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ABORDAGEM PSICANALÍTICA (1)

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ABORDAGEM PSICANALÍTICA 
Sigmund Freud
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Sigmund Freud (1856-1939) é considerado o pai da psicanálise. Sua teoria estuda o funcionamento e a estrutura da personalidade, utilizando uma técnica psicoterapeuta específica. Ele investigou os processos mentais e criou o que hoje é conhecido como técnica psicanalítica para o tratamento de distúrbios neuróticos. 
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Em seus estudos sobre o desenvolvimento psicológico, Freud identificou 5 fases psicossexuais distintas: oral, anal, fálica, latência, genital. 
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Outra descoberta importante de Freud é o inconsciente. Atualmente é fácil aceitar a idéia de inconsciente, mas não foi assim tão fácil nas etapas iniciais do desenvolvimento da psicanálise. Esta descoberta junta-se a mais duas para ferir o homem em seu narcisismo: Copérnico com o centro do universo e Darwin ao definir a origem das espécies na luta pela vida.
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Educação
“ Vamos deixar claro para nós mesmos qual a tarefa mais imediata da Educação. A criança deve aprender a dominar seus instintos”.
“É impossível lhe dar liberdade para seguir sem restrições seus impulsos. Seria uma experiência muito instrutiva para os psicólogos de crianças, mas os pais não poderiam viver, e as crianças mesmas teriam grande prejuízo, de imediato e com o passar do tempo”. 
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Logo, a Educação tem que inibir, proibir, reprimir, e assim fez em todos os tempos.” (Freud, Conferências Introdutórias à Psicanálise)
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Quando nasceu a psicanálise, os educadores progressistas se entusiasmaram com a possibilidade de uma nova pedagogia, que, possuindo mais compreensão e concedendo mais liberdade à criança, impedisse o surgimento de angustias e neuroses. 
Com o aprofundamento da pesquisa psicanalítica, logo se percebeu que essa esperança era pouco realista.
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A ausência de restrições e de orientação pode produzir delinqüentes em vez de crianças saudáveis. As angústias são inevitáveis: mesmo a infância mais feliz tem seu grão de angústia. 
Mas a repressão excessiva dos impulsos, bem como sabemos, pode dar origem a distúrbios neuróticos. 
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O problema, portanto, é encontrar um equilíbrio entre proibição e permissão. 
A missão da educação é ajudar as crianças a se transformarem em cidadãos capazes de amar e trabalhar. 
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Educação
Embora Freud não tenha escrito um volume específico sobre a educação, este tema vai permear toda a sua obra, pois, ele entende que o funcionamento do psíquico pode ser fruto direto das influências educativas que o indivíduo recebe. 
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Ele gostava de pensar nos determinantes psíquicos que levam alguém a ser um “desejante do saber”, como os cientistas e as crianças pequenas. Estudar este processo em uma perspectiva freudiana significa estudar e entender o processo ou a razão pela qual os sujeitos se sentem motivados para o conhecimento. 
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O desejo de saber
Abordar este tema partindo das idéias de Freud, é pensar na pergunta: o que se busca quando se quer aprender algo? 
Por que a criança pergunta tanto?
A criança que pergunta por que chove? Por que existe dia e noite?etc.. na verdade está interessada em 2 porquês fundamentais: por que nascemos e por que morremos, ou de onde viemos e para onde vamos. 
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Na gênese dessas preocupações está a busca das crianças em compreender seu lugar sexual no mundo ( lugar de menino/menina; feminino/masculino). É o momento em que a criança descobre que o mundo se divide em homens e mulheres, ou seja, seres com pênis e seres sem pênis. 
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A compreensão da diferença causa angustia que impulsiona a criança a querer saber mais. 
As perguntas sobre a origem das coisas estariam na base das investigações sexuais infantis. Mas a criança que vai à escola para aprender a ler e escrever não apresenta aparentemente nenhuma dessas preocupações. Nesta fase a investigação sexual cai sob o domínio da repressão. Toda ela? Não. Parte dela sublima-se. 
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Freud poderia ser identificado com um pedagogo clássico, que também via na criança um mal originário, como os educadores religiosos acreditavam: como um pecado original. Então se afastaria de Rousseau que considerava que a criança é originalmente boa e a cultura a subverte. 
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No entanto, ele se afasta da pedagogia clássica ao considerar que não se deve “acabar” com o mal, mas sim utilizá-lo em direção aos valores superiores, aos bens culturais de produção socialmente útil. 
“ Sem perversão não há sublimação. E sem sublimação não há cultura.” 
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Sublimação.
O conceito de sublimação é importante no entendimento do desenvolvimento do conhecimento nesta abordagem.
De acordo com Rappaport (1981), a sublimação é o mecanismo de defesa ( processo psíquico cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da percepção do consciente) mais evoluído e é característico do indivíduo “normal”. 
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De acordo com Kupfer, uma pulsão (desejo) é dita sublimada quando deriva para um ato não-sexual. Também visa objetos socialmente valorizados. A energia que empurra a pulsão é sexual (libido), porém o objeto não é mais. 
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Os desejos afetivos, que são considerados sexuais em um sentido amplo, quando não podem ser literalmente realizados, são canalizados para serem satisfeitos em atividades simbolicamente similares e socialmente produtivas. 
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Por exemplo:
os desejos sexuais intensos podem gerar, por sublimação, um grande fotógrafo. 
- os desejos de domínio da sociedade podem gerar um bom sociólogo.
- desejos agressivos sublimados podem gerar um bom cirurgião.
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De acordo com Kupfer (2002), de posse dessas informações, os educadores poderão dirigir de forma proveitosa a energia que move tais desejos e direcioná-los para atividades produtivas. 
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Por exemplo:
- um educador poderia oferecer argila em lugar de permitir que uma criança manipule suas fezes. Desse modo não precisaria gritar com ela nem ameaçá-la com castigos. Seria uma forma de um educador psicanaliticamente orientado pensar e agir. 
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Em suas afirmações, Freud nos apresenta os limites da ação pedagógica entre o proibir e o permitir que o aluno realize seus desejos, em função da complexidade da psique humana, do conflito entre o desejo individual e as exigências da vida em sociedade. Além disso, a criança dispõe de pouco mais de anos para se apropriar dos resultados de milhares de anos da cultura humana ( Kupfer, 1986).
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Aprender
O ato de aprender para Freud, de acordo com Kupfer (2002), pressupõe uma relação com outra pessoa, a que ensina. Não há ensino sem professor. Até mesmo o auto-didatismo supõe a figura imaginada de alguém que está transmitindo, como um livro, por exemplo. 
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No aprender aparentemente espontâneo existe um diálogo interior entre o aprendiz e uma figura qualquer imaginada por ele que possa servir de suporte para este diálogo.
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O que é aprender?
Aprender é aprender com alguém. Esse com é o espaço entre o professor e o aluno. Pouco importa o que o professor esteja ensinando. Um professor pode ser ouvido quando está revestido por seu aluno de uma importância especial. 
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Graças a essa importância, o mestre passa a ter em mãos um poder de influência sobre o aluno, por isso a relação entre professor e aluno não está no valor dos conteúdos cognitivos transmitidos e sim no campo que se estabelece, nas relações afetivas entre ambos, uma relação primitivamente dirigida ao pai. 
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Na perspectiva psicanalítica, não se focalizam os conteúdos, mas as relações afetivas entre o professor e o aluno, o campo que se estabelece. À esse campo dá-se o nome de transferência. 
Um professor pode tornar-se figura a quem serão endereçados os interesses de seu aluno porque é um objeto de transferência. O que se transfere são as experiências vividas primitivamente com os pais. 
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Conscientemente ou não, o professor utiliza a ascendência que assim adquire sobre o aluno, para transmitir ensinamentos, valores, inquietações. Não é verdade que os professores
de quem mais nos recordamos, com quem mais aprendemos, são os que melhor nos seduziram?
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Portanto, transferir é conferir um sentido especial àquela figura determinada pelo desejo, e o aprendizado está pautado nessas relações transferenciais. Na medida em que ocorre a transferência, o professor torna-se depositário de algo (positivo ou negativo) que pertence ao aluno, e isso lhe confere um poder na relação.
 
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Se o professor subjugar o aluno impondo seus próprios valores e ideias, ou seja, impor-lhe seus próprios desejos, impedirá a possibilidade de aprendizagem no aluno (cessa o desejo do aluno). O aluno irá aprender conteúdos, gravará e memorizará informações, mas não será um sujeito pensante e autônomo.
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 Essa, então, torna-se a tarefa do professor, criar um ambiente que permita a circulação do conhecimento sendo objeto das transferências do aluno, não impondo seus próprios desejos. Isso nem sempre é uma tarefa fácil para o professor e, em função disso, Freud afirma: a educação é uma profissão impossível. 
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O professor também é movido pelo desejo, é seu desejo que justifica sua ação docente. Mas, estando ali, ele precisa renunciar a esse desejo, para permitir a aprendizagem do aluno.Eis o desafio.
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Anna Freud (1895-1982), psicanalista austríaca, filha de Sigmund Freud, chamado “o pai da psicanálise”, dedicou-se também ao estudo do comportamento humano e foi uma das pioneiras nos estudos em psicologia infantil. 
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Buscou transmitir aos educadores noções sobre o desenvolvimento da criança em uma perspectiva freudiana. Deixou vários estudos sobre patologias e psicologia infantil. Radicada em Londres, dirigiu a Clínica Hampstead para tratamentos e investigação, também ligados a doenças infantis. Foi uma articuladora da psicologia com a educação e trabalhou intensamente na formação de professores.
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Fim.

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