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13/02/2017 1 DIREITO CONSTITUCIONAL II IVES FAIAD FREITAS PROF. MESTRE 1 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Ementa: Organização Federativa do Estado brasileiro. Estado de Defesa e Estado de Sítio. Forças Armadas e Segurança Pública. Separação dos Poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário; Competências e Atribuições do Presidente da República; Crimes Comuns e de Responsabilidade; Julgamento; Processo Legislativo e suas fases; Competência do Poder Legislativo; Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI); Órgãos do Poder Judiciário: competência e composição; Funções Essenciais à Justiça: Ministério Público, Defensorias Públicas e Advocacia. 2 13/02/2017 2 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO 3 1. NOÇÕES BÁSICAS INICIAIS - A organização e estrutura do Estado podem ser analisadas sob três aspectos: forma de governo, sistema de governo e forma de Estado. ♦ Forma de governo: República/Monarquia; ♦ Sistema de governo: presidencialismo/parlamentarismo; ♦ Forma de Estado: Unitário/Federação/Confederação. 4 13/02/2017 3 - Em um Estado Unitário, qualquer unidade subgovernamental pode ser criada ou extinta e ter seus poderes modificados pelo governo central. O processo no qual as unidades subgovernamentais e/ou parlamentos regionais são criados por um governo central é conhecido por devolução. Um Estado unitário pode ampliar e restringir as funções de tais (sub)governos devolvidos sem o consentimento formal dessas entidades. - A maioria dos países do mundo é formada de Estados unitários, principalmente porque muitos deles não possuem uma vasta extensão territorial que justifique uma separação de poderes em suas divisões internas. Já muitos dos Estados não unitários do mundo possuem grandes extensões territoriais, particularmente a Rússia, o Canadá, os Estados Unidos da América, o Brasil, a Índia e a Austrália. 5 ESTADOS UNITÁRIOS NO MUNDO 6 13/02/2017 4 ESTADOS UNITÁRIOS NO MUNDO (PORTUGAL E FRANÇA) 7 - Dá-se o nome de Federação (do latim: foedus, foedera "aliança", "pacto", "contrato") ou Estado Federal a um Estado soberano composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio. Como regra geral, os Estados (“Estados Federados") que se unem para constituir a Federação (o "Estado Federal") são autônomos, isto é, possuem um conjunto de competências ou prerrogativas garantidas pela constituição que não podem ser abolidas ou alteradas de modo unilateral pelo governo central. - O sistema político pelo qual vários estados se reúnem para formar um Estado Federal, cada um conservando sua autonomia, chama-se Federalismo. 8 13/02/2017 5 ESTADOS FEDERADOS NO MUNDO 9 ESTADOS FEDERADOS NO MUNDO 10 13/02/2017 6 ESTADOS FEDERADOS NO MUNDO 11 - Em ciência política, a Confederação é uma associação de Estados soberanos, usualmente criada por meio de tratados, mas que pode eventualmente adotar uma constituição comum. A principal distinção entre uma confederação e uma federação é que, na Confederação, os Estados constituintes não abandonam a sua soberania, enquanto que, na Federação, a soberania é transferida para o Estado Federal. As confederações costumam ser instituídas para lidar com assuntos cruciais como defesa, relações exteriores, comércio internacional e união monetária. - Na maioria dos casos, a confederação é governada por uma assembléia dos Estados confederados, que têm direitos e deveres idênticos. As decisões desta assembléia são, em princípio, tomadas por unanimidade. A confederação tem em regra personalidade jurídica, mas a sua capacidade internacional é limitada. - Do ponto de vista histórico, a confederação costuma ser uma fase de um processo que leva à federação, como nos casos dos EUA e da Suíça. Por vezes, a confederação pode formar-se por Estados soberanos, a exemplo dos Emirados Árabes Unidos. 12 13/02/2017 7 EMIRADOS ÁRABES UNIDOS 13 - O Brasil, atualmente, adota a forma republicana de governo, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de Estado. - CF/88: “art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito [...]”; “art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.” 14 13/02/2017 8 PACTO FEDERATIVO O QUE É? 15 - O Fundo de Participação dos Estados (FPE) é formado por 21,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. Por força da LC 143/2013, até o fim de 2015, a distribuição será feita conforme a renda per capita de cada estado, em benefício dos mais pobres. Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste ficam com 85% e os das regiões Sul e Sudeste com 15%, com percentuais fixos para cada estado. 16 13/02/2017 9 17 O Fundo de Participação dos Municípios - FPM, é uma importante fonte de receita das prefeituras, especialmente, para os pequenos municípios. - A Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, mostra que o FPM é uma transferência constitucional e a distribuição dos recursos aos municípios é feita de acordo com o número de habitantes. - Do total dos recursos 10% são destinados aos municípios das capitais, 86,4% para os demais municípios e 3,6% para o fundo de reserva a que fazem jus os municípios com população superior a 142.633 habitantes (coeficiente 3.8), excluídas as capitais. 18 13/02/2017 10 2. CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS FEDERATIVAS a) Qto à origem e concentração de poder: ♦ agregação (EUA ► centrípeta) ♦ segregação (BRA► centrífugo) b) Qto à repartição de competências: ♦ dual/clássica: divisão rígida entre os entes federativos ♦ cooperativo/neoclássico: previsão de atribuições comuns entre os entes federados (BRA – arts. 23 e 24 da CF/88) 19 3. CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO a) Divisão do poder político entre entes federativos; “A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados (26), o Distrito Federal (1) e os Municípios (5.570), todos autônomos, nos termos desta Constituição” (CF/88, art. 18, caput) b) Identificação de tais entes como federados, autônomos e não hierarquizados; c) Reconhecimento constitucional da autonomia político- administrativa: auto-organização (legislação própria); autogoverno (eleição de representantes) e autoadministração (organização tributária, p. ex.) 20 13/02/2017 11 d) Indissolubilidade dos entes federativos (secessão), sob pena de intervenção (arts. 34 a 36, CF/88); e) Previsão de órgão legislativo em todos os entes federados; f) Previsão de um Tribunal Constitucional; g) Rigidez constitucional na repartição de competências (art. 60, §4º, I, CF/88); h) Soberania exclusiva do Estado Federal como um todo. i) Previsão de órgão representativo dos Estados Membros. 21 22 13/02/2017 12 INDICAÇÃO DE LEITURA 23 INDICAÇÃO DE FILME 24 13/02/2017 13 O que é FEDERALISMO REGIONAL? 25 Trata-se o Federalismo das Regiões de tese em que se propõe a instituição de uma quarta esfera de governo, no caso as “Regiões”, ao lado das tradicionais União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A ideia seria diminuir os desequilíbrios intrarregionais na medida em que se busca o desenvolvimento econômico e social não apenas deste ou daquele Estado-membro, mas de toda uma Região (Centro- Oeste, Nordeste, Norte, Sul e Sudeste). Nesse contexto, propõe Bonavides (2000) o desenvolvimento orgânico da máquina estatal para fazer frente a esta nova composição federativa, qual seja, a eleição de senadores representantes de Região, a criação de Assembleia Legislativa Regional, a instituição de organismos de desenvolvimento regional(a exemplo das já existentes Sudam, Sudeco e Sudene). Enfim, prega-se a institucionalização das Regiões. 26 13/02/2017 14 27 CF/88: Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. § 1º - Lei complementar disporá sobre: I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento; II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com estes. § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei: I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias; III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena irrigação. 28 13/02/2017 15 4. A FEDERAÇÃO BRASILEIRA - Provisoriamente, a Federação no Brasil surge com o Decreto n. 1, de 15.11.1889, decreto este instituidor, também, da forma republicana de governo. - A consolidação veio com a primeira Constituição Republicana, de 1891, que em seu art. 1.º estabeleceu: “A nação Brazileira adopta como fórma de governo, sob o regimen representativo, a República Federativa proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitue-se, por união perpetua e indissoluvel das suas antigas provincias, em Estados Unidos do Brazil”. 29 30 13/02/2017 16 - As Constituições posteriores mantiveram a forma federativa de Estado, porém, não se pode deixar de registrar o entendimento de alguns, segundo o qual, nas Constituições de 1937 e de 1967, bem como durante a vigência da Emenda n. 1/69, tivemos no Brasil somente uma “federação de fachada”. - Fundamentos da federação brasileira: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.” 31 - Objetivos fundamentais da federação brasileira: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” - Símbolos da federação brasileira “Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.” 32 13/02/2017 17 33 - Princípios que regem a federação brasileira nas relações internacionais: Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 34 13/02/2017 18 5. A UNIÃO - A União, segundo José Afonso da Silva, “... se constitui pela congregação das comunidades regionais que vêm a ser os Estados -Membros. Então quando se fala em Federação se refere à união dos Estados. No caso brasileiro, seria a união dos Estados, Distrito Federal e Municípios. - Assim, uma coisa é a União — unidade federativa —, ordem central, que se forma pela reunião de partes, através de um pacto federativo. Outra coisa é a República Federativa do Brasil, formada pela reunião da União, Estados -membros, Distrito Federal e Municípios, todos autônomos, nos termos da CF. - A República Federativa do Brasil, portanto, é soberana no plano internacional (CF/88, art. 1.º, I), enquanto os entes federativos são autônomos entre si. 35 - A União possui “dupla personalidade”, pois assume um papel interno e outro internacionalmente. Internamente, ela é uma pessoa jurídica de direito público interno, componente da Federação brasileira e autônoma na medida em que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração, configurando, assim, autonomia financeira, administrativa e política. Internacionalmente, a União representa a República Federativa do Brasil (vide CF/88, art. 21, I a IV). Observe-se que a soberania é da República Federativa do Brasil, representada pela União Federal. - Brasília é a capital federal e, ao mesmo tempo, sede do governo do DF. 36 13/02/2017 19 5.1 Competências da União 5.1.1 Competência material, administrativa ou executiva - Regulamenta o campo do exercício das funções governamentais, podendo tanto ser exclusiva da União (marcada pela particularidade da indelegabilidade) como comum (também chamada de cumulativa, concorrente administrativa ou paralela) aos entes federativos. a) exclusiva: art. 21 da CF/88 37 Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; 38 13/02/2017 20 II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; 39 40 13/02/2017 21 V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; "Competência da União para legislar sobre direito penal e material bélico. Lei 1.317/2004 do Estado de Rondônia. Lei estadual que autoriza a utilização, pelas polícias civil e militar, de armas de fogo apreendidas. A competência exclusiva da União para legislar sobre material bélico, complementada pela competência para autorizar e fiscalizar a produção de material bélico, abrange a disciplina sobre a destinação de armas apreendidas e em situação irregular." (ADI 3.258, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2005, Plenário, DJ de 9-9-2005.) 41 VII - emitir moeda; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; “Lei 12.775/2003 do Estado de Santa Catarina. Competência legislativa. Sistema financeiro nacional. Banco. Agência bancária. Adoção de equipamento que, embora indicado pelo Banco Central, ateste autenticidade das cédulas de dinheiro nas transações bancárias. Previsão de obrigatoriedade. Inadmissibilidade. Regras de fiscalização de operações financeiras e de autenticidade do ativo circulante. Competênciasexclusivas da União. Ofensa aos arts. 21, VIII, e 192 da CF.” (ADI 3.515, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 1º-8-2011, Plenário, DJE de 29-9-2011.) IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; 42 13/02/2017 22 X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; “A CB confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X). O serviço postal é prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), empresa pública, entidade da administração indireta da União, criada pelo Decreto-Lei 509, de 10-3-1969.” (ADPF 46, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 5-8-2009, Plenário, DJE de 26-2-2010.) XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; “Art. 1º, caput e § 1º, da Lei 5.934, de 29-3- 2011, do Estado do Rio de Janeiro, o qual dispõe sobre a possibilidade de acúmulo das franquias de minutos mensais ofertados pelas operadoras de telefonia, determinando a transferência dos minutos não utilizados no mês de sua aquisição, enquanto não forem utilizados, para os meses subsequentes. Competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações. Violação do art. 22, IV, da CF.” (ADI 4.649-MC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 28-9-2011, Plenário, DJE de 21-11-2011.) 43 XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; “A jurisprudência do STF entende que a Lei 4.117/1962, que obriga empresa de radiodifusão a transmitir o programa ‘A Voz do Brasil’, foi recepcionada pela CF de 1988.” (RE 531.908-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 2-8-2011, Segunda Turma, DJE de 13-10-2011.) No mesmo sentido: RE 605.681-AgR-segundo, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 4-9-2012, Primeira Turma, DJE de 23-10-2012. b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional o artigo 2º da Lei paulista 12.635/2007, segundo o qual os postes de sustentação a rede elétrica que estejam causando transtornos ou impedimentos aos proprietários e compradores de terrenos serão removidos gratuitamente pelas concessionárias de energia elétrica. Seguindo o voto do relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4925, ministro Teori Zavascki, o Plenário concluiu que a competência para legislar sobre energia elétrica é privativa da União. (12/02/2015) 44 13/02/2017 23 c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; 45 XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; 46 13/02/2017 24 XVII - conceder anistia; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento) XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 47 XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 48 13/02/2017 25 e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; 49 XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. b) comum (cumulativa, concorrente, administrativa ou paralela): art. 23 - trata-se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 50 13/02/2017 26 5.1.2 Competência legislativa - Como a terminologia indica, trata-se de competências, constitucionalmente definidas, para elaborar leis. Elas foram assim definidas para a União Federal: A) privativa: art. 22; B) concorrente: art. 24; C) competência tributária expressa: art. 153 (tributária); D) competência tributária residual: art. 154, I; E) competência tributária extraordinária: art. 154, II 51 5.1.2 Competência legislativa - Como a terminologia indica, trata-se de competências, constitucionalmente definidas, para elaborar leis. Elas foram assim definidas para a União Federal: A) privativa: art. 22; Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; "São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento." (Súmula 722 o STF) 52 13/02/2017 27 “Lei 7.716/2001 do Estado do Maranhão. Fixação de nova hipótese de prioridade, em qualquer instância, de tramitação processual para as causas em que for parte mulher vítima de violência doméstica. Vício formal. (...) A definição de regras sobre a tramitação das demandas judiciais e sua priorização, na medida em que reflete parte importante da prestação da atividade jurisdicional pelo Estado, é aspecto abrangido pelo ramo processual do direito, cuja positivação foi atribuída pela CF privativamente à União (Art. 22, I, da CF/1988). A lei em comento, conquanto tenha alta carga de relevância social, indubitavelmente, ao pretender tratar da matéria, invadiu esfera reservada da União para legislar sobre direito processual. A fixação do regime de tramitação de feitos e das correspondentes prioridades é matéria eminentemente processual, de competência privativa da União, que não se confunde com matéria procedimental em matéria processual, essa, sim, de competência concorrente dos Estados-Membros.” (ADI 3.483, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 3-4-2014, Plenário, DJE de 14-5-2014.) “A competência legislativa atribuída aos Municípios se restringe a seus servidores estatutários. Não abrange ela os empregadospúblicos, porque estes estão submetidos às normas de Direito do Trabalho, que, nos termos do inciso I do art. 22 da CF, são de competência privativa da União.” (RE 632.713-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 17-5-2011, Segunda Turma, DJE de 26-8-2011.) Vide: RE 164.715, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 13-6-1996, Plenário, DJ de 21-2-1997. 53 "Art. 32, IV, da Lei sergipana 4.122/1999, que confere a delegado de polícia a prerrogativa de ajustar com o juiz ou a autoridade competente a data, a hora e o local em que será ouvido como testemunha ou ofendido em processos e inquéritos. (...) É competência privativa da União legislar sobre direito processual (...). A persecução criminal, da qual fazem parte o inquérito policial e a ação penal, rege-se pelo direito processual penal. Apesar de caracterizar o inquérito policial uma fase preparatória e até dispensável da ação penal, por estar diretamente ligado à instrução processual que haverá de se seguir, é dotado de natureza processual, a ser cuidada, privativamente, por esse ramo do direito de competência da União." (ADI 3.896, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4-6-2008, Plenário, DJE de 8-8-2008.) "Constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 1.314, de 1º-4-2004, do Estado de Rondônia, que impõe às empresas de construção civil, com obras no Estado, a obrigação de fornecer leite, café e pão com manteiga aos trabalhadores que comparecerem com antecedência mínima de quinze minutos ao seu primeiro turno de labor. Usurpação da competência da União para legislar sobre direito do trabalho (inciso I do art. 22). Ação julgada procedente." (ADI 3.251, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 18-6-2007, Plenário, DJ de 19-10-2007.) 54 13/02/2017 28 II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; 55 XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV - populações indígenas; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito) XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; 56 13/02/2017 29 XX - sistemas de consórcios e sorteios; “É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.” (Súmula Vinculante 2) XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII - seguridade social; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV - registros públicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XXIX - propaganda comercial. 57 B) concorrente: art. 24; C) competência tributária expressa: art. 153 (tributária); D) competência tributária residual: art. 154, I; E) competência tributária extraordinária: art. 154, II 58 13/02/2017 30 5.2 BENS DA UNIÃO - Art. 20, CF/88 59 Lei 8.617/93 60 13/02/2017 31 6. REGIÕES ADMINISTRATIVAS OU DE DESENVOLVIMENTO - O art. 43, caput, da CF estabelece que, para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando ao seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. - Trata -se, nos dizeres do Professor José Afonso da Silva, de “formas especiais de organização administrativa do território”, destituídas de competência legislativa, em razão de sua falta de capacidade política no âmbito jurídico-formal. - Lei complementar disporá sobre: a) as condições para integração de regiões em desenvolvimento; b) a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com estes. 61 - Dentre os incentivos regionais, podemos destacar, além de outros, na forma da lei: a) igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; b) juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias; c) isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; d) prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. - Exemplos: SUDAM, SUDENE, SUDECO, SUFRAMA etc 62 13/02/2017 32 7. TERRITÓRIOS FEDERAIS - O primeiro Território Federal no Brasil foi o do Acre, criado pela Lei n. 1.181/1904, na medida em que não havia previsão na Constituição de 1891. Somente na CF/1934 foi que os territórios ganharam status constitucional, permanecendo sua previsão nas Constituições seguintes. - Apesar de ter personalidade jurídica, o território não é dotado de autonomia política. Trata-se de mera descentralização administrativo-territorial da União, qual seja, uma autarquia que, conforme expressamente previsto no art. 18, § 2.º, integra a União. “§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.” 63 - Não existem mais territórios no Brasil. Até 1988 existiam três territórios: Roraima, Amapá e Fernando de Noronha. - Principais características: ♦ São criados na forma do art. 18, § 3.º: estabelece que os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexar a outros, ou formar Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. ♦ lei federal: de acordo com o art. 33, caput, lei ordinária federal disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios; 64 13/02/2017 33 ♦ divisão em Municípios: ao contrário do que ocorre com o Distrito Federal, o art. 33, § 1.º, estabelece a possibilidade de os Territórios, quando criados, serem divididos em Municípios, aos quais serão aplicadas as regras previstas nos arts. 29 a 31 da CF/88; ♦ Executivo: a direção dos Territórios, se criados, dar-se -á por Governador, nomeado pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal (art. 84, XIV); ♦ Legislativo: nos termos do art. 45, § 2.º, cada Território elegerá o número fixo de 4 deputados federais, caracterizando-se, assim, exceção ao princípio proporcional para a eleição de deputadosfederais, ou seja, não existirá variação do número de representantes da população local dos Territórios; 65 ♦ controle das contas: a fiscalização das contas do governo do Território caberá ao Congresso Nacional, após o parecer prévio do Tribunal de Contas da União (art. 33, § 2.º); ♦ Judiciário, Ministério Público e defensores públicos federais: nos Territórios Federais com mais de 100 mil habitantes, além do Governador nomeado na forma da Constituição (art. 84, XIV), haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instâncias, membros do Ministério Público e defensores públicos federais, organizados e mantidos pela União (art. 33, § 3.º, c/c o art. 21, XIII). ♦ Nos termos do parágrafo único do art. 110, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais (Justiça Federal Comum) caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei; 66 13/02/2017 34 ♦ Legislativo: a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa (art. 33, § 3.º); ♦ Sistema de ensino: organizado pela União, nos termos do art. 211, § 1.º. 67 68 13/02/2017 35 8. DISTRITO FEDRAL - Atualmente, na CF/88, o Distrito Federal não é mais Capital Federal, pois, conforme já tivemos a oportunidade de apontar, de acordo com o art. 18, § 1.º, a Capital Federal é Brasília, que se situa dentro do território do Distrito Federal. - Nos termos do art. 6.º da Lei Orgânica do DF, Brasília, além de Capital da República Federativa do Brasil, é a sede do governo do Distrito Federal. - O Distrito Federal é, portanto, uma unidade federada autônoma, visto que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. 69 - Principais características: ♦ auto-organização: art. 32, caput, estabelece que o Distrito Federal se regerá por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal; ♦ autogoverno: art. 32, §§ 2.º e 3.º — eleição de Governador e Vice–Governador e dos Deputados Distritais; ♦ autoadministração e autolegislação: regras de competência legislativas e não legislativas, que serão abaixo estudadas. 70 13/02/2017 36 ♦ O Distrito Federal é a única unidade federativa brasileira que não possui municípios (art. 32, caput), sendo dividido em 31 regiões administrativas, sua área total é de 5 801,937 km², sendo assim a menor unidade federativa brasileira. Em seu território, está localizada a capital federal do Brasil, Brasília, que é também a sede do governo do Distrito Federal. 71 ♦ COMPETE PRIVATIVAMENTE À UNIÃO LEGISLAR SOBRE VENCIMENTOS DOS MEMBROS DAS POLÍCIAS CIVIL E MILITAR DO DISTRITO FEDERAL (S. 647/STF). ♦ Ainda sobre o assunto: arts. 32 § 4º e 144 § 6º. ♦ Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal serão organizados e mantidos pela União (arts. 21, XIII e XIV, e 22, XVII). 72 13/02/2017 37 8.1 Competências do Distrito Federal A) Não legislativas (administrativas ou materiais) - comum (cumulativa ou paralela): trata -se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, prevista no art. 23 da CF/88. B) Legislativas - expressa: art. 32, caput — elaboração da própria lei orgânica; - residual: art. 25, § 1.º — toda competência que não for vedada, ao Distrito Federal estará reservada; 73 - delegada: art. 22, parágrafo único — como vimos, a União poderá autorizar o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas das matérias de sua competência privativa. Tal autorização dar -se -á mediante lei complementar; - concorrente: art. 24 — onde se estabelece concorrência para legislar entre União, Estados e Distrito Federal, cabendo à União legislar sobre normas gerais e ao Distrito Federal, sobre normas específicas; - suplementar: art. 24, §§ 1.º a 4.º — no âmbito da legislação concorrente, como vimos, a União limita -se a estabelecer normas gerais e o Distrito Federal, normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, o Distrito Federal poderá suplementá- la e regulamentar as regras gerais sobre o assunto, sendo que, na superveniência de lei federal sobre norma geral, a aludida norma distrital geral (suplementar) terá a sua eficácia suspensa, no que for contrária à lei federal sobre normas gerais editadas posteriormente; 74 13/02/2017 38 - interesse local: art. 30, I, combinado com o art. 32, § 1.º; - competência tributária expressa: art. 155 (a estudar especialmente em direito tributário). 75 9. ESTADOS - A autonomia dos Estados-membros caracteriza-se pela denominada tríplice capacidade de auto-organização (incluída a autolegislação), autogoverno e autoadministração. - Essa autonomia, porém, não significa soberania, razão pela qual a obediência à CF/88 é inafastável, sob pena de intervenção da União (art. 34). 76 13/02/2017 39 9.1 Auto-organização e autolegislação - Prevista nos arts. 25, caput e 11 do ADCT; - Exercício do Poder Constituinte Derivado Decorrente e “Princípio da Simetria”; - “Constitucionalismo Dual” (ALAN TARR); - De acordo com a doutrina, há duas categorias de princípios a serem seguidos pelos Estados: ♦ princípios sensíveis (art. 34, VII) ♦ princípios estabelecidos, que são as regras constitucionais materiais da organização do Estado e respectivas vedações, bem como as relativas aos princípios da organização política, social e econômica (ex. art. 37). 77 9.2 Autogoverno - Fundamenta o autogoverno a capacidade de organização dos poderes estaduais, conforme dispõem os arts. arts. 27 (legislativo), 28 (executivo) e 125 (judiciário). 9.3 Autoadministração - Decorrente das duas anteriores (9.1 e 9.2) e balizada pelo art. 25, §1º da CF/88, materializa-se pelos atos administrativos emanados por seus órgãos. 78 13/02/2017 40 9.4 Bens dos Estados - Previstos no art. 26 da CF/88. 9.5 Competências administrativas dos Estados a) comum (cumulativa ou paralela): trata -se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, prevista no art. 23 da CF/88; b) residual (remanescente ou reservada): são reservadas aos Estados as competências administrativas que não lhe sejam vedadas, ou a competência que sobrar (eventual resíduo), após a enumeração dos outros entes federativos (art. 25, § 1.º), ou seja, as competências que não sejam da União (art. 21), do Distrito Federal (art. 23), dos Municípios (art. 30, III a IX) e comum (art. 23). 79 9.6 Competências legislativas dos Estados a) expressa: art. 25, caput ► qual seja, a capacidade de auto-organização dos Estados, que se regerão pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da CF/88; b) residual (remanescente ou reservada): art. 25, § 1.º ► toda competência que não for vedada está reservada aos Estados, ou seja, o resíduo que sobrar, o que não for de competência expressa dos outros entes e não houver vedação, caberá aos Estados materializar; c) delegada pela União: art. 22, parágrafo único ► a União poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias de sua competência privativa prevista no art. 22 e incisos. Tal autorização dar-se-á por meio de lei complementar; 80 13/02/2017 41 d) concorrente: art. 24 ► a concorrência para legislar dar-se-á entre a União, os Estados e o Distrito Federal, cabendo à União legislar sobre normas gerais e aos Estados, sobre normas específicas; e) suplementar: art. 24, §§ 1.º ao 4.º ► no âmbito da legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados, normas específicas. f) tributária expressa:art. 155 (estudar especialmente em direito tributário). 81 9.7 Exploração dos serviços locais de gás canalizado - Art. 25, §2º c/c art. 177, ambos da CF/88. - Lei n. 9.478, de 06.08.1997 (vide também a Lei n. 9.847, de 26.10.1999), veio dispor sobre a política energética nacional e as atividades relativas ao monopólio do petróleo, instituindo o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), além de outras providências pertinentes à matéria. - Trata-se, de acordo com o art. 6.º, XXII, da aludida lei, da distribuição de gás canalizado, ou seja, serviços locais de comercialização de gás canalizado, junto aos usuários finais, explorados com exclusividade pelos Estados, diretamente ou mediante concessão, nos termos do §2.º do art. 25 da CF/88. 82 13/02/2017 42 9.8 Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões - O § 3.º do art. 25 da CF/88 estabelece que os Estados Federados poderão instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. - Na conceituação de José Afonso da Silva: “Região metropolitana constitui-se de um conjunto de Municípios cujas sedes se unem com certa continuidade urbana em torno de um Município-pólo. Microrregiões formam-se de grupos de Municípios limítrofes com certa homogeneidade e problemas administrativos comuns, cujas sedes não sejam unidas por continuidade urbana. Aglomerados urbanos carecem de conceituação, mas, de logo, se percebe que se trata de áreas urbanas, sem um polo de atração urbana, quer tais áreas sejam das cidades sedes dos Municípios, como na baixada santista (em São Paulo), ou não”. 83 9.9 Formação dos Estados - A CF/88 delimitou os 26 Estados da Federação, todavia, também previu a possibilidade da formação de novos, de acordo com o art. 18, §3º c/c 48, VI. 84 13/02/2017 43 - Incorporação (fusão) 85 - Subdivisão (cisão) 86 13/02/2017 44 - Desmembramento anexação 87 - Desmembramento formação 88 13/02/2017 45 - Rito procedimental: ■ plebiscito: por meio de “plebiscito” (art. 49, XV, CF/88), a “população interessada” deverá aprovar a for mação do novo Estado. Não havendo aprovação, nem se passará à próxima fase, na medida em que o plebiscito é condição prévia, essencial e prejudicial à fase seguinte; OBS1: O plebiscito nasce de um Projeto de Decreto Legislativo, por proposta de 1/3, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 3º, Lei n. 9.709/98). OBS2: O plenário do STF decidiu, no julgamento da ADI 2.650,36 que o plebiscito para o desmembramento de um Estado da federação deve envolver não somente a população do território a ser desmembrado mas também a de todo o Estado-membro. 89 ■ propositura do projeto de lei complementar: o art. 4.º, § 1.º, da Lei n. 9.709/98 estabelece que, em sendo favorável o resultado da consulta prévia ao povo mediante plebiscito, será proposto projeto de lei perante qualquer das Casas do Congresso Nacional; ■ audiência das Assembleias Legislativas: à Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei complementar referido no item anterior compete proceder à audiência das respectivas Assembleias Legislativas (art. 4º, §2º, da Lei n. 9.709/98, regulamentando o art. 48, VI, da CF/88). Observe-se que o parecer das Assembleias Legislativas dos Estados não é vinculativo, ou seja, mesmo que desfavorável, poderá dar-se continuidade ao processo de formação de novos Estados; 90 13/02/2017 46 ■ aprovação pelo Congresso Nacional: após a manifestação das Assembleias Legislativas, passa-se à fase de aprovação do projeto de lei complementar, proposto no Congresso Nacional, através do quórum de aprovação pela maioria absoluta, de acordo com o art. 69 da CF/88. OBS: o Congresso Nacional não está obrigado a aprovar o projeto de lei, nem o Presidente da República está obrigado a sancioná-lo. Ou seja, ambos têm discricionariedade, mesmo diante de manifestação plebiscitária favorável, devendo avaliar a conveniência política para a República Federativa do Brasil. ■ Criado o novo Estado, seguir-se-ão as regras do art. 235 da CF/88. 91 IDH dos Estados e DF, levando em consideração dados sobre renda per capita, expectativa de vida e nível educacional. 92 13/02/2017 47 10. MUNICÍPIOS - Nos termos dos arts. 1º, 18 e 34 da CF/88, os municípios integram a federação brasileira como pessoas jurídicas de direito público interno dotadas de autonomia. - Desse modo, há três esferas de governo diversas, compartilhando o mesmo território e povo: a federal, a estadual e a municipal. - Tal qual nos Estados, essa autonomia caracteriza-se pela denominada tríplice capacidade de auto-organização (incluída a autolegislação), autogoverno e autoadministração. 93 - Basicamente, o município auto-organiza-se através de sua Lei Orgânica Municipal e, posteriormente, por meio da edição de leis municipais; autogoverna-se mediante a eleição direta de seu prefeito, vice-prefeito e vereadores, sem qualquer ingerência dos Governos Federal e Estadual; e autoadministra- se, no exercício de suas competências administrativas, tributárias e legislativas, diretamente conferidas pela CF/88. - Vide arts. 29 a 31 da CF/88. 94 13/02/2017 48 95 10.1 Formação dos municípios - O art. 18, § 4.º, da CF/88, com a nova redação dada pela EC n. 15/96, estabelece as regras para a criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, nos seguintes termos: ■ lei complementar federal: determinará o período para a mencionada criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios, bem como o procedimento. 96 13/02/2017 49 OBS1: entendeu o STF que o art. 18, § 4.º, na redação trazida pela EC n. 15/96, é norma de eficácia limitada e, por isso, toda lei estadual que criar Município sem a sua existência estará eivada de inconstitucionalidade (ADI 2381). OBS2: reconhecendo a inertia deliberandi do Congresso Nacional em apreciar os vários projetos de LC que tramitavam à época, no julgamento da ADI por omissão n. 3.682, o STF, fazendo um apelo ao legislador, fixou o prazo de 18 meses para que o art. 18, § 4º, CF/88 fosse regulamentado. OBS3: Buscando regularizar a situação de vários Municípios, o Congresso Nacional promulgou a EC n. 57, de 18.12.2008, acrescentando o art. 96 ao ADCT, com a seguinte redação: “ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31.12.2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”. 97 OBS4: Embora considerada imoral pela doutrina, a EC 57/2008 teve sua constitucionalidade reconhecida pelo STF no julgamento da ADI 2381. OBS5: não há dúvida de que, se eventual Município vier a ser criado após 31.12.2006, e ainda não tiver sido editada a LC federal prevista no art. 18, § 4.º, também estaremos diante de um vício formal de inconstitucionalidade. OBS6: Recentemente, A presidente Dilma vetou dois projetos de LC aprovados pelo Congresso sobre o assunto, alegando impacto orçamentário negativo, ou seja, contrário ao interesse público, vez que importaria na criação de pelo menos 200 municípios, rateando ainda mais entre os municípios já existentes os recursos do FPM 98 13/02/2017 50 99 ■ estudo de viabilidade municipal: deverá ser apresentado, publicado e divulgado, na forma da lei, estudo demonstrando a viabilidade da criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios; ■ plebiscito: desde que positivo o estudo de viabilidade, far-se-á consulta às populações dos Municípios envolvidos (de todos os Municípios envolvidos, e não apenas da área a ser desmembrada, conforme se viu em relação aos Estados- membros), para aprovarem ou não a criação, incorporação, fusão ou desmembramento.Referido plebiscito será convocado pela Assembleia Legislativa, de conformidade com a legislação federal e estadual (art. 5.º da Lei n. 9.709/98); ■ lei estadual: dentro do período que a lei complementar federal definir, desde que já tenha havido um estudo de viabilidade e aprovação plebiscitária, serão criados, incorporados, fundidos ou desmembrados Municípios, através de lei esta dual. 100 13/02/2017 51 10.2 Competências administrativas dos Municípios a) comum (cumulativa ou paralela): trata -se de competência não legislativa comum aos quatro entes federativos, quais sejam, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, prevista no art. 23 da CF/88; b) privativa (enumerada): art. 30, III a IX, CF/88. 10.3 Competências legislativas dos Municípios a) expressa: art. 29, caput — qual seja, como vimos, a capacidade de auto-organização dos Municípios, através de lei orgânica; b) interesse local: art. 30, I - o interesse local diz respeito às peculiaridades e necessidades ínsitas à localidade. 101 - Algumas decisões do STF, sobre competência legislativa municipal acerca do “interesse local”: ■ Horário de funcionamento de estabelecimento comercial “É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.” (Súmula 645/STF) “Resolução12.000-001 do secretário de Segurança do Estado do Piauí. (...) Aparência de ofensa aos arts. 30, I, e 24, V e VI, da CF. Usurpação de competências legislativas do Município e da União. (...) Aparenta inconstitucionalidade a resolução de autoridade estadual que, sob pretexto do exercício do poder de polícia, discipline horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, matéria de consumo e assuntos análogos.” (ADI 3.731-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJ de 11-10-2007.) No mesmo sentido: ADI 3.691, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJE de 9-5-2008. 102 13/02/2017 52 ■ Trânsito “É incompatível com a Constituição lei municipal que impõe sanção mais gravosa que a prevista no Código de Trânsito Brasileiro, por extrapolar a competência legislativa do Município.” (ARE 639.496-RG, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso, julgamento em 16-6-2011, Plenário, DJE de 31-8-2011, com repercussão geral.) ■ Distância mínima entre postos de combustíveis “(...) o acórdão recorrido está em harmonia com a pacífica jurisprudência do STF firmada no sentido de que o Município tem competência para legislar sobre a distância mínima entre postos de revenda de combustíveis.” (RE 566.836-ED, voto da Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 30-6-2009, Primeira Turma, DJE de 14-8-2009.) Vide: RE 235.736, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 21-3-2000, Primeira Turma, DJ de 26-5-2000. 103 ■ Vocação sucessória dos cargos de prefeito e vice--prefeito “O poder constituinte dos Estados--membros está limitado pelos princípios da CR, que lhes assegura autonomia com condicionantes, entre as quais se tem o respeito à organização autônoma dos Municípios, também assegurada constitucionalmente. O art. 30, I, da CR outorga aos Municípios a atribuição de legislar sobre assuntos de interesse local. A vocação sucessória dos cargos de prefeito e vice--prefeito põe--se no âmbito da autonomia política local, em caso de dupla vacância. Ao disciplinar matéria, cuja competência é exclusiva dos Municípios, o art. 75, § 2º, da Constituição de Goiás fere a autonomia desses entes, mitigando--lhes a capacidade de auto--organização e de autogoverno e limitando a sua autonomia política assegurada pela Constituição brasileira. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (ADI 3.549, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 17-9-2007, Plenário, DJ de 31-10-2007.) 104 13/02/2017 53 ■ Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila de bancos “Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde com a atinente às atividades fim das instituições bancárias. Matéria de interesse local e de proteção ao consumidor. Competência legislativa do Município.” (RE 432.789, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 14-6-2005, Primeira Turma, DJ de 7-10-2005.) No mesmo sentido: RE 610.221-RG, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 29-4-2010, Plenário, DJE de 20-8-2010, com repercussão geral; AC 1.124-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-5-2006, Primeira Turma, DJ de 4-8-2006; AI 427.373-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 13-12-2006, Primeira Turma, DJ de 9-2-2007. 105 ■ Segurança/conforto nos bancos “O Município pode editar legislação própria, com fundamento na autonomia constitucional que lhe é inerente (CF, art. 30, I), com o objetivo de determinar, às instituições financeiras, que instalem, em suas agências, em favor dos usuários dos serviços bancários (clientes ou não), equipamentos destinados a proporcionar--lhes segurança (tais como portas eletrônicas e câmaras filmadoras) ou a propiciar--lhes conforto, mediante oferecimento de instalações sanitárias, ou fornecimento de cadeiras de espera, ou, ainda, colocação de bebedouros. Precedentes.” (AI 347.717-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 31-5-2005, Segunda Turma, DJ de 5-8-2005.) 106 13/02/2017 54 ■ Distância mínima entre farmácias “Autonomia municipal. Disciplina legal de assunto de interesse local. Lei municipal de Joinville, que proíbe a instalação de nova farmácia a menos de quinhentos metros de estabelecimento da mesma natureza. Extremo a que não pode levar a competência municipal para o zoneamento da cidade, por redundar em reserva de mercado, ainda que relativa, e, consequentemente, em afronta aos princípios da livre concorrência, da defesa do consumidor e da liberdade do exercício das atividades econômicas, que informam o modelo de ordem econômica consagrado pela Carta da República (art. 170 e parágrafo, da CF).” (RE 203.909, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 14-10-1997, Primeira Turma, DJ de 6-2-1998.) 107 c) suplementar: art. 30, II — estabelece competir aos Municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. “No que couber” norteia a atuação municipal, balizando -a dentro do interesse local. Observar ainda que tal competência se aplica, também, às matérias do art. 24, suplementando as normas gerais e específicas, juntamente com outras que digam respeito ao peculiar interesse daquela localidade; d) plano diretor: art. 182, § 1.º - o plano diretor deverá ser aprovado pela Câmara Municipal, sendo obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes. Serve como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana; e) competência tributária expressa: art. 156 (estudar especialmente em direito tributário). 108 13/02/2017 55 109 CASTANHAL 110 13/02/2017 56 De acordo com a Lei Orgânica... Art. 3º - O Município de Castanhal integra a divisão administrativa do Estado do Pará. Parágrafo Único - O Município de Castanhal pertence à Mesorregião Metropolitana de Belém e a Microrregião Castanhal fazendo limites ao Norte - Município de Terra Alta; ao Sul - Municípios de Inhangapi e São Miguel do Guamá; a Leste – Municípios de São Francisco do Pará e Santa Maria do Pará; a Oeste - Municípios de Santa Izabel do Pará, Santo Antônio do Tauá e Vigia. Art. 4º - A sede do Município dá-lhe o nome e tem a categoria de cidade; a sede dos distritos tem a categoria de vila, enquanto a sede dos subdistritos denomina-se agrovila. 111 - População estimada de 186.895 habitantes (IBGE/2014). - Frota de veículos (2013) 112
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