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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES FÍSICO-FUNCIONAIS DE RESTAURANTES COMERCIAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS Equipe: Jardel, Maycon, Samara, Renally, Gabryelle e Nágila Resumo Diante da crescente valorização do setor de alimentação coletiva e da alta competitividade, a preocupação com a qualidade sanitária e nutricional dos alimentos é essencial para que os estabelecimentos se destaquem pela melhoria da qualidade dos produtos e serviços oferecidos. O artigo teve como objetivo: ● Avaliar a edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios de restaurantes comerciais de um município da Zona da Mata Mineira ● Verificar se estes estabelecimentos oferecem condições adequadas para implementação das boas práticas. Foram avaliados 30% (13) dos restaurantes comerciais da área central do município. O diagnóstico foi realizado por meio da aplicação da Lista de Verificação de Boas Práticas recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em que as respostas sobre a adequação incluíram “sim”, “não” e “não se aplica”, e, de uma lista de verificação modificada em que as respostas incluíram faixas de adequação de 0%, 25%, 50%, 75%, 100% e “não se aplica”. Itens da edificação relacionados com os setores de armazenamento, preparação do alimento e distribuição/ salão de refeições mostraram-se inadequados em relação à legislação. Introdução ao Artigo ● Estima-se que, no Brasil, de cada cinco refeições, uma seja feita fora de casa; na Europa são duas em cada seis e nos EUA uma em cada duas. 1 O segmento que distribui o maior número de refeições é o fast food (46%), seguido do self-service por peso (29%) e churrascarias (25%). ● Segundo a Associação Brasileira de Refeições Coletivas (ABERC), o mercado de refeições coletivas fornece 8,3 milhões de refeições/dia, movimenta uma cifra de 9,5 bilhões de reais por ano, oferece 180 mil empregos diretos, consome diariamente um volume de 3,6 mil toneladas de alimentos e representa para os governos uma receita de um bilhão de reais anuais entre impostos e contribuições. ● Diante dessa situação, é necessário o aperfeiçoamento constante das ações de controle sanitário na área de alimentos com objetivo de monitorar e minimizar os riscos originados pela ingestão de alimentos contaminados. Para isso, instrumentos legais importantes como as Portarias nº 1428/1993 e nº 326/1997 e as Resoluções - RDC nº 275/2002 e 216/2004 foram aprovadas com o intuito de contribuir para qualidade na produção e na prestação de serviços na área de alimentação. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo transversal, no período de julho a dezembro de 2005, em restaurantes comerciais situados na área central de um município da Zona da Mata Mineira. A população do município é de 78 mil habitantes, e, incluindo a população flutuante representada por estudantes universitários atinge, aproximadamente, 95 mil habitantes. O município possui Serviço de Vigilância Sanitária atuante desde 1998. Inicialmente, os responsáveis pelos estabelecimentos foram contactados para apresentação dos objetivos da pesquisa e foi solicitada a permissão para visita e avaliação. Dentre os 43 restaurantes comerciais, existentes no município, treze (30%) concordaram em participar da pesquisa. A avaliação consistiu na aplicação da lista de verificação com base na legislação de Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores / Industrializações de Alimentos (Anexo II da RDC 275/2002). 7 Foram avaliados os itens edificação e instalações, equipamentos, móveis e utensílios. Aplicou-se a lista de verifi cação de duas formas: a) Como proposta pela RDC 275/2002, em que as respostas sobre a adequação incluíram sim, não e não se aplica; b) RDC 275/2002 modificada, em que as respostas incluíram: 0% de adequação, 25% de adequação, 50% de adequação, 75% de adequação, 100% de adequação e não se aplica. Foram considerados inadequados os itens classificados como NÃO segundo a RDC nº 275/2002 e aqueles que obtiveram porcentagens inferiores ou iguais a 50% de adequação, segundo a RDC modificada. A segunda forma de avaliação proposta teve como objetivo ser mais justa, uma vez que a primeira forma considera adequados apenas aqueles itens que com percentual de adequação de 100%. As avaliações foram realizadas por pessoas previamente treinadas, por meio de aplicação de listas distintas para cada grupo de setores (armazenamento, preparação do alimento, distribuição/salão de refeições e sanitários). Em cada estabelecimento foram observadas e analisadas as condições físicas e a conservação, com enfoque na área externa; vias de acesso interno; piso; sistema de drenagem; tetos; paredes e divisórias; portas, janelas e outras aberturas; escadas, elevadores e estruturas auxiliares; instalações sanitárias e vestiários; lavatórios na área de produção; iluminação e instalação elétrica; ventilação e climatização; higienização do ambiente; controle integrado de vetores e pragas urbanas; abastecimento de água; manejo dos resíduos; esgotamento sanitário e leiaute. Avaliaram-se também equipamentos, móveis e utensílios, em termos de estado de conservação, número e desenho adequado ao ramo, existência de registros de temperatura, calibração dos equipamentos e freqüência de higienização, produtos de higienização, disponibilidade e procedimentos de uso. Os dados foram armazenados em planilhas e posteriormente foi feita análise descritiva com auxílio do programa Epi-Info versão 6.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO ● A maior parte dos restaurantes (n=8) teve o início de suas atividades após a criação de Portarias/Resoluções que regulamentam a produção e industrialização de alimentos, como a Portaria nº 326/19976 e a Resolução n º 275/2002, 7 que definem, entre outros aspectos, as condições indicadas para a estrutura física. Assim, esperava-se encontrar nesses estabelecimentos, melhor adequação quanto a esse quesito. Os estabelecimentos com inauguração mais recente apresentaram maiores percentuais de adequação quantos aos requisitos analisados. ● Constatou-se que 30,7% (n=4) dos restaurantes trabalhavam com três tipos de atendimento: self-service, pizzaria e a la carte. Apenas 15,4% (n=2) dos restaurantes utilizavam apenas atendimento do tipo self-service. Vários itens referentes à edifi cação estavam inadequados em relação à legislação, especialmente aqueles relacionados com os setores de armazenamento, preparação do alimento e distribuição/salão de refeições. ● Verificou-se, por meio da RDC 275/2002, 7 que de 92% a 100% dos restaurantes apresentaram inadequação em diversos itens relacionados à edifi cação, devido à avaliação mais criteriosa das condições por meio deste instrumento. Conclusão A maioria dos restaurantes não atendeu à legislação quanto aos requisitos edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios necessários à implementação das Boas Práticas, situação que pode comprometer a qualidade e segurança das refeições. Assim, verificou-se a necessidade de investimentos por parte dos proprietários para a realização de reformas para a implementação das boas práticas e atendimento à legislação. A utilização da RDC modificada permitiu identificar com maior precisão as inadequações e, assim, uma análise mais detalhada das condições de edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios e diferenciação do grau de adequação
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