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Talden Farias avulsas sinpose direito ambiental 2a ed


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2ª edição
2014
Leonardo de Medeiros Garcia
Coordenador da Coleção
Talden Farias
Advogado, consultor jurídico e professor da Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Ciências 
Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba, doutorando em Direito da Cidade pela Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro e doutor em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina 
Grande, com estágio de pesquisa realizado junto à Universidade de Salamanca/Espanha. Autor dos 
livros “Direito ambiental: tópicos especiais” (João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2007), 
“Introdução ao direito ambiental” (Belo Horizonte: Del Rey, 2009) e “Licenciamento ambiental: 
aspectos teóricos e práticos” (4. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013). Organizador do livro “Direito 
ambiental: o meio ambiente e os desafios da contemporaneidade” (Belo Horizonte: Fórum, 2010).
Francisco Seráphico da Nóbrega Coutinho
Juiz de Direito no Rio Grande do Norte e professor da Escola da Magistratura do Rio Grande do 
Norte. Especialista em Direito Ambiental pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em Desen-
volvimento e Meio Ambiente pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte e doutor em 
Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande. Organizador do livro “Direito 
ambiental: o meio ambiente e os desafios da contemporaneidade” (Belo Horizonte: Fórum, 2010). 
Coordenador da “Revista direito e liberdade”, da Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte.
Geórgia Karênia R. M. M. Melo
Advogada, consultora jurídica e professora (licenciada) da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas. 
Mestre e doutoranda em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande.
DIREITO 
AMBIENTAL
DIREITO 
AMBIENTAL
C O L E Ç Ã O S I N O P S E S
P A R A C O N C U R S O S
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GUIA DE LEITURA DA COLEÇÃO
Guia de leitura 
da Coleção
A Coleção foi elaborada com a metodologia que entendemos ser 
a mais apropriada para a preparação de concursos.
Neste contexto, a Coleção contempla:
• DOUTRINA OTIMIZADA PARA CONCURSOS
Além de cada autor abordar, de maneira sistematizada, os 
assuntos triviais sobre cada matéria, são contemplados temas atuais, 
de suma importância para uma boa preparação para as provas.
Não existe um consenso na doutrina e na jurisprudência 
quanto aos princípios gerais do Direito Ambiental, seja no que diz 
respeito ao conteúdo, ao número ou à terminologia adotada. Por 
isso, foram selecionados os princípios com maior respaldo consti-
tucional e universalidade, e mais exigidos em concursos públicos.
• ENTENDIMENTOS DO STF E STJ SOBRE OS PRINCIPAIS PONTOS
 Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?
“A criação de Unidades de Conservação não é um fi m em si mesmo, vincu-
lada que se encontra a claros objetivos constitucionais e legais de proteção 
da Natureza. Por isso, em nada resolve, freia ou mitiga a crise da biodi-
versidade – diretamente associada à insustentável e veloz destruição de 
habitat natural –, se não vier acompanhada do compromisso estatal de, 
sincera e efi cazmente, zelar pela sua integridade físico-ecológica e provi-
denciar os meios para sua gestão técnica, transparente e democrática. A 
ser diferente, nada além de um “sistema de áreas protegidas de papel ou 
de fachada” existirá, espaços de ninguém, onde a omissão das autoridades 
é compreendida pelos degradadores de plantão como autorização implícita 
para o desmatamento, a exploração predatória e a ocupação ilícita” (REsp 
1071741, Relator Ministro Herman Benjamin, 16.12.2010). 
TALDEN FARIAS, FRANCISCO SERÁPHICO DA NÓBREGA COUTINHO E GEÓRGIA KARÊNIA
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• PALAVRAS-CHAVES EM OUTRA COR
As palavras mais importantes (palavras-chaves) são colocadas 
em outra cor para que o leitor consiga visualizá-las e memorizá-las 
mais facilmente.
O Plano de Manejo é elaborado de acordo com as necessidades 
e peculiaridades da área protegida, posto que cada Unidade de Con-
servação possui uma realidade distinta. 
• QUADROS, TABELAS COMPARATIVAS, ESQUEMAS E DESENHOS
Com esta técnica, o leitor sintetiza e memoriza mais facilmente 
os principais assuntos tratados no livro.
• QUESTÕES DE CONCURSOS NO DECORRER DO TEXTO
Através da seção “Como esse assunto foi cobrado em concurso?” é 
apresentado ao leitor como as principais organizadoras de concurso 
do país cobram o assunto nas provas.
 Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foi considerada correta o seguinte item no concurso para o cargo de Juiz 
Federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região/2010/CESPE: Podem 
ser constituídas de terras particulares a área de proteção ambiental, 
o Refúgio de vida silvestre e a área de relevante interesse ecológico.
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PROPEDÊUTICA DO DIREITO AMBIENTAL
C a p í t u l o 1 
Propedêutica do 
Direito Ambiental
Sumário • 1. Conceito de Direito Ambiental – 2. Obje-
tivo do Direito Ambiental: 2.1. Considerações sobre 
a nomenclatura “Direito Ambiental” – 3. Autonomia 
do Direito Ambiental – 4. Codifi cação Ambiental – 5. 
Evolução histórica do Direito Ambiental: 5.1. Fase 
individualista ou de exploração desregrada:; 5.2. 
Fase fragmentária; 5.3. Fase holística – 6. Fontes do 
Direito Ambiental – 7. Natureza jurídica do Direito 
Ambiental – 8. Antropocentrismo e biocentrismo.
1. CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL
O Direito Ambiental é o ramo da Ciência Jurídica que disci-
plina as atividades humanas efetiva ou potencialmente causadoras 
de impacto sobre o meio ambiente, com o intuito de defendê-lo, 
melhorá-lo e de preservá-lo para as gerações presentes e futuras. 
Isso implica dizer que os impactos ambientais que não forem cau-
sados nem puderem ser infl uenciados pelo ser humano não farão 
parte do objeto desta disciplina.
 Importante:
O objeto do Direito Ambiental são as atividades cujos impactos ambien-
tais são causados ou infl uenciados pela atividade humana.
2. OBJETIVO DO DIREITO AMBIENTAL
O objetivo do Direito Ambiental é defender o meio ambiente 
e a qualidade de vida da coletividade. Isso implica dizer que esse 
ramo da Ciência Jurídica não procura simplesmente regulamentar 
as relações humanas que se utilizam ou que possam se utilizar dos 
recursos naturais, posto que sua fi nalidade é promover a proteção e 
a melhoria da qualidade ambiental.
TALDEN FARIAS, FRANCISCO SERÁPHICO DA NÓBREGA COUTINHO E GEÓRGIA KARÊNIA
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 Importante:
Ao defender o meio ambiente, o Direito Ambiental protege a qualidade 
de vida da coletividade.
2.1. Considerações sobre a nomenclatura “Direito Ambiental”
Outras designações têm sido apontadas para esse ramo da Ciên-
cia Jurídica que tem como objetivo a proteção do meio ambiente, 
a exemplo de Direito Ecológico, Direito da Ecologia, Direito do 
Ambiente, Direito do Meio Ambiente e Direito da Proteção da Natu-
reza. Enquanto algumas terminologias deixaram de ser utilizadas por 
conta da implícita associação à concepção de meio ambiente natural, 
outras simplesmente não foram obtiveram a preferência dos juristas, 
legisladores e magistrados.
A expressão Direito Ambiental foi adotada pela doutrina, pela 
jurisprudência e pela legislação, alcançando na atualidade pratica-
mente o consenso entre os profi ssionais da área. Trata-se, efetiva-
mente, de uma designação mais adequada para abarcar o objeto e 
o objetivo da disciplina, pois permite uma consideração mais ampla 
da matéria ao albergar também o meio ambiente artifi cial, o meio 
ambiente cultural e o meio ambiente do trabalho.
3. AUTONOMIA DO DIREITO AMBIENTAL
A identifi cação da autonomia de um ramo do Direito em rela-
ção às demais disciplinas da Ciência Jurídica deve ocorre a partir 
da delimitação de instrumentos e princípios específi cos. No caso do 
Direito Ambiental, durante bastante tempo parte da doutrina resistiu 
em reconhecer a sua autonomia por entender que se tratava de um 
sub-ramo do Direito Administrativo ou de um simplesagrupamento 
de institutos de outros ramos do conhecimento jurídico.
No entanto, é possível afi rmar que esse caráter autônomo pas-
sou a existir a partir da edição da Lei nº 6.938/81, que delineou o 
objeto e o objetivo e estabeleceu as diretrizes, os instrumentos e os 
princípios do Direito Ambiental. A Constituição da Federal de 1988 
consagrou defi nitivamente essa condição ao dedicar um capítulo 
inteiro ao meio ambiente e ao alçá-lo à condição de direito funda-
mental da pessoa humana, o que contribuiu para estabelecer um 
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PROPEDÊUTICA DO DIREITO AMBIENTAL
processo de permanente fortalecimento dos institutos desse ramo 
do conhecimento jurídico.
O Direito Ambiental trouxe contribuições originais ao ordena-
mento jurídico nacional e internacional, a exemplo das avaliações 
de impacto ambiental e das regras precaucionais relativas à energia 
nuclear ou à engenharia genética. É claro que existe também a apro-
priação de institutos oriundos de outros ramos da Ciência Jurídica, 
como os atos administrativos concessivos, a responsabilidade civil, 
as sanções administrativas e o zoneamento.
Contudo, impende dizer que na maioria dos casos tais institutos 
são adaptados e adquirem um formato característico renovado, ade-
quado para o atendimento das demandas impostas. Esse novo ramo 
do conhecimento jurídico evoluiu signifi cativamente sob os aspectos 
doutrinário, jurisprudencial e legislativo, a ponto de se tornar dis-
ciplina exigida na maioria dos cursos de graduação em Direito do 
país e matéria obrigatória nos concursos para a magistratura e nos 
Exames de Ordem.
 Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foi considerada correta a seguinte alternativa no concurso para o Minis-
tério Público/RR/2008/CESPE: O Direito Ambiental é um direito sistemati-
zador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudên-
cia concernentes aos elementos que integram o ambiente.
4. CODIFICAÇÃO AMBIENTAL
Ao contrário do que ocorre com a maioria dos ramos da Ciência 
Jurídica, não existe um código que harmonize a legislação ambiental 
brasileira, apesar da existência de códigos setorializados, a exemplo 
do Código de Caça, do Código Florestal e do Código de Pesca. Trata-
-se, efetivamente, de uma matéria nova e complexa, que tem sofrido 
uma enorme proliferação legislativa nos últimos anos, a ponto de ser 
um dos ramos do Direito com maior número de normas. 
Com o intuito de sistematizar esse arcabouço legislativo tramita 
atualmente no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 5.367/2009. 
Todavia, apesar de esparsa, a legislação ambiental brasileira é 
extremamente avançada, albergando institutos como a desconsi-
deração da personalidade da pessoa jurídica, a reserva legal de 
TALDEN FARIAS, FRANCISCO SERÁPHICO DA NÓBREGA COUTINHO E GEÓRGIA KARÊNIA
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parte da propriedade rural para fi ns de conservação, a respon-
sabilidade civil objetiva e a responsabilidade criminal da pessoa 
jurídica, de maneira que existe o risco de supressão ou de fl exi-
bilização de algumas dessas conquistas ao longo do processo de 
aprovação dessa lei.
É o caso do projeto do novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2011), 
que representou um enorme retrocesso em matéria de defesa do 
meio ambiente, a despeito de algumas melhoras impostas pela 
Medida Provisória n. 571/2012. Nesse contexto, parece ser mais per-
tinente o Projeto de Lei nº 679/2007, que visa instituir a Consolidação 
da Legislação Ambiental procurando simplesmente reunir o arca-
bouço normativo existente, sem colocar em risco os avanços que 
fi zeram a legislação ambiental brasileira ser conhecida como a mais 
completa do mundo.
5. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO AMBIENTAL
Ao longo da história, inúmeros dispositivos jurídicos procura-
ram disciplinar comportamentos humanos relacionados ao meio 
ambiente no Brasil. É claro que durante a maior parte desse o tempo 
o Direito Ambiental não tinha despontado como ramo autônomo da 
Ciência Jurídica.
A evolução histórica da legislação ambiental é dividida em três 
momentos distintos: fase individualista, fase fragmentária e fase 
holística. É necessário salientar que essas fases não possuem mar-
cos delineadores precisos, de maneira que elementos caracteristi-
camente pertencentes a uma fase podem estar cronologicamente 
relacionados às outras.
Fases históricas Características Datas
Individualista
Ausência de preocupação com o meio 
ambiente
Do descobrimento 
até 1950
Fragmentária
Controle de algumas atividades explora-
tórias de recursos naturais em razão de 
seu valor econômico
De 1950 a 1980
Holística
Compreensão do meio ambiente como 
um todo integrado e interdependente
De 1981 até o 
presente
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PROPEDÊUTICA DO DIREITO AMBIENTAL
5.1. Fase individualista ou de exploração desregrada
Essa fase, que começa com o descobrimento do Brasil e termina 
na década de 1950, tem como característica a inexistência da preo-
cupação com as questões ambientais. As poucas normas que diziam 
respeito ao assunto eram de feição privatística, já que o meio não 
era considerado um bem autônomo.
5.2. Fase fragmentária
A partir da década de 1950 e mais enfaticamente a partir da 
década de 1960, começou a surgir uma legislação voltada ao controle 
das atividades exploratórias dos recursos naturais. É o caso da água, 
da fauna e da fl ora, que passaram a ser regidos por um arcabouço 
normativo próprio, do qual cabe destacar o seguinte:
• Velho Código Florestal (Lei nº 4.771/65)
• Código de Caça ou Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/67)
• Código de Pesca (Decreto-lei nº 221/67)
• Código de Mineração (Decreto-lei nº 227/67)
• Lei de Responsabilidade por Danos Nucleares (Lei nº 6.453/77)
Essa legislação era marcada pela setorialidade, pois somente os 
recursos naturais com valor econômico recebiam proteção jurídica, 
visto que o meio ambiente ainda não era considerado um bem autô-
nomo. Ainda é possível identifi car na Administração Pública a exis-
tência de lógicas setoriais de ação e de interesses que impedem a 
integração das políticas públicas na área ambiental, de maneira que 
o paradigma econômico não foi completamente suplantado.
5.3. Fase holística
A fase holística é marcada pela compreensão do meio ambiente 
como um todo integrado, em que cada uma de suas partes é inter-
dependente das outras e não fragmentada. A Lei nº 6.938/81, que 
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e cria o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente, é marco do começo da fase holística, 
pois somente a partir daí a defesa do meio ambiente começou a ser 
considerada uma fi nalidade em si mesma.
TALDEN FARIAS, FRANCISCO SERÁPHICO DA NÓBREGA COUTINHO E GEÓRGIA KARÊNIA
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Nessa fase a autonomia científi ca do Direito Ambiental foi reco-
nhecida, com a afi rmação doutrinária, jurisprudencial e legislativa 
dos seus instrumentos, princípios, objetivos e objeto. O marco legis-
lativo mais importante foi a promulgação da Constituição Federal de 
1988, que dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente, alçando-o 
à categoria de direito fundamental da pessoa humana, embora exis-
tam outros que também merecem destaque:
• Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85)
• Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 7.802/89)
• Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98)
• Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97)
• Lei da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99)
• Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.982/00)
• Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/00)
• Lei da Política Nacional de Biossegurança (Lei nº 11.105/05)
• Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº 11.284/06)
• Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/06)
• Lei da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/07)
• Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei nº 12.187/09)
• Lei da PolíticaNacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10)
 Importante:
Apenas com a fase holística do Direito Ambiental, cujo marco de surgi-
mento é a Lei nº 6.938/81, é que o meio ambiente passou a ser conside-
rado como um bem jurídico autônomo.
6. FONTES DO DIREITO AMBIENTAL
Assim como os demais ramos da Ciência Jurídica, as fontes do 
Direito Ambiental são classifi cadas em formais ou materiais. As fontes 
formais decorrem do ordenamento jurídico nacional ou internacional, 
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PROPEDÊUTICA DO DIREITO AMBIENTAL
a exemplo da Constituição Federal, das leis, da jurisprudência e dos 
tratados internacionais, ao passo que as fontes materiais são os 
movimentos populares, as descobertas científi cas e a doutrina jurí-
dica nacional ou internacional. 
 Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foi considerada correta o seguinte item no concurso para a Magistra-
tura Estadual/MS/2009/FCC: Os tratados internacionais sobre matéria 
ambiental são fontes escritas de direito internacional ambiental, ao lado 
de outras normas oriundas de organizações internacionais
7. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AMBIENTAL
os ramos da Ciência Jurídica são tradicionalmente divididos em 
Direito Público e Direito Privado, conforme o interesse predomi-
nante. Se o Estado for o interessado direto a matéria será de Direito 
Público, a exemplo do Direito Administrativo, do Direito Constitucio-
nal, do Direito Financeiro e do Direito Tributário, ao passo que se 
particulares forem os interessados diretos a matéria será de Direito 
Privado, como o Direito Civil, o Direito Comercial e o Direito do Tra-
balho.
Por conta de sua relação de proximidade com o Direito Admi-
nistrativo e do seu forte embasamento constitucional, a maior parte 
da doutrina classifi ca o Direito Ambiental como um ramo do Direito 
Público. Embora o interesse público realmente se sobressaia nessa 
nova disciplina jurídica, isso não implica dizer que as relações envol-
vidas sejam de caráter predominantemente estatal.
Em razão de sua feição interdisciplinar, o Direito Ambiental se 
faz presente tanto nas relações jurídicas de Direito Público quanto 
nas de Direito Privado, permeando praticamente todos os ramos 
do conhecimento jurídico. Com efeito, existem normas e institutos 
administrativos ambientais, civis ambientais, comerciais ambien-
tais, constitucionais ambientais, fi nanceiros ambientais, trabalhistas 
ambientais e tributários ambientais.
Nesse diapasão, o Direito Ambiental desponta como tertium 
genus, confi gurando-se como uma das espécies de direito coletivo 
no sentido amplo, o que transcende a dicotomia entre publico e 
TALDEN FARIAS, FRANCISCO SERÁPHICO DA NÓBREGA COUTINHO E GEÓRGIA KARÊNIA
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privado. Cuida-se de um direito difuso, classifi cado no inciso I do 
parágrafo único do art. 81 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 
nº 8.078/90) como aqueles “transindividuais, de natureza indivisível, 
de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circuns-
tâncias de fato”.
 Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foi considerado errado o seguinte item no concurso para Promotor de 
Justiça/RR/2008/CESPE: De acordo com o que dispõe a Lei n.º 6.938/1981, 
o meio ambiente é considerado como um equipamento público, de uso 
comum do povo, a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo 
em vista a sua natureza histórica, pan-edênica, geracional, ubiqüitária e 
transindividual, abrangendo as comunidades, os ecossistemas e a bios-
fera. 
8. ANTROPOCENTRISMO E BIOCENTRISMO
No que diz respeito aos pressupostos fi losófi cos do Direito 
Ambiental, o antropocentrismo e o biocentrismo se sobressaem como 
concepções predominantes. Na primeira, oriunda das tradições aris-
totélicas e judaico-cristãs, o ser humano é apontado como titular e 
destinatário de todos os recursos naturais existentes, devendo a 
proteção ao meio ambiente ocorrer apenas na medida necessária 
para que os interesses humanos sejam resguardados.
Já na segunda concepção, que se fundamenta na Ecologia Pro-
funda, cada recurso natural possui um valor intrínseco e deve ser 
protegido em razão de sua função ecológica, pois os seres vivos e 
os elementos que propiciam a vida fazem parte de um sistema inte-
grado e interdependente, sendo o ser humano apenas uma parte 
dessa complexa teia. É evidente que a Constituição Federal adotou 
o paradigma antropocêntrico ao estabelecer no caput do art. 225 
o direito de todos ao meio ambiente equilibrado, já que o ordena-
mento jurídico é construído pelos seres humanos com o intuito de 
disciplinar a vida em sociedade.
Por outro lado, também não merece guarida a visão antropo-
cêntrica clássica, em que o ser humano é considerado alheio aos 
recursos naturais, o qual é reduzido à condição de mero objeto, pois 
o citado dispositivo constitucional consagra expressamente que o 
25
PROPEDÊUTICA DO DIREITO AMBIENTAL
meio ambiente é essencial à sadia qualidade de vida. Dessa forma, 
desponta o antropocentrismo alargado como o esteio do Direito 
Ambiental, na medida em que adota uma posição sufi cientemente 
abrangente, a ponto de reconhecer a interdependência entre os 
seres humanos e a natureza.
 Importante:
O antropocentrismo alargado é a corrente que, a despeito de reconhe-
cer o ser humano como centro do ordenamento jurídico, não deixa de 
levar em consideração a sua interdependência da natureza.
 Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foi considerada correta a seguinte alternativa no concurso para a 
Magistratura/PA/2009/FGV: Constituição Federal/88 assevera que "todos 
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida". A esse respeito, 
é correto inferir que a concepção constitucional sobre meio ambiente é: 
d) antropocêntrica.