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Semana 7 Alimentos Idoso

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA __ ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE GUAIAQUI
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
Processo movido no interesse de idosos,
(arts. 5º, LXXVIII, da CF/88, art. 1.211-A, do CPC e art. 71 da Lei nº 10.741/03 -Estatuto do Idoso)
Pedido De Assistência Judiciária Gratuita
(Lei 1.060/50e art. 5º, LXXIV, da CF/88
ANTÔNIO PEDRO, (nacionalidade), viúvo, desempregado, portador da Carteira de Identidade n.º ..., expedida por ..., inscrito no CPF/MF sob o n. ..., residente e domiciliada na Rua ..., nº ..., bairro ..., na cidade de Daluz/UF, sob o CEP ..., por intermédio de seu procurador cuja procuração segue anexa, vem, com o devido respeito, à presença de Vossa Excelência propor, nos termos da Lei nº 5.478/68, pelo rito Especial, 
AÇÃO DE ALIMENTOS 
em face de ARLINDO, (nacionalidade), (estado civil), hoteleiro, portador da Carteira de Identidade n.º ..., expedida por ..., inscrito no CPF/MF sob o n. ..., residente e domiciliada na Rua ..., nº ..., bairro ..., na cidade de Italquese/UF, sob o CEP ..., pelos fatos e fundamentos jurídicos que a seguir passa a expor, para ao final requerer:
I – DOS FATOS
O Requerente foi casado com Lourdes por mais de quatro décadas, de cuja relação nasceu o único filho Arlindo, ora Requerido, hoje proprietário de uma rede de hotelaria.
Ocorre que, após o falecimento de Lourdes o Requerente deixou de trabalhar, em razão da grande tristeza que o acometeu, não encontrando mais forças para superar a morte de sua esposa.
Ademais, o Requerente conta hoje com 72 anos de idade, de modo que, sem ter condições de trabalhar para se sustentar começou a passar por dificuldades financeiras, sobrevivendo através da ajuda de vizinhos e alguns parentes, como Marieta, sua sobrinha-neta, mas nunca de seu filho, ora Requerido.
Deste modo, requer o pagamento de pensão alimentícia ao Requerido, seu filho, para garantir uma melhor qualidade de vida, tendo em vista sua condição física e psicológica.
Cabe ressaltar que o descaso e desinteresse não se estende apenas às questões financeiras, mas principalmente afetivas, já que o Requerente sequer mantém contato com o Requerido, o que de fato abandou seu pai. 
Este comportamento do Requerido, que fere o estado emocional do Requerente, por força de lei não pode ser sequer minimizado, contudo, o fato de proporcionar ao Requerente uma melhor condição de cuidado, pode ser sanado com o deferimento da demanda, tendo em vista sua necessidade real.
II – DO DIREITO
A) Da Assistência Judiciária Gratuita
A legislação pátria preconiza, sempre que a parte que pretende ingressar em juízo não possuir condições financeiras de arcar com os custos processuais sem prejuízo do seu próprio sustento, a possibilidade de pedir o benefício da assistência judiciária gratuita. O benefício tem fulcro jurídico na Lei 1.060/50 e Art. 5º, LXXIV, da CF/88, que estabelecem, respectivamente:
Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais."
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
Deste modo, conforme comprovação, Requerente encontra-se em situação de hipossuficiência, preenchendo assim, os requisitos para a concessão do benefício ora postulado.
B) Do Princípio da Solidariedade Familiar
Cediço que os princípios constitucionais devem ser garantidos a todos os indivíduos, principalmente àqueles que envolvem os Direitos Fundamentais.
Em sua totalidade, a Constituição traz consigo uma visão garantista, com o qual prevê em seu artigo 229 que “ [...] os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.”
Em conformidade com um dos objetivos fundamentais da Constituição Federal vigente, o art. 3ª traz em seu inciso I, a solidariedade como um de seus elementos essenciais para a formação da sociedade da República Federativa do Brasil.
Desta forma, ajusta-se por analogia, este princípio às relações familiares e afetivas, com o qual, este vínculo possibilita, de modo recíproco, a cooperação e compreensão, auxiliando-se mutuamente quando houver necessidade.
Neste contexto, impõe ressaltar o art. 3º da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso):
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Em conformidade com este entendimento, Rolf Madaleno discorre que:[2: MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 65.]
A solidariedade no âmbito dos alimentos também se faz presente no dever então da mútua assistência material, embora com diferentes matizes quando se refere às necessidades materiais do idoso, tendo este merecido tratamento privilegiado, por força do artigo 12 do Estatuto do Idoso (...).
Destarte, a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina ratifica tal entendimento ao julgar:
ALIMENTOS. PLEITO FORMULADO POR ASCENDENTE CONTRA UM DOS FILHOS. FIXAÇÃO PROVISÓRIA. DIMINUIÇÃO PRETENDIDA. CONDIÇÃO FINANCEIRA SUFICIENTE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO IMPUGNADA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. [...] 3 É recíproco o dever de prestar alimentos entre pais e filhos, dever esse que, quanto aos ascendentes, é extensivo a todos os descendentes, tal como resulta da dicção do art. 1.696 do Código Civil e do art. 229 da Constituição da República. (AI2011.087767-0, de Jaraguá do Sul. Rel. Trindade dos Santos. Julgado em 31/05/2012).
Claro, então, a importância da colaboração do filho Requerido na mantença da qualidade de vida do Requerente.
C) Da Finalidade da Pensão Alimentícia e do Binômio Necessidade X Possibilidade
Como é notório nos meios jurídicos, a pensão alimentícia presta-se unicamente ao sustento do alimentando, de modo a serem mantidas, dentro do seu padrão costumeiro de vida, despesas com alimentação, vestuário, medicamentos e afins.
Logo, os alimentos não têm por escopo promover um incremento no patrimônio do pai, visa, tão somente, manter suas necessidades básicas.
Neste sentido, entende o doutrinador Flávio Tartuce (2012, p. 420):[3: TARTUCE, Flávio. Direito Civil, V. 5: Direito de Família – 7. Ed., Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012]
O princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade deve incidir na fixação desses alimentos no sentido de que a sua quantificação não pode gerar enriquecimento sem causa. Por outro lado, os alimentos devem servir para a manutenção do estado anterior, visando ao patrimônio mínimo da pessoa humana. O aplicador do direito deverá fazer a devida ponderação entre princípios para chegar ao quantum justo: de um lado a vedação do enriquecimento sem causa, de outro a dignidade humana. Em situações de dúvida, compreendemos que o último regramento deve prevalecer.
No mesmo sentido, extrai-se da jurisprudência catarinente o seguinte excerto a respeito da finalidade dos alimentos:
Desse modo, sopesando-se o binômio necessidade e possibilidade, em especial a idade da alimentanda, não há que se reduzir o valor estipulado, sob pena de esvaziar-se por completo a própria finalidade dos alimentos, qual seja, a mantença dos autores. (TJSC, Apelação Cível n. 2012.064586-3, de Balneário Camboriú,rel. Des. Marcus Tulio Sartorato , j. 23-10-2012)
Diante disso, a pretensão esboçada pelo Requerente em requerer auxílio do Requerido para garantir suas necessidades básicas e uma boa qualidade de vida, mostra-se razoável, em perfeita consonância com a necessidade do alimentando e com as possibilidades do alimentante, tendo em vista que este é dono de uma grande rede de hotéis.
Assim, como é notório, para a fixação do quantum da prestação alimentícia, diversos elementos devem ser levados em consideração, dentre os quais se destaca a necessidade do alimentando e as possibilidades do alimentante. Dispõe o Código Civil em seu artigo 1.694:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada
Como visto, a necessidade do Requerente é explícita, eis que não possui mais condições de trabalhar, necessitando da ajuda de terceiros para se manter. De igual modo, 
Ademais, ressalta-se que a possibilidade da prestação alimentícia pelo Requerido é presumida, haja vista que é adulto, capaz e possui emprego lícito, diga-se de passagem, com alto grau de rendimento, já que possui uma rede com hotéis em diversas localidades.
Para tanto entende a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS. CABIMENTO. POSSIBILIDADE DA FILHA PRESUMIDA. NECESSIDADE DA MÃE DEMONSTRADA. O direito dos pais em receberem alimentos dos filhos está previsto no o art. 1.696 do Código Civil: "o direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns nas faltas dos outros". AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. (Ag. In. Nº 70046074688, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 16/05/2012). Grifo nosso.
D) Dos Alimentos Provisórios
A Lei de Alimentos (5.478/1968) prevê em seu artigo 4° que “ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita”.
Importante destacar o art. 854 e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil, o qual determina que o Requerente, na petição inicial, deve fundamentar as suas reais necessidades para auferir a prestação alimentícia, o que, como visto, foi demonstrado nesta inicial.
Sobre o tema, Farias e Rosenvald sustentam:[4: FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. P. 639.]
Os alimentos provisórios possuem natureza antecipatória, sendo concedidos em ações de alimentos (ou em outras ações que tragam pedidos de alimentos de forma cumulativa), de forma liminar, initio litis, bastando que se comprove, de forma pré-constituída, a existência da obrigação alimentícia, conforme previsão do Art. 4º da Lei nº 5.478/68. Ou seja, basta a comprovação inicial da existência do vínculo de parentesco, de casamento ou de união estável para que o juiz possa fixar, liminarmente (antes mesmo da prévia ouvida do réu), os alimentos provisórios.
Deste modo, deve o magistrado conceder os alimentos provisórios liminarmente, mesmo antes da oportuna manifestação do Requerido, eis que comprovada a necessidade imediata do Requerente.
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se à Vossa Excelência que se digne a receber e conhecer da presente ação, com a documentação que a acompanha, a fim de que:
Seja deferido o benefício da justiça gratuita, diante da hipossuficiência comprovada do autor, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50;
Seja liminarmente, sem a oitiva da parte contrária, concedido o pedido liminar no sentido de fixar os alimentos provisórios no montante de 2 (dois) salários mínimos mensais, o que totaliza R$ 1.448,00 (mil quatrocentos e quarenta e oito reais) devendo ser depositados na Conta do Requerente até o dia 10 de cada mês;
após a concessão da liminar, requer-se a citação e intimação dos Requeridos, para que compareçam em audiência de conciliação, instrução e julgamento, a ser designada por este douto Juízo, onde, se quiserem, poderão oferecer resposta, sob pena de revelia;
Por fim, requer-se sejam julgados integralmente procedentes os pedidos, convertendo-se os alimentos provisórios em definitivos, no montante de 2 salários mínimos mensais, o que totaliza R$ 1.448,00 (mil quatrocentos e quarenta e oito reais) devendo ser depositados na Conta do Requerente até o dia 10 de cada mês;
Requer-se ainda, a intimação do ilustre representante do Ministério Público para intervir no feito, nos termos do art. 83 do Código de Processo Civil.
Por fim, protesta por todo o gênero de provas em direito admitidas, em especial a testemunhal e o depoimento pessoal das partes, além dos documentos pertinentes.
Dá-se à causa o valor de R$ 17,376,00 (dezessete mil, trezentos e setenta e seis reais).
Nesses termos, pede deferimento
Local data,
Advogado
OAB n.

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