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Química das Proteínas Química de Alimentos Introdução e Conceitos > Proteínas: são polímeros de alto peso molecular, constituído de aminoácidos ligados entre si por uma ligação peptídica. - Nos alimentos, variam 20 tipos diferentes de aminoácidos. - AA = grupo amino + grupo carboxílico + carbono central + radical (diferencia os aminoácidos e determina suas propriedades). > Nos alimentos, as proteínas podem ser classificadas como: - Simples: apenas aminoácidos na cadeia. Ex.: Albuminas menor peso molecular, solúveis em água (lactoalbumina, ovoalbumina). Escleroproteínas (fibrosas): alto peso molecular, fontes animais, menor solubilidade (colágeno, elastina). - Conjugadas ou heteroproteínas: AA + outras moléculas de diferentes características (grupo prostético) na cadeia. Ex.: lipoproteínas (presente na gema do ovo). > Estrutura proteica: A estrutura das proteínas pode se organizar em nível primário, secundário, terciário e quaternário. 1. Estrutura primária: sequência linear de aminoácidos unidos por ligação peptídica. 2. Estrutura secundária: refere-se ao arranjo espacial (α-hélice) dos resíduos de aminoácidos em alguns segmentos da cadeia polipeptídica. 3. Estrutura terciária: refere-se ao dobramento da estrutura secundária em forma compacta tridimensional, por ligações de hidrogênio, interações de van der Waals e hidrofóbicas, pontes de sulfeto e ligação iônica. Grande número de resíduos hidrofílicos assume estrutura terciária alongada do tipo bastonete (fibrosa), enquanto aquelas com resíduos hidrofóbicos assumem estrutura globular. 4. Estrutura quaternária: ocorre quando uma proteína possui mais de uma cadeia polipeptídica (dímeros, trímeros, tetrâmeros, etc.). exemplo: hemoglobina > Desnaturação proteica: ocorre quando o meio em que a proteína se encontra é alterado, de forma que mude sua estrutura tridimensional, afetando sua atividade biológica. A desnaturação não afeta as ligações peptídicas entre os aminoácidos, ou seja, a estrutura primária é mantida – a quebra da ligação peptídica é feita por hidrólise. - A desnaturação pode provocar: → Perda da atividade biológica da proteína → Perda da solubilidade e propriedades funcionais → Mudança na capacidade de ligar água → Aumento da suscetibilidade ao ataque de proteases → Aumento da reatividade química - Agentes desnaturantes: → Agentes físicos: calor, frio, irradiação, ultravioleta, ultrassom, agitação mecânica, pressão hidrostática. Temperatura: interfere na estabilidade das interações não covalentes (pontes de hidrogênio e interações eletrostáticas). → Agentes químicos: alterações de pH, solventes orgânicos, solutos orgânicos, ureia. pH – maior estabilidade no ponto isoelétrico da proteína. A desnaturação também pode ser influenciada por propriedades nutricionais: proteína desnaturada → mais digerível. > Propriedades funcionais da proteína: Influenciam nos atributos sensoriais do produto final. → Propriedade de hidratação (solubilizar): - Os aminoácidos têm sítios de ligação que conseguem formar ligações de hidrogênio com moléculas de água. - Interação das moléculas de água com grupos carregados, peptídicos, amida, hidroxila e resíduos polares da cadeia de proteína. - Aminoácidos com radicais polares tornam a interação com a água melhor. - Aminoácidos com grupos carregados ligam mais água. - A interação com a água influencia na viscosidade do produto, na dispersibilidade, umectabilidade, expansão, solubilidade, espessamento/viscosidade, capacidade de retenção de água, gelificação, coagulação, emulsificação e formação de espuma. - A solubilidade das proteínas em água é influenciada pelo pH (menor solubilidade no ponto isoelétrico), força iônica, solvente orgânico e temperatura. → Propriedade surfactante: - Baseia-se na característica anfifílica da molécula proteica, que promove a mistura de dois líquidos imiscíveis (água e óleo). - Permite a formação de espuma (dispersão coloidal) → mistura de ar e água. A formação da “clara em neve” é devido a propriedade de formação de espuma das proteínas. - Alimentos em forma de emulsão: maionese, margarina, emulsões cárneas. → Propriedade reológica: - Altera a propriedade física do meio. - Viscosidade: resistência de uma solução ao fluxo quando uma força é aplicada. Depende da estrutura e concentração da proteína no meio e do tamanho da cadeia (peso molecular). Proteínas de alto peso molecular alteram a viscosidade em menores concentrações. Albuminas são mais solúveis em água e tem grande poder de alterar a viscosidade do meio. - Gelificação: proteínas podem ser transformadas em géis por ação do calor, enzimas ou cátions divalentes em condições adequadas. Exemplo: gelatina (colágeno animal) → proteína desnaturada por aquecimento e depois resfria para formar o gel. + gel coágulo: agregados proteicos (hidrofóbico), formado mesmo em aquecimento. Tem grande quantidade de resíduos de aminoácidos apolares. + gel translúcido: menor quantidade de resíduos apolares, quando comparado ao gel coágulo. Forma complexos solúveis, formados por ligações de hidrogênio. Forma gel após o resfriamento. > Aplicação das propriedades das proteínas: Proteínas de Interesse nos Alimentos LEITE > solução aquosa de proteínas, lactose, minerais e vitaminas que comporta glóbulos de gordura emulsificada e micelas de caseína na forma coloidal. > as proteínas são: → 80% caseínas: insolúveis – produção de queijo. → 20% proteínas do soro: solúveis – albuminas e globulinas. - Albumina e α-caseína estão em maior quantidade no leite. > as proteínas do leite estão presentes dentro de micelas, conferindo estruturação a elas. > Caseína: Formada por resíduos de aminoácidos apolares (alta viscosidade); É formada por 4 subunidades: 2 α, β, κ. A subunidade κ tem a presença de carboidratos, o que a torna mais solúvel. E, por isso, estão localizadas na parte de fora da micela. Estão na forma de micelas: formada por submicelas de caseína unidas com fosfato de cálcio que as estabiliza. > as micelas dispersam a luz e conferem ao leite coloração branca. - É estável nas condições de processamento e instável em pH ácido e por ação de algumas enzimas. > Precipitação da caseína: forma coágulo (coalho) para a produção de queijos e derivados do leite. → Precipitação por redução do pH: modifica o ponto isoelétrico das proteínas, modificando sua solubilidade. Ex.: adição de ácido ou fermentação lática, ou vinagre, HCl. - A precipitação da caseína por redução do pH é usada para a formação de iogurtes. - Os coágulos são formados por ligações fracas e facilmente desfeitas (iogurte, requeijão). → Precipitação por ação enzimática: enzima quimosina – obtida do abmasso de ruminantes. Hidrolisa a subunidade κ-caseína, que é mais solúvel na presença do ácido siálico. Assim, vão ficar só as proteínas insolúveis – perda da fração solúvel, levando à formação do coalho. - Por ação enzimática, o coalho formado é mais firme e é utilizado na produção de queijos. → Precipitação por calor: - As proteínas do soro (albumina e globulina) são precipitadas pelo calor (coágulo aprisiona gordura e caseína) → nata do leite. - No soro do leite há presença de β-lactoglobulina e α-lactoalbumina. - Menor precipitação no processo de secagem. - As proteínas do soro do leite que são mais abundantes são β-lactoglobulina (proteína globular), α-lactoalbumina (faz parte do sistema enzimático responsável pela síntese da lactose), imunoglobulinas e soroalbumina bovina. São mais solúveis em pH ácido e precipitam-se a temperaturas da partir de 70 °C. As proteínas do soro do leite utilizadas para a produção de suplementos alimentares, como whey protein. Aroma de “leite fervido”: ácidos graxos de cadeia curta e enxofre de aminoácidos. OVO > parte da clara é compostapor proteínas solúveis, como albumina (ovoalbumina). > 13% de proteínas: Clara – maior teor proteico Gema – lipoproteínas > Ovoalbumina: é uma fosfoglicoproteína da clara, que desnatura facilmente pelo calor. Os filamentos elásticos da albumina retêm glóbulos de ar, permitindo a produção de clara em neve. Sob calor a proteína coagula e o ar fica retido. > Formação de espuma pelo movimento/mecânica da clara: - A propriedade de formar espuma sofre a interferência de diversos agentes: - Coagulação e reações de Maillard > Propriedades funcionais das proteínas de ovos: → Coagulação → Formação de espuma → Aglutinação → Emulsificação → Cor, sabor e aroma CARNES > proteínas organizadas na forma de filamentos -> feixes de fibras musculares recoberto por tecido conjuntivo (composto em sua maioria de colágeno). > Composição protéica: é influenciada pela espécie, raça, sexo, tipo de alimentação, zona de criação, corte e localização. → 16-22% de proteínas > Classificação das proteínas da carne de acordo com sua solubilidade: → Proteínas sarcoplasmáticas: solúveis e conferem cor à carne (mioglobina). São 30-35% do total de proteínas. Os músculos de contração lenta têm maior quantidade dessas proteínas. → Proteínas miofibrilares: actina e miosina – importante na contração do tecido muscular. São 65-75% do total de proteínas. → Proteínas insolúveis ou de estroma: colágeno é o mais abundante e sua estrutura se modifica conforme o animal envelhece. São 10-15% do total de proteínas. Firas extracelulares de colágeno, elastina e reticulina. > Capacidade de retenção de água (CRA): é uma função das proteínas da carne que altera propriedades e características da carne. A perda de CRA afeta as características sensoriais da carne e de seus produtos derivados, já que confere cor, textura, firmeza, maciez e suculência. Influenciada por fatores como: pH, calor, força iônica (adição de sais), fosfatos, espécie, idade do animal. > A propriedade emulsificante dessas proteínas permite a interação delas com a fase gordurosa – formação de emulsões cárneas e géis cárneos (patês, mortadela, salsicha). - Emulsões cárneas: união de moléculas de gordura (fase dispersa) e água (fase contínua) através de proteínas solubilizadas. - Géis cárneos: formação de rede tridimensional de fibras proteicas ocasionada por queda no pH ou tratamento térmico (produtos cárneos cozidos). > Carne artificial ou cultivada é um tipo de tecido muscular criado em laboratório que vem sendo desenvolvida em pesquisas para tentar substituir a carne. LEGUMINOSAS > Grãos dentro dos vegetais > Ricos em proteínas vegetais/de leguminosas (feijão, grão de bico, ervilha, soja, amendoim – sementes que crescem em vagens). > Aminoácidos limitantes: não estão presentes no legume, como a metionina (leguminosas) e lisina (cereais). > Albumina e globulina: proteínas de reserva das plantas. Têm menor digestibilidade (fatores antinutricionais e proteínas globulares) e são pobres em sulfurados (cisteína e meitonina). > Proteína da soja: subprodutos mais utilizados. Possui uma das maiores digestibilidades de fonte vegetal. Seu valor biológico refere-se à capacidade dessa proteína de ser retida no organismo. - Composição de AA mais próxima dos animais - β-glicina é a principal delas > Texturização da proteína de soja: extrusão termoplástica do farelo de soja. Elimina fatores antinutricionais, reduz a solubilidade e aumenta a digestibilidade da soja. É utilizado no preparo de análogos da carne, como hambúrguer, almôndegas, salsicha, etc. > Derivado proteico da soja: isolado proteico – substitui o whey para veganos. A separação é realizada por centrifugação ou ultrafiltração e o concentrado é seco por atomização. Apresenta cerca de 70% de proteínas e é utilizado em produtos de emulsão cárneos. Utilizado para enriquecimento e correção do valor proteico de alimentos como sopas, bases de molhos, bebidas, fórmulas infantis, análogos do leite e da carne. Apresenta cerca de 90% de proteínas e baixo teor de fibras. > a fermentação da soja modifica o seu perfil (melhora) de aminoácidos. CEREAIS > os cereais incluem: arroz, aveias, trigo, o quais têm concentrações diferentes de proteínas solúveis e insolúveis. Cada espécie pode ter um perfil eletroforético de proteínas diferente. > As proteínas dos cereais podem ser: - Solúveis: enzimas, inibidores enzimáticos e lectinas. - Insolúveis: glutelinas e protelinas – zeína (milho), hordeínas (cevada), secalinas (centeio), avelinas (aveia), gliadinas e gluteninas (glúten). > Glúten = gliatina e glutenina (duas unidades de proteínas separadas que compõem o glúten). - O glúten está presente naturalmente no trigo, centeio e cevada. Na aveia, a sua presença é decorrente de uma contaminação cruzada durante a plantação no mesmo solo de cereais com essas proteínas. > Formação do glúten: ocorre quando a massa é hidratada e é aplicada uma força mecânica que fornece energia suficiente para que aconteçam modificações físico-químicas nas moléculas de gliadina e glutenina. Durante a ação mecânica, ocorre a interação das moléculas de gliadina e glutenina que, mediante pontes hidrogênio, ligações dissulfeto e forças de van der Walls, formam uma malha protéica (rede tridimensional) capaz de reter gases, absorver água, conferir coesividade, viscosidade (textura) e elasticidade às massas. - Proteínas presentes no endosperma. > o glúten confere textura e retenção de CO2 na fermentação de uma massa, promovendo consistência porosa e esponjosa. A retenção de gás pela rede de glúten contribui para o volume. - Gliadina: proteína de cadeia simples bastante extensível, mas pouco elástica, responsável pela confere extensibilidade, ductibilidade e coesividade. - Glutenina: polímero de cadeia ramificada responsável pela elasticidade da estrutura do glúten. Confere elasticidade. > A substituição de farinha de trigo (rica em glúten) por farinha de arroz (sem glúten) influencia diretamente nas propriedades tecnológicas e sensoriais (volume e espessura) de pães. Eles se tornam mais endurecidos. > Produtos de panificação: Sacharomyces cerevisiae é a mais utilizada. → Produção de CO2: expansão e aeração da massa → Adição de açúcar: facilita o processo de adaptação da levedura. → Adição de enzimas (amilases): quebram o amido.
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