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14/03/2014 1 FBA - 0413 Química de Alimentos Proteínas Alimentares Prof. Dr. João Paulo Fabi UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental Proteínas Complexos biopolímeros constituídos por aminoácidos ligados por ligação covalente (ligação peptídica) formando cadeias lineares PROTEÍNAS ALIMENTARES: 1. fácil digestão 2. não são tóxicas 3. adequadas no aspecto nutricional 4. utilizadas em produtos alimentícios 5. abundantes na agropecuária •PROPRIEDADES: Tecnológicas Nutricionais PROTEÍNAS PROCESSAMENTO Custo-Benefício: Ingestão X Aproveitamento PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS Propriedades funcionais das proteínas: � Solubilidade, absorção e retenção de água; � Emulsificação (adsorção à interface água-óleo); � Formação de geis e coágulos; � Viscosidade e formação de massa; � Formação de espuma (adsorção interface água-ar); � Texturização. α CADEIA LATERAL GRUPO CARBOXÍLICO GRUPO AMINO PROPRIEDADES NUTRICIONAIS Macronutriente: aporte de aminoácidos • Vegetais sintetizam os 20 (21) aminoácidos necessários para a produção de suas proteínas • Animais não sintetizam todos eles, sendo que alguns devem ser ingeridos com o alimento. AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS E NÃO-ESSENCIAIS • AMINOÁCIDOS LIMITANTES!!!! AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS E NÃO-ESSENCIAIS PORTANTO........ Qualidade nutricional das proteínas: 1. Quantidade de aminoácidos essenciais 2. Digestibilidade proteica (biodisponibilidade) 14/03/2014 2 DIGESTIBILIDADE / BIODISPONIBILIDADE Proporção de NITROGÊNIO que será absorvido após a digestão ↑ PROTEÍNAS ANIMAIS X ↓ PROTEÍNAS VEGETAIS 1. Solubilidade 2. Estrutura química 3. Fatores antinutricionais 4. Modificações químicas dos aminoácidos Estabilidade termodinâmica das interações proteína-proteína e proteína- solvente: -RESTRIÇÃO ESTÉRICA -VAN DER WAALS -ligações de HIDROGÊNIO -INTERAÇÕES ELETROSTÁTICAS -pontes DISSULFETO -INTERAÇÕES HIDROFÓBICAS Solubilidade ESTADO NATIVO FOLDING Solubilidade 1) Albuminas - solúveis em água pH 6,6 2) Globulinas - solúveis em solução salina pH 7 3) Glutelinas - solúveis em pH extremos (2 ou 12 ) 4) Prolaminas - solúveis em etanol 70% DESNATURAÇÃO PROTEICA -Ligações peptídicas se mantêm inalteradas; -Outros tipos de interações são afetadas; -Domínios desfeitos; AUMENTO BIODISPONIBILIDADE (???) ESTRUTURA QUÍMICA Desnaturação proteica: 1. Agentes físicos I. Temperatura: II. Força mecânica 2. Agentes químicos I. pHs extremos II. Solventes orgânicos III. Aditivos de baixo peso molecular • “Salting in” (↑ solubil, ↑ biodispon) / “Salting out” (↓ solubil, ↓ biodispon) IV. Detergentes (iônicos) ESTRUTURA QUÍMICA Coagulação Formação de espuma Formação de emulsão Precipitação FATORES ANTINUTRICIONAIS Alimentos com compostos capazes de inibir proteases - diminuição da biodisponibilidade Leguminosas apresentam inibidores de tripsina e quimotripsina que são inativados (desnaturados) sob condições normais de processamento MODIFICAÇÕES QUÍMICAS - Tratamento térmico e/ou químico podem alterar a estrutura química dos aas (radicais) das proteínas: � Diminuição da digestibilidade; � Destruição de aminoácidos; � Perda de aminoácidos essenciais; � Formação de compostos tóxicos. Racemização Ligações cruzadas Pirólise Oxidação Reações carbonil-amina RACEMIZAÇÃO TRATAMENTO TÉRMICO ↑ TEMPERATURAS: modificações químicas - tratamento térmico em pH alcalino (texturização), a hidrólise ácida e a tostagem (acima de 200ºC) levam à racemização parcial de AMINOÁCIDOS (configuração L para D) - ↓ valor nutricional / ↓ digestibilidade / D-aminoácidos: - Hidrólise menos eficiente - Absorção menos eficiente - Não utilizados na síntese in vivo Asp, Ser, Cys, Glu, Phe, Asn, Thr pH alcalino tostagem 200ºC L-aminoácido desidroalanina ligações cruzadas de proteínas D-aminoácido β-eliminação ligações cruzadas de lisinoalanina, lantionina, ornitoalanina, histidinilalanina PROTEÍNAS COM LIGAÇÕES CRUZADAS - ↓ digestibilidade, ↓ valor biológico desidroalanina LIGAÇÕES CRUZADAS pH alcalino tostagem 200ºC L-aminoácido desidroalanina ligações cruzadas de proteínas D-aminoácido 14/03/2014 3 PIRÓLISE ≥ 200ºC: decomposição e pirólise → COMPOSTOS IMIDAZO-QUINOLINAS CONDENSAÇÃO: Açúcares Gly, Thr, Ala, Lys Creatina AÇÃO CARCINOGÊNICA Aminas aromáticas: OXIDAÇÃO Oxidação de resíduos dos aminoácidos: - Agentes oxidantes (peróxido de hidrogênio; peróxido de benzoíla; hipoclorito de sódio) agentes bactericidas clarificantes de farinhas de cereais - Radicais livres: Resíduos + suscetíveis: Met, Cys, Trp, His, Tyr POLIMERIZAÇÃO OUTRAS ALTERAÇÕES Nitritos em produtos cárneos: melhorar a cor impedir crescimento bacteriano (Clostridium botulinum) N-nitrosaminas AÇÃO CARCINOGÊNICA PROTEÍNAS ALIMENTARES Principais fontes proteicas em alimentos � Origem animal: proteínas de boa qualidade e custo elevado � OVO, LEITE E CARNE � Origem vegetal: proteínas deficientes em um ou mais aminoácidos essenciais, menor custo e importância tecnológica � TRIGO, ARROZ, MILHO E SOJA PROTEÍNAS DO OVO Proteínas da clara: 11% P.F. - 8 principais proteínas Proteína Porcentagem (%) Propriedade OVALBUMINA 54 Rápida desnaturação CONALBUMINA 13 Complexa com Fe OVOMUCOIDE 11 Inibidor de tripsina LISOZIMA 3,5 Atividade antimicrobiana OVOMUCINA 1,5 Reação com vírus FLAVOPROTEÍNA 0,8 Ligação com Riboflavina (B2) INIBIDOR DE PROTEASES 0,1 Bacterianas AVIDINA 0,05 Ligação com Biotina (B7) PROTEÍNAS DO OVO Proteínas da gema: 33% P.F.: 3 principais proteínas - Fração expressiva de lipídeos associados - Precipitam quando diluídas em água - Lipoproteínas são excelentes emulsificantes Proteína Porcentagem (%) Propriedade Lipoproteínas * 21 Emulsificantes Fosvitina 7 Fosforilada - ↓ Biodispon. Fe Livetina 5 Muitas Enzimas * Lipovitelina (17-18% de lipídeos) Lipovitelenina (36-41% de lipídeos) PROTEÍNAS DO OVO Proteínas solúveis em água – parcialmente solúveis em água - Força mecânica?? - Caseínas (78%) • α-, β-, κ-, γ-caseínas: fosfoproteínas (ésteres Ser e Thr) - Proteínas do soro (17%) • β-lactoglobulina, α-lactoalbumina, imunoglobulinas, albumina sérica, lactoferrina e lactoperoxidase (fraude). PROTEÍNAS DO LEITE A) submicela de caseína; B) carboidratos da κ-caseína; C) fosfato de cálcio; D) κ-caseína; E) grupos fostato MICELA DE CASEÍNA 1) Solubilização Ca3(PO4)2 2) Ligação Ca2+ interno 3) pI caseínas 14/03/2014 4 PROTEÍNAS DA CARNE CARNE: tecido muscular esquelético de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes que passaram por uma série de reações químicas após a sua morte. Exclui: fígado, timo, rins, músculos lisos (ex: moela, estômago e intestino) que são consumidos como órgãos; inclui coração e língua Carne vermelha Aves Peixes Bovina Suína Cordeiro Frango Peru Bacalhau Atum Água 70,6 72,3 73,4 74,8 74,1 81,2 68,1 Proteína 20,8 21,1 20,3 23,1 24,6 17,8 23,3 Lipídeos 6,2 5,9 5,2 1,2 0,6 0,7 4,9 Cinzas 1,0 1,0 1,1 1,0 1,0 1,2 1,2 Fonte: Adaptado de Química de Alimentos de Fennema, 2010, pg. 720. COMPOSIÇÃO DA CARNE É MUITO VARIÁVEL espécie, raça, gênero, estado nutricional e nível de atividade do animal; animal: composição varia de acordo com a área anatômica do corte, com o processo de pós-abate, com o armazenamento, com a forma de cocção. COMPOSIÇÃO Composição aproximada de carnes de diversas fontes ESTRUTURA E FUNÇÃO MUSCULAR Figura 1 – Representação diagramática da organização estrutural do MÚSCULO ESQUELÉTICO. Fonte: Química de Alimentos de Fennema, 2010,pg. 723. célula muscular individual multinucleada alongada, paralela camada de tecido conjuntivo camada de tecido conjuntivo pode ter tecido adiposo CARNE MARMORIZADA Membrana plasmática muscular Citoplasma muscular CLASSIFICAÇÃO: segundo solubilidade em sais localização celular Proteínas sarcoplasmáticas ≈ 30 % Ex. albumina, enzimas, mioglobina (sol. < 0,3 mM NaCl) Proteínas miofibrilares 50 a 60% Ex. actina e miosina (sol. > 0,3 M NaCl) Proteínas do estroma 10 a 20% (insolúveis em sol. sal.) - camadas de tecido conjuntivo, protegem e sustentam o músculo Ex: colágeno (quantidade e qualidade do colágeno maciez da carne) PROTEÍNAS DO TECIDO MUSCULAR Proteína contráteis - Miosina - Actina - Tropomiosina / troponina 45% da proteína miofibrilar filamento espesso 6 subunidades unidas MW ~ 500.000 Atividade ATPásica - capacidade de unir-se ao ATP - capacidade de hidrolisar ATP Proteínas miofibrilares MIOSINA ACTINA 20% da proteína miofibrilar Monômero: actina globular (actina G) Polímero: actina filamentosa (actina F) - Filamento fino: forma filamentosa da actina + tropomiosina + troponina Proteínas miofibrilares MORTE ANIMAL 1) Sacrifício do animal de abate 2) Sangria 3) Interrupção do fluxo sanguíneo para o músculo: interrupção fornecimento de O2 e nutrientes, acúmulo de metabólitos CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE Morte do Animal Ácido láctico Início da glicólise anaeróbia [ O2] músculo Produção de ATP ACTO-MIOSINA pH (7,4 5,5) músculo mole e extensível rígida e inextensível rigidez cadavérica CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE Rigor mortis Maturação da carne/ Resolução do rigor mortis Post rigor mortis Perda da regulação biológica e de proteases Quando o músculo é deixado refrigerado em pós-rigor ocorre o amaciamento (reversão do rigor) Proteases endógenas ou de fibroblastos Catepsinas e calpaínas (Cys proteases) ativadas por cálcio (VEGETAL?) Carne maturada: refrigeração por 1-2 semanas para aumentar a maciez 14/03/2014 5 Post rigor mortis (Creatina quinase) (Glicólise) (Consumo) (Formação actomiosina) É NECESSÁRIO DEIXAR OCORRER? Frango: < 30 min Peru: < 60 min Suíno: de 25 min a 3 horas Bovino: de 6 a 12 horas Colágeno, elastina e reticulina: tecido conjuntivo que recobre as fibras e os feixes musculares. Colágeno: família de 27 proteínas Tecidos conjuntivos: ossos, tendões, cartilagens, veias, pele, dentes, músculos. Proteínas do estroma Pro: quebra a sequência de α-hélice Proteínas com ↑ Pro: triplas hélices COLÁGENO: - Hyp, Pro, Gly - ↑ força de tensão - ligações cruzadas - baixo teor de AA essenciais (Trp) Gelatina Estado amorfo do colágeno Transição da estrutura alinhada de triplas hélices para uma estrutura menos organizada Fervura de ossos, pele e outras partes do tecido conjuntivo animal � Aquecimento em presença de água: • menos resíduos hidrofóbicos - formação + lenta • resfriamento (ordenação das ligações de H) • geis fortes / termicamente reversíveis � Uso de ácido ou álcali afeta propriedades Colágeno – só propriedades ruins? CAPACIDADE DE FORMAÇÃO DE MASSA: - Farinha de trigo + água + força mecânica → massa viscoelástica - Fração amido → propriedades de intumescimento - Fração proteica insolúvel: GLUTÉN • mistura heterogênea de proteínas: gliadinas e glutelinas: aprisionar o gás durante a fermentação da massa Proteínas do Trigo GLIADINAS: - 4 grupos, α-, β-, γ- e ω-gliadinas → 30 - 80 KDa - nº constante de Cys-Cys inseridas no interior das proteínas - pontes dissulfeto não se alteram durante processo - ↑ viscosidade; ↓ viscoelasticidade GLUTELINAS: - polipeptídeos heterogêneos → 12 a 130 KDa - pontes dissulfeto se alteram durante o processo - ≈ viscosidade; ↑ viscoelasticidade - Trigo de boa qualidade: interação glutelinas alta / baixa massas moleculares - ↑ elasticidade, ↑ tempo - Trigo de baixa qualidade: interação glutelinas baixa massa molecular - ↑ elasticidade, ↓ tempo Proteínas do Trigo GLUTÉN: 30% aminoácidos hidrofóbicos < 10% aminoácidos hidrofílicos 1-3 mol% de Cys - Cistina Massa do pão: - ↑ resíduos hidrofóbicos (ar - lipídeos) - ↓ resíduos hidrofílicos (coesão-adesão) - sulfidril-dissulfeto → polimerização → cavidades de ar agentes oxidantes, ↑ elasticidade (iodatos e bromatos – PROIBIDOS!!!) OXIDAÇÃO REDUÇÃO + 2H+ + 2e- CISTINACISTEÍNA Proteínas do Trigo Proteínas da Soja • Boa fonte de aminoácidos essenciais • Alto conteúdo de lisina (complemento para cereais) • Ausência de gliadina e glutelina • Alta solubilidade (Globulinas) • Ampla aplicação tecnológica • Mistura complexa de proteínas • Presença de inibidores de tripsina TEXTURIZAÇÃO: Estado globular proteína vegetal → estrutura física fibrosa (carne) PROTEÍNAS VEGETAIS TEXTURIZADAS (PVT) 2) Texturização por extrusão:1) Texturização por formação de fibra: Proteínas da Soja PROTEÍNAS ALIMENTARES • Principais alimentos fontes de proteínas: - OVO, LEITE E CARNE - TRIGO, ARROZ, MILHO E SOJA • Diferenças na composição de aminoácidos: Aminoácidos essenciais Aminoácidos limitantes Digestibilidade proteica / Biodisponibilidade Alterações químicas dos aminoácidos
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