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Professor Esp. Danilo José Assini Professor Esp. Fabio Oliveira Vaz Professor Esp. José Roberto Tiossi Junior Professor Esp. Julio Cesar Bueno Alves Professor Esp. Luis Fernando Otero LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO GRAduAçãO GESTãO PÚBLICA MARINGÁ-PR 2012 Reitor: Wilson de Matos Silva Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi NEAd - Núcleo de Educação a distância diretoria do NEAd: Willian Victor Kendrick de Matos Silva Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenação de Marketing: Bruno Jorge Coordenação Comercial: Helder Machado Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação de Curso: Ariane Maria Machado de Oliveira Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Robson Yuiti Saito e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo Revisão Textual e Normas: Amanda Polli, Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini e Maria Fernanda Canova Vasconcelos. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Logística no setor público/ Danilo José Assini... [et al.]. - Ma ringá - PR, 2012. 167 p. “Graduação em Gestão Pública - EaD”. 1. Logística. 2. Cadeia de abastecimento. 3. Distribuição física. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 658.78 CIP - NBR 12899 - AACR/2 “As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHuTTERSTOCK.COM”. Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO Professor Esp. Danilo José Assini Professor Esp. Fabio Oliveira Vaz Professor Esp. José Roberto Tiossi Junior Professor Esp. Julio Cesar Bueno Alves Professor Esp. Luis Fernando Otero 5LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância APRESENTAçãO dO REITOR Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex- tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên- cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe- tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Professor Wilson de Matos Silva Reitor 6 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Caro(a) aluno(a), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido. Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento. Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa. Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária. Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem! Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR 7LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância APRESENTAçãO Livro: LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO Professor Esp. Danilo José Assini Professor Esp. Fabio Oliveira Vaz Professor Esp. José Roberto Tiossi Junior Professor Esp. Julio Cesar Bueno Alves Professor Esp. Luis Fernando Otero Olá, caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) ao livro de Logística no Setor Público. Sou o professor Danilo José Assini e, juntamente com outros professores, desenvolvi este livro para auxiliá-lo no desenvolvimento das competências e habilidades requeridas ao Gestor Público. Sendo assim, é com imenso prazer que apresentamos abaixo a estrutura do livro de Logística no Setor Público, na certeza de que esse contribuirá para sua vida acadêmica e profissional. Na primeira unidade deste livro, discutiremos sobre a introdução da logística, ou seja, o que é logística. Segundo Faria e Costa (2005), logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, de forma eficiente e eficaz, a expedição, o fluxo reverso e a armazenagem de bens e serviços, assim como o fluxo de informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo, com o propósito de atender às necessidadesdos clientes. Na segunda unidade, trataremos sobre a importância do processo e cadeia de abastecimento, com o objetivo de aprender a conhecer as organizações envolvidas no processo, compreender o sistema produtivo e seus formatos, além de analisar os processos das cadeias de abastecimentos e canais de distribuição. O processo de pedidos, ou seja, a compra na administração pública será abordada na terceira unidade. O objetivo da unidade será demonstrar que a administração pública satisfaz ao interesse público por meio das aquisições. Desta forma, podemos compreender o funcionamento de uma central de compras, além de revelar que a implantação de uma central de compras maximiza os procedimentos logísticos da Administração Pública. Na quarta unidade, você aprenderá sobre o almoxarifado central, quais suas vantagens, estruturas, funcionamento e controle. Sendo assim, você entenderá que o almoxarifado é o setor responsável pelo recebimento, armazenagem e distribuição dos bens e produtos 8 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância adquiridos pela Administração pública. Por fim, chegamos à última unidade da nossa disciplina, na qual você compreenderá como funciona os centros de consumos, ou seja, qual é a importância da distribuição para o processo de logística, além de aprender qual será a rota de distribuição e o custo que ela agrega a este processo. Não se esqueça de que as seções de Saiba Mais e Reflita são para que você extrapole seus conhecimentos, portanto leia com atenção e também assista aos vídeos recomendados. Lembre-se também de que as indicações de leituras são muito importantes para complementar seu conhecimento na área, visto que o seu objetivo é tornar-se um profissional cada vez mais qualificado e entendedor do assunto. Um grande abraço! Professor Danilo José Assini SuMÁRIO uNIdAdE I INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA HISTÓRIA DA LOGÍSTICA ......................................................................................................17 RELAÇÃO ENTRE LOGÍSTICA E COMPETITIVIDADE .........................................................22 SUBSISTEMAS DE ABORDAGEM LOGÍSTICA .....................................................................24 LOGÍSTICA DE ENTRADA, ALIMENTAÇÃO OU SUPRIMENTO ..........................................28 LOGÍSTICA INTERNA OU DE OPERAÇÃO ...........................................................................28 LOGÍSTICA DE SAÍDA OU DISTRIBUIÇÃO ...........................................................................29 LOGÍSTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA .....................................30 ESTRATÉGIA LOGÍSTICA ......................................................................................................36 A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ..................................................................................................37 uNIdAdE II PROCESSO E CADEIA DE ABASTECIMENTO CADEIA DE ABASTECIMENTO..............................................................................................47 ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS ............................................................................................49 O PAPEL DA LOGÍSTICA .......................................................................................................54 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ...................................................................................................58 DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ...........................................................................................................61 COMPONENTES DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ................................................61 TIPOS BÁSICOS DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................................................63 O TRANSPORTE NA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA .......................................................................68 ROTEIRIZAÇÃO ......................................................................................................................69 uNIdAdE III PROCESSAMENTO DE PEDIDOS – COMPRAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A NECESSIDADE DE COMPRAR ..........................................................................................80 A FORMAÇÃO DE UMA CENTRAL DE COMPRAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .........81 SETOR DE REGISTRO E DETALHAMENTO DOS OBJETOS A SEREM LICITADOS .........84 SETOR DE CAPTAÇÃO DE PEDIDOS ...................................................................................88 SETOR DE UNIFICAÇÃO DOS PEDIDOS .............................................................................91 SETOR DE PESQUISA DE PREÇOS .....................................................................................91 AS VANTAGENS DA CENTRAL DE COMPRAS ....................................................................95 UNIFORMIZAÇÃO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS ADQUIRIDOS .....................................96 OTIMIZAÇÃO DOS RECURSOS ............................................................................................96 uNIdAdE IV ALMOXARIFADO CENTRAL PROCEDIMENTOS ANTES DO RECEBIMENTO ................................................................ 110 FUNCIONAMENTO DO ALMOXARIFADO ...........................................................................121 CONTROLE ...........................................................................................................................133 uNIdAdE V CENTROS DE CONSUMOS: DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE DISTRIBUIÇÃO ..................................................................................................................... 141 SEPARAÇÃO ........................................................................................................................ 141 ROTAS DE DISTRIBUIÇÃO .................................................................................................143 CUSTOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..........................................................................147 CONTROLES NOS CENTROS DE CONSUMOS .................................................................152 CASOS QUE REQUEREM LOGÍSTICA ESPECÍFICA .........................................................156 MERENDA ESCOLAR ..........................................................................................................156 KITS ESCOLARES................................................................................................................160 CONCLuSãO .......................................................................................................................163 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................166 uNIdAdE I INTROduçãO À LOGÍSTICA Professor Esp. Danilo José Assini Professor Esp. Fabio Oliveira Vaz Professor Esp. José Roberto Tiossi Junior Professor Esp. Luis Fernando Otero Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a evolução da logística. • Compreender os conceitos de logística. • Demonstrar a realidade contemporânea da logística na Administração Pública bra- sileira. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • História da logística • Conceitos de logística • Logística no setor público 15LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância NTROduçãO À LOGÍSTICA Tudo começa com a árvore que cresce, depois com a madeira cortada, mais tarde com o transporte, depois armazenamento e, ainda longe do destino final, com a transformação em pasta. Virá o papel, que transportado e armazenado, se encontrará algures, pronto para impressão. E depois distribuição. É assim que o leitor compra o jornal. No princípio o eucalipto. No fim a informação. Numa mistura de fluxos, das mais explosivas, entre o produto e a informação (CARVALHO, 1999, on-line). A partirde agora você irá estudar Logística no setor público, e acredito que muitos se perguntarão: o que é logística? Apesar de ser uma palavra do nosso cotidiano, nem todos sabem o que significa ao certo, alguns imaginam o que é, mas, se tiverem que definir exatamente, poucos definiriam corretamente. O Novo Dicionário Aurélio define logística como: Parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: a) projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, ma- nutenção e evacuação de material (para fins operativos ou administrativos); b) recru- tamento, incorporação, instrução e adestramento, designação, transporte, bem-estar, evacuação, hospitalização e desligamento de pessoal; c) aquisição ou construção, re- paração, manutenção e operação de instalações e acessórios destinados a ajudar o desempenho de qualquer função militar; d) contrato ou prestação de serviços. Vários autores dizem que a logística teve origem em atividades militares, isso justifica a primeira frase na definição acima “Parte da arte da guerra [...]”, mas não podemos ficar apenas com essa ideia. Faria e Costa (2005, p. 15) consideram que a origem da logística não deveria ser “associada apenas às operações de guerra, pois, por exemplo, na construção das Pirâmides do Egito e em outras obras majestosas foram realizadas, também, muitas atividades relacionadas às atividades da logística”. Uma das definições mais completas de logística é a apresentada pelo Conselho dos Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos (2005 apud FARIA e COSTA, 2005, on- line): Logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, de forma eficiente e eficaz, a expedição, o fluxo reverso e a armazenagem 16 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância de bens e serviços, assim como do fluxo de informações relacionadas, entre o ponto de origem e o ponto de consumo, com o propósito de atender às necessidades dos clientes. Dessa forma, podemos dizer que a logística é o conjunto de atividades relacionadas desde a obtenção de materiais até a satisfação dos consumidores de qualquer organização, por meio da venda ou do oferecimento de um produto ou serviço. A logística deve encarregar-se de gerir o processo físico e de informação, de compra da organização, receber os produtos ou serviços, organizar e controlar os estoques e distribuir esses produtos para o consumidor final (usuário ou cliente). Percebemos que qualquer organização, independente da sua atividade econômica e de sua finalidade lucrativa, precisa ter uma logística eficiente para obter resultados satisfatórios, pois nela, além da movimentação física, encontramos o registro das informações necessárias para tomar decisões a respeito das compras e consumo de materiais. Nas instituições públicas, a logística também é utilizada, pois, assim como as instituições privadas, elas têm necessidades de adquirir produtos ou serviços, que após as compras devem ser recebidos, armazenados e distribuídos para o consumo, possibilitando a prestação de um serviço público. Lamentavelmente nos órgãos públicos, após o processo de compras (licitação), encontramos diversas falhas e são raros os casos em que a logística funciona ou é aproveitada para melhorar a qualidade dos serviços públicos. A logística é algo fundamental para a consecução dos objetivos traçados pela Administração Pública, por tratar-se de ferramenta necessária para assegurar a boa aplicação dos recursos públicos. Embora inexistam muitas normas que regulamentem tal funcionalidade no âmbito público, a prática vem ensinando e revelando aos gestores como seria o modelo ideal de logística. Novas 17LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância técnicas de gestão vêm sendo implantadas, auxiliando a dirimir a problemática encontrada pelo setor público. A Administração Pública apresenta como fim maior o atendimento ao interesse público. Tanto é verdade que a supremacia do interesse público sobre o privado é relevante princípio administrativo, visto que a função administrativa é voltada para a coletividade e não para os particulares. Diante dessa indisponibilidade do interesse público, a Administração Pública sofre uma série de limitações comparando-se com a atuação de particulares, devendo sujeitar-se à legislação e adotar uma postura equânime e impessoal em relação a terceiros, mediante técnicas de gestão eficazes. Trata-se de um tema com poucas posições doutrinárias e de muita inaplicabilidade por parte da Administração Pública, revelando-se um tema problemático para ser dirimido. Dessa forma, importante se faz externar que a utilização da logística na Administração Pública é um dever do Estado como o todo, visto ser ferramenta essencial para a satisfação do interesse público. HISTÓRIA dA LOGÍSTICA Fo nte : S HU TT ER ST OC K. CO M 18 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Considerando a etimologia, a palavra logística é derivada do radical grego logos, que tem o significado de razão. É possível entender disso que a logística significa “a arte de calcular” ou “a manipulação de uma operação”. Inicialmente, a logística foi desenvolvida na área militar para designar atividades de suprimentos, estocagem, movimentação e transporte de bens, tais como: remédios, equipamentos, armamentos, uniformes e tropas. A logística teve um maior desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial, encontrando novas aplicações, ampliando sua atuação para a indústria, comércio e serviços em geral. A decisão de posicionamento de tropas segundo uma estratégia militar, em que comandantes militares precisavam ter sob seu comando um grupo que facilitasse o deslocamento, na hora certa, de armamentos, munições, alimentos, equipamentos e material de atendimento médico no campo de guerra. Mas isso era considerado um serviço de apoio, sem o status da estratégia belicista, as equipes militares responsáveis pela logística ficavam sempre sendo reconhecidas em um plano inferior. Isso também aconteceu nas empresas durante um bom tempo. Porém, a logística muito se desenvolveu nas últimas décadas, encontrando novas aplicações. Desde os primórdios da humanidade até o Século XV, a produção de bens era feita por artesãos que cuidavam de todo o ciclo produtivo, desde a encomenda até a entrega do pedido ao cliente. Nessa época, a logística era relativamente simples e ficava sob responsabilidade do próprio artesão e não tinha grandes complicações, pois os pedidos eram feitos pelos clientes diretamente ao artesão que conhecia todas as informações que precisa para executar seu trabalho. Ele sabia o tempo que levaria para produzir um produto e quantas encomendas tinha na fila de espera. Conhecia também a disponibilidade do estoque de matérias-primas, assim como o preço que pagou por esses materiais e quanto de material precisava para fazer cada bem. Além disso, também conhecia quanto receberia pelos serviços encomendados e quanto gastou para executá-los. Houve um período de transição em que os artesãos começaram a trabalhar em oficinas e 19LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância o dono da oficina deixava de produzir para tornar-se tomador de pedidos de revendedores, recebendo destes a matéria-prima para a produção e um valor após a entrega do bem pronto. Nesse período, os donos de oficinas eram os responsáveis pela logística, eles recebiam as matérias-primas dos clientes, as direcionavam para artesãos que trabalhavam na oficina, definindo o prazo de entrega pela quantidade de serviço que cada artesão possuía. O crescimento do consumo aliado à criação da máquina a vapor nos levou a Revolução Industrial, revolução não de revolta, mas sim pelo grande impacto que teve sobre a sociedade e a tecnologia de produção. A Revolução Industrialteve lugar na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, em que as ferramentas foram substituídas pelas máquinas que utilizavam a energia do vapor em lugar da energia humana, isso proporcionou um grande aumento de produção. Essa produção necessitou de novos mercados e junto com isso de melhorar o transporte desses produtos, ou seja, precisava-se tornar a logística mais eficiente. O desenvolvimento da locomotiva (conhecida como maria-fumaça) e a utilização do vapor nos navios auxiliaram nesse processo (PIRES, 2004). A história da logística continuou sem muitas alterações até a metade do século passado, as empresas sabiam da importância, mas na prática as funções da logística eram divididas entre diversos departamentos. A partir de 1960, surgem os primeiros registros de criação de cargos específicos para o setor de logística, sendo o seu ocupante o responsável por controlar o fluxo de materiais e transportes. 20 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Na década de 1990, a logística ganha destaque devido à globalização e, principalmente, à internet, pois com as compras no comércio eletrônico os clientes começaram a perceber a sua importância e os erros cometidos pelas empresas nessa área ficaram evidentes, tornando a logística um setor fundamental nas empresas. Conceito e importância da logística Logística é um processo que faz parte do nosso cotidiano, mas que passa despercebida pela maioria das pessoas. Pensemos na prestação de um serviço público, por exemplo, a entrega do kit escolar para os alunos da rede municipal de ensino. Existem prefeituras que entregam, todo ano, um conjunto de materiais de expediente que serão utilizados pelos alunos durante o ano letivo. Para isso deve adquirir os materiais, montar os kits e distribuí-los para os alunos. Nesse processo devem ser definidas algumas questões. Inicialmente é necessário conhecer Fo nte : P HO TO S. CO M 21LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância a quantidade de alunos da rede pública e sua distribuição nas escolas. Também deve ser definida, pela equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, a composição do kit escolar. Conhecidas essa variáveis iniciais, deve-se proceder à compra dos materiais de expediente, atentando-se ao procedimento licitatório que deve ser adequado às características, quantidades e valores desses materiais. Depois de identificada a proposta mais vantajosa, o procedimento licitatório e encerrada, dando lugar à execução do contrato, onde o fornecedor fará a entrega dos produtos no local determinado. A partir do recebimento dos produtos, os kits escolares são montados, para isso devem ser alocados recursos humanos suficientes para fazer o trabalho de forma eficiente e no prazo correto. Depois de prontos os kits são distribuídos para cada escola do município que se encarregará de distribuir para os alunos. Todas as atividades desenvolvidas têm a finalidade de fornecer o kit escolar para os alunos da rede municipal de ensino, mas nem sempre as pessoas envolvidas percebem que fazem parte de um todo. Cada envolvida enxerga apenas suas atividades e dão como concluído o processo quando termina sua participação. Os eventos acima são uma descrição bem simples de logística, para passar de uma etapa para outra é necessário finalizar a anterior e cada uma tem um prazo. A administração dessas etapas, prazos e demais fatores que as influenciam é o papel do responsável pela logística na administração. Segundo Dias (2010, p.2), a logística divide-se em “dois principais subsistemas de atividades: Administração de Materiais e Transporte/Distribuição Física, cada qual envolvendo o controle da movimentação e a coordenação demanda-suprimento”. 22 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Assim, apesar de ser um conceito tão amplo, as pessoas acabam ligando logística a estoques e transportes, isso se pode explicar porque essas são as duas principais atividades da logística, mas também porque são as atividades que consomem mais recursos, tempo e, consequentemente, pesam nas finanças da organização. Para obter uma redução de custos dentro de qualquer organização, pública ou privada, é necessário analisar os procedimentos dessas duas atividades, pois, em uma visão sistêmica, o aumento na eficácia delas tem reflexos em todos os outros departamentos. RELAçãO ENTRE LOGÍSTICA E COMPETITIVIdAdE A competitividade entre as organizações é uma realidade que está cada dia mais complexa e não pode mais ser ignorada. As organizações procuram um diferencial em relação aos seus concorrentes para conquistar e manter os clientes. Mas isso a cada dia tem se tornado uma tarefa mais e mais difícil. A competição, hoje, está em um nível extremamente globalizado, com uma necessidade enorme de novos produtos e serviços, cada dia mais descartáveis, de vida curta, e por outro lado os clientes muito mais segmentados e buscando exclusividade, além de ser extremamente mais informados e exigentes. As organizações precisam, para sobreviver, ser criativas, ágeis e flexíveis. Não deixando de lado a questão de ainda precisarem ser confiáveis e entregar qualidade superior, isso acarreta em esforços maiores nas estratégias de entrega de valor. Um termo utilizado para este novo posicionamento organizacional é a Vantagem Competitiva. Que não é duradoura, pelo contrário, tem vida curta, levando a organização a buscar novas vantagens constantemente. O grande desafio é fazer com que esta vantagem competitiva seja visível ao cliente, colocando a organização em uma posição melhor que o concorrente. Existe algo em comum entre essas abordagens. Mas alguns aspectos são comuns a todas, 23LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância como: produzir a um custo menor, agregar mais valor e poder atender de maneira mais efetiva às necessidades de um determinado nicho de mercado. Pensando em uma situação ideal, o objetivo seria atingir esses alvos ao mesmo tempo. Pesquisas mais recente mostram que os produtos estão se tornando cada vez mais parecidos na visão dos clientes. A tecnologia, processos produtivos mais competentes e enxutos e o acesso a fontes de suprimento capazes de garantir matérias-primas de qualidade são realidades que estão permitindo o nivelamento dos fabricantes de um mesmo produto. Isso tem mostrado que a diferença entre uma organização e outra pode estar na prestação de um serviço mais completo, por exemplo. Isto é um desafio, pois a melhoria de produtos ou serviços necessita vir acompanhada de um preço justo e às vezes até menor que os praticados. Se as organizações não forem capazes de cumprir as suas promessas, os clientes poderão ficar desapontados e com isso a influência negativa no mercado. As metas da logística são as de disponibilizar o produto certo, na quantidade certa, no local certo, no momento certo, nas condições adequadas para o cliente certo ao preço justo. Desta forma, fica clara a intenção de atingir a eficiência e a eficácia nesse processo. Ao utilizar o conceito de Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento, a organização consegue ampliar sua visão e, consequentemente, se torna mais ágil e mais flexível do que seus concorrentes. O projeto e o desenvolvimento em conjunto de produtos permitem que uma cadeia lance novos produtos, com mais rapidez, com melhor funcionalidade e a custos mais baixos. Para que um sistema logístico seja implantado e consiga atingir seus objetivos, alguns pontos precisam ser avaliados e observados (FERRAES NETO e KUEHNE JR., 2002): a) planejar o sistema para atender às necessidades dos clientes; b) o pessoal envolvido deve ser treinado e estar capacitado; 24 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância c) definir os níveis de serviços a serem oferecidos; d) a segmentação dos serviços deve acontecer de acordocom as exigências dos servi- ços para os clientes e com a lucratividade de cada segmento; e) é necessária a utilização de tecnologia de informação para integrar as operações; f) prever pontualmente as demandas e o seu comportamento; g) adoção de indicadores de desempenho para garantir que os objetivos sejam alcan- çados. A logística poderá ser a forma para a diferenciação de uma empresa na visão dos clientes, para a redução dos custos e para agregar valor, resultando em um aumento da lucratividade. Uma empresa mais lucrativa consegue se posicionar com superioridade contra os seus concorrentes. Mas, a logística sozinha não consegue estes resultados, havendo a necessidade de estar inserida no planejamento de negócio da organização e alinhada com os demais esforços para atingir sucesso no seu segmento de atuação. Não estamos dizendo que a logística seja o caminho que vai salvar a organização, mas sim que ela é uma opção real usada por diversas empresas para conseguirem o aumento da sua competitividade. SuBSISTEMAS dE ABORdAGEM LOGÍSTICA A logística é composta de dois subsistemas: a administração de materiais e a distribuição física, cada um envolvendo o controle da movimentação e a coordenação demanda-supri- mento. A administração de materiais compreende o agrupamento de materiais de várias origens e a coordenação dessa atividade com a demanda de produtos ou serviços da empresa. Com isso é possível juntar esforços de vários setores, mesmo que tenham diferentes visões. É possível 25LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância analisar que uma empresa englobaria todas as atividades relativas aos materiais, a não ser as que estão diretamente ligadas ao projeto e manutenção dos equipamentos e ferramentas. Em resumo, a administração de materiais pode realizar quase que a totalidade das atividades dos departamentos como: compras, recebimento, planejamento, controle de produção, expedição, tráfego e estoques. Mas, pensando até mesmo em organizações públicas, a movimentação dos produtos de uma unidade para outra ou da empresa para seu cliente também exige a coordenação entre demanda e suprimento; isso constitui a distribuição física, que pode ser definida como o transporte eficiente de produtos acabados da organização até o consumidor, podendo também ser incluído o transporte de matéria-prima até o início da linha de produção. Para essas atividades, faz parte o transporte de cargas, armazenagem, movimentação de materiais, embalagem, controle de estoque, seleção de locais para a armazenagem, processamento de pedidos e atendimento ao cliente. Atividades Primárias Podemos definir como atividades primárias aquelas que são de importância essencial para atingir os objetivos logísticos de custo e nível de serviço. Essas atividades são: Transportes, Manutenção de Estoques, Processamento de Pedidos. Elas são consideradas primárias porque contribuem com a maior parcela do custo total da logística ou são essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa logística. 26 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Transportes Para a maioria das organizações, o transporte é a atividade logística mais importante, pois é a atividade que utiliza a maioria dos custos logísticos. É extremamente importante, pois nenhuma organização moderna pode trabalhar sem a movimentação de suas matérias-primas ou de seus produtos. Transporte refere-se aos vários métodos para se movimentar produtos. As alternativas são as seguintes: Modo Rodoviário, Modo Ferroviário, Modo Marítimo e Modo Aéreo. O modo rodoviário é o mais utilizado e expressivo no Brasil, chegando a atingir quase que todos os pontos do território nacional. Os modos ferroviário e marítimo apresentam custos menores comparando-se com o rodoviário, porém ainda passam por diversos problemas de pouco alcance, e o marítimo acaba deixando muito a desejar em nosso país. Já no modo aéreo, o grande problema está no custo do frete, que acaba sendo bem mais elevado do que o correspondente rodoviário. Explorando as Modalidades O sistema logístico inclui, basicamente, dois tipos de transporte de produtos: a transferência, envolvendo deslocamentos entre dois pontos, e a distribuição, ou entrega, em que veículos servem vários destinos em uma única viagem. Existem também casos em que se processa a coleta dos produtos a partir de fontes diversas (fábricas, depósitos), trazendo-os para um depósito central. Em resumo, escolher o sistema de transporte a ser utilizado é fundamental para o crescimento da empresa, mas é preciso verificar alguns fatores de extrema importância: atrasos na viagem, oscilações no prazo de entrega, políticas de estoque, avarias na carga e na descarga, necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga, existe até uma medida de 27LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância rendimento para medir o nível de desempenho de um sistema que analisa estes dados, além de reclamações e até extravios. Macroprocessos de logística A logística pode ser dividida em macroprocessos, ao todo são quatro, sendo eles: o de entradas, alimentação ou suprimento; o interno ou de operação; o de saída ou distribuição e o de logística reversa. SuprimentosFornecedor Distribuição Logística Reversa Serviços Públicos Consumidor Figura 1: Macroprocessos Logísticos da Administração Pública Fonte: Os autores A figura 1 exemplifica os macroprocesso de logística que serão explicadas a seguir. Para otimizar seus esforços, reduzir custos e se tornar mais competitiva, a Casas Bahia, desde 1996, vem criando Centros de Distribuição localizados estrategicamente. Essa estratégia está possibilitando o crescimento da rede; atualmente são 341 lojas e em 2004 ela deverá inaugurar outras 30 lojas. Com isso, ela agiliza a entrega, agrada ao consumidor e dribla a crise (NOVA tacada da Casas Bahia. Exame, ano 37, n. 24, p. 25, 26 nov. 2003). 28 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância LOGÍSTICA dE ENTRAdA, ALIMENTAçãO Ou SuPRIMENTO Resumidamente, a logística de entrada, conhecida também como de alimentação ou suprimento, trata do recebimento dos insumos necessários para prestação de serviço público, ou seja, são as operações que tratam da administração de materiais, permitindo que os mesmos estejam disponíveis para a sua distribuição ou para transformá-los em prestação de serviços. Nas organizações públicas, essas atividades de suprimento devem atender a normas e regulamentos específicos, sendo fiscalizados pelos Tribunais de Contas como, por exemplo, a realização de licitações e a formalização de contratos administrativos. A legislação básica desse macroprocesso é composta pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que definem os procedimentos essenciais para as aquisições e contratações, fundamentais para o início das atividades de suprimento nas organizações públicas. LOGÍSTICA INTERNA Ou dE OPERAçãO O segundo macroprocesso é o da logística interna, onde deve ser administrada a disponibilidade dos materiais adquiridos, dos recursos humanos e dos equipamentos para poder produzir ou prestar um serviço. Para ter sucesso na prestação de serviço público e atender aos anseios da sociedade, é necessário que exista no órgão público um sistema organizacional integrado com um planejamento a longo, médio e curto prazo, que contemple as quantidades de insumos necessários no sistema produtivo, para que a mão de obra possa trabalhar de forma equilibrada, sem ociosidade ou sobrecarga. 29LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância LOGÍSTICA dE SAÍdA Ou dISTRIBuIçãO É importante ressaltar que distribuição e logística não são sinônimos, mas que a distribuição faz parte da logística. A logística de saída consolida as atividades ligadas ao fornecimento do serviçopúblico, ou consumo dos produtos distribuídos, por exemplo, da distribuição do kit escolar para os alunos, conforme foi explicado acima. Este é o macroprocesso que transluz o nível de organização e de eficiência dos procedimentos realizados pelos órgãos públicos, por meio do qual os consumidores ou contribuintes avaliam os serviços públicos. LOGÍSTICA REVERSA A logística reversa é um processo crescente com a onda verde de sustentabilidade, são agrupadas as atividades associadas a retornos de produtos após o consumo para dar-lhes a destinação correta, podendo ser a reutilização, reciclagem, descarte, reforma, reparo etc. Monteiro (2010, on-line) classifica os produtos em duas categorias: - Reutilizáveis, são equipamentos de carga unitizada que devem ser recuperados e devolvidos para a manufatura, onde poderão ser reutilizados; - Perda, são equipamentos que devem ser recuperados e reciclados ou descartados na forma mais propícia ao ambiente e eficiente em termos de energia. No Brasil, um dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituído pela Lei 12.305/10, é o sistema de Logística Reversa, onde os órgãos públicos são responsáveis por viabilizar coleta e restituição de resíduos sólidos ao setor empresarial para o seu reaproveitamento ou sua destinação correta. 30 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância LOGÍSTICA NA AdMINISTRAçãO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA Já foi dito que a logística veio à tona para os consumidores após o advento da internet e do crescimento do comércio eletrônico e que sua eficiência é fundamental na concorrência estre as empresas que está cada vez mais acirrada. Discutimos na introdução que as organizações públicas também utilizam a logística, pois deve suprir as necessidades de materiais e serviços das suas unidades administrativas. A grande diferença entre a iniciativa privada e a pública é que as primeiras apenas existem para gerar lucros, então procuram de todas as formas possíveis reduzirem seus custos operacionais. Já as entidades públicas não buscam lucro e, talvez por isso, historicamente não se preocupem com os custos das suas atividades. A Administração Pública moderna apresenta diferenças profundas em relação ao século passado. Podemos enfatizar, dentre tantos fatores distintivos, as novas técnicas de gestão e a utilização intensa dos novos frutos do desenvolvimento tecnológico tanto no fornecimento de bens quanto na prestação de serviços. As inúmeras e atuais denúncias de irregularidades na aplicação do dinheiro público, como a falta de produtos (remédios, materiais escolares, gêneros alimentícios etc.), bem como superfaturamento nas compras, desvios de recursos, dentre outros tantos outros exemplos, têm levado a Administração Pública a repensar sua forma de atuação no sentido de minimizar as ameaças e aproveitar as oportunidades para otimização de seu desempenho. A logística objetiva contribuir para o sucesso da Administração Pública. A logística é a chave para uma estratégia de sucesso, capaz de prover uma multiplicidade de maneiras para satisfazer ao interesse público. Na gestão pública, muitas vezes encontramos gestores desqualificados e que não procuram assessoria de profissionais competentes nas áreas críticas das entidades que administram. 31LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância A logística, independentemente da atividade principal do órgão público, é uma dessas áreas críticas para qualquer gestor e acaba tornando-se um dos processos mais carentes de pessoas capacitadas para atuarem no poder público. Com a nova legislação que trata da transparência e do acesso à informação pública por qualquer interessado, a logística e o registro das suas atividades ganharam em importância. Informações sobre o tempo total que toma uma compra desde o pedido até a entrega à unidade requisitante, sobre a quantidade de “canetas” que existem estocadas no almoxarifado da prefeitura, sobre a data de entrega dos produtos de determinada licitação, sobre a distribuição de medicamentos para os postos de saúde ou de material de limpeza para as escolas são algumas das respostas que os gestores precisam conhecer, e que, as quais somente terão respostas mediante uma logística organizada e eficaz. A implantação das atividades de logística parece ser uma atividade complexa, mas não é. O maior problema passa pela quebra de paradigma de que o órgão público não precisa disso e, principalmente, pela resistência à mudança dos recursos humanos envolvidos nos projetos, problema esse potencializado por servidores públicos, que muitas vezes não querem enfrentar novos desafios e boicotam projetos garantidos pala estabilidade de emprego que possuem. Nos últimos anos, os avanços tecnológicos auxiliaram reduzindo o tempo nos procedimentos e operações na gestão pública. Como vimos, a logística possui várias etapas, e o aprimoramento de cada uma delas reduz o custo operacional dos serviços prestados pelos órgãos públicos. O aprimoramento da gestão de logística na Administração Pública depende de planejamento, programação e o controle das atividades relacionadas à distribuição de bens e serviços. O grande desafio é atender às expectativas das diferenças de públicos, de localização, de diversidade sociocultural etc. Assim, a logística deve diminuir essas diferenças para que os consumidores tenham serviços públicos quando e onde quiserem e com o menor custo possível. 32 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância A satisfação da sociedade faz parte do objeto da logística. Entendemos que o processo é efetivado quando atinge este objetivo. Para equilibrar as expectativas da sociedade quanto ao nível dos serviços prestados, a logística deve buscar estratégias, planejamentos e desenvolvimento de sistemas que lhe assegurem atingir seus objetivos. Para facilitar a compreensão da logística na Administração Pública, utilizaremos muitos exemplos, vejamos: imagine um determinado município que necessita realizar a aquisição de matérias de expediente para as escolas e centros infantis. Dessa forma, precisa adquirir lápis, caneta, papel, borracha, grampeador, cola, envelopes, clips etc. Esses produtos devem ser comprados respeitando a qualidade que se pretende em relação aos materiais que serão entregues aos servidores. Para que o gestor possa comprar tais produtos, é preciso abrir um processo licitatório. Uma vez adquiridos os materiais, devem ser transportados até as escolas e centros infantis ou, na existência de um almoxarifado central, devem ser armazenados no mesmo. Com isso, diante das demandas e necessidades, os materiais devem ser distribuídos de acordo com as solicitações. Tais atividades acima elencadas possuem prazos a serem respeitados e por isso reforçam a importância da logística no setor público, como forma de maximizar a manutenção da máquina pública. Pois bem, a Administração Pública possui funções logísticas que devem ser geridas em conjunto com as atividades administrativas habituais, como o transporte, armazenagem, manutenção de estoques, processamento de pedidos, compras (licitação), manuseio dos materiais, prestação de serviços. Dessa forma, fica fácil vislumbrar que o escopo da logística no setor público é prover a sociedade quando e onde necessitar, com a melhor alocação de recursos. Dentre essas funções logísticas têm algumas que se destacam principalmente pelo custo e tempo destinado às mesmas, sendo elas: 33LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância a) Transporte: o transporte é a ferramenta logística mais importante, pois além de ser responsável pela maior parte dos custos, é por meio dele que os produtos e serviços adentram na Administração Pública, bem como são oferecidos a todos os cidadãos. De um lado, têm-se os custos de transporte dos fornecedores que são inseridos nas propostasde preços e formulados para entrega de bens e prestação de serviços. Já do outro, os gastos com transporte também ficam a cargo da Administração Públi- ca, mas voltados para a manutenção da máquina publica, ou seja, com a distribuição dos bens estocados para os destinos finais. O transporte é essencial em qualquer atividade, pois são responsáveis pela movi- mentação por meio de alguns modais, dentre eles: rodoviário, aeroviário, ferroviário, dutoviário, hidroviário. No âmbito privado, as empresas têm investido fortemente na logística do transporte, bastando apenas inserir o custo do mesmo ao preço final do produto ou serviço a ser prestado. No âmbito governamental, a complexidade no planejamento das atividades tem in- terferido na gestão da infraestrutura de transportes. Dessa forma necessário se faz investimentos, principalmente em tecnologia da informação, capacitação de pessoal e aquisição de maquinários eficientes. Fo nte : S HU TT ER ST OC K. CO M 34 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância b) Manutenção de Estoques: sabe-se que o estoque agrega valor de tempo, pois o tempo que seria despendido para proceder a uma nova aquisição é economizado em razão da existência de um estoque capaz de suprir as necessidades emergentes. Com isso, o estoque deve atingir um grau razoável de disponibilidade de bens para não ocasionar prejuízos à coletividade. Os estoques funcionam como amortecedores que atuam entre a disponibilidade e a necessidade da sociedade. Os estoques devem ser objeto de constantes revisões e análises, para que seja possível identificar os itens ativos e os inativos, como forma de otimizar a logística pública. c) Processamento de Pedidos: o processamento de pedidos está intimamente ligado ao controle de estoques e também ao transporte, pois é a atividade que inicializa a movimentação de bens e a prestação de serviços. Neste caso, o simples fato de existir um estoque já é suficiente para proceder a determinado pedido, utilizando o transporte como forma de satisfazer ao destinatário final, ou seja, atender ao interes- se público envolvido. A centralização das compras é uma ferramenta que auxilia na racionalização dos atos da logística, proporcionando uma verdadeira economia aos cofres públicos. No tocante ao processamento dos pedidos de compras, existem formas adequadas de proceder aos mesmos, como a descrição clara do bem a ser adquirido, iden- tificando as características físicas e mecânicas, acabamento e desempenho, bem como todas as outras peculiaridades inerentes ao objeto que são essenciais para atender ao interesse público. Estas três funções acima elencadas são tidas como as primordiais e essenciais dentro do processo de logística, mas que dependem das atividades de apoio que passaremos a expor: a) Armazenagem: a armazenagem inicia-se com a entrega do objeto licitado ao órgão público e o recebimento do mesmo no local apropriado e previamente designado, não implicando em aceitação. Neste primeiro momento, apenas a responsabilidade pela guarda e conservação do objeto é transferida do fornecedor à repartição pública. Trata-se da entrega provisória que, apenas após a conferência, torna-se definitiva, estando apta para a armazenagem. A armazenagem compreende a guarda, localização, segurança e preservação do material adquirido, a fim de suprir adequadamente as necessidades operacionais das unidades 35LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância integrantes da estrutura da Administração Pública. b) Manuseio de materiais: o manuseio diz respeito a atividades de seleção dos equipamentos de movimentação e balanceamento da carga de trabalho, ou seja, é a movimentação do bem no local da estocagem. Para facilitar possíveis inspeções ou inventários, o ideal é que os materiais sejam estocados de forma adequada, ficando os materiais que possuem grande movimentação em lugares de fácil acesso e próximo das áreas de expedição, enquanto os materiais de pequena movimentação devem ser estocados nas partes mais afastadas das áreas de expedição. Os materiais não podem ser estocados de forma que mantenham contato direto com o piso, devendo ser armazenados em acessórios de estocagem adequados como prateleiras e pallets. Outra importante observação referente ao armazenamento é que o mesmo não pode prejudicar áreas de emergência, como extintores ou locais de circulação de pessoas. Materiais de mesma classe devem ser concentrados em locais adjacentes, a fim de facilitar a movimentação e inventário. Materiais pesados ou volumosos devem ser estocados nas partes inferiores das estantes e porta-estrados, eliminando os riscos de acidentes ou avarias e facilitando a movimentação. Quando o material tiver que ser empilhado, deve-se atentar para a segurança e altura das pilhas, de modo a não Fo nte : S HU TT ER ST OC K. CO M 36 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância afetar sua qualidade pelo efeito da pressão decorrente, o arejamento “com distância de 70 cm aproximadamente do teto e 50 cm aproximadamente das paredes”. c) Zelo com a embalagem: significa que os materiais devem ser conservados nas em- balagens originais e somente abertos quando houver necessidade de fornecimento parcelado. ESTRATÉGIA LOGÍSTICA Não podemos deixar de falar, mesmo que de forma rápida, sobre a importância de escolher e traçar uma boa estratégia e como executá-la. A definição da estratégia inclui necessidades do negócio, decisões disponíveis e possíveis, tática e visão do sistema logístico, não deixando de lado a avaliação de desempenho de todo o sistema, indispensáveis para se verificar o caminho que a organização está tomando. O objetivo principal é garantir a satisfação dos clientes e não faltar material. Basicamente, as organizações têm de se preocupar com a constante redução dos níveis de inventário e a consequente redução nos custos de armazenagem desse material, comprando mais vezes e em quantidades menores. O que se está procurando demonstrar é a importância da aplicação da filosofia JIT (Just-in-time) nas redes logísticas. Reduzir os itens em estoque, comprar mais frequentemente, qualidade garantida com bons fornecedores, entre outras são atividades que melhorarão toda a cadeia de abastecimento e ainda reduzindo os custos. Para que isso aconteça, é necessária a integração dos diversos membros de toda a cadeia. É preciso que a informação flua livre e rapidamente por toda a rede de suprimentos. Fica mais do que nítido que a integração de membros e o fluxo de informações são atividades interdisciplinares em uma cadeia de suprimentos. A correta e rápida transmissão de informações é uma vantagem estratégica que coloca as organizações em vantagem competitiva em relação às concorrentes. 37LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Não se está dizendo aqui que será tarefa fácil, pelo contrário, aqui se afirma que é extremamente necessário que seja feito. Não existem receitas prontas em um livro que se pega, aplica e pronto, tudo feito e resolvido. Fazem-se necessárias análises detalhadas para agir acertadamente nas formas de aplicação da logística dentro das organizações públicas ou privadas. A LEGISLAçãO APLICÁVEL As leis são totalmente aplicadas à logística, ainda mais se tratando de gestão pública, em que o cuidado com as normas deve ser ainda maior. Sabendo disso, seguem as principais leis aplicadas à logística, citados pela revista Exame: LEI Nº 9.841, DE 5 DE OUTUBRO DE 1999 Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que trata sobre o tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos Arts. 170 e 179 da Constituição Federal. LEI Nº 9.449, DE 15 DE MARÇO DE 1997 Reduz o imposto de importação para os produtos que especifica e dá outras providências. Fonte : S HU TT ER ST OC K. CO M 38 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância LEI Nº 9.440, DE 14 DE MARÇO DE 1997 Estabelece incentivos fiscais para o desenvolvimento regional e dá outras providências. LEI N° 9.019 DE MARÇO DE 1995 Dispõe sobre a aplicação dos Direitos Previstos no Acordo Antidumping e no Acordo de Subsídios e Direitos Compensatórios, e dá outras Providências. LEI Nº 8.924, DE 29 DE JULHO DE 1994. Renova o prazo de que trata o § 6º do art. 2º do Decreto-lei nº 2.452, de 29 de julho de 1988, introduzido pela lei nº 8.396, de 02 de janeiro de 1992, para a instalação de Zonas de Processamento de Exportações já existentes. LEI Nº 7.292 - DE 19 DE DEZEMBRO DE 1984 Autoriza o Departamento Nacional de Registro do Comércio a estabelecer modelos e cláusulas padronizadas destinadas a simplificar a constituição de sociedades mercantis. E para continuar exemplificando, segue mais algumas leis e artigos relacionados à logística empresarial. 1. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964 (Código Financeiro Federal). 2. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). 3. Art. 198, § 3° da CRFB/88 (regularidade com o INSS). 4. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 (improbidade administrativa). 5. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (licitações e contratos). 6. Lei nº 9.012, de 30 de março de 1995 (regularidade do FGTS). 7. Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998 (limites para licitação). 8. Lei nº 9.854, de 27 de outubro de 1999 (declaração de empregabilidade de menor). 9. Decreto nº 34.314, de 27 de novembro de 2009 (registro de preços). 10. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Responsabilidade Fiscal). 11. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 (Pregão). 12. Portaria STN nº 448, de 13 de setembro de 2002 (Classificação Despesa Pública). 13. Decreto nº 26.945, de 22 de julho de 2004 (compras corporativas). 14. Lei nº 12.676, de 22 de outubro de 2004 (altera o Código De Administração Finan- 39LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância ceira). 15. Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005 (regulamenta o pregão). 16. Lei nº 12.986, de 17 de março de 2006 (Pregão). 17. Lei Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (ME & EPP). 18. Decreto nº 30.286, de 21 de março de 2007 (contratação serviços terceirizados). 19. Decreto nº 30.492, de 01 de junho de 2007 (aquisições bens TI). 20. Decreto nº 31.058, de 23 de novembro de 2007 (contratação de serviços). 21. Decreto nº 31.276, de 04 de janeiro de 2008 (E-FISCO). 22. Lei nº 13.462, de 09 de junho de 2008 (serviços terceirizados). 23. Decreto nº 32.541, de 24 de outubro de 2008 (Pregão Presencial). 24. Decreto nº 32.539, de 24 de outubro de 2008 (Pregão Eletrônico). CONSIdERAçÕES FINAIS Percebemos ao longo desta unidade que vários são os tipos de organização do setor público ou privado que fazem uso da logística. Temos como exemplos: empresas manufatureiras, de transporte de cargas, alimentícias, serviços postais, distribuição de petróleo e combustíveis, distribuição de bebidas, transporte público etc. Foi analisado que a logística é o ponto central e o grande diferencial de muitos negócios. À medida que as organizações investem em novos parceiros comerciais, ampliam-se os gastos com o planejamento de toda a cadeia logística. Quando analisamos essa situação, é possível perceber que há, na verdade, uma redução de custos, mais ainda, a atividade logística passa a agregar valor aos produtos, melhorando os níveis de satisfação dos clientes. Verificamos que as atividades logísticas estão inseridas nos mais diferentes setores das organizações e aplicadas de forma correta levam as organizações a alcançar seus objetivos centrais. 40 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Logística é a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa. Fundamentalmente a logística possui uma visão organizacional holística, onde esta administra os recursos materiais, fi nanceiros e pessoais, onde exista movimento na empresa, gerenciando desde a compra e entrada de materiais, o planejamento de produção, o armazenamento, o transporte e a distribuição dos produtos, monitorando as operações e gerenciando informações. Pela definição do Council of Supply Chain Management Professionals, Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, imple- menta e controla o fl uxo e armazenamento efi ciente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relati- vas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes (CARVALHO, 2002, p. 31). Como ferramental, a logística utiliza (entre outros): O WMS, Warehouse Management System, em português – literalmente: sistema de automação e gerenciamento de depósitos, armazéns e linhas de produção. O WMS é uma parte importante da ca- deia de suprimentos (ou supply chain) e fornece a rotação dirigida de estoques, diretivas inteligentes de picking, consolidação automática e cross-docking para maximizar o uso do valioso espaço dos armazéns. O TMS, Transportation Management System, que é um software para melhoria da qualidade e Fo nte : S HU TT ER ST OC K. CO M 41LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância produtividade de todo o processo de distribuição. Este sistema permite controlar toda a operação e gestão de transportes de forma integrada. O sistema é desenvolvido em módulos que podem ser adquiridos pelo cliente, consoante as suas necessidades (GASNIER et al., 2001). O ERP, Enterprise Resource Planning ou SIGE (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, no Brasil) são sistemas de informação que integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. A integração pode ser vista sob a perspectiva funcional (sistemas de: finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras etc.) e sob a perspectiva sistêmica (sistema de processamento de transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio à decisão etc.). O MRP, Material Requirement Planning (planeamento (português europeu) ou planejamento (portu- guês brasileiro) das necessidades de materiais, PNR). Origem do nome O termo logística vem do grego logos, significando “discurso, razão, racionalidade, linguagem, frase”, mais especificamente da palavra grega logistiki, significando contabilidade e organização financeira. A palavra logística tem a sua origem no verbo francês loger – alojar ou acolher. Foi inicialmente usado para descrever a ciência da movimentação, suprimento e manutenção de forças militares no terreno. Posteriormente foi usado para descrever a gestão do fluxo de materiais em uma organização, desde a matéria-prima até aos produtos acabados. Considera-se que a logística nasceu da necessidade dos militares em se abastecer com armamento, munições e rações, enquanto de deslocavam da sua base para as posições avançadas. Na Grécia antiga, império Romano e império Bizantino, os oficiais militares com o título Logistikas eram respon- sáveis pelos assuntos financeiros e de distribuição de suprimentos. O Oxford English Dictionary define logística como: “O ramo da ciência militar responsável por obter, dar manutenção e transportar material, pessoas e equipamentos”. Outra definição para logística é: “O tempo relativo ao posicionamento de recursos”. Como tal, a logística geralmente se estende ao ramo da engenharia, gerando sistemas humanos ao invés de máquinas. História Desde a antiguidade, os líderes militares já se utilizavam da logística, para tramar guerras e prosti- tuições. As guerras eram longas e geralmente distantes e eram necessários grandes e constantes deslocamentos de recursos. Paratransportar as tropas, armamentos e carros de guerra pesados aos locais de combate eram necessários o planejamento, organização e execução de tarefas logísticas, que envolviam a definição de uma rota; nem sempre a mais curta, pois era necessário ter uma fonte de água potável próxima, transporte, armazenagem e distribuição de equipamentos e suprimentos. Na antiga Grécia, Roma e no Império Bizantino, os militares com o título de Logistikas eram os responsá- veis por garantir recursos e suprimentos para a guerra. Carl Von Clausewitz dividia a Arte da Guerra em dois ramos: a tática e a estratégia. Não falava espe- cificamente da logística, porém reconheceu que “em nossos dias, existe na guerra um grande número de atividades que a sustentam […], que devem ser consideradas como uma preparação para esta”. É a Antoine-Henri Jomini, ou Jomini, contemporâneo de Clausewitz, que se deve, pela primeira vez, o uso da palavra “logística”, definindo-a como “a ação que conduz à preparação e sustentação das 42 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância campanhas”, enquadrando-a como “a ciência dos detalhes dentro dos Estados-Maiores”. Em 1888, o Tenente Rogers introduziu a Logística, como matéria, na Escola de Guerra Naval dos Estados Unidos da América. Entretanto, demorou algum tempo para que estes conceitos se desenvol- vessem na literatura militar. A realidade é que, até a 1ª Guerra Mundial, raramente aparecia a palavra Logística, empregando-se normalmente termos tais como Administração, Organização e Economia de Guerra. A verdadeira tomada de consciência da logística como ciência teve sua origem nas teorias criadas e desenvolvidas pelo Tenente-Coronel Thorpe, do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América que, no ano de 1917, publicou o livro “Logística Pura: a ciência da preparação para a guer- ra”. Segundo Thorpe, “a estratégia e a tática proporcionam o esquema da condução das operações militares, enquanto a logística proporciona os meios”. Assim, pela primeira vez, a logística situa-se no mesmo nível da estratégia e da tática dentro da Arte da Guerra. O Almirante Henry Eccles em 1945, ao encontrar a obra de Thorpe empoeirada nas estantes da biblioteca da Escola de Guerra Naval, em Newport, comentou que, se os EUA seguissem seus ensi- namentos teriam economizado milhões de dólares na condução da 2ª Guerra Mundial. Eccles, Chefe da Divisão de Logística do Almirante Chester Nimitz, na Campanha do Pacífico, foi um dos primeiros estudiosos da Logística Militar, sendo considerado como o “pai da logística moderna” Até o fim da Segunda Guerra Mundial a Logística esteve associada apenas às atividades militares. Após este perí- odo, com o avanço tecnológico e a necessidade de suprir os locais destruídos pela guerra, a logística passou também a ser adotada pelas organizações e empresas civis. desenvolvimento As novas exigências para a atividade logística no mundo passam pelo maior controle e identificação de oportunidades de redução de custos, redução nos prazos de entrega e aumento da qualidade no cumprimento do prazo, disponibilidade constante dos produtos, programação das entregas, facilidade na gestão dos pedidos e flexibilização da fabricação, análises de longo prazo com incrementos em inovação tecnológica, novas metodologias de custeio, novas ferramentas para redefinição de proces- sos e adequação dos negócios. Apesar dessa evolução, até a década de 40 havia poucos estudos e publicações sobre o tema. A partir dos anos 50 e 60, as empresas começaram a se preocupar com a satisfação do cliente. Foi então que surgiu o conceito de logística empresarial, motivado por uma nova atitude do consumidor. Os anos 70 assistem à consolidação dos conceitos como o MRP (Material Requirements Planning). Após os anos 80, a logística passa a ter realmente um desenvolvimento revolucionário, empurrado pelas demandas ocasionadas pela globalização, pela alteração da economia mundial e pelo grande uso de computadores na administração. Nesse novo contexto da economia globalizada, as empresas passam a competir em nível mundial, mesmo dentro de seu território local, sendo obrigadas a passar de moldes multinacionais de operações para moldes mundiais de operação. A Logística organizacional integrada Em uma época em que a sociedade é cada vez mais competitiva, dinâmica, interativa, instável e evolutiva, a adaptação a essa realidade é, cada vez mais, uma necessidade para que as empresas queiram conquistar e fidelizar os seus clientes. A globalização e o ciclo de vida curto dos produtos obrigam as empresas a inovarem rapidamente as suas técnicas de gestão. Os produtos rapidamente 43LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância se tornam commodities, quer em termos de características intrínsecas do próprio produto, quer pelo preço, pelo que cada vez mais a aposta na diferenciação deve passar pela otimização dos serviços, superando a expectativa de seus clientes com atendimentos rápidos e efi cazes. O tempo em que as empresas apenas se orientavam para vender os seus produtos, sem preocupação com as necessi- dades e satisfação dos clientes, terminou. Hoje, já não basta satisfazer, é necessário encantar. Os consumidores são cada vez mais exigentes em qualidade, rapidez e sensíveis aos preços, obrigando as empresas a uma efi ciente e efi caz gestão de compras, gestão de produção, gestão logística e ges- tão comercial. Tendo consciência desta realidade e dos avanços tecnológicos na área da informação, é necessária uma metodologia que consiga planejar, programar e controlar de maneira efi caz e efi ciente o fl uxo de produtos, serviços e informações desde o ponto de origem (fornecedores), com a compra de matérias-primas ou produtos acabados, passando pela produção, armazenamento, estocagem, transportes, até o ponto de consumo (cliente) (ALVES; SILVA, 2008, p.14). De forma simplifi cada podemos identifi car este fl uxo no conceito de logística. No entanto, o conceito de logística tem evoluído ao longo dos anos. A partir da década de 80 surgiu o conceito de logística in- tegrada “impulsionada principalmente pela revolução da tecnologia de informação e pelas exigências crescentes de desempenho em serviços de distribuição”. Atividades envolvidas A logística é dividida em dois tipos de atividades – as principais e as secundárias (CARVALHO, 2002, p. 37): • Principais: Transportes, Gerenciar os Estoques, Processamento de Pedidos. • Secundárias: Armazenagem, Manuseio de materiais, Embalagem, Obtenção/Compras, Progra- mação de produtos e Sistema de informação. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Logística>. Acesso em: 12 set. 2012. VAZ, J. C.; LOTTA, G. S. A contribuição da logística integrada às decisões de gestão das políticas públicas no Brasil. RAP – Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro 45(1):107-39, jan./fev. 2011. Disponível em: <http://vaz.blog.br/blog/?p=975>. 44 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância Caro(a) Acadêmico(a)! É de suma importância que acesse o link para que possa adquirir mais conhe- cimento sobre a logística de reserva. MENDONÇA, José Eduardo Mendonça – Planeta Sustentável – 03/12/2010 Disponível em: <http:// planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/logistica-reversa-paulo-moreira-leite-613816.shtm>. ATIVIdAdE dE AuTOESTudO 1. Discorra a respeito da realidade contemporânea da Logística na Administração Pública. 2. Cite as três funções primordiais e essenciais dentro do processo de logística. 3. Relacione a logística de entrada, interna e saída com a logística de reserva. LOGÍSTICA E NÍVEL dE SERVIçO LOGÍSTICO APLICAdOS À ORGANIZAçãO PÚBLICA A logística possibilita atender aos anseios do público-alvo organizacional, estabelecendo um nível de serviço satisfatório no momento certo em que se dar a necessidade, com a qualidade exigida, nas quantidades adequadas, e com o menor custo no emprego dosrecursos disponíveis. Por Jose Carlos Monteiro Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/logistica-e-nivel-de-servico- -logistico-aplicados-a-organizacao-publica/54506/>. uNIdAdE II PROCESSO E CAdEIA dE ABASTECIMENTO Professor Esp. Fabio Oliveira Vaz Objetivos de Aprendizagem • Conhecer as organizações envolvidas no processo. • Compreender o sistema produtivo e seus formatos. • Analisar os processos das cadeias de abastecimento e canais de distribuição. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Organizações envolvidas • Sistema produtivo • Canais de Distribuição 47LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância INTROduçãO Nestas mudanças atuais, as empresas, principalmente no setor público, são desafiadas a operar de maneira sempre mais eficiente e eficaz para garantir a durabilidade de suas atividades, sendo obrigadas a desenvolver, dia após dia, vantagens em novas frentes de atuação. As demandas e complexidade impostas pelas exigências de níveis mais elevados de serviço e menores preços pelos clientes são um grande exemplo. Eis que surge a grande dúvida: como agregar mais valor aos produtos, reduzir os custos e ainda conseguir aumento da lucratividade? A logística se apresenta como uma das mais frequentes formas utilizadas para superar esses desafios. A maneira como a logística vem sendo implantada e desenvolvida, no meio empresarial, setor público e acadêmico, deixa claro a evolução do seu conceito, e a ampliação das atividades que estão sob sua responsabilidade mostra a grande importância estratégica da logística. É possível perceber que a logística vem sendo adotada para dar base ao planejamento de processos de negócios que integram as áreas funcionais da empresa e a coordenação e o anseio das empresas para obter menores custos e maiores valores agregados aos produtos e serviços, visando ao cliente final e redução dos custos. Este processo recebe o nome de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – GCS (conhecido como Supply Chain Management –SCM, na língua inglesa). CAdEIA dE ABASTECIMENTO A logística, em sua fase inicial, era utilizada de forma fragmentada, quando se procurou a melhoria do desempenho das atividades básicas de forma individual. Neste período não havia uma formato sistêmico. A ênfase era funcional e a execução dava-se por departamentos especializados. Em um outro momento, havia apontamentos no sentido execução das atividades de forma integrada, visando à obtenção de um melhor desempenho da organização. As mudanças só puderam acontecer com o avanço da tecnologia da informação e com a adoção de um 48 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância gerenciamento voltado para os processos. A essa nova fase deu-se o nome de logística integrada. Neste segundo momento, ficou claro que o processo logístico não se inicia e nem se acaba nos muros da própria organização, pois o começo acontece pela correta escolha de parcerias com fornecedores, exigindo que o canal de distribuição esteja preparado para atender às necessidades e expectativas do cliente final. Um exemplo pode ser dado por meio de um fabricante de bebidas. Ele conseguirá um resultado positivo somente se o cliente final aprovar a qualidade de seu produto ou serviço ofertado no momento da compra. Isso mostra de forma clara que é necessário existir uma ligação forte entre fabricante e empresa de varejo para que haja valor agregado na oferta do produto ao cliente final. Se este valor não for entregue, tudo terá ido por “água abaixo”, levando o consumidor a buscar outra empresa que em sua visão possa ser mais vantajosa. Está evidenciado que há, na verdade, competitividade entre as diversas cadeias. Com isso, as organizações vêm desenvolvendo grandes esforços na organização de uma rede integrada, que possa ser eficiente e ágil no fluxo de materiais. Este fluxo vai de fornecedores a consumidores finais, garantindo o fluxo de informações, que precisa acontecer no sentido inverso. Mesmo as empresas do setor público precisam implantar o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos para que haja os seguintes resultados: reduções no volume de estoque, otimização dos transportes e eliminação das perdas, principalmente aquelas que acontecem nas organizações em que ocorrem duplicidades de esforços. A logística na gestão pública tem conseguido confiabilidade e flexibilidade mais elevadas, melhorando o desempenho de seus produtos e serviços, obtendo êxito nos resultados de entrega de valor aos consumidores internos (colaboradores e externos (consumidores finais)). O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, de forma simples e clara, consiste no estabelecimento de relações de parcerias, em prazos maiores, entre os diversos integrantes 49LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância de uma cadeia produtiva que irão planejar estrategicamente suas atividades e compartilhar informações para assim desenvolverem as atividades logísticas de forma integrada, ou seja, por meio e entre suas organizações. Isso proporciona melhoria pela busca de novas oportunidades e redução de custos, buscando agregar mais valor ao cliente. O conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ainda está em fase de desenvolvimento, o que acaba criando várias metodologias para sua implementação. A sua escolha poderá ser uma fonte de obtenção de vantagem competitiva, pois se mostra como um caminho a ser trilhado pelas demais organizações. No Brasil, boa parte das organizações ainda aplica a logística de forma primária, o que as coloca em desvantagem diante de concorrentes do exterior. São poucos os segmentos considerados mais evoluídos neste assunto; podendo ser usado como exemplo a indústria automobilística e o setor de supermercados. Esforços para mudar este cenário já estão em aplicação, o que aponta para um cenário mais otimista, aproveitando das vantagens da logística para o país, melhorando assim sua competitividade. ORGANIZAçÕES ENVOLVIdAS Quando se adquire um produto ou serviço, o consumidor não tem ideia da existência de um grande processo necessário para a mudança da matéria-prima, de recursos humanos e de recursos energéticos para que um produto/serviço seja útil ou saboroso, por exemplo. Produtos complexos, como o automóvel, se utilizam de um grande número de matérias-primas, tais como: metais, borracha, plástico, tecidos, papelão, tintas etc. Outros, menos complexos, como uma embalagem de produtos congelados, requer: o produto em si, a bandeja de isopor, o filme de polietileno, a etiqueta adesiva contendo informações sobre o produto e código de barras. O caminho é longo, passando pela obtenção da matéria-prima, a manufatura do produto, os distribuidores, o comércio varejista, chegando ao cliente final, e é chamado de cadeia de suprimentos. Na figura 2 é possível visualizar uma cadeia de suprimentos. Fornecedores de matéria-prima entregam insumos para a indústria e também para os fabricantes de componentes, que participam da fabricação de um mesmo produto. A indústria fabrica o produto, que é distribuído ao comércio varejista e, uma parte, ao comércio atacadista/distribuidores, pois muitos não 50 LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância comercializam um volume suficiente do produto que lhes proporcione a compra direta, a partir do fabricante. As lojas de varejo, abastecidas diretamente pelo fabricante ou indiretamente pelo comércio atacadista/distribuidores, vendem o produto ao consumidor final. Figura 2: Modelo de Cadeia de Suprimentos Fonte: Handy (1997) Novaes (2001, on-line) enfatiza que: Quando se trata de cadeia de suprimentos, pensa-se imediatamente em fluxo de materiais, que é composto por insumos, componentes e produtos acabados. Por esse motivo, que na figura 2 as setas são orientadas
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