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Gestão de Operações em Serviços Eduardo Ferreira Blatt APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Gestão de Operações em Serviços, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi- co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS E TENDÊNCIAS NO SETOR DE SERVIÇOS .................................................................................................................................................... 7 1.1 O que são Serviços? .......................................................................................................................................................7 1.2 Conceitos para o Termo ‘Serviço’................................................................................................................................8 1.3 Serviços: Benefícios sem Propriedade ....................................................................................................................9 1.4 A Nova Economia ........................................................................................................................................................10 1.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................12 1.6 Atividades Propostas ..................................................................................................................................................12 2 A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS NA ECONOMIA ........................................................ 13 2.1 Os Serviços na Economia Brasileira .......................................................................................................................13 2.2 Os Serviços como Diferenciais Competitivos ....................................................................................................14 2.3 Os Serviços como Atividades Internas de Apoio ..............................................................................................16 2.4 Os Serviços como Centros de Lucro ......................................................................................................................17 2.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................17 2.6 Atividades Propostas ..................................................................................................................................................18 3 AS OPERAÇÕES DE SERVIÇOS .................................................................................................... 19 3.1 A Função das Operações ..........................................................................................................................................20 3.2 As Especificidades dos Serviços em Relação à Manufatura ........................................................................21 3.3 A Interface com a Função de Marketing .............................................................................................................22 3.4 Em Busca de uma Classificação para as Operações de Serviços ...............................................................23 3.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................23 3.6 Atividades Propostas ..................................................................................................................................................24 4 PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO EM SERVIÇOS .......................................................... 25 4.1 Capacidade Produtiva do Serviço ..........................................................................................................................25 4.2 Estratégias de Capacidade Produtiva ...................................................................................................................26 4.3 Obter o Máximo da Capacidade Produtiva ........................................................................................................27 4.4 Leiaute das Instalações e Balanceamento de Linha ........................................................................................27 4.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................29 4.6 Atividades Propostas ..................................................................................................................................................29 5 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE SERVIÇOS ........................................ 31 5.1 Participantes do Processo de Compra ..................................................................................................................32 5.2 Os Clientes Interagem com Operações de Serviço .........................................................................................32 5.3 Fatores que Influenciam o Comportamento do Consumidor .....................................................................33 5.4 O Processo de Decisão de Compra ........................................................................................................................33 5.5 A Relação Entre a Empresa de Serviços e o Cliente .........................................................................................34 5.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................34 5.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................35 6 QUALIDADE EM SERVIÇOS ........................................................................................................... 37 6.1 Dimensões de Qualidade em Serviços ................................................................................................................37 6.2 Falhas na Qualidade em Serviços ..........................................................................................................................39 6.3 Formas para Medir a Qualidade em Serviços ...................................................................................................40 6.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................45 6.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................46RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 49 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 57 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Iniciamos mais um módulo e esperamos que você esteja cheio(a) de expectativas e que sua moti- vação conduza-o(a) de forma a aproveitar ao máximo esta disciplina. É muito importante compreender um pouco mais sobre as ferramentas de Engenharia de Produção, focadas na Gestão de Operações em Serviços, que é mais uma face de um prisma chamado produtividade dentro das organizações. Antes de qualquer detalhamento, pense em algumas questões; por exemplo: quando uma em- presa, além do produto que fabrica, está também interessada em criar estratégias para oferecer outros recursos e benefícios aos seus clientes, como orientações técnicas, e tem que evoluir em processos de gestão de prestação de serviços, as estratégias a ser criadas estarão no formato de processos operacio- nais. Este material visa a descrever os vários tipos de processo de serviços e como estes são aplicados nas organizações. Esta apostila e a disciplina como um todo buscam apresentar uma definição dos conceitos fun- damentais da gestão de serviços. Além disso, propomos uma análise das principais estratégias e ferra- mentas de cálculos de balanceamento das operações de serviços, a fim de garantir o melhor resultado percebido pelo cliente em um pronto atendimento, com qualidade na informação e simpatia. Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado de forma a didaticamente evoluí-lo(a) no uso das estratégias e ferramentas de cálculo da capacidade dos recursos para o bom atendimento das expectativas dos clientes quanto à prestação dos serviços, sempre com a demonstração imediata, seção por seção, de exemplos práticos, além de aplicação imediata. Primeiramente, trataremos do conceito de serviço, sua evolução histórica quanto ao seu entendi- mento e suas tendências para o futuro. No segundo capítulo, relacionaremos a importância dos serviços na economia brasileira, em que cada vez toma mais destaque, conforme o país avança como uma nação desenvolvida. No terceiro capítulo, trataremos da questão empresarial de prestar um serviço excelente ao consumidor e, ao mesmo tempo, ter uma organização lucrativa. No quarto capítulo, trataremos de uma das áreas centrais da gestão de operações em serviços: a provisão e a gestão da capacidade produtiva. No quinto capítulo, trataremos de como a organização representada pelo departamento de Marketing cria técnicas para medir o grau de satisfação dos serviços prestados e, com isso, repensar a prestação de serviços da organização, para que ela entre em ciclo vir- tuoso de atendimento aos clientes. Por último, no sexto capítulo, iremos tratar da qualidade em serviços, que é um tema complexo e pode ser percebido na necessidade de uma definição com cinco dimensões: confiabilidade, receptivida- de, segurança, empatia e aspectos tangíveis. Com o uso dessas dimensões, pode-se avaliar o conceito de falha na qualidade em serviços. Essa falha baseia-se na diferença entre a expectativa de um cliente em relação ao serviço e as percepções de como ele é prestado. Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo deste trajeto. Prof. Eng. Eduardo Blatt – MBA Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos do conceito de serviço, sua evolução histórica quanto ao seu en- tendimento e suas tendências para o futuro. Va- mos iniciar a discussão! Definição de Serviços Serviços são atividades econômicas que uma parte oferece à outra. Geralmente baseado no tempo, seu desempenho traz a seus destina- tários os resultados desejados, objetos ou outros ativos pelos quais os compradores têm responsa- bilidade. Em troca de dinheiro, tempo e esforço, os consumidores de serviços esperam receber o valor do acesso temporário a bens, mão de obra, habilidades profissionais, instalações, redes e sis- temas, mas eles não costumam deter a proprieda- de de nenhum dos elementos físicos envolvidos. CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS E TENDÊNCIAS NO SETOR DE SERVIÇOS1 Saiba maisSaiba mais Associação Brasileira de Provedores de Serviços de Apoio Administrativo (ABRAPSA) Os profissionais que utilizam a prestação de serviços como ferramenta podem usar a ABRAPSA como re- ferência de pesquisa para a busca de boas práticas administrativas nessa área. A ABRAPSA é uma en- tidade sem fins lucrativos que reúne as principais empresas de serviços, apoio e gestão para terceiros na execução de processos de negócios administra- tivos no Brasil. Veja o site: http://www.abrapsa.org.br. A Visão Histórica As tentativas de descrever e definir servi- ços abrangem mais de dois séculos. No final do século XVIII e início do século XIX, os economis- tas clássicos concentraram-se na criação e pro- priedade da riqueza. Eles argumentavam que os bens (inicialmente referidos como commodities) eram objetos de valor que podiam ser direitos de propriedade estabelecidos e intercambiados. A propriedade implicava a posse tangível de um 1.1 O que são Serviços? objeto adquirido por meio de compra, escambo ou doação do produto ou antigo proprietário e legalmente identificável como uma propriedade do atual dono. No livro A riqueza das nações (The wealth of nations), publicado pela primeira vez na Ingla- terra, em 1776, Smith (2003) compara, entre os produtos, aquilo que ele denomina trabalho “pro- dutivo” e “improdutivo”. Segundo ele, o primeiro gera bens que podem ser armazenados após a produção para posterior troca por dinheiro ou Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 outros itens de valor. Por outro lado, o trabalho improdutivo, por mais honroso, útil ou necessário que seja, cria serviços que perecem no momento da produção e, portanto, não contribuem para a riqueza. Ou seja, reconhece como riqueza apenas o que permanecia como posse. Desenvolvendo esse tema, Say (2005) ar- gumenta que a produção e o consumo são inse- paráveis nos serviços e cunha o termo ‘produtos imateriais’ para descrevê-los. 1.2 Conceitos para o Termo ‘Serviço’ Pela Perspectiva Organizacional Pelo ponto de vista da organização, servi- ço é o modo como a organização gostaria de ter seus serviços percebidos por seus clientes, fun- cionários, acionistas e financiadores; em outras palavras, o conceito de serviço é a proposição do negócio. Pela Perspectiva do Cliente Do ponto de vista do cliente, é o modo pelo qual o cliente percebe o serviço da organização (ver Figura 1.1). Na teoria e na mente de alguns gerentes, o serviço pela perspectiva do cliente e da organiza- ção tem o mesmo tratamento; na realidade, este não é frequentemente o caso. Os clientes nem sempre sabem o que uma organização está ten- tando fornecer ou a veem de seu próprio modo. Da mesma forma, as organizações nem sempre entendem como seus clientes veem seus serviços. Figura 1.1 – Conceito de serviço – duas perspectivas. Fonte: Johnston (2012, p. 55). Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Dessa forma, aquilo que às vezes é referido como “conceito de marketing” tenta conciliar a visão da organização e a visão do cliente. O con- ceito de marketing é uma filosofia gerencial que encoraja as organizações a entender e, assim, sa- tisfazer as necessidades dos clientes e atender a seus objetivos (da organização). 1.3 Serviços: Benefícios sem Propriedade A Locação de Benefícios Os serviços são uma forma de locação por meio da qual os consumidores podem adquirir benefícios. Os clientes valorizam experiências e soluções desejadas e estãodispostos a pagar por elas. Pagar pelo uso temporário (alugar) de um objeto e acessar uma instalação física, trabalho ou experiência de alguém constituem modos de os consumidores usufruírem de itens que não po- dem comprar, cuja compra não se justifica ou que optam por não adquirir. Podemos identificar cinco categorias na es- trutura de não propriedade: serviços de locação de bens: estes serviços permitem aos consumidores obter o direito temporário de usar um bem físico que eles preferem não pos- suir. Exemplos: barcos, trajes a rigor e colheitadeiras de grãos; locação de espaços e locais delimita- dos: neste caso, os consumidores ob- têm o uso de uma porção delimitada de um espaço maior em um prédio, em um veículo ou em uma área. Exemplos: um conjunto em um prédio comercial, um assento em um avião ou uma mesa em um restaurante. Normalmente, desig- na-se o espaço em si como localização, mas seu propósito pode variar ampla- mente. Em outras palavras, alugar um espaço pode ser um fim em si mesmo (como um contêiner em um armazém) ou simplesmente um meio para atingir um fim (como uma mesa em um restau- rante ou a poltrona em um teatro); locação de mão de obra e experiên- cia: os consumidores contratam outras pessoas para executar um trabalho que optam por não fazer eles mesmos (por exemplo, limpar a casa) ou que são in- capazes de executar por falta de expe- riência, ferramentas ou habilidades ne- cessárias. Em muitos casos, os clientes podem efetivamente alugar os serviços de uma equipe inteira (como em um conserto de carro, uma cirurgia e uma consultoria em gestão); acesso a ambientes físicos comparti- lhados: esses ambientes podem loca- lizar-se interna ou externamente, bem como ser uma combinação de ambos. Podemos citar como exemplos: mu- seus, parques temáticos, feiras comer- ciais, ginásios, resorts, campos de golfe e rodovias com pedágio. Em troca de uma taxa, os consumidores alugam o direito de compartilhar o uso do am- biente com outros clientes; acesso a sistemas e redes, e seu uso: neste caso, os consumidores alugam o direito de participar de uma rede es- pecífica, como de telecomunicações, serviços públicos, bancos, seguros ou serviços especializados de informações. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Com frequência, os provedores de ser- viços criam um verdadeiro cardápio de opções com os termos para acesso e utilização, em resposta às diversas ne- cessidades dos clientes e suas diferen- tes capacidades de pagamento. Em várias situações, duas ou mais dessas categorias podem ser combinadas. Ao tomar um táxi, você estará alugando tanto um motorista quanto um veículo. Ao passar por uma cirurgia, estará, na realidade, alugando uma equipe quali- ficada de profissionais médicos, liderados por um cirurgião, além de locar o uso temporário (mas exclusivo) de equipamento especializado em uma sala de cirurgia em um hospital ou em uma clínica. 1.4 A Nova Economia O que é a Nova Economia A expressão ‘nova economia’ está focada nos termos da globalização acelerada e novíssi- mas tecnologias (incluída aí, mas não exclusiva- mente, a tecnologia da informação), em que os principais produtos e ativos são principalmente intelectuais (intensivos em informação e conheci- mento), mais que físicos. O foco está na internet, porém a discussão é muito mais ampla e inclui desenvolvimento de software crescentemente sofisticado e customi- zado, e telecomunicações, fazendo ser possíveis transmissões de informações com riqueza, ve- locidade e interatividade nunca antes vistas (os fluxos beiram o imediato), o que possibilita novas formas de produção e distribuição de produtos na indústria de entretenimento, que floresce e tende a crescer no futuro, motivada por aumen- tos de produtividade industrial, o que, aparente- mente, pode refletir em menores jornadas de tra- balho e mais tempo livre. Além disso, a tendência de aumento da expectativa de vida da população fará com que mais e mais pessoas tenham uma maior porção de tempo para gastar em atividades de entretenimento, tanto enquanto sua vida pro- fissional ativa decorre (com jornadas menores) quanto em seu período de aposentadoria. Outra indústria que vem se renovando con- tinuamente é a de educação e treinamento. Isso tem ocorrido tanto pelo lado da oferta, com novas tecnologias permitindo que a educação a distân- cia ocorra cada vez de forma mais eficaz, quanto pelo lado da demanda, com uma crescente ne- cessidade de cursos de educação continuada que ajudem os profissionais a se manter atualizados com a evolução das tecnologias e metodologias de gestão. Para equacionar essas questões, vamos comparar a velha economia com a nova econo- mia. 1. Unidade de análise não é mais ape- nas a unidade produtiva (unidade prestadora de serviço, fábrica, parte de uma fábrica). As tecnologias envolvidas na produção tan- to de serviços quanto de bens físicos evoluem tão rapidamente e já se encontram em patamares tão altos que, com os vários aspectos de um pacote de valor competindo, é cada vez mais difícil que uma única empresa possa dominar internamente as competências necessárias para produzir todas elas. Passa a ser fundamental que se criem alian- ças, parcerias para que haja sinergia, em que cada membro da aliança possa dar sua parte de contri- buição e competência para que a rede resultante de organizações e competências possa ser com- petitiva com as ofertas concorrentes. Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 2. A gestão de operações tradicional ocupa-se principalmente de geren- ciar processos estáveis por meio dos quais passam clientes, materiais e in- formações. Em alguns setores da nova economia, isso não é mais verdade, uma vez que o desenvolvi- mento dos processos está ligado diretamente aos produtos ou serviços que eles vão produzir. A gestão do projeto tende a ser mais importante que o próprio processo de fabricação ou presta- ção de serviço. Por exemplo, no setor de alta tec- nologia: uma fábrica da Intel (processadores que equipam os computadores) é projetada para du- rar 4 anos, pois esta é a duração de uma geração de processadores. Na próxima geração, os níveis de miniaturização terão de ser tão diferente que irão requerer novos processos de produção, o que tornará a fábrica projetada para produzir a gera- ção anterior obsoleta. 3. Na gestão de operações tradicional, o gestor centra sua preocupação na redução dos custos variáveis, uma vez que os custos “fixos” ou semifi- xos são considerados fora de seu es- copo de atuação. Essa afirmação ocorre por partir do princí- pio de que os processos são estáveis e os investi- mentos no estabelecimento do processo de bens e/ou serviços foram feitos a um longo tempo e serão lentamente depreciados. Na nova econo- mia, o custo de projeto é muito superior ao de produção, como, por exemplo, uma fábrica far- macêutica, que pode gastar facilmente US$ 500 milhões no desenvolvimento de uma nova mo- lécula (princípio ativo). Os custos de produção e distribuição do medicamento em suas caixinhas deixam de ser o mais relevante. 4. Na velha economia, os concorrentes são inimigos. Na nova economia, impera a necessidade do gestor de as operações considerarem moda- lidades de co-opetition, um neologismo que po- deria ser traduzido como “co-opetição”, ou seja, um misto entre competição (concorrência) e coo- peração, no qual não só os concorrentes deixam de ser simplesmente inimigos, como também cooperam naquilo que não seja essencial para a concorrência. Enxergam-se como “co-opetidores”. São concorrentes, mas podem perfeitamente co- laborar entre si naqueles aspectos que não este- jam ligadosa fatores diferenciadores na concor- rência, como, por exemplo, consórcio de compras em conjunto. 5. Em algumas situações (em que do- minam os custos de desenvolvimen- to e não os custos variáveis) na nova economia, o que faz a diferença para a obtenção de produtos de menor custo não é o controle mais estrito dos processos, mas obter alta produ- ção cumulativa. Imagine a Microsoft e seus produtos Win- dows e Office. O custo marginal de uma nova có- pia é pouco relevante quando comparado ao cus- to de desenvolvimento. A chave, portanto, para que esses custos sejam absorvidos rapidamente é a chegada antecipada no mercado e, se possível, um aumento o mais rápido possível do número de cópias acumuladamente vendidas. Isso explica uma alteração substancial encontrada numa sé- rie de situações quanto à gestão de qualidade na nova e na velha economia. Na velha economia, o paradigma da qualidade pregava que, se na vés- pera do lançamento de um produto um defeito fosse encontrado, o produto não deveria ser lan- çado, pois se visava a um produto lançado com nível máximo de “perfeição”. Pense, agora, num gerente de desenvolvimento de produto de uma empresa de desenvolvimento de software que, na véspera do lançamento de uma nova versão há muito esperada pelo mercado, informa ao seu presidente: “Achamos um bug. Suspendemos o lançamento?” Ora, a resposta será não! Lance o produto! O que impera é a postura de obter um produto com níveis mínimos de aceitabilidade pelo mercado, mas as pressões de tempo (para chegar a tempo no mercado) e a complexidade Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 do produto fazem com seja impossível esperar pelo produto perfeito para então lançá-lo. Se o produto foi feito dentro da orientação de permitir rapidamente correções evolutivas e lançamento de releases corretivos, com download fácil, é pos- sível até contar com os usuários como inspetores de qualidade, trazendo informações valiosas so- bre correção e melhorias do produto e/ou serviço. 1.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudamos as primeiras observações históricas de definição de serviços e a criação de valor sem a transferência de propriedade. Logo, a principal característica distinta de um serviço é que ele é uma forma de locação e não de propriedade. Os consumidores de serviços obtêm os direitos de uso de um objeto ou espaço físico, contratam o trabalho e a experiência de pessoas ou pagam pelo acesso a ambientes físicos, instalações e redes compartilhadas. Os serviços trazem os resultados ou expectativas desejados pelo cliente. Nossa meta, neste capítulo, foi traçar um panorama histórico de como a prestação de serviços foi interpretada desde a Revolução Industrial até os dias de hoje, em que ela é encarada como parte inte- grante do negócio da organização. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 1.6 Atividades Propostas 1. Defina o termo ‘serviço’? 2. Na perspectiva organizacional, o conceito de serviço é o modo como “a organização” gostaria de ter seus serviços percebidos por seus clientes, funcionários, acionistas e financiadores, po- rém nem sempre é assim. Os clientes nem sempre sabem o que uma organização está tentan- do fornecer ou a veem de seu próprio modo; da mesma forma, as organizações nem sempre entendem como seus clientes veem seus serviços. Qual é o papel do marketing nesse cenário? 3. Comente sobre os benefícios sem propriedade, na prestação de serviços. 4. Comente sobre algumas das categorias no âmbito da estrutura de não propriedade. 5. Quais são as principais características a ser destacadas sobre a nova economia? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos da questão da gestão de serviços na economia brasileira, na qual cada vez mais toma destaque, conforme o país avança como uma nação desenvolvida. Outro ponto discutido será o papel dos serviços como diferenciais competitivos para a organização, tan- to em atividades internas de apoio quanto como um centro de lucro. Agora, convidamos você a, juntos, iniciar a discussão! Importância das Atividades de Serviços A importância das atividades de serviços em nossa sociedade pode ser demonstrada por alguns fatores que propiciam o aumento da de- manda por serviços: A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS NA ECONOMIA2 a) desejo de melhor qualidade de vida; b) mais tempo de lazer; c) urbanização; d) mudanças demográficas; e) mudanças socioeconômicas; f ) aumento da sofisticação dos consumi- dores; g) mudanças tecnológicas. Paralelamente, as atividades de serviços exercem papel importante no desempenho de outros setores da economia, principalmente o industrial. Esse papel poder ser dividido em três categorias: a) como diferencial competitivo; b) como suporte às atividades de manufa- tura; c) como gerador de lucro. 2.1 Os Serviços na Economia Brasileira Em todos os países desenvolvidos, o setor de serviços ocupa posição de destaque na econo- mia. Os principais indicadores utilizados para evi- denciar esse fato têm sido os percentuais de par- ticipação do setor na ocupação de mão de obra e na geração do Produto Interno Bruto (PIB). Saiba maisSaiba mais PIB Representa a riqueza gerada em produtos e ser- viços de uma nação (visão macroeconômica) em determinado período de tempo, mas geralmente indicada de forma anual. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 No Brasil, as estatísticas não são diferentes da tendência apresentada no mundo industriali- zado. Em termos de ocupação de mão de obra, o setor de serviços vem aumentando sua participa- ção nas últimas décadas. A importância crescente dos serviços na economia brasileira é evidente, principalmente se for considerado que a classificação dos ramos de atividade utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Anuário Estatísti- co do Brasil, considera atividade industrial o com- ponente serviço do pacote formado por produtos e serviços que as empresas estão oferecendo ao mercado. Saiba maisSaiba mais Funções do IBGE O IBGE constitui o principal provedor de dados e informações do país, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal. Parece evidente, portanto, a importância de desenvolver conceitos e técnicas de adminis- tração para as operações de serviços, pelo me- nos com a mesma ênfase que tem sido dada à manufatura, para que não se corra o risco de ter a economia dominada por uma atividade pouco produtiva e vulnerável à competição internacio- nal. Como exemplo, temos o artigo de Martins e Saraiva (2012), que indica que os setores de ser- viços, juntamente ao agropecuário, alavancaram a economia brasileira no segundo trimestre de 2012. 2.2 Os Serviços como Diferenciais Competitivos Segundo Porter (1986), há três estratégias genéricas que uma empresa pode utilizar para competir nos mercados: a) Liderança em custos – através de eco- nomia de escala, redução de custos pela experiência, minimização de custos em áreas como pesquisa e desenvolvimen- to, serviços, vendas, publicidade, entre outras. b) Diferenciação – através da criação de algo que o setor industrial como um todo perceba como sendo exclusivo, como, por exemplo, projeto, imagem da marca, tecnologia, serviço ao con- sumidor, rede de distribuição, entre outros. c) Foco – através do atendimento exce- lente, em qualidade, serviços e custos, é um segmento de mercado restrito e bem definido. Mais especificamente, Porter (1986) estabe- lece algumas dimensões a partir das quais uma empresa pode montar suas opções estratégicas: a) Especializaçãoem uma linha de pro- dutos e/ou segmento de mercado; b) Identificação da marca, principalmen- te através da publicidade; Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 c) Integração vertical, ou seja, para fren- te ou para trás (fluxo de produção pu- xada); d) Seleção de canais de distribuição; e) Qualidade do produto e liderança tec- nológica; f) Políticas de preços e posicionamento de custos, tanto no que ser refere à ma- nufatura, distribuição ou serviços asso- ciados; g) Serviços associados ao produto, como suporte ao projeto, assistência técnica, crédito, entre outros; h) Alavancagem financeira e operacional; i) Relacionamento com a matriz e com instituições governamentais. Fica evidente o reconhecimento das ope- rações de serviços como fator de diferenciação competitiva, constante em mais de uma das di- mensões propostas para análise do poder de competitividade. O valor fornecido como principal critério de escolha de fornecedores por parte do consumi- dor será avaliado como a diferença entre o valor percebido pelo consumidor e o preço pago pelo produto. Segundo Kotler (2000), o preço para o consumidor não consiste apenas no valor mone- tário pago, mas também nos custos de tempo, energia e desgaste psicológico incorridos no pro- cesso de aquisição do produto. Por outro lado, o valor percebido é formado pela soma de quatro fatores: a) produto; b) serviço; c) pessoal; d) imagem. O aumento do poder de competitividade, portanto, pode ser atingido por ambos: o aumen- to do valor percebido e/ou a diminuição do preço (conceito ampliado) pago pelo consumidor. Já a relevância estratégica dos serviços varia confor- me o tipo de produto fabricado, o tipo de merca- do em que a empresa atua, além de outros fato- res. Todavia, parece claro que qualquer empresa que deixe de se preocupar com os serviços que acompanham seus produtos arrisca-se a ter sua posição competitiva seriamente ameaçada. Não há melhor garantia de sucesso em lon- go prazo do que simplesmente fazer os produtos melhor do que ninguém. Essa importante vanta- gem competitiva é, em grande parte, responsabi- lidade da manufatura, ou seja, da função de ope- rações. Fazer os produtos de forma melhor pode significar: a) qualidade; b) custos; c) tempo; d) confiabilidade; e) flexibilidade. Uma análise desses critérios e das compe- tências que a empresa tem que ter para obter um bom desempenho na maioria deles mostra a im- portância das operações de serviços como ativi- dades de apoio à função de manufatura. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Outro indicador da importância crescente dos serviços decorre da nova forma de pensar as operações dentro das organizações, com a intro- dução do conceito de cliente interno. Diversas subdivisões funcionais (por exem- plo, gerências, departamentos ou seções), em empresas de manufatura ou serviços, executam atividades de apoio que podem ser considera- das serviços, caracterizando uma relação cliente- -fornecedor interno. A boa gestão dessa relação poderia contribuir com a quebra das barreiras or- ganizacionais, gerando a integração das diversas funções da empresa e concorrendo para o alcan- ce de seus objetivos estratégicos. O setor de Recursos Humanos, por exem- plo, executa serviços de recrutamento, seleção e treinamento de novos funcionários, atendendo às solicitações de diversos outros setores dentro da empresa. Suas atividades podem incluir: a) a interpretação das necessidades de um cliente interno, traduzindo-as em especificações das aptidões necessárias para ocupar determinado cargo; b) a identificação de candidatos para ocu- par a vaga; c) o desenvolvimento e a aplicação de métodos de avaliação; d) o treinamento do novo funcionário nas atividades de seu novo cargo. Para cada uma dessas atividades, existem requisitos de qualidade, prazo e custos, os quais podem ser as bases para sua própria avaliação de desempenho. Clientes internos diferentes dentro da empresa podem requerer níveis de serviço di- ferentes dos níveis do setor de Recursos Huma- nos. Para o setor de Produção, por exemplo, pode ser muito importante a rapidez no atendimento às suas solicitações de novos operários, para atender a um aumento repentino na demanda, 2.3 Os Serviços como Atividades Internas de Apoio enquanto, para o setor de Manutenção, em certo momento, pode ser mais relevante a competên- cia de encontrar um especialista na manutenção de determinado equipamento. Do bom desem- penho do setor de Recursos Humanos em rela- ção a determinados critérios, depende, em parte, o desempenho de seus clientes internos na em- presa. Relação Supervisor-Subordinado O conceito de cliente interno pode ser apli- cado a qualquer interface supervisor-subordina- do em que, por um lado, o supervisor é um clien- te do subordinado, que executa algumas funções que estão sob a responsabilidade do primeiro, e, por outro, o subordinado é um cliente do super- visor, que lhe deve dar apoio para a execução de suas funções. O reconhecimento da relação fornecedor- -cliente, como forma de integração das diversas funções da empresa, visando a atingir os objeti- vos estratégicos desta, sugere a necessidade da gestão estratégica das operações de serviços exe- cutadas pelos diversos setores responsáveis. Em outras palavras, cada setor passa a ter seus objeti- vos estratégicos, definidos em função do nível de serviço requerido por seus clientes, necessitando coordenar e integrar suas próprias subfunções, para o alcance desses objetivos. A gestão dos ser- viços internos pode envolver capacitações por vezes não encontradas nos quadros da empresa. A incapacidade ou inconveniência de gerenciar alguns serviços executados internamente tem le- vado muitas empresas a contratar esses serviços externamente, numa tendência denominada “ter- ceirização”. Assim, fica clara a importância de geren- ciar os serviços internos por meio de um enfoque baseado nas necessidades dos usuários desses serviços. Todos os serviços internos devem estar, Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 portanto, visando ao atendimento do consumi- dor final da empresa. Mas como administrar os serviços internos, de modo a garantir que todos os departamentos de apoio contribuam para o desempenho ade- quado da empresa com relação aos consumido- res finais? Isso deve partir do estabelecimento da missão de cada departamento de apoio, com base em uma análise da rede interna de serviços, ga- rantindo que os objetivos de cada departamento estejam coerentes com os objetivos estratégicos da empresa como um todo. Este seria o enfoque da gestão estratégica de serviços, na qual iremos tratar da prestação de serviço como um centro de lucro da organização. 2.4 Os Serviços como Centros de Lucro Uma tendência que tem sido verificada nos últimos anos é a de que muitos serviços que ori- ginalmente foram criados para auxiliar o processo de comercialização de bens, denominados servi- ços facilitadores, passaram a ser oferecidos como atividades geradoras de lucro para as empresas, inclusive gerando a criação de unidades de negó- cio separadas das organizações que lhes deram origem. Esses serviços podem ser de consultoria, crédito, transporte e distribuição, instalação, trei- namento, manutenção, entre outros. A tendência de criação de unidades inde- pendentes deve-se ao reconhecimento de que a gestão de operações de serviços exige um foco diferenciado em relação à gestão da manufatura. Isso torna conveniente a separação, para que a gestão do serviço não seja influenciada pela cul- tura tradicional da matriz manufatureira, princi- palmente quando asoperações de serviços estão inseridas em um mercado competitivo. 2.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudamos vários aspectos que demonstram que a prestação de serviços toma cada vez mais destaque na gestão da organização, tanto em âmbito competitivo no mercado externo quanto no conceito de atender às necessidades internas da organização, com o tratamento de cada elo como cliente interno, tendo, com isso, toda a dinâmica de trato da satisfação como se esse cliente fosse externo à organização. Nossa meta, neste capítulo, foi destacar como a gestão de prestação de serviços está embutida no dia a dia, principalmente das grandes organizações, tanto externa quanto internamente, no trato de clientes internos. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 1. Segundo Porter (1986), em uma visão dos serviços como diferenciais competitivos, existem três estratégias genéricas que uma empresa pode utilizar para competir nos mercados. Quais são essas estratégias? 2. Quais são as dimensões que Porter (1986) estabelece, a partir das quais uma empresa pode montar suas opções estratégicas? 3. Segundo Kotler (2000), o valor fornecido como principal critério de escolha de fornecedores não consiste apenas no valor monetário pago. No que ele também consiste? 4. Explique a relação supervisor-subordinado referente ao conceito de cliente interno. 5. Cite exemplos de setores dentro das organizações que se tornaram atividades geradoras de lucro. 2.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos da questão em- presarial de prestar um serviço excelente ao con- sumidor e, ao mesmo tempo, ter uma organiza- ção lucrativa. Os Serviços fazem parte do nosso Dia a Dia Como consumidores, todos os dias, utiliza- mos serviços. Acender a luz, ouvir rádio, falar ao telefone, pegar um ônibus, cortar o cabelo e en- viar roupas à lavanderia são todos exemplos de consumo de serviços em nível individual. A ins- tituição de ensino em que você está estudando é, em si, uma complexa organização de serviços. Além dos serviços educacionais, as instalações das faculdades e universidades de hoje normal- mente incluem bibliotecas, lanchonetes, serviços de aconselhamento, escritórios de colocação pro- fissional, uma livraria, serviços de fotocópia, tele- fones, conexão com a internet e, talvez, até mes- mo um banco. Empresas e outras organizações também dependem de um amplo conjunto de serviços, pois, em geral, a escala de suas ativida- des de compra é muito maior do que a de indiví- duos ou domicílios. Infelizmente, nem sempre os clientes estão contentes com a qualidade e o valor dos serviços que recebem. Eles reclamam de entregas atra- sadas, funcionários incompetentes, horário de funcionamento inconveniente, procedimentos desnecessários e complicados, filas longas e uma profusão de outros problemas. Mas, às vezes, o conjunto de preocupações dos fornecedores de AS OPERAÇÕES DE SERVIÇOS3 serviços, que quase sempre enfrentam concor- rência acirrada, parece ser muito diferente. Muitos proprietários e gerentes queixam-se da dificulda- de de obter lucro, de achar pessoal qualificado e motivado, e de agradar seus clientes. Felizmente, alguns fornecedores sabem como agradar seus clientes e, ao mesmo tempo, operar de forma produtiva e lucrativa, com fun- cionários motivados e competentes. Saiba maisSaiba mais Código de Defesa do Consumidor O consumidor tem um forte aliado para defender seus direitos quanto a produtos e serviços: a Lei Fe- deral nº 8.078/1990 – Código de Defesa do Consu- midor. Para obter uma cópia dessa lei em formato PDF, vi- site o site: http://www.procon.sp.gov.br/categoria. asp?id=292. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Mudanças no Setor de Serviços O setor de serviços está passando por uma mudança quase revolucionária, que afeta drasti- camente o modo como vivemos e trabalhamos. Novos serviços são lançados continuamente para satisfazer nossas necessidades existentes e outras que nem sabíamos existir. Há menos de 10 anos, poucas pessoas preveriam a necessidade de e- -mail, serviços bancários on-line, hospedagem de sites na web e muitos outros serviços. Hoje, a maioria das pessoas acha que não pode passar sem eles. O tamanho das organizações de serviços varia muito. Em uma extremidade da escala, estão as gigantescas corporações internacionais que operam setores como transporte aéreo, bancário, seguros, telecomunicações e hotéis. Na outra ex- tremidade, existe um vasto conjunto de peque- nas empresas de propriedade e operação locais, incluindo restaurantes, óticas, salões de beleza e numerosos outros serviços. Segundo Lovelock e Wirtz (2006), o setor de serviços é de uma diversidade notável. Com- preende um amplo conjunto de indústrias que vendem para consumidores individuais e empre- sariais, bem como para agências governamentais e organizações sem fins lucrativos. O setor de serviços está crescendo em qua- se todas as economias do mundo. À medida que uma economia nacional desenvolve-se, a partici- pação relativa do emprego entre os setores agrí- cola, industrial e de serviços muda drasticamente. Em diversos países, o aumento da produti- vidade e da automação na agricultura e na indús- tria, combinado com a demanda crescente por serviços novos e tradicionais, resultou no aumen- to contínuo, ao longo do tempo, da porcentagem de mão de obra que é empregada em serviços. Há um setor de serviços oculto em muitas corpora- ções de grande porte, que são classificadas pelos profissionais de estatística governamental como 3.1 A Função das Operações pertencentes ao setor manufatureiro, agrícola ou de recursos naturais. Esses serviços, denomina- dos serviços internos, abrangem uma vasta gama de atividades, incluindo recrutamento, serviços jurídicos e contábeis, administração de folha de pagamento, serviços de limpeza de escritórios, jardinagem e manutenção de exteriores, geren- ciamento da cadeia de suprimentos, propaganda e muitos outros tipos de serviço. Cada vez mais, as organizações preferem terceirizar os serviços internos, que podem ser executados com maior eficiência por empresa especializada. O setor terciário ou de serviços vem tendo participação crescente no PIB das grandes econo- mias mundiais. Estatísticas recentes indicam que 70% do produto nacional bruto e dos empregos nos Estados Unidos estão no setor de serviços. No Brasil, ocorre a mesma tendência. Assim, para formular a estratégia de marketing de serviços, a empresa deve levar em consideração as suas 11 características específicas, a saber: a) intangibilidade: o serviço não tem apa- rência nem consistência física; b) variabilidade: por ser realizado por pes- soas, torna-se difícil manter alto grau de padronização permanente; c) perecibilidade: é impossível armazenar o serviço; d) ausência de estoque: característica de- corrente de sua perecibilidade; e) o cliente não pode obter a propriedade sobre os serviços; f ) simultaneidade entre produção e con- sumo; g) envolvimento do cliente no processo; h) as pessoas constituem parte do serviço; i) dificuldade para os clientes avaliarem; j) importância do tempo; k) o sistema de entrega pode ser feito por meio de um canal físico ou eletrônico. Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 O setor de serviços é muito variado, incluin- do a área governamental, com tribunais, hospitais, agências reguladoras, serviços militares, política, bombeiros, correios e escolas. A área de Organiza- ções Não Governamentais (ONGs), com museus, instituições de caridade,igrejas, universidades, fundações e movimentos ecológicos, também faz parte do setor. Boa parte da área empresarial também está incluída, como bancos e serviços fi- nanceiros, companhias aéreas e a indústria de tu- rismo, consultorias de todos os tipos, escritórios e atividades de profissionais liberais. 3.2 As Especificidades dos Serviços em Relação à Manufatura O Ambiente Competitivo dentro das Empresas As empresas, vivendo num ambiente com- petitivo como o de hoje e do futuro, visam a ofe- recer a seus clientes um “pacote de valor”. Esse pacote inclui parcelas normalmente consideradas serviços e parcelas normalmente consideradas bens físicos ou “produtos”. Uma empresa aérea oferece predominantemente valor relacionado a transporte, mas, no pacote de valor, oferece tam- bém uma revista, refeições e, possivelmente, ou- tros bens físicos. Uma concessionária de veículos oferece o serviço de diagnóstico e instalação, mas vende também as peças sobressalentes necessá- rias, que são bens físicos. Nota-se que a parcela do valor oferecido referente aos bens físicos e aos serviços varia conforme o negócio analisado. O fato de a maioria das empresas oferecer um pacote de valor que inclui serviços e produ- tos físicos implica que o gestor de suas operações não pode esquivar-se de gerenciar tanto as ope- rações que geram a parte de serviços quanto as operações que geram a parte de produto físico. Tradicionalmente, os autores colocam três principais diferenças entre produtos e serviços: a) serviços devem ser produzidos e con- sumidos simultaneamente e produtos não; b) serviços precisam da presença do clien- te para ser produzidos e produtos não; c) serviços são intangíveis e produtos são tangíveis. Dentro desse contexto, a palavra ‘qualida- de’ tem duplo sentido. Pode significar um pro- duto “bem produzido”, com pequeno número de defeitos de fabricação e poucos consumidores reclamando das mercadorias. O segundo con- ceito da qualidade refere-se à qualidade perce- bida pelo consumidor. Ele é quem decide o que é qualidade. Tanto é que um bom procedimento é, antes de pensar em como realizar as etapas de produção, entender como o consumidor percebe o produto. O termo ‘qualidade’, para o marketing, costuma ser associado à qualidade em serviços. De acordo com Corrêa e Caon (2006), a im- portância do conceito do serviço num mundo crescentemente turbulento, em que a mudança é a regra, mais que a exceção, é a de prover uma base de estabilidade dentro da qual a flexibilida- de possa acontecer. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Recompensas do Marketing Eficaz Todos os produtos entregam benefícios aos clientes que os compram e os utilizam. No caso dos bens, os benefícios vêm da propriedade de objetos ou dispositivos físicos, ao passo que, em serviços, os benefícios são criados por ações ou desempenhos. O ambiente dinâmico de serviços existente hoje recompensa o marketing eficaz. Entre os aspectos fundamentais para competir de maneira eficaz nesse ambiente desafiador e em contínua evolução, estão as habilidades em estratégia e execução de marketing, áreas em que muitas empresas de serviços têm sido tradicional- mente fracas. O marketing pode ser visto de diversas formas. Pode ser considerado um esforço estra- tégico e competitivo perseguido pela alta admi- nistração; um conjunto de atividades funcionais, incluindo política de produto, determinação de preço, entrega e comunicações, desenvolvidas por gerentes de produto; ou uma orientação di- rigida ao cliente e adotada por toda a organiza- ção. Grönroos (1995) argumenta que a função do marketing de serviços é muito mais ampla do que as atividades tradicionais do Departamento de Marketing de Produto, o que exige colaboração mútua entre os profissionais de marketing e os gerentes responsáveis por operações e recursos humanos. Embora ainda seja muito importante dirigir uma operação eficiente, só isso já não é mais sufi- ciente para ter sucesso. Os profissionais da empre- sa devem ser orientados para o serviço ao cliente, além de se preocupar com a eficiência. O produto que é serviço deve ser talhado segundo as neces- sidades do cliente, ter um preço realista, ser distri- buído por canais convenientes e ser promovido ativamente entre os clientes. A organização deve estar continuamente atenta às tendências do ta- manho e da estrutura de cada mercado no qual seus serviços concorrem. E, muito importante, a 3.3 A Interface com a Função de Marketing organização deve monitorar o que seus concor- rentes estão fazendo e ter uma clara estratégia para conquistar e manter vantagem competitiva. Hoje, muitos dos novos concorrentes no merca- do têm evitado competir de igual para igual com empresas estabelecidas e estão posicionando seus serviços de modo a atrair segmentos especí- ficos de mercado. Embora seja útil distinguir entre marketing de bens e de serviços, também é importante reco- nhecer que há diferenças relevantes de marketing entre os próprios serviços. O modo tradicional de agrupar serviços é por setor. Gerentes de serviços podem dizer: “Estamos no negócio de transporte (ou de hotelaria, ou bancário, ou de telecomuni- cações)”. Esses agrupamentos ajudam a definir os produtos principais oferecidos pela empresa e a entender as necessidades dos clientes e também a concorrência. Contudo, essa maneira de enca- rar o assunto pode provocar uma visão em túnel. Uma característica típica de empresas de serviços inovadoras é que seus gerentes estão dispostos a examinar o que existe fora de seus próprios se- tores, em busca de estratégias eficazes que eles possam adaptar e utilizar em suas próprias orga- nizações. Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 As Cinco Categorias do Produto ou Serviço Puro O serviço pode ser a parte majoritária ou minoritária do total ofertado aos clientes. Podem ser identificadas cinco categorias, que vão do pro- duto “puro” ao serviço “puro”: 1. bem tangível: a oferta consiste princi- palmente em um bem tangível, como sabão, creme dental ou sal, não haven- do nenhum tipo de serviço associado ao produto. Em geral, é de baixo valor agregado, o que torna oneroso investir em algo além do produto básico. Da mesma forma, a compra destes pro- dutos é normalmente feita por autos- serviço (supermercados), por ser mais barato; 2. bem tangível associado a serviços: neste caso, associam-se um ou mais serviços ao produto físico. Em geral, quanto maior o valor agregado ou a complexidade técnica do produto, mais as vendas dependem da assistên- cia técnica, garantia, instruções de uso, treinamento de operadores e instala- ção; 3.4 Em Busca de uma Classificação para as Operações de Serviços 3. oferta híbrida: consiste tanto em bens quanto em serviços. Atividades de lazer e entretenimento normalmente se en- quadram nesta categoria. A maior difi- culdade de gerenciamento é manter o mesmo posicionamento e padrão de qualidade para o tangível e o intangí- vel; 4. serviço principal associado a bens ou serviços secundários: a oferta de serviço apresenta bens intangíveis que complementam e apoiam o principal; 5. serviço puro: a oferta consiste princi- palmente em um serviço. São exem- plos os serviços de babá, psicoterapia e seguros. AtençãoAtenção Mesmo com essas cinco categorias, é ainda di- fícil generalizar as atividades de serviços, mas há outras classificações pertinentes. Em pri- meiro lugar, os serviços podem ser baseados em equipamentos (lavagem automática de automóveis) ou em pessoas (contabilidade e cabeleireiro). Os desse último tipo podem ser divididos naqueles que não requerem nenhu- ma qualificação e naqueles que requerem pes- soal especializado.3.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudamos as várias formas de classificar bens, serviços e casos híbridos, ou seja, quando é fornecido um produto com uma parcela de serviço e vice-versa. Nossa meta, neste capítulo, foi dar ferramental para podermos identificar se uma determinada oferta do mercado é um produto, um serviço ou um híbrido. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 1. De qual ferramenta o consumidor pode se valer para defender seus direitos quanto a produtos e serviços? 2. Dentro das corporações de grande porte dos setores primário e secundário, ou seja, manufa- tureiro, agrícola ou de recursos naturais, existe o emprego de mão de obra em serviços. Quais são esses profissionais? 3. Quais são as 11 características específicas dos serviços? 4. Quais são as três principais diferenças entre produtos e serviços? 5. O serviço pode ser a parte majoritária ou minoritária do total ofertado aos clientes. Quais são as cinco categorias, que vão do produto “puro” ao serviço “puro”? 3.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO EM SERVIÇOS4 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos de uma das áreas centrais da gestão de operações de serviços: a provisão e a gestão da capacidade produtiva, de- finindo a estrutura da operação, localização, ins- talações e redes, a fim de assegurar que o proces- so do serviço tenha recursos suficientes para lidar com os níveis previstos da demanda de clientes, de tal modo que a qualidade do serviço atenda às metas preestabelecidas, com a melhor relação custo-benefício, isto é, fazer o melhor uso dos ati- vos fixos da operação. Vamos iniciar a discussão? A Gestão da Capacidade Produtiva dos Serviços é um Assunto Crítico A prestação de serviços, quando mal utiliza- da, tem o potencial de destruir de vários modos o sucesso da organização, em longo prazo: o recurso caro que não traz receita leva a maus resultados financeiros. A linha aérea que não consegue atingir alto índice de ocupação de seus aviões não sobreviverá; em muitos serviços, os clientes suspei- tam dos serviços que parecem impopu- lares. Bancos e instituições financeiras similares constatam que alguns clien- tes não gostam de frequentar uma filial vazia e muitas pessoas que procuram um restaurante para jantar preferem os mais movimentados; os funcionários das empresas de ser- viços podem ficar desmotivados se persistir a subutilização da capacidade produtiva. O aborrecimento e a preo- cupação por seus empregos em longo prazo podem levar a más atitudes no serviço, que, novamente, levam à redu- ção da satisfação do cliente e à menor rentabilidade. 4.1 Capacidade Produtiva do Serviço Uma Definição É o nível máximo de atividade de valor agre- gado em determinado período de tempo que o processo do serviço pode atingir consistente- mente sob condições operacionais normais. É possível definir e mensurar a capacidade produtiva do nível do processo. Por exemplo: número de ligações a que um operador pode atender consistentemente no cur- so de um turno; número de refeições servidas por um restaurante durante o período do almo- ço; número de ligações de manutenção atendidas por um engenheiro de servi- ços de computadores durante 8 horas diárias. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Há quatro estratégias de capacidade pro- dutiva básicas, porém a maioria das organizações emprega um composto delas: estratégia do nível de capacidade produtiva: os recursos escassos ou ca- ros são mantidos em nível constante e a organização deve gerenciar as questões significativas da qualidade do serviço. Por exemplo: uma linha aérea espera que seus aviões voem com ocupação máxima e que os passageiros paguem as tarifas mais elevadas. A medida ope- racional chave é o “índice de ocupação dos assentos”, com a linha aérea saben- do que, se exceder certo índice (cerca de 80% para um voo internacional), es- tará obtendo lucro; estratégia de acompanhamento da demanda pela capacidade produti- va: a organização de serviço tenta, na medida do possível, igualar a oferta à demanda para dar flexibilidade à ope- ração. O principal objetivo é fornecer al- tos níveis de disponibilidade de serviço ou rápida resposta, do modo mais efi- ciente. Por exemplo: em um restaurante de fast-food, em que existem momen- tos de pico durante as horas de aten- dimento, funcionários da cozinha são remanejados para o atendimento, para adaptar ao pico de demanda de servi- ço. Como outras estratégias, podemos citar: níveis flexíveis de funcionários; uso de subcontratados ou funcionários temporários; uso de clientes como fun- cionários temporários; estratégia da gestão da demanda: em vez de alterar a capacidade produ- tiva da operação do serviço, a organi- zação influencia o perfil da demanda, “suavizando” a carga sobre os recursos. 4.2 Estratégias de Capacidade Produtiva Exemplos: estratégia de preço: fazer com que os clientes mudem para perío- dos fora do pico, como um happy hour em um bar; serviços restritos no horá- rio de pico: similar à estratégia de pre- ço, porém a meta aqui é desestimular o uso do serviço no horário de pico, como preço maior nesse horário; canais de serviços especializados: consultórios médicos oferecerem determinado ser- viço de vacinação somente em horário fora do horário de pico; propaganda e promoção: noite de autógrafos em li- vrarias, por exemplo; estratégia da zona de risco: a organi- zação esforça-se (ou não) para atender a maior demanda do que a projetada rotineiramente pelo sistema. A razão da denominação como “estratégia” é a de que, em razão do “ato de balanceamen- to” entre qualidade e produtividade do recurso, há sempre rápidos aumentos da demanda, que sobrecarregam a or- ganização. Esses gerentes de serviços necessitam de uma estratégia detalha- da para lidar com essas situações, em vez de apenas “esperar para ver o que acontece”. Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Os gerentes de operações e serviços, para aumentar a capacidade produtiva, usam como ferramentas de gestão: gestão de rendimentos (yield manage- ment); gestão de gargalos; gestão de fila; gestão da zona de risco. A gestão de rendimentos (yield manage- ment) é utilizada em hotéis e linhas aéreas. Esses tipos de organização lidam com a questão de suas capacidades serem perecíveis, pois, se os quartos do hotel não forem vendidos, por exemplo, a con- tribuição dessa venda potencial será perdida para sempre. 4.3 Obter o Máximo da Capacidade Produtiva Na gestão de gargalos, ou teoria das restri- ções, o estágio do processo com menor capacida- de de produção determina a capacidade produti- va efetiva de toda a operação. Segundo a gestão de fila, nenhuma estra- tégia de capacidade é perfeita e as filas são, ge- ralmente, inevitáveis. Podem ser filas de pessoas visíveis aos clientes e funcionários ou invisíveis, como, por exemplo, uma fila de usuários de uma central telefônica. A teoria das filas é usada para calcular o número de atendentes de uma deman- da prevista. A gestão da zona de risco é uma questão en- frentada por todos os gerentes de operações, em que é impossível prever a capacidade produtiva suficiente em todos os momentos para atender a todas as demandas dos clientes e ser rentável ao mesmo tempo. 4.4 Leiaute das Instalações e Balanceamento de Linha O Leiaute por Serviço e o Problema do Balanceamento de Linha Associado ao projeto das instalações, o leiaute, ou arranjo físico, do sistema de prestação de serviçosé tão importante para a satisfação do cliente quanto para o prestador do serviço. Ne- nhum cliente deveria ser submetido a desgastes desnecessários decorrentes de um planejamento precário das instalações. Além disso, um leiaute precário pode custar caro, devido ao tempo gasto pelos funcionários na execução de atividades im- produtivas. Alguns serviços padronizados podem ser divididos em uma sequência inflexível de eta- pas ou operações de serviços pelas quais todos os clientes devem passar. Este é um exemplo de leiaute por produto, mais frequentemente asso- ciado a linhas de montagem industriais, em que um produto é montado em uma sequência deter- minada de etapas. A analogia mais óbvia é com um restaurante de autosserviço (self-service), em que os clientes empurram as suas bandejas à fren- te conforme vão se servindo e montando a sua refeição. Gerenciar os funcionários desse serviço é dar-lhes tarefas com aproximadamente o mes- mo tempo de duração. A tarefa que exigir maior tempo por cliente formará um gargalo e definirá a capacidade da linha do serviço. Qualquer mudan- ça de capacidade na linha de serviço exigirá que se dê atenção à atividade-gargalo. Várias opções podem ser usadas: colocar mais um trabalhador no serviço; fornecer algum tipo de auxílio para re- duzir o tempo da atividade; Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 reagrupar as tarefas para criar um novo balanceamento na linha, com atribui- ções diferentes de atividades. Uma linha bem balanceada deve ter todas as atividades com durações aproximadamente iguais, para evitar ociosidades e desequilíbrios desnecessários nas atribuições de trabalhos. Vamos usar como exemplo o problema de balanceamento de linha para um serviço da área de embarque e desembarque de um aeroporto. Nesse aeroporto, quem chega de viagens interna- cionais enfrenta uma sequência de procedimen- tos de imigração e alfândega antes de poder em- barcar em um voo doméstico para casa. A Tabela 4.1 lista as atividades e seus tempos médios. Exce- to para a retirada da bagagem, as demais ativida- des devem ser desenvolvidas na sequência regis- trada. Quais são a atividade-gargalo e o número máximo de passageiros que podem ser atendidos por hora? O que você recomenda para melhorar o balanceamento desse processo? Tabela 4.1 – Rotina de aeroporto. Atividades Tempo Médio (segundos) 1 – Desembarque 20 2 – Imigração 16 3 – Retirada de bagagem 40 4 – Alfândega 24 5 – Verificar bagagem 18 6 – Embarque em voo doméstico 15 Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010, p. 251). Solução: primeiramente, deve-se desenhar o fluxograma do serviço e identificar a atividade- -gargalo. A atividade mais demorada é a “retirada da bagagem”, resultando em uma capacidade do sistema de 90 passageiros por hora. Figura 4.1 – Rotina de aeroporto. Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010, p. 251). Uma sugestão para aumentar a capacidade do sistema é duplicar a capacidade da área de re- tirada da bagagem (3) e combinar as atividades de imigração (2) e alfândega (4). Esse novo leiaute por serviço resulta na duplicação da capacidade do sistema para 180 passageiros por hora, sendo mostrado no fluxograma da Figura 4.2. Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Figura 4.2 – Rotina de aeroporto. Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010, p. 251). 4.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, verificamos a importância de levar em consideração a capacidade produtiva de um serviço, além de outras questões que têm impacto direto na capacidade produtiva, como estrutura da operação, localização, instalações e redes. Nossa meta, neste capítulo, foi dar ênfase à forma de calcular a capacidade produtiva de um ser- viço, para garantir sua utilização de modo racional, com foco na satisfação do cliente, e dar a melhor lucratividade para a organização. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 4.6 Atividades Propostas 1. Fazer um exame médico em um consultório envolve uma série de etapas. A Tabela 4.2 lista essas atividades e seus tempos médios. As atividades podem ocorrer em qualquer ordem, mas a consulta médica deve ser a última. Três enfermeiras são designadas para desempenhar as atividades 1, 2 e 4. Tabela 4.2 – Exame médico. Atividades Tempo Médio (minutos) 1 – Pressão sanguínea, peso, temperatura 06 2 – Histórico médico 20 3 – Exame médico 18 4 – Exames laboratoriais 10 5 – Consulta médica 12 Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010, p. 253). Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 a) Quais são a atividade-gargalo e o número máximo de pacientes que podem ser atendidos por hora? b) Sugira a realocação de enfermeiras e/ou das atividades médicas que poderia resultar no aumento da capacidade do serviço e desenhe o diagrama de fluxo por produto. Qual é a capacidade resultante no sistema aprimorado? 2. Uma cafeteria escolar é operada por cinco pessoas, que realizam as atividades listadas na Tabe- la 4.3, com os seguintes tempos médios: Tabela 4.3 – Cafeteria. Atividades Tempo Médio (segundos) 1 – Servir saladas e sobremesas 10 2 – Servir bebidas 30 3 – Servir a entrada 60 4 – Servir vegetais 20 5 – Registrar e receber o pagamento 40 Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010, p. 253). a) Quais são a atividade-gargalo e a capacidade do serviço por hora? b) Sugira uma realocação das atividades que possa aumentar a capacidade usando apenas quatro funcionários e desenhe o diagrama de fluxo por produto. Qual é a capacidade resul- tante de sua melhoria no sistema? 3. A cada outono, voluntários aplicam vacinas em um supermercado local. O processo envolve as quatro etapas da Tabela 4.4: Tabela 4.4 – Aplicação de vacina. Atividades Tempo Médio (segundos) 1 – Recepcionar 30 2 – Verificar alergia a drogas 60 3 – Preencher formulário e assinar 45 4 – Aplicar a vacina 90 Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010, p. 253). a) Quais são a atividade-gargalo e o número máximo de pessoas que podem ser vacinadas por hora? b) Se uma quinta pessoa for designada para auxiliar na aplicação de vacinas, qual atividade seria agora o novo gargalo? Como essa reorganização influenciou a capacidade do siste- ma? c) Com o uso de cinco voluntários, sugira uma realocação das atividades que possa resultar em um aumento na capacidade do serviço e desenhe um diagrama de fluxo por produto. Qual é a capacidade resultante de sua melhoria no sistema? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos de como a or- ganização, representada pelo Departamento de Marketing, cria técnicas para medir o grau de sa- tisfação dos serviços prestados e, com isso, repen- sar a prestação de serviços da organização, para que ela entre em ciclo virtuoso de atendimento aos clientes. Convidamos você a discutir as técni- cas e pontos básicos que devem ser levados em consideração sobre o comportamento do consu- midor de serviços! O Comportamento do Consumidor está no Coração do Marketing Entender o comportamento do consumi- dor está no coração do marketing. Um aspecto importante é que há diferenças acentuadas entre encontros de alto e baixo contato entre clientes e organizações de serviços. Alguns serviços, como restaurantes, hospitais e empresas aéreas, reque- rem que os clientes tenham contato ativo com a organização, incluindo visitas às suas instalações e interações pessoais com seus profissionais. Ao contrário, clientes de setores de serviços como empresas de seguros e de TV a cabo raramente visitam, se é que o fazem, os escritórios dos for- necedores e só precisam contatar um funcionário quando algo dá errado; nesse caso, o mais prová- vel é que falem comalguém por telefone ou en- viem uma carta ou e-mail. O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE SERVIÇOS5 Em geral, os clientes acham difícil avaliar serviços antes da compra, mas sempre têm certas expectativas. Tão logo um cliente compre um ser- viço, os profissionais de marketing precisam exa- minar o seu comportamento de utilização: como ele interage com instalações de serviço, pessoal de serviço e até mesmo com outros clientes, em especial no caso de serviços de alto contato. Por fim, é claro, os profissionais de marketing estão in- teressados em saber se a experiência de receber o serviço e seus benefícios atendeu às expectativas do cliente. Saiba maisSaiba mais Medir a satisfação do cliente Esta é uma ferramenta fundamental para o Depar- tamento de Marketing e toda a organização, a fim de avaliar de que forma o cliente “vê” a prestação de serviço ofertada pela empresa. Isso porque a presta- ção de serviço tem que ser executada para o cliente poder ter condições de avaliá-la, comparando com o que ele tinha como expectativa. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Quando decidem comprar um serviço para atender a uma necessidade não satisfeita, os clientes passam por um processo de compra, muitas vezes complexo. Esse processo tem três estágios identificáveis: a) estágio de pré-compra; b) estágio do encontro do serviço c) estágio de pós-compra. Cada um deles contém duas ou mais eta- pas. Quando não se sentem confortáveis com os riscos, os clientes podem utilizar vários métodos para reduzi-los durante o estágio de pré-compra. Na verdade, é provável que você mesmo(a) já te- nha tentado algumas das seguintes estratégias de redução do risco antes de decidir comprar um serviço: a) procurar informações de fontes pes- soais respeitadas; b) confiar em uma empresa que tem boa reputação; c) procurar garantias financeiras e mate- riais; d) visitar instalações de serviço ou expe- rimentar aspectos do serviço antes de comprá-lo; 5.1 Participantes do Processo de Compra e) consultar funcionários instruídos sobre os serviços concorrentes; f ) examinar indícios tangíveis ou outras evidências físicas; g) usar a web para comparar ofertas de serviço. Após tomar uma decisão de compra, os clientes experimentam outros contatos com o prestador de serviços que escolheram. O estágio de encontro de serviço frequentemente começa quando o cliente apresenta uma solicitação, faz uma reserva ou faz um pedido. Muitas vezes, es- ses clientes experimentam uma variedade de ele- mentos durante a entrega do serviço e cada um deles pode lhes dar indícios sobre sua qualidade. Durante o estágio de pós-compra, os clien- tes continuam o processo que começaram no es- tágio do encontro do serviço: avaliar a qualidade do serviço e sua satisfação ou insatisfação com a experiência de serviço. Os clientes avaliam a qua- lidade do serviço comparando o que esperavam com o que percebem que recebem de determina- do fornecedor. Caro(a) aluno(a), cabe ao Departa- mento de Marketing da organização criar meios para coletar a opinião formada do cliente sobre a qualidade percebida do serviço prestado. 5.2 Os Clientes Interagem com Operações de Serviço Com exceção dos produtos elaborados sob encomenda, é raro que clientes envolvam-se na produção de bens manufaturados além de retirá- -los da embalagem, fazer algum tipo de monta- gem ou colocá-los para funcionar. Contudo, uma das características diferenciadoras de serviços é saber até que ponto os clientes participam do processo de criação e de entrega do serviço. O desafio para os profissionais de marketing de ser- viços é entender como é essa experiência para os clientes. Um encontro de serviço é um período de tempo durante o qual os clientes interagem dire- tamente com um serviço. Embora alguns encon- tros de serviço sejam muitos breves e consistam em apenas algumas etapas descontínuas de en- Gestão de Operações em Serviços Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 trega, outros podem se estender por um período de tempo mais longo e envolver várias etapas. É difícil melhorar a qualidade e a produtivi- dade dos serviços sem entender totalmente o en- volvimento do cliente em determinado ambiente de serviço. Acelerar processos e eliminar etapas desnecessárias para evitar perda de tempo e es- forço frequentemente são modos importantes para uma empresa melhorar o valor percebido de seu serviço. 5.3 Fatores que Influenciam o Comportamento do Consumidor As expectativas dos clientes sobre o que constitui um bom serviço variam de uma empresa para outra. Expectativas também tendem a variar em relação a provedores de serviços cujos posi- cionamentos são diferentes em um mesmo setor. Assim, é muito importante que os profissionais de marketing entendam as expectativas dos clientes em relação às ofertas de serviço de suas próprias empresas, em especial no que se refere ao desem- penho em elementos específicos de produto. As expectativas mudam ao longo do tem- po, influenciadas por fatores controlados pelo fornecedor, como propaganda, determinação de preços, novas tecnologias e inovações em servi- ços, bem como por tendências sociais, organiza- ções de defesa do consumidor e mais acesso a in- formações pela mídia e pela internet. Quando se levam em consideração as expectativas dos clien- tes, pode-se dizer que elas abrangem diversos elementos, incluindo serviço desejado, serviço adequado, serviço previsto e uma zona de tole- rância que fica entre os níveis de serviço desejado e serviço adequado. A zona de tolerância pode aumentar ou diminuir conforme o cliente indivi- dual, dependendo de fatores como concorrência, preço e importância de atributos de serviço espe- cíficos. 5.4 O Processo de Decisão de Compra Os clientes compram bens e serviços para suprir necessidades específicas. Muitas vezes, as necessidades estão profundamente enraizadas no inconsciente das pessoas e podem se referir a questões existenciais e de identidade que sub- sistem há muito tempo. Quando sentem uma ne- cessidade, as pessoas ficam motivadas a agir de modo a satisfazê-la. Em muitas ocasiões, elas po- dem sentir que a compra de um bem ou serviço oferece a melhor solução para satisfazer aquela necessidade particular. Em economias desenvolvidas, muitos con- sumidores têm grande parte dos bens físicos que querem e estão se voltando para serviços para satisfazer novas necessidades ou as que ainda não foram satisfeitas. O aumento da parcela do rendimento do consumidor em dispêndio de fé- rias mais elaboradas, esportes, entretenimento, refeições em restaurantes e outras experiências de serviços está conquistando prioridade, em pa- ralelo ao desejo de gastar um pouco menos em bens físicos. Eduardo Ferreira Blatt Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Os tipos de encontro que ocorrem durante a entrega de um serviço dependem, em grande parte, do nível de contato que os clientes têm com o provedor. Uma empresa de serviços pode ser vista como um sistema composto de três ele- mentos sobrepostos: operações de serviço, por meio das quais os insumos são processados e os elementos do produto que é serviço são criados; entrega de serviço, durante a qual ocor- re a montagem final desses elementos e o produto é entregue ao cliente; marketing de serviços, que abrange to- dos os pontos de contato com clientes, incluindo propaganda, cobrança e pes- quisa de mercado. 5.5 A Relação Entre a Empresa de Serviços e o Cliente AtençãoAtenção Associação Brasileira de Marketing & Negó- cios (ABMN) Fundada em 4 de novembro de 1971, a ABMN é uma entidade sem fins lucrativos que reúne profissionais de marketing e áreas afins. A enti- dade tem procurado
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