Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução a Microbiologia Os microrganismos são de um modo mais geral, organismos invisíveis a olho nu. A Microbiologia [do grego mikros (pequeno), bios (vida) e logos (ciência)] é a ciência que estuda esses organismos microscópicos e suas atividades. São então investigados as formas, estrutura, reprodução, fisiologia, metabolismo, identificação, interações e modificações ambientais, distribuição natural e efeitos maléficos e benéficos ao homem. As células são as unidades básicas dos organismos vivos, fazendo parte das diversas funcionalidades que um organismo possui, como metabolismo, reprodução, excreção, comunicação e evolução. Os microrganismos são na sua maioria seres unicelulares, por isso se apresentam diferenciadas de animais e vegetais, que não se encontram de forma unicelular na natureza. Nos unicelulares, essas atividades vitais são feitas apenas por uma célula. Porém, os grupos microbianos também apresentam seres pluricelulares. Os grupos estudados pela Microbiologia são as bactérias, fungos, algas, protozoários. Os vírus, apesar de serem acelulares e necessitarem de uma célula hospedeira para realizarem qualquer tipo de atividade metabólica também são estudados pela Microbiologia. A distribuição desses seres no ambiente é ampla e diversificada. Portanto, tendo distribuição cosmopolita, são encontrados em locais diversos, nos ambientes terrestre, aquático e aéreo. Podem ser transportados de forma natural ou antrópica de um ambiente a outro, necessitando de nutrientes, umidade e temperatura adequada para garantir seu crescimento e multiplicação, sendo estes os fatores primordiais para sua distribuição. Estão envolvidos em diversas interações, habitando e/ou influenciando de alguma maneira todas as outras formas de vida. Estruturas decélula eucariota e procariota A ciência microbiana se divide em duas principais áreas: Uma que trata da ciência biológica básica e a outra da ciência aplicada. A Microbiologia Básica trata das propriedades fundamentais dos microrganismos, sendo estas: • Morfologia • Fisiologia • Bioquímica • Genética • Ecologia • Patogenicidade • Classificação A Microbiologia Aplicada trata das formas que os microrganismos podem ser usados de forma prática, através de sua aplicação ou controle nas áreas: • Medicina • Indústria • Alimentos e laticínios • Agricultura • Meio Ambiente Bactérias Fungos Protozoários Algas Vírus bacteriófago O posicionamento dos microrganismos no mundo vivo já foi amplamente debatido ao longo da história, desde a sua descoberta. A Taxonomia é a ciência que se encarrega de descrever, nomear e classificar os organismos vivos. Agregada a Taxonomia, a Sistemática ainda agrupa os seres vivos por seus parentescos, estudando a diversidade biológica e história evolutiva. Muitas tentativas de classificá-los e agrupá-los foram feitas ao longo dos tempos: • Aristóteles (~350 a.C) dividiu os seres vivos apenas em animais e vegetais. Os microrganismos ainda não eram conhecidos. • Carolus Linnaeus (1758) fez uma classificação que apesar de ter mantido essa divisão de Aristóteles, seu sistema foi mais elaborado, com categorias de classificação, ficando a diversidade dos seres vivos dividido em dois reinos: Reino Plantae e Reino Animalia. Introduziu o sistema binomial de nomenclatura. Porém, nessa classificação os protozoários se enquadravam no Reino Animalia e os outros microrganismos (fungos, bactérias, algas) no Reino Plantae, classificação que não contemplava as características próprias dos microrganismos, sendo impraticável para estes. • Haeckell (1866) levando em consideração a necessidade de agrupar os microrganismos em uma única categoria cria o Reino Protista para englobar bactérias, algas, fungos e protozoários. • Advento da microscopia eletrônica (1937) permitiu maior investigação nas estruturas microscópicas, portanto se acentuou as diferenças mais fundamentais entre as células dos organismos, dividindo em eucarióticas as células com núcleo individualizado e procarióticas as células sem núcleo individualizado, chegando a conclusão de diferenças até entre os microrganismos, onde fungos, algas e protozoários são reconhecidos como eucariontes, junto aos animais e plantas, e as bactérias reconhecidas como procariontes. • Copeland (1956) então cria um sistema que inclui um novo reino, o Monera colocando as bactérias, seres procariontes; Protista, algas, fungos e protozoários; Plantae, plantas e organismos fotossintetizantes e Animalia, animais. • Whittaker (1969) propôs a classificação mais aceita do século XX. Agrupa os organismos em cinco reinos, os distribuindo de acordo com suas formas de alimentação. Monera, bactérias; Protista, protozoários, algas e fungos limosos; Fungi, fungos verdadeiros; Plantae, plantas e organismos fotossintetizantes e Animalia, animais. Estudos avançados de técnicas moleculares permitiram a visualização de diferenças peculiares entre as próprias células protistas. Com base principalmente em observações de sequências do RNA ribossômico, chegou-se a conclusão da existência de três tipos de células diferentes, de acordo com as diferenças nas características do RNAr, estrutura lipídica da membrana plasmática, moléculas de RNA de transferência e sensibilidade aos antibióticos, ficando dois tipos de células procarióticas e um tipo eucariótica. Então propôs-se a classificação dos organismos vivos mais atual: • Woese et al.(1990), que considera a inserção do domínio, nível acima dos reinos. Os organismos vivos ficaram classificados entre três domínios, sendo os microrganismos presentes nos três domínios propostos, assim distribuídos: Eucariotos Domínio Eucarya, incluindo os Reinos Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Procariotos Domínios Archaea e Bacteria, apresentando paredes celulares bastante distintas: Domínio Bacteria Também chamadas de eubactérias são procariontes microscópicos com diferentes formas morfológicas, variando de formas esféricas (coco), bastonetes (bacilo), e espirais (vibrião, espirilo e espiroqueta). Podem se apresentar ainda unidos em diferentes arranjos. Sua estrutura celular é basicamente formada por uma parede celular de peptideoglicana e membrana citoplasmática formada por fosfolipídeos e proteínas, basicamente. O DNA está no citoplasma, em uma região chamada nucleóide. PAREDE DE ARCHAEA Se presente Sem Peptideoglicano PAREDE DE BACTERIA Com Peptideoglicano Árvore Filogenética da Vida baseada em classificação de Woese et al. (1990) De acordo com algumas diferenças na estrutura da parede celular das bactérias, estas serão classificadas em Gram-positivas ou Gram-negativas, sendo as Gram-negativas contendo parede com uma ou poucas camadas de peptideoglicana e uma membrana externa, e as Gram-positivas com muitas camadas de peptideoglicana, formando uma estrutura espessa e rígida, além de ácidos teicóicos, que consistem principalmente de um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Podem apresentar externamente a parede diversas estruturas de locomoção, proteção e reprodução, como os flagelos, glicocálice e fímbrias ou pili. Possuem grande importância na natureza, realizando diversificadas interações com o ambiente e outros organismos. Um exemplo são as bactérias endófitas, que realizam importantes interações com vegetais os beneficiando, como por exemplo proteção contra fitopatógenos, que garante a sobrevivência desses vegetais. Em leguminosas, as bactérias rizóbios formamos famosos nódulos nas raízes e realizam a fixação do nitrogênio. São também muito importantes na Microbiologia Aplicada, sendo utilizadas nas indústrias farmacêuticas, de alimentos, na agricultura, na medicina. Também são patogênicas, tanto para os humanos quanto para outros seres, animais e vegetais. Domínio Archaea Representado por microrganismos procariontes microscópicos, com características restritas e incomuns. Possuem formas que se assemelham a das eubactérias. São consideradas as mais distantes evolutivamente das eubactérias. Sua parede celular, quando presente não é formada por peptideoglicanos, fato crucial na diferenciação destas (arqueobactérias) com as eubactérias, mas sim formada por diferentes macromoléculas, como uma pseudopeptideoglicana. São geralmente anaeróbios. Abarca os organismos chamados de extremófilos, que habitam ambientes de condições nocivos a muitos dos outros organismos vivos, como fundo dos oceanos, solos em desertificação, fontes hidrotermais, regiões vulcânicas, nascentes de águas ácidas, com riqueza de enxofre. Seu metabolismo, dessa forma é diferenciado, sendo algumas metanogênicas. Também realizam muitas interações com outros seres, como trato digestivo de insetos, como os cupins, e herbívoros, como boi e vaca, onde produzem metano (CH4) através da degradação da celulose. Domínio Eucarya Reino Protista O Reino Protista engloba os protozoários e as algas. Os protozoários são eucariotos unicelulares. Geralmente não possuem parede celular, mas possuem flagelos, cílios ou pseudópodes, estruturas responsáveis pelos movimentos. Alimentam-se por ingestão de alimentos. São parasitas, obrigatórios ou facultativos, podendo causar diversas patologias no homem ou em outros animais. Doença de Chagas é um exemplo de patologia que afeta os seres humanos, sendo originada pelo protozoário Trypanossoma cruzi. Porém, também realizam interações benéficas, como a digestão de ruminantes. As algas são eucariotos unicelulares ou multicelulares, possuindo parede formada por celulose. São fotossintéticas. Formam várias interações ambientais, como o famoso mutualismo com fungos, formando os líquens. Podem estar envolvidas em importantes contaminações ambientais, como a eutrofização dos corpos d’agua. Reino Fungi Os fungos são eucariotos amplamente diversos, podendo ser multicelulares (filamentosos) ou unicelulares (leveduras). Possuem parede formada por quitina e algumas vezes celulose. Seu modo de nutrição é por absorção, sendo principalmente organismos sapróbios, ou seja, retiram seus nutrientes da decomposição de materiais orgânicos. Também realizam grandes interações com outros organismos, como a importante interação mutualista com plantas pelos fungos micorrízicos, e com algas, formando os líquens. Na Microbiologia Aplicada possui uma ampla aplicação. No setor industrial, entre tantas aplicações, são usados na fermentação de bebidas e massas e fabricação de queijos. Na área medicinal, usados para síntese de medicamentos, sendo originaria dos fungos a substância que revolucionou a medicina no tratamento de infecções bacterianas, o antibiótico Penicilina. Também são causadores de malefícios, como patogenicidades importantes aos humanos e a outros organismos, como nos vegetais, afetando assim a área agrícola. Os Vírus Os vírus são acelulares. Considerados basicamente elementos que contêm material genético (DNA ou RNA) e proteínas, geralmente formando estruturas protetoras. Por não terem células, são parasitas intracelulares obrigatórios, e ao parasitar um organismo pode lhe causar infecções ou apenas mudança genética na célula. Possuem grande importância médica e econômica, ao causar diversas infecções em humanos, outros animais, plantas e até mesmo bactérias, os chamados bacteriófagos. Estes últimos são muito importantes em estudos moleculares, dando um grande potencial biotecnológico a este grupo. Referências BOSSOLAN, N.R.S. Introdução á Microbiologia, 2002.Disponível em: <http://www.vetarq.com.br/2015/11/apostila-introducao-microbiologia-pdf.html> Acesso em: 23/03/2017 MANDIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. TORTORA, G. J.;FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2012.
Compartilhar