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Abrangência de ações em saúde

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Júlia Matos- Medicina 
 
 
Tutoria 1- Módulo IV 
Abrangências de ações em saúde: 
 Reforma Sanitária: 
Iniciou-se em a rearticulação dos movimentos sociais com a ideia de melhoria da saúde pública 
no Brasil. Contou com a ajuda de diversos profissionais (médicos, cientistas...) em busca de 
uma saúde mais democrática e acessível. 
Os Departamentos de Medicina Preventiva (DMPs) produziu conhecimento sobre a 
organização da saúde pública no país. A Lei da Reforma Universitária de 1968, que incorporou 
a medicina preventiva no currículo das faculdades, tornou obrigatórios os DMPs. 
Esse novo campo da especialidade médica foi o lócus a partir do qual começou a se organizar o 
movimento sanitário, que buscava conciliar a produção do conhecimento e a prática política, 
ao mesmo tempo em que ampliava seu campo de ação, envolvendo-se com organizações da 
sociedade civil. 
No final da década de 60, desenvolve-se no Brasil uma grande crítica ao modelo contrato da 
doença e na medicalização e a Conferência de Alma-Ata (1978) visou discutir a necessidade da 
Atenção Primária na saúde mundial como direito universal do homem. 
Portanto, o movimento sanitário, entendido como movimento ideológico com uma prática 
política, constituiu-se a partir dos DMPs em um confronto teórico com o movimento 
preventivista liberal de matriz americana e com sua versão racionalizadora proposta pela 
burocracia estatal. 
A década de 1980 inicia-se com um movimento cada vez mais forte de contestação ao sistema 
de saúde governamental. As propostas alternativas ao modo oficial de atenção à saúde 
caracterizam-se pelo apelo à democratização do sistema, com participação popular, à 
universalização dos serviços, à defesa do caráter público do sistema de saúde e à 
descentralização. 
Ao mesmo tempo, o agravamento da crise da Previdência Social, em 1981, resultou no 
lançamento do chamado “pacote da previdência”, que previa o aumento das alíquotas de 
contribuição, a diminuição dos benefícios dos aposentados e a intervenção na área da 
assistência médica da Previdência Social. Foi nesse contexto que teve origem o Conselho 
Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp). 
Funções do Conasp (1981):  organizador e racionalizador da assistência médica 
 Instituiu medidas moralizadoras da saúde, definindo parâmetros assistenciais para 
os hospitais. 
O movimento sanitário buscou ajuda em todos os espaços públicos e de poder, influenciando 
lideranças do País. 
Em 1986, há a realização da 8º Conferência Nacional de Saúde, cujo presidente foi Sérgio 
Arouca, então presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Esse evento é considerado o momento 
mais significativo do processo de construção de uma plataforma e de estratégias do 
“movimento pela democratização da saúde em toda sua história”. 
Júlia Matos- Medicina 
 
 
Foi na 8ª Conferência Nacional de Saúde, entre 17 e 21 de março de 1986, em Brasília, que se 
lançaram os princípios da Reforma Sanitária. Nessa Conferência, que contou com a presença 
de mais de quatro mil pessoas, evidenciou-se que as modificações no setor da saúde 
transcendiam os marcos de uma simples reforma administrativa e financeira. Havia 
necessidade de uma reformulação mais profunda, com a ampliação do conceito de saúde e sua 
correspondente ação institucional. 
Assim, foi na 8ª Conferência Nacional de Saúde que se aprovou a criação de um Sistema Único 
de Saúde, que se constituísse em um novo arcabouço institucional, com a separação total da 
saúde em relação à Previdência. 
Enquanto se aprofundavam as discussões sobre o financiamento e a operacionalização para a 
constituição do Sistema Único de Saúde, em julho de 1987, criou-se o Sistema Unificado e 
Descentralizado de Saúde (Suds), que tinha também como princípios básicos: a 
universalização, a equidade, a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a 
participação comunitária. 
Cabe lembrar que, antes da criação do Sistema Único de Saúde, o Ministério da Saúde 
desenvolvia quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doen- 
ças, como campanhas de vacinação e controle de endemias. A atuação do setor público na 
chamada assistência médico-hospitalar era prestada por intermédio do Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), autarquia do Ministério da Previdência e 
Assistência Social, e a Assistência à Saúde desenvolvida beneficiava apenas os trabalhadores 
da economia formal, segurados do INPS e seus dependentes, não tendo caráter universal 
(SOUZA, 2002). 
 O Sistema Único de Saúde (SUS): 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e de serviços de saúde 
sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas e atua em todo o 
território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O SUS não é, porém, uma 
estrutura que atua isolada na promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no 
contexto das políticas públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a 
Previdência e a Assistência Social. 
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e 
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I. 
Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II. Atendimento integral, 
com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III. 
Participação da comunidade. 
As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que 
integram o SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da 
Constituição Federal de 1988, obedecendo ainda a princípios organizativos e doutrinários, tais 
como: 
» universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; 
» integralidade de assistência, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos 
serviços assistenciais; 
» equidade; 
Júlia Matos- Medicina 
 
 
» descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo; 
» conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios na prestação de serviços de assistência à saúde 
da população; » participação da comunidade; 
» regionalização e hierarquização. 
Na Lei n. 8.142/90, ficou estabelecido que a Conferência Nacional de Saúde (CNS) fosse 
realizada a cada quatro anos, “com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar 
a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação de políticas de saúde nos níveis 
correspondentes, convocadas pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este ou pelo 
Conselho de Saúde”. 
 Resultados do SUS: 
Os resultados obtidos pelo SUS nestes vinte anos são inquestionáveis: 
» A estratégia Saúde da Família iniciou o ano de 2010 com 30.300 equipes prestando serviços 
de atenção primária em saúde em mais de 5.000 municípios e cobertura de 96 milhões de 
habitantes (SIAB). Com esse resultado, tem havido uma redução significativa da mortalidade 
infantil, a ampliação do número de consultas de pré-natal, a diminuição da desnutrição e 
ampliação da adesão à vacinação. 
» O Brasil eliminou o sarampo, em 2007; interrompeu a transmissão da cólera, em 2005, da 
rubéola, em 2009, e a transmissão vetorial de Chagas, em 2006. 
» Foram reduzidas as mortes de outras 11 doenças transmissíveis, como tuberculose, 
hanseníase, malária e Aids. 
» O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atende 105 milhões de brasileiros e 
oferece uma resposta rápida à população. 
» As políticas brasileiras de saúde também reforçam a luta contra o tabaco e nosúltimos anos 
reduziram o percentual de fumantes no país 15%. 
» O SUS consolidou-se como o principal fornecedor de medicamentos e o mercado de 
genéricos está crescendo com o aumento de novos registros de medicamentos. 
» O Sistema Nacional de Transplantes é hoje respeitado pela sociedade brasileira, pelos 
pacientes e pela comunidade transplantadora. Graças a esse trabalho, o Brasil figura hoje no 
segundo lugar em número absoluto de transplantes realizados ao ano em todo o mundo. 
Foram realizados, em 2009, 20.200 transplantes, sendo mais de 90% pelo SUS. 
» Entre as políticas desenvolvidas pelo SUS com maior reconhecimento nacional e 
internacional, destaca-se o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids 
(PN-DST/Aids), que tem como principal missão reduzir a incidência e melhorar a qualidade de 
vida das pessoas que vivem com HIV/Aids. 
» O Brasil é reconhecido internacionalmente como um país que tem um dos mais completos e 
bem-sucedidos programas de imunizações do mundo, constituindo-se em poderosa 
ferramenta de controle de doenças transmissíveis imunopreveníveis. O País consegue garantir 
altos índices de cobertura vacinal, atingindo de forma estável e universal todos os segmentos 
populacionais. Esses objetivos vêm sendo obtidos pelo trabalho intenso e contínuo das três 
Júlia Matos- Medicina 
 
 
esferas de gestão do SUS, que incorporaram entre suas prioridades o Programa Nacional de 
Imunizações, realizado por meio de campanhas nacionais e rotineiramente nas 30.280 salas de 
vacina do País. 
» É importante também destacar o enorme esforço realizado recentemente pelo SUS, que 
desencadeou em 2008 a maior campanha de vacinação já realizada no mundo, passo 
importante para a eliminação da Síndrome da Rubéola Congênita. Em cinco meses, foram 
imunizadas mais de 67,2 milhões de pessoas, atingindo 95,8% de cobertura. 
O Brasil é reconhecido internacionalmente como uma referência no setor da saúde por causa 
dessas e outras iniciativas do modelo de saúde brasileiro. O setor deve ser visto ainda, como 
um espaço de produção, desenvolvimento, criação de empregos e de riqueza para a nação e 
como fator imprescindível ao desenvolvimento. 
 As normas operacionais do SUS: 
A partir das definições legais estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica 
de Saúde, iniciou-se o processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma 
pactuada entre o Ministério da Saúde, CONASS e Conasems. 
Esse processo foi orientado pelas Normas Operacionais do SUS, instituídas por meio de 
portarias ministeriais. Tais normas definiram as competências de cada esfera de governo e as 
condições necessárias para que estados e municípios pudessem assumir as novas atribuições 
no processo de implantação do SUS. 
Desde o início do processo de implantação do SUS, foram publicadas as seguintes Normas 
Operacionais Básicas: NOB-SUS 01/91, NOB-SUS 01/92, NOB-SUS 01/93 e NOB- -SUS 01/96. 
Em 2001, foi publicada a primeira Norma Operacional da Assistência a Saúde (NOAS- -SUS 
01/01), que foi revista e publicada em 2002, como Norma Operacional da Assistência à Saúde 
2002 (NOAS-SUS 01/02). 
As Normas Operacionais Básicas foram instrumentos utilizados para a definição de estratégias 
e movimentos tático-operacionais que reorientavam a operacionalidade do Sistema Único de 
Saúde, a partir da avaliação periódica de sua implantação e desempenho. 
Entre os objetivos das Normas Operacionais pode-se destacar: 
» induzir e estimular mudanças no SUS; 
» aprofundar e reorientar a implementação do SUS; 
» definir objetivos estratégicos, prioridades, diretrizes e movimentos tático-operacionais; 
» regular as relações entre seus gestores; 
» normatizar o SUS. 
 A norma operacional Básica do SUS de 1991: 
A Norma Operacional Básica do SUS 01/91 (NOB-SUS 01/91) foi editada pela Resolução do 
Inamps n. 258, de 7 de janeiro de 1991, e reeditada com alterações pela Resolução do Inamps 
n. 273, de 17 de julho de 1991. 
Os principais pontos da NOB-SUS 01/91 foram: 
Júlia Matos- Medicina 
 
 
» equiparou prestadores públicos e privados, no que se refere à modalidade de financiamento, 
que passou a ser, em ambos os casos, por pagamento pela produção de serviços; 
 » centralizou a gestão do SUS em nível federal (Inamps); 
» estabeleceu o instrumento convenial como a forma de transferência de recursos do Inamps 
para os estados, Distrito Federal e municípios; 
» considerou como “municipalizados” dentro do SUS os municípios que atendessem os 
seguintes requisitos básicos: 
e. criação dos Conselhos Municipais de Saúde; 
 f. criação do Fundo Municipal de Saúde; 
g. Plano Municipal de Saúde aprovado pelos respectivos Conselhos; 
h. Programação e Orçamentação da Saúde (PROS) como detalhamento do Plano de Saúde; i. 
contrapartida de recursos para a saúde do seu orçamento; 
 j. constituição de Comissão de Elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) com 
o prazo de dois anos para a sua implantação; 
NOB n. 01/1992: 
Tinha como objetivos: normatizar a assistência à saúde no SUS, estimular a implantação , 
o desenvolvimento o funcionamento do sistema; e dar forma concreta e instrumentos 
operacionais à efetivação dos preceitos constitucionais da saúde. 
 
NOB n. 01/1993: 
 Institucionalizou as Comissões Intergestores Tripartite e Bipartite, criando dessa forma 
um sistema decisório compartilhado pelas diferentes instâncias federativas, além de 
impulsionar a municipalização mediante as habitações em gestão incipiente, parcial e 
semiplena. 
 Criou a transferência regular e automática (fundo a fundo). 
 Habilitou municípios como gestores. 
 Possibilitou a constituição das Comissões Intergestores Bipartite (de âmbito estadual) 
e Tripartite (nacional), como importantes espaços de negociação, pactuação, 
articulação, integração entre gestores. 
 Fragilizou o papel dos estados, mas esses, ainda assim, passaram a assumir o papel de 
gestor do sistema estadual de saúde. 
 NOB- 01/96: 
 Nos municípios: 
 Gestão Plena da Atenção Básica; 
 Gestão Plena do Sistema Municipal; 
 Nos estados: 
 Gestão Avançada do Sistema Estadual; 
 Gestão Plena do Sistema Estadual. 
1- Induzir e estimular mudanças no SUS; 
2- Aprofundar e reorientar a implementação do SUS; 
Júlia Matos- Medicina 
 
 
3- Regular relações com os gestores; 
4- Normatizar o SUS. 
 
 NOAS 2001/2002- Tipos de gestão: 
a) Gestão plena de atenção básica, em que o município recebe um montante para financiar 
a AB per capita; 
b) Gestão plena do Sistema Municipal, em que o município recebe um montante para o 
custeio do seu município. 
c) Regionalização- PDR- plano diretor de regionalização; 
d) Ampliação das ações em saúde, de combate à tuberculose, saúde da mulher, saúde 
bucal.... 
 Pacto pela Saúde (2006): 
Era compreensão dos gestores estaduais que o processo normativo do SUS necessitava 
contemplar a ampla diversidade e diferenças do nosso país e que a elaboração de uma 
nova norma deveria contribuir para a construção de um modelo de atenção que 
considerasse os princípios do SUS, sob a égide da responsabilidade sanitária, adequada 
à realidade de cada estado e região do País, integrando ações de promoção à saúde, 
atenção primária, assistência de média e alta complexidade, epidemiologia e controle 
de doenças, vigilância sanitária e ambiental, a reafirmação da importância das instâncias 
deliberativas CIB e CIT e o fortalecimento do controle social. 
 Outros pactos: Em defesa do Sus e Pacto pela vida. 
 
 
 
 
 
 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
Tutoria 1- Módulo IV 
Abrangênciade Ações em saúde: 
 Principais leis e atos normativos que estruturaram o SUS: 
 Para efeito de melhor entendimento das funções do SUS e de detalhes nas alterações 
evolutivas de sua construção, é importante enfatizar os conceitos de gestão e de 
gerência atualmente adotados na área da saúde: 
 
» Gerência – administração de uma unidade (simples ou complexa) ou de um órgão de 
saúde que se caracterizam como prestadores de serviço. Exemplos: ambulatório, 
hospital, hemocentro, centro de referência, instituto, fundação; 
 
» Gestão – a atividade e a responsabilidade de comandar um sistema de saúde 
(municipal, estadual ou nacional), exercendo para isso funções tais como as de 
coordenação, articulação, negociação, planejamento, programação, financiamento, 
regulação, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. 
 
 Normas Operacionais: 
 NOB – 01/91: 
 Suas principais características: 
» equipara prestadores públicos e privados. Trata, portanto, as Secretarias estaduais e 
municipais apenas como prestadoras. 
» O Inamps continua como o único gestor, de fato. 
» Nos estados, a função de gestão ainda é muito incipiente: continuam essencialmente como 
prestadores. 
» Início da municipalização com as transferências de Unidades Básicas Estaduais e até mesmo 
federais para a gerência dos municípios, somando–se àquelas já existentes, sem, entretanto, 
constituírem–se em redes. 
»Os municípios mantêm–se como gerentes de unidades e, portanto, como prestadores. 
 » Estados e municípios, como gerentes de serviços, aliam–se aos demais prestadores privados 
para negociarem com o Inamps (único gestor) questões de interesse comum, como valores de 
tabelas. 19 Legislação Estruturante do SUS 
»Para operacionalizar o repasse fundo a fundo, cria a Unidade de Cobertura Ambulatorial 
(UCA), valor unitário, que, multiplicado pela população, definia o teto financeiro anual a ser 
transferido. 
 NOB 01/92: 
A NOB 01/92 tinha como objetivos: normatizar a assistência à saúde no SUS, estimular a 
implantação, o desenvolvimento e o funcionamento do sistema e dar forma concreta e 
instrumentos operacionais à efetivação dos preceitos constitucionais da saúde. 
Os principais pontos da NOB 01/92 foram: i) planejamento; ii) financiamento da assistência 
à saúde no SUS; iii) estímulo à “municipalização” do SUS e às ações de saúde coletiva; iv) 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
investimentos na Rede; v) sistemas de informação; vi) controle e avaliação; vii) processo 
de municipalização para repasse de recursos e viii) produtividade e qualidade. 
A referida NOB instituiu o Índice de Valorização de Qualidade (IVQ) a ser concedido e 
repassado aos hospitais integrantes da rede do SUS (públicos, contratados e conveniados). 
Criou o Fator de Estímulo à Gestão Estadual que se destinava a reajustar os valores 
repassados aos estados habilitados, para a modernização e reposição de equipamentos 
nos hospitais. 
Por meio dessa Norma, foi criado o Pró-Saúde, caracterizado como um programa que tinha 
como principal objetivo a reorganização dos serviços de saúde com a participação das três 
esferas de governo. 
 NOB 01/93: 
Formalizou os princípios aprovados na 9ª Conferência Nacional de Saúde – realizada 
em 1992 com o tema central “a municipalização é o caminho” – e desencadeou um 
amplo processo de municipalização da gestão com habilitação dos municípios nas 
condições de gestão criadas (incipiente, parcial e semiplena). As principais 
contribuições da Norma Operacional Básica do SUS 01/93 foram: 
 
» criou a transferência regular e automática – fundo a fundo – do teto global da 
assistência para municípios em gestão semiplena; 
» descentralizou a gestão das ações e serviços de saúde para os municípios, 
possibilitando a habilitação para o recebimento de recursos fundo a fundo; 
» definiu o papel dos estados de forma frágil, mas esses, ainda assim, passaram a 
assumir o papel de gestores do sistema estadual de saúde; 
» criou as Comissões Intergestores Bipartite (de âmbito estadual) e referendou a 
Comissão Técnica criada em 1991, denominando-a de Comissão Intergestores 
Tripartite (nacional), como importante espaço de negociação, pactuação, articulação, 
integração entre gestores (União, estados e municípios). 
A principal inovação em relação à política vigente no período 90/92, no que se refere ao 
financiamento da assistência médica ambulatorial e hospitalar, constituiu-se na habilitação 
imediata de municípios na condição de gestão semiplena, rompendo a relação financeira do 
governo federal com estados e municípios caracterizada pelo pagamento de serviços 
prestados, substituindo-a pelo repasse fundo a fundo de recursos. 
 NOB 01/96: 
Os objetivos gerais da Norma Operacional Básica 01/96 foram: 
» promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder público municipal, da 
função de gestor da atenção à saúde de seus habitantes com a respectiva redefinição das 
responsabilidades dos estados, Distrito Federal e União; 
» caracterizar a responsabilidade sanitária de cada gestor, diretamente ou garantindo a 
referência, explicitando um novo pacto federativo para a saúde; 
» reorganizar o modelo assistencial, descentralizando aos municípios a responsabilidade 
pela gestão e execução direta da atenção básica de saúde; 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
» aumentar a participação percentual da transferência regular e automática (fundo a 
fundo) dos recursos federais a estados e municípios, reduzindo a transferência por 
remuneração de serviços produzidos; 
» fortalecer a gestão do SUS, compartilhada e pactuada entre os governos municipais, 
estaduais e federal, por meio das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite como 
espaços permanentes de negociação e pactuação entre gestores. 
Entre as principais características observadas na NOB-SUS 01/96 destacam-se: 
» transferência, aos municípios habilitados como Plena da Atenção Básica, dos recursos 
financeiros com base per capita relativos a essa responsabilidade, criando o Piso 
Assistencial Básico (PAB) repassado fundo a fundo de forma regular e automática, e com 
base em valor nacional per capita para a população coberta; 
» reorganização da gestão dos procedimentos de média complexidade ambulatorial 
(Fração Ambulatorial Especializada – FAE); 
» reorganização da gestão dos procedimentos de alta complexidade ambulatorial com a 
criação da Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo (Apac); 
» incorporação das ações de vigilância sanitária, criando o incentivo para as ações básicas 
de Vigilância Sanitária; 
» incorporação das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças; 
» promoção da reorganização do modelo de atenção, adotando-se como estratégia 
principal a ampliação de cobertura do Programa de Saúde da Família e do Programa de 
Agentes Comunitários de Saúde, com a criação de incentivo financeiro; 
» aprimoramento do planejamento e definição de orientações para a elaboração da 
Programação Pactuada e Integrada (PPI); 
» definição das responsabilidades, prerrogativas e requisitos das Condições de Gestão 
Plena da Atenção Básica e Plena de Sistema Municipal de Saúde, para os municípios, e 
Avançada do Sistema Estadual e Plena de Sistema Estadual, para os estados. 
Em 1997, foi instituída algumas alterações na NOB 96, as quais foram: 
» o conceito original do PAB foi modificado. Deixou de ser Piso Assistencial Básico e passou 
a ser chamado de Piso da Atenção Básica, ampliando sua abrangência; 
» a Portaria/GM n. 1.882/97 definiu uma parte fixa e uma parte variável do novo PAB; 
 » o valor nacional da parte fixa do PAB foi definido em R$ 10 per capita/ano a ser 
transferido fundo a fundode forma regular e automática aos municípios habilitados na 
NOB-SUS 01/96; 
» foi criado o “valor máximo” da parte fixa do PAB, estipulado em R$ 18 por 
habitante/ano, na reunião da CIT de 27 de janeiro de 1998; 
» foi criada a parte variável do PAB, que correspondia a incentivos destinados às seguintes 
ações e programas: 
k. Programa de Agentes Comunitários de Saúde; 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
l. Programa de Saúde da Família; 
m. Programa de Combate às Carências Nutricionais; 
n. Ações Básicas de Vigilância Sanitária; 
o. Assistência Farmacêutica Básica; 
p. Ações Básicas de Vigilância Epidemiológica e Ambiental; 
 NOAS 2001: 
O objetivo da NOAS-SUS 01/2001 era “promover maior equidade na alocação de 
recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos nos níveis de 
atenção”. Estabeleceu o processo de regionalização como estratégia de hierarquização 
dos serviços de saúde e de busca de maior equidade. Instituiu o Plano Diretor de 
Regionalização (PDR) como instrumento de ordenamento do processo de 
regionalização da assistência em cada estado e no Distrito Federal, baseado nos 
objetivos de definição de prioridades de intervenção coerentes com a necessidade da 
população e garantia de acesso dos cidadãos a todos os níveis de atenção à saúde. 
 
A Norma preconiza que o PDR deve ser elaborado na perspectiva de garantir o acesso 
aos cidadãos, o mais próximo possível de sua residência, a um conjunto de ações e 
serviços vinculados a: 
a. assistência pré-natal, parto e puerpério; 
b. acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil; 
c. cobertura universal do esquema preconizado pelo PNI para todas as faixas etárias; 
d. ações de promoção da saúde e prevenção de doenças; 
e. tratamento de intercorrências mais comuns na infância; 
f. atendimento de afecções agudas de maior incidência; 
g. acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de alta prevalência; 
h. tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas urgências ambulatoriais; 
i. tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais frequentes; 
 j. controle de doenças bucais mais comuns; 
k. suprimento e dispensação dos medicamentos da farmácia básica. 
 
 NOAS 2002: 
As principais mudanças introduzidas pela NOAS-SUS 01/02 foram: 
» o município-sede de módulo assistencial podia estar habilitado em Gestão Plena de 
Sistema Municipal quando em situação de comando único municipal ou em Gestão Plena 
da Atenção Básica Ampliada (GPABA) quando em situação de comando único estadual; 
» cabia aos estados a gerência de unidades públicas de hemonúcleos/ hemocentros e de 
laboratórios de referência para controle de qualidade, vigilância sanitária e vigilância 
epidemiológica e gestão sobre o sistema de hemonúcleos/ hemocentros (públicos e 
privados) e laboratórios de saúde pública; 
» era prerrogativa dos estados habilitados na NOAS-SUS 01/02 receber a transferência 
regular e automática dos recursos correspondentes ao financiamento per capita do 
conjunto mínimo de serviços de média complexidade (M1) em regiões ou microrregiões 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
qualificadas, nos casos em que o município-sede do módulo assistencial estivesse 
habilitado em GPABA. 
 O Pacto pela Saúde: 
Entre as prioridades discutidas e consideradas prioritárias pelos secretários estaduais de 
saúde, podem ser citados: o compromisso com o SUS e seus princípios, o fortalecimento 
da atenção primária, a valorização da saúde e a necessária articulação intersetorial, o 
fortalecimento do papel dos estados e a luta pela regulamentação da Emenda 
Constitucional 29 e por mais recursos financeiros para a área da saúde. 
A Emenda Constitucional n. 29, de 13 de setembro de 2000, altera os artigos 34, 35, 156, 
167 e 198 da Constituição Federal e acrescenta artigo ao ato das disposições 
constitucionais transitórias, para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das 
ações e serviços públicos de saúde (texto na íntegra n. 14). 
Foram definidas três dimensões no Pacto pela Saúde: 
» Pacto em Defesa do SUS; 
» Pacto pela Vida; 
» Pacto de Gestão. 
 As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são: 
1. implementar um projeto permanente de mobilização social com a finalidade de: 
» mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema público universal 
garantidor desses direitos; 
» alcançar, a curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional n. 29, pelo 
Congresso Nacional; 
» garantir, a longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para 
a saúde; 
» aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três esferas de 
gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas; 
 
2. Elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS. 
 
 Pacto pela Vida: 
O Pacto pela Vida é constituído por um conjunto de compromissos sanitários, 
expressos em objetivos e metas, derivados da análise da situação de saúde da 
população e das prioridades definidas pelos governos federal, estaduais e municipais 
 Implementou: 
1- Saúde do idoso; 
2- Controle do câncer de colo de útero e de mama; 
3- Redução da mortalidade materna e infantil; 
4- Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emergentes e 
endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e 
influenza; 
5- Promoção da saúde; 
6- Fortalecimento da atenção primária; 
 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
 Pacto de gestão: 
 
Contempla os princípios do SUS previstos na Constituição Federal de 1988 e na Lei n. 
8.080/90. Estabelece as responsabilidades solidárias dos gestores a fim de diminuir as 
competências concorrentes, contribuindo, assim, para o fortalecimento da gestão 
compartilhada e solidária do SUS. 
 
Avança na regionalização e descentralização do SUS, a partir da proposição de algumas 
diretrizes, permitindo uma diversidade operativa que respeite as singularidades 
regionais. 
 
Propõe a descentralização de atribuições do Ministério da Saúde para os estados e 
para os municípios, acompanhado da desburocratização dos processos normativos. 
Reforça a territorialização da saúde como base para organização dos sistemas, 
estruturando as regiões sanitárias e instituindo colegiados de gestão regional. 
 
Os objetivos do Pacto de Gestão são: 
 
» definir a responsabilidade sanitária de cada instância gestora do SUS: federal, 
estadual e municipal, superando o atual processo de habilitação; 
 
» estabelecer as diretrizes para a gestão do SUS, com ênfase na descentralização, 
regionalização, financiamento, Programação Pactuada e Integrada, regulação, 
participação e controle social, planejamento, gestão do trabalho e educação na saúde. 
 
 
Dessa forma, os blocos de financiamento federal agora são seis: 
» Atenção básica; 
» Atenção de média e alta complexidade; 
» Vigilância em Saúde; 
» Assistência Farmacêutica; 
» Gestão do SUS; 
» Investimentos na Rede de Serviços de Saúde. 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
Tutoria 2- Módulo IV 
Abrangência de Ações em Saúde 
 Explicar sobre a especialidade de Medicina de Família e Comunidade: 
 
 Residências multiprofissionais em saúde e em área profissional, existentes desde 1975, 
tiveram sua regulamentação em 2005, com a lei n 11.129, são orientadas pelos 
princípios e diretrizes do SUS, a partir das necessidades e realidades locais e regionais, 
e abrangem as profissões da área de saúde: biomedicina, ciências biológicas, educação 
física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina veterinária, 
nutrição, odontologia, psicologia, serviço social e terapia ocupacional. 
 
 A Medicinade Família e Comunidade no Brasil teve, a partir de 1975, seus 
primeiros programas de residência médica sob denominações diversas; em 
1981, passou a ser especialidade chamada de Medicina Geral Comunitária por 
meio de Resolução da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM); e em 
2001, passou a receber a denominação de Medicina de Família e Comunidade, 
reconhecida pela CNRM e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 
Resoluções CFM 1232/86 e 1634/2002. 
 A aplicação dos conhecimentos na prática do médico de família e comunidade 
é resultado de seus valores e atitudes, sendo orientada por princípios que 
governam suas ações diante das necessidades das pessoas, famílias e 
comunidades. 
 O médico de família e comunidade deve ser um clínico qualificado, sua prática 
sofre influência da comunidade em que atua, é recurso de uma população 
definida e tem, na relação médico-pessoa, um aspecto essencial à sua prática 
profissional. 
 Os princípios da Medicina de Família e Comunidade devem ser utilizados como 
ferramentas para a prática e a formação, fazendo com que o médico de família 
e comunidade, em sua atuação, preserve as características da especialidade. 
 O médico de família e comunidade é o coordenador do cuidado das pessoas 
que atende, seja na equipe de cuidados primários à saúde, seja nos demais 
níveis do sistema. 
 A Medicina de Família e Comunidade (MFC) é definida como a especialidade 
médica que presta assistência à saúde de forma continuada, integral e 
abrangente para pessoas, suas famílias e a comunidade; integra ciências 
biológicas, clínicas e comportamentais; abrange todas as idades, ambos os 
sexos, cada sistema orgânico e cada doença; trabalha com sinais, sintomas e 
problemas de saúde; e proporciona o contato das pessoas com o médico 
mesmo antes que exista uma situação de doença ou depois que esta se 
resolva. Também tem, como característica especial, o acesso do médico de 
família e comunidade ao domicílio das pessoas. (Rakel). 
 
 Segundo Rakel, 1 a APS pode ser definida assim: 
 • É o cuidado de primeiro contato, servindo como um ponto de entrada da 
pessoa para o sistema de saúde. 
 • Inclui a continuidade, pelo fato de cuidar de pessoas na doença e na 
saúde ao longo de um período. 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
 • É o atendimento integral, extraído de todas as disciplinas tradicionais 
importantes para o seu conteúdo funcional. 
 • Tem a função de servir e coordenar todas as necessidades de saúde da 
pessoa. 
 • Assume a responsabilidade pela continuidade e pelo acompanhamento 
individual da pessoa e por problemas de saúde da comunidade. 
 • E um tipo altamente personalizado de prestação de cuidado. 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
 
 
 
 Portanto, a MFC, diferentemente de outras especialidades médicas, não se 
explica e se aplica somente mediante atividades, e procedimentos que 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
desenvolve. E necessário que o médico de família possua uma base de 
conhecimentos à qual possa recorrer e que reflita sua prática diária, para que, 
mediante as situações do dia a dia, possa fazer uso desses princípios a fim de 
melhor realizar suas intervenções no cuidado às pessoas. 
 
 
 O médico de família e comunidade encaminha o paciente quando necessário 
aos centros de referência do sistema cabendo a ele, no entanto, a 
coordenação da atenção prestada pelos outros níveis. Diversos estudos 
asseguram que o manejo adequado de 50 diagnósticos resolve a maioria dos 
problemas de saúde apresentados pela população de uma determinada 
região. Embora freqüentes, esses diagnósticos nem sempre são de fácil 
manejo e exigem muitas vezes alto grau de complexidade para serem 
solucionados, ainda que com baixa densidade tecnológica. Mas, sem os outros 
níveis do sistema funcionando de forma adequada, a medicina de família e 
comunidade não se sustenta e vice-versa. 
 
 O canadense Mc. Whinney, considerado um dos maiores estudiosos da 
medicina de família definiu quatro competências próprias dessa especialidade: 
1) solução de problemas não diferenciados; 2) competências preventivas; 3) 
competências terapêuticas (de problemas freqüentes de saúde); 4) 
competência de gestão de recursos. 
 
 
 Objetivos da Medicina de Família e Comunidade: 
 
 Baseada em princípios, conceitos e recomendações internacionais 
formalizadas pela Organização Mundial dos Médicos de Família – WONCA – a 
especialidade Medicina de Família e Comunidade tem por objetivos: 
 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
I. Atuar, prioritariamente, no âmbito da Atenção Primaria à Saúde, a 
partir de uma abordagem biopsicosocial do processo saúde—
adoecimento; 
II. Desenvolver ações integradas de promoção, proteção, recuperação da 
saúde no nível individual e coletivo. 
III. Priorizar a prática médica centrada na pessoa, na relação médico-
paciente, com foco na família e orientada para comunidade, 
privilegiando o primeiro contato, o vínculo, a continuidade e a 
integralidade do cuidado na atenção à saúde; 
IV. Coordenar os cuidados de saúde prestados a determinado indivíduo, 
família e comunidade, referenciando, sempre que necessário, para 
outros especialistas ou outros níveis e setores do sistema, mas sem 
perda do vínculo; 
V. Atender, com elevado grau de qualidade e resolutividade; 
VI. Desenvolver, planejar, executar e avaliar, junto à equipe de saúde, 
programas integrais de atenção, objetivando dar respostas adequadas 
às necessidades de saúde de uma população adscrita; 
VII. Estimular a resiliência, a participação e a autonomia dos indivíduos, 
das famílias e da comunidade; 
VIII. Desenvolver novas tecnologias em atenção primária à saúde; 
IX. Desenvolver habilidades no campo da metodologia pedagógica e a 
capacidade de auto aprendizagem; 
X. Desenvolver a capacidade de atuação médica, relevando seus 
aspectos científicos, éticos e sociais. 
 Os Programas de RESIDÊNCIA MËDICA EM MEDICINA de 
FAMÍLIA E COMUNIDADE – RMMFC - são desenvolvidos no 
Brasil há mais de 25 anos (até 2002, sob o nome de Medicina 
Geral Comunitária). 
 Espera-se que o egresso não domine apenas a teoria das 
doenças mas seja capaz de entender e lidar de forma 
responsável e competente com a saúde das pessoas, com a 
saúde da família e da sociedade, a partir do paradigma da 
integralidade. 
 Saiba valorizar a relação médico-paciente e entenda a 
importância do trabalho em equipe e da participação 
individual e comunitária nas questões de saúde e, além disso, 
que saiba promover a capacidade de resposta, a resiliência 
dessa totalidade biopsicosocial que é o ser humano. 
 Saiba valorizar a relação médico-paciente e entenda a 
importância do trabalho em equipe e da participação 
individual e comunitária nas questões de saúde e, além disso, 
que saiba promover a capacidade de resposta, a resiliência 
dessa totalidade biopsicosocial que é o ser humano. 
 Atualmente existem em curso cerca de 50 programas de MFC 
em atividade e/ou em processo de credenciamento junto à 
CNRM. 
 Tipos de demandas: 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
 Demanda espontânea: é o nome dado para qualquer atendimento não programado 
na Unidade de Saúde. Representa uma necessidade momentânea do usuário. Pode ser 
uma informação, um agendamento de consulta, uma urgência ou uma emergência. 
 Demanda programada: Gera fluxo de agenda, as agendas de médicos, 
enfermeiros e dentistas são organizadas de forma programada, com turnos 
direcionados previamente para realização de visitas domiciliares, grupos 
operativos, interconsultas com o Núcleo de Apoio àSaúde da Família (NASF), 
além das consultas clínicas, exames preventivos, pré-natal e puericultura (para 
médicos e enfermeiros). 
 Demanda reprimida: são procedimentos ambulatoriais, exames, consultas 
especializadas e internação aguardando agendamento no município de referência, 
são os atendimentos não realizados. 
 
 Multiprofissionais na ESF: 
 
As atribuições dos profissionais das equipes de atenção básica devem seguir as 
referidas disposições legais que regulamentam o exercício de cada uma das profissões. 
 
 Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem: 
I - Participar das atividades de atenção realizando procedimentos 
regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando 
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários 
(escolas, associações etc.); 
II - Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; 
III - Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, 
conforme planejamento da equipe; 
IV - Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o 
adequado funcionamento da UBS; e 
V - Contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente. 
 
 Do Médico: 
 I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos sob sua responsabilidade; 
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em 
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais 
espaços comunitários (escolas, associações etc.); 
III - Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; 
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, 
respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento 
do plano terapêutico deles; 
V - Indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a necessidade 
de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo 
acompanhamento do usuário; 
VI - Contribuir, realizar e participar das atividades de educação permanente de 
todos os membros da equipe; e 
Júlia Maria Guimarães Matos 
 
VII - Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado 
funcionamento da USB. 
 Do agente comunitário da saúde: 
I - Trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a microárea; 
II - Cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados; 
III - Orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis; 
IV - Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; 
 V - Acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob 
sua responsabilidade. As visitas deverão ser programadas em conjunto com a 
equipe, considerando os critérios de risco e vulnerabilidade de modo que famílias 
com maior necessidade sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a 
média de uma visita/família/mês; 
VI - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a 
população adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do 
trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou coletividade; 
VII - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e 
agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações 
educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, por exemplo, 
combate à dengue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe 
informada, principalmente a respeito das situações de risco; e 
VIII - Estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações 
educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção das doenças e ao 
acompanhamento das pessoas com problemas de saúde, bem como ao 
acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa-Família ou de 
qualquer outro programa similar de transferência de renda e enfrentamento de 
vulnerabilidades implantado pelo governo federal, estadual e municipal, de acordo 
com o planejamento da equipe. 
 
 
 
Júlia Matos & Ilana Moreira & Hítala Brunet 
 
Tutoria 2- Abrangência de Ações em Saúde 
Módulo IV 
 
 Tríade de Donabedian: 
 Avedis Donabedian desenvolveu um quadro conceitual fundamental para o entendimento da 
avaliação de qualidade em saúde, a partir dos conceitos de estrutura, processo e resultado, 
classicamente considerados uma tríade, que corresponde às noções da Teoria Geral de Sistemas. 
 
 Define-se a tríade como: 
ESTRUTURA - recursos físicos, humanos, materiais e financeiros necessários para a assistência médica. 
Inclui financiamento e disponibilidade de mão-de-obra qualificada. 
PROCESSO - atividades envolvendo profissionais de saúde e pacientes, com base em padrões aceitos. A 
análise pode ser sob o ponto de vista técnico e/ou administrativo. 
RESULTADO - produto final da assistência prestada, considerando saúde, satisfação de padrões e de 
expectativas. 
 Estrutura corresponde às características mais estáveis da assistência médica ou de saúde: refere-
se aos objetivos, recursos físicos, humanos, materiais e financeiros. Envolve desde estrutura física e 
disponibilidade de equipamentos até a capacitação dos indivíduos que prestam a assistência, passando 
pela organização dos serviços. 
 Dentro dessa conceituação, cabem tanto dados numéricos em termos de recursos disponíveis quanto a 
qualificação profissional, qualidade do equipamento, existência de manutenção predial e de 
equipamentos, entre outros. 
 É difícil quantificar a influência ou contribuição exata desse componente na qualidade final da 
assistência prestada, mas é possível falar em termos de tendências - estrutura mais adequada aumenta a 
probabilidade de a assistência prestada ser de melhor qualidade. 
 
 Processo abrange, grosso modo, todas as atividades desenvolvidas entre os profissionais de saúde e os 
pacientes. É sobre essas relações que se obtêm os resultados da assistência. Por isso, é de onde se 
retiram as bases para a valoração da qualidade. Entre outros fatores, no processo aparecem os aspectos 
éticos e da relação médico/profissional/equipe de saúde-paciente. De certa forma, tudo o que diz 
respeito ao tratamento diretamente e no momento em que ele está ocorrendo pode ser considerado 
como processo. 
 
 Resultado: produto final da assistência prestada, considerando saúde, satisfação de padrões e de 
expectativas. É a mudança no estado de saúde do paciente que pode ser atribuída a esse cuidado 
(validade atribuível). 
 
 
 Avaliação de qualidade: 
 Avedis Donabedian é reconhecido pelos profissionais de saúde envolvidos com a garantia de 
qualidade em saúde como uma autoridade em todos os aspectos dessa linha de estudo, 
principalmente nas questões teóricas e práticas de monitoração e avaliação de qualidade. Muitos dos 
conceitos citados a seguir são, portanto, provenientes de seus textos. 
 
Júlia Matos & Ilana Moreira & Hítala Brunet 
 
 O conceito de qualidade em saúde envolve vários componentes, que podem ser reunidos em sete 
grupos, os chamados 7 pilares da qualidade1: 
 1. Eficácia 
 2. Efetividade 
 3. Eficiência 
 4. Otimização 
 5. Aceitabilidade 
 6. Legitimidade 
 7. Equidade 
 Eficácia: 
 É a capacidade da ciência e da arte do cuidado médico em oferecer o melhor sob as condições mais 
favoráveis. A eficácia relativa de estratégias alternativas de diagnóstico ou de terapêutica é 
estabelecida através de pesquisas clínicas bem controladas. A estratégia mais eficaz de tratamento é 
o limite superior do que pode ser alcançado, o melhor que se pode fazer sob as condições mais 
favoráveis e controladas. 
 Efetividade: 
 É a melhora alcançada, ou que se espera seja alcançada, em condições reais da prática diária em 
relaçãoao melhor cuidado verificado. Através da determinação da efetividade pode-se identificar o 
quanto o cuidado avaliado se aproxima do melhor cuidado possível, determinado nos estudos de 
eficácia. 
 Efetividade: Melhora real na saúde, com o cuidado a ser avaliado Melhora ideal na saúde, com o 
melhor cuidado. 
 Eficiência: 
 Definida como a capacidade de se obter o máximo de melhora na saúde com o menor custo. Se duas 
estratégias em saúde são igualmente eficazes ou efetivas, a mais barata é a mais eficiente. 
 Eficiência: 
 Melhora esperada na saúde com o cuidado a ser avaliado Custo do cuidado 
 É possível que, em muitas situações, pequenas melhoras no cuidado não justifiquem um aumento 
desproporcional no custo, o que introduz a discussão sobre a otimização dos cuidados. 
 Otimização: 
 O quarto pilar da qualidade pode ser definido como o mais vantajoso balanço entre custos e 
benefícios. Esse aspecto se torna relevante quando os efeitos do cuidado não são avaliados apenas 
em termos absolutos, mas relativamente ao custo do cuidado. 
 Aceitabilidade: 
 A aceitabilidade se refere à adaptação do cuidado de saúde aos desejos, expectativas e valores dos 
pacientes e suas famílias. Depende, em grande parte, da avaliação subjetiva do paciente do que seja 
efetivo, eficiente e ótimo. Entram também em consideração nesse ponto: a acessibilidade, a relação 
médico-paciente e a comodidade do tratamento. 
 Legitimidade: 
 A legitimidade introduz a questão social na discussão de qualidade: ao nível social, além do cuidado 
com o indivíduo, existe a responsabilidade com o bem-estar de todos. Frequentemente a sociedade 
tem uma percepção de custos bem diferente da percepção do indivíduo. A principal razão é o 
financiamento social da saúde por terceiros ou pelo estado. O que a sociedade considera cuidado 
ótimo varia, às vezes, de forma importante, da avaliação do que os indivíduos consideram ótimo. 
 Equidade ou justiça distributiva: 
 É o princípio que determina o que é justo na distribuição de cuidados e seu benefício entre os 
membros de uma população. No nível social a distribuição equitativa do cuidado em saúde é 
realizada de acordo com uma política social deliberada. 
 A qualidade do cuidado em saúde é julgada de acordo com a sua conformidade a uma série de 
expectativas que se originam de três fontes: a ciência, que determina a eficácia; os valores e 
expectativas individuais, que determinam a aceitabilidade; e os valores e expectativas sociais, que 
 
Júlia Matos & Ilana Moreira & Hítala Brunet 
 
determinam a legitimidade do cuidado. Assim, a qualidade não pode ser avaliada inteiramente em 
termos técnicos, já que as preferências dos indivíduos e da sociedade devem ser levadas em 
consideração. 
 A busca de cada um dos pilares da qualidade pode ser mutuamente reforçada, como no caso de um 
cuidado mais efetivo ser também o mais aceitável e o mais legítimo. Pode ocorrer também que essa 
busca seja conflitante entre os vários aspectos, quando então um balanço deve ser procurado. 
 
 
 
 
 
 Planejamento Estratégico Situacional: 
 
 Para garantir a eficiência e a viabilidade na implementação de um modelo de monitoramento e gestão, o 
desdobramento da estratégia considerou a adoção e a customização do Planejamento Estratégico Situacional 
(PES) uma metodologia de Planejamento Estratégico Público, cujos temas são os problemas públicos, sendo 
também aplicável a qualquer órgão para o qual os problemas a serem abordados não sejam exclusivamente o 
mercado, mas o jogo político, econômico e social. Essa teoria é capaz de aumentar a capacidade de previsão, 
por tratar-se de um cálculo que precede e preside a ação para criar o futuro. Nesse modelo, não há uma única 
apreciação da realidade e leva-se em conta a complexidade do sistema social, no qual a análise econômica não 
é considerada como única dimensão preponderante na explicação da realidade e na elaboração do plano. 
 A definição de prioridades ocorre por meio da análise situacional, que permite identificar, formular e priorizar 
os problemas, abordados de acordo com as condições de saúde e os aspectos da gestão. O diálogo entre os 
diferentes atores, suas posições e análises contextualizadas devem se refletir nos problemas descritos, para 
que o exercício de formular consensualmente os planos de ação se apresente como uma oportunidade política 
favorável, uma vez que as ações governamentais devem ser conduzidas pela direcionalidade, superando o 
imediatismo da mera conjuntura. Visando à organização de intervenções e à produção de resultados sobre 
uma determinada realidade, o PES constitui-se em quatro etapas: 
• Momento explicativo: identificação e descrição dos problemas de acordo com dados objetivos, mas levando 
também em conta a percepção dos atores sobre os problemas analisados. Nesta etapa, a identificação das 
 
Júlia Matos & Ilana Moreira & Hítala Brunet 
 
causas e o levantamento de quais podem ser consideradas nós críticos – centros práticos de ação, oportunos à 
ação política, de acordo com as viabilidades. 
• Momento normativo: definição de objetivos a serem alcançados e resultados a serem entregues, no qual se 
prevê as estratégias e ações necessárias à realização, levando-se em conta a análise política, econômica e social. 
• Momento estratégico: análise dos recursos necessários sejam eles econômicos, administrativos ou políticos, a 
partir da qual deve-se intervir para se alcançar os resultados esperados. 
• Momento tático-operacional: programação da implementação das propostas, incluindo: cronograma, atores 
responsáveis e outros participantes na execução, a fim de garantir a efetividade e a eficácia de todo o processo. 
Faz-se necessário, ainda, prever os momentos de análise das informações prestadas acerca da evolução das 
metas propostas e revisão do plano, assegurando a visibilidade do processo aos atores envolvidos, e a 
capacidade gerencial de adaptação aos novos contextos, que podem surgir de situações imprevistas. 
O método conhecido como Planejamento Estratégico Situacional (PES) foi concebido por Carlos Matus, economista e 
ministro do governo de Salvador Allende, durante os anos em que foi preso político da ditadura militar do Chile, na década 
de 1970. Os principais conceitos deste método são apresentados abaixo e organizados em tópicos que procuram seguir o 
mesmo fio lógico do livro que é uma das obras de referência de Matus: O método PES. 
 
 
Júlia Matos 
 
Tutoria 2- Abrangência de ações em Saúde 
Módulo IV 
 Sistemas de saúde comparados: 
 Os Sistemas de Serviços de Saúde são compostos por arquitetura, fisiologia e instrumentos. A 
arquitetura é o componente que envolve toda a estrutura do sistema e os mecanismos de relações entre 
o próprio sistema e entre esses e os demais sistemas sociais. A Fisiologia relaciona-se com a capacidade 
de funcionamento do sistema com o intuito de responder socialmente às condições de vida da 
população. Já os instrumentos, referem- se aos recursos disponíveis pelo sistema, sejam eles 
tecnológicos, legais ou organizacionais, utilizados para reger e desenvolver tais funções. 
 Os principais Sistemas de Serviços de Saúde: 
 Sistema de Dominância de Mercado: 
Este modelo de sistema de serviços de saúde tem como características principais o 
financiamento predominantemente privado, empresas seguradoras como mediadores coletivos, 
prestação desempenhada por prestadores privados, escolha da empresa prestadora feita pelo 
cidadão pagante e regulação delegada ao mercado. Essas características refletem na verdade 
uma desresponsabilização do Estado com relação aos seus cidadãos, ou seja, o Estado que 
deveria assegurar um nível ótimo de saúde à sua população, entregaessa responsabilidade ao 
mercado, que através da lei da demanda e da oferta, regularia o acesso aos serviços de saúde. 
 
O exemplo clássico desse modelo é o sistema de saúde estadunidense. Os Estados Unidos têm 
um elevado gasto total em saúde, cerca de 14% do seu PIB (só para efeito de comparação as 
demais nações desenvolvidas gastam entre 7 a 9%). Desse montante, quase metade, 44%, é 
gasto público, e contraditoriamente 40 milhões de americanos não têm qualquer tipo de 
assistência assegurada à saúde. 
 
Isso pode ser explicado pelo fato desse sistema não ser universal e o Estado apenas garantir 
assistência, através do Medcare e Medcaid, a dois segmentos da população, que são os idosos e 
os pobres. O restante da população seja de forma individual, seja por meio da empresa onde 
trabalha, só tem assistência à saúde garantida com a aquisição de um seguro saúde. 
 
 Sistema de Seguros Sociais Obrigatórios: 
Atualmente o modelo de seguros sociais obrigatórios é adotado na Alemanha, França e Áustria. 
Seu surgimento se deu na Alemanha imperial no final do século XIX e sua criação foi influenciada 
pelo modelo de seguro Bismarkiano. A força principal que impulsionou o surgimento desse 
modelo, foi a pressão dos trabalhadores alemães para a criação de um modelo de sistema de 
serviços de saúde que beneficiassem trabalhadores da indústria e das classes de menor poder 
aquisitivo. 
 
As principais características desse modelo são: cobertura de seguro obrigatório; financiamento 
provindo de contribuição de trabalhadores e empregadores; garantia de asseguramento aos 
desempregados por parte do Estado; contribuição proporcional à renda e não aos riscos 
individuais; maioria dos prestadores privados. 
 
Este modelo de sistema de serviços de saúde, em virtude da obrigatoriedade do seguro, garante 
uma cobertura quase total da assistência a saúde. Ao contrário do sistema de dominância de 
mercado, assegura à população um nível de assistência independente do poder de compra dos 
cidadãos. 
 
 
Júlia Matos 
 
No entanto, esse modelo de sistema de serviços de saúde só é devidamente eficiente em nações 
cujo índice de desemprego é relativamente baixo, sendo o gasto do Estado pequeno para a 
garantia aos trabalhadores desempregados. 
 
 Sistema de Dominância Estatal: 
O sistema de serviços de saúde de dominância estatal surgiu na década de 50 no Reino Unido e é 
hoje adotado por vários países da união européia como Itália, Espanha e Suécia. Sua criação se 
deu sobre influência do Plano Beverdige, que propugnava um sistema nacional de saúde 
alicerçado nos princípios da universalidade e eqüidade social e geográfica, gestão democrática e 
planejamento das ações de saúde. 
 
As características que se destacam é a forte presença do Estado, o Estado como provedor das 
três macrofunções do sistema (Financiamento, Regulação e Prestação), descentralização de 
algumas macrofunções e definição pelo Estado da forma e do montante da extração dos 
recursos necessários ao seu financiamento. 
 
Está organizado através da Atenção Básica, com uma equipe de saúde responsável por um 
determinado número de habitantes e atuando com a função de filtro para os demais níveis do 
sistema. 
 
Todavia, não se pode deixar de considerar algumas desvantagens desse modelo, como as grades 
listas de espera, principalmente para os procedimentos de média e alta complexidade, pouca 
possibilidade de escolha por parte dos cidadãos e, talvez por causa disso, um baixo nível de 
satisfação entre os usuários. 
 
Na Itália, com a aprovação da Lei n¡ 833, de dezembro de 1978, criando o Sistema Nacional de 
Saúde, foi estabelecida a proteção à saúde como “interesse da sociedade”, assegurado por 
serviços estritamente públicos que cabe ao Estado prover. 
 
Na Espanha, a Lei n¡ 14/1986, que criou o Sistema Nacional de Saúde, define a extensão da 
cobertura sanitária para toda a população, pela universalização dos serviços sanitários para 
“todos os cidadãos em condições de igualdade”, independentemente das circunstâncias 
pessoais ou sociais (Guillén, 1999). Esses processos tardios de adaptação do modelo inglês na 
Itália e Espanha tiveram de encontrar respostas organizacionais para os desafios da demanda 
por atenção individualizada que afetou os sistemas nacionais, motivando a primeira onda de 
reforma nos anos 1980. 
 
O primeiro processo de reforma do setor saúde na Europa se desenvolveu pela implementação 
de uma série de diretivas macroeconômicas visando essencialmente à redução das despesas 
setoriais. Algumas medidas de curto prazo foram implementadas pelos governos, como o 
controle de preços no setor saúde, a introdução do co-pagamento no consumo de 
medicamentos, a redução do escopo do seguro social e a limitação do emprego no setor. 
 
As medidas de longo prazo mais importantes foram a redução da produção de médicos e outros 
profissionais e da disponibilidade de leitos hospitalares, além do estímulo às medidas de 
prevenção, na esperança de reduzir, a longo prazo, as demandas por atenção à saúde. Essas 
iniciativas produziram impactos importantes na estabilização das despesas públicas e na 
mudança do modelo assistencial, pela redução da atenção hospitalar e pelo incentivo às 
modalidades assistenciais de atenção primária. Porém, foram relativamente inócuas sobre o 
crescimento do setor e do emprego da saúde nesse período (Abel-Smith & Mossialos, 1994). 
 
Júlia Matos 
 
 
 Argentina: Sistema de saúde descentralizado: 
Em 1993, o Banco Mundial recomendou que os governos dessem ênfase à privatização e à 
descentralização administrativa em suas estruturas de saúde para que houvesse uma 
melhora nos sistemas, ou seja, o Estado deveria prover apenas os serviços mais básicos de 
saúde, privatizando o resto. Ocorre que a maior parte dos países latino-americanos sofreu as 
conseqüências da não adesão a essa política econômica, já que não estavam preparados 
para este momento, e pouco ou nada implementaram do que foi proposto pelo Banco. 
O país priorizou a educação e a saúde para investimentos altos e bem estruturados. O gasto 
público com a saúde, por exemplo, aumentou de 4,5% para 9,5% de 2006 para 2009, de 
acordo com dados encontrados no portal da Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar 
do aumento da destinação de recursos à área, o gasto público com saúde ainda está aquém 
do recomendado pela OMS (o gasto é de cerca de 2% e o recomendado é de pelo menos 5%) 
(BIASOTO et al; 2006). 
O desafio a ser superado atualmente é a descentralização exacerbada que ocorreu, já que 
em cada comuna (equivalente a estado brasileiro) e na capital existe um ministério de saúde 
autônomo que decide onde e como será gasto o dinheiro, dificultando acordos nacionais e 
internacionais. Outro agravante é que os preços dos planos de saúde privados têm 
aumentado ao longo dos anos, se tornando abusivos e o serviço de saúde público ainda não 
se equipara aos padrões estabelecidos pela OMS (BIASOTO et al; 2006). 
Portanto, o sistema de saúde na Argentina é bastante diferenciado entre as comunas, já que 
cada uma pode decidir quase que livremente sobre sua política de saúde e seus gastos. 
Existe ainda a questão do investimento federal, que é bastante polarizado, oferecendo 
muitos recursos para poucas comunas, sobrando poucos recursos às demais, e a 
predominância do sistema de saúde privado sobre o público além de haver muito a ser feito 
no que tange à melhora em seus indicadores de saúde. 
 Canadá: 
Canada Health Act O primeiro sistema de saúde em uma província canadense se deu em 
1946, a partir de então outras também o fizeram e em 61 todas as dez províncias já 
possuíam sistemas de saúde. Em 1966, o MedicalCare Act foi instituído, permitindo que 
cada província mantivesse seu próprio plano de saúde e que tomasse as principais decisões 
a respeito e viabilizando o pagamento de seus gastos pela esfera Federal. Já em 1984 o 
Canadá criou uma legislação federal bastante específica, denominada Canada Health Act 
(CHA), que prevê que todos os cidadãos tenham acesso a serviços de saúde gratuitamente, 
os gastos são cobertos pelo fundo público, mas os serviços são prestados por empresas 
privadas (CANADA HEALTH ACT; 1985). 
Com mais de 35 milhões de habitantes e o segundo maior território do mundo, o Canadá se 
destaca nos indicadores sociais, mantendo os índices de analfabetismo, de mortalidade 
infantil e de natalidade baixos (MOURA; 2006). 
O sistema de saúde se caracteriza por ser universal e público, ou seja, não há a possibilidade 
de aderir a um plano de saúde, existe apenas a extensão da cobertura normal, que lha dá 
acesso a alguns pequenos benefícios, como ambulância e quarto privativo em um hospital, 
mas não importa quão rico seja o cidadão, o tratamento recebido será exatamente igual 
para todos. 
 Chile: Privatização e regulação em saúde: 
 
Júlia Matos 
 
O Chile é um dos países com melhor índice de qualidade vida, é um país considerado estável, 
tanto político quanto economicamente, mas na área da saúde há problemas a serem 
solucionados (AZEVEDO; 1998). 
Em 1924 um sistema de saúde obrigatório aos trabalhadores foi implementado. A partir de 
então os Estados Unidos, em nome da atual Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 
redirecionou os sistemas de saúde latino-americanos, no sentido da descentralização no 
provimento dos serviços, como já mencionado no estudo de caso argentino (LABRA; 2002). 
A Constituição de 1925 trouxe direitos e garantias fundamentais, como um sistema de 
saúde, mas apenas em 1939, com o então presidente Allende (1939-1941), os sistemas 
existentes de saúde foram unificados, ou seja, as disparidades existentes entre regiões foi 
amenizada e o sistema de saúde foi universalizado, sendo provido gratuitamente desde 
então (LABRA; 2002). 
A partir da década de 1970, o Estado decide privatizar a maior parte do sistema de saúde, 
que apresentava grandes problemas. A população não apoiou a decisão, que foi imposta 
assim mesmo. Esta decisão afetou bastante o país, restando ao Estado apenas fiscalizar o 
setor e não mais ser um provedor de serviços de saúde. Atualmente há uma forte discussão 
sobre a reforma na saúde, que se encontra ineficiente desde a privatização do setor. 
 Estados Unidos: Reforma na política de saúde: 
As esferas municipal, estadual e federal se misturam quanto aos gastos com a saúde pública 
e cerca de 38% dos gastos são sanados pela esfera privada (UGÁ; 2001). 
Existem os seguros de saúde privados, que dominam boa parte do mercado, devido a 
carência e ao alto custo dos serviços públicos. Estes foram introduzidos em meados de 1980 
para amenizar o insulamento do sistema público norte-americano, o que acabou gerando 
altíssimo custo para o governo, que sempre manteve o sistema público de saúde, para os 
pacientes que não possuem plano de saúde, já que as consultas e procedimentos devem ser 
pagos quando se usa o serviço público. A resposta ao serviço costuma ser bastante rápida e 
precisa e o desenvolvimento da medicina estadunidense é considerado o mais avançado 
mundo pela OMS (IESS; 2010). 
No país com um PIB elevado, um exemplo a ser seguido em tantas outras áreas, mas não na 
saúde e em seu sistema de saúde. Excluindo os mais pobres, os militares e os idosos, não há 
sistema de saúde universal, ou seja, os americanos são obrigados a obter e pagar seus 
próprios planos de saúde. Os Estados Unidos gastam mais do que o dobro que os países com 
melhor sistema de saúde, cerca de 6 mil dólares por habitante, sendo que cerca de 46 
milhões de norte-americanos não são cobertos por nenhum sistema de saúde (UGÁ; 2001). 
A proposta de Reforma, que foi aprovada na Câmara, ainda está em tramitando para ser 
aprovada, propõe um sistema de saúde praticamente universal, o que melhorará muito a 
qualidade de vida dos não segurados até então, além disso, pretende desvincular o seguro 
de saúde público do vínculo empregatício, que gerava grandes divergências de opiniões 
(IESS; 2010). 
 Inglaterra: 
O National Health System (NHS) foi criado em 1948 sob o comando do ministério da 
saúde e, desde então, está soba tensão política entre centralização na esfera federal e 
descentralização 4 na municipal. 
 
Júlia Matos 
 
Em 1970, devido à crise econômica do Petróleo, o Welfare State passou a ser criticado e 
responsabilizado pelos altos impostos e má administração. O Welfare State surgiu nos 
países europeus devido à expansão do capitalismo após a Revolução Industrial e o 
Movimento de um Estado Nacional objetivando a democracia. 
Em 1999, foi implantada a reforma da reforma do NHS com o objetivo de reafirmar a 
universalidade e reverter as políticas malsucedidas. A separação entre “compradores” e 
“provedores” de serviços de saúde foi mantida, porém com o foco no monitoramento 
do desempenho, e não mais na competição da qualidade e custos. Foi praticada a junção 
de todos os GPs em Grupos de Atenção Primária, os quais passaram a ser subordinados 
pelas Autoridades Sanitárias, diminuindo assim sua autonomia e desenvolvendo um 
processo de regionalização. 
Desde o nascimento do NHS, em 1948, o setor privado não deixou de existir e passou a 
coexistir com o setor público. As despesas em saúde privada no Reino Unido incluem 
apenas as despesas de consumo final em saúde por parte das famílias, capital do setor 
privado e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias (UK spending, 2014). 
Indicadores de saúde são parâmetros utilizados internacionalmente com o objetivo de 
avaliar, sob o ponto de vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como 
fornecer subsídios aos planejamentos de saúde, permitindo o acompanhamento das 
flutuações e tendências históricas do padrão sanitário de diferentes coletividades 
consideradas à mesma época ou da mesma coletividade em diversos períodos do 
tempo. (Rouquayrol, 1993). A expectativa de vida aumentou bastante no Reino Unido 
durante as últimas décadas, principalmente devido ao maior investimento em saúde e 
hábitos da população. A expectativa de vida no Reino Unido ao nascer é de 81 anos, 
sendo que as mulheres possuem uma expectativa de vida de 83 anos, enquanto a dos 
homens é de 79 anos. 
O Estado de saúde informada, outro indicador de saúde muito importante, mostra que 
78% da população do Reino Unido classificamos como boa sua saúde. Levando em 
consideração o gênero, 79% dos homens do Reino Unido consideram boa sua saúde, 
enquanto 77% das mulheres consideram como boa a sua saúde. Pessoas mais velhas, 
pessoas desempregadas, ou as que possuem menor grau de instrução ou renda relatam 
menos saúde. 
 Cuba: 
 Em Cuba, hoje, para uma população de pouco mais de 11 milhões de habitantes, 
existem 13 Institutos de Pesquisa que oferecem serviços assistenciais, ensino e 
pesquisa; 146 Hospitais gerais e especializados; 11.466 Consultórios Médicos de 
Família; 131 Clínicas Estomatológicas; 122 Asilos para as Terceira Idade; 231 Casas 
de Avô; e 141 Maternidades, fundamentalmente criadas em zonas distantes para 
aproximar as grávidas dos serviços com salas de parto. 
 
Historicamente, desde o triunfo da Revolução, a ação da colaboração médica cubana 
internacional foi marcada, fruto do magistério de Fidel Castro, pelo atendimento 
humano e solidário em resposta a necessidades de saúde de países que sofreram 
catástrofes e desastres naturais, com falta de pessoal de saúde para ofereceratendimento à população, ou por falta de condições de instalações médico-
sanitárias para levar a assistência até lugares distantes. 
 Holanda: 
 
Júlia Matos 
 
O sistema de saúde holandês tem uma forte propensão para reformas de todas as 
formas e tamanhos, atingindo vários graus de sucesso em uma longa luta para conter 
os custos e melhorar a qualidade. Os últimos governos têm investido para facilitar a 
introdução de mais mecanismos baseados no mercado para alcançar esses objetivos, 
ao tentar defender tais valores sociais como a solidariedade através de financiamento 
dos cuidados e acessibilidade. 
Como muitos países que experimentaram esses mecanismos de mercado, o sistema de 
saúde holandês recebeu atenção internacional. A Reforma da Holanda de 2006, 
estabeleceu um mercado privado de seguros sob concorrência regulada, similar às 
novas trocas de seguros dos Estados Unidos. 
Todos os residentes nos Países Baixos são obrigados a comprar apólices de seguro, que 
cobrem um pacote-benefícios essenciais. As seguradoras devem aceitar todos os 
candidatos e espera-se que seja contratado com base em qualidade e preço. 
 Os recursos do fundo são alocados para as seguradoras de acordo com uma 
fórmula de ajuste de risco destinado a eliminar os incentivos para evitar inscritos de alto custo. As pessoas com 
rendimentos mais baixos recebem subsídios fiscais, e seguros privados suplementar estão disponíveis. 
A reforma de 2006 não afetou diretamente a prestação de cuidados, apenas métodos de pagamento. A Holanda, 
um país pequeno, densamente povoada, tem uma forte rede de clínicos gerais (GPs), hospitais e centros de 
tratamento independentes que operam como instituições privadas sem fins lucrativos. 
Hospital e cuidados especializados (exceto cuidados de emergência) são acessíveis 
somente por meio de encaminhamento médico. Com uma referência, os pacientes 
podem escolher o seu hospital, pagando uma franquia máxima obrigatória de 375 
euros (R$ 1.631,71) por ano. 
Praticamente todos os especialistas atuam na base hospitalar e trabalham em 
parcerias ou, cada vez mais, sobre o salário (25% dos especialistas, a maioria deles em 
hospitais universitários). 
A experiência holandesa mostra que a implementação de uma concorrência regulada 
leva tempo, é técnica e politicamente complexa, e requer muitas correções ad hoc - e 
que os bons resultados estão longe de ser certo. Mais praticamente, sublinha a 
importância do ajuste de risco, a aplicação estrita de mecanismos eficazes para o 
gerenciamento de subsídios, reforma e compra. 
O sistema continua a ser caro, em comparação com os de outros países da Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), embora o crescimento dos custos abrandou recentemente, devido à crise 
econômica, a introdução de orçamentos hospitalares, aquisição e farmacêutica seletiva. 
A Qualidade dos cuidados varia de cerca de média para muito boa em alguns indicadores (por exemplo, baixo 
volume de prescrições de antibióticos nos cuidados primários). Ela continua a ser vista se os governos futuros 
continuarão incentivando a concorrência ou optar por mais controle direto do governo, como governos passados 
fizeram regularmente, muitas vezes devido ao compromisso político. 
Mais radicalmente, este ano, a Holanda vai embarcar em mais uma reforma maciça, o que afeta diretamente a 
forma como os pacientes recebem os seus cuidados de longo prazo e tem como objetivo manter as pessoas 
autossustentável tanto tempo quanto possível. 
 
Júlia Matos 
 
Tal mudança está muito atrasada, uma vez que a Holanda tem uma das maiores taxas de institucionalização da 
OCDE. A maioria das formas de apoio domiciliário e assistência social se tornará a responsabilidade dos 
municípios, que terão grande latitude em apoio a organização e podem, por exemplo, optar por substituir outras 
soluções para cuidados profissionais, como os cuidados prestados por vizinhos ou voluntários. 
 
 
 
 
 
 
 
 Júlia Maria Guimarães Matos 
 
Tutoria 4- Módulo 4 
Abrangência de Ações em Saúde 
 Políticas de Saúde voltadas para os indígenas: 
 Política Nacional de Saúde aos Povos Indígenas: portaria nº 254, de 31 de janeiro 
de 2002. 
 Considerando a aprovação da proposta da política mencionada, pelo Conselho 
Nacional de Saúde, em sua reunião ordinária de novembro de 2001, resolve: 
 Art. 1o Aprovar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, cuja 
íntegra consta do anexo desta Portaria e dela é parte integrante. 
 Art. 2o Determinar que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas ações se 
relacionem com o tema objeto da política ora aprovada, promovam a elaboração ou 
a readequação de seus planos, programas, projetos e atividades na conformidade 
das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas. 
 Art. 3o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 
 A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas integra a Política Nacional de 
Saúde, compatibilizando as determinações das Leis Orgânicas da Saúde com as da 
Constituição Federal, que reconhecem aos povos indígenas suas especificidades étnicas e 
culturais e seus direitos territoriais. 
 Esta proposta foi regulamentada pelo Decreto n.º 3.156, de 27 de agosto de 1999, que 
dispõe sobre as condições de assistência à saúde dos povos indígenas, e pela Medida 
Provisória n.º 1.911-8, que trata da organização da Presidência da República e dos 
Ministérios, onde está incluída a transferência de recursos humanos e outros bens 
destinados às atividades de assistência à saúde da FUNAI para a FUNASA, e pela Lei nº 
9.836/99, de 23 de setembro de 1999, que estabelece o Subsistema de Atenção à Saúde 
Indígena no âmbito do SUS. 
 A implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas requer a 
adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços - voltados 
para a proteção, promoção e recuperação da saúde -, que garanta aos índios o exercício de 
sua cidadania nesse campo. 
 Para sua efetivação, deverá ser criada uma rede de serviços nas terras indígenas, de forma a 
superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do Sistema Único de Saúde 
para essa população. 
 Para que esses princípios possam ser efetivados, é necessário que a atenção à saúde se dê 
de forma diferenciada, levando-se em consideração as especificidades culturais, 
epidemiológicas e operacionais desses povos. Assim, dever-se-á desenvolver e fazer uso de 
tecnologias apropriadas por meio da adequação das formas ocidentais convencionais de 
organização de serviços. 
 Antecedentes: 
No Brasil, a população indígena, estimada em cerca de 5 milhões de pessoas no início do 
século XVI, comparável à da Europa nesta mesma época, foi dizimada pelas expedições 
punitivas às suas manifestações religiosas e aos seus movimentos de resistência, mas, 
principalmente, pelas epidemias de doenças infecciosas, cujo impacto era favorecido pelas 
mudanças no seu modo de vida impostas pela colonização e cristianização (como 
escravidão, trabalho forçado, maus tratos, confinamento e sedentarização compulsória em 
aldeamentos e internatos). 
 Júlia Maria Guimarães Matos 
 
Desde o início da colonização portuguesa, os povos indígenas foram assistidos pelos 
missionários de forma integrada às políticas dos governos. No início do século XX, a 
expansão das fronteiras econômicas para o Centro-Oeste e a construção de linhas 
telegráficas e ferrovias provocaram numerosos massacres de índios e elevados índices de 
mortalidade por

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