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O pagamento da letra de cambio

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O pagamento
Vencida, a letra deve ser apresentada para pagamento. A apresentação do título é condição essencial, pois o portador, exibindo-o, comprova, em princípio, sua qualidade de credor. Essa apresentação e a restituição do título ao devedor constituem, como lembram Percerou e Bouteron, uma condição do exercício do direito.
A apresentação do título pode ser feita ao aceitante ou ao sacado, ou a qualquer coobrigado cambiário, como o endossante. As regras do pagamento, todavia, não variam, seja feita a apresentação a um ou a outro.
A Lei Uniforme dispõe que a letra deve ser apresentada para pagamento no dia do vencimento ou em um dos dois dias úteis seguintes. “A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para o pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas”. Claro, evidentemente, que essa regra não se aplica, como já estudamos anteriormente, às letras à vista, as quais podem ser apresentadas ao pagamento a qualquer momento, dentro de um ano da data do saque, a não ser que o sacador haja determinado uma data a partir da qual se deva fazer a apresentação.
Efeito da não apresentação 
O portador que não apresentar a letra para pagamento, seja qual for a modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde em consequência o direito de regresso contra o sacador, endossadores e respectivos avalistas. 
A Lei Uniforme, todavia, no art. 53, dispôs que depois de expirado o prazo para apresentação de uma letra à vista, ou a certo termo de vista, ou para se fazer o protesto por falta de aceite ou de pagamento, “o portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes, contra o sacador e contra os outros coobrigados, à exceção do aceitante”.
Se o avalista se obrigou por conta do sacador ou de um endossador, ele pode opor a decadência do direito do portador, como o fariam o sacador ou o endossador, ao passo que, se o avalista se obrigou por conta do sacado, ele não tem, como este, o direito de recusar o pagamento invocando a decadência do direito do portador”.
Regras do pagamento
O sacado que pagou a letra pode exigir que ela lhe seja entregue, devidamente quitada. Como o portador, credor cambiário, é obrigado a exibir a letra — documento necessário para o exercício do direito nela incorporado —, o devedor deve recusar o pagamento, se o credor não a exibir e nela não passar a quitação (o Código Civil, art. 901, parágrafo único, adota a mesma regra). O devedor, dessa forma, tira a letra de circulação, se for o aceitante ou o sacador, impedindo que lhe seja novamente exigido o pagamento por terceiro de boa-fé, em cujas mãos venha ela cair. De nada valeria a quitação em separado, que não poderia ser oposta a terceiro de boa-fé, estranho à relação de pagamento.
A sua posse em mãos do devedor presume o pagamento. Essa presunção pode ser, todavia, elidida pela prova de que o título foi roubado ou extraviado quando em mãos do credor, cujo crédito não foi por ele recebido. É preciso, porém, ressaltar que o portador não pode recusar o pagamento que se lhe queira efetuar, seja total ou parcial, se for oferecido no dia do vencimento; mas o pagamento antecipado, seja total ou parcial, pode ser recusado. 
Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade da sucessão dos endossos, mas não as assinaturas dos endossantes. 
A cadeia de endossos em preto deve estar perfeita, com a assinatura dos endossantes se encadeando, um a um, de forma a comprovar a regular transmissão do título ao endossatário subsequente. A Lei Uniforme exige que o devedor verifique a regularidade dos endossos, mas não a autenticidade da assinatura dos endossantes.
Se a validade do ato fosse posta pela lei aos riscos do sacado, este suspenderia o pagamento à menor dúvida sobre a identidade do portador e o crédito sofreria com isso, bem como também o interesse de todos os portadores do título. Ademais, o pagamento feito de boa-fé ao portador é liberatório, e se o título foi furtado, ao prejudicado resta apresentar queixa à autoridade policial, e, também, intentar ação de perdas e danos, para ressarcir-se do prejuízo.
Somente se caracteriza a recusa do pagamento de título cambial pela sua apresentação ao devedor, demonstrada pelo protesto. Até esse momento, o devedor não é culpado pelo atraso na liquidação da dívida, podendo depositar a importância em juízo, sob responsabilidade e à custa do portador do título. Se a letra não é cobrada, pode o devedor depositar o valor do título, à custa do portador, “enquanto não for o título protestado”.
Lugar do pagamento
E, na falta dessa indicação, será o lugar designado ao lado do nome e o lugar do domicílio do sacado”, conforme determina o art. 2º da Lei Uniforme, alínea 3.
Se isso não ocorrer, vige ainda assim a regra comum de que o devedor é demandado em seu domicílio. O Decreto nº 2.044, de 31 de dezembro de 1908, admite a faculdade de indicação alternativa do lugar do pagamento, à opção do portador. Este escolheria, entre as várias indicações inseridas na letra, o lugar que mais lhe conviesse para a cobrança.
Oposição ao pagamento
Aquele que paga a letra antes do respectivo vencimento fica responsável pela validade desse pagamento. Ora, efetuando o pagamento por antecipação, o obrigado que pagou não deu oportunidade legítima ao credor de se opor ao pagamento, o que poderia ocorrer até a data do vencimento. No caso de extravio da letra, no de falência do portador, ou de sua incapacidade, o síndico ou o curador podem exercer a oposição ao pagamento ao portador de má-fé, ao falido ou ao incapaz. O devedor, uma vez advertido pela declaração da oposição ao pagamento, perde a presunção de boa-fé, e se efetuá-lo pode ser compelido a pagar uma segunda vez. A oposição ao pagamento terá que ser dirigida ao devedor, de forma inequívoca, devendo ser feita por carta registrada endereçada ao sacado, ao aceitante e aos outros coobrigados. 
Em caso de extravio ou destruição da letra, o credor deve dar o aviso por carta registrada, que será levada aberta ao Correio, onde, verificada a existência do aviso, o funcionário postal declarará o conteúdo da carta no conhecimento e talão respectivos. Atualmente existe forma mais segura de se dar aviso pelo Oficial do Registro Público, de Títulos e Documentos, que devolve ao destinatário uma cópia certificada ao remetente, depois de feita a entrega do aviso ao devedor.
Efeitos do pagamento
O pagamento efetuado pelo aceitante ou pelos respectivos avalistas desonera da responsabilidade cambial os coobrigados. O avalista que pagou tem ação cambial para receber o que desembolsou, contra o aceitante.
O pagamento feito pelo sacador, pelos endossadores ou respectivos avalistas desonera da responsabilidade os coobrigados posteriores. O endossador ou o avalista, que paga ao endossatário ou ao avalista posterior, pode riscar o próprio endosso ou aval e os dos endossadores ou avalistas posteriores.
Pagamento por intervenção
A intervenção pode ocorrer por indicação do sacador, de um endossante ou de um avalista, quando indicam uma pessoa para em caso de necessidade aceitar ou pagar. Pode, também, ser um terceiro, ou mesmo o sacado ou uma pessoa já obrigada na letra. A intervenção no pagamento segue as seguintes regras: 
a) pode ocorrer quando o portador tem direito de ação à data do vencimento ou quando a lei admite o vencimento antecipado; 
b) deve abranger a totalidade da importância devida por honra de quem se realizar; 
c) deve ser feito o mais tardar no dia seguinte ao último em que é permitido fazer o protesto por falta de pagamento. 
O portador pode recusar o pagamento parcial, por intervenção, pois o interveniente deve pagar a totalidade da soma devida; pode, ainda, recusar o pagamento da totalidade, mas, em consequência, perde o seu direito de ação contra aqueles coobrigados que teriam ficado desonerados. 
O pagamento por intervenção pode ser feito independentementeda ocorrência do protesto e deve ficar constatado por um recibo na letra que é entregue ao interveniente, indicando a pessoa por honra de quem foi concedido; na falta da indicação, presume-se que tenha sido feito a favor do sacador. O Supremo Tribunal Federal decidiu que “sub-roga-se nos direitos do emitente e não nos do credor o terceiro que, independentemente de protesto.
O que paga por intervenção, muito embora seja sempre uma intervenção voluntária, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra aquele por honra de quem pagou e contra os que são obrigados para com este. Não pode, todavia, endossar de novo a letra. Quando houver o concurso de várias pessoas desejando pagar por intervenção, será preferida a que desonerar maior número de obrigados. Aquele que, com conhecimento de causa, intervier de forma diferente, perde os seus direitos de ação contra os que teriam sido desonerados.
Prorrogação dos prazos de apresentação
Pode ocorrer fato escusável, que impeça o credor de apresentar a letra no dia do vencimento. Importaria em iniquidade admitir que, não tendo sido negligente no trato de seu direito cambiário, por um fato imprevisível e incoercível, viesse ele a ser prejudicado.
Quando a apresentação da letra ou o seu protesto não puder ser feito dentro dos prazos indicados por motivo insuperável, esses prazos serão prorrogados. É a hipótese de força maior ou caso fortuito, que tem o efeito de dilatar os prazos cambiários de aceite, pagamento ou protesto.

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