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FICHAMENTO - Evolução Urbana do Rio de Janeiro (Mauricio de A. Abreu)

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FICHAMENTO – BRASIL III
Evolução Urbana do Rio de Janeiro
(Mauricio de A. Abreu)
INTRODUÇÃO:
O ano de 1894 marca o momento da retomada do poder político dos grandes fazendeiros de café.
A importância desta retomada ao poder política da aristocracia, se deu por se dar num sistema-político-institucional diferente, a República e sobre bases mais urbanas.
O ano de 1906 também simboliza o começo de outro momento de organização social, que, entretanto só veio a se concretizar vinte e quatro anos depois, com a Revolução de 30. Trata-se do início da decadência da aristocracia cafeeira.
A causa da decadência da produção cafeeira deu-se pela superprodução do produto no país, e pouca cotação deste no mercado internacional, isso obrigou o Governo, a partir de 1907, a sustentar o preço do café através de uma política de valorização pela retenção de estoques, mantendo o câmbio baixo, visando a fim de incentivar sua exportação.
Tal decisão foi atraente para os fazendeiros, porém agradou ainda mais aos bancos e às firmas comissárias e exportadoras, que financiavam a produção. Com a crise da superprodução do café, os bancos ganharam mais poder e passaram a comandar efetivamente a produção.
Efeitos da valorização do café:
Aumento do custo das importações, tanto de matéria-prima para indústrias, como para a população, por conta do câmbio baixo;
Elevação do custo de vida;
Eclosão de movimentos populares de protesto – grande parte dos quais com base anarquista – por conta da insatisfação com a política econômica do Governo.
“Apesar de a Primeira Guerra Mundial ter causado um decréscimo nas exportações de café, por outro, a retenção de grande parte dos capitais que se evadiam do país ( através da importação, turismo das classes abastadas e remessas de dinheiro feitas por imigrantes recentes), que foram preferencialmente aplicados na criação de novas indústrias, e no desenvolvimento das preexistentes. E isto se deu em grande parte na capital da República, detentora do maior mercado consumidor nacional e do mais importante parque industrial.” (p.71/72).
Após o fim do conflito em 1918 a estrutura econômica brasileira estava profundamente transformada, pois o período da guerra havia não só incrementado a atividade industrial, mas também permitiu a mobilização de uma classe operária já numerosa, que fez das ruas da cidade (particularmente São Paulo, mas também no rio) o seu espaço de protesto, como mostram os movimentos grevistas e sindicais de 1917/1918.
Com a retomada do café não houve apenas a insatisfação apenas da classe média e dos proletários por conta do alto custo, mas também por parte da burguesia industrial, que via seus lucros diminuir com o aumento do preço das importações. Essa burguesia se opunha à ideologia do país sendo essencialmente agrícola, porém os homens do café temiam as indústrias, pois essas seriam sua ruína, pois iria provocar um êxodo rural e ficariam em falta de mão-de-obra agrícola, quebrando os elos de sua produção.
Essa crise revelou-se mais tarde a partir da revolução de 1930, quando a crise mundial do capitalismo determinou que o poder político da noção fosse entregue a outros grupos, dentre os quais estavam incluídos os banqueiros e os industriais. Apesar de iniciar um período de ascensão do capital financeiro, a apropriação do “urbano” só começou efetivamente a partir da década de 1950.
A EVOLUÇÃO DA CIDADE COMO REFLEXO DAS CONTRADIÇÕES ESTRUTURAIS DA ÉPOCA:
“A evolução da forma urbana carioca no decorrer do período1906-1930 reflete, em grande parte, as contradições existentes no sistema político-econômico do país àquela época. De um lado, os Governos da União e do Distrito Federal, representando as classes dominantes, atuam preferencialmente na esfera do consumo, incentivando a continuidade do processo de renovação urbana da área central e de embelezamento da zona sul.” (p.72)
As mudanças urbanas se sucedem, e afetam, principalmente, os bairros pobres da cidade. Por outro lado, e sem contar com o apoio do Estado, as indústrias crescem na cidade e começam a expandir em direção aos subúrbios, criando novas áreas, dotando-as de infraestrutura, e principalmente, gerando empregos. Estes atraem mão-de-obra numerosa, que tanto se instala nos subúrbios, como dá origem a novas favelas, que se situam próximas às áreas industriais.
Há o crescimento do centro e da zona sul de um lado, e subúrbios, de outro, que se desenvolvem impulsionados por forças divergentes, embora emanadas da mesma necessidade de capital.
Por conta das disparidades que se acentuavam na cidade, o Governo teve de intervir diretamente sobre esse processo de crescimento, moldando-o de acordo com seus interesses. No fim da década de 1920, surge a ideia de se desenvolver um plano urbanístico para a cidade, que apesar de ser elaborado não é concluído, pois o país está sob a influência de um novo momento de organização social, iniciado em 1930.
A FORMA URBANA E O PAPEL DO ESTADO:
Reforma Passos: momento de corte fundamental na relação direta entre Estado e Urbano, alterando substancialmente o padrão de evolução urbana que seria seguido pela cidade no século XX.
Em curto prazo a intervenção do Estado sobre o urbano levou a modificação acelerada da cidade, não só em termos da aparência (morfologia urbana), mas também de conteúdo (separação de usos e de classes sociais no espaço).
Em longo prazo, as modificações foram maiores, atuando diretamente em espaços cada vez mais segregados entre bairros burgueses e bairros proletários, sendo os apenas os primeiros privilegiados na dotação de recursos.
O Estado acelerou o processo de estratificação espacial, que já era característica da cidade desde o Século XIX, contribuindo para a consolidação de uma estrutura núcleo/periferia que perdura até os dias atuais.
O surto de obras públicas, que beneficiavam apenas o centro e à zona sul, continuou, com a intensificação ainda maior, na administração seguinte.
O Período Carlos Sampaio
Teve como objetivo preparar o Rio para as comemoração do 1° Centenário da Independência do Brasil;
Preparar a cidade para acolher um grande número de turistas e personalidades internacionais;
Ordenou a retirada do Morro do Castelo, em nome da aeração e da higiene;
A derrubada do Morro do Castelo, não foi apenas por conta de estética e higiene, mas sim porque este situava-se na área de maior valorização do solo na cidade, logo era preciso eliminá-lo em nome da reprodução de capital;
Construção da Avenida Portugal (Urca) e da Avenida Maracanã;
 Alargamento da Avenida Niemeyer, recentemente construída;
Reconstrução da Avenida Atlântica;
Concessão de terrenos na Urca para serem loteados, e concessão de terrenos para permuta, na Gávea;
 Abertura da atual Avenida Rui Barbosa;
Conclusão da Avenida Beira Mar;
Integração de mais uma nova área nobre à cidade: as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.
A população que da Lagoa era diferentes das que estavam fixadas nos bairros da Zona Sul, eram uma população operária, que foram atraídas à área pela instalação de grandes indústrias têxtis, ou que simplesmente estavam procurando uma residência gratuita em terrenos abandonados.
Quando a área da lagoa recebe saneamento, a área passa a perder suas características proletárias e a adquirir feições cada vez mais elitistas.
Investimento de 2.645:914 $000 em obras, que foram entregues à direção do sanitarista Saturnino de Brito e do engenheiro Alfredo Duarte, que realizaram importantes obras de aterro e de saneamento.
“O período Carlos Sampaio nada mais é do que uma outra etapa do processo de depuração da área nobre da cidade de usos e populações não desejadas. Representa ademais, a época em que as preocupações com o valor de troca do solo urbano passam a figurar explicitamente nos planos municipais. Isto porque as sucessivas ondas de melhoramentos empreendidas pelo poder público detonaram um processo de valorização crescente de terrenos, que a Prefeitura pretendia agora capturar para si.” (p.78)
O CRESCIMENTO INDUSTRIAL E A FORMAÇÃO DA ÁREA METROPOLITANAIntensificação no processo de ocupação nos subúrbios;
Intensificação da atividade fabril, que também se beneficiava da abundância da energia elétrica (produzida pela Light) e da entrada em funcionamento do novo porto do Rio de Janeiro;
Preferência pela localização industrial próxima ao porto, especialmente em São Cristóvão;
Fábricas optando por terrenos mais baratos e próximos da ferrovia;
Surgimento de novas favelas, por exemplo, a do Jacarezinho;
Surgimento de novos bairros por conta da migração, em sua maioria proveniente do antigo Estado do Rio de Janeiro.
Inhaúma e Irajá, freguesias suburbanas que possuíam uma taxa de crescimento maior do que as freguesias urbanas, com a exceção de Sacramento.
Instalação de várias unidades militares na área, principalmente em Deodoro, Vila Militar e Marechal Hermes.
O mesmo papel indutor teve a construção das Avenidas Automóvel Clube e Suburbana, integrantes das rodovias Rio-São Paulo e Rio-Petrópolis.
Período de 1906-1930, marcado pela extensão efetiva do tecido urbano para além das fronteiras do Distrito Federal, dando início ao processo de integração física da Baixada Fluminense;
Trabalhos de saneamento da parte noroeste da baixada, mandados executar pelo presidente Nilo Peçanha;
Apesar de já existir estações ferroviárias em alguns municípios da baixada, essa só foi ocupada quando foi parcialmente saneada;
Fazendas desmembradas para serem loteadas;
Devido ao desmembramento das fazendas, o local onde se localizava a antiga parada para trens suburbanos, conhecida como Engenheiro Neiva, se torna Nilópolis que vem a se tornar distrito em 1916 devido à quantidade populacional que ali vivia. Nilópolis passara a ser um distrito integrante ao município de Iguaçu (que se tornará Nova Iguaçu), que se localizava a uma grande distância do Rio de Janeiro, e era uma área exclusivamente rural.
São feitos diversos desmembramentos em Nova Iguaçu na segunda década desde século, desmembramentos tipicamente rurais onde se transformava antigas fazendas laranjeiras em chácaras com laranjais já plantados.
O progresso da urbanização passava a ser notada também na parte oriental da orla da Baía de Guanabara, principalmente em direção a São Gonçalo, tendo a implantação dos bondes como o principal responsável pela expansão de caráter suburbano nessa direção. 
Em 1920 nota-se que as bases para a formação da área metropolitana do Rio de Janeiro estão lançadas, onde em sua estrutura urbana deixava uma clara dicotomia: no núcleo metropolitano via-se uma área bem servida de infraestrutura com grande presença por parte do governo, e nas áreas periféricas uma área bastante carente dessa mesma infraestrutura, com uma ação praticamente nula por parte do Estado, onde residia a população mais pobre.
Apesar do transporte ferroviário ser tão praticamente nulo quanto as ações do Estado para com as áreas periféricas, é possível notar um número cada vez maior de passageiros, que passara a ser o principal meio de transporte dos subúrbios.
Mesmo com a qualidade de vida bem superior no núcleo metropolitano, ele ainda não apresentava a visível elitização atual, ainda era possível encontrar um grande número de operários e comerciários e de empregados dos transportes da cidade residindo nessa área.
O período de 1906-1930 se caracteriza pelo processo de expansão do Rio de Janeiro, que é efetuado de forma distinta pelos dois vetores de crescimento da cidade; de um lado a ocupação das zonas sul e norte pela classe média e alta, que é intensificada e comandada, em grande parte, pelo Estado e companhias concessionarias de serviços públicos; do outro lado, os subúrbios cariocas e fluminenses se tornam, cada vez mais, o local de residência do operariado, que passa a ocupar essas áreas sem apoio do Estado e das concessionárias, visível principalmente pela ausência dos benefícios da urbanização.
Com a escolha de Washington Luís a presidência, é nomeado o prefeito Dr. Antônio Prado Junior, que desde o princípio buscou criar e desenvolver maneiras que permitissem a prefeitura ter controle no processo de crescimento da cidade, e, em 1927, é possível ser visto com o Plano Agache.
O PLANO AGACHE:
O Plano Agache constitui o maior exemplo da tentativa das classes dominantes da República Velha de ter o controle sobre o desenvolvimento da forma urbana carioca. Esse plano não chegou a ser propriamente implantado, apesar de diversas obras que nele foram sugeridas tenham sido realizadas nas décadas seguintes. 
O Plano Agache tinha como objetivo transformar o núcleo metropolitano numa área monumental. Ele “pretendia ordenar e embelezar a cidade segundo critérios funcionais e de estratificação social do espaço” (Pág 86).

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