal não pode ser deficitária, ex: redução garantias) Orienta o intérprete a não aceitar como válidas soluções jurídicas que conduzam a absurdos. JURISPRUDÊNCIA • TJRS (2017) – Prisão e proporcionalidade: a prisão cautelar, ainda que para salvaguardar a integridade física da vítima, deve observar a proporcionalidade, entre a conduta perpetrada pelo agente e a necessidade de recolhimento ao cárcere. É suficiente a determinação de afastamento do paciente da sua ex-companheira. • TJRS (2017) – tempo de prisão que, embora excessivo, não desponta excessivo ou fere a proporcionalidade, face às especiais particularidades do caso concreto.
Compartilhar